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Relações Internacionais e Normatividade - iri.edu.ar

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Vimos que as diferentes teorias de relações internacionais possuem leiturasnormativas próprias. Ainda assim, vale ressalt<strong>ar</strong> que a ética não pode ser entendidacomo o único condicionante da ação internacional. Quando uma ação atinge o limitepossível do desinteresse pessoal, ou da quase pura preocupação com o outro, não sepode ainda definir uma ação estatal como compaixão, pois ainda assim o país pode tercom seu ato o benefício da melhora da sua imagem e credibilidade 4 . Afinal, as relaçõesinternacionais são sempre animadas por muitos fatores e que quase sempre sãoimpossíveis de se definir com precisão.Entre as teorias das relações internacionais, não há consensos quanto à relaçãoentre ética e política externa. É comum os debatedores defenderem que a ética não podelimit<strong>ar</strong> os Estados na busca por seus interesses vitais. Seria compreendido e bem vistopor muitos aquele que sacrifica sua vida pelo benefício de outrem. Tal possibilidade nãopode ser cogitada pelo Estado, não segundo boa p<strong>ar</strong>te dos pensadores a respeito daação internacional estatal. Por isso, é comum que realistas definam como o limite damoralidade as ações que não estejam em conflito com tais interesses.Considerações finaisA possibilidade de uma conduta internacional ética esb<strong>ar</strong>ra em dificuldadessólidas, que, p<strong>ar</strong>a os realistas, seriam insuperáveis. Um dos <strong>ar</strong>gumentos mais fortesutilizados por este grupo, e que foi inicialmente definido por Thomas Hobbes, é o de queos Estados não podem ser percebidos como “homens <strong>ar</strong>tificiais”. Estados não seriamatores morais.A distinção entre indivíduos e Estados sem personalidade é evidente. Ainda queseja comum que os países sejam tratados como uma personalidade singul<strong>ar</strong>. Comoaponta Owen H<strong>ar</strong>ries muitas das vezes nos referimos a ações como: A França fez isso,ou a África do Sul aceitou tal acordo. Se intuitivamente damos personalidade aos paísesnão é tão evidente que isto possa ocorrer quando se fala em conduta moral.Os Estados, como as instituições em geral, são criados a p<strong>ar</strong>tir de propósitos bemdefinidos e o comprometimento a eles não deveria est<strong>ar</strong> acima de compromissos éticos?Poderia um banco ter por linha mestra de sua atuação a generosidade e a compaixão? Acrítica da possibilidade de uma moralidade internacional, no sentido de umanormatividade entre Estados, é negada mesmo por cosmopolitas como Ch<strong>ar</strong>les Beitz.Neoliberais também apontam que não deve ser esperado do Estado posturas éticas. Emseu livro O capitalismo é moral?, André Comte-Sponville, por exemplo, reforça oentendimento de que a moralidade é específica do âmbito do indivíduo e não dasinstituições.Porém, esta constatação não nega que possa haver uma normatividade no âmbitodas relações internacionais mesmo quando se percebe que ela é feita, mesmo no âmbitoestatal, por indivíduos e que as decisões são escolhas políticas e não fruto de uma4 Como disse Jervis: “os Estados se importam com sua imagem, talvez mais do que as pessoas, não porgratificações, mas por poder” (Jervis apud ROLLEMBERG p. 17)Página 8

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