VOLUME I - Secretaria de Estado da Educação - Estado do Paraná
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Versão On-line ISBN 978-85-8015-039-1<br />
Ca<strong>de</strong>rnos PDE<br />
O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS<br />
DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE<br />
2008<br />
<strong>VOLUME</strong> I
RESUMO<br />
RELAÇÃO ENTRE DOR LOMBAR E ESTILO DE VIDA<br />
Mariza Raizel 1<br />
André Luiz Félix Ro<strong>da</strong>cki 2<br />
O objetivo <strong>de</strong>ste trabalho foi avaliar o perfil <strong>de</strong> três turmas <strong>do</strong> Ensino Médio no<br />
município <strong>de</strong> São José <strong>do</strong>s Pinhais sob a relação <strong>de</strong> queixas <strong>de</strong> <strong>do</strong>r lombar e o estilo<br />
<strong>de</strong> vi<strong>da</strong>. A meto<strong>do</strong>logia emprega<strong>da</strong> foi pesquisa-ação. Para avaliar a intensi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
<strong>do</strong>r lombar <strong>do</strong>s alunos foi utiliza<strong>do</strong> um <strong>de</strong>senho <strong>da</strong> <strong>do</strong>r com escala analógica visual<br />
<strong>de</strong> <strong>do</strong>r lombar e para avaliação <strong>do</strong> estilo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> foi utiliza<strong>do</strong> questionário em que<br />
constam informações pessoais, composto <strong>de</strong> quinze perguntas fecha<strong>da</strong>s sobre<br />
nutrição, ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> física, comportamento preventivo, relacionamentos e estresse. Os<br />
alunos foram orienta<strong>do</strong>s sobre as possíveis causas, tratamento e principalmente a<br />
prevenção <strong>da</strong>s <strong>do</strong>res lombares com hábitos <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> saudáveis, entre eles ativi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
física regular com propostas <strong>de</strong> exercícios <strong>de</strong> fortalecimento <strong>da</strong> musculatura<br />
ab<strong>do</strong>minal. Conclui-se que a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> física é fator <strong>de</strong>terminante <strong>de</strong> prevenção <strong>de</strong><br />
<strong>do</strong>res lombares. O papel <strong>da</strong> <strong>Educação</strong> Física escolar po<strong>de</strong> resultar na mu<strong>da</strong>nça <strong>de</strong><br />
comportamento, sen<strong>do</strong> necessário que o profissional elenque as informações, crie<br />
situações favoráveis, promova o apoio social, para então esperar que ocorram<br />
mu<strong>da</strong>nças <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong> e <strong>de</strong> comportamentos, o que levaria a uma melhor condição<br />
geral <strong>de</strong> bem estar e saú<strong>de</strong> e que sejam a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s para o resto <strong>de</strong> sua vi<strong>da</strong>.<br />
Palavras- chave: Dores nas costas, exercícios ab<strong>do</strong>minais, ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> física,<br />
<strong>Educação</strong> Física Escolar.<br />
ABSTRACT<br />
The objective of this study was to evaluate the three classes of secon<strong>da</strong>ry school in<br />
São José <strong>do</strong>s Pinhais in the list of complaints of back pain and lifestyle. The<br />
metho<strong>do</strong>logy used was action research. To evaluate the intensity of pain of the<br />
stu<strong>de</strong>nts used a drawing of pain with visual analog scale for pain assessment and<br />
lifestyle questionnaire was used that contained personal information, consisting of<br />
fifteen closed questions on nutrition, physical activity, behavior preventive,<br />
relationships and stress. Stu<strong>de</strong>nts were asked about possible causes, treatment and<br />
especially the prevention of back pain with a healthy lifestyle, including regular<br />
physical activity with proposals for strengthening exercises for ab<strong>do</strong>minal muscles. It<br />
is conclu<strong>de</strong>d that physical activity is a <strong>de</strong>termining factor for the prevention of back<br />
pain. The role of Physical Education may result in behavior change, requiring that the<br />
professional choose information, create favorable conditions, promote social support,<br />
and then expect significant changes in attitu<strong>de</strong> and behavior, leading to a better<br />
condition general well-being and health and that are a<strong>do</strong>pted for the rest of your life.
Key-words: Low back pain, back pain prevention and treatment, ab<strong>do</strong>minal<br />
exercises, physical activity, physical education.<br />
__________________________<br />
INTRODUÇÃO<br />
1 Professora <strong>da</strong> re<strong>de</strong> estadual <strong>de</strong> ensino e participante <strong>do</strong> Programa <strong>de</strong> Desenvolvimento Educacional<br />
<strong>do</strong> <strong>Esta<strong>do</strong></strong> <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong>.<br />
2 Professor orienta<strong>do</strong>r <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong>.
INTRODUÇÃO<br />
Segun<strong>do</strong> a teoria <strong>de</strong> Darwin a postura <strong>do</strong> ser humano sofreu gran<strong>de</strong>s<br />
alterações durante a evolução. As etapas <strong>de</strong>ssa evolução <strong>de</strong>u-se a princípio viven<strong>do</strong><br />
em árvores, para <strong>de</strong>pois em solo firme em quatro apoios e <strong>de</strong>pois a posição em pé.<br />
Para se a<strong>da</strong>ptar a essa nova posição vertical, uma curvatura espinhal em “s” foi se<br />
mol<strong>da</strong>n<strong>do</strong> na coluna vertebral, que se observa<strong>da</strong> <strong>de</strong> perfil apresenta quatro curvas<br />
fisiológicas, que distribuem as forças que atuam sobre o corpo humano. (ASHER,<br />
1976; BLACK, 1993 apud DETSCH & CANDOTTI, 2001).<br />
Durante a vi<strong>da</strong>, essas curvaturas anatômicas naturais sofrem novas<br />
modificações <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a i<strong>da</strong><strong>de</strong>, os hábitos, o tipo <strong>de</strong> trabalho entre outras<br />
causas (KNOPLICH, 1985). CALAIS (1991) <strong>de</strong>fine as curvaturas <strong>da</strong> coluna, sen<strong>do</strong><br />
lor<strong>do</strong>se a curvatura <strong>da</strong>s regiões cervical e lombar, que são côncavas para trás,<br />
cifose sen<strong>do</strong> a curvatura <strong>da</strong> região torácica, convexa para trás.<br />
A coluna vertebral é dividi<strong>da</strong> em cinco regiões, sen<strong>do</strong> cervical com sete<br />
vértebras, torácica com <strong>do</strong>ze vértebras, lombar com cinco vértebras, sacral com<br />
cinco vértebras, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> variar <strong>de</strong> quatro a seis e o coccígenas com quatro<br />
vértebras rudimentares po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> variar <strong>de</strong> cinco a três.<br />
Constitui-se <strong>de</strong> um eficiente sistema biomecânico composto por vértebras,<br />
ligamentos, músculos e discos intervertebrais. Durante as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s diárias, fica<br />
constantemente submeti<strong>da</strong> às forças <strong>de</strong> compressivas <strong>de</strong> tensão, torção (ADAMS et<br />
al., 1994) sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>ntre as estruturas, o disco intervertebral responsável pelo papel<br />
fun<strong>da</strong>mental <strong>de</strong> absorção e distribuição <strong>de</strong>ssas forças. Os discos são amortece<strong>do</strong>res<br />
presentes entre os corpos vertebrais, são compostos por duas partes: uma cama<strong>da</strong><br />
protetora mais dura externa, o anulo <strong>do</strong> disco; e um teci<strong>do</strong> mole esponjoso no<br />
centro, o núcleo <strong>do</strong> disco.<br />
A <strong>do</strong>r lombar é comum em adultos, acometen<strong>do</strong> a<strong>do</strong>lescentes e em menor<br />
número <strong>de</strong> casos crianças. Entre os distúrbios <strong>do</strong>lorosos que sofre a humani<strong>da</strong><strong>de</strong>, é<br />
apenas menor que a cefaléia, sen<strong>do</strong> que 80% <strong>da</strong>s pessoas em alguma fase <strong>da</strong> vi<strong>da</strong><br />
terão <strong>do</strong>r lombar. Ela é classifica<strong>da</strong> em agu<strong>da</strong> ou crônica, sen<strong>do</strong> esta última quan<strong>do</strong><br />
persistir por seis meses ou mais. Quan<strong>do</strong> ocorrer compressão <strong>de</strong> nervos <strong>da</strong>s regiões<br />
lombares e sacras esta situação <strong>de</strong>nomina-se ciática, sen<strong>do</strong> observa<strong>da</strong> em até 40%<br />
<strong>do</strong>s indivíduos ao longo <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>.
Em um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> casos <strong>de</strong> <strong>do</strong>r nas costas, não se chega a um<br />
diagnóstico claro. Quan<strong>do</strong> <strong>do</strong> atendimento primário por médicos não-especialistas,<br />
para apenas 15% <strong>da</strong>s lombalgias e lombociatalgias, se encontra uma causa<br />
específica. Várias estruturas <strong>da</strong> coluna po<strong>de</strong>m causar <strong>do</strong>r, incluin<strong>do</strong> os ligamentos<br />
que conectam as vértebras, fibras externas <strong>do</strong> disco intervertebral, músculos, vasos<br />
sanguíneos e raízes nervosas. Geralmente, no <strong>de</strong>correr <strong>do</strong> tempo, vários fatores <strong>de</strong><br />
risco atuam em conjunto ocasionan<strong>do</strong> a <strong>do</strong>r: condicionamento físico <strong>de</strong>ficiente, má<br />
postura, mecânica anormal <strong>do</strong>s movimentos, pequenos traumas e esforço repetitivo<br />
estão entre as causas mais comuns (ANDRADE &ARAÚJO, 2005).<br />
Uma abor<strong>da</strong>gem comum <strong>do</strong>s profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> relaciona<strong>da</strong>s às queixas<br />
<strong>de</strong> <strong>do</strong>res lombares consiste em contra indicar ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s que provoquem <strong>do</strong>r,<br />
consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> que as mesmas possam agravar os problemas que afetam algumas<br />
estruturas <strong>da</strong> coluna vertebral. No entanto, o se<strong>de</strong>ntarismo está diretamente<br />
relaciona<strong>do</strong> ao enfraquecimento <strong>da</strong> musculatura envolvi<strong>da</strong> na extensão <strong>do</strong> tronco e,<br />
conseqüentemente, é consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> fator <strong>de</strong> risco para a etiologia (estu<strong>do</strong> <strong>da</strong>s<br />
causas) <strong>da</strong> lombalgia (KOLONIAK et. al.,2004).<br />
Segun<strong>do</strong> NAHAS (2001, pg. 11), o estilo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> correspon<strong>de</strong> ao conjunto <strong>de</strong><br />
ações habituais que refletem as atitu<strong>de</strong>s, os valores e as oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s na vi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s<br />
pessoas. Dentre esse conjunto <strong>de</strong> ações (nutrição, ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> física, comportamento<br />
preventivo, relacionamento social e controle <strong>do</strong> stress), a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> física tem papel<br />
fun<strong>da</strong>mental. Entendi<strong>da</strong> como “qualquer movimento corporal voluntário com gasto<br />
energético acima <strong>do</strong>s níveis <strong>de</strong> repouso” (Caspersen, Powell e Christenson, 1985<br />
apud MADUREIRA et al., 2003), exercícios físicos, esportes, <strong>da</strong>nças, lutas,<br />
ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s ativas <strong>de</strong> lazer, ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>do</strong>mésticas, <strong>de</strong>slocamentos ativos, ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
ocupacionais e outras ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> diária são <strong>de</strong>scritos por MADUREIRA et al.<br />
(2003) como alternativas que po<strong>de</strong>m tornar as pessoas mais saudáveis.<br />
Fazen<strong>do</strong> uma distinção muito clara <strong>do</strong> que é ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> física, o estu<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
MACIEL et. al. (2005) <strong>de</strong>fine que programas <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> física são os que<br />
consistem em incentivos à prática <strong>de</strong> esportes ou ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s que levem a um maior<br />
dispêndio energético e movimentação <strong>da</strong> musculatura, que <strong>de</strong>vem ser realiza<strong>do</strong>s ao<br />
menos três vezes por semana e com o mínimo <strong>de</strong> duração <strong>de</strong> uma hora. O estu<strong>do</strong><br />
alerta para os programas <strong>de</strong> Ginástica Laboral que tem si<strong>do</strong> erroneamente
implementa<strong>do</strong>s nas empresas, trazen<strong>do</strong> a falsa i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> estar sen<strong>do</strong> realiza<strong>da</strong> uma<br />
ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> física e não trazen<strong>do</strong> benefícios aos trabalha<strong>do</strong>res.<br />
Em escolas estaduais <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong>, constatou-se nos programas <strong>de</strong> <strong>Educação</strong><br />
Física analisa<strong>do</strong>s, objetivos educacionais com limita<strong>da</strong> relação volta<strong>da</strong> a <strong>Educação</strong><br />
Física como promoção <strong>da</strong> saú<strong>de</strong>, com uma hegemonia recreativa, privilegian<strong>do</strong><br />
esportes coletivos <strong>de</strong> quadra. Os aspectos didáticos <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s propostas aos<br />
alunos não <strong>de</strong>senvolvem atitu<strong>de</strong>s positivas para aquisição <strong>de</strong> hábitos <strong>de</strong> prática <strong>de</strong><br />
ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> física que possa persistir pelo resto <strong>de</strong> sua vi<strong>da</strong>. Nem mesmo nessa<br />
ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> esportiva a meto<strong>do</strong>logia utiliza<strong>da</strong> não resulta em benefícios para os alunos,<br />
como muito tempo <strong>de</strong> transição entre as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e alunos não participan<strong>do</strong><br />
ativamente <strong>da</strong>s aulas.<br />
Embora exista o paradigma pela predileção pela prática, ela se relaciona e<br />
inter<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> aspectos cognitivos e teóricos <strong>de</strong> outros elementos <strong>da</strong> <strong>Educação</strong><br />
Física que <strong>de</strong>vem ser objetos <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>. Entre esses conhecimentos, a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
física e saú<strong>de</strong> é uma perspectiva <strong>da</strong> concepção <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> Física Escolar na<br />
promoção <strong>da</strong> saú<strong>de</strong> (GUEDES & GUEDES, 1995).<br />
NAHAS (2006) consi<strong>de</strong>ra ser o individuo responsável por mu<strong>da</strong>nças <strong>de</strong><br />
atitu<strong>de</strong> em relação à a<strong>do</strong>ção <strong>de</strong> um estilo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> ativo. Consi<strong>de</strong>ra que um esforço<br />
individual é necessário para iniciar e manter nível satisfatório <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s para<br />
então alcançar níveis a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> física e aptidão física.<br />
Entretanto, o autor enumera diversos fatores que predispõem ou dificultam a<br />
modificação <strong>do</strong> comportamento, entre as quais: o conhecimento, a atitu<strong>de</strong>, as<br />
experiências anteriores, o apoio social <strong>de</strong> familiares e amigos, a disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
espaços e instalações, as barreiras como a falta <strong>de</strong> tempo, distancia até o local <strong>de</strong><br />
prática, falta <strong>de</strong> recursos financeiros, entre outras e as normas sociais (NAHAS,<br />
2006. pág. 11).<br />
O estu<strong>do</strong> consi<strong>de</strong>ra as oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s e barreiras que as pessoas enfrentam<br />
em seus dia-a-dia, mas enumera os seguintes quesitos:<br />
� Se informem <strong>da</strong> importância <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> física regular para a saú<strong>de</strong> e a<br />
quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>;<br />
� Desenvolvam o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> aplicar tais conhecimentos (atitu<strong>de</strong>s favoráveis); e<br />
� Se motivem para realizar tais intenções <strong>de</strong> forma continua<strong>da</strong> (ação e<br />
manutenção).
O autor diz que a motivação, fator primordial para a ação e manutenção <strong>da</strong><br />
ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> física “é uma complexa interação <strong>de</strong> diversas variáveis psicológicas,<br />
sociais, ambientais e até genéticas”.<br />
Abor<strong>da</strong>remos neste estu<strong>do</strong>, como uma ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> física que envolva exercícios<br />
ab<strong>do</strong>minais po<strong>de</strong> ser motiva<strong>do</strong>ra para a a<strong>de</strong>são e manutenção <strong>de</strong>ssa ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> física<br />
no cotidiano, uma vez que comprova<strong>da</strong>mente reduz as <strong>do</strong>res lombares (RODACKI<br />
et. al., 2003, RODACKI et. al.,2007).<br />
Quan<strong>do</strong> se carrega um peso, os discos intervertebrais agem como<br />
amortece<strong>do</strong>res hidráulicos, diminuin<strong>do</strong> sua altura e distribuin<strong>do</strong> o peso<br />
uniformemente sobre a vértebra. Mas para que os discos não mu<strong>de</strong>m <strong>de</strong> formato e<br />
para evitar que sejam amassa<strong>do</strong>s e <strong>de</strong>finitivamente, o disco intervertebral tem um<br />
núcleo gelatinoso, cuja função é distribuir regularmente a pressão em to<strong>do</strong>s os<br />
eixos. A <strong>do</strong>r lombar e o <strong>de</strong>sconforto estão relaciona<strong>do</strong>s à capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
recuperação <strong>da</strong> altura <strong>do</strong> disco intervertebral e não somente relaciona<strong>do</strong> à per<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />
estatura. (FOWLER et. al., 2005; HEALEY et. al., 2005; RODACKI et. al., 2003).<br />
Estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong>screvem que as <strong>de</strong>formações <strong>do</strong>s discos intervertebrais são<br />
proporcionais à magnitu<strong>de</strong> <strong>da</strong>s forças impostas à coluna vertebral (RODACKI et. al.,<br />
2000). Por exemplo, estan<strong>do</strong> em pé, quan<strong>do</strong> se carrega peso sobre a cabeça, o<br />
núcleo fica localiza<strong>do</strong> bem no centro <strong>do</strong> disco. Se as faces <strong>da</strong>s articulações<br />
estiverem oblíquas, o núcleo ten<strong>de</strong> a se <strong>de</strong>slocar, para frente ou para trás <strong>do</strong> platô<br />
<strong>da</strong> articulação. Ao imaginar um sujeito que esteja em pé, ao fazer uma flexão para<br />
frente, a partir <strong>da</strong> articulação <strong>da</strong> bacia com as pernas, as faces <strong>da</strong>s articulações <strong>da</strong>s<br />
vértebras ficam paralelas, não haverá movimentação <strong>do</strong> disco. Se ao contrário,<br />
houver a curvatura <strong>da</strong> coluna para inclinar o tronco à frente, as faces <strong>da</strong>s<br />
articulações <strong>da</strong>s vértebras ficam oblíquas e o núcleo se <strong>de</strong>sloca para trás, fugin<strong>do</strong><br />
<strong>do</strong> centro.<br />
Estu<strong>do</strong>s realiza<strong>do</strong>s pela Escola <strong>de</strong> Coluna (ANDRADE, ARAÚJO & VILAR,<br />
2005) <strong>de</strong>monstram a eficiência <strong>de</strong> exercícios <strong>de</strong> fortalecimento <strong>do</strong>s músculos<br />
ab<strong>do</strong>minais e quadríceps no tratamento <strong>da</strong>s algias <strong>de</strong> coluna (Moffet et al. e Linton<br />
et. al. apud ANDRADE, ARAÚJO & VILAR, 2005) como também obtiveram<br />
resulta<strong>do</strong>s significativos através <strong>da</strong> educação <strong>do</strong> treinamento postural, composto <strong>de</strong><br />
informações teórico-educativas, conten<strong>do</strong> prática <strong>de</strong> exercícios terapêuticos para a
coluna em pacientes com lombalgia crônica. O exercício ab<strong>do</strong>minal po<strong>de</strong> também<br />
ser utiliza<strong>do</strong> com fins <strong>de</strong> solucionar problemas <strong>da</strong> coluna no estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> BLACKBURN<br />
& PORTNEY, apud ACHOUR, (1995).<br />
O méto<strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> por Joseph Pilates possui uma varie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
exercícios que auxiliam no fortalecimento <strong>do</strong>s músculos ab<strong>do</strong>minais, sen<strong>do</strong> usa<strong>do</strong><br />
tanto para o tratamento como para a profilaxia <strong>de</strong> <strong>do</strong>res nas costas (COMERFORD<br />
et MOTTRAM, 2001), levan<strong>do</strong> em consi<strong>de</strong>ração a melhor maneira <strong>de</strong> se realizarem<br />
os exercícios ab<strong>do</strong>minais: com alta eficiência e baixo risco <strong>de</strong> lesões, respeitan<strong>do</strong><br />
as individuali<strong>da</strong><strong>de</strong>s biológicas e com segurança uma vez que erros <strong>de</strong> postura na<br />
realização e na prescrição <strong>do</strong>s exercícios, bem como falta <strong>de</strong> orientação profissional<br />
aumentam a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> lesões pelo movimento irregular (JOSEPH &<br />
KATHLEEN, 1999).<br />
O objetivo <strong>de</strong>ste trabalho foi investigar a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> alunos que tem queixa<br />
<strong>de</strong> <strong>do</strong>res lombares e comparar com seu estilo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>, principalmente a relação <strong>da</strong><br />
<strong>do</strong>r com ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> física e propor a prática <strong>de</strong> exercícios que envolvam o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> força muscular ab<strong>do</strong>minal para o tratamento e profilaxia <strong>de</strong>stas<br />
<strong>do</strong>res.<br />
MATERIAIS E MÉTODOS<br />
A meto<strong>do</strong>logia emprega<strong>da</strong> neste trabalho foi <strong>de</strong> pesquisa-ação. A pesquisa<br />
foi realiza<strong>da</strong> em uma escola estadual <strong>do</strong> município <strong>de</strong> São José <strong>do</strong>s Pinhais. A<br />
amostra investiga<strong>da</strong> foi composta por 30 alunos <strong>do</strong> 1º ano, 40 alunos <strong>do</strong> 2º ano e 28<br />
alunos <strong>do</strong> 3º ano num total <strong>de</strong> 98 alunos.<br />
Para avaliar a intensi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>do</strong>r lombar <strong>do</strong>s alunos foram utiliza<strong>do</strong>s<br />
<strong>de</strong>senhos <strong>de</strong> um corpo feminino e <strong>de</strong> um corpo masculino <strong>de</strong> costas e os alunos<br />
foram orienta<strong>do</strong>s a marcar no <strong>de</strong>senho correspon<strong>de</strong>nte ao seu sexo com o número<br />
“1” on<strong>de</strong> sentiam <strong>do</strong>r nas costas e se sentiam <strong>do</strong>r em outro lugar, que indicassem<br />
com o número “2”, <strong>de</strong>pois “3” e assim por diante. A seguir <strong>de</strong>veriam indicar na<br />
Escala Analógica Visual que consiste <strong>de</strong> uma linha <strong>de</strong> 100 mm conten<strong>do</strong> na<br />
extremi<strong>da</strong><strong>de</strong> esquer<strong>da</strong> o número 0 (zero) “ausência <strong>da</strong> <strong>do</strong>r”, segui<strong>da</strong> <strong>do</strong>s números 1
a 3 (um a três) “<strong>do</strong>r leve que não atrapalha as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s”, 4 a 6 (quatro a seis)“<strong>do</strong>r<br />
mo<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>, atrapalha mas não impe<strong>de</strong> as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s”, 7 a 9 (sete a nove) “<strong>do</strong>r forte<br />
ou incapacitante que impe<strong>de</strong> as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s” e na extremi<strong>da</strong><strong>de</strong> direita o número 10<br />
(<strong>de</strong>z) “<strong>do</strong>r insuportável, impe<strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e causa <strong>de</strong>scontrole”, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong> marcar<br />
com um traço vertical na linha a <strong>do</strong>r percebi<strong>da</strong>. A <strong>do</strong>r foi quantifica<strong>da</strong> por meio <strong>da</strong><br />
medi<strong>da</strong>, com régua milimetra<strong>da</strong>, <strong>da</strong> extremi<strong>da</strong><strong>de</strong> esquer<strong>da</strong> até a marca feita pelo<br />
aluno.<br />
Para avaliação <strong>do</strong> estilo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> foi utiliza<strong>do</strong> questionário em que constam<br />
informações pessoais, a<strong>da</strong>pta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Pentáculo <strong>do</strong> Bem Estar <strong>de</strong> NAHAS (2000)<br />
composto <strong>de</strong> 15 perguntas fecha<strong>da</strong>s sobre nutrição, ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> física, comportamento<br />
preventivo, relacionamentos e estresse.<br />
` No questionário, o aluno respon<strong>de</strong>rá às questões escolhen<strong>do</strong> as alternativas<br />
“nunca” quan<strong>do</strong> absolutamente não faz parte <strong>de</strong> seu estilo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>, “às vezes”<br />
quan<strong>do</strong> às vezes correspon<strong>de</strong> ao seu comportamento, “quase sempre” quan<strong>do</strong><br />
quase sempre o comportamento é ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro e “sempre” quan<strong>do</strong> a afirmação é<br />
sempre ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira no seu comportamento.<br />
Para a mensuração <strong>de</strong>stas respostas, será atribuí<strong>do</strong> zero quan<strong>do</strong> a resposta<br />
for “nunca”, 1 quan<strong>do</strong> for “às vezes”, 2 se marca<strong>do</strong> “quase sempre” e 3 quan<strong>do</strong> a<br />
resposta for “sempre”.<br />
Quanto mais preenchi<strong>da</strong> as alternativas 2 e 3, mais correta estará a conduta<br />
<strong>do</strong> aluno. Caso as alternativas zero e 1 tenham si<strong>do</strong> escolhi<strong>da</strong>s mais vezes os<br />
hábitos <strong>de</strong>vem mu<strong>da</strong>r o quanto antes.<br />
Como meio <strong>de</strong> visualizar melhor seu estilo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>, será forneci<strong>do</strong> aos alunos<br />
o Pentáculo <strong>do</strong> Bem Estar <strong>de</strong> NAHAS. Para preencher o Pentáculo <strong>do</strong> Bem Estar,<br />
<strong>de</strong>ve proce<strong>de</strong>r <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro para fora. Se a resposta for zero, nenhuma parte <strong>da</strong> estrela<br />
será pinta<strong>da</strong>. Se a resposta for 1 (cor laranja) <strong>de</strong>ve-se pintar a parte mais interna <strong>da</strong><br />
estrela. Se for 2 (cor roxa) a parte interna e a parte <strong>do</strong> meio será pinta<strong>da</strong> e se for 3 a<br />
parte interna, <strong>do</strong> meio e a externa <strong>de</strong>ve ser pinta<strong>da</strong>. Desta forma, o aluno que<br />
apresentar a estrela mais completa, visualizará seu estilo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>, saben<strong>do</strong> quais<br />
comportamentos <strong>de</strong>ve manter ou mu<strong>da</strong>r.
Desenvolvimento <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>.<br />
Primeiramente os alunos receberam informações sobre a pesquisa que seria<br />
Nas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s em sala <strong>de</strong> aula foi aplica<strong>do</strong> o méto<strong>do</strong><br />
expositivo-dialoga<strong>do</strong>, com a utilização <strong>da</strong>s estratégias <strong>de</strong> ensino e aprendizagem <strong>de</strong><br />
leitura <strong>de</strong> textos com conceitos. Os temas abor<strong>da</strong><strong>do</strong>s referiam-se a estrutura <strong>da</strong><br />
coluna vertebral, a <strong>do</strong>r nas costas e como ela afeta a população, a relação entre<br />
ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> física e <strong>do</strong>res nas costas, a <strong>Educação</strong> Física como meio preventivo,<br />
quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> e bem-estar e os tipos <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s físicas como prevenção. O<br />
material didático foi elabora<strong>do</strong> pela pesquisa<strong>do</strong>ra e forneci<strong>do</strong> ao estabelecimento.<br />
Foram indica<strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s físicas para prevenção ou mesmo para redução<br />
<strong>de</strong> <strong>do</strong>res lombares, sen<strong>do</strong> os exercícios ab<strong>do</strong>minais comprova<strong>da</strong>mente eficazes<br />
nesse objetivo. De acor<strong>do</strong> com OLIVEIRA (2000) <strong>de</strong>vemos consi<strong>de</strong>rar como ca<strong>da</strong><br />
músculo está atuan<strong>do</strong> e a limitação <strong>de</strong> seu movimento conforme seu comprimento.<br />
O músculo reto ab<strong>do</strong>minal que flexiona o tronco e eleva o quadril quan<strong>do</strong> a pessoa<br />
está <strong>de</strong>ita<strong>da</strong> <strong>de</strong> costas (exercícios <strong>de</strong> flexão), os oblíquos interno e externo fazem a<br />
rotação <strong>do</strong> tronco (exercícios <strong>de</strong> rotação) e os transversos contraem o abdômen<br />
(exercícios <strong>de</strong> estabilização) e os músculos flexores <strong>do</strong> quadril iliopsoas ou psoas e<br />
ilíaco e o reto femural, que entram em ação ao levantar as duas pernas.<br />
Para se tornar mais forte, <strong>de</strong>ve haver mais carga no músculo <strong>do</strong> que em suas<br />
ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s diárias. Ao prescrever exercícios leva-se em conta as seguintes questões:<br />
or<strong>de</strong>m <strong>do</strong> exercício, o tipo <strong>de</strong> exercício, frequencia, sua duração, intervalo, e<br />
intensi<strong>da</strong><strong>de</strong>. Sen<strong>do</strong> geralmente um exercício monótono, os exercícios ab<strong>do</strong>minais<br />
são propostos para serem aplica<strong>do</strong>s com um méto<strong>do</strong> que possui apelo midíaco<br />
gran<strong>de</strong> - o Pilates® - que po<strong>de</strong> tornar a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> mais prazerosa. A variação Mat<br />
Pilates® (Pilates® no solo ou sem equipamentos) não necessita <strong>de</strong> materiais caros,<br />
po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ser utiliza<strong>do</strong> em espaços que não seja o Estúdio Pilates® tais como: a<br />
Ponte (Bridge), Rolamento para frente (Roll Up), Rolamento para trás (Roll Over),<br />
Quadrúpe<strong>de</strong> (Quadruped), Círculo com uma perna (Single leg circle), Estiramento <strong>da</strong><br />
Coluna para Frente (Spine stretch forward), Cem (Hundred) e o Cisne (Swan)<br />
(KOLONIAK, I. E. G., et. al, 2004).
O treinamento po<strong>de</strong> ser aplica<strong>do</strong> em três sessões semanais <strong>de</strong> até 30<br />
minutos ca<strong>da</strong>, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ir até 45 minutos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> <strong>do</strong> planejamento <strong>da</strong> aula. É<br />
feito em duas séries <strong>de</strong> 12 repetições <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> exercício com contração isométrica<br />
<strong>de</strong> 5 segun<strong>do</strong>s, 10, 15 e no máximo 20 segun<strong>do</strong>s, com estímulos táteis e auditivos,<br />
até que to<strong>do</strong>s cheguem ao mesmo nível po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> então passar para o próximo<br />
estágio. Um programa completo po<strong>de</strong> contar com seis estágios com níveis<br />
progressivos <strong>de</strong> dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> exercício (REINEHR, CARPES & MOTA, 2008).<br />
O intervalo entre os exercícios quan<strong>do</strong> <strong>de</strong> baixa intensi<strong>da</strong><strong>de</strong> varia <strong>de</strong> 15 a 30<br />
segun<strong>do</strong>s, aumentan<strong>do</strong> este intervalo gradualmente ao se tornar mais intensos.<br />
RESULTADOS<br />
Dor lombar e a graduação álgica<br />
A <strong>do</strong>r nas costas é causa<strong>da</strong> pela ação mecânica <strong>de</strong> diversos fatores sobre os<br />
nervos raquidianianos e espinhais, ten<strong>do</strong> um nervo local e um receptor e a<br />
integri<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> cérebro como analisa<strong>do</strong>r. No entanto, nem sempre é fácil ao paciente<br />
localizar a <strong>do</strong>r, muitas vezes queixan<strong>do</strong>-se <strong>de</strong> “<strong>do</strong>res nas costas” sem saber<br />
especificar o local. Ocorre também a irradiação <strong>da</strong> <strong>do</strong>r, tanto por causas físicas<br />
como por aspectos psicossomáticos.<br />
Dividimos a análise <strong>da</strong>s <strong>do</strong>res nas costas pelos alunos que claramente<br />
indicaram a <strong>do</strong>r na região lombar e outra análise <strong>da</strong>s <strong>do</strong>res nas costas em outro<br />
local, não específico <strong>da</strong> região lombar.<br />
Orienta<strong>do</strong>s primeiramente para que marcassem com o número (1) um no<br />
<strong>de</strong>senho se tinham <strong>do</strong>r lombar e indicassem na régua <strong>de</strong> escala <strong>de</strong> <strong>do</strong>r analógica<br />
visual a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> <strong>do</strong>r, 69% marcaram ausência <strong>de</strong> <strong>do</strong>r. Para 12% <strong>de</strong>stas<br />
pessoas a <strong>do</strong>r é leve e não atrapalha as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s (1 a 3), 13% marcaram a <strong>do</strong>r<br />
como mo<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>, que atrapalha mas não impe<strong>de</strong> as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s (4 a 6), 4% indicaram<br />
que sofrem <strong>de</strong> <strong>do</strong>r lombar forte ou incapacitante que impe<strong>de</strong> as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s (7 a 9) e
1% relataram que a <strong>do</strong>r é insuportável, causa <strong>de</strong>scontrole e impe<strong>de</strong> as<br />
ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s(10). Os indivíduos <strong>do</strong> sexo masculino não relataram <strong>do</strong>r na graduação <strong>de</strong><br />
7 a 9 e 10.<br />
Os integrantes <strong>do</strong> sexo masculino sofrem menos <strong>de</strong> <strong>do</strong>res lombares <strong>do</strong> que o<br />
sexo feminino. Dos alunos que relataram <strong>do</strong>r lombar, 30% são <strong>do</strong> sexo masculino e<br />
70% <strong>do</strong> sexo feminino, sen<strong>do</strong> o total <strong>de</strong> alunos com <strong>do</strong>r 31% <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s.<br />
Dores em outros lugares nas costas e a graduação álgica<br />
Indican<strong>do</strong> com o número <strong>do</strong>is se tinham <strong>do</strong>r em outro local <strong>da</strong>s costas, sen<strong>do</strong><br />
estes locais a região torácica e cervical, foram 51% <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s, sen<strong>do</strong> 27<br />
pessoas <strong>do</strong> sexo feminino e 23 <strong>do</strong> sexo masculino.<br />
Para 18% a <strong>do</strong>r é leve e não atrapalha as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s (1 a 3), 28% marcaram a<br />
<strong>do</strong>r como mo<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>, que atrapalha mas não impe<strong>de</strong> as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s (4 a 6), 4%<br />
indicaram que sofrem <strong>de</strong> <strong>do</strong>r forte ou incapacitante que impe<strong>de</strong> as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s (7 a 9)<br />
e 1% relataram que a <strong>do</strong>r é insuportável, causa <strong>de</strong>scontrole e impe<strong>de</strong> as<br />
ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s(10).<br />
Para os integrantes <strong>do</strong> sexo masculino, 51% não sentem <strong>do</strong>r, 10% sentem<br />
<strong>do</strong>r leve que não impe<strong>de</strong> as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s (1 a 3) e 28% sentem <strong>do</strong>r mo<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> mas que<br />
não impe<strong>de</strong> as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s (4 a 6). Os indivíduos <strong>do</strong> sexo masculino não relataram<br />
<strong>do</strong>r na graduação <strong>de</strong> 7 a 9 e 10.<br />
Entre os integrantes <strong>do</strong> sexo feminino, 47% não relataram <strong>do</strong>r, 16% <strong>do</strong>r leve<br />
que não impe<strong>de</strong> as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, 27% <strong>do</strong>r mo<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> mas que não impe<strong>de</strong> as<br />
ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, 8% <strong>do</strong>r forte ou incapacitante que impe<strong>de</strong> as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e 2% <strong>do</strong>r<br />
insuportável.<br />
Dos entrevista<strong>do</strong>s que relataram <strong>do</strong>r em outro lugar nas costas 50%<br />
indicaram também <strong>do</strong>r lombar.
Dores em outros lugares <strong>do</strong> corpo e a graduação álgica<br />
Embora o objetivo <strong>da</strong> pesquisa fosse avaliar os índices <strong>de</strong> lombalgia, foi<br />
aberta a questão para <strong>do</strong>res em outros locais <strong>do</strong> corpo como o fim <strong>de</strong> verificar a<br />
relação <strong>de</strong> <strong>do</strong>r e bem estar.<br />
Para 55% <strong>do</strong> total há relato <strong>de</strong> <strong>do</strong>r, principalmente nas pernas e braços e<br />
entre estes indivíduos 40% também marcaram algesia lombar. Para 22% a <strong>do</strong>r é<br />
leve que não causa impedimento <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, para 24% a <strong>do</strong>r é mo<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>, para<br />
7% a <strong>do</strong>r é forte, que causa impedimento <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e para 1% a <strong>do</strong>r é<br />
insuportável causan<strong>do</strong> <strong>de</strong>scontrole.<br />
Entre os indivíduos <strong>do</strong> sexo masculino, 56% marcaram ausência <strong>de</strong> <strong>do</strong>r, 21%<br />
marcaram a <strong>do</strong>r como sen<strong>do</strong> leve e não atrapalha as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s (1 a 3), 21% com<br />
<strong>do</strong>r mo<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>, que atrapalha mas não impe<strong>de</strong> as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s (4 a 6) e 2% com <strong>do</strong>r<br />
forte ou incapacitante que impe<strong>de</strong> as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s (7 a 9) e nenhum com <strong>do</strong>r<br />
insuportável. Com o sexo feminino os números foram 35% com ausência <strong>de</strong> <strong>do</strong>r,<br />
24% com <strong>do</strong>r leve que não atrapalha as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, 27% marcaram <strong>do</strong>r mo<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>,<br />
que atrapalha mas não impe<strong>de</strong> as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, 12 % com <strong>do</strong>r forte ou incapacitante<br />
que impe<strong>de</strong> as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e 2% com <strong>do</strong>r insuportável que causa <strong>de</strong>scontrole e<br />
impe<strong>de</strong> as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s.<br />
Perfil <strong>do</strong> estilo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> <strong>do</strong>s alunos <strong>do</strong> ensino noturno<br />
Quanto mais preenchi<strong>da</strong>s as alternativas “sempre” (três pontos) e “quase<br />
sempre” (<strong>do</strong>is pontos) mais correta está a conduta <strong>do</strong> aluno. Foram 26% <strong>de</strong><br />
respostas “sempre” e 17% <strong>de</strong> respostas “quase sempre”. É consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> um estilo <strong>de</strong><br />
vi<strong>da</strong> correto a pontuação média entre 2 (<strong>do</strong>is) e 3 (três) pontos.<br />
Quan<strong>do</strong> escolhi<strong>da</strong>s as alternativas “nunca” que correspon<strong>de</strong> a zero e “às<br />
vezes” que correspon<strong>de</strong> a 1 ponto, os hábitos <strong>de</strong>vem mu<strong>da</strong>r o quanto antes. Os<br />
entrevista<strong>do</strong>s marcaram 57% <strong>da</strong>s respostas com 1(um) e zero pontos. A média <strong>de</strong><br />
pontuação foi <strong>de</strong> 1,4 pontos, revelan<strong>do</strong> a maioria com índices <strong>de</strong> estilo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>
normal, mas que <strong>de</strong>vem observar as áreas <strong>de</strong> sua vi<strong>da</strong> que po<strong>de</strong>m ser mais<br />
<strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s.<br />
Comparação <strong>da</strong> relação <strong>de</strong> <strong>do</strong>r lombar e o estilo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong><br />
Nas turmas entrevista<strong>da</strong>s, 31% relataram <strong>do</strong>r lombar, sen<strong>do</strong> 70% <strong>do</strong> total <strong>de</strong><br />
pessoas com <strong>do</strong>r <strong>do</strong> sexo feminino e o sexo masculino com 30%.<br />
Dos alunos que relatam <strong>do</strong>r lombar, 83% indicam estilo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> com média<br />
<strong>de</strong> 1 ponto ca<strong>da</strong>, muito próximo <strong>de</strong> um estilo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> baixo em que a<br />
ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> física, o cui<strong>da</strong><strong>do</strong> com a alimentação e cultivo <strong>de</strong> amiza<strong>de</strong>s tem hábitos<br />
<strong>de</strong>vem ser modifica<strong>do</strong>s o quanto antes, melhoran<strong>do</strong> assim o estilo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>.<br />
Cinco pessoas, ou seja, 6% <strong>do</strong> total relatam apenas <strong>do</strong>res lombares, sen<strong>do</strong><br />
três <strong>do</strong> sexo masculino e duas <strong>do</strong> sexo feminino.<br />
Ain<strong>da</strong> partin<strong>do</strong> <strong>do</strong> total <strong>de</strong> alunos com <strong>do</strong>r lombar, 60% relatam <strong>do</strong>r em outro<br />
local <strong>da</strong>s costas e em outro local <strong>do</strong> corpo. Destes indivíduos que marcaram três<br />
locais <strong>de</strong> <strong>do</strong>r no corpo, 99% respon<strong>de</strong>ram “nunca” às questões “D”, “E” e “F”<br />
relaciona<strong>da</strong>s à ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> física, isto é absolutamente não faz parte <strong>de</strong> seus hábitos<br />
(66%) e “às vezes” com 33% e “sempre” apenas 1%.<br />
Comparação <strong>da</strong> relação <strong>de</strong> outras <strong>do</strong>res com o estilo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong><br />
Na amostra entrevista<strong>da</strong>, 49% relatam <strong>do</strong>r em outro local <strong>da</strong>s costas e a<br />
meta<strong>de</strong> <strong>de</strong>stes indivíduos (50%) também sentem <strong>do</strong>r lombar. O maior número <strong>de</strong><br />
entrevista<strong>do</strong>s (56%) que sentem <strong>do</strong>r indicam estas <strong>do</strong>res em outras partes <strong>do</strong> corpo.<br />
Os locais mais indica<strong>do</strong>s na figura on<strong>de</strong> esta <strong>do</strong>r se localiza foram as pernas e<br />
ombros. Em ambos os casos, em relação ao estilo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>, a média <strong>de</strong> pontuação é<br />
<strong>de</strong> 1,3 pontos no questionário consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> normal, mas com fatores a <strong>de</strong>senvolver.<br />
Em 77% <strong>da</strong>s pessoas que relatam <strong>do</strong>r em outras partes <strong>do</strong> corpo, sentem <strong>do</strong>r<br />
também <strong>do</strong>res nas costas e <strong>do</strong>r lombar.
Do total entrevista<strong>do</strong>s, 19% relatam não sofrer <strong>de</strong> <strong>do</strong>r em nenhum local. Os<br />
maiores índices <strong>de</strong> boa quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> estão entre estes indivíduos, que<br />
pontuaram em média 2 pontos que é um índice <strong>de</strong> estilo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> bastante<br />
<strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>, <strong>de</strong> pessoas que conhecem a importância <strong>de</strong> um estilo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> ativo e<br />
saudável.<br />
DISCUSSÃO<br />
O sexo feminino é mais suscetível à <strong>do</strong>r no universo pesquisa<strong>do</strong>, com 70%<br />
relatan<strong>do</strong> <strong>do</strong>res. Entre elas o grau <strong>de</strong> algia sempre se mostrou maior <strong>do</strong> que nos<br />
integrantes <strong>do</strong> sexo masculino. Estu<strong>do</strong>s <strong>da</strong> University of Bath (BERNARDES,<br />
KEOGH & LIMA, 2007) relatou que mulheres sentem mais <strong>do</strong>r durante a vi<strong>da</strong> e por<br />
perío<strong>do</strong>s mais longos <strong>do</strong> que os homens. Embora centra<strong>do</strong> em fatores biológicos,<br />
também é reconheci<strong>do</strong> que as questões psicossociais são importantes. A <strong>do</strong>r<br />
influencia a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> e o bem estar e, inversamente proporcional, o estilo<br />
<strong>de</strong> vi<strong>da</strong> saudável po<strong>de</strong> resultar em redução <strong>de</strong> causas <strong>da</strong> <strong>do</strong>r.<br />
Relacionan<strong>do</strong> as pessoas que indicam <strong>do</strong>r lombar com o índice <strong>de</strong> estilo <strong>de</strong><br />
vi<strong>da</strong>, verificou-se índice que NAHAS (2000) consi<strong>de</strong>ra baixo on<strong>de</strong> a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> física,<br />
cui<strong>da</strong><strong>do</strong>s com alimentação, controle <strong>do</strong> estresse, comportamento preventivo e bons<br />
relacionamentos sociais são fatores que <strong>de</strong>vem melhorar em sua totali<strong>da</strong><strong>de</strong> para a<br />
melhora <strong>do</strong> estilo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>.<br />
Observa-se que a <strong>do</strong>r lombar é acompanha<strong>da</strong> <strong>de</strong> outras <strong>do</strong>res nas costas e<br />
em outros locais <strong>do</strong> corpo em mais <strong>da</strong> meta<strong>de</strong> <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s (60%) e nestes<br />
indivíduos os níveis <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> física habitual é inexistente. Tanto o indivíduo como<br />
o grupo <strong>de</strong>ve ser orienta<strong>do</strong> e aju<strong>da</strong><strong>do</strong> a mu<strong>da</strong>r seus comportamentos, pois oferecem<br />
riscos a sua saú<strong>de</strong>. Como po<strong>de</strong> ser constata<strong>do</strong> entre as pessoas que não relatam<br />
<strong>do</strong>r alguma, a média salta para o i<strong>de</strong>al, on<strong>de</strong> a pessoa tem estilo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> bastante<br />
<strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>, com conhecimento e manutenção <strong>de</strong> hábitos saudáveis e ativos.
A análise <strong>da</strong> aplicação <strong>da</strong> escala qualitativa <strong>da</strong> <strong>do</strong>r mostrou que para os<br />
indivíduos quanto melhor o estilo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>, menor o índice <strong>da</strong> <strong>do</strong>r.<br />
Para NAHAS (2000) o objetivo <strong>de</strong> analisar o perfil <strong>do</strong> estilo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> <strong>de</strong> um<br />
grupo ou pessoa é permitir a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> aspectos positivos e negativos em<br />
seus hábitos receben<strong>do</strong> informações e oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s para mu<strong>da</strong>r suas atitu<strong>de</strong>s.
A análise <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s mostra que entre os indivíduos que indicam<br />
claramente a <strong>do</strong>r lombar e <strong>do</strong>r em outro local <strong>da</strong>s costas chega ao total <strong>de</strong> 80% <strong>de</strong><br />
pessoas que tem queixa <strong>de</strong> <strong>do</strong>res nas costas. Na maioria <strong>do</strong>s casos analisa<strong>do</strong>s por<br />
ANDRADE, ARAÚJO & VILAR (2005), a <strong>do</strong>r lombar em indivíduos jovens é<br />
conseqüência <strong>de</strong> comprometimento <strong>de</strong> força ou resistência <strong>do</strong>s músculos <strong>de</strong>sse<br />
segmento, sen<strong>do</strong> o exercício físico um importante recurso à prevenção e tratamento<br />
<strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> <strong>do</strong>r. No espaço escolar, principalmente no ensino <strong>de</strong> jovens e adultos,<br />
a <strong>do</strong>r nas costas é uma <strong>da</strong>s queixas mais recorrentes para não-participação nas<br />
aulas <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> Física, como também é uma <strong>da</strong>s maiores causas <strong>de</strong> afastamento<br />
<strong>do</strong> trabalho.<br />
Ten<strong>do</strong> esta função, o presente estu<strong>do</strong> preten<strong>de</strong> intervir num <strong>do</strong>s fatores <strong>do</strong><br />
estilo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> saudável, prescreven<strong>do</strong> um programa <strong>de</strong> exercícios <strong>de</strong> fortalecimento<br />
e estabilização <strong>da</strong> coluna lombar. A estabilização <strong>da</strong> coluna, ou seja, a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
<strong>do</strong> núcleo <strong>de</strong> voltar regularmente ao centro, <strong>de</strong>pois <strong>do</strong> movimento, é impedi<strong>da</strong> em<br />
<strong>de</strong>corrência <strong>da</strong> falta <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s físicas e o estresse <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> mo<strong>de</strong>rna que provoca<br />
tensões na coluna vertebral. RODACKI et al.(2007) comprovaram que exercícios<br />
ab<strong>do</strong>minais fazem a coluna recuperar sua altura com muito mais eficácia e rapi<strong>de</strong>z<br />
<strong>do</strong> que o repouso, pois os músculos também realizam um papel relevante na<br />
absorção <strong>de</strong> forças e estabilização <strong>da</strong> coluna durante as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>do</strong> cotidiano.<br />
Quan<strong>do</strong> os músculos flexores e extensores <strong>do</strong> tronco são fortaleci<strong>do</strong>s há um<br />
aumento na pressão intra-ab<strong>do</strong>minal, a qual estabiliza e reduz o estresse aplica<strong>do</strong> a<br />
coluna (WATKINS, 1999). Se os ab<strong>do</strong>minais são fracos, além <strong>da</strong> redução <strong>de</strong>ssa<br />
pressão, há pouco controle sobre a pelve, <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>an<strong>do</strong> uma postura com<br />
acentua<strong>da</strong> curva lordótica, o que sobrecarrega as articulações e os discos<br />
intervertebrais.<br />
Resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> REINEHR, CARPES & MOTA (2008) indicaram<br />
que após o treinamento <strong>de</strong> estabilização e fortalecimento ab<strong>do</strong>minal ocorreu a<br />
ausência total ou <strong>de</strong>créscimo <strong>da</strong> <strong>do</strong>r em to<strong>do</strong>s os sujeitos investiga<strong>do</strong>s após 20<br />
sessões <strong>de</strong> treinamento. Os autores consi<strong>de</strong>ram o programa proposto mais funcional<br />
por assemelhar-se à ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> física <strong>do</strong> que terapia clínica convencional.<br />
Entretanto a <strong>de</strong>sinformação <strong>da</strong> população e até <strong>de</strong> profissionais <strong>da</strong> saú<strong>de</strong><br />
sobre a importância <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> física, inclusive contra indican<strong>do</strong> exercícios físicos<br />
para <strong>de</strong>termina<strong>da</strong>s populações, apesar <strong>de</strong> terem si<strong>do</strong> teoricamente alunos <strong>de</strong><br />
<strong>Educação</strong> Física, <strong>de</strong>monstra que esse não foi um fator que resultou numa aquisição
<strong>de</strong> saberes necessários para sua vi<strong>da</strong>. Observa-se que a área <strong>da</strong> fisioterapia aos<br />
poucos vem ocupan<strong>do</strong> o espaço que <strong>de</strong>veria ser <strong>da</strong> <strong>Educação</strong> Física por razões <strong>da</strong><br />
que, na prática, a <strong>Educação</strong> Física Escolar - num estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> Gue<strong>de</strong>s & Gue<strong>de</strong>s<br />
(1997) – colaboram para afastar os futuros adultos <strong>de</strong> uma vi<strong>da</strong> ativa.<br />
CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />
Ao somar as <strong>do</strong>res lombares e <strong>do</strong>res em outros locais <strong>da</strong>s costas verifica-se<br />
a incidência <strong>de</strong> <strong>do</strong>r em 80% <strong>da</strong> amostra entrevista<strong>da</strong>, chegan<strong>do</strong> aos mesmos<br />
números <strong>de</strong> recentes pesquisas <strong>de</strong> <strong>do</strong>r <strong>da</strong> coluna. A amostra é composta por 98%<br />
<strong>de</strong> pessoas abaixo <strong>do</strong>s 30 anos <strong>de</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong> com estilo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> abaixo <strong>do</strong> <strong>de</strong>seja<strong>do</strong>,<br />
com comportamento em relação à ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> física <strong>de</strong>ficitários. Naqueles com mais<br />
queixa <strong>de</strong> <strong>do</strong>res, praticamente a totali<strong>da</strong><strong>de</strong> não tem hábitos <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> física<br />
regular, mesmo sen<strong>do</strong> alunos <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> Física.<br />
Os estu<strong>do</strong>s comprovam que o fortalecimento <strong>da</strong> musculatura ab<strong>do</strong>minal leva<br />
a menor sobrecarga lombar, alivian<strong>do</strong> e evitan<strong>do</strong> <strong>do</strong>res nesta região. É necessário<br />
orientar a aquisição e manutenção <strong>de</strong> um estilo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> saudável, entre eles a<br />
prática regular <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> física.<br />
O <strong>de</strong>safio <strong>de</strong> promover a a<strong>do</strong>ção <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> ativo é muito gran<strong>de</strong>. Numa<br />
reali<strong>da</strong><strong>de</strong> em que o vi<strong>de</strong>ogame, a TV e a internet envolvem muito mais e as aulas <strong>de</strong><br />
<strong>Educação</strong> Física não são valoriza<strong>da</strong>s, com a dispensa facilita<strong>da</strong> e redução <strong>do</strong> tempo<br />
e <strong>do</strong> número <strong>de</strong> aulas no ensino noturno, é necessário segun<strong>do</strong> Nahas (2006) saber<br />
quan<strong>do</strong> e quais conteú<strong>do</strong>s <strong>de</strong>vem ser incluí<strong>do</strong>s, estabelecer estratégias e uma<br />
constante avaliação <strong>do</strong>s programas para que os conhecimentos apropria<strong>do</strong>s surtam<br />
os efeitos <strong>de</strong>seja<strong>do</strong>s, isto é, que sejam a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s para o resto <strong>de</strong> sua vi<strong>da</strong>.<br />
Estu<strong>do</strong>s como este po<strong>de</strong>m resultar em ações pe<strong>da</strong>gógicas que visem a<br />
mu<strong>da</strong>nça <strong>de</strong> comportamento, sen<strong>do</strong> necessário que o profissional elenque as<br />
informações para aquele grupo a que se <strong>de</strong>stina, crie situações em que a prática<br />
seja favoreci<strong>da</strong>, promova o apoio social necessário, para então esperar que ocorram<br />
mu<strong>da</strong>nças <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong> e até <strong>de</strong> comportamentos, o que levaria a uma melhor<br />
condição geral <strong>de</strong> bem estar e saú<strong>de</strong>.
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