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As diferenças de competitividade entre o litoral e o interior português

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50 GestãoO presente trabalho <strong>de</strong>bruça-se sobre a presença <strong>de</strong> competitivida<strong>de</strong> nas regiõesdo <strong>interior</strong> <strong>português</strong>. Com recurso à construção <strong>de</strong> um Índice <strong>de</strong> Competitivida<strong>de</strong>das Cida<strong>de</strong>s, inspirado em Porter (2000), constata-se que as dimensões<strong>de</strong>mográfica, emprego e <strong>de</strong> conforto são aquelas que oferecem valoresmais competitivos associados às regiões do <strong>interior</strong> <strong>português</strong>.<strong>As</strong> <strong>diferenças</strong><strong>de</strong> competitivida<strong>de</strong><strong>entre</strong> o <strong>litoral</strong>eo<strong>interior</strong> <strong>português</strong>*Por Paulo Reis Mourão e Júlio Miguel Coelho BarbosaPaulo Reis Mourão• Departamento <strong>de</strong> Economiada Universida<strong>de</strong> do Minho;Núcleo <strong>de</strong> Investigaçãoem Política Económica – UMJúlio Miguel Coelho Barbosa• Finalista da Licenciaturaem Economia da Universida<strong>de</strong>do MinhoOs índices sintéticos, são um bommedidor do social, pois permitemnosretirar características sobre <strong>de</strong>terminadaregião.O presente trabalho <strong>de</strong>senvolve uma investigaçãorecente sobre a diferença <strong>de</strong> competitivida<strong>de</strong>em duas áreas distintas do território<strong>português</strong>, o <strong>litoral</strong> e o <strong>interior</strong>, e preten<strong>de</strong>aferir sobre as dimensões mais competitivasem cada um dos espaços.Definição <strong>de</strong> competitivida<strong>de</strong> em sentido latoChudnovsky e Porta (1990), propõem doisenfoques para <strong>de</strong>finir competitivida<strong>de</strong>: o enfoquemicroeconómico e o enfoque macroeconómico.No enfoque microeconómico, estão as <strong>de</strong>finições<strong>de</strong> competitivida<strong>de</strong> centradas sobre aempresa. São as <strong>de</strong>finições que associam acompetitivida<strong>de</strong> à “aptidão <strong>de</strong> uma empresano projecto, produção e vendas <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminadoproduto em relação aos seus concorrentes”.No enfoque macroeconómico, competitivida<strong>de</strong>po<strong>de</strong> ser entendida como “a capacida<strong>de</strong><strong>de</strong> economias nacionais apresentaremcertos resultados económicos”.Continuando na mesma linha <strong>de</strong> estudo, po<strong>de</strong>mosseparar o conceito <strong>de</strong> competitivida<strong>de</strong>em duas famílias <strong>de</strong> acordo com Heguenauer(1989):– Competitivida<strong>de</strong> como <strong>de</strong>sempenho, emque a competitivida<strong>de</strong> é, <strong>de</strong> alguma forma,expressa na participação no mercado(market-share) alcançada por uma empresa,num <strong>de</strong>terminado mercado em <strong>de</strong>terminadomomento <strong>de</strong> tempo.– Competitivida<strong>de</strong> como eficiência, on<strong>de</strong> sepreten<strong>de</strong> traduzir a competitivida<strong>de</strong> através<strong>de</strong> uma relação matéria-prima – produto,ou seja, a capacida<strong>de</strong> da empresatransformar matérias-primas em produtos,com o máximo <strong>de</strong> rendimento.Para os que advogam a versão <strong>de</strong>sempenho,competitivida<strong>de</strong> como um fenómeno expost,é o resultado <strong>de</strong> um vasto conjunto <strong>de</strong>factores, <strong>de</strong>ntro dos quais a eficiência produtivaé apenas mais um factor e nem sempreo mais importante.Para os que seguem a vertente eficiência, acompetitivida<strong>de</strong> é um fenómeno ex-ante, istoé, um método <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho realizado pelasempresas que se traduz nas técnicas por elaspraticadas. O <strong>de</strong>sempenho no mercado é, nestecaso, uma consequência da competitivida<strong>de</strong>.


TOC Janeiro 2006 #7051A competitivida<strong>de</strong> das regiõesInternamente, existe <strong>entre</strong> o <strong>litoral</strong> e o <strong>interior</strong>um diferencial <strong>de</strong> competitivida<strong>de</strong>, cuja imagemtradicional é em favor do primeiro espaço.Porém, até que ponto é que as cida<strong>de</strong>s do <strong>interior</strong>po<strong>de</strong>m convergir com as do <strong>litoral</strong>? Po<strong>de</strong>r-se-ácomeçar por “recusar esses espaços(<strong>interior</strong>) como marginais e adoptar uma visão<strong>de</strong>sses espaços, como espaços <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s”(MEPAT, 1998).É pertinente aferir o real alcance do conceito <strong>de</strong>cida<strong>de</strong>, no que concerne ao território <strong>português</strong>.Segundo a 158.ª Deliberação do ConselhoSuperior <strong>de</strong> Estatística, <strong>de</strong> 3 <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong>1998, publicada no Diário da República, II.ª Série,<strong>de</strong> 11/09/1998 e complementada pela 185.ªDeliberação do Conselho Superior <strong>de</strong> Estatística,<strong>de</strong> 15 <strong>de</strong> Março <strong>de</strong> 2000, publicada no Diárioda República, II.ª Série, <strong>de</strong> 17/04/2000 éconsi<strong>de</strong>rada freguesia urbana, toda aquela quepossua uma <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> populacional superior a500 habitantes / quilómetro quadrado ou queintegre um lugar com população resi<strong>de</strong>nte superiorou igual a 5 000 habitantes.Em Portugal, a elevação dos lugares à categoria<strong>de</strong> cida<strong>de</strong> (e <strong>de</strong> vila), é <strong>de</strong>cidida na <strong>As</strong>sembleiada República, à luz do art. 13.ª da lei 11/82<strong>de</strong> 2 <strong>de</strong> Junho: uma vila só po<strong>de</strong> ascen<strong>de</strong>r à categoria<strong>de</strong> cida<strong>de</strong> quando conte com um número<strong>de</strong> eleitores, em aglomerado populacionalcontínuo, superior a 8000, e possua, pelomenos meta<strong>de</strong> dos seguintes equipamentos colectivos:a) instalações hospitalares com serviço <strong>de</strong> permanência.b) farmácias.c) corporação <strong>de</strong> bombeiros.d) casa <strong>de</strong> espectáculos.e) museu e biblioteca.Clusters1.ª cida<strong>de</strong>2.ª cida<strong>de</strong>Cida<strong>de</strong>s Médiasem Forte CrescimentoCida<strong>de</strong>s Médiasem Fraco Crescimentoou EstagnadasCida<strong>de</strong>s em DeclínioFonte: Men<strong>de</strong>s (1999)f) instalações <strong>de</strong> hotelaria.g) estabelecimento <strong>de</strong> ensino preparatório e secundário.h) estabelecimento <strong>de</strong> ensino pré-primário e infantários.À luz do programa NUT II – Região Centro <strong>de</strong>Portugal, foi publicado um artigo (Carvalho eSequeira, 1999) on<strong>de</strong> são analisados os objectivosfulcrais para o <strong>de</strong>senvolvimento das cida<strong>de</strong>s.Os resultados obtidos salientam que as cida<strong>de</strong>sdo <strong>interior</strong> com maiores índices populacionaispo<strong>de</strong>rão ter as características para essaconvergência. <strong>As</strong> cida<strong>de</strong>s médias do <strong>interior</strong>,tendo por base o número <strong>de</strong> população resi<strong>de</strong>nte,têm alguns benefícios em relação aoscentros urbanos mais pequenos <strong>de</strong>sse espaço,já que têm uma maior dimensão <strong>de</strong> aglomeração– escala, qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida, intensida<strong>de</strong><strong>de</strong> fluxos, comércio e serviços, po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> comprae fontes <strong>de</strong> informação.Por outro lado, em relação às gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>sdo <strong>litoral</strong>, ainda não sentiram os efeitos <strong>de</strong> umcrescimento económico <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nado e poucosustentado, que provocou naquelas cida<strong>de</strong>s,poluição, congestionamento rodoviário, altosníveis <strong>de</strong> criminalida<strong>de</strong> e processos <strong>de</strong> marginalizaçãoe <strong>de</strong>gradação urbana.É uma abordagem centrada na população e nasfunções urbanas, que acentua os aspectos qualitativosem <strong>de</strong>trimento dos gran<strong>de</strong>s agregadosquantitativos económicos.Para compreen<strong>de</strong>r os factores que estão na baseda diferença <strong>de</strong> competitivida<strong>de</strong> <strong>entre</strong> as regiões,teremos em linha <strong>de</strong> conta um outro estudorealizado por José Men<strong>de</strong>s, em 1999 –“On<strong>de</strong> viver em Portugal”, que engloba as dimensõesclima, criminalida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>semprego, habitação,mobilida<strong>de</strong>, património, po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>compra, poluição, serviços e em que se hierarquizamcinco clusters:Quadro 1 – Clusters <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s e pontos fortes e fracosCida<strong>de</strong>sPontos FortesDesemprego (1.ª),Lisboapo<strong>de</strong>r <strong>de</strong> compra (1.ª),património (1ª), serviços (1.ª)e clima (1.ª)PortoPo<strong>de</strong>r <strong>de</strong> compra (2.ª),serviços (2.ª) e património (2.ª)Clima (2.ª), habitação (2.ª),mobilida<strong>de</strong> (1.ª) e <strong>de</strong>semprego (2.ª)Criminalida<strong>de</strong> (2.ª), <strong>de</strong>semprego (3.ª),mobilida<strong>de</strong> (2.ª), habitação (1.ª)e poluição (2.ª)Aveiro, Braga, Faro,Leiria, Setúbal e ViseuBragança, Castelo Branco,Coimbra, Évora, Guarda, Santarém,Viana do Castelo e Vila RealBeja e PortalegrePoluição (1.ª) e criminalida<strong>de</strong> (1.ª)Pontos FracosMobilida<strong>de</strong> (5.ª),habitação (5.ª)e poluição (5.ª)Desemprego (4.ª), poluição (4.ª)e habitação (4.ª)Criminalida<strong>de</strong> (5.ª), património (4.ª)e serviços (5.ª)Po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> compra (4.ª)e clima (4.ª)Desemprego (5.ª), po<strong>de</strong>r compra (5.ª),mobilida<strong>de</strong> (4.ª), patrim (5.ª) e clima (5.ª)Gestão


52 GestãoFazendo a comparação das vantagens competitivasbaseadas na análise às dimensõesmencionadas po<strong>de</strong>mos concluir que:I – <strong>As</strong> cida<strong>de</strong>s do <strong>litoral</strong> apresentam vantagensabsolutas em relação às dimensões<strong>de</strong>semprego, po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> compra e clima eas cida<strong>de</strong>s do <strong>interior</strong> apresentam vantagensabsolutas nas dimensões criminalida<strong>de</strong>,poluição e custo da habitação.II – <strong>As</strong> cida<strong>de</strong>s do <strong>interior</strong> apresentam vantagensrelativas nas dimensões património,mobilida<strong>de</strong> e serviços.Para uma actualização dos trabalhos <strong>de</strong>Men<strong>de</strong>s (1999) e <strong>de</strong> Carvalho e Sequeira(1999) impõe-se a necessida<strong>de</strong> da revisão<strong>de</strong>sses esforços, conjugando as diversas dimensõesdo conceito <strong>de</strong> competitivida<strong>de</strong>num indicador individual final. A secção seguintevisa respon<strong>de</strong>r a essa necessida<strong>de</strong>.Método alternativo <strong>de</strong> avaliaçãoda competitivida<strong>de</strong><strong>As</strong>sim, na esteira do que anteriormente foi<strong>de</strong>finido e <strong>de</strong> acordo com Porter (2000) ecom a instituição Beacon Hill Institute(2004), po<strong>de</strong>mos con<strong>de</strong>nsar as <strong>de</strong>finições <strong>de</strong>competitivida<strong>de</strong> territorial como a qualida<strong>de</strong><strong>de</strong> um espaço quando reúne políticas e condiçõeslocais que sustentem um nível elevado<strong>de</strong> rendimento per capita e respectivocrescimento.Portanto, parte-se da tradicional relaçãoY=f (K,L,Tecnologia)On<strong>de</strong> Y representa o nível <strong>de</strong> output, K o nível<strong>de</strong> Capital e L a dimensão laboral. Ocrescimento <strong>de</strong> K, L e do nível tecnológicopromove per si o crescimento <strong>de</strong> Y. <strong>As</strong>sim,um espaço competitivo será aquele que asseguraessencialmente o crescimento dosinputs (K, L e Tecnologia).Nesta sequência, com base em Porter(2000), houve o recurso prévio à análise factorial.Desta forma, a partir das variáveis associadasàs cida<strong>de</strong>s portuguesas oriundasdo documento “Atlas das Cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Portugal”,do ano <strong>de</strong> 2002, foram criados os quatrosub-índices seguintes:– sub-índice <strong>de</strong> competitivida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mográfica,composto pelas variáveis: Densida<strong>de</strong>Populacional, Taxa <strong>de</strong> Crescimento Populacional,Ida<strong>de</strong> Média dos Resi<strong>de</strong>ntes(*),Esperança Média <strong>de</strong> Vida, Taxa <strong>de</strong> Mortalida<strong>de</strong>Infantil(*) e Percentagem da Recolha<strong>de</strong> Resíduos Sólidos Urbanos;– sub-índice <strong>de</strong> competitivida<strong>de</strong> laboral,composto pela Taxa <strong>de</strong> Desemprego(*), dimensãoLaboral das Empresas e Número <strong>de</strong>Empresários em Nome Individual(*);– sub-índice <strong>de</strong> competitivida<strong>de</strong> empresarial,formado pelas variáveis: Volume <strong>de</strong>Negócios no Comércio, Capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>Alojamento Média nos EstabelecimentosHoteleiros, Taxa Bruta <strong>de</strong> Ocupação daCama, Licenças para Construções Novas,Licenças para Habitação e Visitantes porMuseu;– e sub-índice <strong>de</strong> competitivida<strong>de</strong> no conforto,composto pelas variáveis: Pessoaspor Alojamento(*), Divisões por Alojamento,Alojamentos sem pelo menos umaInfra-estrutura Básica(*), Alojamentos FamiliaresVagos(*) e Edifícios ExclusivamenteResi<strong>de</strong>nciais.A criação <strong>de</strong>stes sub-índices a partir das variáveisobe<strong>de</strong>ce a três passos:1.º) cada variável foi normalizada <strong>de</strong> modoa ser multiplicada por um factor comuma todas as cida<strong>de</strong>s que produzisse uma distribuição(da variável) cujo <strong>de</strong>svio-padrãofosse <strong>de</strong> 1 e, em seguida, o valor encontradopara cada cida<strong>de</strong> foi adicionado <strong>de</strong>uma constante para que finalmente a variável(cuja distribuição apresentava já um<strong>de</strong>svio unitário) tivesse também uma média<strong>de</strong> 5. <strong>As</strong>sim, os valores ficaram comprimidosnum intervalo <strong>entre</strong> 0 (observaçõesínfimas) e 10 (observações supremas).2.º) em seguida, cada sub-índice resultouda média pon<strong>de</strong>rada das variáveis componentes;ressalva-se, no entanto, que asvariáveis caracterizadas acima por um asterisco(*),representando o seu crescimentoperda <strong>de</strong> competitivida<strong>de</strong>, tiveramas suas observações reor<strong>de</strong>nadas, passandoa ser caracterizadas pela diferença<strong>entre</strong> 10 e o valor primitivo (por exemplo,<strong>de</strong>terminada cida<strong>de</strong> tinha um valorassociado à taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego <strong>de</strong> 7,60– traduzindo um valor acima da média e,portanto, perda <strong>de</strong> competitivida<strong>de</strong> – lo-


TOC Janeiro 2006 #7053go passou a ter associado o valor <strong>de</strong> 2,40– igual à diferença <strong>entre</strong> 10 e 7,60).3.º) Por último, os sub-índices resultantesdo passo anterior foram normalizados peloprocesso apontado no primeiro passo(<strong>de</strong> modo a <strong>de</strong>volverem <strong>de</strong>svios <strong>de</strong> 1 emédias <strong>de</strong> 5).A média aritmética dos quatro sub-índices<strong>de</strong> competitivida<strong>de</strong> produziu o Índice<strong>de</strong> Competitivida<strong>de</strong> das Cida<strong>de</strong>s (ICC).Também os valores finais <strong>de</strong>ste índice resultamnum valor médio <strong>de</strong> 5 e num <strong>de</strong>svio-padrão<strong>de</strong> 1, segundo o processo <strong>de</strong>normalização acima sugerido.Recorreu-se ao conceito <strong>de</strong> “cida<strong>de</strong> representativa”(1 ) <strong>de</strong> modo a que, partindodas cida<strong>de</strong>s capitais <strong>de</strong> distrito administrativoem Portugal, se afira a competitivida<strong>de</strong>do espaço envolvente. Para efeitos<strong>de</strong> <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> <strong>interior</strong> e <strong>litoral</strong>, recorreu-seà tradicional <strong>de</strong>finição geográficaque coloca como “<strong>interior</strong>” o território<strong>português</strong> a leste dos 8 graus Oeste(por Greenwich) exceptuando o territórioalgarvio. O remanescente território, a oci<strong>de</strong>ntedos 8 graus Oeste e o Algarve, foiconsi<strong>de</strong>rado “<strong>litoral</strong>”.O Quadro 2 apresenta o resultado dosquatro sub-índices <strong>de</strong> competitivida<strong>de</strong>assim como o Índice <strong>de</strong> Competitivida<strong>de</strong>das Cida<strong>de</strong>s resultante.<strong>As</strong> cida<strong>de</strong>s capitais <strong>de</strong> distrito do <strong>interior</strong> conseguem aindater alguma supremacia nos campos da competitivida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mográficae empresarialSe quisermos compreen<strong>de</strong>r quais as dimensõesmais competitivas das cida<strong>de</strong>s catalogadas como“<strong>interior</strong>”, teremos que observar os valoresrelativos às médias dos dois grupos. <strong>As</strong>sim, apesar<strong>de</strong> termos competitivida<strong>de</strong> associada ao “<strong>interior</strong>”em três das quatro dimensões (<strong>de</strong>mográfica,empresarial e <strong>de</strong> conforto) é nesta últimadimensão que resi<strong>de</strong> a maior vantagem paraas cida<strong>de</strong>s do “<strong>interior</strong>”.Outra observação diz respeito aos valoresextremamente mo<strong>de</strong>stos <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s historicamenterelevantes, como são os exemplosdo Porto, Braga e Faro, respectivamente, noÍndice geral (ICC), com os 18.º, 15.º e 16.ºlugares, que nos sugere que estas áreas po<strong>de</strong>mestar a assimilar perdas sucessivas <strong>de</strong>competitivida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>vido sobretudo às posiçõesinferiores que ocupam nas variáveisTaxa <strong>de</strong> Mortalida<strong>de</strong> Infantil, Esperança Média<strong>de</strong> Vida e Alojamentos Familiares Vagos.Verificam-se, finalmente, vantagens competitivasremanescentes nas zonas litorais eque se relacionam com o padrão laboral, associado,eminentemente, a um maior número<strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> trabalho em gran<strong>de</strong>sunida<strong>de</strong>s produtivas.Quadro 2 – Sub-Índices e Índice <strong>de</strong> Competitivida<strong>de</strong> das Cida<strong>de</strong>s Capitais <strong>de</strong> Distrito em Portugal, 2002Cida<strong>de</strong>Competitivida<strong>de</strong> Competitivida<strong>de</strong> Competitivida<strong>de</strong>DemográficaLaboralEmpresarialAveiro5,4585,4644,918Beja6,3203,5655,437Braga3,3995,7105,418Bragança3,8194,1404,632Castelo Branco5,2804,9975,110Coimbra5,4645,2185,977Évora6,6384,8876,906Faro3,1034,7435,386Guarda5,4725,0924,908Leiria4,7126,0105,061Lisboa6,1377,5685,412Portalegre5,1625,4302,866Porto4,9685,5023,114Santarém5,9934,3993,859Setúbal5,1052,8875,666Viana do Castelo4,7714,6754,122Vila Real4,4314,4585,926Viseu3,7695,2565,280Média total555Desvio total111Média Interior5,1114,7275,133Média Litoral4,9725,1804,929Fonte: Cálculos dos autores com base no “Atlas das Cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Portugal”(2002)Competitivida<strong>de</strong>Conforto5,1616,1393,3855,7995,9595,6466,6414,4944,9235,5664,1015,9043,2705,8324,2863,9094,1114,873515,5434,797ICC5,4525,6604,0554,2715,6086,0427,2933,9715,1785,6096,4544,7113,5775,0374,0703,8594,5144,628515,1294,970


54 GestãoSínteseApós a discussão da competitivida<strong>de</strong> associadaa espaços, optou-se pela consi<strong>de</strong>ração<strong>de</strong> competitivida<strong>de</strong> associada àsustentabilida<strong>de</strong> do <strong>de</strong>senvolvimento donível <strong>de</strong> vida das cida<strong>de</strong>s.<strong>As</strong>sim, foi construído um Índice <strong>de</strong> Competitivida<strong>de</strong>que reúne dados actuais diversificadosda realida<strong>de</strong> portuguesa quepermitiu verificar que existe um potencial<strong>de</strong> competitivida<strong>de</strong> no espaço <strong>interior</strong> <strong>português</strong>sobretudo na dimensão do conforto,área esta que promove o nível <strong>de</strong> bemestardas famílias.<strong>As</strong> cida<strong>de</strong>s capitais <strong>de</strong> distrito do <strong>interior</strong>conseguem ainda ter alguma supremacianos campos da competitivida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mográficae empresarial.Este trabalho diz-nos também que o <strong>de</strong>senvolvimentoeconómico das cida<strong>de</strong>s emtermos <strong>de</strong> PIB não é premissa <strong>de</strong> um elevadoICC. Porto (18.º), Faro (16.º) e Braga(15.º) contrastam com Évora (1.º) commargem <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque, Beja (4.º) e CasteloBranco (6.º), o que vem provar que disparida<strong>de</strong>stradicionais no nível <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimentoeconómico po<strong>de</strong>m ser esbatidaspor melhorias actuais do nível <strong>de</strong> competitivida<strong>de</strong>dos espaços historicamente menossignificativos, como o exemplo do “<strong>interior</strong>”<strong>português</strong> analisado. ★(Texto recebido pela CTOCem Junho <strong>de</strong> 2005)(*) Este trabalho resume o Relatório <strong>de</strong>senvolvido comoProjecto <strong>de</strong> Economia Aplicada (disciplina terminalda Licenciatura em Economia da Universida<strong>de</strong> do Minho)<strong>de</strong> Júlio Coelho Barbosa, supervisionado por PauloReis Mourão.( 1 ) Na observação <strong>de</strong> Anas (2003) ou Hen<strong>de</strong>rson eWang (2004).Bibliografiada República, IIª Série, <strong>de</strong> 17/04/2000ANAS, A. (2003); Vanishing Cities: What Doesthe New Economic Geography ImplyAbout the Efficiency of Urbanization?;Urban/Regional0302005; Economics WorkingPaper Archive at WUSTL.BEACON HILL INSTITUTE (2004); Metroarea and state competitiveness report 2004;Suffolk UniversityCARVALHO, P. e T. SEQUEIRA (1999); <strong>As</strong>Vantagens Competitivas das Cida<strong>de</strong>s do Interior<strong>de</strong> Portugal; Socieda<strong>de</strong> e Território -Revista <strong>de</strong> Estudos Urbanos e Regionais; nº33; LisboaCHUDNOVSKY, D. e F. PORTA (1990); LaCompetitividad Internacional, PrincipalesQuestiones Conceptuales y Metodologias,Documento <strong>de</strong> Trabajo CENIT nº 3HEGUENAUER, L. (1989); Competitivida<strong>de</strong>:Conceitos e Medidas; TD IEI/UFRJ; Rio <strong>de</strong> JaneiroHENDERSON, J. e H. WANG (2004); Urbanizationand city growth; Brown University;mimeoINE, Instituto Nacional Estatística (2002);Atlas das Cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Portugal; LisboaLei 11/82, <strong>de</strong> 2 <strong>de</strong> Junho; Diário da República,Iª Série, <strong>de</strong> 02/06/1982MENDES, J. (1999); On<strong>de</strong> viver em Portugal– Uma análise da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida nas capitais<strong>de</strong> distrito; Edição da Or<strong>de</strong>m dos Engenheiros– Região Centro; CoimbraMEPAT, Ministério do Equipamento, doPlaneamento e da Administração do Território– Secretaria <strong>de</strong> Estado do DesenvolvimentoRegional (1998); Uma visão estratégicapara vencer o Século XXI – PlanoNacional <strong>de</strong> Desenvolvimento Económico eSocial; LisboaPORTER, M. (2000); The current competitivenessin<strong>de</strong>x: measuring the microeconomicfoundations of prosperity; World EconomicForum; Oxford University Press;New York.158ª Deliberação do Conselho Superior <strong>de</strong>Estatística, <strong>de</strong> 3 <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 1998; Diário daRepública, IIª Série, <strong>de</strong> 11/09/1998185ª Deliberação do Conselho Superior <strong>de</strong>Estatística, <strong>de</strong> 15 <strong>de</strong> Março <strong>de</strong> 2000; Diário

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