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Canudos e o movimento dos trabalhadores rurais sem terra - Ebap

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8Para o MST, a proposta de reforma agrária inclui luta contra o latifúndio, o capital, aignorância e a favor da igualdade entre to<strong>dos</strong> os brasileiros, de uma agricultura desubsistência, da preservação e da recuperação <strong>dos</strong> recursos naturais, pois o modelo deagricultura que vigora no Brasil dá prioridade às grandes fazendas, à monocultura, nãoexistindo preocupação com o solo e sim com a produtividade e o incentivo ao uso deagrotóxico. Conhecendo essa realidade, o MST estrutura um formato de ação que vai alémdas ocupações de <strong>terra</strong>, inserindo-se numa perspectiva que questiona a política agrícolaexistente no Brasil e, desenvolve projetos para captação de recursos com o propósito deprestar assistência técnica e organizar alternativas de produção e comercialização nosassentamentos.Ao longo desse percurso de lutas pela democratização do acesso à <strong>terra</strong>, o MST, talcomo outros <strong>movimento</strong>s sociais do campo, vem constantemente sofrendo violências erepressões por parte do Estado e resistindo no seu projeto de construção de uma sociedademais inclusiva. O Massacre do Eldorado <strong>dos</strong> Carajás, ocorrido em 17 de Abril de 1996, onde19 <strong>trabalhadores</strong> <strong>rurais</strong> foram executa<strong>dos</strong> pela polícia do Pará, ou o Massacre de Corumbiara,no estado de Rondônia, no dia 9 de Agosto de 1995, onde foram mortos pela ação da polícia11 <strong>trabalhadores</strong>, inclusive uma criança de 7 anos, são exemplos tão escandalosos quantovivamente contestado pela impunidade. Contudo tais ações do Estado em vez de provocar oenfraquecimento do Movimento são transforma<strong>dos</strong> em fatos políticos que simbolizam vitóriase resistências – e violentamente rebati<strong>dos</strong> pelo Estado - no embate político da luta pelareforma agrária.Outras formas de violência são também praticadas com o uso da força do próprio Estadopara a defesa <strong>dos</strong> interesses <strong>dos</strong> latifundiários do Nordeste. No estado de Sergipe durante o anode 2003, a violência com que o governo João Alves rechaçava a luta pela reforma agráriaatentava contra todas as formas de direitos e cidadania. “O governo do Estado mandou destruirquatro acampamentos de <strong>trabalhadores</strong> <strong>rurais</strong> <strong>sem</strong> <strong>terra</strong> às margens de rodovias estaduais,envolvendo cerca de 1.500 famílias. Os despejos iniciaram às 5 horas da madrugada, o que éilegal. O acesso às áreas foi bloqueado. Policiais fortemente arma<strong>dos</strong> começaram a derrubada<strong>dos</strong> barracos – com pertences e documentos dentro - pelo Acampamento Milton Santos, em 4de agosto, no município Nossa Senhora da Glória, sertão sergipano. Utilizaram inclusivebombas de gás. Alguns <strong>trabalhadores</strong> foram agredi<strong>dos</strong>. A ação irregular e violenta do governoestadual prosseguiu em 8 de agosto, em três acampamentos no Sul do Estado. Em um deles, o 8de agosto, em Nossa Senhora do Itanhy não havia ordem judicial de despejo. No AcampamentoSanta Rita do Gavião, na rodovia que liga os municípios de Indiaroba e Umbaúba, os<strong>trabalhadores</strong> estavam no local há três anos – já tinham até produção. A escola também foidestruída. No Milton Santos, Nossa Senhora do Itanhy, solidariedade à luta <strong>dos</strong> <strong>sem</strong> <strong>terra</strong>s: asfamílias montaram o acampamento vizinho ao anterior, numa área cedida pelo pequenoprodutor Luiz Fernando Silveira. Os demais acampamentos também foram reconstruí<strong>dos</strong> emlocais próximos aos derruba<strong>dos</strong>. Em 11 de agosto, o governador João Alves (PFL) assumiu ocompromisso de suspender as reintegrações de posse nas rodovias estaduais. Espera-se quehonre a palavra. (Jornal Sem Terra, número 232, Agosto de 2003, pagina 7).No entanto, mesmo tendo que enfrentar toda a violência do Estado que visa frear a lutado MST, a cada ano inúmeras famílias ingressam na luta organizada por este Movimento.Assim a adesão das famílias do campo ao MST – à luta pela reforma agrária no Brasil e porum novo projeto de sociedade -, parece atrair cada vez mais, famílias de agricultores <strong>sem</strong><strong>terra</strong>, por um lado pela possibilidade que vislumbram de conquistarem seu pedaço de chão epelo outro por não terem outra alternativa para tal conquista. Ao indagar a João Daniel –Direção Estadual do MST em Sergipe – sobre o que motiva as pessoas a ingressarem na lutado MST, a viverem dias, meses e até anos em barracos lutando pela <strong>terra</strong>, ouvimos a seguinteFGV/EBAPE, Programa de Estu<strong>dos</strong> Administração Brasileira, Biblioteca Virtual de Administração Brasileira

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