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Conselho Pastoral Paroquial - Diocese de Braga

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2 Cabido catedral, o grupo dos consultores ou outros conselhos, segundo as circunstâncias e a índole dos diversos lugares. É muito para <strong>de</strong>sejar que se estabeleça em cada diocese um <strong>Conselho</strong> pastoral, a que presida o Bispo diocesano e do qual façam parte clérigos, religiosos e leigos bem escolhidos. Terá, como missão, investigar e apreciar tudo o que diz respeito às activida<strong>de</strong>s pastorais e formular conclusões práticas”. Lumen Gentium 37 [Relações dos leigos com a Hierarquia] “Os pastores <strong>de</strong>vem reconhecer e fomentar a dignida<strong>de</strong> e responsabilida<strong>de</strong> dos leigos na Igreja; recorram espontaneamente ao seu conselho pru<strong>de</strong>nte, entreguem-­‐lhes confiadamente cargos em serviço da Igreja e dêem-­‐lhes margem e liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> acção, animando-­‐os até a tomarem a iniciativa <strong>de</strong> empreendimentos. Consi<strong>de</strong>rem atentamente e com amor paterno, em Cristo, as iniciativas, pedidos e <strong>de</strong>sejos propostos pelos leigos. E reconheçam a justa liberda<strong>de</strong> que a todos compete na cida<strong>de</strong> terrestre”. Apostolicam Actuositatem 26 [Certos meios que servem para a mútua cooperação] “Enquanto for possível, haja em todas as dioceses conselhos que aju<strong>de</strong>m a obra apostólica da Igreja, quer no campo da evangelização e santificação quer no campo caritativo, social e outros, on<strong>de</strong> os clérigos e os religiosos colaborem dum modo conveniente com os leigos. Tais órgãos po<strong>de</strong>rão servir para coor<strong>de</strong>nar as diversas associações <strong>de</strong> leigos e suas iniciativas apostólicas, respeitando a índole e autonomia própria <strong>de</strong> cada uma. Se for possível, haja também organismos semelhantes no âmbito paroquial, interparoquial, interdiocesano, bem como no plano nacional ou internacional”. Ad Gentes 30 [Organização local das missões] “Para que, no exercício da obra missionária, se atinjam os fins e os resultados, <strong>de</strong>vem todos os operários missionários ter um «só coração e uma só alma» (Actos 4,32). Pertence ao Bispo, como regra e centro <strong>de</strong> unida<strong>de</strong> no apostolado diocesano, promover, dirigir e coor<strong>de</strong>nar a activida<strong>de</strong> missionária, mas <strong>de</strong> tal modo que se conserve e fomente a iniciativa espontânea dos que participam na obra. Todos os missionários, mesmo os religiosos isentos, estão sob a sua jurisdição nos vários trabalhos que dizem respeito ao exercício do apostolado. Para melhor coor<strong>de</strong>nação, constitua o Bispo, na medida do possível, um <strong>Conselho</strong> pastoral, em que participem, por meio <strong>de</strong> <strong>de</strong>legados escolhidos, os clérigos, os religiosos e os leigos”. <strong>Conselho</strong>s Pastorais Paroquiais – Representação do Povo <strong>de</strong> Deus [01.12.2011]


3 Presbyterorum Ordinis 7 [Relações entre os Bispos e os presbíteros]. “Haja, em conformida<strong>de</strong> com as actuais circunstâncias e necessida<strong>de</strong>s, com estrutura e funções a <strong>de</strong>terminar; um conselho ou senado <strong>de</strong> sacerdotes, que representam o presbitério, e pelos seus conselhos, po<strong>de</strong>m ajudar eficazmente o Bispo no governo da diocese”. Código <strong>de</strong> Direito Canónico (25 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1983). Recolhe, em forma <strong>de</strong> lei, a reflexão das últimas décadas. (<strong>Conselho</strong> <strong>Pastoral</strong> Diocesano, cânones 511 1 -­‐514; <strong>Conselho</strong> <strong>Pastoral</strong> <strong>Paroquial</strong>, cânones 536 § 1-­‐2). Afirma que o <strong>Conselho</strong> é um instrumento tipicamente eclesial on<strong>de</strong> cada um exerce os direitos-­‐<strong>de</strong>veres <strong>de</strong> baptizado. Christifi<strong>de</strong>les Laici (30.12.1988) 25.27 [A participação dos fiéis leigos na vida da Igreja. Igrejas particulares e Igreja Universal] “O recente Sínodo pediu, nesse sentido, que se favorecesse a criação dos <strong>Conselho</strong>s Pastorais diocesanos, a que se <strong>de</strong>veria recorrer conforme as oportunida<strong>de</strong>s. Trata-­‐se, na verda<strong>de</strong>, da principal forma <strong>de</strong> colaboração e <strong>de</strong> diálogo, bem como <strong>de</strong> discernimento, a nível diocesano. A participação dos fiéis leigos nestes <strong>Conselho</strong>s po<strong>de</strong>rá aumentar o recurso à consulta, e o princípio da colaboração — que em <strong>de</strong>terminados casos também é <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão — e encontrará uma aplicação mais vasta e mais incisiva”. [O empenhamento apostólico na paróquia] “O acento posto pelo Concílio na análise e na solução dos problemas pastorais «com o contributo <strong>de</strong> todos» <strong>de</strong>ve encontrar o seu progresso a<strong>de</strong>quado e estruturado na valorização cada vez mais convicta, ampla e <strong>de</strong>cidida, dos <strong>Conselho</strong>s pastorais paroquiais, nos quais justamente insistiram os Padres sinodais”. <strong>Conselho</strong> <strong>Pastoral</strong> da <strong>Diocese</strong> <strong>de</strong> Milão, 1989 “Na Igreja realiza-­‐se uma forma <strong>de</strong> fraternida<strong>de</strong> recíproca e um activo cuidado do outro, enquanto que ela constituiu a comunida<strong>de</strong> dos crentes que juntos <strong>de</strong>scobrem a iniciativa gratuita da universal convocação da humanida<strong>de</strong> para a comunhão com Deus”. Novo Millenio Ineunte (06.01.2001) 43.46 1 “Em cada diocese, na medida em que as circunstâncias pastorais o aconselharem, constitua-­‐se o conselho pastoral, ao qual pertence, sob a autorida<strong>de</strong> do Bispo, investigar e pon<strong>de</strong>rar o concernente às activida<strong>de</strong>s pastorais da diocese e propor conclusões práticas”. <strong>Conselho</strong>s Pastorais Paroquiais – Representação do Povo <strong>de</strong> Deus [01.12.2011]


4 [Espiritualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Comunhão] “Fazer da Igreja a casa e a escola da comunhão: eis o gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio que nos espera no milénio que começa, se quisermos ser fiéis ao <strong>de</strong>sígnio <strong>de</strong> Deus e correspon<strong>de</strong>r às expectativas mais profundas do mundo”. [A varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> vocações] “É necessário que a Igreja do terceiro milénio estimule todos os baptizados e crismados a tomarem consciência da sua própria e activa responsabilida<strong>de</strong> na vida eclesial”. Síntese: Todas estas passagens são bem esclarecedoras quanto a esta renovada compreensão da vida eclesial. Uma responsabilida<strong>de</strong> «própria e activa». Tudo se fundamenta na igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> todos os baptizados em Cristo, membro do Povo <strong>de</strong> Deus, igual dignida<strong>de</strong>, comum vocação à perfeição, uma só salvação, uma só esperança e uma carida<strong>de</strong> indivisa. Todos <strong>de</strong>vem contribuir para a edificação da comunida<strong>de</strong> eclesial, cada segundo o seu ministério e serviço. A comunhão eclesial é inseparável da comunhão em Cristo e com Cristo. A comunhão eclesial é sinal visível <strong>de</strong>ssa unida<strong>de</strong>. “Como é que a Igreja se distingue da realida<strong>de</strong> social? Ela propõe uma maneira original <strong>de</strong> viver as suas assembleias? Com efeito, a eclesiologia <strong>de</strong> comunhão gera um estilo particular <strong>de</strong> relações que chamamos <strong>de</strong> ‘viver em sinodalida<strong>de</strong>’. Gera uma re<strong>de</strong> social on<strong>de</strong> a comunicação e permuta entre todos são prioritárias. As fibras que constituem este tecido social são, entre outras, a igual dignida<strong>de</strong> e a distintas funções, o princípio comunitário e o princípio ministerial da presidência... Existe um viver em conjunto propriamente eclesial que nasce do fundamento trinitário da Igreja. Esse princípio abre a todos, colectivamente e sem excepção, a responsabilida<strong>de</strong> da assembleia eclesial”. II. REFERÊNCIAS FUNDAMENTAIS 1. O CP é sinal e instrumento <strong>de</strong> uma Igreja que se compreen<strong>de</strong> como comunhão e fraternida<strong>de</strong> Tudo o que atrás foi dito, a partir dos documentos da Igreja, permanecerá uma (bela) teoria mas abstracta se não encontrar formas concretas <strong>de</strong> realização. Estar convencidos <strong>de</strong> que a Igreja é comunhão e lugar <strong>de</strong> efectiva responsabilida<strong>de</strong>. Na Igreja, todos os membros são necessários. Na igreja todos os membros hão-­‐<strong>de</strong> ser activos, se quiserem ser coerentes com a missão recebida nos sacramentos da iniciação cristã. Os cristãos receberam diversos carismas e exercem distintos ministérios, serviços ou funções. Na Igreja todos somos corresponsáveis. Estas são, em linhas gerais e esquemáticas, as gran<strong>de</strong>s linhas do pensamento das últimas décadas na Igreja. <strong>Conselho</strong>s Pastorais Paroquiais – Representação do Povo <strong>de</strong> Deus [01.12.2011]


5 O CPP é sinal e instrumento. É expressão visível e ferramenta da comunida<strong>de</strong>. Reflecte essa imagem <strong>de</strong> comunhão e, por sua vez, contribui para a criar. Não se trata por isso apenas <strong>de</strong> uma questão <strong>de</strong> obediência, mas também <strong>de</strong> maturação <strong>de</strong>sta forma <strong>de</strong> olhar e fazer a Igreja. Todos nós, pelos sacramento da iniciação cristã temos a mesma igualda<strong>de</strong> e a mesma dignida<strong>de</strong> no ser e no agir, e participamos na edificação do Corpo <strong>de</strong> Cristo segundo a condição e a missão própria <strong>de</strong> cada um. O CP <strong>de</strong>ve reflectir esta comunhão <strong>de</strong> iguais e distintos. Iguais porque todos somos cristãos, irmãos, cheios da graça <strong>de</strong> Deus; distintos porque cada um é diferente e tem os seus carismas. O leigo antes <strong>de</strong> fazer qualquer coisa na comunida<strong>de</strong>, “é comunida<strong>de</strong>”, faz parte da comunida<strong>de</strong>. Ora fazer parte <strong>de</strong> uma comunida<strong>de</strong>, como fazer parte <strong>de</strong> um família, traz encargos, tarefas. Na família não somos sujeitos passivos, <strong>de</strong>sfrutando apenas do que os outros fazem. Somos membros activos, sentimo-­‐nos responsáveis; sentimo-­‐nos comunida<strong>de</strong>. A Igreja é chamada a realizar-­‐se como realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comunhão e lugar para o exercício da corresponsabilida<strong>de</strong>. Utilizando a linguagem bíblica, o CP é fermento <strong>de</strong> comunhão. Mas estas coisas não funcionam automaticamente. Uma reunião po<strong>de</strong> transformar-­‐se numa <strong>de</strong>sunião ou conduzir a conflitos na comunida<strong>de</strong>. Depen<strong>de</strong>rá <strong>de</strong> como o CP é escolhido, conduzido, orientado durante uma reunião. Um CP que é sinal <strong>de</strong> uma Igreja comunhão sabe reflectir sobre a vida da comunida<strong>de</strong>, interpretando os seus sinais e necessida<strong>de</strong>s. Um CP que é instrumento, ferramenta para criar a comunhão saber preparar um projecto pastoral, quase como uma carta <strong>de</strong> navegação, para a comunida<strong>de</strong>; sabe <strong>de</strong>ixar-­‐se guiar pelo Espírito e não pelos próprios espíritos... 2. O CP é lugar da corresponsabilida<strong>de</strong> eclesial Não se trata <strong>de</strong> um órgão com funções meramente organizativas, nem <strong>de</strong> um estrutura <strong>de</strong>lineada segundo os critérios da <strong>de</strong>mocracia representativa (os membros eleitos representam aqueles <strong>de</strong> quem receberam o voto). Também não é uma espécie <strong>de</strong> elite eclesial. A missão da Igreja não é uma tarefa <strong>de</strong> poucos, mas <strong>de</strong> todos. Por isso o CPP é uma “realida<strong>de</strong> expressiva da responsabilida<strong>de</strong> testemunhal dos crentes diante <strong>de</strong> Deus em favor e ao serviço da comunida<strong>de</strong>, para a sua edificação e missão”. O CP é essencialmente lugar sinodal, <strong>de</strong> caminho em comum 2 . “O leigo cristão é o homem da sinodalida<strong>de</strong> se revela a disponibilida<strong>de</strong> para entrar numa nova fase da vida da Igreja, on<strong>de</strong> se 2 O Bispo Italiano, Franco Giulio Brambilla, fala do leigo como “homem da sinodalida<strong>de</strong>, capaz <strong>de</strong> caminhar com (syn-­‐ódos), sobretudo <strong>de</strong> abrir novos caminhos. Hoje não é possível pensar e praticar uma renovação dos modos <strong>de</strong> vida cristã nas Igrejas locais sem os leigos, mas urgentemente com os leigos. Por isso torna-­‐se <strong>Conselho</strong>s Pastorais Paroquiais – Representação do Povo <strong>de</strong> Deus [01.12.2011]


6 cuidam não apenas as colaborações, mas se realiza a corresponsabilida<strong>de</strong>, isto é, o carregar em conjunto, pastores e leigos, a responsabilida<strong>de</strong> da vida e da missão da Igreja”. Mais que lugar <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão, é lugar <strong>de</strong> reflexão comum, <strong>de</strong> discernimento comunitário, <strong>de</strong> convergência pastoral. No fundo, o CP dá eficácia e concretiza a comunhão. Por isso, <strong>de</strong>ve estar afastada a tentação do eficientismo, como se fosse uma organização civil <strong>de</strong>stinada a dar lucro. É uma estrutura <strong>de</strong> comunhão, <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> pessoas que partilha a vida pastoral com o seu pároco através da oração, do conselho e da acção. É lugar <strong>de</strong> permuta e <strong>de</strong> estima. Não há outras motivações senão a fé em Jesus Cristo e amor à comunida<strong>de</strong> (Fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> a Deus e fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> ao Homem). Às vezes pensa-­‐se que participar no CP significa tomar iniciativas, ter facilida<strong>de</strong> em falar, saber reivindicar e <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r melhor as posições do grupo <strong>de</strong> pertença (“vai tu, que sabes falar melhor”). O CPP não é uma reunião do condomínio. O pároco não está do lado “oposto”, mas o seu missão <strong>de</strong> pastor e guia está <strong>de</strong>ntro da comunida<strong>de</strong>. Escrevem os Bispos italianos: “O compromisso da participação é próprio <strong>de</strong> cada cristão, porque nasce dos sacramentos da iniciação e da maturida<strong>de</strong> eclesial e é renovado cada domingo na celebração comunitária da Eucaristia. Mas este compromisso, que é um direito e ao mesmo tempo um <strong>de</strong>ver, não é exercido em competição com o ministério do governo dos bispos e dos presbíteros seus colaboradores”. Trabalham todos juntos, mas cada um <strong>de</strong>ve fazê-­‐lo <strong>de</strong> acordo com a sua vocação. O CP é pluriforme. Esta visão abarca todas as vocações, carismas e ministérios da comunida<strong>de</strong>. Aqui se abre um campo importante da formação para esta eclesiologia <strong>de</strong> comunhão. Des<strong>de</strong> logo formação espiritual e <strong>de</strong>pois doutrinal. É preciso tempo e formação para ter membros preparados. E, como já referi, esta formação <strong>de</strong>ve ter essencialmente um carácter espiritual, porque o “conselho” (aconselhar) é um dom do Espírito Santo e, como tal, <strong>de</strong>ve ser pedido na oração. E esta aposta numa “Espiritualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Comunhão” <strong>de</strong>ve prece<strong>de</strong>r todas as iniciativas porque só assim se purifica o testemunho da tentação <strong>de</strong> ce<strong>de</strong>r a competições e ve<strong>de</strong>tismos. Dificilmente os membros escolhidos para um CPP estão <strong>de</strong>vidamente preparados para <strong>de</strong>senvolver <strong>de</strong> imediato e <strong>de</strong> forma idónea essa missão. É necessário uma fase <strong>de</strong> preparação para que os membros se consciencializem da sua missão e do lugar que ocupam. A paciência será, neste caso como em muita outras ocasiões, uma das virtu<strong>de</strong>s mais fundamentais para um membro do CP. Mas não se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>scurar a dimensão do estudo. Quando se propõe um tema, não se po<strong>de</strong> ficar pela primeira resposta que nos vem à cabeça. A participação num CP não é uma arma <strong>de</strong> essencial acelerar a hora dos leigos, relançando o seu empenho eclesial e secular, sem o qual o fermento do Evangelho não po<strong>de</strong> alcançar os contextos da vida quotidiana, mas penetrar aqueles ambientes marcados, mais fortemente, pelo processo <strong>de</strong> secularização”. <strong>Conselho</strong>s Pastorais Paroquiais – Representação do Povo <strong>de</strong> Deus [01.12.2011]


7 arremesso contra os outros, mas é participação serviço da comunida<strong>de</strong>. Por isso, se reclama a paciência, o estudo e a oração. A fecundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um CPP <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>, em gran<strong>de</strong> medida, da maturida<strong>de</strong> espiritual e eclesial dos participantes, da sua (autêntica) experiência <strong>de</strong> fé e <strong>de</strong> comunhão e da paixão que os anima para edificar a Igreja e anunciar o Evangelho. 3. O CP é figura da visibilida<strong>de</strong> e comunicação eclesial Vivemos na socieda<strong>de</strong> da informação e “quem não aparece <strong>de</strong>saparece”. O CP também tem esta missão – que po<strong>de</strong> usar as formas tradicionais (avisos na Eucaristia, boletins e jornais paróquias, etc...) – e isso permite que a comunida<strong>de</strong> tenha uma visibilida<strong>de</strong>, um rosto muito menos marcado pela figura clerical. Po<strong>de</strong> levar a voz e as iniciativas da comunida<strong>de</strong> a outros ambientes (culturais, sociais, políticos...). Assim que encontra um <strong>de</strong>safio nada fácil: sair <strong>de</strong> casa, não ser marginal, não se situar na margem da vida <strong>de</strong> todos os dias; estar atento e aberto ao mundo à sua volta, ao território on<strong>de</strong> se insere para que se perceba que a comunida<strong>de</strong> não está <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> quatro pare<strong>de</strong>s e apenas atenta ou preocupada com questões internas. III. Olhar o <strong>Conselho</strong> <strong>Pastoral</strong> por <strong>de</strong>ntro 1. Posturas O conselho pastoral é uma estrutura <strong>de</strong> comunhão e portanto um grupo <strong>de</strong> pessoas que partilha a missão pastoral do pároco com a oração, com o conselho e com a acção; daqui a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que seja pensado como um lugar no qual a permuta, a estima e a partilha se vivam <strong>de</strong> modo concreto. Por isso, o sonho é que aqueles que fazem parte d um CP vivam essa participação como serviço à Igreja; cada um <strong>de</strong> nós aqui «carrega a fé dos outros». Sem querer entrar pelo campo jurídico ou num discurso que possa soar a aviso antecipado a a alguém, é oportuno dizer – para ressaltar a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> do <strong>Conselho</strong> <strong>Pastoral</strong> – que não se trata <strong>de</strong> um organismo <strong>de</strong>mocrático, mas eclesial, chamado a agir, em primeiro lugar, em obediência à voz e à palavra do Pastor Jesus Cristo. Um possível voto não é a expressão <strong>de</strong> minorias contra maiorias, <strong>de</strong> partidos ou facções, mas um parecer responsável no qual a participação significa tomar parte numa obra <strong>de</strong> discernimento pastoral para conhecer melhor a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus acerca da comunida<strong>de</strong> cristã e ajudar os pastores no exercício da sua missão; cada um participa com os próprios dons espirituais, consciente <strong>de</strong> que mesmo quando exprime i<strong>de</strong>ias diferentes colabora para o mesmo fim. <strong>Conselho</strong>s Pastorais Paroquiais – Representação do Povo <strong>de</strong> Deus [01.12.2011]


8 Canal <strong>de</strong> comunicação Enquanto representante <strong>de</strong> uma categoria <strong>de</strong> pessoas, <strong>de</strong> uma comunida<strong>de</strong>, eleito ou nomeado, um conselheiro <strong>de</strong>verá ser um canal <strong>de</strong> comunicação, bom receptor e bom emissor, capaz <strong>de</strong> falar e <strong>de</strong> escutar e da intervenção <strong>de</strong> cada um po<strong>de</strong> surgir maior luz sobre os problemas e sobre os caminhos a percorrer. Ao mesmo tempo, é bom recordar que cada membro é chamado a superar a eventual pertença eclesial, que <strong>de</strong>riva do serviço que exerce ou do grupo em que vive um caminho <strong>de</strong> fé, para se sentir chamado a uma responsabilida<strong>de</strong> mais ampla na vida e na missão <strong>de</strong> toda a comunida<strong>de</strong> paroquial. Nesta perspectiva, fazer parte do CP significa amadurecer uma constante sensibilida<strong>de</strong> eclesial, aberta a todos. Sentir-­‐se corresponsável <strong>de</strong> toda a pastoral significa pensar em gran<strong>de</strong> e ajudar a <strong>de</strong>scobrir os caminhos mais apropriados para anunciar Cristo e testemunhá-­‐lo no mundo <strong>de</strong> hoje. Bom trabalhador <strong>de</strong> equipa Enquanto membro <strong>de</strong> um grupo, o conselheiro <strong>de</strong>ve conhecer a música para a saber seguir e cantar: se a música que uma comunida<strong>de</strong> diocesana, paroquial canta é a composta por Deus, então o conselheiro <strong>de</strong>ve trabalhar para conhecer essa Palavra Divina, saber pô-­‐la em prática, formar-­‐se como cristão e a<strong>de</strong>rir às iniciativas que são propostas. Um conselheiro com paixão pelo evangelho e pela missão. E porque faz parte <strong>de</strong> um «coro» <strong>de</strong>verá saber cantar «em coro» e agir coralmente com os restantes membros e os pastores. Um conselheiro com paixão pela unida<strong>de</strong> e pela Igreja. Animador competente Com tudo isto, o conselheiro torna-­‐se um animador da vida paroquial, com disponibilida<strong>de</strong> e competência. Saber pôr os outros a fazer, a sentir a mesma paixão pelo Evangelho, pela missão, pela Igreja e pela unida<strong>de</strong>. Diria que tem uma missão semelhante à do próprio pastor, estimulando cada um a um sentido eclesial cada vez mais intenso, estimulando a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada um assumir as suas responsabilida<strong>de</strong>s. Relação do CP com a comunida<strong>de</strong> paroquial / diocesana O CP não vive, nem funciona em abstracto, mas vive e funciona a partir da vida real e do clima espiritual e fraterno <strong>de</strong> uma comunida<strong>de</strong>. Não quer dizer que esta relação seja automática. Boa vonta<strong>de</strong>, disponibilida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m ser importantes, representar uma comunida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser <strong>Conselho</strong>s Pastorais Paroquiais – Representação do Povo <strong>de</strong> Deus [01.12.2011]


9 importante, mas po<strong>de</strong> não chegar. O <strong>Conselho</strong> funciona na medida em que se estabelece um círculo virtuoso com o corpo vivo da comunida<strong>de</strong> e não funciona na medida em que se afaste, se abstraia e não tenha uma relação real com a vida da comunida<strong>de</strong>, quer das gentes comuns, quer da vida ordinária e das activida<strong>de</strong>s e pessoas mais próximas responsáveis. Por isso, mais importante que fazer e programar, é preciso, em primeiro lugar, viver e crescer numa espiritualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comunhão, que se traduza em educação permanente e exercício <strong>de</strong> escuta, acolhimento, encontro e permuta dos dons <strong>de</strong> cada uma com os outros membros da comunida<strong>de</strong>. Mas sabemos que estes organismos têm, na maioria das vezes, imensa dificulda<strong>de</strong> em dar fruto e essa constatação po<strong>de</strong> fazer diminuir a sua importância e funcionalida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>sanimar os seus membros. Não nos <strong>de</strong>ixemos paralisar por uma sensação <strong>de</strong> frustração por constatarmos que não se realizam muitos dos nossos esforços pastorais. Isto é, não confiemos só nas nossas próprias forças e competências, acabando por duvidar da presença e do po<strong>de</strong>r do Espírito Santo. O <strong>Conselho</strong> <strong>Pastoral</strong> é um espaço on<strong>de</strong> fazer crescer e favorecer a comunhão e a participação. Será que tem razão quem diz que um «<strong>Conselho</strong>» se avalia pelos frutos? Este terá seguramente potencialida<strong>de</strong>s para se tornar um lugar emblemático <strong>de</strong> encontro e aliança entre os diversos ministérios, carismas, estados <strong>de</strong> vida, <strong>de</strong> modo a favorecer um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Igreja participada, verda<strong>de</strong>ira mestra <strong>de</strong> diálogo e confronto com vista a renovar o tecido eclesial. 2. Expectativas mútuas O CP vive, para o bem e para o mal, do clima efectivo da relação entre presbíteros e leigos que habitam a comunida<strong>de</strong>. Se existe um estilo fraterno e sereno também o CP po<strong>de</strong> gozar <strong>de</strong>ssa tranquilida<strong>de</strong>; se existe um clima <strong>de</strong> crispação ou autoritarismo, também o CP sofrerá. O que o <strong>Conselho</strong> espera <strong>de</strong> um pároco Que se envolva totalmente, sem se tornar o homem que toca todos os instrumentos. Que tenha uma competência a<strong>de</strong>quada. Que tenha uma visão pastoral e a exprima. Que seja capaz <strong>de</strong> sustentar e encorajar. Que reconheça o empenho (e sacrifício) do leigos que participam, oferecendo muitas vezes o seu tempo livre ou familiar. Que seja um homem <strong>de</strong> comunhão e servidor da unida<strong>de</strong>. <strong>Conselho</strong>s Pastorais Paroquiais – Representação do Povo <strong>de</strong> Deus [01.12.2011]


10 O que o pároco espera do <strong>Conselho</strong>: Que não se limite aos bons conselhos, mas assuma efectivamente as responsabilida<strong>de</strong>s pastorais. Que não se limite a questões práticas, burocráticas e económicas. Que esteja disposto a percorrer itinerários formativos para saber respon<strong>de</strong>r a<strong>de</strong>quadamente às próprias responsabilida<strong>de</strong>s. Que não se fragmente em representação <strong>de</strong> uma parte (o CP não é formado por representantes <strong>de</strong> partes). Que tenha uma função crítica e esteja disposto a <strong>de</strong>ixar-­‐se criticar. Que em cada reunião esteja predisposto a um momento “bem servido” <strong>de</strong> aprofundamento espiritual. Que os seus membros sejam testemunhas e não apenas eleitos. Conclusão O CP é uma das oportunida<strong>de</strong>s para realizar a eclesiologia conciliar. Creio que compreen<strong>de</strong>mos a fundamentação e estamos conscientes da importância do CP. A uma renovada eclesiologia correspon<strong>de</strong> a comunhão; e as estruturas aparecem para que se concretize a possibilida<strong>de</strong> da participação. Mas nem sempre é fácil colocar estas coisas em andamento. É o exercício da autorida<strong>de</strong> que cria problemas? É o receio <strong>de</strong> se expor? Não temos – presbíteros e leigos – suficiente formação? É difícil caminhar em conjunto? O CP é sempre um meio, não é um sacramento, vem <strong>de</strong>pois da Palavra – Eucaristia – Carida<strong>de</strong>. Está ao serviço da Igreja, para ser lugar <strong>de</strong> comunhão e para servir à santificação e à missão. É a imagem da fraternida<strong>de</strong> e da comunhão <strong>de</strong> toda a comunida<strong>de</strong> paroquial. É o instrumento pastoral da <strong>de</strong>cisão comum, on<strong>de</strong> o ministério da presidência, próprio do pároco, e a corresponsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> todos os fiéis <strong>de</strong>ve encontrar a sua síntese. Ao preparar este trabalho e nos vários textos que li e que aqui uso, encontrei um que tem este título bem elucidativo: o CP é um “parlamento eclesial” ou uma “diaconia sinodal”. Teoricamente damos a inclinamo-­‐nos para a resposta correcta, cabe-­‐nos agora fazer das nossas comunida<strong>de</strong>s, lugares <strong>de</strong> serviço e percorrer esse caminho em conjunto. <strong>Conselho</strong>s Pastorais Paroquiais – Representação do Povo <strong>de</strong> Deus [01.12.2011]


11 Bibliografia ADRIANO CAPRIOLI, Ai consigli pastorali parrocchiali, in “Orientamenti <strong>Pastoral</strong>i” 1999/12, pg. 54-­‐56. AGOSTINO MONTAN, I consigli pastorali, in “Orientamenti <strong>Pastoral</strong>i” 2000/1-­‐2, pg. 29-­‐57. ANTONIO TORRESIN, Il consiglio pastorale parrocchiale e le condizioni per un suo buon funzionamento, in “Orientamenti <strong>Pastoral</strong>i” 2003/10, pg. 74-­‐80. CAROLA PANDOLFI, Futuro <strong>de</strong>la parrochia e programmazione pastorale, in “Orientamenti <strong>Pastoral</strong>i” 1998/4, pg. 32-­‐38. CESARE BONICELLI, Al servizio <strong>de</strong>lla Chiesa, tempio <strong>de</strong>llo Spirito, in “Orientamenti <strong>Pastoral</strong>i” 2000/1-­‐2, pg. 58-­‐60. E. CORRECO, Parlamento ecclesiale o diaconia sinodale?, in ID., Scritti per una teoria generale <strong>de</strong>l diritto canonico, CUSL, Milano 1989. LUIGI VARI, La participazione come servizio, in “Orientamenti <strong>Pastoral</strong>i” 2000/1-­‐2, pg. 61-­‐62. MARIE-­‐HÉLÈNE LAVIANNE, Faire Église..., in GILLES ROUTHIER et MARCEL VIAU, Précis <strong>de</strong> Théologie Pratique, Novalis/Lumen Vitae, pg. 537-­‐551. PAOLO VALENTE, Rinnovare e rinnovarsi. I<strong>de</strong>e e progetti per i nuovi consigli parrocchiali, in “Orientamenti <strong>Pastoral</strong>i” 2000/10-­‐11, pg. 142-­‐148. REMO VANZETTA, Entrare in consiglio, in “Orientamenti <strong>Pastoral</strong>i” 2000/10-­‐11, pg. 139-­‐141. SERGIO LANZA, Per una riunione <strong>de</strong>l Consiglio <strong>Pastoral</strong>e, in “Servizio <strong>de</strong>lla Parola” 2001/327, pg. 33-­‐43. UGO UGHI, L’ora <strong>de</strong>i Laici dopo Verona, in “Orientamenti <strong>Pastoral</strong>i” 2008/2, pg. 35-­‐41. JOAN BESTARD, Corresponsabilida<strong>de</strong> e participação na paróquia. <strong>Conselho</strong> <strong>Pastoral</strong> <strong>Paroquial</strong>, Gráfica <strong>de</strong> Coimbra. FABIO BERTUOLA, Il consiglio pastorale parrocchiale: sfi<strong>de</strong> e ooportuintà per realizzare l’ecclesiologia conciliare, in “Orientamenti <strong>Pastoral</strong>i” 2004/1, pg. 82-­‐85. <strong>Conselho</strong>s Pastorais Paroquiais – Representação do Povo <strong>de</strong> Deus [01.12.2011]

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