12.07.2015 Views

metáfora, hipérbole e metamorfose em “a fila”

metáfora, hipérbole e metamorfose em “a fila”

metáfora, hipérbole e metamorfose em “a fila”

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Revista Mundo & Letras 54atingir seu objetivo <strong>em</strong> vida, sua história é uma <strong>metáfora</strong> da necessidade humana de seraceito e, por isso, preocupa-se com a aparência. Ainda há o <strong>em</strong>prego da <strong>hipérbole</strong> e da<strong>metamorfose</strong> na mesma narrativa.Discorr<strong>em</strong>os, portanto, sobre os três recursos narrativos apontados e a formacomo contribu<strong>em</strong> para a inserção de fatores sobrenaturais e, consequent<strong>em</strong>ente, como aunião desses el<strong>em</strong>entos para favorecer o aparecimento do fantástico chama a atenção doleitor a probl<strong>em</strong>as constantes da sociedade moderna.A literatura fantástica: características do gêneroA literatura fantástica brasileira não t<strong>em</strong> um panorama histórico extenso, poisapenas recent<strong>em</strong>ente alguns escritores se interessaram por tal gênero e, contudo, dessesn<strong>em</strong> todos se dedicaram exclusivamente a ele. Com suas origens <strong>em</strong> romances queexploravam o medo, tal literatura surgiu na Europa, provavelmente com os romancesgóticos. No entanto, as opiniões de estudiosos diverg<strong>em</strong> acerca de seu início.De acordo com Rodrigues (1988), para alguns pesquisadores o gênero existedesde Homero e As mil e uma noites, contudo para a grande maioria seu nascimentoocorreu entre os séculos XVIII e XIX, e seu amadurecimento se deu no século XX. JáPaes (1985) afirma que os primórdios da literatura fantástica ocorreram no séculoXVIII, na França. Segundo o autor, o florescimento da literatura fantástica ocorreudurante o Romantismo, período que se opôs à razão. Os contos fantásticos ganharaminfluência na França e <strong>em</strong> toda a Europa, enquanto na Inglaterra já havia o romancegótico 2 , que recorria ao horror sobrenatural. Durante a fase do Realismo-Naturalismo,subsequente, o racional e o objetivo voltaram ao destaque, contudo o fantásticopermaneceu e chegou ao século XX modificado.Estudando sobre as origens desse gênero, Coalla (1994, apud VOLOBUEF,2000, p. 111) apontou diferentes fases atravessadas pelo fantástico durante os séculos:no final do século XVIII e início do XIX, o gênero exigia a presença do sobrenatural,estando presentes monstros e fantasmas; no século XIX, passou a explorar opsicológico, inserindo nas narrativas a loucura, alucinações, pesadelos para mostrar aangústia no interior do sujeito; no século XX, o fantástico passou a criar incoerênciaentre el<strong>em</strong>entos do cotidiano. Baseado <strong>em</strong> tal relato, é possível notar que o gênerofantástico não é estanque, está s<strong>em</strong>pre evoluindo e aproximando-se de t<strong>em</strong>as cada vezmais críticos.Apesar de ter suas origens <strong>em</strong> romances que suscitavam o medo, no século XX anarrativa fantástica se tornou mais sutil. Volobuef (2000, p.109) afirma que abandonoua sucessão de acontecimentos surpreendentes, assustadores e <strong>em</strong>ocionantes paraadentrar esferas t<strong>em</strong>áticas mais complexas. Devido a isso, a narrativa fantástica passou atratar de assuntos inquietantes para o hom<strong>em</strong> atual: os avanços tecnológicos, asangústias existenciais, a opressão, a burocracia, a desigualdade social. Assim, o gênerofantástico deixou de ser apenas narrativa de entretenimento, pois “não cria mundosfabulosos, distintos do nosso e povoados por criaturas imaginárias, mas revela eprobl<strong>em</strong>atiza a vida e o ambiente que conhec<strong>em</strong>os do dia-a-dia” (VOLOBUEF, 2000, p.110).Até o início do século XX, a literatura brasileira não havia apresentadoimportantes obras fantásticas. O florescimento do gênero fantástico <strong>em</strong> nosso país, de2 O romance gótico teve grande importância na Literatura Inglesa no final do século XVIII e início doséculo XIX. Alguns estudiosos o consideram uma variedade do fantástico que recorria ao mistério e aoterror, e cujo objetivo era causar medo no leitor. No entanto, durante a narrativa os fatos eramexplicados racionalmente, o que dissipava o efeito do fantástico. Um ex<strong>em</strong>plo desse tipo de narrativa éa obra Frankenstein, de Mary Shelley.Mundo & Letras, José Bonifácio/SP, v. 2, Julho/2011

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!