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Utilização <strong>de</strong> diferentes hábitats por aves <strong>de</strong> rapina no sul do BrasilElisa <strong>de</strong> Souza Petersen, Maria Virginia Petry e Lucas Krüger-Garcia383são freqüentemente observadas quando não há muitomovimento <strong>de</strong> carros nas rodovias e a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong>stes ébaixa (Reijnen et al. 1996, Bautista et al. 2004). M. chimango,outra espécie com alta abundancia, também é citadacomo oportunista que se utiliza <strong>de</strong> carniças (Azpiroz2001), porém, nossos resultados não atestam tal afirmação,pois poucos indivíduos foram registrados junto àscarcaças, sendo sua maior ocorrência em áreas <strong>de</strong> campo.As áreas dos campos no Planalto sul-rio-gran<strong>de</strong>nsejá sofreram uma forte fragmentação e transformação damatriz principal com a utilização não controlada do fogoe com o sobre pastoreio causado pelo gado há aproximadamente400 anos (Pillar 2003, Bilenca e Miñarro 2004,Pillar 2006). Atualmente, também a agricultura e a instalação<strong>de</strong> empresas <strong>de</strong> reflorestamento atuam na transformaçãoda matriz em áreas antropizadas. Thiollay (1989)e Chace e Walsh (2006) afirmam que a conservação <strong>de</strong>áreas naturais, como o campo, se faz necessário para asobrevivência <strong>de</strong> aves que são <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong>campo. Algumas espécies são tolerantes a implantação <strong>de</strong>agricultura, porém, boa parte <strong>de</strong>las é intolerante e respon<strong>de</strong>rãonegativamente a conversão <strong>de</strong> campo em cultivos.Elanus leucurus, Heterospizias meridionalis, Geranoaetusalbicaudatus e Micrastur ruficollis não ocorreram em áreas<strong>de</strong> monocultura, indicando que estas são espécies poucotolerantes a mudanças na paisagem campestre. Embora abaixa freqüência <strong>de</strong>stas espécies possa limitar as conclusões,o esforço amostral atesta que se esses animais estivessemocorrendo em outros ambientes, eles teriam sido <strong>de</strong>tectados.Além disso, como são animais <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte<strong>de</strong> hábito disjunto, espera-se que a abundância dos mesmosna natureza seja baixa. Por exemplo, em comparaçãocom trabalho <strong>de</strong>senvolvido na Argentina (Filloy e Bellocq2007): Elanus leucurus ten<strong>de</strong> a estar negativamente associadoa cultivos e campos com gado; Milvago chimangoten<strong>de</strong> a estar associado negativamente com cultivos, on<strong>de</strong>a menor freqüência <strong>de</strong> ocorrência foi registrada; Circusbuffoni é uma espécie tolerante, geralmente associado apresença <strong>de</strong> cultivos e gado, no entando registramos estaespécie ocorrendo somente em monoculturas <strong>de</strong> Pinus.Historicamente no Brasil os campos são um ecossistemacolocado em segundo plano pelas ações <strong>de</strong> conservação.Apesar <strong>de</strong> sua representativida<strong>de</strong>, principalmente naregião sul do Brasil, on<strong>de</strong> é o principal bioma em extensão,existem poucas unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> conservação que efetivamenteatuem como tal (Bilenca e Miñarro 2004, Pillar 2006).A crescente expansão agrícola e a conversão dos camposem monoculturas florestais no Rio Gran<strong>de</strong> do Sul atestamà urgência <strong>de</strong> ações que garantam a sustentabilida<strong>de</strong> daspráticas econômicas e a conservação dos campos e as espécies<strong>de</strong>le <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes. As aves <strong>de</strong> rapina são um grupoparticularmente sensível que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s territóriospara sobrevivência. A redução <strong>de</strong> hábitats naturais <strong>de</strong>campo na região do planalto po<strong>de</strong> vir a alterar as relaçõesecológicas <strong>de</strong>stas aves e por em risco a sua existência.Agra<strong>de</strong>cimentosAo CNPq pelas bolsas disponibilizadas, a FAPERGS pelo apoiofinanceiro ao projeto.ReferênciasAzevedo, M. A. G.; Macahdo, D. A. e Albuquerque, J. L. B. (2003).Aves <strong>de</strong> rapina na Ilha <strong>de</strong> Santa Catarina, SC: composição,freqüência <strong>de</strong> ocorrência, uso <strong>de</strong> hábitats e conservação. Rev. Bras.Ornitol., 11:75‐81.Azpiroz, A. B. (2001). Aves <strong>de</strong>l Uruguay: lista e introducción a subiologia y conservacion. Montevi<strong>de</strong>o: GUPECA.Bautista, L. M.; Garcia, J. T.; Calmaestra, R. 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