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Boletim SBH Setembro/2013 - Sociedade Brasileira de Hepatologia

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| Seção Espaço <strong>de</strong> Disse |Ana Pittella (RJ)Quando recebi esse convite,hesitei. Mas, acreditando nodito que ser carioca é fazeramigos sem precisar <strong>de</strong> senha ou login,conversei com meus amigos e famíliae me atrevi ao <strong>de</strong>safio. Não tenho apretensão <strong>de</strong> vasculhar toda a cida<strong>de</strong>;apenas trago ao leitor uma pequenaparte das muitas maravilhas cariocas.Como boa naturalista e vegetariana,vou começar pela charmosa Granadoe seus produtos cosméticos, no Leblone no Centro.Como dizem que ser carioca étambém ter orgulho da cida<strong>de</strong> maravilhosa,vamos falar um pouco doArquivo Nacional situado à Praça daRepública. O espaço impressiona comos edifícios em torno <strong>de</strong> um enormepátio, sendo um dos monumentos daarquitetura neoclássica brasileira.Outra dica é o Centro Cultural Bancodo Brasil (CCBB), na rua Primeiro <strong>de</strong>Março. É imprescindível contemplar aarquitetura, com a linda rotunda e oimponente foyer. Há sempre exposições<strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>.O monumento ao Cristo Re<strong>de</strong>ntor,uma das novas 7 maravilhas domundo, situado à rua Cosme Velho,mais do que o símbolo carioca, é aimagem mais conhecida do Brasil noexterior. É emocionante ver o Cristo <strong>de</strong>perto e a cida<strong>de</strong> a seus pés, além daviagem <strong>de</strong> trenzinho.O Forte <strong>de</strong> Copacabana tem uma dasvistas mais lindas da Praia <strong>de</strong> Copacabana,com orla inteira e o Pão <strong>de</strong>Açúcar surgindo por traz do Leme.Ali fica uma da filiais mais concorridasda Confeitaria Colombo, perfeita paraum café da manhã tardio, ou para umlanche no fim da tar<strong>de</strong>.O Jardim Botânico, que dá nome à ruae ao bairro Jardim Botânico, é umareserva biológica com uma alameda<strong>de</strong> Palmeiras Imperiais e mais <strong>de</strong> 8mil espécies <strong>de</strong> árvores, bromélias,orquí<strong>de</strong>as... da flora brasileira. Não<strong>de</strong>ixe <strong>de</strong> visitar o roseiral. Vá <strong>de</strong> táxi,mercadoria fácil <strong>de</strong> encontrar no Rio,se não estiver chovendo (a dica valepara qualquer programa).A Lapa, bairro histórico e reduto daboemia, reúne samba, forró, músicaeletrônica e rock. O mapa da badalaçãoinclui as ruas Mem <strong>de</strong> Sá,Riachuelo, Lavradio e Gomes Freire.Para citar 3 points, sempre há sambano Rio Scenarium, forró no Clubedos Democráticos e MPB ou rock naFundação Progresso.O Mosteiro <strong>de</strong> São Bento, no Centro,fundado em 1590 pelos monges beneditinos,é um dos exemplos da artecolonial. Seu interior barroco é entalhadoa ouro. Nos dias <strong>de</strong> semana,há missa com canto gregoriano e,aos domingos, há a muito concorridamissa das 10h.O Museu <strong>de</strong> Arte Mo<strong>de</strong>rna (MAM), noAterro do Flamengo, impressiona porsua mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>. O prédio integra-seà paisagem da Baía <strong>de</strong> Guanabara e aopaisagismo <strong>de</strong> Burle Marx. O Aterrodo Flamengo inteiro é uma atraçãoturística on<strong>de</strong> vale a pena caminharsem pressa e tomar água <strong>de</strong> coco.Outro ponto turístico é o famosoPão <strong>de</strong> Açúcar, na Avenida Pasteur,e o Morro da Urca, sem mencionaro passeio <strong>de</strong> bondinho que é obrigatório.Como ser carioca é também passaro dia na praia vendo a vida passar,vale caminhar ou pedalar (em várioslugares do Rio po<strong>de</strong>mos encontrarbikes <strong>de</strong> aluguel) pelas muitas praiasda orla.Ser carioca é também gostar <strong>de</strong>misturar tudo, mar e montanha,prédio e praia; por isso, vá ao TeatroMunicipal (no Centro) aberto somentepara espetáculos; é sempre um gran<strong>de</strong>programa, com emocionante atmosfera,o lindo foyer e as escadarias.Um passeio pelo bairro <strong>de</strong> Ipanema,com diversas lojas <strong>de</strong> “moda fashion”(vale o pleonasmo), agradará a todosos gostos, citando aqui as ruas Garciad’Ávila, Joana Angélica, Viscon<strong>de</strong> <strong>de</strong>Pirajá, Aníbal <strong>de</strong> Mendonça, MariaQuitéria. O passeio continua no bairrodo Leblon com suas charmosas lojas,nas ruas Dias Ferreira, Ataulfo <strong>de</strong>Paiva, o muito concorrido e chiqueShopping Leblon, o Rio Design Leblone, no bairro da Gávea, o Gávea Tra<strong>de</strong>Center e o Shopping da Gávea – queproporcionarão muitas compras <strong>de</strong>fazer inveja à NY city.Outros bairros oferecem opções,incluindo peças sofisticadas e grifesmo<strong>de</strong>rnas do shopping Rio Sul emBotafogo. Atravessando o túnel emdireção à Barra da Tijuca, temos obadalado Fashion Mall, em SãoConrado, e o Barra Shopping na Barrada Tijuca.Como ser carioca inclui o bom gostopela culinária, não po<strong>de</strong> faltar umavisita ao Aprazível em Santa Tereza,com a maravilhosa vista da Baía daGuanabara.Para relaxar ao fim do dia, há o BotequimInformal em Botafogo, Copacabana,Ipanema e Leblon, uma excelenteopção <strong>de</strong> “pé-limpo”.Interessante também é conhecer oIntihuasi, restaurante peruano, narua Barão do Flamengo, agradável,acolhedor, muito bem servido, e emambiente tranquilo.Se o paladar italiano for o escolhido,sugerimos o Pomodorino, na Lagoa.Apesar <strong>de</strong> não aceitarem cartões e opagamento ser efetuado em espécie oucheque, o retorno ao lugar será inevitável.E o Italiano Quadrucci, rua DiasFerreira, madonna mia! Ou a PizzariaCapricciosa, em Ipanema, com forno àlenha e muçarela fresca <strong>de</strong> búfala, que<strong>de</strong>ixa um gostinho <strong>de</strong> quero mais.Também em Ipanema, há o MarketComfort Food, com seu aconchegantejardim interno <strong>de</strong> árvores frutíferas.Destaque para os maravilhosos sucos.Lembrar também da sorveteria MilFrutas na rua Garcia D’Ávila, on<strong>de</strong>encontramos mais <strong>de</strong> 200 sabores.Tudo artesanal. Vale o que pe<strong>de</strong>m.E o que dizer sobre a <strong>de</strong>licatessenTalho Capixaba, na rua Ataulfo <strong>de</strong>Paiva, Leblon, com seus mais <strong>de</strong> vintetipos <strong>de</strong> pão...Ser carioca então é, <strong>de</strong> fato, morar emuma Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong>scolada, abrir um largosorriso ao chegar à janela e, sobretudo,ser feliz.Certa <strong>de</strong> que vocês se tornarãocariocas pelo menos por uns dias,sejam muito bem-vindos à nossacida<strong>de</strong> maravilhosa. •6 | <strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong><strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong> | 7


| Seção Veia Porta |É OMEURIO!CONVIDADOSESTRANGEIROSFALAM SOBREO RIO DEJANEIROUn sueño sin escapatoriaHenry Cohen e Pablo Cohen (URU)Por un lado, me han pedido que explicara,a mi manera, cómo aprovechar Río<strong>de</strong> Janeiro. Por otro, cómo es esta ciudadpara los extranjeros.Hacer lo primero es relativamente fácil,aunque para ello tenga que recurrir a lasemociones, que siempre nos perturbanmás que la mente. Tan profundo, nobley peligroso es el corazón que tenemosmiedo <strong>de</strong> a<strong>de</strong>ntrarnos en él. Pero si nolo hacemos para hablar <strong>de</strong> Río, ¿cuándolo vamos a hacer?Lo primero que quiero afirmar es queel Río <strong>de</strong> los extranjeros solo pue<strong>de</strong> ser<strong>de</strong>finido como una entelequia, un lugarcomún <strong>de</strong>stinado a morir, pese a susreferencias <strong>de</strong> obligada visita, en folletinesturísticos.Así que diré, mo<strong>de</strong>stamente, qué significaRío para mí. Si una persona es ununiverso, por más equivocada que esté,habré aportado algo a la pequeña misiónque me han encomendado.Voy a ser breve, aunque contun<strong>de</strong>nte. Laciudad me obliga a serlo, porque, precisamente,para mí Río es un sueño, unasucesión <strong>de</strong> eventos y <strong>de</strong> sitios mágicos,pero un sueño sin escapatoria. Dada subelleza, no afirmaré que es una pesadilla,pero sí que inquieta. ¿Por qué? Porqueinquieta que el ser humano haya sidocapaz <strong>de</strong> crear una ciudad como esta.Como científicos, <strong>de</strong>bemos ser racionalesy basarnos en la evi<strong>de</strong>ncia. Pero elCorcovado, la arena <strong>de</strong> Copacabana, lamúsica <strong>de</strong> Paulinho da Viola y <strong>de</strong> ZecaPagodinho, el encanto <strong>de</strong> Botafogo,<strong>de</strong> los clubes <strong>de</strong> Lapa y <strong>de</strong>l agua <strong>de</strong>Ipanema nos hacen preguntarnos si enverdad estamos ante una ciudad enteramentehumana.La respuesta, me temo, es <strong>de</strong>cepcionante.Así que tengo para uste<strong>de</strong>s una noticiabuena y otra mala. Empecemos por lamala: Dios no es brasileño, sino <strong>de</strong> todala humanidad. Pero, como dije antes,también hay una buena: el profeta judíoque los observa <strong>de</strong>s<strong>de</strong> cada punto <strong>de</strong> laciudad, que disfruta el carnaval tantocomo los turistas y que llora las dolorosas<strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s que siguen carcomiendoeste punto <strong>de</strong>l universo, nos estápidiendo a gritos que nos <strong>de</strong>mos cuenta<strong>de</strong> algo. Y eso es algo trascen<strong>de</strong>nte quetiene que ver con la creación.Lamentablemente, aquí la gente quedapor fuera. Si un ser superior, y olví<strong>de</strong>nse<strong>de</strong> los dogmas, creó al ser humano,le dio libre albedrío y también creó lanaturaleza, no du<strong>de</strong>n un instante en queestuvo especialmente inspirado cuandofundó Río <strong>de</strong> Janeiro.¿Alguien ha visto el mar en Arraial doCabo y no se ha <strong>de</strong>tenido a pensar enque es imposible que haya sido producto<strong>de</strong>l big Bang? ¿Alguien ha viajado a IlhaGran<strong>de</strong> convencido <strong>de</strong> que todo lo quehay allí es enteramente humano? ¿Algúnpaulista, <strong>de</strong> esos que <strong>de</strong>testan a Río conuna furia tremenda, pue<strong>de</strong> explicarpor qué aquí nacieron Chico Buarquey Tom Jobim y por qué aquí, a<strong>de</strong>más,<strong>de</strong>jó estampados versos inolvidables unbahiano <strong>de</strong> primer nivel mundial comoDorival Caymmi? Él sabía mejor quenadie lo que era un sábado en Copacabana.Y, gracias a Caymmi y a esta ciudad, yohe vivido, como James Taylor cuandoviajó a Brasil y le pidió, inspirado, unaguitarra prestada a su colega GilbertoGil, un sueño en Río. Nada más y nadamenos.Pero como dije antes, no cualquiersueño: un sueño sin escapatoria quetermina, si es que eso es posible, conestos preciosos versos que nos ha legadoel cantautor estadouni<strong>de</strong>nse: “It’s alright/You can stay asleep/ You can close your eyes/You can trust the people of paradise/ To callyour keeper/ And ten<strong>de</strong>r your goodbyes”.8 | <strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong><strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong> | 9


TANTO MARHelena Cortez-Pinto (POR)Há 20 anos, na praia <strong>de</strong> Copacabana,meu primeiro dia no Brasil, fui avisadapelo segurança do hotel que era “perigoso<strong>de</strong>ixar a toalha na areia… po<strong>de</strong>mroubar”. Nessa tar<strong>de</strong>, no Pão <strong>de</strong> Açúcar,uma simpática carioca, com famíliaem Portugal, ofereceu-me boleia parao hotel “ não vá em transportes …po<strong>de</strong>massaltar” .Era então a imagem que tinha da cida<strong>de</strong>– bela, mas perigosa.Como se diz em Portugal “cautelas ecaldos <strong>de</strong> galinha não fazem mal a ninguém”,assim achei mais pru<strong>de</strong>nte, nodia seguinte, ir num tour a Petrópolise arriscar passear à noite no calçadãocom um grupo: pôr do sol maravilhoso,churrasco <strong>de</strong>licioso em Ipanema eregresso tranquilo à noite ao hotel.Mu<strong>de</strong>i o paradigma – bela, mas amável!A partir do 3º dia, comecei a visitar oRio sem me preocupar com mitos urbanos,fui ao Centro, visitei museus,apanhei a barca para a ilha <strong>de</strong> Paquetá,on<strong>de</strong> aluguei uma bicicleta, à noite fuia um show <strong>de</strong> Bossa Nova em Leblon,e finalmente senti-me em casa (casacom um cheirinho tropical!).Tenho voltado ao Brasil regularmentee algumas vezes ao Rio, cada vez commais prazer, e naturalmente que as minhasexperiências são orientadas pelosmeus interesses e pelos meus gostos.Consi<strong>de</strong>ro que uma visita ao Rio temque ter alguns pontos obrigatórios. Porexemplo, se for ao Centro, não <strong>de</strong>ixe <strong>de</strong>tomar um cafezinho no faustoso ambienteBelle Époque da Confeitaria Colombo- o décor recorda os antigos cafés<strong>de</strong> luxo <strong>de</strong> Lisboa e Porto (que têmvindo a <strong>de</strong>saparecer), e imagine Eça <strong>de</strong>Queiroz em animada polêmica comMachado <strong>de</strong> Assis, visite o Real GabinetePortuguês <strong>de</strong> Leitura e lembre-secomo Fernando Pessoa “que a minhapátria é a língua portuguesa”, aproveitee passeie na vibrante zona envolvente,vá ao Museu <strong>de</strong> Arte Mo<strong>de</strong>rna espantar-secom a arquitetura <strong>de</strong> Reidy e admiraros Portinaris e Di Calvacantis.Se quiser sair do Rio, apanhe uma barcapara Niterói e visite o belíssimo Museu<strong>de</strong> Arte Contemporânea (talvez amaior obra <strong>de</strong> Niemeyer), e não percaa inacreditável vista do Museu para aBaía <strong>de</strong> Guanabara. Melhor vista, medisseram, será <strong>de</strong> parapente com saltoda Pedra da Gávea…se for corajoso enão tiver vertigens, claro.Regresse ao Rio, é inevitável, e atravesse<strong>de</strong> trem elétrico a floresta do Tijucapara subir ao Corcovado e talvez tenhasorte <strong>de</strong> ver um beija-flor, e, claro, pegueo bondinho do Pão <strong>de</strong> Açúcar. Setiver tempo e estiver saudoso da suajuventu<strong>de</strong>, curta ao fim da tar<strong>de</strong> a FeiraHippie <strong>de</strong> Ipanema.Mas, para mim, o mais importante doBrasil são os amigos que fiz, sejam gaúchos,baianos, paranaenses, paulistas,cariocas ou cidadãos do mundo. Naverda<strong>de</strong>, como disse Emily Dickinson,“o meu patrimônio são os meus amigos”…E neste regresso ao Rio <strong>de</strong> Janeiro, prometoaos meus amigos cariocas, comlicença do Chico Buarque, “trazer urgentementealgum cheirinho a alecrim”.COMINGBACK TO RIOArun Sanyal (USA)This year, once again, I have the opportunityto return to Rio. Ah, Rio..Rio... the name conjures visions ofendless sunny days, beautiful beacheswith beautiful people, football,samba and the carnival. Evenwhen I looked out of the airplanewindow and saw Rio for the firsttime I felt a connection and knewI would come back to it again andagain.I remember Rio in the early hours ofthe morning… young people returningfrom a long night of partying,young and old making their way towelcome the sun as it looked overthe horizon at Sugarloaf Mountain.I remember Rio in rush hour… acrazy crush of cars reminding methat beneath the fun loving lifestyleis a serious urban metropolis,a business hub and a vital part ofBrasil’s growing economic engine.I remember swinging wildly in anAtlantic breeze as I took the cablecar to the top of the iconic sugarloaf…a gentle remin<strong>de</strong>r of nature’spower as I looked down on thisamazing city of man. I rememberlooking across the city to Christ theRe<strong>de</strong>emer watching over the cityand promising myself that I mustget up there to get “his” perspective.Unfortunately, that was notto be. By the time I arrived at thetop of the hill, the re<strong>de</strong>emer wasshrou<strong>de</strong>d in clouds and a cold rainwhipped by a chilly breeze blockedout the city. I read this as a messagethat I was not yet ready for “his”perspective and that I would returnagain for that privilege. Funny, bythe time I got back to the bottom,it was warm and rain free again. Iremember Rio in the evening... sparklinglights, music and the incrediblecuisine of Brasil. Most of all,I remember the warm hospitality Ireceived in Rio. I remember rekindlingold friendships and makingnew friends over laughter andchilled beer on warm sunny days.I also remember my friends tellingme not to wan<strong>de</strong>r off and to watchout for crime and criminals. I hearthings are much better now.Things are looking up for Rio. 2014will bring the world cup and 2016the Olympics. I look forward tosnagging a ticket to watch a gameat the Maracanã stadium and to seethe transformation of Barra da Tijuca,future home of the Olympicvillage. One day, I may even experiencethe carnival. For now, I willlook forward to a few days of sun,sand, laughs and scientific interchangeat the Brazilian congress ofliver diseases in October. •10 | <strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong><strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong> | 11


| Seção Células Estreladas|com a colaboração <strong>de</strong>:Claudio Figueiredo Men<strong>de</strong>sCristiane Villela-NogueiraGuilherme Rezen<strong>de</strong>Leticia NabucoMathil<strong>de</strong> SoaresNathalie Carvalho LeitePaulo <strong>de</strong> Tarso Aparecida Pintoe Rita <strong>de</strong> Cássia Passos A. Pinto (RJ)<strong>SBH</strong> Advisor O RIO DE JANE IRO CONTINUA LINDOMário Reis Álvares-da-Silva (RS)Macedão é fuzileironaval e já esteveno Haiti; mostra acarteirinha daONU para confirmar. Nas horasvagas, leva turistas para longe,muito longe do Rio tradicional. Ocarro passa o Joá, a Barra, e segueadiante, on<strong>de</strong> a cida<strong>de</strong> não lembraem nada a antiga capital e o transportepúblico não alcança. Naestrada estreita e sem movimento,não há construções: <strong>de</strong> um lado, over<strong>de</strong> da montanha, <strong>de</strong> outro, omar. Na subida do morro vê-se aPrainha, surfistas por todos oslados. Logo, logo, Praia do Abricó,o Rio mais remoto, a única praianaturista em uma metrópole daAmérica Latina, escondida pelaspedras em um canto da linda (e<strong>de</strong>serta) praia <strong>de</strong> Grumari. Tire asroupas e dispa-se do preconceito:esta é uma das novida<strong>de</strong>s maisbem guardadas do Rio. Impossívelresistir. Cléo Pires, no últimocapítulo <strong>de</strong> Salve Jorge, tomoubanho <strong>de</strong> sol nas suas areias. Flordo Caribe, da Globo, também estásendo gravada por lá. Com sorte,pulando ondinha, alguma celebrida<strong>de</strong>vai estar a seu lado no início<strong>de</strong> outubro. Biscoito Globo e MateLeão estão em falta, não esqueçano hotel o protetor solar e cheguecedo, que o estacionamento érestrito. Programe-se para voltartar<strong>de</strong> – o pôr do sol, dizem, ébelíssimo. Abricó é linda e concorrida.Imperdível. Mas o Rio <strong>de</strong>Janeiro não é só praia. A Cida<strong>de</strong>Maravilhosa escon<strong>de</strong> outraspequenas joias em seu interior. Noextremo oposto, o centro é umaboa opção <strong>de</strong> turismo. O centro dacida<strong>de</strong>, ou simplesmente aCida<strong>de</strong>, como os cariocas ochamam, tem atrativos especiaisque valem um passeio. Nos dias<strong>de</strong> semana, as ruas estão semprecheias e o movimento po<strong>de</strong> serinteressante. Nos fins <strong>de</strong> semana,é ainda melhor. Imagine que aprogramação do congresso nãoesteja a seu gosto – e logo <strong>de</strong>manhã cedo, que <strong>de</strong>sagradável.Sem problema: quer saber qual aboa? Tome o metrô no Centro <strong>de</strong>Convenções SulAmérica e <strong>de</strong>sça naestação Uruguaiana. Caminhe duasquadras, e tenha em frente oMosteiro <strong>de</strong> São Bento. Aproveiteque as roupas não se molharam emAbricó; exige-se traje a<strong>de</strong>quadopara ingressar no templo, lugarsagrado, casa <strong>de</strong> Deus. O mosteirofoi construído há mais <strong>de</strong> 400 anos,por monges vindos da Bahia. Empleno centro, é um lugar <strong>de</strong> silêncio,paz, oração e trabalho. As celebraçõesdiárias do Ofício Divino e daMissa, com canto gregoriano, sãoimperdíveis. O Mosteiro está abertodiariamente, das 7 às 18 horas, massua clausura não vai estar abertadurante o congresso, não adiantainsistir. Além da construção em si, avista <strong>de</strong> lá é belíssima: toda a Baía<strong>de</strong> Guanabara. Alma leve, saia doMosteiro e vá a pé ao Museu <strong>de</strong>Arte do Rio - “MAR”, em plenaPraça Mauá, na Zona Portuária.Fácil, fácil, dá para fazer os doispasseios <strong>de</strong> uma vez só. A fachadado MAR é impressionante: são doisprédios, um antigo e um mo<strong>de</strong>rno,separados por um pátio e ligadosno alto por uma folha <strong>de</strong> papel <strong>de</strong>concreto que flutua entre os dois.Durante o congresso, “Vonta<strong>de</strong>Construtiva na Exposição Fa<strong>de</strong>l”,com obras <strong>de</strong> Anita Malfatti, IberêCamargo, Volpi e Millôr, entreoutros. O museu (fechado àssegundas-feiras) é pura mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>:pisos <strong>de</strong> resina <strong>de</strong> borracha<strong>de</strong> pneu, luzes econômicas, iluminaçãonatural abundante, reúso <strong>de</strong>águas pluviais e um teto que reduzo efeito da ilha <strong>de</strong> calor. As galeriassão impressionantes, mas o<strong>de</strong>staque é o pavilhão térreo. Inauguradoem <strong>2013</strong>, é pra <strong>de</strong>ixar todomundo com o queixo caído, inclusiveaquela sua tia, que acha que oRio é só Copacabana. Na Cida<strong>de</strong>,ainda, também perto da EstaçãoUruguaiana, há o Centro CulturalBanco do Brasil, na Rua Primeiro <strong>de</strong>Março, que abre <strong>de</strong> terça adomingo. O prédio <strong>de</strong> estiloneoclássico abriga dois teatros,quatro salas para mostras, biblioteca,auditório, salas <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o e12 | <strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong><strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong> | 13


cinema. O museu fica no sextoandar e traz uma exposição permanente,Brasil Através da Moeda, queapresenta uma coleção formada porcerca <strong>de</strong> 38 mil peças. Há shows <strong>de</strong>todos os estilos, inclusive no horário<strong>de</strong> almoço. Vale conferir a programação.No seu entorno, botecosmo<strong>de</strong>rnizados (mas que guardam ocharme) po<strong>de</strong>m ser uma opção parao fim do dia. Nos dias úteis, opasseio po<strong>de</strong> seguir até o Real GabinetePortuguês <strong>de</strong> Leitura, na RuaLuís <strong>de</strong> Camões, atrás do TeatroJoão Caetano. O maior acervo <strong>de</strong>literatura portuguesa fora <strong>de</strong>Portugal ocupa um prédio belíssimo.Sinta-se na Europa admirandoos vários andares <strong>de</strong> estantesforradas <strong>de</strong> livros <strong>de</strong> cima a baixo, ovitral do teto, o lustre imponente, osilêncio das páginas sendo viradaspelos visitantes educados. Váriascenas <strong>de</strong> Xangô <strong>de</strong> Baker Streetforam filmadas nos salões da biblioteca.O que parecia um cenário ésimplesmente real e <strong>de</strong>slumbrante.Se seu passeio, entretanto, for nosábado, e voltar para a festa <strong>de</strong>encerramento do congresso nãoestiver em seus planos, a Feira doRio Antigo, também conhecidacomo “Feira do Lavradio”, é umaboa pedida. Ela acontece todo oprimeiro sábado do mês (coincidindocom o congresso!), próximo àPraça Tira<strong>de</strong>ntes. Só a Rua doLavradio já vale a visita, pois hávários antiquários e bares super<strong>de</strong>scolados.Vá a partir das 11 damanhã, sem pressa <strong>de</strong> ir embora.Aos sábados (ou qualquer outro diada semana), visitar Santa Teresa, aMontmartre carioca, é uma gran<strong>de</strong>opção. Óculos <strong>de</strong> sol, bermuda,camiseta e um tênis confortável:algumas horas caminhando pelasruas do bairro po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>sopilar ofígado. As ruas estreitas são la<strong>de</strong>adaspor um casario antigo, e aqui eali tem-se vistas espetaculares.Alguns hotéis exclusivos e restaurantesbadalados, <strong>de</strong>ntre eles oTérèse, fazem <strong>de</strong> Santa Teresa obairro mais hypado do Rio na atualida<strong>de</strong>.Amy Winehouse hospedou--se por lá em 2011. O bondinho está,infelizmente, parado. Vá <strong>de</strong> táxi. Ecombine a volta. Se pu<strong>de</strong>r, suba aEscadaria Selarón, famosa e azulejada,que liga a Lapa à La<strong>de</strong>ira <strong>de</strong>Santa Teresa. Não perca o Museu daChácara do Céu – vista <strong>de</strong> 360 grausda cida<strong>de</strong>! Durante o congresso,Gravura Estrangeira em Destaque,com a exposição da coleção CastroMaya. No Rio, o sábado é disputado.Se o seu passeio incluir oCorcovado logo cedo, a esticada temque ser na Feira Livre <strong>de</strong> Laranjeiras,na Rua General Glicério. Olugar é lindo, em uma rua larga comprédios antigos. Perfeito para quemcurte feiras na Europa. O i<strong>de</strong>al échegar por volta das 10 ou 11 horas,e ficar até o início da tar<strong>de</strong>. Se <strong>de</strong>raquela vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> ir à praia, apesarda fama e da beleza inquestionável,esqueça Copacabana. Prefira a Praia<strong>de</strong> Ipanema, entre as ruas Garcia eAníbal. Vale a pena ir à praia e<strong>de</strong>pois almoçar uma salada em umdos restaurantes da área. Comroupa <strong>de</strong> praia mesmo! Talvez umsorvete ou um suco possam encontrarum espacinho em um fim <strong>de</strong>tar<strong>de</strong> (longe do congresso, é claro!).Outra sugestão é passear à tar<strong>de</strong>pela Praia do Leme (bastantesegura), perto do Windsor Atlântica,finalizando com um almojantar noFiorentina, um dos mais tradicionaisdo Rio. Quem está no Leme e olhana direção contrária do mar, vê umdos lindos morros cariocas. Vai quetenha batido a curiosida<strong>de</strong>: comoserá a vista <strong>de</strong> lá? Não pense quesubir no morro é um programaexclusivo para estrangeiros. Com asUPPs se espalhando pela cida<strong>de</strong>, ésó subir, sozinho, mesmo. Respirefundo! No Morro dos Prazeres/Escondidinho, em Santa Teresa, avista é linda, mas o Mirante da Paz,entre Ipanema e Copacabana, talvezseja a melhor iniciação. O elevador(com ar-condicionado e ascensoristauniformizada, educada e sorri<strong>de</strong>nte)sai dos fundos <strong>de</strong> Ipanema, e dá praver na subida a transição entre afavela e a cida<strong>de</strong>, e os <strong>de</strong>pauperadosedifícios da fronteira, <strong>de</strong>svalorizadospelos velhos tempos <strong>de</strong> balasperdidas. Lá em cima, a bela vistada cida<strong>de</strong> – a Praia <strong>de</strong> Ipanema, aLagoa, o Cristo – o Rio <strong>de</strong> Janeirocontinua lindo. A passarela que levaao mirante é oposta à que leva àfavela. Na volta do mirante, antes<strong>de</strong> pegar o elevador, vale a penaentrar na Pavão/Pavãozinho. Tenhacerteza o leitor que, mesmo <strong>de</strong>spojadoe sem cara e roupas <strong>de</strong> turistaeuropeu, não vai conseguir passarpor alguém da comunida<strong>de</strong>. AFavela Dona Marta é a que foi pacificadahá mais tempo, e conta comteleférico e infraestrutura <strong>de</strong>turismo e blog próprio: Favela SantaMarta Tour. No primeiro sábado <strong>de</strong>cada mês (o do congresso!) tem roda<strong>de</strong> samba no Dona Marta, na Lajedo Michael Jackson. É <strong>de</strong> graça! Não<strong>de</strong>ixe <strong>de</strong> tomar uma gelada no Bardo Assis, em frente à famosa laje. Dêuma conferida no blog. Se quiseruma festa privada, o Lajão Culturaldo Dona Marta está disponível,incluídos o lajão, mesas, ca<strong>de</strong>iras,iluminação, som, DJ, freezer,limpeza e segurança. Cabem 100pessoas. A vista é <strong>de</strong>slumbrante! Ésó agendar! A Laje do César noMorro Babilônia/ChapéuMangueira, ali atrás do Leme, éoutra opção. Feijoada com sambaem uma das melhores lajes dacomunida<strong>de</strong>, com a vista imperdíveldas praias do Leme e Copacabana.O chef Pituca prepara a incomparávelfeijoada. A van sai do Leme.Outro lugar lindo é o Mirante doArvrão, no topo do Vidigal. Dali sevê toda a zona sul da cida<strong>de</strong>. WillSmith o visitou no carnaval <strong>de</strong> <strong>2013</strong>– o pequeno filme que ele fez estáno Youtube. Pra chegar, melhor ir <strong>de</strong>moto. O <strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong> sugere cautelana região - recentemente um turistaalemão foi baleado por lá, em umarua da Rocinha. Mirantes, feijoada efavela, falta o funk! Os bailes rolamanimados em algumas quadras nacida<strong>de</strong>. Escolha a sua! O Baile Funkno Castelo das Pedras, na Estrada<strong>de</strong> Jacarepaguá, é famoso. Todasexta rola o Castelo em Chamas.Vem na contramão que hoje eu voute atropelar, pelar, pelar. Para entrarno clima, a funkeira do fígado temque estar bem vestida. Sugestão:calça leg <strong>de</strong> oncinha e blusinhapreta. Na dúvida, shortinho minúsculoe top. Energético e energia, adica é da Mulher Goiaba! A essasalturas, alguns leitores já estãoquerendo abandonar o texto (fica aí,Dominique!), <strong>de</strong> modo que não vounem sugerir o Teleférico doComplexo do Alemão. É hora <strong>de</strong>voltar ao Rio tradicional. Reserveum tempo para explorar o ParqueLage, no Jardim Botânico. Dosparques públicos do Rio, esse é umdos que oferecem mais vantagens.De fácil acesso, com segurança, bemconservado e com atrações paratoda a família, o local permite <strong>de</strong>s<strong>de</strong>bucólicos piqueniques até aventurasem trilhas que po<strong>de</strong>m chegar aoCorcovado, passando por cachoeirase mirantes. Engenho <strong>de</strong> açúcarda época do Brasil Colônia, oparque ainda guarda vestígios <strong>de</strong>ssahistória em atrações como a Lavan<strong>de</strong>riados Escravos. Ali perto, oentorno da Lagoa Rodrigo <strong>de</strong>Freitas é muito bonito. É possívelalugar uma bicicleta e passear naciclovia. Vá <strong>de</strong> roupas leves e tênis.Bicicleta é uma boa no Rio – leia“Rio em Duas Rodas” - essa é umaforma fácil <strong>de</strong> se locomover pelazona sul do Rio, principalmente, naorla e no Aterro do Flamengo, alémda Lagoa. Pouca gente vai à Urca, enão sabe o que está per<strong>de</strong>ndo. NoPão <strong>de</strong> Açúcar, atravesse a praça e,do lado esquerdo da praia, váseguindo até a Pista CláudioCoutinho, com cerca <strong>de</strong> dois quilômetrosbeirando o mar, lindíssima!!Depois, dê uma parada no Bar Urca,encoste na murada da praia e fiqueali <strong>de</strong>gustando algum petisco ejogando conversa fora - a vista élinda! Vale ir à noite, também. Ovistão da Baía <strong>de</strong> Guanabara, umacerveja, sardinha frita ou bolinhos<strong>de</strong> bacalhau, sentado na mureta emfrente, a 50 metros do Forte daUrca..., <strong>de</strong>mais! - e completamenteseguro! À noite não se po<strong>de</strong> per<strong>de</strong>ra Lapa, que fica lotada <strong>de</strong> turistas elocais. A área tem uma gran<strong>de</strong> varieda<strong>de</strong><strong>de</strong> bares. Basta escolher um(Carioca da Gema é uma sugestão),pedir uma caipirinha e apreciar oambiente. Vá <strong>de</strong> táxi! Camiseta ebermuda ou jeans, nada <strong>de</strong> sofisticação.E tem as igrejas! Como o Riotem igrejas. Dizem que mais que emOuro Preto! Escolha a sua para amissa diária matinal, e variedurante a semana. Tradicional, foina Igreja Nossa Senhora da Can<strong>de</strong>láriaque Claudia Raia e AlexandreFrota casaram-se em 1986. Uma dasmais belas igrejas do Rio, seu interiorem mármore é ricamente <strong>de</strong>corado.As portas em bronze são outraatração. A Igreja Nossa Senhora <strong>de</strong>Bonsucesso é uma das mais antigasda cida<strong>de</strong>. A construção da primeiracapela iniciou-se em 1567. Projetadaem Portugal, e esculpida em estilorococó, mantém um órgão do séculoXVIII. A Igreja São Francisco <strong>de</strong>Paula é uma obra-prima da artecolonial, com trabalhos <strong>de</strong> váriosartistas, entre eles, Mestre Valentim.Tem ainda a Igreja <strong>de</strong> NossaSenhora da Glória do Outeiro, noMorro da Glória, uma joia da arquiteturasetecentista. O panorama daBaía <strong>de</strong> Guanabara, vista <strong>de</strong> seupátio externo, é <strong>de</strong>slumbrante. Asimplicida<strong>de</strong> do exterior da Igreja<strong>de</strong> São Francisco da Penitência, porsua vez, contrasta com a exuberânciainterior, com trabalhos estupendos<strong>de</strong> talha dourada. E nãoesqueça da igreja do Convento <strong>de</strong>Santo Antônio, no Largo da Carioca,construída em 1615. Sua maravilhosasacristia merece uma visitaespecial. Com a Jornada Mundial daJuventu<strong>de</strong> e a visita do Papa Francisco,todas elas estão tinindo, renovadase lindas. Mas voltemos aocentro <strong>de</strong> tudo: a Praia <strong>de</strong> Copacabana,que é em geral on<strong>de</strong> fica oturista. Não po<strong>de</strong>ria ser diferente: sea orla carioca é dos principaissímbolos do Brasil, Copacabana é aquintessência da orla carioca. Caminharbem cedo no calçadão é a dicamais óbvia, o sol nascendo sobre aságuas calmas. Há alguns prazeresóbvios da vida que são mesmoimperdíveis. Quem não estiver noSofitel ou no Windsor Atlântica (eaqueles poucos que estarão emIpanema, no Fasano) – on<strong>de</strong> os pãessão ótimos e a vista também, po<strong>de</strong>moptar pelo <strong>de</strong>sjejum na BoulangerieGuérin, um pedacinho da Françaem Copacabana, com suas <strong>de</strong>liciosasbaguete, brioches, croissantse outros pães <strong>de</strong> fermentaçãonatural. Manteigas e farinhas <strong>de</strong>ultraqualida<strong>de</strong>, crosta crocante,miolo macio, <strong>de</strong>lícia. Ou tomar umcafé com vista privilegiada, umpouco mais tar<strong>de</strong>, na ConfeitariaColombo do Forte Nossa Senhora<strong>de</strong> Copacabana. Depois, vale ficarsentado em um dos bancos do forte,só olhando Copacabana. A Princesinhado Mar vista <strong>de</strong> longe, sem o14 | <strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong><strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong> | 15


zunido dos carros, e com a luz aindafraca da manhã, recreio e remédio, éimbatível. Um jazz no iPod cairiabem. Nada mal. Caminhar pelobairro não é mais o que era (veja“Segredos <strong>de</strong> Copacabana”), talveznem valha mesmo a pena, mas temo Bairro Peixoto, uma cida<strong>de</strong> dointerior no interior <strong>de</strong> Copacabana.É seguir pela Avenida Atlântica,pegar a Figueiredo Magalhães, e, láno fim, entrar na Capelão Álvaresda Silva à esquerda (sim, herói dafamília, na era pré-hífens). Bem--vindos ao Bairro Peixoto, suas casas<strong>de</strong> dois andares, jardins na frente,quintais nos fundos, pequenosprédios, muitas árvores, praças, e opovo nas ruas. Charmoso e silencioso.Nada da correria e do maucheiro <strong>de</strong> Copacabana, nada <strong>de</strong> trânsito,quase nada <strong>de</strong> comércio. Umlivro na praça Edmundo Bittencourtnão seria má i<strong>de</strong>ia. Quem sabe umroteiro policial do Delegado Espinosa,do carioca Luiz AlfredoGarcía-Roza, sempre ambientado nobairro. Nas cercanias, o chopecremoso e geladíssimo do Pontinho,e os <strong>de</strong>liciosos petiscos do PavãoAzul e do A<strong>de</strong>ga Pérola, excelentes.Tem o Le Blé Noir, pequeno econcorrido. Abre às 7 e meia danoite. Chegue cedo. Os crepes <strong>de</strong>trigo sarraceno são espetaculares.Voltando mais para o lado doWindsor Atlântica, o Cervantes, naBarata Ribeiro, que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os anos50 prepara sanduíches maravilhosos,como o <strong>de</strong> pernil comabacaxi, fica aberto até às 4 damanhã. Em Copacabana, ainda,per<strong>de</strong>ndo o horário normal <strong>de</strong>qualquer refeição, vá ao Eclipse,um restaurante que nunca fecha.Há bons restaurantes no bairro,alguns escondidos, como o A Polonesa,bom lugar para tomar vodcae apreciar a comida do LesteEuropeu, o Alfaia (os pratos <strong>de</strong>bacalhau valem a ida), e o LaTrattoria (o pão <strong>de</strong> alho da entradaé ótimo, as lulas, maravilhosas).Não saia do Rio sem ir ao teatro. Ese tiver que escolher um, que sejao Theatro NetRio. O antigoTerezão voltou renovado, estalando<strong>de</strong> novo. Vale chegar cedo: aespera no foyer faz parte do espetáculo:cortinas <strong>de</strong> veludovermelho, antiguida<strong>de</strong>s e o figurinoretrô dos funcionários, fazemo café ficar ainda mais <strong>de</strong>licioso.Fique atento à programação nosite. E não <strong>de</strong>ixe <strong>de</strong> reservar umdia para assistir ao pôr do sol noArpoador. Se estiver calor, e é bemprovável que esteja, dê um belomergulho no mar. Leitor amigo, osprogramas aqui sugeridos foramtestados pela nossa equipe. Sãotodos <strong>de</strong>spojados e relativamentebaratos, bem ao estilo carioca. Façao esforço <strong>de</strong> testá-los pessoalmente,se já não o fez. Aproveite o Rio, essacida<strong>de</strong> única, paradisíaca, quente eanimada, as suas praias, restingas,florestas e morros, suas enormespedras nuas, e o seu povo alegre eacolhedor. BOM CONGRESSO! •1. CHOPEÉ o que não falta:Belmonte,BarUrca,Chico & Alaí<strong>de</strong>, Bracara ense, Jobi,…2. CAIPIRINHAAca<strong>de</strong>mia da Cachaça, sem dúvida!3. SUCOS DE FRUTASÉ só escolher: Bibi Sucos, Polis Suco, Big B.4. PASTELO do Bar do Adão.5. EMPADASBelmonte.6. COXINHAS DE GALINHADo Belmonte.7. PÃO DE QUEIJOMathil<strong>de</strong> Soares (RJ)Casado Pão <strong>de</strong> Queijo,mesmo.8. SALADASCeleiro e Gula Gula, ótimas.9. SORVETESMil Frutas, Sorveteria Itália, Sorveteria Brasil.10.Sentaí.11.QUAL O MELHOR BOTECONO CENTRO?QUAL O MELHOR BOTECONA ZONA SUL?Ih!, tem vários: A<strong>de</strong>ga Pérola, Belmonte (Leblon),Chico & Alaí<strong>de</strong>, Bracarense, Botequim Informal.É só sentar e aproveitar o Rio!16 | <strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong><strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong> | 17


| Seção Células Estreladas |Fígado<strong>de</strong>scoladoNathalie Carvalho Leite (RJ)e Kátia Telles Nogueira (RJ)Fígado CabeçaComece o dia no Museu <strong>de</strong> Arte do Rio, primeiroprojeto <strong>de</strong> revitalização na zona Portuária. Aseguir, a pedida é o Arco dos Teles, na Praça XV,on<strong>de</strong> se po<strong>de</strong> passear, ver um pouco da história eda influência portuguesa no Rio <strong>de</strong> Janeiro. Nosdias <strong>de</strong> semana também é um dos melhores pontos<strong>de</strong> “Happy hour” da cida<strong>de</strong>. Depois, visite o beloprédio do Centro Cultural do Banco do Brasil ouescolha uma exposição <strong>de</strong> fotografia no CentroCultural dos Correios. Há boas opções para almoçarno centro da cida<strong>de</strong>: Brasserie Rosário, Cais doOriente, Albamar. Se optar por uma refeição maisrápida, sugerimos a confeitaria Colombo ou o v.café na livraria da Cultura (no antigo Cine Vitória),que fica na Rua Senador Dantas... e, para finalizaro dia, pegar um cinema no Lagoon para <strong>de</strong>poisapreciar a bela vista da Lagoa Rodrigo <strong>de</strong> Freitas,saboreando os bolinhos <strong>de</strong> bacalhau e as boas caipirinhas(caju com limão, por exemplo) do Kiosquedo Português.Fígado Natureba ChiqueComece o dia cedo com um café da manhã no LaBicyclette, no Jardim Botânico. Depois você po<strong>de</strong>escolher: o aluguel <strong>de</strong> uma bicicleta nas estações daRua Pacheco Leão ou na praça do Jóquei, uma caminhadapelas trilhas do Jardim Botânico ou seguirrumo ao mar (trajeto Arpoador-Leblon).Outra opção matinal é começar caminhando pelapraia <strong>de</strong> Copacabana, para visitar o forte do Lemenuma área <strong>de</strong> proteção da Mata Atlântica, com belasvistas da Baía <strong>de</strong> Guanabara. Ainda na Princesinha domar, você po<strong>de</strong> começar cedo com aulas <strong>de</strong> stand upno Posto 6, agendadas com antecedência no quiosquedo posto 6 ou pela internet no surfRio.Em Copacabana, há o tradicional Cervantes, comsanduíches <strong>de</strong> filé com queijo e bons chopes. Depoisda praia, uma opção mais sofisticada é subir a colinapara Santa Teresa e saborear a boa comida e o visualprivilegiado do restaurante Aprazível.Bem, se você tiver mais tempo disponível, vá cedopara a Floresta da Tijuca, <strong>de</strong>pois para a Barra e comafrutos do mar no Bar do Cícero na ilha da Gigóia(para chegar, pegue um barquinho entre a Unimed e oBarrapoint). Ou vá para o circuito Grumari - Prainhae aí a boa é comer no Restaurante do Bira.Prazeres do FígadoPara aten<strong>de</strong>r aos prazeres da gula, um número <strong>de</strong> <strong>de</strong>líciasao alcance <strong>de</strong> todos: Bracarense (Leblon), Bar doDavid (morro do chapéu Mangueira), Bar do Adão(original, do Grajaú com filiais em vários bairros),Bar Urca (Urca), Pavão Azul (Copacabana), AconchegoCarioca (praça da Ban<strong>de</strong>ira), Enchendo Lingüiça(Grajaú), <strong>de</strong>ntre outros.diferentes ambientes) na Lapa oferecem boa e variadaprogramação musical.Como opções <strong>de</strong> passeio: Leblon, na rua Dias Ferreira,<strong>de</strong>ixe a rua te levar e aproveite para observar os moradores,as diferentes opções <strong>de</strong> restaurantes, bares, lojas,livrarias e papelarias... Se você procura opções criativas<strong>de</strong> presentes, há feiras aos domingos na praça SãoSalvador (artesanato) em Laranjeiras, feira Hippie emIpanema, <strong>de</strong> antiguida<strong>de</strong>s na praça santos Dumont naGávea. No primeiro sábado do mês, na rua do Lavradiohá uma feira <strong>de</strong> antiguida<strong>de</strong>s acompanhada <strong>de</strong> shows<strong>de</strong> música.Que o Rio os receba <strong>de</strong> braços abertos!! •“Médico quando não está trabalhando, está viajando!” Essamáxima é verda<strong>de</strong>ira já que sempre que viajamos mesmonos locais mais inusitados, encontramos colegas <strong>de</strong> faculda<strong>de</strong>,residência ou trabalho. E ainda tem aqueles quejuntam o útil ao agradável, tirando uns diazinhos pré oupós-congresso para aproveitar um pouco da cida<strong>de</strong> em queestão a trabalho. Como geralmente essas “pequenas férias”são supercorridas, resolvemos fazer alguns roteiros imperdíveisnessa passagem durante o Congresso <strong>de</strong> <strong>Hepatologia</strong>....Optamos por sair do óbvio imperdível, como Corcovado,Pão <strong>de</strong> Açúcar, Orla da Lagoa, Praia <strong>de</strong> Copacabana, Maracanã,Arcos da Lapa porque esses são os “must GO”.Para facilitar, sugerimos 3 estilos: Fígado Cabeça, FígadoNatureza e Prazeres do Fígado. Você escolhe o seu!“Quente paraíso do espírito excitado pela festa dos sentidosanimados pelo sol... animados pelo mar.”(Fernanda Abreu-Garota Carioca). Cariocas gostam <strong>de</strong> festa: para os quegostam <strong>de</strong> samba, sugerimos o Trapiche Gamboa,Samba Luzia e a roda <strong>de</strong> samba da pedra do Sal. Cariocada Gema, Rio Scenarium (misto <strong>de</strong> antiquário com18 | <strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong><strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong> | 19


| Seção Células Estreladas |DUAS RODASCarlos Terra (RJ)RIO EM“O Rio <strong>de</strong> Janeiro continua lindo, o Rio <strong>de</strong> Janeiro continuasendo, o Rio <strong>de</strong> Janeiro Fevereiro e Março...”, mas tudocontinua em Outubro também. E, uma boa dica paraconhecer um pouco mais sobre as paisagens únicas e asbelas arquiteturas da Cida<strong>de</strong> Maravilhosa, cantada por Gile muitos outros é esquecer os carros, vans e afins e pedalarpor lugares imperdíveis. A sensação muitas vezes é <strong>de</strong> fazerparte <strong>de</strong> um imenso cartão-postal natural.O Rio possui uma extensa malha <strong>de</strong> ciclovias que se esten<strong>de</strong>por vários pontos da cida<strong>de</strong>, totalizando quase 135 km<strong>de</strong> passeios incríveis que proporcionam momentos inesquecíveis.Durante todo o trajeto, nos diferentes sentidose direções, as ciclovias são faixas isoladas das pistas <strong>de</strong>tráfego para automóveis, correndo quase sempre ao longodas mesmas. Costumam ser bastante seguras, com normase sinalização específicas. Muitas vezes, as ciclovias sãocompartilhadas com os pe<strong>de</strong>stres (que têm preferência) e,nesses casos, não esquecer que nosso objetivo é aproveitarcom toda a tranquilida<strong>de</strong> cada momento. Afinal, a equipe <strong>de</strong>ciclistas brasileiros para os Jogos Olímpicos <strong>de</strong> 2016 treinamem outro en<strong>de</strong>reço.Quem não trouxe sua bicicleta não precisa <strong>de</strong>sanimar. Umainiciativa da Prefeitura do Rio <strong>de</strong> Janeiro, à semelhança <strong>de</strong>algumas cida<strong>de</strong>s europeias, dotou a cida<strong>de</strong> com 60 estações ecerca <strong>de</strong> 600 bicicletas distribuídas em pontos estratégicos dacida<strong>de</strong>. Para retirar uma bicicleta, basta ir a uma das estaçõese telefonar do seu celular para os números (21) 3005-4316 ou(21) 4063-3111. Ao custo <strong>de</strong> R$5,00 o usuário po<strong>de</strong>rá ter umabicicleta disponível por até 24h. Para mais informações sobrecomo utilizar o sistema e a localização das ciclovias, visite osite http://www.movesamba.com.br/bikerio/.Para os ciclistas “experimentados”, um percurso interessanteé o que se inicia na Enseada da Glória, no Centro da cida<strong>de</strong>,em direção ao Mirante do Leblon. No transcurso dos seusaproximadamente 15 km, esse trajeto oferece a oportunida<strong>de</strong><strong>de</strong> integração total com uma das regiões mais bonitas do Rio.Começando no Aeroporto Santos Dumont e tendo ao ladoo Museu <strong>de</strong> Arte Mo<strong>de</strong>rna, o visitante iniciará o percursomargeando a Avenida Beira-Mar e logo adiante encontraráa Marina da Glória, ...on<strong>de</strong> a enseada dorme em sua Glória,sempre encantada, sempre ao som do mar..., como diriaFrancis Hime. A seguir, e motivo <strong>de</strong> <strong>de</strong>slumbramento paraos menos avisados, observa-se o Parque do Flamengo, comsua estonteante riqueza vegetal, formada, principalmente,por espécies nativas selecionadas por Burle Max. Ao longodo trajeto que vai margeando as praias do Flamengo eBotafogo, po<strong>de</strong>-se observar aquele que é um dos principaissímbolos da cida<strong>de</strong> e conhecido em todo o mundo: o Pão<strong>de</strong> Açúcar. Saindo <strong>de</strong> Botafogo, a próxima atração é aquelaque ...pelas manhãs tu és a vida a cantar e a tardinha o solpoente <strong>de</strong>ixa sempre uma sauda<strong>de</strong> na gente. João <strong>de</strong> Barro,o Braguinha, contribuiu como poucos para a fama internacionalda princesinha do mar... Ao fim dos 4 km da orla <strong>de</strong>Copacabana, uma água <strong>de</strong> coco gelada servirá para reporas energias e, próximo ao Forte <strong>de</strong> Copacabana, as estátuas<strong>de</strong> Carlos Drummond <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> e <strong>de</strong> Dorival Caymmiajudam a enten<strong>de</strong>r um pouco mais esse espírito tão...carioca!A seguir, a Garota <strong>de</strong> Ipanema (que na verda<strong>de</strong> são muitas)<strong>de</strong> Tom e Vinícius será responsável pelo estímulo final queconduzirá à orla do Leblon e ao mirante com o mesmo nomeque oferece uma das mais espetaculares vistas da cida<strong>de</strong>.Mas nosso passeio, <strong>de</strong>mocrático que é, não valoriza “fatorespreditivos” <strong>de</strong> “passeio sustentado”, nem po<strong>de</strong>ria ficarrestrito a um subgrupo <strong>de</strong> visitantes. Assim, os amigos“naive” do ponto <strong>de</strong> vista ciclístico também po<strong>de</strong>m experimentarmomentos e locais exuberantes. Uma dica, semdúvida, é funcionar como um “passeador lento” e dividir otrajeto dos “experimentados” em duas etapas. Outra opção(naturalmente extensiva aos “experimentados”) é “encurtaro tratamento”, escolhendo um trajeto menos extenso. Porexemplo, partindo do Mirante do Leblon e curtindo parteda orla do Leblon uma sugestão interessante é entrar peloJardim <strong>de</strong> Alah em direção à Lagoa Rodrigo <strong>de</strong> Freitas. Emum trajeto <strong>de</strong> aproximadamente 7,5 km a orla da Lagoaoferece um sem-número <strong>de</strong> atrações. Além <strong>de</strong> vários quiosquese bares estilizados <strong>de</strong> diferentes nacionalida<strong>de</strong>s, o visitantepo<strong>de</strong>rá ir ao Parque da Catacumba, suntuoso e agradávelespaço formado por alamedas, praças e jardins comexposições <strong>de</strong> famosos artistas, o Parque dos Patins, on<strong>de</strong>famílias inteiras com ida<strong>de</strong>s variando entre 1 e 80 anos sedivertem e interagem com os praticantes <strong>de</strong> esportes, comopatinação, bungee jump, cama elástica e skate e o JardimBotânico, uma das mais belas e bem preservadas áreasver<strong>de</strong>s da cida<strong>de</strong>, com cerca <strong>de</strong> 6.500 espécies (algumasameaçadas <strong>de</strong> extinção), distribuídas por uma área <strong>de</strong> 54hectares.Uma <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong>talhada das principais ciclovias com seuspercursos e atrativos, bem como o mapa das mesmas po<strong>de</strong>mser encontrados em http://www.rio<strong>de</strong>janeiroaqui.com/pt/ciclovias.html#mapaciclovias.Para os que preferem um passeio diferenciado, o Bike VipClub (www.bikevipclub.com) e o Bike in Rio (www.bikeinriotours.com.br)oferecem percursos acompanhados porguias experientes e bilíngues, que conhecem bem a cida<strong>de</strong> epo<strong>de</strong>m mostrar um pouco mais sobre a história do Rio paraos turistas. O transporte dos ciclistas <strong>de</strong> ida e volta para ohotel é feito através <strong>de</strong> Jeep com carretas, que levam tambémas bikes.Alô, Rio <strong>de</strong> Janeiro, aquele abraço! Todo povo brasileiro,aquele abraço...20 | <strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong><strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong> | 21


| Seção Células Estreladas |on<strong>de</strong> oRIOlembraPARISAna Carolina Cardoso <strong>de</strong> Figueiredo-Men<strong>de</strong>s (RJQue Paris seja aqui! Assim pensava Pereira Passos, prefeito do Rio entre 1903 e 1906, que proporcionou umarevolução urbanística inspirada na Cida<strong>de</strong> Luz. A então Avenida Central, hoje Avenida Rio Branco, foi construídacomo um gran<strong>de</strong> boulevard que, à semelhança <strong>de</strong> Paris, também começa em um obelisco. Como o daPlace <strong>de</strong> la Concor<strong>de</strong>, on<strong>de</strong> inicia a famosa Avenue du Champs-Elysées. O estilo francês está por toda parte:o Theatro Municipal, construído entre 1905 e 1909, inspirado na Opéra Garnier, a Escola <strong>de</strong> Belas Artes, <strong>de</strong>1908, hoje um museu, inspirada no Musée du Louvre, e a Biblioteca Nacional, construída entre 1905 e 1910,com seus estilos art-nouveau e neoclássico.O palacete neoclássico, on<strong>de</strong> está instalada a Casa <strong>de</strong> Arte e Cultura Julieta <strong>de</strong> Serpa, na Praia do Flamengo,340, foi construído em 1920 e vale a visita! Ainda mais por ser fruto <strong>de</strong> uma história <strong>de</strong> amor que motivou aimportação da França <strong>de</strong> quase tudo, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o arquiteto até os móveis. Para completar, hoje, no segundo andarhá um restaurante chamado… Paris!Em 1929, foi construída a Praça Paris, na Glória, projetada por Alfred Agache. Inspirada no Jardin <strong>de</strong>sTuileries, é uma joia da Belle Époque e possui uma das maiores concentrações <strong>de</strong> esculturas a céu abertodo país.A Fonte Wallace, que representa algumas virtu<strong>de</strong>s eternas: Bonda<strong>de</strong>, Carida<strong>de</strong>, Sobrieda<strong>de</strong> e a Simplicida<strong>de</strong>,são <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> beleza e rarida<strong>de</strong>. No fim do século XIX, elas foram produzidas na Inglaterra e 100exemplares foram doados à cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Paris, no ano <strong>de</strong> 1872. Posteriormente, outras gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s nomundo também foram presenteadas. E adivinhem… o Rio <strong>de</strong> Janeiro recebeu algumas! Elas po<strong>de</strong>m servistas no Passeio Público, no Parque Nacional da Tijuca, em Botafogo e na Avenida Rio Branco.Sim, em alguns lugares, o Rio lembra Paris! •22 | <strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong><strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong> | 23


| Seção Células Estreladas |Copacabana sempre encanta, e é on<strong>de</strong> quase todos vão fi car hospedados. É a carado Rio. Para quem procura aquela toalha <strong>de</strong> lavabo, aquela antiguida<strong>de</strong>, ou aquelepresentinho especial para a ... sogra, nada como bater perna pelo bairro.O <strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong> foi atrás <strong>de</strong> uma expert. Confi ra abaixo as dicas da Rita.SEGREDOS DECOPACABANARita <strong>de</strong> Cássia Passos A. Pinto (RJ)Copacabana é um bairro ecléticoe sem preconceitos. Vocêencontra comércio <strong>de</strong> luxoconvivendo harmonicamentecom lojas comuns. Vemos celebrida<strong>de</strong>s– não instantâneas – caminhando napraia, fazendo compras no supermercado<strong>de</strong> forma anônima. A estátua <strong>de</strong>Drummond no calçadão da AvenidaAtlântica não é um acaso. É o retrato<strong>de</strong> um hábito que ele cultivava. Com acriação e proliferação dos shoppings, ocomércio <strong>de</strong> rua <strong>de</strong> Copacabana – inicialmenterico e glamuroso – per<strong>de</strong>u muitodo seu charme. Confesso que busqueipor sugestões que fossem diferenciadas,coisas para casa, bordados, mas nãoencontrei. Mas, mesmo assim, há o quever. Comece pelo Centro Comercial <strong>de</strong>Copacabana, na Rua Siqueira Campos43, esquina da Avenida N. S. <strong>de</strong> Copacabana.Erguido na década <strong>de</strong> 50 numaantiga estação <strong>de</strong> bon<strong>de</strong>s, foi pioneiro naconcepção <strong>de</strong> várias lojas num mesmolocal e já passou por muitas mo<strong>de</strong>rnizações.Ali existe literalmente tudo – lojas<strong>de</strong> roupas, moda praia, acessórios, relojoeiros,pequenos restaurantes, perfumarias,agência <strong>de</strong> turismo, farmáciasespecializadas, artigos <strong>de</strong> informática,fotografia etc. e etc. É um shopping<strong>de</strong>spojado e a primeira impressão é quetem tudo e nada. Com calma - e espíritoaberto! - encontra-se ali <strong>de</strong> tudo umpouco, <strong>de</strong> forma não sofisticada, o quenão quer dizer falta <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>. Não éum shopping óbvio, é preciso olhos quequeiram ver e alma <strong>de</strong> pesquisador. Não<strong>de</strong>sista! Na Rua Santa Clara, 33, há mais<strong>de</strong> 200 lojas <strong>de</strong> roupas em geral, e acessórios.Moda casual. Importante pesquisar,pois há coisas boas e outras nem tanto.No número 75, há várias lojas <strong>de</strong> roupas,moda praia, óticas, brechós etc, quevalem uma tentadinha. Para quemquer moda casual feminina, a CasualStreet, na Rua Barão <strong>de</strong> Ipanema, 71, éa pedida. E tem os outlets! No MariaFiló, moda feminina com até 60% <strong>de</strong><strong>de</strong>sconto em coleções passadas. Fica naRua Santa Clara, 46. Na Barata Ribeiro,739, outlet Elle et Lui, com moda femininae masculina, e até 50% <strong>de</strong> <strong>de</strong>scontoem coleções passadas. Na Galeria River,na Rua Francisco Otaviano, 67, a pegadaé outra: tem lojas tentadoras para osamantes <strong>de</strong> esportes como surf, skate,patins e outros. É um point para quemgosta <strong>de</strong> praia. Mas não se esqueça dosantiquários. Comece pelo Shoppingdos Antiquários, na Siqueira Campos,143, ao lado da Estação <strong>de</strong> Metrô. Ali hábelas lojas <strong>de</strong> antiguida<strong>de</strong>s, um teatro,café, e muitas outras lojas <strong>de</strong> váriosseguimentos. No térreo, há uma loja<strong>de</strong> massas frescas (Di Alessandro) quepo<strong>de</strong> ser útil para quem está hospedadoem apart e queira cozinhar algo rápido.Vale experimentar. Na loja 31, tem oBrechicafé, café + brechó – com HappyHour às sextas-feiras, com música aovivo, das 16 às 19h30. Nesse shopping,há uma curiosida<strong>de</strong> – subindo a rampachega-se à Paróquia <strong>de</strong> Santa Cruz <strong>de</strong>Copacabana, <strong>de</strong> arquitetura mo<strong>de</strong>rna. Etem o Shopping Cassino Atlântico, naAvenida N. S. Copacabana, 1.417, queabriga galerias <strong>de</strong> arte, antiquários e umafilial da Tok & Stok. Aos sábados, a partir<strong>de</strong> 10h, tem uma boa feira <strong>de</strong> antiguida<strong>de</strong>s.No fim, vá até a Pedra do Leme esuba até o ponto on<strong>de</strong> há uma Ban<strong>de</strong>irado Brasil. Vale parar para apreciar a vista<strong>de</strong>slumbrante. Esse caminho começa nabase da pedra, no quartel que ali existe.Ou, simplesmente, an<strong>de</strong> pelo caminhodos pescadores, no fim da praia, etermine seu passeio com uma refeição <strong>de</strong>frutos do mar no Restaurante Shirley,na Rua Gustavo Sampaio, 610, ou coma sofisticada e <strong>de</strong>liciosa comida italianado D´Amici Ristorante, com excelentecarta <strong>de</strong> vinhos, na Rua Antônio Vieira,18, ambos no fim <strong>de</strong> Copa/início doLeme, pertinho do Windsor Atlântica. •24 | <strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong><strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong> | 25


| Seção Células Estreladas |Você que estará no Rio <strong>de</strong> Janeiro, assistindoao Congresso Brasileiro <strong>de</strong> <strong>Hepatologia</strong>ou acompanhando um congressista,terá inúmeras oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>apreciar as paisagens <strong>de</strong>slumbrantesdas nossas belezas naturais e sentir<strong>de</strong> perto o <strong>de</strong>scontraído jeito carioca<strong>de</strong> ser. A beleza da mulher carioca éfamosa internacionalmente e graças àgenialida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Vinícius <strong>de</strong> Moraes elase tornou inesquecível nos versos da“Garota <strong>de</strong> Ipanema”.O sol, o mar e a brisa criam o climaperfeito para curtir o Rio <strong>de</strong> Janeiro,mas sem cuidados a pele e os cabelospo<strong>de</strong>m se ressentir. Aqui vão algumassugestões para cuidar da beleza e doseu bem-estar. Na Gávea, um bairromuito charmoso da cida<strong>de</strong>, está oCUIDADOSCOM ABELEZAClarice Gdalevici (RJ)Nirvana SPA. Um espaço bem projetadoque oferece tratamentos corporaise faciais, banhos aromáticos, saunae massagens e até aulas <strong>de</strong> yoga emregime <strong>de</strong> Day Spa, A lista <strong>de</strong> serviçosestá no site www.enirvana.com.br. O LeSpa do Hotel Santa Teresa oferecemassagens, cuidados <strong>de</strong> beleza, ofurô,sauna e piscina e só utiliza produtosecológicos da Natura. O ambiente émuito requintado, com vista <strong>de</strong>slumbrantedo Rio <strong>de</strong> Janeiro. Há tratamentospara casais. Vale a pena conferirno site www.santa-teresa-hotel.com/pt/le-spa.html. A mulher brasileira curteestar com os cabelos impecáveis. Are<strong>de</strong> Werner oferece serviços com bonsprofissionais em diversos bairros doRio. Procure o en<strong>de</strong>reço mais perto emwww.wernercoiffeur.net. O Ophicina doCabelo também tem atendimento especializadoe fica no Shopping Leblon,um templo da moda e beleza no Rio<strong>de</strong> Janeiro. Mas se o assunto além dabeleza é ver gente famosa, o local é oCrystal Hair, que tem profissionaisdo primeiro time como o queridinhodas estrelas Tiago Parente. Confira nosite www.crystalhair.com.br. Por fim, atécnica brasileira <strong>de</strong> <strong>de</strong>pilação com ceraé famosa no mundo todo e as cariocasforam as que mais inovaram nessemercado. Atualmente, a oferta é gran<strong>de</strong>.Confira em www.pellomenos.com.br.Não há motivos para não cuidar dabeleza durante sua estada no Rio! •RIO GOURMETMário Reis Álvares-da-Silva (RS)Nada mais cariocae pró-esteatóticoque um leitãozinhoà pururuca. Pratosimples, tradicional no país, porvezes é <strong>de</strong>ixado <strong>de</strong> lado, postoque muito calórico e trivial. Nãocometa este erro quando estiverno Terzetto, restaurante <strong>de</strong> altagastronomia italiana localizadoem Ipanema. Não é bonito, opé-direito é baixo, o que sufocaum pouco, mas surpreen<strong>de</strong>: oatendimento é primoroso e a clientela,sofisticada. Em uma longatar<strong>de</strong> <strong>de</strong> sábado, experimentei seuleitãozinho gourmet. Dos <strong>de</strong>uses!A consistência da carne, seu sabor,a crocância haute cuisine do aipimque a acompanhava, o vinho, tudoperfeito. Elevar um prato comumà gastronomia <strong>de</strong> primeira, semrecorrer a invencionices à la Oro,sem espumas, cápsulas, bolhas,vácuos e outras bichiches <strong>de</strong>vanguarda, é coisa <strong>de</strong> cozinha <strong>de</strong>alto nível. Na sobremesa, o harumaki<strong>de</strong> ovos moles… <strong>de</strong> comerchorando no cantinho! Não perca.Como também, se hospedado noWindsor Atlântica, não subestimeo restaurante discretamente localizadoem uma ponta do lobby,<strong>de</strong> frente para o mar do Leme. OAlloro não é um simples restaurante<strong>de</strong> hotel, muito longe disso.A recepção, cuidadosa, feita nasvárias vezes em que lá estive poruma educadíssima e linda e alta26 | <strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong><strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong> | 27


jovem <strong>de</strong> uma beleza afro-brasileiraestonteante, encanta, e a <strong>de</strong>coraçãodo salão, embora convencional,mostra a sua classe. A carta <strong>de</strong>vinhos é um espetáculo à parte. Orestaurante está a cargo <strong>de</strong> LucianoBoseggia, famoso chef italiano quepilotava o Fasano <strong>de</strong> São Paulo. Acomida é excelente. O carpaccio, assaladas, as massas com frutos domar, os risotos, gran<strong>de</strong>s experiências.Na sobremesa, nada bate osfigos com mascarpone, simples edivinos. Já que estamos em hotéis,falemos em outros dois. Ali nafrente do Forte <strong>de</strong> Copacabanaestá um dos melhores restaurantesdo país. Dentro do Sofitel, o estreladoLe Pré-Catelan traz o encantoe a sofisticação da culinária francesaem um ambiente bonito esimpático. A comida é excelente,e os queijos vão lhe transportar,ao primeiro contato, aos prazeresmais secretos da França. Fecheos olhos – e sinta. Tipo do restauranteon<strong>de</strong> tudo vale a pena,não dispense nem os pãezinhos,espetaculares. Não é barato, masvale cada centavo. Recomendo osqueijos na sobremesa. Comme ilfault! Hotel mais badalado do Rio<strong>de</strong> Janeiro no momento, o Fasano,no início <strong>de</strong> Ipanema, reúne ascelebrida<strong>de</strong>s internacionais. Senenhuma <strong>de</strong>las estiver hospedadapor ali, com montes <strong>de</strong> paparazzie hordas <strong>de</strong> fãs na redon<strong>de</strong>za,como costuma ocorrer, vale visitaro Fasano Al Mare. Mas vá comcautela: ali eu comi um dos pioresrisotos da minha vida. Desperdício<strong>de</strong> bons camarões e belos limõessicilianos. O atendimento, surpreen<strong>de</strong>ntementenervoso, os garçonsparecendo em treinamento. Aindabem que havia um bom champagne- e a companhia era excelente.Ah, os grissinis do couvertsão muito bons! A experiência noTérèze, em Santa Tereza, foi muitomelhor. O charme do Hotel SantaTereza, da re<strong>de</strong> Relais & Châteaux,ex-Hotel dos Descasados, é arrebatador.A vista, <strong>de</strong>slumbrante, oatendimento, discreto e eficiente, acomida pouca, mas <strong>de</strong>liciosa! Não<strong>de</strong>ixe <strong>de</strong> pedir uma mesa junto àjanela e prove o o cevi-tchê, tartare<strong>de</strong> salmão com erva mate e frutascítricas. Há quem diga que o Aprazível,no mesmo bairro, é melhor.Nas minhas incursões gastronômicascariocas recentes eu nãoconsegui achar tempo para experimentarsua comida. É famosoe bem falado. Vá por sua contae risco. Celebrida<strong>de</strong>s nacionais,atores da Globo, banhistas, meninasjovens e belas e senhoras em buscada juventu<strong>de</strong> eterna costumamreunir-se no Leblon, no Celeiro. Éum quilo chique – e ponto. Muitobadalado, serve para quem gosta<strong>de</strong> ficar em fila, se servir em bufê,pesar comida, comer em um lugarapertado, e pagar caro. Não fazmeu estilo. As famosas saladas,supercriativas é o que dizem,não seriam servidas em qualquerrestaurantezinho <strong>de</strong> esquina emSão Paulo (certo, em Porto Alegreaté seriam). Então, se o negócio forum almoço leve e sem sofisticação,vá. Se não, evite. Não tomei ossucos, mas <strong>de</strong>u vonta<strong>de</strong>: suas coresvivas, nos copos espalhados pelasmesas, enchem o lugar <strong>de</strong> alegria.Neste segmento ver<strong>de</strong>, ouvi falarmuito bem do almoço <strong>de</strong> sábado doPurani Veg, cozinha vegetarianaartesanal, sem álcool e sem cartão<strong>de</strong> crédito, escondido em VargemGran<strong>de</strong>. Há que reservar para nãoper<strong>de</strong>r a (longa) viagem. Mesmogaúcho e carnívoro, ainda quero irlá. Aliás, gaúcho e carnívoro, passobatido nas churrascarias cariocasda vida. Churrascaria <strong>de</strong>ve servircarne. Arroz <strong>de</strong>ve ficar longe!Peixes e sushis, então! E caipirosca<strong>de</strong> morango, convenhamos,não <strong>de</strong>veria nem passar perto daporta! Porcão Rio’s e similares nãoreceberiam meu selo <strong>de</strong> autenticida<strong>de</strong>sulina. Mas há quem goste.Na verda<strong>de</strong>, a carne não é ruim.Troquemos <strong>de</strong> assunto. Na Casa<strong>de</strong> Cultura Julieta <strong>de</strong> Serpa, noFlamengo, beleza, história e sofisticação.O palacete, belíssimo, abrigao restaurante Paris. Pães <strong>de</strong>liciosos,pastas <strong>de</strong>licadas, atendimento <strong>de</strong>primeira. Vale muito, nem que sejapara viajar no Paris Express, maissimples, um menu com couvert,prato principal e sobremesa. Indulgênciano ponto máximo? Vá <strong>de</strong>cardápio especial Paris Privê 3,com trufas <strong>de</strong> verão. Pra quem nãotem fome, que o álcool tira, vale aomenos visitar o palacete e beber umDry Martini ou, vá lá, uma caipirinha<strong>de</strong> morango! Prezado leitor,<strong>de</strong>vo confessar, as pesquisas <strong>de</strong>campo para este <strong>Boletim</strong> (sim, umsacrifício que fiz pela socieda<strong>de</strong>),em uma bela noite <strong>de</strong> sexta-feiralevaram-me ao ponto máximo. Onome, muito a<strong>de</strong>quado, Olympe,o restaurante <strong>de</strong> Clau<strong>de</strong> Troisgros,na Lagoa. A casa é pequena, a<strong>de</strong>coração espartana, a iluminaçãopontual e discreta. Não há enfeitesà mesa, as pare<strong>de</strong>s são quase nuas,as mesas são próximas umas àsoutras, não há on<strong>de</strong> esperar. Àesquerda <strong>de</strong> quem entra, ao fundo,a cozinha, envidraçada. O atendimentoé muito bom, uma equipeinteira se reveza na atenção àmesa, simpática e elegante, nadainvasiva. Provei o menu confianceharmonizado. Sem palavras! Doamuse bouche à sobremesa, umafesta sensorial. Como sempre,a mistura com temperos e <strong>de</strong>talhesbem brasileiros. A melanciacom gengibre e laranja servida naentrada, o salmonete com tucupi e,por fim, o aipim folhado do pratoprincipal, inesquecíveis, <strong>de</strong>licadose ultra<strong>de</strong>liciosos. Impossível nãofalar na cheesecake <strong>de</strong>sestruturada<strong>de</strong> goiaba, uma sucessão <strong>de</strong>diferentes texturas, cores e sabores<strong>de</strong> uma mesma… goiaba. Ao final,vindos com o café, macarons <strong>de</strong>cupuaçu – que achado espetacular!Gran<strong>de</strong> restaurante, recomendofortemente. Reserve commuita antecedência. Na dúvida <strong>de</strong>on<strong>de</strong> ir, ao menos tome uma água<strong>de</strong> coco em um fim <strong>de</strong> tar<strong>de</strong> nocalçadão, bem perto da ponta doLeme. É uma experiência barata – e<strong>de</strong>finitivamente gourmet. •28 | <strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong><strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong> | 29


| Seção Células Estreladas |MODODENada como chegar a um congresso, instalar-se no hotel e não ter trabalho: apenas ligar asantenas, estar disposto a apren<strong>de</strong>r e a trocar informações. Aproveite o seu tempo no Rio, forada rotina dos compromissos <strong>de</strong> trabalho e família para uma bem-vinda reciclagem. No entanto,sempre há aquela pequena dúvida que atormenta o congressista. O <strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong> juntou aquiaquelas FAQs clássicas, as confi rmadas, antecipando-se às suas dúvidas. Nada <strong>de</strong> esgotá-las,pois imprevistos na medida são o tempero i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> uma viagem.Reis Álvares-da-Silva (RS)com a colaboração <strong>de</strong>:Michelle Trapaga (RS)USARMárioe Ana Paula Firmino (SP)CENTRO DE CONVENÇÕESO mo<strong>de</strong>rno Centro <strong>de</strong> ConvençõesSulAmérica é a se<strong>de</strong> do CongressoBrasileiro <strong>de</strong> <strong>Hepatologia</strong>. Inauguradoem 2007, no centro da cida<strong>de</strong>,ele reúne infraestrutura, conforto efácil acesso <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a Zona Sul do Rio<strong>de</strong> Janeiro, bem como dos aeroportos.Como chegar?Para chegar a ele, a comodida<strong>de</strong> dometrô. A estação Estácio fica a 200metros, enquanto a estação Cida<strong>de</strong>Nova a 350 metros <strong>de</strong> sua entradaprincipal. A tarifa unitária custa R$3,20. Se chegar <strong>de</strong> carro for a opçãoescolhida, saiba que há um estacionamentocoberto com 1.000 vagas,e que a diária custa R$ 25,00. Talvezainda se consiga um preço especialpara o congressista, mas até o fechamento<strong>de</strong>sta edição o imbróglio nãohavia sido resolvido (informe-se!).As principais linhas <strong>de</strong> ônibus passampelo local, facilitando o <strong>de</strong>slocamento.Algumas das linhas são a 120, 123, 170e a 175. A tarifa unitária vale R$ 2,75.Se não houver tempo para metrô ouônibus (em torno <strong>de</strong> 45 minutos), vá<strong>de</strong> táxi (20 a 30 minutos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Copacabana).Os aplicativos 99 Taxis, Taxibeate Easytaxi po<strong>de</strong>m auxiliá-lo,mas táxi no Rio <strong>de</strong> Janeiro costumaser fácil <strong>de</strong> conseguir, em especialperto dos gran<strong>de</strong>s hotéis. De Copacabanaao SulAmérica, reserve emtorno <strong>de</strong> R$ 25,00. O site www.tarifa<strong>de</strong>taxi.com/rio-<strong>de</strong>-janeiropo<strong>de</strong> ajudarno cálculo da tarifa, se essa for umadúvida. Atenção, congressista-celebrida<strong>de</strong>,nem pense em ir <strong>de</strong> helicóptero– não há heliponto no Centro <strong>de</strong>Convenções! Melhor encarar, mesmo,o transfer disponível para os palestrantes,que vai sair do hotel WindsorAtlântica em horários variados(informe-se no lobby e reserve 30minutos para o trajeto).Tem lugar para eu <strong>de</strong>ixar casacos oumalas?Vai estar quente na época docongresso, mas prepare-se para sentirum pouco <strong>de</strong> frio <strong>de</strong>ntro do Centro<strong>de</strong> Convenções. Não vale levarmuito agasalho, no entanto, poisnão teremos uma chapelaria à disposição.Na secretaria do congresso,no entanto, vai haver um guarda--volumes para malas, se necessário.On<strong>de</strong> eu posso almoçar?Se o seu <strong>de</strong>stino na hora do almoçofor os simpósios-satélites, saiba queneles serão servidos kits lunch box.Uma opção é a Praça <strong>de</strong> Alimentaçãojunto à feira, administrada30 | <strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong><strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong> | 31


pelo Buffet Victoria. O restauranteAlqui – Sushi & Steak House, notérreo, estará aberto durante todo ocongresso. Outras opções próximascom comida variada incluem osrestaurantes Come<strong>de</strong>re (800 metros)e Dom Costa (900 metros). O bairroCida<strong>de</strong> Nova está sendo revitalizado,e há ali alguns restaurantesque merecem a visita. O Le Panier,com <strong>de</strong>coração provençal, fica a 10minutos. Bonitinho e interessante.Perto <strong>de</strong>le, o italiano Empório CittáNova. Para comida vegetarianahá que se ir um pouco mais longe:Farani Fresh Food (Av. Rio Branco),Reino Vegetal (na Luís <strong>de</strong> Camões,perto do Real Gabinete Português<strong>de</strong> Leitura) e o Beterraba (na Ruada Alfân<strong>de</strong>ga) são uma boa dica.O Manaita Sushi (4km) é umaboa opção <strong>de</strong> culinária japonesa.No sábado, não <strong>de</strong>ixe <strong>de</strong> almoçarconosco, no Vasco da Gama. Afeijoada <strong>de</strong> encerramento (R$ 80,00)vai contar com a Bateria da Unidosda Tijuca.Tem lugar on<strong>de</strong> eu possa <strong>de</strong>scansar?O lugar certo é o lounge central daBayer. Os palestrantes po<strong>de</strong>m usar,ainda, a Sala Vip.On<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar as crianças?No SulAmérica não há um lugardisponível. Verifique o serviço <strong>de</strong> babysitter no seu hotel.E se eu quiser fazer uma reuniãocom um pequeno grupo?Para a diretoria da <strong>SBH</strong>, está disponíveluma sala <strong>de</strong> reuniões administrativas.Na sala da <strong>SBH</strong>, sócios e palestrantestêm um espaço que po<strong>de</strong>rá serutilizado. Os expositores, espaço apropriadona sala do expositor.Vale a pena passear nos arredoresdo Centro <strong>de</strong> Convenções?Como fica próximo ao centro dacida<strong>de</strong> do Rio <strong>de</strong> Janeiro, o SulAméricapo<strong>de</strong> ser o ponto <strong>de</strong> partida paraexpedições interessantes (confira“<strong>SBH</strong> Advisor”, neste <strong>Boletim</strong>). Aagência oficial Fellini Turismo está àdisposição para auxiliar nos passeiosturísticos (www.felliniturismo.com.br).rCONGRESSOComo congressista, a que tenhodireito?A inscrição para o congresso dará livreacesso a todos os auditórios a partirdo dia 3/10. Para acesso aos cursos,é necessária a inscrição em um doscursos avançados. Os congressistasreceberão a pasta, o crachá, certificadoe a revista com os temas livres. Sinta--se <strong>de</strong>s<strong>de</strong> já convidado para a AberturaSolene e o Coquetel <strong>de</strong> Abertura,no dia 2/10, às 18h.Lembre-se: durante todo o congresso,porte sempre o seu crachá!Confira “<strong>SBH</strong> Itinerary Planner – Rio<strong>de</strong> Janeiro, você foi feito pra mim”,neste <strong>Boletim</strong>, para sugestões <strong>de</strong>roteiros personalizados.Como convidado, a que tenhodireito?Os convidados <strong>de</strong> fora do Rio <strong>de</strong>Janeiro têm direito à passagem aérea,<strong>de</strong> sua cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> origem ao Rio, eretornando para a mesma, transferin/out aeroporto/hotel, além <strong>de</strong> até4 diárias em apartamento single noHotel Windsor Atlântica. Despesasextras com diárias, bem como upgra<strong>de</strong>para apartamento duplo, <strong>de</strong>vem sercombinadas com Vivian Luisa Frantz,da Fellini Turismo (reservas2@felliniturismo.com.br).Despesas extras, comofrigobar, também são <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong>do convidado.Lembre-se: porte sempre o seu crachá!Confira “<strong>SBH</strong> Itinerary Planner – Rio<strong>de</strong> Janeiro, você foi feito pra mim”,neste <strong>Boletim</strong>, para sugestões <strong>de</strong>roteiros personalizados.E os certificados?Os certificados dos congressistas serãoentregues na secretaria do evento, apartir do dia 4/10, após às 14h. Aospalestrantes, os certificados <strong>de</strong> participaçãoserão entregues no momento docre<strong>de</strong>nciamento, e os certificados dasparticipações na gra<strong>de</strong> científica, emsala, após cada ativida<strong>de</strong>.Qual a pontuação para títulos <strong>de</strong>especialista?A a<strong>de</strong>são à Certificação Nacional <strong>de</strong>Acreditação (CNA) po<strong>de</strong> ser feita nomomento da inscrição ou via site docongresso (http://www.abev.com.br/hepatologia<strong>2013</strong>/?page=inscricoes), ou aindadiretamente na secretaria do evento.É cobrado um valor correspon<strong>de</strong>ntea 3% da taxa <strong>de</strong> inscrição, completamenterevertido para a AMB. Aspontuações são as que se seguem:<strong>Hepatologia</strong> (20 pontos); Gastroenterologia,Infectologia, Clínica Médica,Gastroenterologia Pediátrica, CancerologiaClínica, Cancerologia Cirúrgica,Patologia, Patologia Clínica /Medicina Laboratorial e Medicina<strong>de</strong> Urgência (10 pontos); Nefrologia,Medicina Física e Reabilitação, Radiologia,Medicina Legal, Neurologia,Cirurgia Vi<strong>de</strong>olaparoscópica e Dor (5pontos).ESTANDE DA <strong>SBH</strong>On<strong>de</strong> vai funcionar?O estan<strong>de</strong> da <strong>SBH</strong> está na feira <strong>de</strong>exposições, em uma área ampla e sinalizada.Quais os serviços disponíveis noestan<strong>de</strong>?Atendimento completo ao associado,incluindo atualização cadastral, inscrições,regularização <strong>de</strong> pendências,emissão <strong>de</strong> selos <strong>de</strong> especialista ecertificados, além da venda <strong>de</strong> jalecose camisetas.Posso usar o estan<strong>de</strong> como ponto <strong>de</strong>encontro?Sim. Há uma sala para pequenasreuniões e um espaço para <strong>de</strong>scanso.ELEIÇÕES <strong>SBH</strong>(BIÊNIO 2016-2017)Eu posso votar? Quais os candidatos?Somente sócios titulares (admitidosantes <strong>de</strong> 31/8/13) quites com a contribuição<strong>de</strong> <strong>2013</strong> po<strong>de</strong>m votar. Os candidatosa presi<strong>de</strong>nte são Leila BeltrãoPereira e Luís Edmundo Pessoa Neto,ambos <strong>de</strong> Pernambuco.Qual o período <strong>de</strong> votação? On<strong>de</strong>posso votar?A votação, apenas no estan<strong>de</strong> da <strong>SBH</strong>,vai das 8 horas do dia 3/10/13 até 2horas antes da Assembleia Geral Ordináriado dia 4/10.Quando serão apurados os votos?Durante a Assembleia Geral Ordinária,às 18 horas do dia 4/10.Quando sai o resultado?Durante a própria Assembleia, emfrente a todos os presentes.FESTAS DO CONGRESSONa abertura vai haver algumarecepção?Sim, na Abertura Solene, no dia 2/10,das 18 às 19h, Coquetel <strong>de</strong> Abertura,na Área <strong>de</strong> Exposição. Entre 19 e20h, no Auditório Principal, a Cerimônia<strong>de</strong> Abertura, com apresentaçãocultural <strong>de</strong> Chorinho, com o conjuntoÉpoca <strong>de</strong> Ouro. Bem carioca!E no encerramento, como vai seressa feijoada <strong>de</strong> que ouvi falar?Não perca por nada! Serão apenas 300convites, por a<strong>de</strong>são antecipada, novalor unitário <strong>de</strong> R$ 80,00. A Feijoada<strong>de</strong> Encerramento será no dia 5/10,às 13h, na linda Se<strong>de</strong> Náutica doClube <strong>de</strong> Regatas Vasco da Gama,na Lagoa. A festa está programadapara ir até às 18h. O convite incluitransfer do Centro <strong>de</strong> ConvençõesSulAmérica até o clube e do clube aoHotel Windsor Atlântica. No cardápio,minicoquetel <strong>de</strong> boas-vindas, feijoada,bebidas e sobremesa, mais a alegria<strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> samba. A bateria epassistas da Escola <strong>de</strong> Samba Unidosda Tijuca estarão presentes. A formai<strong>de</strong>al <strong>de</strong> fechar um congresso no Rio!Ingressos no site http://www.abev.com.br/hepatologia<strong>2013</strong>/?page=feijoada_encerramento.Alguma outra festa oficial?Os palestrantes do Congresso estãoconvidados para o “Jantar do Presi<strong>de</strong>nte”,no dia 4/10, sexta-feira, naPorcão Rio’s, às 21h, com transferHotel Windsor Atlântica/Porcão/Hotel Windsor Atlântica. Não háoutras festas programadas, mas fiqueatento.On<strong>de</strong> retiro os convites?De acordo com a ativida<strong>de</strong>, os convites<strong>de</strong>vem ser retirados na secretaria docongresso ou na secretaria <strong>de</strong> palestrantes.Como me vestir para as festas?Churrasco e feijoada pe<strong>de</strong>m trajecasual! Na abertura, traje social, porfavor.Não custa perguntar: acompanhantespo<strong>de</strong>m ir às festas?Informe-se. Os acompanhantespo<strong>de</strong>rão participar, por a<strong>de</strong>são, do“Jantar do Presi<strong>de</strong>nte” e da “Feijoada<strong>de</strong> Enceramento”. Atenção: no fechamento<strong>de</strong>sta edição, os valores aindanão estavam <strong>de</strong>finidos.RIO DE JANEIROAlguma dica <strong>de</strong> segurança?O Rio é lindo e convidativo - e estácada vez mais seguro, mas há quese ter certos cuidados. Os brasileirossabem disso, e costumam ser precavidos.Aju<strong>de</strong> os convidados estrangeiros,e sugira a eles que evitemandar sozinhos em áreas <strong>de</strong>sertas,ostentar gran<strong>de</strong>s máquinas fotográficas,joias e relógios chamativos, notebooks,tablets, mapas ou guias turísticos.Evite as vans! Prefira os táxis<strong>de</strong> pontos, e não os <strong>de</strong> rua. Caixaseletrônicos, somente aqueles <strong>de</strong>ntro<strong>de</strong> shoppings ou agências bancárias.E antes <strong>de</strong> subir à favela para aquelafeijoada na laje, não custa conferir setudo continua pacífico como antes.Na dúvida, pergunte a um local – nãovale o concièrge do hotel: eles parecemquerer assustar o turista.Pensando em saú<strong>de</strong>: como estão aspraias?O Rio <strong>de</strong> Janeiro é uma metrópole, eo mar sofre com isso. Antes <strong>de</strong> tomarseu banho (ou caminhar na areia),confira a balneabilida<strong>de</strong> no site doInstituto Estadual do Ambiente (www.inea.rj.gov.br). No fechamento <strong>de</strong>staedição, o último boletim indicavaIpanema e Leblon como imprópriaspara banho. Urca, Flamengo e Botafogonão vão mesmo estar entre suasopções – e estão impróprias, também.Copacabana, Leme, Arpoador, Barrada Tijuca, Grumari e Prainha estãopróprias, com uma ressalva – eviteo banho <strong>de</strong> mar nas primeiras horasapós as chuvas.Nesta edição, aproveite as dicas <strong>de</strong>turismo criativo na cida<strong>de</strong> do Rio <strong>de</strong>Janeiro! •32 | <strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong><strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong> | 33


| Seção Células Estreladas |Rio, você foi feito pra mim<strong>SBH</strong> Mário Reis Álvares-da-Silva (RS)Itinerary PlannerUm dos aplicativos mais interessantes do site da AASLD é o Itinerary Planner, para que o congressistase prepare para o que ver durante o Liver Meeting, no outono americano. Está certo, àsvezes tranca ou não imprime direito, mas é sempre útil. O <strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong> analisou <strong>de</strong>tidamenteo programa do Congresso Brasileiro <strong>de</strong> <strong>Hepatologia</strong>, e traz sugestões exclusivas <strong>de</strong> roteiros. Oscursos ficaram <strong>de</strong> fora. Convenhamos, entre Complicações da Cirrose (Auditório 1), Métodos Diagnósticosem <strong>Hepatologia</strong> (Auditório 2), Cirurgia e Transplante Hepático (Auditório 3), <strong>Hepatologia</strong> Pediátrica (Auditório4) e Terapia Intensiva em <strong>Hepatologia</strong> (Auditório 5), todos no dia 2 <strong>de</strong> outubro, a partir das 8 e meia damanhã, fica fácil escolher.Veja abaixo os roteiros disponíveis, e escolha o seu:• Eu só quero ver estrangeiros• Só me interessa hepatite C• Só me chama para cirrose• Cirurgia e nada mais• Hepatite C: tô fora!• Me faz um roteiro diferente?Para todos os roteiros, uma recomendação geral: chegue ao Rio no dia 1º <strong>de</strong> outubro, com calma, acor<strong>de</strong> cedona manhã seguinte e tome o transfer em seu hotel para o SulAmérica. Material recolhido, crachá no pescoço,mãos à obra!EU SÓ QUERO VER ESTRANGEIROSAqui, o <strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong> faz uma concessão, e inclui os estrangeiros dos cursos.Na manhã do dia 2/10, ao chegar vá direto para o Auditório 5. Jules Wendon (UK) <strong>de</strong>ve começar sua aula às 8h45 – “Tratamentoda encefalopatia hepática na UTI”. Ao terminar, seu <strong>de</strong>stino será o Auditório 1, on<strong>de</strong> Juan Carlos García-Pagán (ESP), às 9h45,vai falar sobre sangramento varicoso. Depois do intervalo, vai ser difícil escolher entre o Auditório 1, com Dominique Valla (FRA)falando sobre trombose portal, às 10h45, e o Auditório 5, com Jules Wendon, às 11h, discutindo complicações hemorrágicas<strong>de</strong> procedimentos invasivos. Dá tempo, ainda, para, às 11h40, correr ao Auditório 4 e assistir a Loreto Hierro (ESP) - comoorientar pacientes pediátricos com esteatose. Terminou a manhã, hora para o almoço. A sesta tem que ser curta, pois às 14h30,no Auditório 4, Paloma Jara (ESP) diz qual o estado atual do transplante hepático pediátrico. Seja rápido na saída: às 15h, JulesWendon, <strong>de</strong> novo!, falará sobre reposição <strong>de</strong> albumina e coloi<strong>de</strong>s em UTI, no Auditório 5. Depois do intervalo, às 16h, <strong>de</strong>cidaentre assistir a Arun Sanyal (USA), no Auditório 1 - encefalopatia hepática mínima, ou a Jules Wendon (exploraram a moça!),no Auditório 5, com o manejo atual da insufi ciência hepática aguda. Po<strong>de</strong> seguir no mesmo auditório e ouvir a Patrick Kamath(USA) - acute-on-chronic liver failure, às 16h15. Às 16h30, não há mais estrangeiros. Hora <strong>de</strong> voltar para o hotel.No dia 3/10, chegue cedo para assistir a Cynthia Levy (USA), às 8h, no Auditório 1, discutindo cirrose biliar primária, ou cheguepouco <strong>de</strong>pois e <strong>de</strong>cida entre Michael Manns (ALE), no mesmo auditório, às 8h45, falando sobre síndrome <strong>de</strong> sobreposição ouMarina Berenguer (ESP), no Auditório 3, com hepatite C recorrente pós-transplante. Às 9h20, tudo piora: nos três auditórios háestrangeiros com miniconferências. No Auditório 1, Ghassan K. Abou-Alfa (USA) e carcinoma hepatocelular; no Auditório 2,Helena Cortez-Pinto (POR) discutindo NASH e microbiota; e Marina Berenguer, no 3, falando das complicações metabólicaspós-transplante. Difícil! Talvez as miniconferências seguintes, das 9h40, possam lhe ajudar: Michael Manns, Auditório 1, hepatite<strong>de</strong>lta, versus Christoph Sarrazin (ALE), no Auditório 2, discutindo hepatite C aguda. Depois do intervalo, mais miniconferências,ambas sobre hepatite C, na preparação para a apresentação dos temas livres. No Auditório 1, Marcelo Silva (ARG), e no Auditório2, Moisés Diago (ESP). Atenção, que na sequência vêm os simpósios satélites: no Auditório 1 entre 12 e 15h30, e no Auditório2, entre 12 e 14h. Sempre há estrangeiros na programação. No entanto, às 14h25, nos Auditórios 2 e 3, respectivamente, MarcoArrese (CHI) fala sobre o tratamento da colestase e Marina Berenguer sobre hepatite B e transplante <strong>de</strong> fígado. Não pense em irembora, o dia é mesmo pesado: no Auditório 1, das 16h30 às 17h10, Stefan Zeuzem (ALE) – hepatite C – e Dominique Valla– hipertensão portal não cirrótica, concorrendo no mesmo horário com Josep Llovet (ESP) e Peter Galle (ALE), no Auditório2, ambos falando sobre carcinoma hepatocelular. Se não bastasse, às 16h50, no Auditório 3, Moisés Diago fala sobre hepatiteC. Antes <strong>de</strong> ir embora, assista ainda no Auditório 2, às 17h10, a Jorge Daruich (ARG) e anemias, e, se <strong>de</strong>r, no Auditório 1, às17h25, Marcelo Silva e hepatite B. Podre, vá para casa. Já visitou o estan<strong>de</strong> da <strong>SBH</strong>?Já é 4/10, e às 8h a dúvida é assistir a Rafael Esteban (ESP) – hepatite C F2, no Auditório 1, ou a Antonello Pietrangelo(ITA), no Auditório 2, com sobrecarga <strong>de</strong> ferro. De qualquer forma, às 8h15, todos no Auditório 1 – Graham Foster (UK) vaifalar sobre hepatite C F3. Entre 9h20 e 10h, seis miniconferências, todas <strong>de</strong> estrangeiros. Não vou per<strong>de</strong>r tempo em <strong>de</strong>screvê--las. Aposte em Patrick Marcellin (FRA) e Christophe Sarrazin, Florence Wong (CAN) e Antonello Pietrangelo ou MarcoArrese e Cynthia Levy. It’s up to you! Ativida<strong>de</strong>s com estrangeiros, <strong>de</strong>pois disso, só ao meio-dia – tem simpósio-satélite. Confi raquem vai falar. Aproveite a folga para visitar a exposição. Às 14h, no Auditório 1, Florence Wong vai falar sobre ascite, enquantoque, no Auditório 2, Maria Buti (ESP) sobre carcinoma hepatocelular e HBV, seguida por Juan Carlos García-Pagan e TIPS. Aprogramação entre 14h40 e 16h vai <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r do seu gosto: no Auditório 1, NASH, com Helena Cortez-Pinto e Arun Sanyal,enquanto que no Auditório 2, doenças vasculares do fígado, com Juan Carlos García-Pagán, Dominique Valla e PatrickKamath. Às 16h30, Christoph Sarrazin e HBV, no Auditório 1, e Arun Sanyal e encefalopatia, no Auditório 2. Às 16h50, nãohá dúvidas: assista no Auditório 1 a HBV com Patrick Marcellin, Nezam Afdhal (USA) e Maria Buti. Às 18h, o seu lugar é noAuditório 1, pois tem Assembleia <strong>SBH</strong>.Quase acabando, vem o dia 5/10. Às 8h, no Auditório 1, Patrick Marcellin e o tratamento da hepatite C em cirróticos, enquantoque, às 8h40, Marcelo Silva vai falar sobre genótipo 3. No mesmo horário, Auditório 2, Florence Wong e albumina. Às 9h20,Auditório 1, Patrick Kamath e acute-on-chronic-liver failure. Após o intervalo, o negócio vai ser escolher entre 3 convidados:Rafael Esteban e crioglobulinemia, no Auditório 1, Henry Cohen (URU) e o carcinoma hepatocelular, Auditório 2, e NahumMén<strong>de</strong>z-Sánchez (MEX) com a epi<strong>de</strong>miologia da DHGNA nas Américas, no 3. Às 11h20, no Auditório 1, Nezam Afdhal encerrao congresso falando sobre o futuro da hepatite C. Nos vemos na feijoada, no Vasco da Gama!34 | <strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong><strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong> | 35


SÓ ME INTERESSA VÍRUS C3/108h45 – Auditório 3 - Marina Berenguer(ESP) – hepatite C recorrentepós-transplante. Fique para a discussãoque termina às 9h20.9h40 – Auditório 2 – Christoph Sarrazin(ALE) – hepatite C aguda.10h30 - Auditório 1 ou 2 – temas livresHCV até às 12h.Atenção para os simpósios-satélites.Confi ra na programação.Já visitou o estan<strong>de</strong> da <strong>SBH</strong>?16h30 - Auditório 1 – Stefan Zeuzem(ALE) – quando tratar e quando aguardar?4/108h00 – Auditório 1 – passe a manhãaqui. Há ativida<strong>de</strong>s entre 8 e 12h – váriospalestrantes nacionais e estrangeiros.Destaque para Patrick Marcellin (FRA).Atenção para o simpósio-satélite.Confi ra na programação.Tar<strong>de</strong> livre. Visite a exposição.Não se esqueça da Assembleia<strong>SBH</strong>, às 18h.5/108h00 – Auditório 1 – passe a manhã aqui.Há ativida<strong>de</strong>s entre 8 e 11h50 – váriospalestrantes nacionais e estrangeiros.Destaque para Nezam Afdhal (USA).Não se esqueça da feijoada<strong>de</strong> encerramento.CIRURGIA E NADA MAIS3/108h00 – Auditório 3 – fi que aqui das 8às 10h e das 14 às 16h50– vários palestrantesnacionais e estrangeiros.Destaque para Marina Berenguer(ESP).16h50 – Auditório 2 – opcional – PeterGalle (ALE) – carcinoma hepatocelularem fígado não cirrótico.Visite a exposição.4/108h00 – Auditório 3 – até às 9h20:conduta na doença biliar complicada –vários palestrantes nacionais.10h30 – Auditório 2 ou 6– até às 12h:temas livres carcinoma hepatocelular,transplante e cirurgia.14h20 – Auditório 3 – miniconferência– Paulo Chap Chap (SP) – transplanteintervivos.Não se esqueça daAssembleia <strong>SBH</strong>, às 18h.Seu lugar certo é o curso avançado, no dia 2/10.Não perca, sob hipótese alguma.5/109h20 – Auditório 1 – acute-on-chronicliver failure – Patrick Kamath (USA).Não se esqueça da feijoada<strong>de</strong> encerramento.SÓ ME CHAMA PARA CIRROSENão perca o curso avançado, no dia 2/10!3/108h00 – Auditório 3 – caso tenha interesseem transplante fi que aqui das 8 às 12he das 14 às 16h – vários palestrantesnacionais e estrangeiros. Destaque paraMarina Berenguer (ESP).Opcional a ativida<strong>de</strong> seguinte. Aproveitepara visitar a exposição.HEPATITE C: TÔ FORA!3/108h00 – Auditório 1 – fi que aqui até às10h - hepatopatias autoimunes, carcinomahepatocelular e hepatite <strong>de</strong>lta – váriospalestrantes nacionais e estrangeiros.Destaque para Michael Manns (ALE).10h30 – Auditório 4 – temas livres <strong>de</strong>NASH até às 12h.Vá almoçar fora, ou assista o simpósio-satéliteno Auditório 1 – carcinoma hepatocelular.14h00 – Auditório 2 é o lugar mais seguropara o seu tipo. Ultrassom com contraste,colestases, transplante hepático infantil –vários palestrantes nacionais e estrangeiros.Destaque para Paloma Jara (ESP).17h10 – Auditório 1 – a pedida é vírus B –palestrantes nacionais e estrangeiros.Destaque para Marcelo Silva (ARG).4/10Que tal visitar o estan<strong>de</strong> da <strong>SBH</strong>?9h20 – Auditório 2 – Florence Wong(CAN) – função renal no cirrótico.9h40 – Auditório 2 – AntonelloPietrangelo (ITA) – hemocromatose.14h00 – Auditório 1 – Florence Wong(CAN) – ascite.14h20 – Auditório 1 – Juan CarlosGarcía-Pagán– TIPS.16h30 – Auditório 2 – Arun Sanyal(USA) – encefalopatia.16h50 – Auditório 3 – carcinoma hepatocelular– vários palestrantes nacionais.Não se esqueça daAssembleia <strong>SBH</strong>, às 18h.Escolha um curso avançado, dia 2/10.Que tal o <strong>de</strong> <strong>Hepatologia</strong> Pediátrica?4/108h00 – Auditório 2 – fi que aqui até às10h - doenças metabólicas, função renal docirrótico, hemocromatose - palestrantesnacionais e estrangeiros. Destaques paraAntonello Pietrangelo (ITA) e FlorenceWong (CAN).10h30 – Auditório 4 – temas livres <strong>de</strong> outrashepatopatias. Nada viral.Defi nitivamente, vá almoçar fora. Opcional:visite a exposição.14h00 – Qualquer Auditório! A programaçãonesta tar<strong>de</strong> é HCV-free - palestrantes nacionaise estrangeiros. Destaques: FlorenceWong (CAN), Patrick Kamath (USA), ArunSanyal (USA), Juan Carlos García-Pagán(ESP) e Dominique Valla (FRA).Não se esqueça daAssembleia <strong>SBH</strong>, às 18h.5/108h00 – Auditório 2 – fi que aqui atéàs 10h20 – cirrose, hipertensão portal ecarcinoma hepatocelular – vários palestrantesnacionais e estrangeiros.Destaque para Florence Wong (CAN).Não se esqueça da feijoada<strong>de</strong> encerramento.5/108h00 – Auditório 2 – fi que aqui até às10h20 – cirrose, hipertensão portal e carcinomahepatocelular – vários palestrantesnacionais e estrangeiros. Destaque:Florence Wong (CAN).10h20 – Auditório 1 – vá assistir aos temaslivres premiados.Não se esqueça da feijoada <strong>de</strong> encerramento.Não se esqueça da feijoada<strong>de</strong> encerramento.ME FAZ UM ROTEIRO DIFERENTE?3/108h00 – Auditório 2 – fi que aqui até às10h – fígado e infecções (HIV, leishmanioseetc), NASH e microbiota e hepatiteC aguda – eclético e interessante- vários palestrantes nacionais eestrangeiros. Destaque: Helena Cortez-Pinto(POR).10h30 – Auditório 5 – temas livres <strong>de</strong>hepatite autoimune. Não é uma boa?Escolha um simpósio-satélite, ou dêuma escapada no Real Gabinete Português<strong>de</strong> Leitura. Dá tempo!14h00 – Auditório 2 – fi que aqui até às17h10 - transplante hepático em pediatria,ultrassom com contraste, colestase,biologia molecular no carcinoma hepatocelular– <strong>de</strong> novo, eclético - váriospalestrantes nacionais e estrangeiros.Destaques: Paloma Jara (ESP) eMarco Arrese (CHI).17h10 – Auditório 3 – a pedida éálcool; aprenda o que fazer na <strong>de</strong>pendência!– palestrantes nacionais.4/108h00 – Auditório 2 – fi que aqui até às9h20 - doenças metabólicas, função renaldo cirrótico, hemocromatose - palestrantesnacionais e estrangeiros.Destaques para Antonello Pietrangelo(ITA) e Florence Wong (CAN).9h20 – Auditório 1 – fi que aqui até às10h00. Aproveite e assista a duas aulassobre HCV – novos tratamentos eresistência viral – Patrick Marcellin(FRA) e Christoph Sarrazin (ALE) –boa pedida.Já foi no estan<strong>de</strong> da <strong>SBH</strong>?10h30 – Auditório 3 – temas livres <strong>de</strong>hepatite B. É importante dar uma revisada.No almoço, veja o tratamento atual dovírus C no simpósio-satélite.14h00 – Auditório 1 – fi que aqui atéàs 16 horas – ascite, vírus B e DHG-NA. Destaques para Florence Wong(CAN), Helena Cortez-Pinto (POR) eArun Sanyal (USA).16h30 – Auditório 2 – assista à miniconferência<strong>de</strong> encefalopatia hepática– Arun Sanyal (USA) e <strong>de</strong>pois fi quepara a mesa <strong>de</strong> hepatotoxicida<strong>de</strong> – palestrantesnacionais. Não perca osesteroi<strong>de</strong>s anabolizantes!Não se esqueça daAssembleia <strong>SBH</strong>, às 18h.Escolha um curso avançado, dia 2/10.Que tal o <strong>de</strong> Diagnóstico em <strong>Hepatologia</strong>?5/108h00 – Auditório 3 – manifestaçõeshepáticas das doenças sistêmicas, imperdível– vários palestrantes nacionais.9h20 – Auditório 1 – acute-on-chronicliver failure: tem que saber! – PatrickKamath (USA).10h00 – opcional: qualquer Auditórioestará bem. Destaques para RafaelEsteban (ESP) e Henry Cohen(URU).11h20 – Auditório 1: vale ver o futuroda hepatite C – Nezam Afdhal (USA).Esqueça da feijoada: diretopra praia!36 | <strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong><strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong> | 37


| Seção Canais <strong>de</strong> Hering |Dominique Muzzillo (PR)Mário Reis Álvlvarareses-d-da-Silva (RS)Belo Horizonte, 1987. Queemoção. Meu primeirocongresso <strong>de</strong> <strong>Hepatologia</strong>.Já era apaixonada por ela.Lembro-me <strong>de</strong> Luiz GuilhermeLyra ter a paciência <strong>de</strong> sentar ediscutir marcadores da hepatiteB com a médica resi<strong>de</strong>nte que euera. Ele havia importado o conhecimentodos USA há alguns anos...Que emocionante! Lembro-me queSheila Sherlock estava lá! Será queestou sonhando? Faz taaanto tempo!Galizzi tinha sido fellow no serviçoda Dame.Salvador, 1993. Acabei meu doutoradono Japão e retornei no mês<strong>de</strong> julho ao Brasil. A tese – inédita,<strong>de</strong>screvia pela primeira vez nomundo o TIMP-1 como marcadorsorológico <strong>de</strong> fibrose hepática. Noentanto, ainda no Japão, entrei emcontato com aquele mesmo Lyra,agora presi<strong>de</strong>nte do congresso,sobre o envio do resumo. Queriaobe<strong>de</strong>cer o <strong>de</strong>adline para enviaro material. As cartas <strong>de</strong>moravamaté 12 dias para chegar ao Brasil.Já imaginaram essa?! A internetestava começando e ainda nãoera presente em todos os cantoscomo hoje. O fax havia surgidohá pouco tempo! E eu tinha umno meu apartamento, cujo quartoera enorme – tinha o tamanho <strong>de</strong>8 tatamis... Além <strong>de</strong> mandar ofax, conversei com o Lyra – telefonemainternacional, caríssimo!O estudo foi aprovado comotema oral. Que honra! Lembro <strong>de</strong>Galizzi na banca examinadoradizendo ao microfone: “tive queestudar. Esse negócio aí é muitodifícil!“ E era. A época áurea emque tínhamos as plenárias comtodos os congressistas no mesmosalão me dá sauda<strong>de</strong>s. E era umaquantia gigantesca <strong>de</strong> interessadosem <strong>Hepatologia</strong>: uns 300...Salvador, 2011. O tempo voa.Pulamos para mais <strong>de</strong> 1.600 congressistas.A<strong>de</strong>us para a plenária intimista.Múltiplos salões, centenas<strong>de</strong> pessoas por todos os cantos embusca do conhecimento sobre essamaravilha que é a <strong>Hepatologia</strong>. Realmente– o maior, o melhor, o maiscompleto. Obrigada, Paraná! Queprossigamos crescendo. Hoje melhordo que ontem. Amanhã melhordo que hoje. Rio – aqui vamos nós!Sucesso, Henrique Sérgio! Meu <strong>de</strong>sejo<strong>de</strong> consumo é que no congresso <strong>de</strong>2015, sob a presidência do Parise,possamos encher a boca e dizer:somos uma especialida<strong>de</strong>! •Rio <strong>de</strong> Janeiro 1999, o aviãoda VASP em sobrevoo sobrea Baía <strong>de</strong> Guanabara, certaansieda<strong>de</strong> não pelo pouso,mas pela prova que seria feita poucos dias<strong>de</strong>pois, em uma época em que o nossotítulo era mesmo <strong>de</strong> especialista. O RioPalace na Avenida Atlântica (ainda nãoera Sofitel), elegante e caríssimo, não foio meu <strong>de</strong>stino – e sim o Mirador, ali, nasquebradas <strong>de</strong> Copacabana, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> nãose vê sinal do mar. O congresso foi ótimo,<strong>de</strong>u tudo certo na prova, e me lembro bemdas caminhadas suado do Mirador aoRio Palace, <strong>de</strong> terno, em um Rio semprequente. Os bares da Atlântica frequentadosem peso pela <strong>SBH</strong>, o clima <strong>de</strong> alegria, umasocieda<strong>de</strong> ainda adolescente, fraterna.Em Vitória, 2001, Vila Velha foi o <strong>de</strong>stino.Linda, do lado <strong>de</strong> lá da ponte, on<strong>de</strong> ficavameu hotel. No SENAC Olho <strong>de</strong> Boi, ocongresso fervia, movimentado e interessante.Lembro das panelas <strong>de</strong> barrocompradas <strong>de</strong> recordação, e das dançasem um gran<strong>de</strong> terraço, até altas horas, emuma certa festa. O calor do Espírito Santo<strong>de</strong>u conta <strong>de</strong> todos.Ao Recife, em 2003, e a Campos doJordão, 2005, não sei o que houve – nãopu<strong>de</strong> ir. Do Recife, há umas histórias <strong>de</strong>um famoso jogo <strong>de</strong> futebol. De Camposdo Jordão,...Mas em Ouro Preto, 2007, já era outrahistória. Separados em diversos pequenoshotéis, todos corriam la<strong>de</strong>iras acima eabaixo ao centro <strong>de</strong> convenções, gran<strong>de</strong>,espaçoso – e quente! Um gran<strong>de</strong> jantarrecebeu os congressistas, um dos melhorese mais animados jantares <strong>de</strong> congressosbrasileiros. E teve um certo bar, muitacerveja, gente animada, olhares e tapas,trenzinho no salão, e, ao final, pobre daestátua <strong>de</strong> Tira<strong>de</strong>ntes no meio da praça.Mas foi muito bom!Em Gramado, 2009, na abertura, o hinogaúcho a plenos pulmões, que estagauchada se empolga quando começa“Da aurora precursora...” E a RenataPérez arrasou no curso <strong>de</strong> hepatite B. Quedomínio da proteômica!Em Salvador, 2011, a abertura, inesquecível,foi a senha para o maior congresso<strong>de</strong> todos: nunca tantos congressistas,nunca tantos convidados estrangeiros,nunca um centro <strong>de</strong> eventos tão quente,nunca uma eleição tão disputada, nuncauma socieda<strong>de</strong> tão dividida. Mas teve afesta no fim, minipratos e muita dança.Delícia!O Rio <strong>de</strong> Janeiro, neste <strong>2013</strong>, promete.Gran<strong>de</strong>s convidados, um centro <strong>de</strong>convenções <strong>de</strong> primeira, a cida<strong>de</strong> maismaravilhosa do que nunca e, pra fechar, afeijoada do Henrique e a Bateria da Tijuca.Resta saber quem vai ser a madrinha dabateria do nosso carnaval fora <strong>de</strong> época. •38 | <strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong><strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong> | 39


| Seção Placa Ductal |HEPATOLOGIA PEDIÁTRICAMERCADO E PERSPECTIVAS<strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong> entrevistaThemis Reverbel da Silveira (RS) e Luciana Rodrigues Silva (BA)<strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong>: Hepatologista pediátricoé um médico para gran<strong>de</strong>scentros. Concordam com essa afirmativa?Themis: Sim, para centros <strong>de</strong> atendimentoterciário, sobretudo on<strong>de</strong> existamprogramas <strong>de</strong> transplante <strong>de</strong> fígado eoutros órgãos.Luciana: Sim, pois essa é uma especialida<strong>de</strong>ainda não reconhecida como tal.<strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong>: Nos últimos anos, osresi<strong>de</strong>ntes saídos <strong>de</strong> seu serviço estãoatuando como hepatologistas, oucomo gastroenterologistas pediátricos?Themis: Na imensa maioria dos casos nãohá condições <strong>de</strong> exercer apenas a <strong>Hepatologia</strong>.A exceção é se houver núcleos <strong>de</strong>Transplantes que estejam já capacitados,o que só ocorre em poucas cida<strong>de</strong>s (geralmentenas capitais) do país.Luciana: Na maioria das vezes comogastroenterologistas pediátricos. Algunstêm maior interesse em hepatologia, masainda não há a especialida<strong>de</strong> nem a residênciaespecífica em hepatologia pediátrica.<strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong>: Como é a oferta <strong>de</strong>empregos para hepatologistas pediátricosem sua cida<strong>de</strong>?Themis: No Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, apenas noHospital <strong>de</strong> Clínicas <strong>de</strong> Porto Alegre estásendo aberto concurso para 1 vaga – e queinclui cuidados em transplante hepático.Luciana: Há pacientes mas não há aindaMário Reis Álvares-da-Silva (RS)como disse anteriormente uma especialida<strong>de</strong><strong>de</strong>finida e, portanto, oferta <strong>de</strong>empregos.<strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong>: O Transplante Hepáticoainda atrai o hepatologista pediátrico?Como tem sido a remuneração?Themis: Não estou atualizada sobre remuneração.Luciana: Na Bahia, encaminhamospacientes para serem transplantados emSão Paulo.<strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong>: Como estamos emrelação à cobertura vacinal da populaçãopediátrica para as hepatites A eB no Brasil?Themis: Em relação à hepatite A, extremamentecarentes; apesar <strong>de</strong> muitaspromessas não há disponibilida<strong>de</strong> noprograma do Ministério. Vacina, apenasem clínicas privadas. Em relação à B, afaixa que não está bem (menos <strong>de</strong> 70%) éa dos adolescentes.Luciana: Com relação a Hepatite B, nafaixa etária pediátrica, acho que bem. Comrelação à hepatite A, precisamos lutarainda para colocar no calendário <strong>de</strong> rotina.<strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong>: A pediatria é umaespecialida<strong>de</strong> que vem sendo cadavez menos disputada. Essa tendênciaé brasileira ou mundial? Comorevertê-la?Themis: Essa tendência, sim, é mundial,sobretudo como “intensivistas” e “emergencistas”,pois trabalham muito, em situações<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> complexida<strong>de</strong>, e são remunerados<strong>de</strong> maneira insuficiente. Comorevertê-la? Uma das estratégias para aPediatria Geral seria incluir a Pediatria(como especialida<strong>de</strong>) nos Programas <strong>de</strong>Saú<strong>de</strong> da Família e não consi<strong>de</strong>rar, <strong>de</strong>uma maneira simplista, que os problemas<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> “das crianças” possam ser atendidospelos “generalistas”.Luciana: Penso que a pediatria temsido mais estimulada nos últimos anos,mas ainda precisa um outro olhar paraser mais bem remunerada e reconhecida,tanto a pediatria geral como a pediatria <strong>de</strong>especialida<strong>de</strong>s. O investimento na saú<strong>de</strong>da infância e na adolescência é absolutamentenecessário num país que <strong>de</strong>sejaser <strong>de</strong>senvolvido; os gestores precisamenxergar este fato.<strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong>: A <strong>Hepatologia</strong> e aGastroenterologia <strong>de</strong> adultos têmtrilhado caminhos diferentes, porvezes antagônicos. Como é a convivênciacom a Gastroenterologia Pediátrica?Themis: Minha experiência pessoal éexitosa, sempre com a mais absolutaharmonia.Luciana: Caminhamos ainda para<strong>de</strong>finir mais a <strong>Hepatologia</strong> pediátricacomo especialida<strong>de</strong>.<strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong>: Medicina <strong>de</strong> transição:como tem sido trabalhada em seucentro?Themis: Não tem sido trabalhada, emboraseja <strong>de</strong> absoluta necessida<strong>de</strong>, sobretudo emcaso <strong>de</strong> programas <strong>de</strong> doenças crônicasque necessitam acompanhamento prolongado,por exemplo, Fibrose Cística, Transplantes,Doenças Inflamatórias Intestinas.Em diversos estágios no exterior (França,EUA e Canadá, sobretudo) já constatei anotória importância do assunto. A partirdos 10 a 12 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, os pacientestransplantados são acompanhadospor equipes que incluem pelo menos 1médico “não pediatra” que seguirá com opaciente.Luciana: A transição da Medicina doadolescente para a Medicina do adultoainda requer mais investimento emequipes multidisciplinares para que ocorraa transição i<strong>de</strong>al para os pacientes crônicoscomo ocorre no primeiro mundo, aindaestamos precisando olhar essa questãomelhor, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> resolvermos outrasquestões mais básicas no país,sobretudo porque hámuitas diferençasaserem resolvidas ente o norte e o sul dopaís.<strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong>: Quais as perspectivasnos próximos 10 anos na prática da<strong>Hepatologia</strong> Pediátrica no Brasil?Themis: Vejo com relutância. Acreditoexistir espaço apenas em gran<strong>de</strong>s centros,constituindo equipes multidisciplinaresem hospitais que trabalham com altacomplexida<strong>de</strong>.Luciana: Para mim, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m doempenho e das alianças entre os gestorespúblicos, as universida<strong>de</strong>s, o sistemas <strong>de</strong>saú<strong>de</strong> e a educação e formação <strong>de</strong> especialistas,a Residência Médica, a infraestruturados Serviços <strong>de</strong> <strong>Hepatologia</strong> e ainterlocução entre a <strong>Hepatologia</strong> <strong>de</strong> adultoe a pediátrica, e a integração entre associeda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Pediatria e <strong>de</strong><strong>Hepatologia</strong>. •40 | <strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong><strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong> | 41


| Seção Placa Ductal |Jorge Luiz dos Santos (RS)Elisa <strong>de</strong> Carvalho (DF)Em outubro <strong>de</strong> 2009, gastroenterologistaspediátricos brasileiros criaram o Grupo<strong>de</strong> Estudos <strong>de</strong> <strong>Hepatologia</strong> Pediátrica doBrasil (GEHPed), visando <strong>de</strong>senvolverestratégias integradas e pesquisas multicêntricas paraaprimorar o atendimento <strong>de</strong> crianças com doençahepática. Inicialmente, o foco foi a atresia biliar,a mais frequente causa <strong>de</strong> colestase neonatal(CN) e transplante hepático em crianças, on<strong>de</strong>a portoenteroanastomose, <strong>de</strong> preferência nasprimeiras 8 semanas <strong>de</strong> vida, é fundamental.O atraso no encaminhamento a serviços <strong>de</strong>referência piora o prognóstico <strong>de</strong>ssas crianças, aumentando a chance <strong>de</strong>morte ou transplante. Em países <strong>de</strong>senvolvidos, estratégias <strong>de</strong> esclarecimento,como a Campanha do Alerta Amarelo e a Escala ColorimétricaFecal (ECF), escala <strong>de</strong> cores para hipocolia/acolia, aceleraram o diagnóstico.O Alerta Amarelo diz que um lactente ictérico aos 14 dias <strong>de</strong> vida,com fezes suspeitas, ou hiperbilirrubinemia direta necessita investigação.O GEHPed, suspeitando do envio tardio <strong>de</strong> bebês colestáticos aoscentros <strong>de</strong> referência, confirmou em estudo retrospectivo o atrasonas diversas regiões brasileiras. Assim, o GEHPed introduziu aECF na Carteira do Bebê do Ministério da Saú<strong>de</strong> e lançou emoutubro <strong>de</strong> 2011 o Alerta Amarelo. O impacto <strong>de</strong>ssa estratégiaestá sendo agora analisado prospectivamente. Além disso, foicriado um banco <strong>de</strong> tecidos <strong>de</strong> pacientes com CN atendidosnos centros que compõem o GEHPed, para investigaçõesmulticêntricas futuras.A meta atual é ampliar o esclarecimento a pediatras epopulação, através do Teste do Fígado, instrumento<strong>de</strong> orientação sobre CN, a ser distribuído em todasas maternida<strong>de</strong>s brasileiras cuja divulgação, envolvendoa <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> Pediatria, está emvias <strong>de</strong> implantar-se. •42 | <strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong><strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong> | 43


| Seção Transporte Biliar |HEPATOLOGIAE INTENSIVISMOPaulo L. BittencourtNas enfermarias dos hospitais públicos e nos quartos dos hospitais privados, cada vez mais pacientes cirróticos graves seacumulam. Resultado da evolução incontestável da <strong>Hepatologia</strong>: nossos pacientes hoje sobrevivem a problemas que não resistiamno passado, mas isso se dá às custas do agravamento <strong>de</strong> seu quadro clínico. Assim, cada vez mais cirróticos frequentam as UTIsem todo o mundo, e enfrentamos (eles e nós), não raro, o preconceito que ainda insiste em rondar as hepatopatias. O <strong>Boletim</strong><strong>SBH</strong> perguntou a dois colegas, Paulo Bittencourt, <strong>de</strong> Salvador, raro híbrido <strong>de</strong> hepatologista e intensivista, fi gura ativa em nossasocieda<strong>de</strong>, e a Mario G. Cardoni, intensivista, com anos <strong>de</strong> experiência na Equipe <strong>de</strong> Transplante Hepático do Hospital <strong>de</strong> Clínicas<strong>de</strong> Porto Alegre, como está e para on<strong>de</strong> vai essa situação. Confi ra os textos.”xiste uma <strong>de</strong>manda crescentepara internação <strong>de</strong>pacientes cirróticos emUTIs no Brasil que nãose justifica apenas pelo aumento nonúmero <strong>de</strong> portadores <strong>de</strong> cirrose<strong>de</strong>scompensada por vírus C, álcoole doença hepática gordurosa nãoalcoólica. Nas últimasdécadas,houve numerosos avanços nomanejo do pacientecirróticoquepermitiramaumento<strong>de</strong> sua sobrbre-vidamesmona presenença<strong>de</strong> compli-caçõçõesconsi<strong>de</strong>radas graves, comosangramento varicoso, encefalo-patia hepática, sepse e síndndroromehepatorrenal, habitualmementnte condndu-zidadas em ambmbiente <strong>de</strong> terapia intnten-siva.Por outro lado, o aumentnto na atitivi-da<strong>de</strong><strong>de</strong> transplantatadodora fininanciadadapeloSUSe no número<strong>de</strong> centros<strong>de</strong> transplante<strong>de</strong> fígadono paíspropororcionouou amploacecesssso dapopulalaçãção ao únicotratamento<strong>de</strong>finitivopara a cirrose <strong>de</strong>scompensada,a, quevemocorrendo a<strong>de</strong>spspeitoda continuadaescasassesez<strong>de</strong> órgãos. Dentro <strong>de</strong>ste contexto,não po<strong>de</strong>ríamos <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ressaltaro impacto da adoção do sistema<strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> órgãos baseadona gravida<strong>de</strong> da doença, vigenteno Brasil <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a publicação daportaria 1.160 em 29 <strong>de</strong> maio<strong>de</strong>2006. Ele prioriza o procedimentoparao paciente em estado maisgrave <strong>de</strong> acordo com sua pontu-açãoMELD,proporcionanandndo umaalternatativiva curatitivaparara cirróticoscríticosem faseterminal previa-mente sem perspectivas terapêu-ticas diantedo mo<strong>de</strong>lo<strong>de</strong> alocaçãopor or<strong>de</strong><strong>de</strong>m cronológógicica <strong>de</strong> inscriçãoem lista <strong>de</strong> trananspsplante.Essa novarealida<strong>de</strong> mudou o prognóstico<strong>de</strong> umasérie<strong>de</strong> pacicientetes crítíticicoscom cirrose em fasase terminalinter-nadodos em UTITI, sem possibilida<strong>de</strong><strong>de</strong> acesso ao transplante <strong>de</strong> fígado,que <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> recebeber cuidadospaliatativospara ingresessasar nas listas<strong>de</strong> espera paratransplante compriorização <strong>de</strong>doaoação,<strong>de</strong> acordocom sua gravida<strong>de</strong> <strong>de</strong>doença. Sepor um ladado,conseguimosatutualalmentetransplantar pacientes cirróticoscom bons índices <strong>de</strong> sobrevidapós-operatória, nos <strong>de</strong>paramoscada vez mais com o dilema ético àbeira do leito sobre até quando umpacientecirrótico crítico po<strong>de</strong> serbeneficiado com o procedimentonapresença<strong>de</strong> múltiplalas disfununçõçõesorgâgâninicas,necessida<strong>de</strong><strong>de</strong><strong>de</strong> ventnti-lação mecânica ou uso <strong>de</strong> drogasvasoatativas.O prognóststicico do paciente cirróticointernadoem UTI é direta-mentnte proporcionalà ocorrênêncicia<strong>de</strong>disfufunçnçãoorgrgânânicica (DO)O), in<strong>de</strong>-pen<strong>de</strong>ntementnte da graravivida<strong>de</strong> dadoençahepática estimadapelasclassificações<strong>de</strong> Chilild-Pugh(CPCP)ou MELELD.Para melhorcaracte-rizar os pacientescirróticos, comrisco <strong>de</strong> evolução adversa por DO,foi proposostorececenentetemente o termoinsufificiciênêncicia hepáticacrônicaagudizadada (IHCA), traduçuçãolivre do termoAcuteon ChronicLiver Failure.Suafrequência empacicientes cirrrrótóticos hosospipitatalilizazadosem UTIfoiestimada em23%3%,44 | <strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong><strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong> | 45


com mortalida<strong>de</strong> em 28 e 90 dias<strong>de</strong>, respectivamente, 34% e 51%,variando <strong>de</strong> acordo com a presença<strong>de</strong> DO, melhor estimada pelosscores APACHE-II e SOFA empregadosrotineiramente pelos intensivistasdo que por CP ou MELD,mais frequentemente usados peloshepatologistas.Por outro lado, a mortalida<strong>de</strong> dopaciente com cirrose <strong>de</strong>scompensadaadmitido em UTI vem sendoreduzida pela implementação<strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> estratégias baseadasem evidências. Em relaçãoao sangramento varicoso, houve<strong>de</strong>créscimo das taxas <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong><strong>de</strong> 30%-40% nas últimasdécadas pelo emprego <strong>de</strong> uma série<strong>de</strong> condutas sistematizadas emreuniões <strong>de</strong> consenso, incluindo:antibioticoprofilaxia, endoscopiadigestiva alta precoce, uso <strong>de</strong>vasconstrictores esplâncnicos, estratégiarestritiva no uso <strong>de</strong> sangue ehemo<strong>de</strong>rivados e, recentemente,TIPS precoce em casos selecionados.O manejo a<strong>de</strong>quado das infecções,incluindo antibioticoterapia apropriadae o uso <strong>de</strong> reposição <strong>de</strong> albuminapara prevenção <strong>de</strong> síndromehepatorrenal (SHR) na peritonitebacteriana espontânea e tratamentoda SHR com vasoconstritoresesplâncnicos e albumina são outrosexemplos <strong>de</strong> estratégias baseadas emevidências científicas que tiveramimpacto na sobrevida do cirróticocrítico. Muitas <strong>de</strong>ssas intervençõesainda não foram incorporadas,na beira do leito, por muitas UTIsbrasileiras por fatores relacionadosa custo (particularmente no que serefere ao uso <strong>de</strong> albumina ou TIPS),mas principalmente por falta <strong>de</strong> suaa<strong>de</strong>quada divulgação aos colegasintensivistas e emergencistas, queprestam assistência inicial ou integralao paciente cirrótico crítico emmuitos hospitais brasileiros. Em umpaís com carência <strong>de</strong> hepatologistas,poucos dos nossos especialistas seinteressam por medicina intensiva,dificultando a interação entre intensivistase hepatologistas na maioriadas UTIs brasileiras. Visandoestreitar esses laços, as diretoriasatuais da <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong><strong>Hepatologia</strong> (<strong>SBH</strong>) e da Associação<strong>de</strong> Medicina Intensiva <strong>Brasileira</strong>(AMIB) resolveram promover umaparceria na realização <strong>de</strong> programas<strong>de</strong> educação médica continuadapara intensivistas e hepatologistas. Ainiciativa contará com um curso <strong>de</strong>medicina intensiva em hepatologia,no dia 2 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> <strong>2013</strong>, <strong>de</strong>ntroda programação do XXII CongressoBrasileiro <strong>de</strong> <strong>Hepatologia</strong> e quatromesas redondas sobre o manejo docirrótico crítico no XVIII CongressoBrasileiro <strong>de</strong> Terapia Intensiva nodia 8 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> <strong>2013</strong>. Nos doiseventos, será lançado o Manual <strong>de</strong>Terapia Intensiva <strong>de</strong> <strong>Hepatologia</strong>,uma edição conjunta da AMIB e<strong>SBH</strong>. Essas parcerias servirão nãoapenas para estreitar os laços entreas duas socieda<strong>de</strong>s afins, mas sobretudopara discutir amplamente efomentar a adoção <strong>de</strong> condutas,visando reduzir a morbimortalida<strong>de</strong>dos pacientes cirróticos admitidosnas emergências e UTIs dos nossoshospitais, aguardando ou não a realizaçãodo transplante <strong>de</strong> fígado. •O PacienteHEPATOPATAOs intensivistas têmvocação e habilida<strong>de</strong>spara tratar <strong>de</strong>sequilíbrioscardiocirculatóriose respiratórios, pois a maioriados estudos em Medicina Intensivase dirige a essas duas áreas da fisiopatologiahumana e é para elas quese orientam os melhores esforçosda tecnologia <strong>de</strong> suporte avançado<strong>de</strong> vida. Mas não se po<strong>de</strong> (ou nãose podia) dizer o mesmo sobre asdisfunções orgânicas das hepatopatiasagudas e principalmentecrônicas.Muitos médicos plantonistas erotineiros <strong>de</strong> nossas UTIs nãoescon<strong>de</strong>m o <strong>de</strong>sânimo ao se <strong>de</strong>pararcom um paciente com insuficiênciahepática e suas complicações, refletindoo conceito errôneo que foiadquirido em décadas <strong>de</strong> práticasmédicas sem evidência empírica.Isso vem mudando rapidamente.Po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>monstrar quea mo<strong>de</strong>rna <strong>Hepatologia</strong> Intensivase constitui numa das subespecialida<strong>de</strong>sque evoluiu <strong>de</strong> maneirasignificativa nos últimos anos,contando com ensaios clínicosfarmacológicos e intervenções terapêuticasinvasivas corroboradaspor evidências. E as evidências seapresentam nos três níveis do atomédico: diagnóstico, tratamentoe prognóstico. Inúmeros métodospropedêuticos passaram a contribuir<strong>de</strong>cisivamente no manejodo paciente hepatopata crítico:marcadores inflamatórios e tumorais,angiorressonância magnética,angiotomografia, eco dopplervascular, colangiografias endoscópicase percutâneas, <strong>de</strong>tecção equantificação viral, imuno-histoquímica,biologia molecular, vi<strong>de</strong>oendoscopiasetc. As quatro principaiscausas <strong>de</strong> <strong>de</strong>terioração do pacientecirrótico - hemorragia por varizesesofágicas, infecções peritoneais,encefalopatia e síndrome hepatorrenal(SHR) - têm seus tratamentostotalmente orientados porensaios clínicos. O uso <strong>de</strong> terlipressinae análogos (estes com menorevidência), em conjunto com escleroterapiaou uso <strong>de</strong> bandas nasvarizes sangrantes, reduziram amortalida<strong>de</strong>, no passado ao redor<strong>de</strong> 40%, a menos que 10%. Raramentese recorre a cirurgias <strong>de</strong>anastomose porto-cava ou esplenorrenal,antes tão frequentes. O uso<strong>de</strong> cianocrilato no tratamento dasvarizes gástricas está bem estabelecido.A intervenção endovascularcom TIPS revestidos, e/ou o uso <strong>de</strong>betabloqueadores, diminuindo amorbida<strong>de</strong> da hipertensão portal,constituem importantes recursosestabilizadores para os pacientesque aguardam transplante hepático.O melhor controle metabólico, oconhecimento dos efeitos <strong>de</strong> drogasCRÍTICOMario G. Cardoni (RS)e o uso <strong>de</strong> lactulona permitiram ummelhor controle das encefalopatias.A antibioticoterapia, associada como protocolo <strong>de</strong> infusão <strong>de</strong> albumina,aumentou a resolutivida<strong>de</strong>nas peritonites espontâneas comnítida redução na mortalida<strong>de</strong>. Ouso <strong>de</strong> terlipressina ou noradrenalinacombinado à infusão <strong>de</strong> albuminareduziu e reverteu o <strong>de</strong>senvolvimento<strong>de</strong> insuficiência renal nospacientes com SHR.A habilida<strong>de</strong> e experiência com oscuidados perioperatórios do transplantehepático também modificarama visão dos intensivistas.A constatação pelos médicos dasUTIs dos resultados obtidos com otransplante <strong>de</strong> pacientes com MELDelevado, Child-Pugh C e com scoresAPACHE ou SOFA antecipatórios <strong>de</strong>alta mortalida<strong>de</strong>, contribuíram pararenovados e intensivos esforços naestabilização e suporte avançado<strong>de</strong> vida nos pacientes hepatopatascríticos. Além do suporte hemodinâmico,renal e respiratório, osintensivistas <strong>de</strong>verão se familiarizarcada vez mais com diálise <strong>de</strong>albumina com MARS (MolecularAdsorvent Recirculating System).Os dispositivos hepáticos extracorpóreosainda estão sob escrutínio,mas se apresentam como umaanimadora promessa terapêuticaou como “ponte” para tratamentos<strong>de</strong>finitivos. •46 | <strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong><strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong> | 47


| Seção Transporte Biliar |Fazer um relato sobre meu trabalho no Programa<strong>de</strong> Transplante Hepático do Hospital<strong>de</strong> Clínicas <strong>de</strong> Porto Alegre não representaesforço. O difícil é selecionar a multiplicida<strong>de</strong><strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias e gerenciar o turbilhão <strong>de</strong> emoçõesque cada lembrança traz à tona nesses quaseoito anos no cuidado ao transplantado <strong>de</strong>fígado. Essas histórias se confun<strong>de</strong>m e semisturam. Inegavelmente, isso é <strong>de</strong>safi ador.ENFERMEIRACOORDENADORADE TRANSPLANTESSoraia Arruda (RS)Dentre as inúmeras recordações,lembro que, em uma<strong>de</strong>terminada semana <strong>de</strong>maio <strong>de</strong> 2006, presencieios cirurgiões solicitando exames e, nasemana seguinte, com alguns valoresanotados no papel, chamavam isso<strong>de</strong> “MELD”. Vi que se tratava <strong>de</strong> umcálculo logarítmico. Complicado. Comoeles faziam rápido! Resolvi acompanhá--los na tarefa. Memorizei o site, osexames e, na semana seguinte, trouxetudo calculado. Isso agilizava o atendimento.Li a portaria, questionei, reli. Fuia algumas palestras e aulas, inclusivea um Grand Round que o Prof. MárioReis apresentou no hospital, falando dasmudanças na legislação <strong>de</strong> transplante,quem eram os candidatos e os valoresprognósticos <strong>de</strong> MELD e Child. Quantacoisa que eu não sabia!! O que é mesmoa tal <strong>de</strong> encefalopatia hepática? Comoe por que se manifesta? E o tal <strong>de</strong> flapping?Eu ia às reuniões da equipe pormera obrigação. Sentia que não faziafalta mesmo!O tempo foi passando e o transplantevirou paixão! Muitas histórias <strong>de</strong> sucesso,muitas vidas resgatadas. Os pacientesforam o meu gran<strong>de</strong> motivo para quererapren<strong>de</strong>r e ficar na equipe. Foram eles osque primeiramente valorizaram o meutrabalho, passaram a perguntar por mim.O trabalho foi crescendo, as responsabilida<strong>de</strong>scomeçaram a ficar maiores. Após 16anos <strong>de</strong> Programa, foi criada a função <strong>de</strong>enfermeira-coor<strong>de</strong>nadora e fui indicadapela equipe a assumir esse papel. Maisum <strong>de</strong>safio pela frente! Sempre fui umaenfermeira assistencial. Gosto muito docontato com o paciente, <strong>de</strong> urgências, doagito do CTI, on<strong>de</strong> construí toda a minhavida profissional. Deixar esse cuidadodiário à beira leito pesou bastante. Medo<strong>de</strong> “per<strong>de</strong>r a prática” no atendimentoa uma parada cardiorrespiratória, napunção <strong>de</strong> uma jugular, <strong>de</strong> esquecercomo funciona uma máquina <strong>de</strong> diálise!O medo maior era não dar certo, trocaralgo que sei fazer por algo novo, e aindaaten<strong>de</strong>r a uma enorme expectativa <strong>de</strong>tanta gente. Isso me <strong>de</strong>ixava feliz, masapreensiva. Apren<strong>de</strong>r a gerenciar a lista<strong>de</strong> receptores, a listar paciente no portal doSNT, não ter mais o CTI como referência,não conviver mais diariamente com aequipe <strong>de</strong> enfermagem. Estranho. A parteboa seria não disputar férias com colegas,e não ter que receber plantão, diariamente,às 7 da manhã!Atualmente, gerencio o meu horário,conforme a <strong>de</strong>manda das ativida<strong>de</strong>s dodia. Duas vezes por semana acompanhoo round da equipe do fígado, visito ostransplantados pelo menos três vezespor semana, acompanho e respondo àsconsultorias <strong>de</strong> internação solicitadaspela Gastroenterologia, on<strong>de</strong> inicio asorientações pré-transplante. O acompanhamentosegue no ambulatório, on<strong>de</strong>atendo, em média, oito pacientes porsemana. Acompanho, ainda, o ambulatórioda cirurgia, elaboro a pauta dareunião semanal da equipe, on<strong>de</strong> sãodiscutidos os casos para listagem, ostransplantados internados, as dúvidas.Reviso, diariamente, a lista dos receptoresno Portal do SNT, quanto às solicitações<strong>de</strong> critério especial, progressão eatualização do MELD, revisando quemsão os primeiros por tipagem sanguínea.Mantenho contato telefônico frequentecom pacientes, familiares e a Central <strong>de</strong>Transplantes. Sou responsável, também,pelo treinamento da equipe <strong>de</strong> enfermagemdo CTI para o recebimento dopaciente em pós-operatório imediato,e gerencio a escala <strong>de</strong> sobreaviso dosenfermeiros e dou suporte à essa escala.Não há o que priorizar <strong>de</strong> mais gratificante!Trabalhar no ambulatório <strong>de</strong>transplante, conhecer cada pacientepelo nome, sua família, sua história, dáum retorno muito especial e diferente <strong>de</strong>tudo aquilo que se presencia no CTI. Vero paciente em condições graves, sendoconsumido pela doença hepática e,<strong>de</strong>pois do transplante, como diz o Prof.Mário Reis, tendo a chance <strong>de</strong> “recomeçar”,tem um sabor inigualável!Passaram-se 10 meses como nessa ativida<strong>de</strong>exclusiva e tanta coisa já aconteceu!Mais transplantes, mais pacientesem lista, menos pacientes inativos. Erao mínimo que se esperava. O CTI já nãocausa tanta sauda<strong>de</strong>.Apren<strong>de</strong>r, ensinar, se envolver. Acreditar,ven<strong>de</strong>r i<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> sonhos, <strong>de</strong> vidamelhor, <strong>de</strong> sobrevida, <strong>de</strong> benefício.Abdicar <strong>de</strong> datas especiais, da convivênciairrestrita com a família. Essaenormida<strong>de</strong> <strong>de</strong> emoções, <strong>de</strong> sentimentosfaz parte da vida <strong>de</strong> quemtrabalha com transplante. Olhando pratrás, valeu a pena!! •48 | <strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong><strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong> | 49


| Seção Transporte Biliar |A MORTECOMOPREMISSA:A DOAÇÃODE ÓRGÃOSNO BRASILRosana Notothen (RS)No dia 5 <strong>de</strong> agosto, completamos15 anos doprimeiro regulamentotécnico sobre transplantes,na sequência da lei e do <strong>de</strong>cretoque regulamentam a ativida<strong>de</strong>. Oconjunto normas <strong>de</strong> 1998 alinhou aativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> transplantes aos princípiosconstitucionais do SUS, pormeio do instituto da “Lista Única”.Se não foi a <strong>de</strong>finição semanticamentemais castiça do que é hoje o nossoCadastro Técnico <strong>de</strong> Receptorese suas regras <strong>de</strong> alocação <strong>de</strong> órgãose tecidos, trouxe à luz um conceitomuito claro: neste país, os órgãos sãobens públicos e <strong>de</strong>vem ser distribuídossob os mesmos conceitos <strong>de</strong> universalida<strong>de</strong>,integralida<strong>de</strong>, equida<strong>de</strong>e justiça. O financiamento justo, premissafundamental para um sistemaque propõe um forte controle público,hoje contempla a maioria dosprocedimentos envolvidos na transplantação,e também as equipes <strong>de</strong>procura <strong>de</strong> órgãos têm seu financiamentoembasado na tabela <strong>de</strong> procedimentos<strong>de</strong>s<strong>de</strong> então.A criação do das CNCDO (Central<strong>de</strong> Notificação, Captação e Distribuição<strong>de</strong> Órgãos), braços executivosdo SNT (Sistema Nacional <strong>de</strong> Transplantes),a par <strong>de</strong> organizar os cadastros<strong>de</strong> receptores e atuar na distribuição,trouxe na sua concepção aresponsabilida<strong>de</strong> pela obtenção <strong>de</strong>órgãos. Cada CNCDO buscou seuscaminhos, a maioria trazendo para<strong>de</strong>ntro da estrutura <strong>de</strong> gestão tarefasque são assistenciais em sua natureza,opção que logo se <strong>de</strong>monstrou amenos eficaz para a maior parte dosEstados.Optaram por caminhos diversos, Estadoscomo São Paulo, e seus Serviços<strong>de</strong> Procura <strong>de</strong> Órgãos e Tecidos– SPOT, que nasceram em hospitaisuniversitários, e outros como SantaCatarina, o mais bem-sucedidoexemplo, agregaram o mo<strong>de</strong>lo espanhol<strong>de</strong> procura, que <strong>de</strong>lega a cadahospital essa função, por meio daCoor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> Transplantes, noBrasil chamada Comissão Intra-Hos-pitalar <strong>de</strong> Doação <strong>de</strong> Órgãos e Tecidospara Transplantes – CIHDOTT.Outros Estados, como os da RegiãoNorte, recém agora firmam seus passospara o trabalho com doadoresfalecidos.A tentativa <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo híbrido <strong>de</strong>gestão da procura <strong>de</strong> doadores, pensandono enfrentamento da heterogeneida<strong>de</strong>e das gran<strong>de</strong>s distânciasa serem percorridas em nosso país eEstados, inspiraram estruturas comperfil <strong>de</strong> atuação supra-hospitalar,alocadas em hospitais estratégicos,as Organizações <strong>de</strong> Procura <strong>de</strong> Órgãose Tecidos – OPO, que foramformalizadas em 2009 com bastantemaleabilida<strong>de</strong> geográfica e funcional.Implantadas em alguns Estados,vêm permitindo a alocação mais integrativados recursos e a criação/supervisão das Coor<strong>de</strong>nações Hospitalaresem hospitais com maior incidência<strong>de</strong> morte encefálica, numalógica <strong>de</strong> trabalho em re<strong>de</strong>. Por meio<strong>de</strong>las, alguns Estados têm melhoradoconsi<strong>de</strong>ravelmente os indicadoresna nossa maior fragilida<strong>de</strong>, a subnotificaçãoda morte encefálica.Neste cenário, extremamente heterogêneo,vimos <strong>de</strong>spontar a níveis europeusos indicadores <strong>de</strong> notificações edoações em alguns Estados, que praticammo<strong>de</strong>lagens distintas na forma<strong>de</strong> atuação mas que compartilhama mesma preocupação quanto à suasustentabilida<strong>de</strong>. A tabela concebidapara procedimentos rotineiros nãoconsegue expressar ao gestor hospitalaros reforços necessários ao financiamento<strong>de</strong> uma ativida<strong>de</strong> que é sempreexcepcional (1) pela lida com a mortecomo premissa; (2) por ocorrer quasesempre em horários alternativos aosconvencionais; (3) por envolver custosque não estão relacionados diretamentecom a ativida<strong>de</strong>-fim dos hospitais,como transporte, por exemplo; (4) porexigir relacionamento interinstitucional,inclusive financeiro, que muitasvezes é vedado por amarras legais efiscais. Por essas razões, o gestor estadual<strong>de</strong>sempenha um papel <strong>de</strong>cisivono relacionamento entre as esferas <strong>de</strong>gestão para o sucesso logístico <strong>de</strong> suaCNCDO, situação nem sempre bemcompreendida ou isenta <strong>de</strong> nuancespolíticas e vieses relacionados ao exercíciodo po<strong>de</strong>r. Posta ainda a heterogeneida<strong>de</strong>na capacida<strong>de</strong> instalada e naqualida<strong>de</strong> da gestão dos nossos mais<strong>de</strong> 6.000 hospitais, constatamos quenão há ainda mecanismo que assegurea chegada dos recursos às mãosdos coor<strong>de</strong>nadores hospitalares, partefixos, parte variáveis, para que se permitaa disponibilida<strong>de</strong> e se estimule otrabalho bem feito.Por fim, resguardadas honrosas exceções,vivemos mais <strong>de</strong> uma década<strong>de</strong> inércia das universida<strong>de</strong>s emrelação à formação <strong>de</strong> recursos humanosvoltados para esta ativida<strong>de</strong>,e sequer o conteúdo curricular damaioria <strong>de</strong> nossos cursos <strong>de</strong> graduaçãoda área da saú<strong>de</strong> contempla oprocesso <strong>de</strong> doação-transplante. Háescassez <strong>de</strong> pessoal especializado,e muitos profissionais começam naativida<strong>de</strong> <strong>de</strong>spreparados ou parcialmentecapacitados por cursosbreves, o que prejudica a eficácia doprocesso, compromete o protagonismodo coor<strong>de</strong>nador em situações--chave e agrega estresse no exercício<strong>de</strong> uma ativida<strong>de</strong> já penosa pela suanatureza. O melhor preparo <strong>de</strong>ssesprofissionais, somado ao trabalhoeducacional junto à população <strong>de</strong>forma permanente, inserindo a doação<strong>de</strong> órgãos como exercício <strong>de</strong>cidadania, <strong>de</strong>rrubariam nossos altosíndices <strong>de</strong> recusa familiar à autorização,condição essencial à doação pelanossa legislação.Somos hoje o 2 o país em númeroabsoluto <strong>de</strong> transplantes, com <strong>de</strong>staquesrelevantes ao Rio Gran<strong>de</strong> doSul e ao Ceará, mas somos o 31 o emnúmeros relativos, com apenas 10,9doadores por milhão <strong>de</strong> população(pmp) em 2011. O <strong>de</strong>snível entre asregiões é ainda alarmante, e estamoslonge <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r minimamente à lista<strong>de</strong> espera para que se diminuam osagravos e a mortalida<strong>de</strong> aos pacientesque aguardam por um órgão. AABTO prognostica para 2017 a meta<strong>de</strong> 20 doadores pmp. As dificulda<strong>de</strong>saqui apontadas exigem tempoe trabalho para que se busquem soluções.No entanto, há atitu<strong>de</strong>s quepo<strong>de</strong>m ser tomadas hoje, que facilitariamsobremaneira o processo. Oalinhamento do protocolo <strong>de</strong> morteencefálica às atuais diretrizes internacionais,aditivos contratuais pararemuneração <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nadores <strong>de</strong>transplante, inclusão em tabela <strong>de</strong>procedimentos especializados <strong>de</strong>avaliação e preservação dos órgãos,cursos <strong>de</strong> especialização com bolsas<strong>de</strong> estudo voltados ao processodoação/transplante, e maior protagonismoda ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro doMinistério da Educação são medidaspossíveis, <strong>de</strong> custo relativamentebaixo, e que teriam alto impacto nonúmero <strong>de</strong> doadores, superando osprognósticos, arriscaria dizer.O SUS financia a quase totalida<strong>de</strong>dos transplantes <strong>de</strong> órgãos, boa partedos transplantes <strong>de</strong> tecidos, e a medicaçãoimunossupressora para todaa vida do paciente. Tem o terceiromaior registro <strong>de</strong> doadores voluntários<strong>de</strong> medula óssea do mundo,o REDOME. São ganhos enormesconsi<strong>de</strong>rando que nosso sistema<strong>de</strong> transplantes é ainda um adolescente.A falta <strong>de</strong> doadores é o nossomaior problema, multifatorial comona maioria das ativida<strong>de</strong>s sanitárias.No entanto, nenhuma modalida<strong>de</strong>assistencial <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> mais da atuaçãointegrativa dos vários atores dosistema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> envolvidos e dasocieda<strong>de</strong> como um todo. O direito<strong>de</strong> um brasileiro vir a ser um doador,caso a vida lhe imponha essa escolha,precisa estar na pauta dos governos edos movimentos sociais. Pela prosaicarazão <strong>de</strong> que todos temos chancesmuito maiores <strong>de</strong> viver a necessida<strong>de</strong><strong>de</strong> um órgão para nós mesmos oupara alguém que amamos, do quevir a ser um doador <strong>de</strong> órgãos. •50 | <strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong><strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong> | 51


| Seção Células <strong>de</strong> Kupffer |HEPATOLOGISTASNA RUAA HORAÉ AGORA!José Eymard Me<strong>de</strong>iros Filho (PB)As últimas semanas fizeram o país<strong>de</strong>spertar. A massa nas ruas, a necessida<strong>de</strong><strong>de</strong> mudanças, os velhosproblemas em todos os setores... Maso <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> mudar renova os ares e a esperança dopovo brasileiro, incluindo os médicos.Poucos dias <strong>de</strong>pois, a <strong>de</strong>cepção para a classe: uma“presi<strong>de</strong>nta” (assim esse ser se auto<strong>de</strong>fine) frustra asesperanças e a luta <strong>de</strong> toda uma classe e parte paraum confronto em que todos (principalmente a população)só têm a per<strong>de</strong>r.Hora <strong>de</strong> refletir, hora <strong>de</strong> lutar, hora <strong>de</strong> mudar.E a <strong>Hepatologia</strong>? Quais as nossas necessida<strong>de</strong>s?Hora <strong>de</strong> aproveitar e botar o bloco na rua, e fazeracontecer aquilo que precisamos para crescer. Odiagnóstico já temos: poucos hepatologistas noBrasil, baixo acesso da população a médicos especialistasou capacitados a cuidar das doenças do fígado,escassa estrutura <strong>de</strong> trabalho, programas <strong>de</strong> captação<strong>de</strong> órgãos e transplante hepático insuficientes para a<strong>de</strong>manda do país... Muitos são os gargalos, difícil atésaber por on<strong>de</strong> começar.Talvez o melhor seja começar pelo começo: aformação <strong>de</strong> hepatologistas. No mo<strong>de</strong>lo anterior,residência muito <strong>de</strong>morada, pouco atrativa paraquem já tinha quatro anos <strong>de</strong> Clínica Médica eGastroenterologia. A mudança, se ainda não i<strong>de</strong>al,<strong>de</strong>ixa a formação mais rápida. Será eficaz? Ampliao acesso direto da Clínica Médica, permite a Infectologia,mas não torna o egresso especialista.<strong>Hepatologia</strong> especialida<strong>de</strong>. Uma necessida<strong>de</strong>ainda longe <strong>de</strong> realida<strong>de</strong>. Mas temos que tambémenten<strong>de</strong>r que o mo<strong>de</strong>lo válido para um gran<strong>de</strong>polo talvez não seja o mais a<strong>de</strong>quado a pequenas emédias cida<strong>de</strong>s, on<strong>de</strong> o mercado po<strong>de</strong> não permitira sobrevivência apenas <strong>de</strong> consultório. A <strong>Hepatologia</strong>não tem muitos procedimentos, e o principal<strong>de</strong>les (a biópsia hepática) é mal remunerado. Comoconciliar esse dois mo<strong>de</strong>los? Especialista em <strong>Hepatologia</strong>a quem fizer dois anos <strong>de</strong> residência vindos daClínica Médica (muito útil para quem quer se fixarnos gran<strong>de</strong>s polos) seria o mo<strong>de</strong>lo. Mas tambémformar o especialista através do ano opcional <strong>de</strong><strong>Hepatologia</strong> para quem já fizer dois anos <strong>de</strong> Gastroenterologia,aproveitando a base instalada e as afinida<strong>de</strong>sestruturais, o que permitiria a quem vai paraos pequenos e médios centros exercerem os procedimentosem Endoscopia Digestiva.Nesse contexto, a <strong>de</strong>finição da especialida<strong>de</strong> e domo<strong>de</strong>lo que contemple a maior e melhor formação <strong>de</strong>novos recursos humanos, a atuação junto a gestores dasaú<strong>de</strong> (fe<strong>de</strong>ral, estadual e municipal) para realização<strong>de</strong> concursos específicos para abertura <strong>de</strong> serviços em<strong>Hepatologia</strong>, a incorporação <strong>de</strong> novas tecnologias ea remuneração por procedimentos que nós hepatologistasrealizamos (biópsia hepática, radiofrequência,alcoolização, elastografia) são campos que precisamosenquanto <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> pautar como prioritários paranosso próximo exercício.Vem para a rua você também, pois como diz música:quem sabe faz a hora e não espera acontecer. •54 | <strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong><strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong> | 55


| Seção Células <strong>de</strong> Kupffer |ao PORCOTIRANO e sua LEIHEDIONDA,Mário Reis Álvares-da-Silva (RS)nosso CUSPEe nosso DESPREZOSim, chegaram as novas drogas!,eu disse que iam chegar, não disse?,que bom, doutor, agora, sim, eu voume curar, pois é, os inibidores <strong>de</strong>protease já estão aí, dá uma olhada,esta é a portaria nova, que capa linda,doutor, que beleza, que bons essesremédios que inibem a protease, e ogoverno já comprou?, que maravilha,e comprou bastante?, muitos tratamentos?,isto é ótimo, não vão faltarcomo aqueles outros, não é?, dizemque tem comprimidos pra muitagente, e eles já estão em algum lugarda cida<strong>de</strong>, mas... cadê o tratamento,doutor?, e aí? - e eu fico imaginandoem algum estoque <strong>de</strong> Porto Alegreas drogas compradas a peso <strong>de</strong> ouroficando mais velhas, velhinhas, vaique vencem daqui a pouco, e agoravai ser usado o sistema A, em breveo sistema B, sabe-se lá, sicranos vãoautorizar, agora não vão mais, temchamada para outro treinamento,amanhã tem reunião, professor!,leva a sua farmacêutica, a tia é muitorigorosa, só vai dar o remédio praquem fizer tudo direitinho!, eu voulá olhar, não me enganem, quero vercomo vocês se estruturaram, ai, ai,ai, médico faz mesmo tudo errado...esqueçam tudo, vai ficar como eraantes, a gente resolveu que vai serassim e pronto!, quer, quer, não quer,azar é seu, e olha que eu não <strong>de</strong>ixo oseu serviço entrar, hein?, vem cá queeu vou te ensinar como se preencheo formulário X, o Y, o ZZZZ, e po<strong>de</strong>ser que mu<strong>de</strong> <strong>de</strong> novo, é assim!, ah!e a senhora, por favor, pegue o seusexames e leve para autorizar lá nasecretaria, que não é mais aqui, mas,doutor, o senhor ficou com essespapéis na sua mão por 3 meses, quase4, e eu espero há quase 2 anos, porquenão entrei com o pedido do tratamentoantes?, o senhor po<strong>de</strong>ria ter meavisado, eu perdi tempo, eu sei, minhasenhora, eu sei, mas... é que mudou,e penso que a fibrose po<strong>de</strong> ser lentamas vai aumentando, as plaquetaspo<strong>de</strong>m daqui a pouco não se segurarmais, e esta albumina que insiste emdiminuir, ano passado não era assim,on<strong>de</strong> vai parar, pois é, veja bem, agorajá não tenho tanta segurança em lhetratar, a senhora enten<strong>de</strong>, parece quea doença piorou um pouco mais, temuma água aqui..., e o pior é que seique é minha culpa, sim, máxima!, osistema não funciona porque eu tenhoculpa, eu saboto o SUS e me açoitotodas as noites <strong>de</strong>pois da leitura <strong>de</strong>algum artigo, tentando tirar <strong>de</strong> mimeste pecado mortal <strong>de</strong> haver me interessadopela Medicina só para ganhardinheiro, andar <strong>de</strong> carrão, só para terstatus, só para olhar para o lado e darum bofetão na cara <strong>de</strong> todo mundoquando respondo – eu, o que eu faço?,sou MÉÉDICO!, assim, esten<strong>de</strong>ndo oÉ, bem sádico, que eu sou sádico, eruim, muito ruim, e adoro filas, gentesno chão, emergência lotada, sangue,fígado cirrótico, variz sangrando,ascite daquelas bem tensas, as hérniasexplodindo, encefalopatias, mortesno meio-fio, falta <strong>de</strong> material, falta <strong>de</strong>exames, falta <strong>de</strong> leitos, pouco transplante,e quando faltam inibidores <strong>de</strong>protease, aí, então, ... orgasmos múltiplos!Aprendi nos últimos meses quesou o culpado, o bo<strong>de</strong> expiatório <strong>de</strong>toda esta crise: burguês, sustentadopelo Estado, daqueles que estudouem escola privada <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o jardim<strong>de</strong> infância, explorando a socieda<strong>de</strong>,e <strong>de</strong>pois estu<strong>de</strong>i em uma faculda<strong>de</strong>pública, on<strong>de</strong> me locupletei com osangue dos trabalhadores, porqueestu<strong>de</strong>i mais ainda e passei em umaresidência concorrida na minhacida<strong>de</strong>, mesmo, nem viajar precisei,o cretino, e ainda recebi do governouma bolsa para me especializar. Criaturaamoral! Pária! Chupim do povobrasileiro! Por que segui estudando– já notou como vagabundo gosta <strong>de</strong>estudar? – mestrado, doutorado, pós--doutorado, livre-docência, sempre emfaculda<strong>de</strong>s públicas, sempre usandodo bem público para meu mórbidoprazer pessoal. Parasita! Animal,lendo artiguinho, livrinho na mão,não pega uma enxada, não pega nemônibus! Por que sempre, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> minhamais tenra ida<strong>de</strong> médica, atendi apacientes do SUS – ou, melhor, apacientes, pois não faço nenhumadistinção entre eles; porque ensinoos meus alunos a terem genuíno interessee compromisso com os pacientes,respeito, atenção; porque conheço aeles pelo nome, sei <strong>de</strong> suas famílias,<strong>de</strong> suas histórias, <strong>de</strong> suas dificulda<strong>de</strong>s,dou a mão, abraços, beijos, mas(perdão, perdão, gran<strong>de</strong> senhor!), nãoatuo nas periferias e, sim, no centro<strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> cida<strong>de</strong>, em um centroespecializado <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> hospitalpúblico universitário (que funciona),sim, eu sei que eu sou <strong>de</strong>sumano.Hipócrita e <strong>de</strong>sumano. Aproveitador!Por isso já não sou mais nem médico,a senhora fez bem, que médico noBrasil agora é só quem corta – vivamos cirurgiões! - e por enquanto, porquevão voltar os barbeiros!, “para repararum erro histórico”, o discurso do “elessempre fizeram isto” da esquerdasanitária. E eu, hepatologista, senhorda teoria e amarrado pela falta <strong>de</strong>como tratar a meus pacientes, enroladoe servil, fazendo nada, dia <strong>de</strong>sses,que eu não faço mesmo nada, e o queeu faço, cá entre nós, qualquer umcom ensino médio, um ouvido ou bemalfabetizado po<strong>de</strong> fazer, ouvi aquelamúsica, Dylan/Ramil, a do louco dochapéu azul, linda, e um versinhoficou comigo “Ao porco tirano e sualei hedionda, nosso cuspe e o nosso<strong>de</strong>sprezo!”. 2014, nos falamos <strong>de</strong>poisda Copa. •56 | <strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong><strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong> | 57


| Seção Placa Limitante |Realizamos recentemente, emGoiânia, o I Simpósio Centro-Oeste<strong>de</strong> <strong>Hepatologia</strong>, promovido pela<strong>SBH</strong>. Como sugestão do nosso presi<strong>de</strong>nteHenrique Sérgio, este eventovem sendo i<strong>de</strong>alizado <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a suaposse há quase dois anos e, principalmente,após a realização do I Simpósiodo Nor<strong>de</strong>ste em 2012, sob o mesmoformato, e com absoluto sucesso. Sótemos a parabenizar e agra<strong>de</strong>cer aoHenrique Sérgio esta oportunida<strong>de</strong><strong>de</strong> realizarmos eventos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>zanacional em nossa região, que seencontra fora dos gran<strong>de</strong>s eixos noBrasil. A partir da idéia inicial, fuiconvidado, assim como os colegasMarcelo Costa (até então <strong>de</strong> Brasília, eagora radicado na Alemanha) e FranciscoSouto, <strong>de</strong> Cuiabá, para assumirmosa organização local do eventoe fazermos parte da comissão organizadora.Após as primeiras conversas,a <strong>de</strong>cisão foi unânime em realizarmosesta primeira edição na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong>Goiânia, fato que nos <strong>de</strong>ixou honradose orgulhosos, mas ao mesmo tempoCentro-Oeste<strong>de</strong> <strong>Hepatologia</strong>com a imensa responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>representar todo o Centro-Oeste brasileiro.Rodrigo SebbaAires (GO)A partir daí as coisas foram caminhandonaturalmente, com as escolhas<strong>de</strong> datas, local, palestrantes...atéo futebol nos trouxe dificulda<strong>de</strong>s, poisnão teríamos como reservar hotel noperíodo da Copa das Confe<strong>de</strong>rações,estavam todos lotados pelo período<strong>de</strong> treinos que a Seleção <strong>Brasileira</strong>realizou em Goiânia. Por outro lado,também não po<strong>de</strong>ríamos retardarmuito o evento <strong>de</strong>vido à proximida<strong>de</strong><strong>de</strong> outros eventos já tradicionais nahepatologia brasileira, como o <strong>Hepatologia</strong>do Milênio e o Joint Meeting,além do nosso esperado congressobrasileiro em outubro. Assim, foiescolhida a data <strong>de</strong> 27 a 29 <strong>de</strong> junhoe como local o Hotel Mercure, emGoiânia. Neste momento, entrava avaliosa e fundamental colaboração danossa querida secretária Ana PaulaFirmino, já preocupada com sualicença maternida<strong>de</strong> que se aproximava,mas que foi muito bem substituídapela também competente KátiaSantos.Começamos a elaborar então a programaçãocientífica, em conjunto comnosso presi<strong>de</strong>nte, escolhendo temasatuais e <strong>de</strong> interesse geral ao público<strong>de</strong> hepatologistas, gastroenterologistase infectologistas da nossa região. Nãofoi tarefa difícil, graças ao apoio eimensa disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> colegas dasoutras regiões do Brasil, que aceitaramprontamente o convite para colaborarcom este evento. Assim, tivemos aparticipação <strong>de</strong> palestrantes locais,<strong>de</strong> outros Estados da região Centro--Oeste, como Mato Grosso e MatoGrosso do Sul, e vários outros Estadosbrasileiros, como São Paulo, Rio <strong>de</strong>Janeiro, Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, Acre ePernambuco.Devemos ainda um enorme agra<strong>de</strong>cimentoà indústria farmacêutica, quenos <strong>de</strong>u o apoio financeiro necessárioà realização do evento, além da disponibilida<strong>de</strong>da MSD em realizar uminteressante Simpósio Satélite, comconvidados <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> experiência noassunto.A platéia estava formada por profissionaisinteressados em se atualizarnos mais diversos temas abordados,além <strong>de</strong> resi<strong>de</strong>ntes não menos interessadose alunos <strong>de</strong> graduação,se<strong>de</strong>ntos <strong>de</strong> conhecimento. Os temasgeraram excelentes discussões, <strong>de</strong>s<strong>de</strong>aspectos epi<strong>de</strong>miológicos das hepatitesvirais, indicações <strong>de</strong> tratamentopara hepatite C, com base na atualportaria ministerial brasileira, comolidar com as graves complicações dospacientes cirróticos, como lidar com osurgimento do Carcinoma Hepatocelular,como abordar a atual epi<strong>de</strong>miada Doença Hepática Gordurosa NãoAlcoólica.Como conferencista <strong>de</strong> abertura,pu<strong>de</strong>mos contar com a gran<strong>de</strong> experiênciae didática do Professor HeitorRosa, ex-presi<strong>de</strong>nte da <strong>SBH</strong>, ícone dahepatologia nacional e referência daespecialida<strong>de</strong> no Estado <strong>de</strong> Goiás, erecentemente premiado com o título<strong>de</strong> Professor Emérito da Universida<strong>de</strong>Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás. Professor Heitor nospresenteou com uma magnífica conferênciasobre o passado e presente dahepatologia, além das perspectivasfuturas <strong>de</strong>sta especialida<strong>de</strong> que tãorapidamente vem se <strong>de</strong>senvolvendono Brasil.Tivemos a honra ainda <strong>de</strong> contarcom o atual e o futuro presi<strong>de</strong>ntesda <strong>SBH</strong>, Professores Henrique SérgioMoraes Coelho e Edison RobertoParise, respectivamente, que tambémmostraram suas gran<strong>de</strong>s experiênciase simpatia.Palestrantes já conhecidos e qualificadosno país também marcarampresença. Nossa referência em hepatitesvirais do vizinho Estado do MatoGrosso, Professor Francisco Souto,com reconhecida qualida<strong>de</strong> acadêmica.Agra<strong>de</strong>cemos ainda ao Franciscopela indicação da Dra. RafaelaLiz, <strong>de</strong> Cuiabá, que proferiu excelentepalestra a respeito da epi<strong>de</strong>miologiae história natural do CHC. Do outrovizinho, Mato Grosso do Sul, nossacolega infectologista Andrea Lin<strong>de</strong>mbergapresentou experiência sobre oVHB. A querida colega representanteda região Norte, Dra. Cirley Lobato,nos trouxe além <strong>de</strong> sua imensa experi-ência em Hepatite Delta, sua simpatiae simplicida<strong>de</strong>. Colegas <strong>de</strong> Goiâniatambém mostraram suas cias em diversos temas, como a Dra.experiên-Cacilda Pedrosa em hemorragia digestivavaricosa, os cirurgiões Clau<strong>de</strong>miroQuireze Junior, experiente cirurgião<strong>de</strong> fígado e vias biliares, e WalterDe Biase, e o cirurgião endovascularRajasekhar Venkata, que realizanossos procedimentos <strong>de</strong> quimioembolização<strong>de</strong> tumores hepáticos. Agra<strong>de</strong>çopessoalmente a participação daquerida professora Regina MariaBringel Martins, reconhecida virologistae diretora do Instituto <strong>de</strong> PatologiaTropical e Saú<strong>de</strong> Pública da UFG,pelo compartilhamento <strong>de</strong> seus interessantesresultados <strong>de</strong> pesquisas emcoinfecções. Vindos do Rio <strong>de</strong> Janeiro,Dra. Cristiane Vilela também esteveconosco, assim como o Dr. RodrigoLuz, médico do serviço <strong>de</strong> hepatologiada UFRJ e a sempre simpáticaDra. Ana Carolina Cardoso com seusdados <strong>de</strong> elastografia hepática. De SãoPaulo, contamos com a sempre gratapresença dos Prof. Giovanni FariaSilva (UNESP Botucatu) e FernandoGonçales (UNICAMP) e suas enormesexperiências em hepatites virais, e doamigo Dr. Hamilton Bonilha <strong>de</strong> Piracicaba,que participou do SimpósioSatélite. Outros dois importantesEstados do Brasil na hepatologiatambém estavam muito bem representados,como o Rio Gran<strong>de</strong> do Sulpelo competente editor <strong>de</strong>ste boletim,Dr. Mário Reis Álvares-da-Silva, queveio matar a sauda<strong>de</strong> <strong>de</strong> alguns familiarese da culinária goiana, e o Estado<strong>de</strong> Pernambuco pelo amigo Dr. FábioMarinho, também já conhecido pelasvárias participações em eventos <strong>de</strong>Goiânia.Goiânia, nossa querida capital, recebeu<strong>de</strong> braços abertos a todos, com sua calorosapopulação e clima tropical, mesmoem pleno inverno brasileiro. Os goianosem geral agra<strong>de</strong>cem a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong>receber pessoas tão ilustres, e se colocamsempre à disposição. Para os que nãoconhecem nossos tradicionais arrozcom pequi, empadão goiano e pamonhavalem a pena ser experimentados, etenho certeza <strong>de</strong> que os que já conhecemnão per<strong>de</strong>ram a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se<strong>de</strong>liciar. Mas no jantar oferecido pela<strong>SBH</strong> aos palestrantes também pu<strong>de</strong>mostomar um bom vinho e <strong>de</strong>sfrutar <strong>de</strong>agradáveis momentos junto aos colegase amigos.O número <strong>de</strong> inscritos superou asnossas melhores expectativas, ou seja,acima <strong>de</strong> 200 pessoas. Tivemos participantes<strong>de</strong> vários Estados da fe<strong>de</strong>ração,não só do Centro-Oeste, mas tambémdo Tocantins, Rondônia, Acre, SãoPaulo, Espírito Santo e Paraná, fatoque nos <strong>de</strong>ixou muito honrados. Emais importante do que isso, recebemos<strong>de</strong> todos os participantes oselogios pela organização do evento,pela excelente programação científicae pelas ótimas instalações da sala <strong>de</strong>convenções.Enfim, po<strong>de</strong>mos consi<strong>de</strong>rar o eventocomo um sucesso, e, em nome <strong>de</strong>todos os colegas da região, agra<strong>de</strong>çopela oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realizareste tão importante evento em nossaquerida Goiânia, e as conversas como próximo presi<strong>de</strong>nte da <strong>SBH</strong>, DrEdison Parise, já estão adiantadas paraa realização do II Simpósio Centro--Oeste <strong>de</strong> <strong>Hepatologia</strong>, e já recebemosmanifestações dos colegas <strong>de</strong> Brasíliae Mato Grosso no interesse em sediareste evento. Estou certo <strong>de</strong> que emqualquer lugar que seja, teremos aindamais sucesso, pois o pontapé inicial foi58 | <strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong><strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong> | 59


| Seção Placa Limitante |BUENA ONDAMário Reis Álvares-da-Silva (RS)Joint MeetingEu sei que todo mundo pensa que eusou baiana, mas não é verda<strong>de</strong>, eu sougaúcha. Eu nasci lá em Bagé, e quandoeu nasci lá em Bagé eu já era assim,uma criancinha <strong>de</strong>usa, porque em voltado meu berço havia moluscos e mariscos…,confessou Maria Bethâniana noite <strong>de</strong> abertura, 4 <strong>de</strong> agosto,início do V Joint Meeting. Horáriosrígidos, gran<strong>de</strong>s discussões, jantaresanimados, intenso y divertido, enbuena onda. O Joint começou como intestino, fezes transplantadas,ética, riscos e experiências. O vírusC chegou mais <strong>de</strong> hora <strong>de</strong>pois, umrecor<strong>de</strong>. No foyer do Serrano, noitefria, espumantes e risadas - Bethânia,afinal, divertiu o público, habituése lançamentos. Bis duplo, ChicoBuarque, bom conselho, <strong>de</strong>vagaré que não se vai longe. Gadano, Nelia,Fe<strong>de</strong>rico, Heiner, os convidadosestrangeiros, acesos, amigos,carinhosos e competentes. SandraGiani, sempre junto, sorri<strong>de</strong>nte eelegante, La Jefa. Comemos, rimos,brindamos, e trabalhamos muito.Frio no ponto, questões difíceis,casos intrincados, as discussõespegaram fogo. Polêmicas em profusão,entre exames enviados a SãoPaulo, os efeitos da ida<strong>de</strong> no Presi<strong>de</strong>nte,a marijuana (e a rifaximina)<strong>de</strong> Nélia y Mujica - Segadas na Fumacinha,e as quedas <strong>de</strong> luz, a luzse fez para Marcia, arrancada dolado negro da força. Discutimos vírusC, carcinoma hepatocelular, inibidores<strong>de</strong> protease, paraefeitos erecaídas, transplante multivisceral,microbiota, colangite IgG4, e tambémpolítica. Heiner e o mo<strong>de</strong>lo daEASL, “a hora é agora!”, Fe<strong>de</strong>ricoe seu sonho para a ALEH, Dr. Lyrae o Mais Médicos, Henrique e osprós e contras da portaria nacionalpara vírus C. Villamil cayó con laspatitas para trás, primeira fila, pasanada, e o sofá foi muito frequentado.Paulo não saiu <strong>de</strong> lá! Angelorelutou, mas acabou sentando.Claudia não foi nenhuma vez. Osartigos zuniam pela sala, velozese furiosos, embasando condutas.Como estudam! O pessoal se preparapara o Joint! Ao grupo dos 13do Fígado - os que emplacaram os5 anos, Themis, Dominique, Parise,Giovanni, Isaac, Marcia, Ruiz, Hamilton,Claudia, Renata Cruvinel,Rodrigo, Paulo Abrão, Fabio Marinho,muito obrigado. Aos <strong>de</strong>butantes,Maria, Edmundo, Rogério,Cássia, Simone, voltem sempre.Vânia, Raquel, Rita e Mathil<strong>de</strong>, voltemmesmo que sozinhas: ano quevem vocês entram nas discussões!Na elegância do La Belle du Valaise seus veludos, no mato iluminadodo Berga Motta, mais longe queCuritiba, nas risadas intermináveisno Le Chalet <strong>de</strong> la Fondue, no foiegras do Bouquet Garni, os jantaresesquentaram as noites. A banheiratransbordou, a la<strong>de</strong>ira no fim danoite foi braba <strong>de</strong> subir, mas estefoi o melhor dos Joint. “Los días quepasamos en Gramado, como <strong>de</strong>cimosen Bs As, fueron LO MÁS”. Gracias,San. Hasta Montevi<strong>de</strong>o, 2014!60 | <strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong><strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong> | 61


| Seção Sinusoi<strong>de</strong>s Hepáticos |<strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong>: Em seu Estado, a hepatiteC é a forma mais prevalente?Adalgisa (MA): Não temos estudos <strong>de</strong>prevalência das hepatites virais no Estadodo Maranhão, mas no ambulatório doNúcleo <strong>de</strong> Estudos do Fígado (NEF) doHospital Universitário da Universida<strong>de</strong>Fe<strong>de</strong>ral do Maranhão, que é o únicoserviço <strong>de</strong> referência do Estado, a hepatitecrônica pelo vírus C é, sim, a maisfrequente.Thor (AC): Por incrível que pareça, nomeio da Amazônia, sim, há mais vírusC que B. No Acre, a prevalência <strong>de</strong> anticorpoanti-HCV é <strong>de</strong> 4,2%, enquanto a <strong>de</strong>HBsAg é <strong>de</strong> 3,6%. No ambulatório, vemosmais hepatite C.Ana Ruth (AM): No Amazonas, não!Nosso gran<strong>de</strong> problema, <strong>de</strong> fato, é a hepatiteB, especialmente <strong>de</strong>vido à sua associaçãocom o vírus <strong>de</strong>lta. Nos municípiossituados nas calhas dos rios Juruá, PurusVamosfalar <strong>de</strong>outrosvírus?Mário Reis Álvares-da-Silva (RS)e Médio Amazonas, o chamado quadriláterodas hepatites, a prevalência <strong>de</strong> HBsAgvaria entre 9,7 a 20,3%, uma taxa altíssima.E mais: em torno <strong>de</strong> 15% <strong>de</strong>les sãotambém portadores <strong>de</strong> anti-HDV, o queaumenta o risco <strong>de</strong> morte por doençacrônica progressiva e hepatite fulminante.Juan Miguel (RO): Nós também temosmais vírus B. No Ambulatório Especializado<strong>de</strong> Hepatite <strong>de</strong> Rondônia, nos últimos5 anos, aten<strong>de</strong>mos 13.748 pacientes, dosquais 1.457 pacientes novos <strong>de</strong> Hepatite Be 655 pacientes novos <strong>de</strong> Hepatite C.<strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong>: Como está organizada aatenção às hepatites virais não C?Thor (AC): Os profissionais e o serviço <strong>de</strong>referência, com ambulatório, internação ehospital-dia, são os mesmos para todas ashepatites.Adalgisa (MA) e Juan Miguel (RO):No nosso serviço também. A atenção aosoutros tipos <strong>de</strong> hepatites obe<strong>de</strong>ce o mesmoFala-se muito em hepatite C. Com os inibidores <strong>de</strong> protease(fi nalmente!) sendo fornecidos pelo Sistema Único <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>,fala-se mais ainda em hepatite C. O <strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong> foi ao Norte eao Meio-Norte do país para discutir as hepatites virais.Entrevista com Adalgisa Ferreira (MA), Ana Ruth Araújo (AM),Juan Miguel Salcedo (RO) e Thor Dantas (AC)fluxo da hepatite C.Thor (AC): Infelizmente, o processo <strong>de</strong>solicitação, autorização e liberação dosmedicamentos para as hepatites são feitosem local distante, na central <strong>de</strong> medicamentosexcepcionais do Estado, o que dificultamuito a vida do paciente. Estamostrabalhando para trazê-lo para <strong>de</strong>ntro doserviço.Ana Ruth (AM): A assistência aos portadoresdas formas crônicas <strong>de</strong> hepatite associadasaos vírus B e Delta é centralizadana capital do Estado, o que causa gran<strong>de</strong>dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso ao tratamento.<strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong>: Alguma dificulda<strong>de</strong>específica no diagnóstico ou tratamentoda hepatite Delta?Ana Ruth (AM): Sim, a primeira gran<strong>de</strong>dificulda<strong>de</strong> é o acesso aos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>especializados. Gran<strong>de</strong> parte dos portadores<strong>de</strong> hepatite B e Delta é proce<strong>de</strong>ntedo interior do Estado, e seu <strong>de</strong>slocamentopo<strong>de</strong> levar <strong>de</strong> três a cinco dias <strong>de</strong> viagem<strong>de</strong> barco. Coari, Eirunepé e Lábrea, municípiosdo quadrilátero das hepatites, estãotentando se organizar para aten<strong>de</strong>r oscasos, mas há os problemas <strong>de</strong> distância eainda falta <strong>de</strong> estrutura. Em se tratandoespecificamente do diagnóstico, o protocolodo Ministério da Saú<strong>de</strong> exige examesque não estão disponíveis no SUS, como omarcador Anti-HDV IgM e o HDV-RNAquantitativo. A biópsia hepática tambémesbarra em dificulda<strong>de</strong>s: da distribuição <strong>de</strong>agulhas à escassez <strong>de</strong> médicos-patologistas.O monitoramento do tratamento é muitodifícil, pois na falta <strong>de</strong> biologia molecularpara HDV, muitas vezes o único padrão<strong>de</strong> que dispomos são as transaminases, ouseja, praticamente nada. Como monitorarentão esses pacientes? Como <strong>de</strong>terminar oend-point do tratamento? Adalgisa (MA):No Maranhão temos pesquisado hepatiteDelta somente nos últimos anos, especialmente<strong>de</strong>pois que fizemos um estudoem portadores do HBV e i<strong>de</strong>ntificamosalguns casos. Curiosamente eram indivíduosprovenientes <strong>de</strong> uma mesma regiãogeográfica do Estadoe tinham um genótipodiferente do <strong>de</strong>scritona Amazônia. Apesardisso, ainda temosdificulda<strong>de</strong>s, pela faltados testes sorológicose pela inexistência <strong>de</strong>exames <strong>de</strong> biologiamolecular.Thor (AC): O diagnósticoé uma situaçãoinsustentável: afalta <strong>de</strong> biologia molecularé inadmissívelhoje em dia. Nossaúnica ferramentadiagnóstica ainda é oanti-HDV total. Já notratamento, não temosdificulda<strong>de</strong>s: temosinterferon peguiladoe, quando necessário,entecavir ou tenofovir.Juan Miguel (RO): Nos últimos cincoanos, graças ao <strong>de</strong>senvolvimento da nossapesquisa e pós-graduação, <strong>de</strong>senvolvemostécnica “in house” <strong>de</strong> biologia molecularpara PCR qualitativo, quantitativo egenotipagem do vírus Delta no laboratório.Atualmente, não temos problemasno diagnóstico e tratamento da hepatiteDelta. Gostaríamos <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r oferecer oServiço para todos os Estados vizinhos!<strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong>: De um modo geral, abiologia molecular parece ainda umproblema: só para o vírus Delta? E abiópsia, ainda um gargalo?Thor (AC): A biópsia não. Dispomos comfacilida<strong>de</strong> em nosso serviço. Biologia molecularé um problema para o vírus Delta,não para os vírus B e C, salvo um ou outro<strong>de</strong>sabastecimento temporário.Ana Ruth (AM): Pois eu consi<strong>de</strong>ro abiópsia hepática e também a biologiamolecular como os principais gargalos naabordagem das hepatites B e Delta, emespecial no que diz respeito à genotipagemdos vírus. Segundo pesquisas o genótipodo vírus Delta da região amazônica é omais agressivo em todo o mundo, mas nãodispomos do exame. As biópsias não estãodisponíveis em centros mais remotos, enão há uma organização <strong>de</strong> protocolos eserviços, ou <strong>de</strong> capacitação <strong>de</strong> profissionaisem vários níveis.Adalgisa (MA): Não temos biópsia hepáticaem nível ambulatorial, mas temosdisponível leito específico para o procedimento,com uma espera não muito longa.Os testes básicos para HCV e HBV estãodisponíveis no LACEN-MA.Juan Miguel (RO): A biópsia hepáticanão é um gran<strong>de</strong> gargalo em Rondônia,embora nós não façamos no próprioserviço, mas no Hospital <strong>de</strong> Base da Secretaria<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> do Estado. A BiologiaMolecular dos vírus B e C são feitas noLACEN do Estado.<strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong>: E o vírus da hepatite E?É um problema em seu Estado?Thor (AC): Infelizmente não temos amenor i<strong>de</strong>ia. Não há estudos epi<strong>de</strong>miológicosno Acre, e também não temos oexame na rotina LACEN. Suspeito queseja <strong>de</strong> ocorrência não negligenciável,dada a frequência com que vemos hepatitesagudas “não A, não D”.Juan Miguel (RO): Eis uma perguntasem resposta por falta <strong>de</strong> estudos soroepi<strong>de</strong>miológicosno nosso Estado, mas, emgeral, não é gran<strong>de</strong> o número <strong>de</strong> pacientescom hepatite aguda não A não D, que<strong>de</strong>mandariam investigação.Adalgisa (MA): Não temos i<strong>de</strong>ntificadocasos <strong>de</strong> hepatite E. Temos até pesquisado,solicitando exames para serem realizadosem São Paulo, especialmente em casos <strong>de</strong>hepatites agudas <strong>de</strong> causa in<strong>de</strong>terminada.Ana Ruth (AM): Também não tenhocomo respon<strong>de</strong>r, uma vez que não hásorologia para Hepatite E na re<strong>de</strong> <strong>de</strong> assistência.É possível que sua prevalência sejamaior do que se possa imaginar.62 | <strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong><strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong> | 63


| Seção Sinusoi<strong>de</strong>s Hepáticos |populacional <strong>de</strong> 6,07 hab/km 2 .É sabido que os números oficiais <strong>de</strong>casos notificados em hepatites viraisnão expressam a realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pessoasinfectadas, por <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> diagnósticoclínico e sorológico. No período <strong>de</strong>2010 a <strong>2013</strong> foram notificados 11.724casos <strong>de</strong> hepatites no Estado do Pará,sendo que 88 não se aplicavam à causaviral e 7.730 como <strong>de</strong> causa ignoradaou em branco, correspon<strong>de</strong>ndo a cerca<strong>de</strong> 66% do total. Tornando evi<strong>de</strong>nte anecessida<strong>de</strong> da ampliação <strong>de</strong> testesrápidos ou sorológicos para atençãobásica <strong>de</strong> todo o Estado. Dentre ashepatites virais encontramos, nesteperíodo, 2.190 casos <strong>de</strong> hepatite A, 892casos <strong>de</strong> hepatite B, 467 casos <strong>de</strong> hepatiteC, 10 casos <strong>de</strong> hepatite E e apenas7 casos <strong>de</strong> hepatite B+Delta (FonteSINAN 21/6/<strong>2013</strong>).Nosso povo sofre há décadas as dificulda<strong>de</strong>sgeradas pela centralização dosserviços, com localização restrita aosmaiores centros urbanos. Atualmente,apenas 10 serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> públicapermitem o acesso terapêutico às hepatitescrônicas B e C, localizados em 7municípios (Belém, Marabá, Parauapebas,Re<strong>de</strong>nção, Santarém e Tucuruí).Segundo informações da Coor<strong>de</strong>naçãoEstadual <strong>de</strong> Hepatites Virais/SESPA, osserviços oferecem toda retaguarda diagnósticapara assistência aos portadorescrônicos. Entretanto, reconhecemosque um gargalo existente mesmo nosserviços da capital, continua sendo abiópsia hepática. Dispomos <strong>de</strong> competentesprofissionais patologistas para aleitura das lâminas, porém, a coleta <strong>de</strong>material tem sido aquém da necessida<strong>de</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>manda existente. Os exames<strong>de</strong> biologia molecular para hepatite Cestão sendo realizados, com bastanteeficiência, pelo Laboratório Central doEstado e os exames <strong>de</strong> biologia molecularpara hepatite B e <strong>de</strong>lta são realizadosno Instituto Evandro Chagas,com um fluxo através do Lacen.Em 2010, foram relatados no DatasusA Amazônia clamaHepatitesna AmazôniaDeborah Crespo (PA)Imerso na ilusão <strong>de</strong> ser o centro danatureza, o Homem acreditou quecom o advento <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> arsenal<strong>de</strong> vacinas, antibióticos e pesticidas,conseguiria erradicar uma série <strong>de</strong>doenças. Nos horizontes continentaisda Amazônia, essa ingenuida<strong>de</strong>tornou-se ainda mais evi<strong>de</strong>nte.O tempo passa e nos encontramoscada vez mais perplexos diante da<strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> novas doenças ou domelhor esclarecimento <strong>de</strong> patologias jávelhas conhecidas, chamadas <strong>de</strong> endêmicas.Diante dos dados <strong>de</strong> surtosendêmicos, epidêmicos e até mesmopandêmicos <strong>de</strong> algumas doenças,tem-se a impressão <strong>de</strong> um complôvirótico.A ocupação indiscriminada e predatória<strong>de</strong> algumas regiões florestais daAmazônia, com modificação <strong>de</strong> seuecossistema, tem contribuído paraa disseminação <strong>de</strong> diversos micro--organismos, além da mudança <strong>de</strong>hábito e cultura <strong>de</strong>sses povos, anteriormenteacostumados ao convíviorestrito, passando a ter acesso aocotidiano <strong>de</strong> centros ditos civilizadose urbanos. Várias situações <strong>de</strong> riscopara exposição e transmissão <strong>de</strong>doenças permaneceram, entretanto,com outras <strong>de</strong>nominações, como oque era dito artefato para pinturae embelezamento corporal, hojeencontramos nos piercings e alicates<strong>de</strong> cutícula, veículos <strong>de</strong> transmissãoentre tantos outros. Nos conscientizamosque cultura não se transforma,se aprimora. Por isso, aindahoje encontramos na Amazôniaíndices tão elevados <strong>de</strong> doençasendêmicas como as hepatites virais.Há algumas décadas, nossos <strong>de</strong>canosjá <strong>de</strong>screviam a febre negra <strong>de</strong>Lábrea como doença <strong>de</strong> impacto naAmazônia, tão bem documentadocientificamente por dois ilustrespesquisadores e mestres do saber <strong>de</strong>nosso Estado, Profa. Gilberta Bensabathe Prof. Leonidas Dias (in memoriam).Mesmo diante <strong>de</strong> expressivos avançoscientíficos e inestimáveis contribuiçõespara política <strong>de</strong> imunização da populaçãobrasileira, os filhos da Amazôniacontinuam perplexos a testemunhara presença persistente <strong>de</strong> doençasimunopreviníveis, como a hepatite B.O Estado do Pará como segundomaior em extensão territorial do país,tem uma populaçao <strong>de</strong> 7,5 milhões <strong>de</strong>habitantes, distribuídos em 144 municípios,consistindo em uma <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>184 tratamentos para hepatite C,sendo 144 com interferon peguilado e40 com convencional, correspon<strong>de</strong>ndoa uma possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso <strong>de</strong> 1indivíduo para cada 41.239 habitantesno Estado. Atualmente, continuamoscom um potencial bastante reduzido<strong>de</strong> tratamento, conforme se observana gra<strong>de</strong> <strong>de</strong> distribuição do Datasus,atualizada em 18/4/<strong>2013</strong>, <strong>de</strong> medicamentosdo componente especializado<strong>de</strong> assistência farmacêutica, no qual oEstado do Pará disponibiliza <strong>de</strong> 1.901frascos do total <strong>de</strong> 113.242 frascos dasquarto apresentações <strong>de</strong> peginterferona.Representando um quantitativo<strong>de</strong> pacientes muito baixo com assistênciaterapêutica para hepatite C, faceaos índices publicados <strong>de</strong> prevalênciaem nossa população.Recentemente, o tratamento da hepatiteC com os novos inibidores <strong>de</strong>proteases foi estabelecido em umúnico serviço em todo Estado do Pará,inicialmente para apenas 10 pacientes,havendo a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> abrangênciamaior para o Estado, tanto noplanejamento como na execução dasações <strong>de</strong> assistência aos portadores <strong>de</strong>hepatites virais.A universalização da saú<strong>de</strong> é meta<strong>de</strong> todos os mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> sistemas,e assegurar o acesso à saú<strong>de</strong> é umdos principais direitos sociais. Como<strong>de</strong>safio para promover os avançosnecessários para melhorar a resolutivida<strong>de</strong>dos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, oEstado do Pará está investindo naincorporação permanente <strong>de</strong> novastecnologias baseadas na criação <strong>de</strong>re<strong>de</strong>s integradas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, pararedução rápida das <strong>de</strong>ficiências<strong>de</strong> acesso à política <strong>de</strong> promoção,prevenção e assistência aos portadores<strong>de</strong> doenças crônicas, corrigindoas <strong>de</strong>sigulda<strong>de</strong>s sociais eregionais <strong>de</strong> nossa população.Cirley Lobato (AC)Hoje, muito se fala em inibidores <strong>de</strong>protease, estruturação dos serviços,tratamento, novos medicamentos,custo-benefício, comprimido milagroso,a cura da hepatite C, e… Porém,não muito longe <strong>de</strong>sta realida<strong>de</strong>- talvez longe só geograficamente,vivemos com diversas dificulda<strong>de</strong>s,vidas sendo ceifadas, sonhos sendo<strong>de</strong>struídos, sorrisos sendo substituídospor choro, tristeza. Com certeza,não po<strong>de</strong>mos falar do que não conhecemos,como por exemplo a hepatite E,que na nossa Amazônia ainda é umaincógnita. Mas po<strong>de</strong>mos, sim, falar doque vivemos no dia a dia. Os colegassouberam expressar <strong>de</strong> forma claraessa situação. Como diagnosticar...como tratar... como acompanhar ospaciente com hepatite B e <strong>de</strong>lta. Asrealida<strong>de</strong>s são semelhantes, exceto a <strong>de</strong>Rondônia, on<strong>de</strong>, por iniciativa <strong>de</strong> umgrupo, conseguiu-se superar algumasdificulda<strong>de</strong>s, como por exemplo o PCRdo <strong>de</strong>lta. Precisamos dar visibilida<strong>de</strong><strong>de</strong>sse enorme agravo, on<strong>de</strong> famíliassão dizimadas, e procurar soluçõespara melhorar o acompanhamento<strong>de</strong>sses pacientes que, na maioria dasvezes, chegam aos nossos ambulatórioscom cirrose <strong>de</strong>scompensada e oucarcinoma hepatocelular. Antes dogoverno pensar em importar médicos,como se isso fosse a solução para todosos problemas da saú<strong>de</strong>, <strong>de</strong>veria, issosim, dar condições para os colegas quetrabalham nos locais mais longínquose <strong>de</strong> difícil acesso, po<strong>de</strong>rem acompanhare fazer diagnóstico precoce<strong>de</strong>sses pacientes. A Amazônia clama,os médicos amazônidas clamam, e ospacientes ribeirinhos, ameríndios everda<strong>de</strong>iramente amazônidas clamampor socorro, clamam por vida e soltamsua voz dizendo: ”Senhor, dá-nosauxílio na angústia, porque vão é osocorro do homem”(Sl 60:11).64 | <strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong><strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong> | 65


| Seção Células Endoteliais |O FÍGADO, A XI SBAD,A COPA E O BRASIL:BEM MAIS QUE COINCIDÊNCIAS…Francisco Sergio Rangel <strong>de</strong> Paula Pessoa (CE)Fortaleza recebeu no último mês <strong>de</strong>novembro a XI SBAD (Semana <strong>Brasileira</strong>do Aparelho Digestivo), paramuitos o maior evento da Gastroenterologiada América Latina, que reuniucerca <strong>de</strong> cinco mil congressistas.Em junho, recentemente findo, a Terrado Sol recebeu a Copa das Confe<strong>de</strong>raçõesque nos trouxe a oportunida<strong>de</strong><strong>de</strong> receber fanáticos por futebol <strong>de</strong>todo o mundo e ver <strong>de</strong> perto a arte <strong>de</strong>estrelas <strong>de</strong> real gran<strong>de</strong>za no esportemais popular do planeta.Coincidências existem e eu, comoCoor<strong>de</strong>nador Local da XI SBAD eamante do futebol, pu<strong>de</strong> constatá-las.O governo do Ceará disponibilizoudois espaços recentemente construídospara os dois eventos. A SBADocupou o nosso majestoso e funcionalCentro <strong>de</strong> Eventos e a Copa teve comopalco a mo<strong>de</strong>rna Arena Castelão.Os dois Eventos tiveram dois Joséscomo comandantes. Eu como gastroenterologistae hepatologista, aindanão sou amigo do Blatter da FIFA, e,portanto confesso não ter tido qualquerparticipação na vinda da Seleção<strong>Brasileira</strong> para jogar em Fortaleza.Tenho, no entanto, uma velha esincera amiza<strong>de</strong> com o outro José, oGalvão-Alves da FBG, e isso certamentecontribuiu para que costurássemos,em tempos <strong>de</strong> polêmicae <strong>de</strong>sencontros, condições para quetivéssemos fígado na XI SBAD.Digamos, amigos, que funcionamais ou menos assim: A SBAD seriaa “Copa das Confe<strong>de</strong>rações” paraos amantes do fígado e o CongressoBrasileiro <strong>de</strong> <strong>Hepatologia</strong> seria a“Copa do Mundo” para os hepatologistas.A SBAD tem forte apelo popular,percorre o Brasil <strong>de</strong> maneira maisefetiva e po<strong>de</strong> levar informações eatualizações a gastroenterologistas eclínicos que <strong>de</strong>dicam-se, também, aoestudo das doenças hepáticas.Informações mais específicas, trabalhosmenos abrangentes, ciência básicae conceitos em vias <strong>de</strong> consolidaçãosão explorados com mais <strong>de</strong>talhes noCongresso Brasileiro <strong>de</strong> <strong>Hepatologia</strong>.Assim sendo, uma seleção <strong>de</strong> temascomo doença hepática gordurosa nãoalcoólica, cirrose e suas complicações,hepatopatias autoimunes, hepatitealcoólica e hepatites virais foi expostano Centro <strong>de</strong> Eventos em novembro,enquanto, em junho, vimos Brasil,Espanha, Itália, México e Nigéria naArena Castelão.As estrelas são comparáveis. Galizzi,Helma, Ângelos pai e filho, os Lyras,Portela, Adávio, Eymard, Patrícia,Sandoval, Esther, Terra, Heitor,Brandão e o capitão Henrique Sérgio<strong>de</strong>sfilaram sua arte pelos auditóriosda SBAD, rivalizando-se com Neymar,Paulinho, Marcelo, Fred, Xavi, Iniesta,Dos Santos, Pirlo e Buffon que barbarizaramno gramado do Castelão.Na briga dos “ Super-Mários” osamantes do fígado levaram vantagemem relação aos da bola, pois se oibérico-brasileiro Reis encantou aplateia da SBAD, o afro-italianoBalotelli, contundido, não pisou noCastelão.Em tempos do povo na rua, passeatas,protestos e cobranças, também faço aminha sob forma <strong>de</strong> cartaz:A SBADSEM OFÍGADOÉ COMOA COPASEM OBRASIL!66 | <strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong><strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong> | 67


| Seção Células Endoteliais |UM ÚNICO MINUTO DERECONCILIAÇÃO VALEMAIS DO QUE TODA UMAVIDA DE AMIZADEAmérico <strong>de</strong> OliveiraSilvério (GO)Em 1996, coube ao Prof. Heitor Rosa organizar a IISemana <strong>Brasileira</strong> do Aparelho Digestivo (SBAD),recém-nata, franzina, porém, congregando as socieda<strong>de</strong>sque se <strong>de</strong>dicam ao estudo do aparelho digestivo.No ano seguinte, o incansável Prof. Heitor, com auxíliodo Prof. Roberto Daher, organizou, no Rio Quente, oXIV Congresso Brasileiro <strong>de</strong> <strong>Hepatologia</strong>. Nestes doisanos, Goiás tornara-se então a “Meca” da Gastroenterologia.Agora, 17 anos <strong>de</strong>pois, estamos organizando a XIISBAD, um evento consolidado e pujante, certamente omaior evento <strong>de</strong> Gastroenterologia da América Latina.Durante o evento, serão apresentadas as realizaçõescientíficas voltadas para o aparelho digestivo, projetosque estão sendo <strong>de</strong>senvolvidos nos diferentes centrosbrasileiros <strong>de</strong> ensino e <strong>de</strong> pesquisa, discutiremospontos controversos e, o que é mais importante, estaremoscompartilhando o “saber”, para tornarmos maiscoesos e consequentemente maiores. Paralelamente àsativida<strong>de</strong>s científicas, o evento propiciará uma oportunida<strong>de</strong>ímpar <strong>de</strong> revermos os amigos e conhecermosnovas pessoas. Um momento <strong>de</strong> comunhão como umagran<strong>de</strong> família.Todavia, neste ano, mais uma vez está faltando alguém,a <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Hepatologia</strong> (<strong>SBH</strong>).A <strong>SBH</strong> tem focado sua atenção no “hepatologista homozigoto”(HH) (N.E.: “Meu genótipo é HH. Qual é o teu?”-<strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong> Janeiro <strong>2013</strong>), <strong>de</strong>ixando ativida<strong>de</strong>s, comoa SBAD, que são voltadas ao gastro-hepatologista (GH).Com a não participação na SBAD a nossa <strong>Socieda<strong>de</strong></strong>per<strong>de</strong> um nobre espaço para mostrar a sua força. Deixa<strong>de</strong> colaborar com a difusão dos conhecimentos sobre asdoenças do fígado. E, o que é pior, <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> apresentar--se aos novos gastroenterologistas, que po<strong>de</strong>riam ter umbelo <strong>de</strong>spertar para a nobre arte <strong>de</strong> estudar o fígado.Des<strong>de</strong> 2011, o CFM e a AMB ampliaram o escopo daatuação da <strong>Hepatologia</strong> para a Clínica Médica e aInfectologia. Ninguém em sã consciência exigirá queo colega infectologista <strong>de</strong>ixe a sua especialida<strong>de</strong>-mãepor ter optado pela <strong>Hepatologia</strong>. Então, não entendo oporquê <strong>de</strong> alguns colegas criarem tantas barreiras aoshepatologistas com o genótipo GH, como se renegassema origem da nossa especialida<strong>de</strong>.Somos um país <strong>de</strong> dimensões continentais e comgran<strong>de</strong>s diferenças regionais. A realida<strong>de</strong> das gran<strong>de</strong>scida<strong>de</strong>s do Sul, Su<strong>de</strong>ste e algumas do Nor<strong>de</strong>ste é muitodistinta das <strong>de</strong>mais cida<strong>de</strong>s e dos outros Estados. Essasdiferenças têm que ser compreendidas e respeitadas<strong>de</strong>ntro da <strong>Socieda<strong>de</strong></strong>.Temos que repensar o futuro. Preocupa-me o fato <strong>de</strong>que, neste ano, das 24 vagas <strong>de</strong> residência em <strong>Hepatologia</strong>aprovadas pelo Ministério da Educação, somente7 estão ocupadas. Sabemos das dificulda<strong>de</strong>s que resultaramno afastamento da <strong>SBH</strong>, todavia, temos certeza<strong>de</strong> que com sobrieda<strong>de</strong>, sapiência e fraternida<strong>de</strong> todosos obstáculos po<strong>de</strong>m ser transpostos. Lembremos queo coração <strong>de</strong> um homem existe para reconciliar e que“um único minuto <strong>de</strong> reconciliação vale mais do quetoda uma vida <strong>de</strong> amiza<strong>de</strong> (Gabriel García Marquez)”.A família do aparelho digestivo está saudosa <strong>de</strong> suafilha distante. Porém, tem a certeza <strong>de</strong> que em brevevoltaremos a caminhar juntos.68 | <strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong><strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong> | 69


| Seção Veias Supra-hepáticas |Este <strong>Boletim</strong> ocupou meus dias <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2010, <strong>de</strong> uma forma ou outra. Joguei sobre ele trabalho(árduo) e (muito) afeto. É um filho, <strong>de</strong> quem me <strong>de</strong>speço - mixed feelings, alegre pelo <strong>de</strong>vercumprido, ao mesmo tempo que saudoso, como se tivesse este filho saído <strong>de</strong> casa, parasempre. Um filho a quem <strong>de</strong>sejo vida longa, e (sempre) exitosa, agora distante do controlepaterno. Um filho a quem, saudavelmente, é chegada, mesmo, a hora <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixá-lo partir.D E S P E D I D A D O E D I T O RMário Reis Álvares-da-Silva (RS)Foi em 2010 que essa históriacomeçou. Sempre fui umleitor do <strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong>,classicamente editado pelosaudoso Professor José <strong>de</strong> LaurentysMe<strong>de</strong>iros, primeiro só, e <strong>de</strong>pois comsua coeditora, minha querida amigaEsther Dantas Correia. Leitor e colaboradoreventual. Escrevi algunstextos que ali saíram publicados,como “Um trem para Boston”,relato <strong>de</strong> uma famosa (e malfadada)viagem <strong>de</strong> trem entre New York eBoston que reuniu gran<strong>de</strong> número<strong>de</strong> hepatologistas brasileiros em umanoite <strong>de</strong> apreensão (e certo terror),e “Em Noronha como em Paris”,reportando o primeiro workshop <strong>de</strong><strong>Hepatologia</strong> no paraíso. Nunca haviapassado pela minha cabeça editá-lo,até que Raymundo Paraná, organizandosua diretoria, chegou como convite inesperado. Tarefa dada,restava cumpri-la.70 | <strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong><strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong> | 71


Pensei muito em como fazer o <strong>Boletim</strong>. Seguir a tradição,ou romper com ela. Atraem-me os novos caminhos, abusca pelo que ainda não foi, <strong>de</strong> uma certa maneira,feito. Era uma nova diretoria, um novo presi<strong>de</strong>nte,uma <strong>SBH</strong> que prometia mudanças, e disse a Paraná quequeria mudar o <strong>Boletim</strong>. Não que não gostasse <strong>de</strong>le,mas achava que po<strong>de</strong>ria fazer diferente. Carta branca,mãos à obra. Boa parte <strong>de</strong> 2010 foi gasta com testes <strong>de</strong>novos formatos. Ficou resolvido que <strong>de</strong>ixaria <strong>de</strong> sermonocromático e que as matérias teriam um certo tratamentojornalístico, às custas <strong>de</strong> um investimento maiorem diagramação e impressão, graças à equipe VRA+,<strong>de</strong>s<strong>de</strong> cedo, entusiasmada, e à Roche, sua patrocinadora,a parceira <strong>de</strong> uma publicação sempre in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte.Pensei em um <strong>Boletim</strong> colorido, muitas fotos, textoenxuto, assuntos leves, menos formal. A primeira capa--teste foi <strong>de</strong>senvolvida, e vieram os nomes das seções,inspirados na microestrutura hepática: “Seção CélulasEstreladas”, “Espaço Porta”, “Células <strong>de</strong> Kupffer” ... Noprimeiro número, lancei ainda mão <strong>de</strong> fotografias <strong>de</strong>um banco <strong>de</strong> imagens e coloquei créditos acadêmicosnos nomes dos ainda poucos colaboradores: RaymundoParaná, Claudia Oliveira, Mario Pessôa e Hugo Cheinquer.O <strong>Boletim</strong>, após longa gestação, reestreou compoucas páginas (apenas 12). Uma matéria, no entanto,sinalizava o caminho que ele tomaria – “Um ônibus naEuropa”, reportagem da saga pós-congresso <strong>de</strong> Viena,com um texto mais leve e muitas fotografias, dispostas<strong>de</strong> um modo inovador. Esta matéria recebeu <strong>de</strong>staqueno site da EASL – está lá até hoje para quem quiser ver.Des<strong>de</strong> então, ele seguiu novos rumos. Assumindo que<strong>de</strong>veria usar fotografias próprias, e animado com arepercussão do primeiro volume, <strong>de</strong>cidi ter mais colaboradores,e inovar ainda mais no formato. Surgiram no<strong>Boletim</strong> seguinte as entrevistas, a forma mais trabalhosa<strong>de</strong> edição <strong>de</strong> uma matéria, e Cirley Lobato foi a primeira.“Tratando hepatites na selva brasileira”começava comuma ligação telefônica com sinal precário, Cirley respon<strong>de</strong>ndo“Mário, estou quase sem bateria, no barco, com umachuva torrencial… não sei se por on<strong>de</strong> vou passar vou conseguirinternet… vou tentar. Só vou ter mesmo contato daqui a3 dias, à tar<strong>de</strong>…” Nada mais informal e novo no <strong>Boletim</strong>.Foi neste segundo volume, hoje me é bem claro, que eleganhou o tom que o acompanharia até hoje.O terceiro, “<strong>Hepatologia</strong> Especialida<strong>de</strong>”, foi dos quemais teve capas alternativas, até chegarmos ao formatofinal. Começavam as discussões políticas, que foram seaprofundando a seguir (Gastroenterologia, residência,congressos e presi<strong>de</strong>ntes, i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> da <strong>Hepatologia</strong>, onome <strong>SBH</strong>, Cuba, Mais Médicos etc). Os colaboradores, mais numerosos- a eles, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> já o meu agra<strong>de</strong>cimento. Então, nova diretoria, eHenrique Sérgio Moraes Coelho presenteou-me com o convite paraseguir como editor para um mandato seguinte. Melhor ainda! Maisânimo para o trabalho! O quarto volume foi uma reviravolta visual.Lembro da mensagem <strong>de</strong> Chris Taranto, da VRA+, me dizendoque <strong>de</strong>veríamos tentar fazer um <strong>Boletim</strong> ainda mais mo<strong>de</strong>rno.A primeira reação foi negativa – com 3 volumes, achava que játínhamos uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> visual interessante. Pra que mudar? Chrisme convenceu: os testes ficaram ótimos e o <strong>Boletim</strong> estreou comuma capa mais limpa. Mas as mudanças maiores ficaram para oseguinte. Para começar, uma nova logomarca (veja os testes <strong>de</strong> capae logos ao lado), mais mo<strong>de</strong>rna – e a mudança maior, guardada parao seu interior. Gran<strong>de</strong>s fotos como pano <strong>de</strong> fundo para os textosiriam tornar-se rotina. O impacto visual <strong>de</strong> “Dominique Saramago– correspon<strong>de</strong>nte em Berlim”só foi menor que aquele da leitura dotexto emocionado <strong>de</strong> Dominique Muzzillo. Nesse número, ainda,o famoso “Pãozinho da American” – e mais páginas: 20! O volumesubsequente inaugurou o formato <strong>de</strong> capa que usamos até hoje,com chamadas para <strong>de</strong>terminadas matérias em uma barra brancainferior. Matérias com apuro visual, como “Porto Alegre – invernoe verão”, com um primeiro texto não escrito em português (inglêse espanhol seriam idiomas eventualmente usados no <strong>Boletim</strong>) e…mais páginas: 28! A discussão sobre a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> da <strong>Hepatologia</strong>tomou conta, e seria retomada na capa do próximo volume – <strong>SBH</strong>vs. ABEF.O <strong>Boletim</strong> <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> <strong>2013</strong> trouxe uma <strong>de</strong> suas capas maissoturnas, e uma das matérias que viria a ser mais comentada emnosso meio “Meu genótipo é HH. Qual o teu?”. “Bluer than velvetwas the night, Boston 2012”, com suas fotos em preto e branco, foio <strong>de</strong>staque visual. O <strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong> <strong>de</strong> abril, com sua capa colorida,foi dos mais difíceis <strong>de</strong> ser feito. Culpa do editor, que resolveuincluir três entrevistas, entre elas “Perfectovir”, a matéria <strong>de</strong> ediçãomais difícil <strong>de</strong> todas as jamais incluídas até então, com um gasto<strong>de</strong> tempo enorme para ajustar todas as questões e perguntas dos10 (pra que tantos, Mário?) entrevistados. Pura dor <strong>de</strong> cabeça. Aocontrário <strong>de</strong> “Cristal Room Baccarat, L’hiver <strong>2013</strong>”, <strong>de</strong>leite visual.No <strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong> <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> <strong>2013</strong>, pela primeira vez mais <strong>de</strong> 30páginas – na verda<strong>de</strong>, 32 – e um tour <strong>de</strong> force para publicar (comosurpresa) uma matéria especial: o casamento <strong>de</strong> Ana CarolinaCardoso <strong>de</strong> Figueiredo-Men<strong>de</strong>s. Mobilização entre os colegas doRio – obrigado, Cristiane Villela, Renata Pérez, Letícia Nabuco, e,sem dúvida, agra<strong>de</strong>cimentos à Sra. Martha Netto, mãe da noiva,que mandou fotos, colaborou - e chorou com a matéria pronta - eàs correspon<strong>de</strong>ntes Leila Pereira e Dominique Muzzillo (sempreela!). Ficou bonito – e foi muito bom <strong>de</strong> fazer. “Today is a goodday to be a great day”, relato sobre Amsterdam <strong>2013</strong>, foi das matériascom maior cuidado visual. Uma explosão <strong>de</strong> laranja, subvertendocom suas fotografias do mundo un<strong>de</strong>rground holandês a72 | <strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong><strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong> | 73


eleza das flores <strong>de</strong> Keukenhof. Não vivemos um momento muitopropício às flores, esta é a verda<strong>de</strong>. Assim, envolvido com i<strong>de</strong>iaspara novas matérias (radar ligado!), o envio <strong>de</strong> muitos e-mails, osconvites ignorados ou não respondidos (e alguns recados <strong>de</strong>saforados!),ou ainda lidando com a cobrança dos prazos, o cliquee a seleção das fotografias e seu <strong>de</strong>morado upload, a correçãodo português alheio, a <strong>de</strong>cisão sobre as capas, a <strong>de</strong>finição sobreas chamadas, com textos que vinham prontos (Daniel Silva, quetalento!) e a edição <strong>de</strong> muitos outros (Helma Cotrim assumiu issono agradável “Monotemático NASH”, ao relatar que, tendo euencomendado um texto <strong>de</strong> 5.000 caracteres, entregou-me ela um<strong>de</strong> 18.000, e, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>u-se conta <strong>de</strong> que “meu artigo não tem nada aver com este novo mo<strong>de</strong>lo do <strong>Boletim</strong>!” – antes <strong>de</strong> alterá-lo, ela própria,exitosa e completamente), passaram-se 4 animados anos, em meioa textos <strong>de</strong>liciosos (Sherlock por Galizzi, o Rio apaixonado <strong>de</strong> AnaPittella, as colaborações afetuosas <strong>de</strong> Helena Cortez-Pinto, HenryCohen, Arun Sanyal e Lotte We<strong>de</strong>meyer, a Noronha vibrante <strong>de</strong>Claudia, o fígado <strong>de</strong>scolado <strong>de</strong> Nathalie e Kátia, o blazer <strong>de</strong> Cristianee Letícia, as luzes e as sombras <strong>de</strong> Dominique, as dicas <strong>de</strong> Ritae Mathil<strong>de</strong>, o exemplo <strong>de</strong> Cirley, os argentinos <strong>de</strong> Paraná, a janelinhado Henrique, a elegância <strong>de</strong> Themis e Ronnie Von, e tantos,tantos outros). Cada arte-final que a Chris me enviava era um filhonascendo. Discutimos amenida<strong>de</strong>s e assuntos sérios, bromélias,hepatites, congressos e jantares. Fomos a encontros <strong>de</strong> Nova Venezaa Berlim, <strong>de</strong> Puerto Iguazú a Boston, Viena, Curitiba, Noronha,Paris, Montevi<strong>de</strong>o, São Paulo. Fugimos <strong>de</strong> vulcões, reclamamos dapolítica nacional, relatamos monotemáticos, reuniões <strong>de</strong> expertos efestas estranhas (com gente muito esquisita), escancaramos nossaDR com a Gastroenterologia, falamos <strong>de</strong> eleições e transplantes,pesquisa e serviços <strong>de</strong> bordo, bailes funk, anabolizantes, médicos<strong>de</strong> Cuba, elastografia, proteases inibidas e praia <strong>de</strong> nudismo. Maisque isso, nós discutimos o <strong>Boletim</strong>. Ele passou a ter vida – váriasvezes ouvi “Isto vai sair no <strong>Boletim</strong>!” ou, mais ainda: “Não vai publicaristo!”. Este último <strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong> sob minha responsabilida<strong>de</strong> – poisé, hora <strong>de</strong> <strong>de</strong>spedida! – o qual o leitor tem às mãos, com suas mais<strong>de</strong> 70 páginas (crescemos, senhores) foi uma <strong>de</strong>lícia <strong>de</strong> projetare fazer. Ouvi muito: “estás per<strong>de</strong>ndo tempo com este <strong>Boletim</strong>! Largaisto!” – tempo foi gasto, admito, e muito, mas não terá sido, <strong>de</strong>forma alguma, um tempo perdido. Obrigado, Paraná. Obrigado,Henrique. Vocês foram presi<strong>de</strong>ntes próximos, mas <strong>de</strong>ixaram o<strong>Boletim</strong> ter vida própria. Foi bom terminar no Rio: meses <strong>de</strong> antecedênciaencomendando textos e dicas, e muitas risadas (minhase não) com o inusitado. Agra<strong>de</strong>cendo aos vários colaboradorescariocas <strong>de</strong>ste volume, bem-humorados e <strong>de</strong> bem com a vida –mestres do “Espírito <strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong>” <strong>de</strong> escrever, agra<strong>de</strong>ço a todosos mais <strong>de</strong> 100 colegas que aten<strong>de</strong>ram a meus convites nestes 4anos. Que este <strong>Boletim</strong> siga vivo, e seja testemunha <strong>de</strong> uma <strong>SBH</strong>cada vez mais forte. Como diria o imortal Ibrahim Sued, “à <strong>de</strong>main,que eu vou em frente”.Raymundo Paraná (BA), Henrique Sérgio Moraes Coelho (RJ), Claudia Oliveira (SP), Mario Pessôa (SP), Hugo Cheinquer (RS), Fabio Marinho (PE), Dominique Muzzillo (PR), LuizGuilherme Lyra (BA), Tania Reuter (ES), Leila Pereira (PE), Angelo Mattos (RS), Carlos Eduardo Brandão-Mello (RJ), Victorino Spinelli (PE), Ana Martinelli (SP), Giovanni FariaSilva (SP), Edna Strauss (SP), Rita Silva (SP), Edison Parise (SP), Rosangela Teixeira (MG), Gilmar Amorim <strong>de</strong> Souza (RN), Cirley Lobato (AC), Flair Carrilho (SP), Suzane KiokoOno (SP), Helena Paschoale (SP), Themis Reverbel da Silveira (RS), Claudio Figueiredo-Men<strong>de</strong>s (RJ), Luiz Augusto Carneiro D’Albuquerque (SP), Paulo Abrão Ferreira (SP), CarlosSandoval Gonçalves (ES), João Galizzi Filho (MG), Dvora Joveleviths (RS), Dida Brasil (SP), Wilson Piazza (MG), Heitor Rosa (GO), Francisco Souto (MT), Alberto Farias SP),Marcelo Costa (DF), Adalgisa Ferreira (MA), Américo <strong>de</strong> Oliveira Silvério (GO), Claudia Ivantes (PR), Cristiane Valle Tovo (RS), Plinio Bernardini (SP), Rodrigo Sebba Aires (GO),Marcelo Simão Ferreira (MG), Matheus Michalczuk (RS), Fernando Gonçales Jr (SP), Celina Lacet (AL), Leila Tojal (AL), Liliana Men<strong>de</strong>s (DF), Cristiane Villela-Nogueira (RJ),Antonio Sparvoli (RS), Luciana Rocha (RO), Lotte We<strong>de</strong>meyer (ALE), Jorge André Segadas (RJ), Maria Lucia Ferraz (SP), Waldir Pedrosa (PB), Fátima Barreto (PE), Daniel Silva(SC), Gesira Florentino (PB), Alex Vianey Callado França (SE), André Lyra (BA), Ana Carolina Cardoso <strong>de</strong> Figueiredo-Men<strong>de</strong>s (RJ), Helma Cotrim (BA), Renata Pérez (RJ), PauloSchwingel (PE), Luciana Kikuchi (SP), Fabio Luiz Waechter (RS), Mario Kondo (SP), Eric Bassetti Soares (MG), Henry Cohen (URU), Agnaldo Soares Lima (MG), José HuygensGarcia (CE), Ilka Boin (SP), Renato Ferreira da Silva (SP), Maria Helena Itaqui Lopes (RS), Renata Leke (RS), Mónica Alvarado-Mora (SP), Christiane Kobal (GO), Guilherme Leite(SP), Hamilton Bonilha (SP), Maria Cássia Men<strong>de</strong>s-Correa (SP), Rosamar Rezen<strong>de</strong> (SP), Eduardo Corrêa da Silva (RS), Alessandro Irigoyen da Costa (RS), Alexandre Padilha (DF),Laís Coutinho (PE), Paulo Almeida (RS), Ismael Maguilnik (RS), Luiz Augusto Borba (SC), Ana Maria Pittella (RJ), Pablo Cohen (URU), Arun Sanyal (EUA), Helena Cortez-Pinto (POR), Guilherme Rezen<strong>de</strong> (RJ), Leticia Nabuco (RJ), Mathil<strong>de</strong> Soares (RJ), Nathalie Carvalho Leite (RJ), Paulo <strong>de</strong> Tarso Aparecida Pinto (RJ), Rita <strong>de</strong> Cássia Passos A. Pinto(RJ), Kátia Telles Nogueira (RJ), Ana Paula Firmino (SP), Michelle Trapaga (RS), Carlos Terra (RJ), Clarice Gdalevici (RJ), Luciana Silva (BA), Jorge Luiz dos Santos (RS), Elisa<strong>de</strong> Carvalho (DF), Paulo Lisboa Bittencourt (BA), Mario Cardoni (RS), Soraia Arruda (RS), Rosana Nothen (RS), José Eymard Me<strong>de</strong>iros Filho (PB), Ana Ruth Araújo (AM), JuanMiguel Salcedo (RO), Thor Dantas (AC), Deborah Crespo (PA), Sergio Pessoa (CE).Obrigado.74 | <strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong><strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong> | 75


| Seção Veias Supra-hepáticas |Faz tão pouco tempo e cáestou me <strong>de</strong>spedindo.Permitam-me que eu levecomigo uma pequena tristeza.Sauda<strong>de</strong> dos bons momentosque passei com todos, do carinhoque recebi quando cheguei emalgum lugar representando a <strong>SBH</strong>.Não fiz tudo que queria, mas quasetudo que pu<strong>de</strong>.Ao fim <strong>de</strong> 2 anos, consigo ver a<strong>SBH</strong> por <strong>de</strong>ntro. Curiosamente écomo conhecer uma pessoa melhor.No início não sabemos bem o quefazer, só havia planos.Foi muito importante o conselhodos presi<strong>de</strong>ntes anteriores.Raymundo Paraná com seu dinamismoadministrativo e tinopolítico, Angelo Mattos com suaprudência e bom senso, e EdnaStrauss com seu amor explícitoa esta <strong>Socieda<strong>de</strong></strong>, foram muitoimportantes em criar um mo<strong>de</strong>lopara minha administração eajudaram-me sobremaneira comseu exemplo prece<strong>de</strong>nte.A meu lado, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início, MariaLucia Ferraz, Jorge Segadase Leticia Nabuco, amigos eirmãos, que ajudaram-me a darum perfil para essa gestão: aEducação Médica. Aceitei todosos convites que me foram feitospara Simpósios, Jornadas, Cursose Congressos que diziam respeito à<strong>SBH</strong>. Não sei a quantos fui, exatamente,mas creio que em torno <strong>de</strong>35. Fora os que inventei. Her<strong>de</strong>i<strong>de</strong> Paraná o gosto pelos Monotemáticos.Criei os SimpósiosRegionais e iniciei pelo Nor<strong>de</strong>stee Centro-Oeste (alô, Parise, vamoscontinuar no Norte?). Os objetivoseram difundir a <strong>Hepatologia</strong> erevelar novos talentos para a <strong>SBH</strong>,e dar oportunida<strong>de</strong> para que asli<strong>de</strong>ranças científicas regionaismostrassem seu trabalho e fossemos conferencistas <strong>de</strong>ssas reuniões.Abri mão do valor das inscrições.Mais importante eram aspresenças.Uma outra invenção, o Fórum doJovem Pesquisador, que, realizadoem São Paulo, foi um sucesso científico:80 trabalhos enviados e 60<strong>de</strong>les apresentados em plenária.Todos os autores principais e osseus orientadores tiveram suas<strong>de</strong>spesas custeadas (passagem ehospedagem). O sucesso eu <strong>de</strong>voao entusiasmo, capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> organizaçãoe rigor científico <strong>de</strong> RenataPérez, Maria Lucia Ferraz e AngeloMattos. Pu<strong>de</strong>mos ver ali nosso<strong>SBH</strong>Henrique Sérgio Moraes Coelho (RJ)DESPEDIDADO PRESIDENTE76 | <strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong><strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong> | 77


futuro científico projetado. Futuroslí<strong>de</strong>res, esses jovens pesquisadoresnos encheram <strong>de</strong> orgulho com suacriativida<strong>de</strong> e elevado teor científico.Nossos alunos, nossos jovens,nos ensinaram, no dizer <strong>de</strong> Keynes“que a verda<strong>de</strong>ira dificulda<strong>de</strong> nãoestá em aceitar i<strong>de</strong>ias novas, masem escapar das i<strong>de</strong>ias antigas”.Creio que precisamos <strong>de</strong> modificaçõesestruturais nas próximasgestões. A socieda<strong>de</strong> e a <strong>Socieda<strong>de</strong></strong>estão mudando. Temos quemo<strong>de</strong>rnizar a <strong>SBH</strong>. Precisamos <strong>de</strong>maior participação dos associados,maior diálogo.Queremosmais opiniões,mais críticas emais sugestões<strong>de</strong> mudança.A Diretoriafica um poucoisolada semsaber se estáindo bem ounão, o queprecisa sercorrigido.Arrependo--me <strong>de</strong> não ter feito no início domandato uma reunião com as li<strong>de</strong>ranças<strong>de</strong> cada Estado - apenaspara ouvir sobre a realida<strong>de</strong> da<strong>Hepatologia</strong> e o que esperavam<strong>de</strong>ste novo Presi<strong>de</strong>nte. Conhecer o<strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> todos, suas expectativas.Nossas assembleias são raras erápidas. Devemos pensar seriamenteem mudar nosso ColégioEleitoral. A <strong>SBH</strong> cresceu. Os titularessão minoria. Precisamosincluir nas discussões os associados,começando por esten<strong>de</strong>ro direito <strong>de</strong> voto para os quitese para aqueles com mais <strong>de</strong> 2anos <strong>de</strong> contribuição. Precisamostambém tornar a Diretoria maiságil, reduzindo o número <strong>de</strong> vice--presi<strong>de</strong>ntes e criando cargos relacionadoscom Ética e Defesa Profissional,Diretor <strong>de</strong> Cursos e umDiretor que representasse a <strong>SBH</strong>nas instâncias superiores, comoCFM, AMB, e Ministérios. Tive asorte <strong>de</strong> ter uma Vice-Presi<strong>de</strong>ntecomo Maria Lucia Ferraz, semprecolaborativa e extremamenteeficiente como professora e pesquisadora.Com sua simplicida<strong>de</strong>,companheirismo e bom-senso,ajudou-me em diversos momentos<strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão.O último ano foi <strong>de</strong> entrega totalà organização do Congresso. Aogrupo diretor inicial juntaram--se Mário Reis Álvares-da-Silva,Edna Strauss, Renata Pérez, JoãoLuiz Pereira e Fernando Portela,que com entusiasmo, experiênciae rigor científico construíram oPrograma Científico, que esperovenha agradar a todos .Agra<strong>de</strong>ço a Mário Reis a suaimportante contribuição comoEditor do nosso <strong>Boletim</strong>. Eleimprimiu uma marca jornalísticaao <strong>Boletim</strong> e, com muita criativida<strong>de</strong>,abordou os assuntos quediziam respeito à <strong>Hepatologia</strong>.Suas entrevistas, suas fotos, e aescolha a<strong>de</strong>quada dos redatoresencheram <strong>de</strong> alegria nossa publicação.Aprendi com Rubem Alves(olha ele <strong>de</strong> novo) que “a alegria émuito maior que o prazer. O prazeré coisa humana, <strong>de</strong>liciosa, mas écriatura do primeiro olho, on<strong>de</strong>moram as coisas do tempo, logoefêmeras. A alegria, ao contrário,é criatura do segundo olho, dascoisas eternas que permanecem.”Fique com a alegria e continue adividi-la conosco.Bem, a sauda<strong>de</strong> também po<strong>de</strong> seralegre ou triste. Triste, quandoarrancam <strong>de</strong> nós uma parte oualguém que amamos, e alegreporque permite o reencontro.Sentirei sauda<strong>de</strong>s dos 500 e-mailsmensais, dos convites, das viagense até dos editoriais que tive queescrever (afinal <strong>de</strong> contas, Mário,este eu tenhoque entregaramanhã). Nãoobe<strong>de</strong>cereisua sugestão<strong>de</strong> fotos, poisnão as guar<strong>de</strong>icomigo. Ficarame pertencemaos que mefotografaram.Curiosamentenão pensei emdocumentarminha trajetória pelo Brasil comfotos, mas talvez possam te enviarse pedires ou talvez Ana Paulaas tenha. Para falar a verda<strong>de</strong>, àsvezes até fugi das fotos. Talvez atépara não sentir sauda<strong>de</strong>s e <strong>de</strong>ixar apossibilida<strong>de</strong> do reencontro.Agra<strong>de</strong>ço a todos os associados ahonra <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r representá-los. Ofiz com muito orgulho. Acreditoque com a Educação ainda po<strong>de</strong>remosmudar o mundo, torná--lo mais habitável, mais humano ,mais fraterno. Eu espero que cadaum <strong>de</strong> nós em seu Estado possaser um agente <strong>de</strong>ssas mudanças.Agra<strong>de</strong>ço os momentos felizesque tive com vocês. Volto embreve para as coisas que <strong>de</strong>ixeipor alguns momentos. Volto com abagagem cheia, mas com olhos <strong>de</strong>criança que quer muito apren<strong>de</strong>r.Por fim, apenas uma coisa, comodisse Quintana: se me esquecerem,esqueçam <strong>de</strong>vagarinho… •78 | <strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong><strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong> | 79


| Seção Esteatose Hepática |NOVAS PROPOSTASVELHAS PROPOSTAS?Edison Parise (SP)Sempre que alguém secandidata a algum posto <strong>de</strong>comando, imediatamentebusca novas alternativas,preencher lacunas e inovar em algo.Não po<strong>de</strong>ria ser diferente. É issoque impulsiona o crescimento e abusca da perfeição no ser humano.Mas, esquecer o passado e o que elenos trouxe <strong>de</strong> ensinamento e aquisiçõesé estar fadado ao erro, comobem mostra nossa realida<strong>de</strong> política.Assim, antes <strong>de</strong> qualquer planonovo, é essencial que mantenhamoso que já conseguimos e só, para citaralgumas realizações dos Presi<strong>de</strong>ntesque me antece<strong>de</strong>ram: o CongressoLuso-Brasileiro, as reuniões <strong>de</strong>conduta ou <strong>de</strong> expertos, o fórumjovem cientista e tantas outrasiniciativas. Manter a luta pelo reconhecimentocomo Especialida<strong>de</strong>,reafirmando e estabelecendo ResidênciasMédicas em <strong>Hepatologia</strong>,<strong>de</strong>ve vir agregada a apoio, divulgaçãoe reconhecimento dos centros<strong>de</strong> excelência em pesquisa e ensinoem <strong>Hepatologia</strong>. Forma única <strong>de</strong>estabelecermos nossa i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>.Dentro <strong>de</strong>ssa i<strong>de</strong>ia, buscar o fortalecimento<strong>de</strong> encontros, congressos ejornadas regionais (dos que já existiame outros iniciados na gestãoda atual Diretoria) patrocinados ouapoiados oficialmente pela <strong>SBH</strong>,através da extensão da i<strong>de</strong>ia paraoutros centros regionais (regiõesNorte e Sul) e, principalmente,incluindo em todos esses encontrosreuniões <strong>de</strong> “Gui<strong>de</strong>lines “da<strong>Socieda<strong>de</strong></strong>. Nada <strong>de</strong> novo, apenasa mescla <strong>de</strong> duas i<strong>de</strong>ias já aplicadasem outras Diretorias.Novas ambições? Sim, várias!!! Ofortalecimento do nome da <strong>Socieda<strong>de</strong></strong>e do Hepatologista na <strong>Socieda<strong>de</strong></strong>,através <strong>de</strong> uma campanhapublicitária que busca através dainternet e outros meios <strong>de</strong> mídiadivulgar as três doenças maisprevalentes em nossa prática diária:hepatite C, doença hepática gordurosanão alcoólica e doença hepáticaalcoólica, sempre vinculandoas informações da doença à <strong>Hepatologia</strong>e ao hepatologista (e aproveitopara fazer aqui um apelo paraque os hepatologistas atualizem seucadastro na <strong>SBH</strong>). Através <strong>de</strong>sseplano também buscamos maiorproximida<strong>de</strong> com o público leigoe associações <strong>de</strong> pacientes paraações conjuntas e maior interaçãocom Especialida<strong>de</strong>s afins em busca<strong>de</strong> divulgação das doenças hepáticase da <strong>Hepatologia</strong>. Paralelamentea essa ação <strong>de</strong> divulgação,ações concretas para aumentar diagnósticoe acessibilida<strong>de</strong> para o diagnósticoe tratamento das doençashepáticas, estimulando crescimentodos centros <strong>de</strong> hepatologia no atendimento<strong>de</strong>ssas enfermida<strong>de</strong>s e comintercâmbios nacionais, treinamento<strong>de</strong> equipe multidisciplinar, entreoutras ações.Também transformar a <strong>SBH</strong> emagenciadora ou estimuladora <strong>de</strong>pesquisas nacionais e internacionais,através do cre<strong>de</strong>nciamento<strong>de</strong> centros <strong>de</strong> pesquisas em nossomeio e sua divulgação junto aosórgãos <strong>de</strong> fomento à pesquisa e àIndustria Farmacêutica. Ampliara atuação do Congresso Brasileiro,esten<strong>de</strong>ndo sua abrangência paraa América Latina, trazer curso <strong>de</strong>pós-graduação internacional, sãoalgumas das novas i<strong>de</strong>ias. Todasessas ações requerem um conjunto<strong>de</strong> medidas que não caberiamnesse espaço, mas que nós procuraremosexpor durante a posse daDiretoria. Até lá fica a pergunta:Chegaremos lá? Cumpriremostodo esse i<strong>de</strong>ário? Talvez a melhorresposta seja a <strong>de</strong> Jeremy Irons :«Todos nós temos nossas máquinas<strong>de</strong> tempo. Algumas nos levam <strong>de</strong>volta, elas são chamadas recordações.Algumas nos levam adiante,elas são chamadas sonhos.» Ou a <strong>de</strong>Marcel Proust: «Se sonhar um poucoé perigoso, a solução não é sonharmenos e sim sonhar mais.» •80 | <strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong><strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong> | 81


| Seção Zona 3 |“Sê perfeito em tudo que fizer<strong>de</strong>s”, Cida e Martinho.Nova diretoria da <strong>SBH</strong> se reuniu no fim <strong>de</strong> agosto emSão Paulo. Edison Parise coor<strong>de</strong>nou os trabalhos. Foco naeducação.Programação <strong>de</strong> fígado da SBAD em Goiânia, em novembropróximo, não está pequena. A FBG, li<strong>de</strong>rada por José Roberto<strong>de</strong> Almeida, incluiu na gra<strong>de</strong> científica vários tópicos em<strong>Hepatologia</strong>. Carlos Eduardo Brandão Mello, Leila BeltrãoPereira, Henrique Sérgio Moraes Coelho, Angelo Mattos eRodrigo Sebba Aires são alguns dos palestrantes, entre outrosnomes <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque da <strong>Hepatologia</strong> nacional. Confira no sitea lista completa.Escola Clínica <strong>de</strong> <strong>Hepatologia</strong>: Edna Strauss, Flair Carrilho,Venâncio Alves, Monica Viana e Maria Lucia Ferraz, entreoutros, fizeram um gran<strong>de</strong> tour pela cirrose durante todo oterceiro sábado do mês <strong>de</strong> agosto, em São Paulo. Promoçãoda APEF, li<strong>de</strong>rada por Giovanni Faria Silva.Seguem chegando os e-mails com convites para pesquisassobre Hepatite C (“Fundo do Poço – Pesquisa em HepatiteC”- <strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong> junho <strong>2013</strong>). As ofertas seguem muito tentadoras.Impressionante! Haga click aqui! – diz a mais recente,que retribui com tentadores 40 dólares a colaboração médica.UEG Week em Berlim, no mês <strong>de</strong> outubro, o maiorcongresso europeu <strong>de</strong> Gastroenterologia, com mais <strong>de</strong>14.000 participantes, traz extensa programação <strong>de</strong>dicada àsdoenças do fígado. A <strong>Hepatologia</strong> brasileira está presente:são 4 os palestrantes nacionais, entre eles Raymundo Paraná.Confira no site a programação completa do encontro dooutono europeu.Agosto terminou com o III FITx – Fórum Internacional <strong>de</strong>Transplantes do Aparelho Digestivo, em São Paulo. JanLerut, Nigel Heaton, Milan Zoka, Michael Heneghan eRodrigo Vianna juntaram-se aos principais nomes do país nadiscussão aprofundada dos transplantes, sob a coor<strong>de</strong>nação<strong>de</strong> Luiz Augusto Carneiro D’Albuquerque.WGO Porto Alegre Hepatology Training Center, noHospital <strong>de</strong> Clínicas <strong>de</strong> Porto Alegre, completa 1 ano emnovembro próximo. O centro <strong>de</strong> treinamento já recebeumais <strong>de</strong> 80 médicos <strong>de</strong> todas as regiões brasileiras. DeAlegrete a Manaus, <strong>de</strong> Passo Fundo a São Luís, passandopor Foz do Iguaçu, Blumenau, Vitória, Campo Gran<strong>de</strong>,Belém, Brasília, Rio <strong>de</strong> Janeiro, Botucatu e São Paulo, entremuitas outras cida<strong>de</strong>s brasileiras, cumprindo sua meta<strong>de</strong> educação continuada <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> em <strong>Hepatologia</strong>.Em novembro, o primeiro treinando do exterior, RosarioMayorga, <strong>de</strong> Lima, Peru. Para 2014, já confirmado o Curso<strong>de</strong> Patologia Hepática – em conjunto com a Universida<strong>de</strong><strong>de</strong> Lisboa e a Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, vencedora doconcurso interno dos centros <strong>de</strong> treinamento em todo omundo na Campanha WGO TC Special Funding 2014.A Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Ciências da Saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> PortoAlegre realizou concurso para Professor em Gastropediatria,no mês <strong>de</strong> agosto. Somado ao concurso realizado em2012 para provimento <strong>de</strong> cargos na área <strong>de</strong> Gastroenterologia<strong>de</strong> adultos, são 3 as novas professoras da universida<strong>de</strong>:Cristiane Valle Tovo, Gabriela Coral e Cristina TargaFerreira.Dominique Muzzillo já está preparando o Workshop Internacional<strong>de</strong> Atualização em <strong>Hepatologia</strong>, entre 29 e 30 <strong>de</strong>agosto <strong>de</strong> 2014, em Curitiba.A Profa. Sandra Vieira, da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do RioGran<strong>de</strong> do Sul, informa no Facebook: são onze os candidatosinscritos para o disputado concurso público para aUnida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Gastroenterologia Pediátrica do Hospital <strong>de</strong>Clínicas <strong>de</strong> Porto Alegre.VI Joint Meeting Liver & IBD volta ao exterior em 2014.Entre 3 e 6 <strong>de</strong> agosto, Montevidéu, Uruguai, em plena PlazaIn<strong>de</strong>pendéncia. Reserve espaço na agenda!“O time da VRA+ compartilha do mesmo sentimento.Também ficamos muito satisfeitos com o resultado. Repassareios elogios ao diretor <strong>de</strong> arte Ricardo Itsuo, que fazcom empenho e carinho a diagramação da revista <strong>SBH</strong><strong>de</strong>s<strong>de</strong> sua 1ª edição. Obs.: saiba que você tem alguns fãspor aqui, e uma <strong>de</strong>las é a revisora que fica sempre muitofeliz quando recebe a revista para revisar. Adora seustextos“ – esta a mensagem afetuosa recebida <strong>de</strong> ChrisTaranto pelo editor, em pleno domingo, no fechamento darevisão do primeiro layout <strong>de</strong>ste <strong>Boletim</strong> que o leitor agoratem em mãos. Foi assim que este <strong>Boletim</strong> foi feito <strong>de</strong>s<strong>de</strong>2010: com a <strong>de</strong>dicação e o entusiasmo <strong>de</strong> todos os envolvidos.Obrigado, Chris.Este editor se <strong>de</strong>spe<strong>de</strong> e <strong>de</strong>seja, firmemente, que este<strong>Boletim</strong> siga sendo um canal <strong>de</strong> comunicação vivo <strong>de</strong>ntroda <strong>SBH</strong>!82 | <strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong><strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong> | 83


Experiênciacom resultadoscomprovados. 1,2REFERÊNCIAS: 1) Awad T, Thorlund K, Hauser G, Stimac D, Mabrouk M, Gluud C. Peginterferon alpha-2a is associated with higher sustained virological response than peginterferon alfa-2b in chronic hepatitis C: systematic reviewof randomized trials. Hepatology 2010;51(4):1176-84. 2) Zeuzem S. Interferon-based therapy for chronic hepatitis C: current and future perspectives. Nature Clinical Practice Gastroenterology & Hepatology 2008;5(11):610-22.CONTRAINDICAÇÕES: é contraindicado em pacientes com hipersensibilida<strong>de</strong> conhecida às alfainterferonas. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS: Ouso concomitante <strong>de</strong> teofilina <strong>de</strong>ve ser monitorado e ajustado.Pegasys ® (alfapeginterferona 2a) – Caixa com 1 seringa preenchida <strong>de</strong> 180mcg em 0,5 ml. – USO ADULTO – Composição: alfapeginterferona 2a – Indicações: tratamento das hepatitescrônicas B e C em pacientes não cirróticos e cirróticos com doença hepática compensada; tratamento da hepatite crônica C em pacientes co-infectados com o vírus HIV e retratamentoda hepatite crônica C em pacientes que falharam em obter resposta virológica sustentada, após tratamento prévio com alfainterferona ou alfapeginterferona, combinada ou não àribavirina. – Contra- indicações: hipersensibilida<strong>de</strong> conhecida ao interferon alfa, a produtos <strong>de</strong>rivados <strong>de</strong> Escherichia coli, ao polietilenoglicol ou a qualquer componente do produto.Hepatite autoimune, cirrose <strong>de</strong>scompensada ou escore <strong>de</strong> Child-Pough ≥6 (exceto se <strong>de</strong>vido somente a hiperbilirrubinemia indireta causada por medicamentos), neonatos e crianças até3 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. A combinação Pegasys ® / ribavirina não <strong>de</strong>ve ser usada em mulheres grávidas ou durante a lactação. Consulte também a bula da ribavirina. – Precauções e Advertências:interação medicamentosa com a teofilina é observada; <strong>de</strong>sta forma, <strong>de</strong>ve-se monitorar a teofilina sérica e ajustar suas doses nos pacientes que receberam teofilina e alfapeginterferona 2aconcomitante. Pancitopenia e supressão da medula óssea reversíveis foram relatados entre 3 e 7 semanas após a administração concomitante <strong>de</strong> ribavirina e azatioprina com resolução apósa suspensão dos tratamentos. Mulheres em ida<strong>de</strong> fértil <strong>de</strong>vem usar contracepção eficaz e segura durante a terapia. Uso na lactação não recomendado. Realizar exames oftalmológicos sealterações visuais ocorrerem. Descontinuar no caso <strong>de</strong> hipersensibilida<strong>de</strong>, alterações pulmonares ou disfunção hepática. Precaução em pacientes com doenças autoimunes e monitorização<strong>de</strong> sintomas <strong>de</strong> <strong>de</strong>pressão, <strong>de</strong> doença cardíaca e dos hormônios da tireói<strong>de</strong>. Usar com precaução quando associado a agentes mielossupressores e em pacientes com neutrófilos na linhabasal < 1500 células/mm3, plaquetas < 75.000 células/mm3 ou hemoglobina

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