112 Feira <strong>de</strong> SantanaO município <strong>de</strong> Feira <strong>de</strong> Santana - Ba temcomo coor<strong>de</strong>nadas 12° 15’ 24” S e 37° 57’53” W (Fig. 01), cuja altitu<strong>de</strong> média é <strong>de</strong>230 m, <strong>sit</strong>uan<strong>do</strong> na econômica <strong>do</strong>Paraguaçu, sobre o tabuleiro e o Pediplanosertanejo, em uma área <strong>de</strong> 1350km².Localiza<strong>do</strong> a cerca <strong>de</strong> 105 km a noroeste dacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Salva<strong>do</strong>r, capital <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>, numazona climaticamente intermediária, entre azona úmida <strong>do</strong> litoral e a semi-ari<strong>de</strong>z dasáreas mais interioranas, com precipitaçãomédia anual <strong>de</strong> 848mm e temperaturamédia anual <strong>de</strong> 24ºC. O Município foicria<strong>do</strong> em 18 <strong>de</strong> setembro 1833 e elevada àcategoria <strong>de</strong> cida<strong>de</strong> pela lei provincial nº1.320, <strong>de</strong> 16 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1873. Daí então,passou a ser chamada <strong>de</strong> Cida<strong>de</strong> Comercial<strong>de</strong> Feira <strong>de</strong> Santana, sen<strong>do</strong> que os <strong>de</strong>cretosestaduais 7.455 e 7.479, <strong>de</strong> 23 <strong>de</strong> junho e 8<strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1931, respectivamente,simplificaram o nome para Feira, e apenaspelo <strong>de</strong>creto estadual nº 11.089, <strong>de</strong> 30 <strong>de</strong>novembro <strong>de</strong> 1938, oficializou o nome dacida<strong>de</strong> como Feira <strong>de</strong> Santana.O <strong>de</strong>senvolvimento econômico <strong>de</strong>sta cida<strong>de</strong><strong>de</strong>ve-se ao maior entroncamento ro<strong>do</strong>viário<strong>do</strong> Norte/Nor<strong>de</strong>ste que fez <strong>de</strong>la um ponto<strong>de</strong> passagem obrigatório <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra <strong>do</strong>nor<strong>de</strong>ste para o su<strong>de</strong>ste, como tambémprodutos entre as industriais <strong>do</strong> Su<strong>de</strong>ste, Sule Nor<strong>de</strong>ste. Tu<strong>do</strong> isso contribuiu para ocrescimento populacional, sen<strong>do</strong> que omunicípio, atualmente, conta com 527.625habitantes, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que ocupa o segun<strong>do</strong>lugar <strong>do</strong>s índices <strong>de</strong>mográfico <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>,per<strong>de</strong>n<strong>do</strong> apenas para a capital Salva<strong>do</strong>r.Figura 01 – Localização <strong>do</strong> município <strong>de</strong> Feira <strong>de</strong> Santana (BA)3 Discussão ConceitualEste item tem como objetivo observarcomo os autores Corrêa (1989), Raffestin(2004), Santos (1996) e Dias (1995)discutem o conceito <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s numaabordagem crítica, como também para darum embasamento teórico à nossadiscussão.Esses autores <strong>de</strong>finem o conceito <strong>de</strong> re<strong>de</strong>sem diversas perspectivas teóricometo<strong>do</strong>lógicas.Como exemplo, nota-se+Geografia´s, Feira <strong>de</strong> Santana, n. 1, p. 10 – 17, maio / nov. 2008
12que, para o primeiro, as funções urbanas serealizam; o segun<strong>do</strong> enfatiza mo<strong>de</strong>lagem<strong>do</strong> quadro espaço-temporal; para oterceiro, são estáveis e dinâmicas aomesmo tempo, e o último enfatiza asinovações como viabiliza<strong>do</strong>ras da vidasocial. Desta forma, re<strong>de</strong>s apresentam-secomo uma complexida<strong>de</strong>, sen<strong>do</strong> que o seuestu<strong>do</strong> representa alta relevância nocontexto atual e, especialmente, paraampliação <strong>do</strong> conhecimento geográfico.Segun<strong>do</strong> Corrêa (1989, p. 70),re<strong>de</strong> urbana po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada como umaforma espacial através da qual as funçõesurbanas se realizam. Estas funções –comercialização <strong>de</strong> produtos rurais,produção industrial, vendas varejistas,prestações <strong>de</strong> serviços diversos e etc.-reportam-se aos processos sociais, <strong>do</strong>s quaisa criação, apropriação e circulação <strong>do</strong> valorexce<strong>de</strong>nte constitui-se no mais importante,ganhan<strong>do</strong> características especificas daestrutura capitalista.Ao abordar re<strong>de</strong>, especificamente re<strong>de</strong>urbana, as palavras <strong>do</strong> autor sãoesclarece<strong>do</strong>ras, pois ele cita os diversosagentes que fazem parte da re<strong>de</strong> urbana, ouseja, <strong>de</strong>ixa bem claro a sua complexida<strong>de</strong>.Além disso, ao citar sobre estruturascapitalistas, nota-se, nesse processo, quesua influência <strong>de</strong>u uma outrafuncionalida<strong>de</strong>, organização espacialdiferente das existentes no passa<strong>do</strong>, ouaprimorou as existentes no presente. Porexemplo, a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Feira <strong>de</strong> Santana,on<strong>de</strong> foi modificada a sua organizaçãourbana, primeiro pelas re<strong>de</strong>s ro<strong>do</strong>viárias eatualmente pelo SIT. Na visão critica <strong>de</strong>Raffestin (2004, p.204),circulação e comunicação proce<strong>de</strong>m <strong>de</strong>estratégias e estão a serviço <strong>de</strong>las. Re<strong>de</strong>s <strong>de</strong>circulação e comunicação contribuem paramo<strong>de</strong>lar o quadro espaço-temporal que éto<strong>do</strong> o território. Essas são inseparáveis <strong>do</strong>smo<strong>do</strong>s <strong>de</strong> produção <strong>do</strong>s quais asseguram amobilida<strong>de</strong>. Como são <strong>sistema</strong> sêmicosmateriais, surgem <strong>de</strong> uma “leitura”i<strong>de</strong>ológica em vários níveis: enquanto sãotraçadas, construídas e utilizadas ou, sepreferimos “consumidas”.Desta forma, as re<strong>de</strong>s ocupam o espaço <strong>de</strong>forma diferenciada, em que se dinamizamuns espaços e oculta outro. Nesse processo,há uma mo<strong>de</strong>lagem <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> assim <strong>de</strong> serum <strong>sistema</strong> fecha<strong>do</strong> para se tornar um<strong>sistema</strong> maior no qual há uma maiorparticipação com outros processos. Destemo<strong>do</strong>, expan<strong>de</strong> o espaço se transforman<strong>do</strong>em um território, on<strong>de</strong> será enfoca<strong>do</strong> oexercício <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r incluin<strong>do</strong> as suasintenções i<strong>de</strong>ológicas. Tem-se, comoexemplo, o Sistema Integra<strong>do</strong> <strong>de</strong>Transportes <strong>do</strong> município supracita<strong>do</strong>,on<strong>de</strong>, através <strong>de</strong>ssa re<strong>de</strong>, <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> umaforma ou <strong>de</strong> outra transparecer seusinteresses, o que seria muito difícil<strong>de</strong>svendá-los em se tratan<strong>do</strong> <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s <strong>de</strong>comunicação. Para Santos (1996, p.221),anima<strong>do</strong>s por fluxos, que <strong>de</strong>nominam seuimaginário, as re<strong>de</strong>s não prescin<strong>de</strong>m <strong>de</strong> fixos– que constituem suas bases técnicas –mesmo quan<strong>do</strong> esses fixos são pontos.Assim, as re<strong>de</strong>s são estáveis e, ao mesmotempo, dinâmicas. Fixos e fluxos sãointercorrentes, inter<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes. Ativas enão-passivas, as re<strong>de</strong>s não tem em simesmas seu principio dinâmico, que é omovimento social.Assim sen<strong>do</strong>, percebe-se que tantos osfixos quanto os fluxos são <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>relevância para as re<strong>de</strong>s, porém com osfixos há um maior interesse porque <strong>de</strong>téminformações, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à integração dasdiversas linhas que compõe o <strong>sistema</strong>,ten<strong>do</strong> <strong>de</strong>ssa forma to<strong>do</strong> o controle <strong>do</strong>processo. Além disso, é dinâmica por serconstituída <strong>de</strong> fluxos estan<strong>do</strong> emconstantes mudanças para acompanhar asmodificações que ocorrem na socieda<strong>de</strong>.Pelo fato <strong>de</strong> ser uma construção humana,possibilita o movimento social, principalinteresse <strong>de</strong>ste trabalho, mas isso não querdizer que as re<strong>de</strong>s só transportam pessoas,mas também merca<strong>do</strong>rias e informações.Segun<strong>do</strong> Dias (1995, p.141), as re<strong>de</strong>s são“inovações tecnológicas que surgiram paraaten<strong>de</strong>r a <strong>de</strong>manda social”. A partir <strong>de</strong>ssa<strong>de</strong>finição, enten<strong>de</strong>-se como inovaçãotecnológica to<strong>do</strong>s os meios que englobamas re<strong>de</strong>s, surgidas para aten<strong>de</strong>r à <strong>de</strong>manda+Geografia´s, Feira <strong>de</strong> Santana, n. 1, p. 10 – 17, maio / nov. 2008