submetidas a t<strong>em</strong>peraturas de 1.773K, e com a formação da faseescória.As reações carbotérmicas de redução de cromita sãobastante endotérmicas e portanto a adição de sílicio, <strong>em</strong> pequenasquantidades, deve contribuir com reações exotérmicas paraacelerar as reações de redução de aglomerados auto-redutores decromita.2 CONSIDERAÇÕES FUNDAMENTAIS da reduçãocarbotermica da cromitaA redução de cromita pode ocorrer principalmente atravésdos seguintes mecanismos: (2) i) cromita no estado sólido e os redutoresno estado sólido ou gasoso; ii) por reação metal/escória,onde a cromita se dissolve na escória e é reduzida pelo carbonodissolvido na fase metálica; e iii) pela reação da escória com aspartículas flutuantes de carbono sólido. A reação de redução diretaenvolvendo reagentes sólidos t<strong>em</strong> se mostrado importante nosprocessos de auto-redução. (3)No forno elétrico de redução, os mecanismos II e III sãopredominantes. Em processos de auto-redução o mecanismo I éo mais importante, mas quando o aglomerado apresenta formaçãode fase líquida, os mecanismos II e III pod<strong>em</strong> estar presentes.Neste trabalho, o enfoque principal será na redução noestado sólido. Os dois mecanismos importantes para a redução decromita são os de redução indireta pelo CO (envolvendo a reaçãode Boudouard), e de redução direta (carbono reagindo diretamenteou pelo carbono dissolvido na fase metálica reagindo comos óxidos).O minério de cromita é composto essencialmente de óxidode ferro (Fe 3O 4) livre, mais FeO.Cr 2O 3, MgO.Cr 2O 3, MgO.Al 2O 3e(Cr, Al) 2O 3, os quais formam uma estrutura complexa de espinéliono estado sólido. (4,5)A atividade do espinélio de cromita não pode ser consideradaunitária e Hino et al. (4,5) avaliaram a atividade do FeO.Cr 2O 3<strong>em</strong> uma estrutura complexa no estado sólido do tipo FeO.Cr 2O 3–MgO.Cr 2O 3– MgO.Al 2O 3coexistente com (Cr, Al) 2O 3e,observaram um desvio negativo da idealidade, na t<strong>em</strong>peratura de1.573K. A atividade de FeO.Cr 2O 3pode ser descrita <strong>em</strong> função dacomposição e da estequiometria da célula unitária de cromita paradadas t<strong>em</strong>peraturas. Utilizando esta metodologia, as estimativas(calculadas) para a cromita utilizada neste trabalho mostram quea atividade do FeO.Cr 2O 3varia muito pouco com a t<strong>em</strong>peratura,sendo que a 1.473K é de aproximadamente 0,138 e a 1.773K <strong>em</strong>torno de 0,173.Tomando-se a atividade do FeO.Cr 2O 3igual a 0,155, umamédia na faixa de t<strong>em</strong>peratura de interesse, e ainda considerandoque as atividades dos produtos Fe e Cr 2O 3são unitárias, verifica-seum aumento na t<strong>em</strong>peratura mínima de redução do óxido de ferro(FeO) presente na estrutura da cromita para 1.418K <strong>em</strong> relaçãoa 1.273K quando se considera atividade unitária da cromita. Omesmo ocorre quando o produto é um carboneto de ferro do tipoFe 3C, a t<strong>em</strong>peratura mínima sobe de 1.285K para 1.423K.Com relação à redução de óxido de cromo presente naestrutura da cromita, observa-se que só se inicia a uma t<strong>em</strong>pera-tura de 1.423K, formando carboneto de cromodo tipo Cr 7C 3, e a uma t<strong>em</strong>peratura de 1.496Kquando se forma Cr metálico com atividadeunitária, superior às t<strong>em</strong>peraturas de 1.398K e1.453K, respectivamente, quando se considera aatividade do FeO.Cr 2O 3unitária.No equilíbrio entre metal e escória, naetapa final, t<strong>em</strong>-se as reações de redução de CrOe SiO 2contidos na escória pelo C e Si contidos nafase metálica. A atividade de CrO é aumentadapelo aumento de basicidade, a uma determinadat<strong>em</strong>peratura. A Figura 1 mostra, para determinadascondições, que com basicidade acimade 0,6 pode-se chegar a teor de Cr na escóriade aproximadamente 0,2. Convém frisar quena produção convencional de ferro-cromo altocarbono (FeCrAC), a reação metal/escória épredominante, e é lenta <strong>em</strong> relação às reaçõesindireta e direta envolvendo cromita sólida ecarbono também sólido.(Cr)%1,00,90,80,70,60,50,40,30,20,11.500°C, ar1.500°C, CO1.600°C, CO0,00,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6BasicityFigura 1. Efeito da basicidade binária no teor de cromodas escorias. (6)3 MATERIAIS E MÉTODOSOs materiais utilizados foram finos decromita brasileira, finos de coque de petróleo,cimento Portland e agentes fluxantes (cal hidratadae sílica). Estes fluxantes foram adicionadospara se ter uma t<strong>em</strong>peratura líquidus da escóriade 1.773K. Os materiais foram misturados a secoe foram pelotizados manualmente com adição deágua. O diâmetro médio da pelota foi de15 mm ecom massa na faixa de 3,0 g-3,15 g. As Tabelas 1 e2 mostram a caracterização química e granulométricados materiais. Detalhes da análise de cromitapod<strong>em</strong> ser encontrados <strong>em</strong> Beneduce, Takano e<strong>Tecnologia</strong> <strong>em</strong> <strong>Metalurgia</strong> e <strong>Materiais</strong>, São Paulo, v.4, n.1, p. 42-47, jul.-set. 2007 43
Tabela 1. Composição química dos materiais (%).Componente Cromita Coquepetról.CimentoportlandFe-Si Silica Calhidrat.Cr 2O 341,2 - - - - -Fe 2O 3- - 2,78 - - -FeO 16,86 - - - - -SiO 25,66 - 19,05 - 100 4Al 2O 317,29 - 4,92 - - -MgO 15,63 - 0,55 - - 31,7CaO 0,38 - 64,30 - - 57,4CaO livre - - 1,01 - - -CO 2- - - - - -M Voláteis - 10,8 - - - 6,9Fe total 13,1 - - 25 - -P 0,007 - - - - -C fixo - 88,8 - - - -Cinzas - 0,4 - - - -S - 0,8 - - - -Si - - - 75 - -Ca - - - 0,14 - -SO 2- - 2,63 - - -K 2O - - 0,73 - - -Na 2O - - 0,04 - - -Outros - - 3,99 - - -Tabela 2. Analise granulométrica dos materiais (% passante).Malha Abertura Cromita Coque Cimento(µm)petróleo ARIFe-75%SiSílica Calhidratada100 147 100 100 100 100 100150 104 99,25 100 80,77200 74 79,04 25,96270 53 26,61 3,96400 38 2,82 1,37-400 0,00 0,00Mourão. (1) As pelotas foram produzidas com quatro composições(P1, P2, P3 e P4) diferentes, s<strong>em</strong> Fe-75%Si, com 1% Fe-75%Si,com 2% Fe-75%Si e com 4% Fe-75%Si (Tabela 3). Após a secag<strong>em</strong>,as pelotas foram submetidas aos ensaios de redução, num sist<strong>em</strong>aespecial com aquecimento indutivo e circulação de argônio de2 NL/min (Figura 2). O termopar utilizado nos experimentos foido tipo B (Pt / Pt-Rh 30%) As pelotas frias foram colocadas diretamenteno cadinho já aquecido e estabilizado a 1.773K, e mantidaspor t<strong>em</strong>po suficiente para que não houvesse mais a evolução dosgases. Desligava-se o forno e deixava-se esfriar até t<strong>em</strong>peraturaambiente. A fração de reação foi determinada pela integração daárea abaixo da curva de evolução de gases com o t<strong>em</strong>po. Nosensaios foram utilizados cadinhos de grafita com diâmetro internode 35 mm e altura interna de 50 mm.A Figura 3 e a Tabela 4 mostram a fotomicrografia porMEV e a análise por EDS mostrando os compostos do minério.As partículas A e B são cromitas, sendo a A mais rica <strong>em</strong> ferro. Apartícula C é uma ganga constituída principalmente por silicato d<strong>em</strong>agnésio.194d e11 12 1026c8145b a13Figura 2. Representação esqu<strong>em</strong>ática do sist<strong>em</strong>a para ensaiode redução. 1) Suporte de fixação do forno; 2) entradade Ar; 3) base de latão do forno; 4) tubo de sílica fundida;5) tubo refratário de sustentação do forno; 6) manta isolantede grafita; 7) suceptor do transdutor de pressão; 8) cadinhode trabalho; 9) bobina de indução; 10) termopar; 11) poçode pirômetro; 12) tubo de grafita; 13) tampa superior delatão; 13a) duto guia de termopar; 13b) saída dos gases gerados;13c) visor e entrada das pelotas; 13d) duto de conexão;13e) duto para leitura com pirômetro ótico; e 14) pelota.CB200 mCromita original MD 25 mmEHT = 30.00 kV Detector QSBD Mag 50xFigura 3. Microfotografia do minério de cromita (concentradoJacurici), evidenciando a existência de três diferentescompostos. (1) .Tabela 3. Composição das pelotas (%).Pelota P1 P2 P3 P4Cromita 72,83 72,84 74,67 76,6Coque de petróleo 12,44 11,5 11,16 9,81Fe-Si (75%Si) 0,00 0,93 1,91 3,92Cimento Portland 5,44 5,44 5,6 5,77SiO 2(100% pureza) 5,57 5,57 2,86 0,00Cal Hidratada 3,71 3,72 3,81 3,91Tabela 4. Analise por EDS mostrando os componentesel<strong>em</strong>entares dos compostos da Figura 3, <strong>em</strong> (%).A B CO 28,9 34,4 46,2Mg 0,8 8,2 20,3Al 3,6 9,6 0,7Si - 0,01 29,2Ti 0,6 0,2 0,2Cr 27,1 35,3 0.7Fe 38,9 12,3 2,7A7344 <strong>Tecnologia</strong> <strong>em</strong> <strong>Metalurgia</strong> e <strong>Materiais</strong>, São Paulo, v.4, n.1, p. 42-47, jul.-set. 2007