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Gestão social como estratégia de avaliãção do ... - PEGS

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4SAMUEL FELIPPEGESTÃO SOCIAL COMO ESTRATÉGIA DE AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTOLOCAL:A ATUAÇÃO DO SEBRAE NO TERRITÓRIO DA CIDADANIA DO MEIO-OESTE DOCONTESTADO.Esta Dissertação foi julgada a<strong>de</strong>quada para a obtenção <strong>do</strong> Título <strong>de</strong> Mestre e aprovada em suaforma final pelo Centro <strong>de</strong> Pós Graduação <strong>de</strong> Administração da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong>Santa Catarina.Florianópolis, 07 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2013._____________________________Prof. Eloise Dellagnelo, Dr.Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> CPGABANCA EXAMINADORA______________________________Prof. Luís Moretto Neto. Dr.Orienta<strong>do</strong>r (UFSC)______________________________Prof. Paulo Otolini Garri<strong>do</strong>. Dr.Examina<strong>do</strong>r (UFSC)_____________________________Prof. Eloise Dellagnelo, Dr.Examina<strong>do</strong>ra (UFSC)______________________________Prof. Sergio Luís Allebrandt. Dr.Membro Externo (UNIJUÍ)


8RESUMOEsta é uma dissertação, que objetiva, com ênfase na meto<strong>do</strong>logia crítica da gestão <strong>social</strong>,<strong>de</strong>svendar um escopo prático <strong>de</strong> ação na esfera das políticas públicas para o <strong>de</strong>senvolvimentoterritorial local pela lente <strong>de</strong> seus beneficia<strong>do</strong>s e atores componentes. Tal abordagem traça umparalelo entre as modificações sociais, políticas e econômicas ocorridas na região <strong>do</strong> MeioOeste Contesta<strong>do</strong>, zona <strong>de</strong> litígio entre os esta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Santa Catarina e Paraná durante os anos1912 e 1916, e que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2008 integra os Territórios da Cidadania. Os da<strong>do</strong>s serão trata<strong>do</strong>squalitativamente a partir <strong>de</strong> entrevistas e levantamento bibliográfico <strong>de</strong> obras referentes àgestão <strong>social</strong>, participação, novo serviço público, <strong>do</strong>cumentos institucionais e sobre a Guerra<strong>do</strong> Contesta<strong>do</strong>, que nesse ano <strong>de</strong> 2012 torna-se cronologicamente centenária para o contextodas injustiças sociais no Brasil. O uso <strong>de</strong> meto<strong>do</strong>logias críticas propostas pelos teóricos dagestão <strong>social</strong> Tenório (2007), Castellà e Jorba (2005), Jorba, Martí e Parés (2007) e Parés eCastellà (2008), buscou-se caracterizar o recente programa governamental <strong>de</strong> integração <strong>de</strong>políticas públicas e suas intersecções, i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e formação, na perspectiva baseada porcritérios plurais e dialógicos, com entrevista a diferentes atores envolvi<strong>do</strong>s, e pesquisa<strong>do</strong>cumental. Dentre os atores <strong>de</strong>sta pesquisa, está a socieda<strong>de</strong> civil organizada, através <strong>do</strong>smembros beneficia<strong>do</strong>s pelos projetos, representantes estaduais e fe<strong>de</strong>rais, <strong>do</strong>s Ministérios eempresas <strong>de</strong> fomento. O SEBRAE que é parceiro institucional <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s Territórios daCidadania <strong>de</strong>senvolve projetos agroindustriais nos municípios na região <strong>do</strong> Meio OesteContesta<strong>do</strong>. A Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ria <strong>do</strong> SEBRAE no município <strong>de</strong> Joaçaba, foi escolhida para serfoco <strong>de</strong> análise, por ser um <strong>do</strong>s primeiros receptores <strong>de</strong> incentivo financeiro governamental <strong>do</strong>território em estu<strong>do</strong>. Uma gra<strong>de</strong> <strong>de</strong> categorias entre a gestão burocrática, estratégica e a gestão<strong>social</strong> (PIMENTEL, PIMENTEL, 2010), foi utilizada para caracterizar na percepção <strong>de</strong> trêsiniciativas, as características atenuantes da gestão, e da interação <strong>de</strong> diferentes atores einteresses no processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento territorial. Logo to<strong>do</strong>s os da<strong>do</strong>s foramsistematiza<strong>do</strong>s <strong>como</strong> um estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> caso para que, pudéssemos compreen<strong>de</strong>r aspotencialida<strong>de</strong>s <strong>do</strong>s processos gestionários <strong>do</strong> SEBRAE, e a dinâmica sociopolítica <strong>do</strong>programa governamental pela avaliação cidadã, da representativida<strong>de</strong> empresarial e pública,<strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s Territórios da Cidadania. Analisou-se por referência <strong>do</strong> olhar <strong>de</strong> distintos agentes,a estratégia que está sen<strong>do</strong> implantada para o <strong>de</strong>senvolvimento local <strong>do</strong> Meio OesteContesta<strong>do</strong>. Dentre os da<strong>do</strong>s observa<strong>do</strong>s, provin<strong>do</strong>s <strong>de</strong> um teci<strong>do</strong> muito específico <strong>do</strong>cotidiano brasileiro, agro exporta<strong>do</strong>r e com pre<strong>do</strong>mínio da micro e pequena empresa, a falta<strong>de</strong> comunicação entre os atores, governamentais e <strong>de</strong> interesse público é aparente. OSEBRAE mesmo <strong>de</strong>ntro uma nova proposta cidadã <strong>de</strong> política pública, continua a trabalharnuma visão positivista quanto ao tipo <strong>de</strong> gestão a<strong>do</strong>tada, sen<strong>do</strong> ela ainda estratégica voltadapara resulta<strong>do</strong>s, mas apresentou traços <strong>de</strong> abertura para uma administração pública gestionada<strong>social</strong>mente. Por fim preten<strong>de</strong>u-se apresentar a regulação <strong>social</strong> tardia <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong>mocráticoe <strong>do</strong>s direitos, a partir <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s alcança<strong>do</strong>s pela participação da socieda<strong>de</strong> civil, pormeio das disputas e conquistas históricas em prol da cidadania.Palavras-Chave: Gestão Social; Contesta<strong>do</strong>; Desenvolvimento Territorial; CidadaniaDeliberativa.


10LISTA DE FIGURASFigura 1 - Dinâmica <strong>de</strong> Pesquisa Meio Oeste Contesta<strong>do</strong>........................................................ 19Figura 2 - Região Meio Oeste Contesta<strong>do</strong> ............................................................................... 23Figura 3- Algumas das cida<strong>de</strong>s visitadas para pesquisa ........................................................... 66Figura 4- Territórios da Cidadania ........................................................................................... 74Figura 5 - Critérios para seleção ............................................................................................... 75Figura 6 - Instâncias <strong>de</strong> Gestão ................................................................................................ 76Figura 7 - Ações que entregam o programa ............................................................................. 77Figura 8 - Ciclo <strong>de</strong> gestão <strong>do</strong> programa ................................................................................... 80Figura 9 - Meio Oeste Contesta<strong>do</strong> e 2-Planalto Norte.............................................................. 83Figura 10 - Associações <strong>de</strong> municípios que fazem parte <strong>do</strong>s TC <strong>do</strong> Meio Oeste Catarinense 85Figura 11- PROMESO Gran<strong>de</strong> fronteira <strong>do</strong> MERCOSUL ...................................................... 88Figura 12 - Divisão das Secretárias <strong>de</strong> Desenvolvimento Regional ......................................... 89Figura 13 - Processo <strong>de</strong> Gestão Social ..................................................................................... 91Figura 14 - Projeto <strong>de</strong> Desenvolvimento Territorial .............................................................. 103Figura 15 - Hierarquia Normativa .......................................................................................... 107


11LISTA DE GRÁFICOSGráfico 1- Distribuição setorial <strong>do</strong> valor adiciona<strong>do</strong> ............................................................. 108Gráfico 2 - Empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>res Individuais Meio Oeste Contesta<strong>do</strong> ......................................... 109Gráfico 3- Distribuição <strong>de</strong> renda <strong>do</strong> Meio Oeste Contesta<strong>do</strong> ................................................. 111Gráfico 4 - Massa <strong>de</strong> salários na MPE e total Meio Oeste Contesta<strong>do</strong> .................................. 113


12LISTA DE QUADROSQuadro 1- Características da administração pública, burocrática e gerencial .......................... 45Quadro 2 - Comparação <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los ........................................................................................ 50Quadro 3- Dimensões, Categorias, Critérios e Variáveis <strong>do</strong> Méto<strong>do</strong> <strong>do</strong> Estu<strong>do</strong> ..................... 67Quadro 4 - Tipos <strong>de</strong> gestão e suas características .................................................................... 69Quadro 5- Números <strong>do</strong> Território ............................................................................................. 83Quadro 6- Associações <strong>de</strong> Municípios pertencentes ao Meio Oeste Contesta<strong>do</strong> ..................... 86Quadro 7 - Composição <strong>do</strong> CODETER Meio Oeste Contesta<strong>do</strong> ............................................. 92Quadro 8 - Desenho <strong>de</strong> Etapas CRESCER ............................................................................. 105Quadro 9- Projetos <strong>do</strong> SEBRAE em andamento no Meio Oeste Contesta<strong>do</strong> ........................ 110Quadro 10- Resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> VOISIN ............................................................................ 114Quadro 11 - Normativa <strong>de</strong> projeto .......................................................................................... 116


13LISTA DE SIGLASAMAI - Associação <strong>de</strong> Municípios <strong>do</strong> Alto IraniAMMOC - Associação <strong>de</strong> municípios <strong>do</strong> Meio Oeste Contesta<strong>do</strong>AMNOROESTE - Associação <strong>de</strong> municípios <strong>do</strong> Noroeste CatarinenseAPL – Arranjo Produtivo LivreCGN – Conselho Gestor NacionalCIAT - Comissão <strong>de</strong> Implantação <strong>de</strong> Ações TerritoriaisCIDASC - Companhia Integrada <strong>de</strong> Desenvolvimento Agrícola <strong>de</strong> Santa CatarinaCODETER - Colegia<strong>do</strong> <strong>de</strong> Desenvolvimento TerritorialCONDRAF – Conselho Nacional <strong>de</strong> Desenvolvimento Rural e SustentávelCONSAD’s - Consórcios <strong>de</strong> Segurança Alimentar e Desenvolvimento LocalCOOPEROURO - Cooperativa <strong>de</strong> produtores rurais <strong>do</strong> município <strong>de</strong> OuroCOPAFAM – Cooperativa <strong>de</strong> Produtores Agrícolas FamiliaresDASP - Departamento Administrativo <strong>do</strong> Serviço PúblicoDFM - Delega<strong>do</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong> MDAEPAGRI- Empresa <strong>de</strong> Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural <strong>de</strong> Santa CatarinaFECAM - Fe<strong>de</strong>ração Catarinense <strong>de</strong> MunicípiosIDH – Índice <strong>de</strong> Desenvolvimento HumanoIICA – Instituto Interamericano <strong>de</strong> Cooperação para a AgriculturaINCRA - Instituto Nacional <strong>de</strong> Colonização e Reforma AgráriaMDA – Ministério <strong>do</strong> Desenvolvimento AgrárioMDS – Ministério <strong>do</strong> Desenvolvimento SustentávelMIN – Ministério Integração NacionalMinC - Ministério da CulturaMMA – Ministério <strong>do</strong> Meio AmbienteMPE - Micro e Pequenas EmpresasONG TM – Organização Não Governamental Transparência MunicipalPAC – Programa <strong>de</strong> Aceleração <strong>de</strong> Crescimento


14PDE - Plano <strong>de</strong> Desenvolvimento da EducaçãoPIB – Produto Interno BrutoPNDR - Plano Nacional <strong>de</strong> Desenvolvimento RegionalPNUD – Programa das Nações Unidas para o DesenvolvimentoPROMESO - Programa das Mesorregiões <strong>do</strong> Ministério da Integração NacionalPRONAF - Programa Nacional <strong>de</strong> Fortalecimento da Agricultura FamiliarPTC – Programa Territórios da CidadaniaPTDRS - Plano Territorial <strong>do</strong> Desenvolvimento Rural SustentávelSDR – Secretária <strong>do</strong> Desenvolvimento RuralSDRs – Secretaria <strong>do</strong> Desenvolvimento RegionalSDT - Secretaria <strong>de</strong> Desenvolvimento TerritorialSEBRAE - Serviço Brasileiro <strong>de</strong> Apoio às Micro e Pequenas EmpresasSGE - Sistema <strong>de</strong> Gerenciamento EstratégicoSIGEOR - Sistema <strong>de</strong> Informações da Gestão Estratégica Orientada para Resulta<strong>do</strong>sPTDRS - Plano Territorial <strong>de</strong> Desenvolvimento Rural Sustentável.SUDENE - Superintendência <strong>do</strong> Desenvolvimento <strong>do</strong> Nor<strong>de</strong>ste


15SUMÁRIO1 APRESENTAÇÃO .......................................................................................................... 171.2 DEFINIÇÕES DO PROBLEMA .................................................................................... 251.3 OBJETIVOS ................................................................................................................... 251.3.1 Objetivo Geral ........................................................................................................ 251.3.2 Objetivos específicos .............................................................................................. 252 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA DE APOIO ............................................................. 282.1 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DO CONTESTADO ...................................... 282.1.1 Disputa <strong>do</strong> território Contesta<strong>do</strong> .......................................................................... 282.1.2 O exército "encanta<strong>do</strong>" <strong>do</strong> interesse capitalista.................................................. 312.1.3 Faces sociais <strong>do</strong> Contesta<strong>do</strong> ................................................................................... 332.2 POLÍTICAS PÚBLICAS PARA O DESENVOLVIMENTO ........................................ 352.2.1 I<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, território e <strong>de</strong>senvolvimento rural ................................................... 372.3 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PARA O DESENVOLVIMENTO ............................. 412.3.1 Contribuições da administração pública gerencial ............................................. 432.4 NOVAS PERSPECTIVAS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA .................................. 462.4.1 Novo Serviço Público ............................................................................................. 472.4.2 Gestão Social ........................................................................................................... 492.4.2.1 O Eixo Meto<strong>do</strong>lógico da Gestão Social ............................................................ 522.4.2.2 O eixo organizacional da Gestão Social ............................................................ 532.4.2.3 O eixo societário da Gestão Social .................................................................... 542.4.2.4 Participação Social Cidadã ................................................................................ 552.4.2.5 Cidadania ........................................................................................................... 582.4.2.6 Cidadania Deliberativa ...................................................................................... 603 METODOLOGIA ........................................................................................................... 634 RESULTADOS ................................................................................................................ 734.1 TERRITÓRIOS DA CIDADANIA ................................................................................ 734.1.1 Território da Cidadania <strong>do</strong> Meio Oeste Contesta<strong>do</strong> ........................................... 814.2 TERRITORIALIZAÇÃO PÚBLICA DO ESPAÇO ...................................................... 854.2.2 Dialogicida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Colegia<strong>do</strong> Territorial Contestada. .......................................... 904.2.3 Reflexos latentes da Guerra .................................................................................. 954.3 SEBRAE NO DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL ............................................. 1014.3.1 Projeto CRESCER no PTC Meio Oeste Contesta<strong>do</strong> ........................................ 1044.3.1.1 Tranças da Terra .............................................................................................. 1194.3.1.2 Broto <strong>do</strong> Galho ................................................................................................ 1204.3.2 Vereda Santa Helena ............................................................................................ 121


164.3.2.1 Bebidas Rachelle ............................................................................................. 1214.3.2.2 Doces <strong>do</strong> Monte/ COPAFAM ......................................................................... 1224.4 PELAS LENTES DA GESTÃO SOCIAL ................................................................... 1224.4.1 Objetivo ................................................................................................................. 1234.4.2 Valor ...................................................................................................................... 1244.4.3 Racionalida<strong>de</strong> ....................................................................................................... 1254.4.4 Protagonistas......................................................................................................... 1274.4.5 Comunicação......................................................................................................... 1284.4.6 Processo Decisório ................................................................................................ 1294.4.7 Operacionalização ................................................................................................ 1304.4.8 Esfera ..................................................................................................................... 1314.4.9 Autonomia e po<strong>de</strong>r ............................................................................................... 1325 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................... 1356 REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 138


171 APRESENTAÇÃOÉ notória a ascensão <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s nas áreas sociais que associam a gestão <strong>como</strong>mecanismo <strong>de</strong> cidadania e estratégia <strong>social</strong>, em respostas à complexida<strong>de</strong> e à fragmentaçãoque as socieda<strong>de</strong>s vêm <strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong> ecológica e moralmente.Para Bauman (1999) a separação entre economia e política, e a proteção daprimeira contra a intervenção regulatória da segunda, resulta na perda <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r da políticapública <strong>como</strong> um agente efetivo <strong>de</strong> mudança na distribuição <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r local.A maneira <strong>de</strong> <strong>como</strong> a coisa pública é organizada e dirigida por seus gestores paraatingir a sua finalida<strong>de</strong> principal que são as <strong>de</strong>mandas sociais, esta sen<strong>do</strong> francamentebombar<strong>de</strong>ada por interesses que se submetem principalmente ao lucro financeiro eespeculativo. O intenso <strong>de</strong>bate suscita<strong>do</strong> pelas primeiras evidências <strong>de</strong> transgressão <strong>do</strong>slimites <strong>do</strong> crescimento material alimenta novos campos <strong>de</strong> pesquisa científica inter eintradisciplinar.A sustentabilida<strong>de</strong> a partir <strong>do</strong>s anos 90, através <strong>de</strong> um arcabouço <strong>de</strong> conceitos,dissemina uma nova cultura que é representada pelos avanços nas áreas <strong>de</strong> redução <strong>do</strong>s<strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s sociais, <strong>do</strong> aumento da riqueza <strong>social</strong> sem <strong>de</strong>pendência externa, melhoria <strong>do</strong>meio ambiente, preservação <strong>do</strong>s recursos para gerações futuras, evitan<strong>do</strong> aglomera<strong>do</strong>surbanos e conflitos. Argumentan<strong>do</strong> a favor das necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> mudanças que impera nadinâmica <strong>social</strong>, segun<strong>do</strong> Sachs (2007), há <strong>de</strong> se aproveitar pelo histórico da humanida<strong>de</strong> queApren<strong>de</strong>mos avaliar com mais precisão certos efeitos da ação antropogênicapotencializa<strong>do</strong>s pelo progresso cientifico e técnico. Em sua opinião, as evidênciasque vêm sen<strong>do</strong> acumuladas pelos cientistas fortaleceram hipótese segun<strong>do</strong> a qual aextrapolação das tendências atuais <strong>de</strong> crescimento selvagem alimenta<strong>do</strong> peloconsumo <strong>de</strong>senfrea<strong>do</strong> <strong>de</strong> energias fósseis, po<strong>de</strong>rá nos levar, num futuro mais oumenos distantes a modificações climáticas irreversíveis, <strong>de</strong> consequências trágicasda espécie humana (SACHS 2007, p.21).Assim sen<strong>do</strong>, a cidadania <strong>de</strong>liberativa <strong>como</strong> nova estratégia <strong>de</strong> empo<strong>de</strong>ramentopara a participação efetiva <strong>do</strong> cidadão, através <strong>de</strong> esferas públicas transparentes e semqualquer tipo <strong>de</strong> coerção comunicativa, é uma das alternativas a<strong>do</strong>tadas pela gestão <strong>social</strong>, nointuito <strong>de</strong> substituir uma visão administrativa meramente utilitarista, por uma comsubstantivida<strong>de</strong> e finalida<strong>de</strong> emacipa<strong>do</strong>ra tanto econômica quanto <strong>social</strong> e sustentável(ALLEBRANDT, 2009; TENÓRIO, 2012; MORETTO NETO; GARRIDO; JUSTEN, 2011).Dentro <strong>de</strong>sta nova perspectiva é impossível acreditar que regimes <strong>de</strong> governos<strong>de</strong>mocráticos sobrevivam apenas com medidas simplesmente <strong>de</strong>senhadas e aplicadas <strong>de</strong>


18forma autoritárias, a partir <strong>de</strong> uma dimensão “Top Down”. Entretanto, po<strong>de</strong> parecer que aopção pela <strong>de</strong>mocracia, tenha a vocação <strong>de</strong> encontrar soluções, mas a verda<strong>de</strong>ira face <strong>de</strong>sseprocesso é muitas vezes ambígua e <strong>de</strong>safia os padrões consolida<strong>do</strong>s <strong>de</strong> pensar, e assumirpapéis perante a comunida<strong>de</strong> (HEIDEMANN, 2004).Nos <strong>de</strong>safios <strong>de</strong>sse trabalho há o interesse <strong>de</strong> perseguir exemplos <strong>de</strong> criação e<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> políticas públicas, através inclusão da iniciativas <strong>de</strong> participação popular.Esse tipo <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> vem sen<strong>do</strong> priorida<strong>de</strong> pelos pesquisa<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Grupo <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s emGestão Social da UFSC. Para Secchi (2010) uma abordagem através <strong>de</strong> varias esferas <strong>de</strong>po<strong>de</strong>r nas políticas públicas é a mais indicada, pois existem correntes conceituais e <strong>de</strong> técnicasanalíticas. Assim sen<strong>do</strong>, trabalhou-se com o tamanho <strong>de</strong> uma causa on<strong>de</strong> o ator <strong>social</strong> secomporta <strong>como</strong> atacante na proposta <strong>de</strong> enfrentamento ao problema público, e os resulta<strong>do</strong>sterem melhor aproveitamento por organizações e indivíduos.Dentre as correntes sobre gestão pública, no cunho epistemológico, sua gran<strong>de</strong>zatécnico-científica faz nascer os alicerces práticos <strong>de</strong> construção <strong>do</strong> conhecimentoadministrativo, inserin<strong>do</strong> nas valiosida<strong>de</strong>s das temáticas <strong>do</strong> saber, competências inova<strong>do</strong>rasque se procura reproduzir. A outra, <strong>de</strong> cunho prático, que transforma<strong>do</strong> em fato, traz apossibilida<strong>de</strong> que admitir <strong>de</strong>finitivamente a integrida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s sujeitos civis que a<strong>de</strong>ntram nasorganizações públicas, com valores, emoções e sonhos, e que po<strong>de</strong>rão estar mais prepara<strong>do</strong>spara os problemas que requerem em sua maioria, soluções imediatas (TENÓRIO, 2005).Evi<strong>de</strong>ncian<strong>do</strong> que uma pluralida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atores enfrentam problemas públicoscomplexos, <strong>de</strong>sse par, argumenta Tenório (2005, p.15), ao mesmo tempo antagônico edialógico surge aí a gestão <strong>social</strong>, <strong>como</strong> teoria crítica à gestão estratégica, “investigan<strong>do</strong> asinterconexões recíprocas <strong>do</strong>s fenômenos sociais, à luz das leis históricas”. Vale a penalembrar que os saberes <strong>de</strong> forma separada, principalmente os critérios <strong>de</strong> formação <strong>do</strong> bemcomum, não mostram a verda<strong>de</strong>ira intenção <strong>de</strong> universalizar a cidadania, porque esta nasce <strong>do</strong>teste a da aprovação solidária, e não da improvisação <strong>de</strong> todas as disciplinas (CANÇADO;PEREIRA, 2010).Por isso, a relação histórica com a Guerra <strong>do</strong> Contesta<strong>do</strong> faz parte dacontextualização <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>, por ser exemplo da luta <strong>de</strong> direitos e por emancipação <strong>social</strong> naregião <strong>do</strong> Meio Oeste Contesta<strong>do</strong>, reflete aos dias <strong>de</strong> hoje, pelas necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> tratamentooferecidas pelas instituições públicas governamentais à região.O projeto <strong>de</strong> acompanhamento Agro Industrialização Sustentável (CRESCER) <strong>do</strong>SEBRAE, que foi “carro chefe” no plano estratégico da instituição nos Territórios daCidadania <strong>do</strong> Meio Oeste Contesta<strong>do</strong>, <strong>de</strong> 2009 a 2011, serviu <strong>de</strong> base para a pesquisa. Esta


19dissertação analisou os projetos incuba<strong>do</strong>s, através <strong>de</strong> uma matriz com base comparativa,envolven<strong>do</strong> categorias que distinguem a administração pública em três vieses, o burocrata, oestratégico e o <strong>social</strong>, <strong>de</strong>senvolvida por Pimentel e Pimentel (2010). Ela nos propiciou umpanorama das características das ações <strong>de</strong>senvolvimentistas a<strong>do</strong>tadas nos Territórios daCidadania, em trabalho conjunto com SEBRAE e seus resulta<strong>do</strong>s juntos à socieda<strong>de</strong> civilorganizada.Figura 1 - Dinâmica <strong>de</strong> Pesquisa Meio Oeste Contesta<strong>do</strong>Territórios daCidadaniaSebraeSocieda<strong>de</strong>CivilColegia<strong>do</strong>sTerritoriaisFonte: Elabora<strong>do</strong> pelo autor.Para Pimentel e Pimentel (2010) as categorias que melhor centralizam a gestão emsi, são: objetivo, valor, racionalida<strong>de</strong>, esfera <strong>de</strong> atuação, protagonistas, comunicação, processo<strong>de</strong>cisório, autonomia/po<strong>de</strong>r, e operacionalização. A gestão <strong>social</strong> <strong>como</strong> sen<strong>do</strong> um campo emcontinuo <strong>de</strong>bate, precisa <strong>de</strong> argumentos e iniciativas que tratam <strong>de</strong> inovar quanto práticas <strong>de</strong>administração voltadas ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>social</strong> e ambiental.De acor<strong>do</strong> com Tenório (2008), a proposta para emancipação <strong>do</strong>s oprimi<strong>do</strong>ssociais também é econômica, por isso o foco da análise foi direcionada nos resulta<strong>do</strong>s daestratégia territorial a<strong>do</strong>tada e o impacto <strong>social</strong> na região, analisan<strong>do</strong> a dinâmica <strong>do</strong>sprocessos <strong>de</strong> discussão em prol <strong>do</strong> bem comum. Lembramos que o quadro acima é estático,enquanto a realida<strong>de</strong> local é complexa, dialógica e portanto, dinâmica.Corroboran<strong>do</strong>, o eixo meto<strong>do</strong>lógico <strong>de</strong> critérios para avaliação <strong>de</strong> processos<strong>de</strong>liberativos envolve a concepção <strong>de</strong> gestão <strong>social</strong> <strong>como</strong> instrumento, processo ou conjunto<strong>de</strong> ações a<strong>de</strong>quadas à intervenção na realida<strong>de</strong> <strong>social</strong>. Representa a dimensão <strong>de</strong>sobrevivência digna e i<strong>de</strong>al, on<strong>de</strong> os aparatos públicos e forma<strong>do</strong>res da república espelhem o


20esforço da população em criar e <strong>de</strong>senvolver a nação através da conversão <strong>do</strong> imposto pagoem obras e serviços <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> dura<strong>do</strong>ura e sustentável.Novos exemplos <strong>de</strong> ferramentas para avaliação <strong>de</strong> estratégias <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimentolocal servem <strong>de</strong> apoio importantíssimo à experiência <strong>de</strong> análise para as inovações sociais.Procurou-se analisar a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> forma<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> território, a comunicação entre as esferas <strong>de</strong>po<strong>de</strong>r público e a tipificação da gestão, num recorte atual <strong>do</strong>s projetos <strong>de</strong> AgroIndustrialização Sustentável <strong>do</strong> SEBRAE, no Meio Oeste Contesta<strong>do</strong>, juntamente <strong>de</strong> suasinter-relações institucionais com o programa Territórios da Cidadania. Abor<strong>do</strong>u-se <strong>de</strong> formaaberta a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> contato participativo, em localida<strong>de</strong>s on<strong>de</strong> a necessida<strong>de</strong> material e oespírito coletivo se cruzam, e transformam o inevitável ressentimento com a má gestão <strong>do</strong>bem público em impulso <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão e transformação local (DOWBOR, 1999).A região <strong>do</strong> Meio Oeste Contesta<strong>do</strong> também foi um <strong>do</strong>s palcos <strong>de</strong> um embatesangrento entre as forças <strong>do</strong> exército republicano e sertanejos que contestavam o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento econômico a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> com a república, no Brasil no início <strong>do</strong> século XX. Ascorrentes que propõem as causas <strong>de</strong>sse conflito em sua essência são controversas, masacabam passan<strong>do</strong> pela exploração pelos fazen<strong>de</strong>iros e coronéis, disputas <strong>de</strong> posse <strong>de</strong> terra eaté pela proibição da extração <strong>de</strong> erva-mate. Uma das mais <strong>de</strong>batidas teses, aborda Cavalcanti(2006, p.19), é <strong>de</strong> que o movimento <strong>social</strong> <strong>de</strong> cunho messiânico-milenarista foi impulsiona<strong>do</strong>pela <strong>de</strong>voção fanática <strong>do</strong>s caboclos sertanejos, a um “monge carismático”. Com sua morte embatalha, confirmaram-se suas profecias, tornan<strong>do</strong> ainda mais forte o sentimento <strong>de</strong> fé na terraprometida que tinham os caboclos (QUEIROZ, 1981).Há autores que preferem abordar a dinâmica <strong>do</strong> Contesta<strong>do</strong> pela ótica da tentativa<strong>de</strong> emancipação e autonomia <strong>de</strong> um povo, numa guerra pela <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> direitos. Para Carvalho(2008), a esperança em um mun<strong>do</strong> melhor está longe <strong>de</strong> ser fanatismo, e que seja possível queas pessoas tenham luta<strong>do</strong> contra o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento capitalista. As instalações <strong>de</strong>organizações <strong>de</strong> escala global, nos campos <strong>do</strong> transporte e extração na região, alteraram oslimites territoriais e direitos <strong>de</strong> posse vigentes, acarretan<strong>do</strong> falta <strong>de</strong> legitimida<strong>de</strong> no regimerepublicano e forçan<strong>do</strong> a retirada da população sertaneja das áreas exploradas econsequentemente à retaliação <strong>de</strong> ambos os la<strong>do</strong>s com a guerra. A tona <strong>do</strong> interesseeconômico que permeou o conflito, Monteiro (1974, p. 44) <strong>de</strong>staca:Os estabelecimentos <strong>do</strong> Brazil Railway, <strong>como</strong> também da Southern na área, faz comque surjam modalida<strong>de</strong>s novas <strong>de</strong> controle, <strong>de</strong> violência e <strong>de</strong> repressão. Se ambasdispunham <strong>de</strong> polícia própria, distingue-se essa <strong>do</strong>s bandi<strong>do</strong>s tradicionais <strong>de</strong>


21capangas por estar a serviço <strong>de</strong> interesses econômicos anônimos e não à disposição<strong>do</strong>s interesses pessoais <strong>de</strong> <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s “coronéis”.O trecho acima <strong>de</strong>monstra <strong>como</strong> era <strong>de</strong>struída a moral <strong>do</strong>s caboclos <strong>do</strong>Contesta<strong>do</strong>, que tinham uma relação subserviente com os coronéis, mas que ao mesmo tempoenxergavam mais legitimida<strong>de</strong> assim, por alguns <strong>de</strong>les serem complacentes com a causa, <strong>do</strong>que com as novas relações capitalistas muitas vezes anônimas e seguidas <strong>de</strong> agressão militar.Os caboclos buscavam pelo que chama Bourdieu (1989) <strong>de</strong> direito vivi<strong>do</strong>, on<strong>de</strong>suas leis i<strong>de</strong>alizadas foram consagradas pelo império, que através <strong>do</strong> cultivo e da morada setornavam suficientes para legitimida<strong>de</strong> <strong>de</strong> posse. Eles se opunham à luta, mas nutriam osentimento <strong>de</strong> injustiça por serem expulsos <strong>de</strong> suas terras e <strong>de</strong>sferiam investidas ousadas.Muitas <strong>de</strong> suas ações eram <strong>de</strong> “represália a cartórios, diziman<strong>do</strong> escrituras, <strong>de</strong>struiçãoinstalações da serraria e ferrovia, ou invasões à fazendas” (CARVALHO, 2008, p.66).Aqueles homens e mulheres se recusaram a aceitar um processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento nãosimplesmente da passagem <strong>de</strong> uma ferrovia ou a expropriação <strong>de</strong> suas terras, eles indicavamconscientemente uma noção emancipativa i<strong>de</strong>ntitária no Contesta<strong>do</strong>, que marcavam direitos ecostumes tradicionais que garantiam o status-quo daquela população (THOMPSON, 1998).Com o levantamento histórico, apresenta<strong>do</strong> na fundamentação teórica, observousea dimensão que as políticas <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> têm na produção e reprodução <strong>do</strong> espaço público, nadivisão das ativida<strong>de</strong>s sociais e comerciais instaladas. Para Macha<strong>do</strong> (2009), no caso daregião estudada, o que favoreceu a infraestrutura que possibilitou o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>empresas <strong>do</strong> ramo agropecuário, foi algo construí<strong>do</strong> <strong>social</strong>mente (expressão <strong>do</strong> público), e olucro privatiza<strong>do</strong> continua sen<strong>do</strong> <strong>do</strong>s empresários <strong>do</strong>s agronegócios. Após o fim da guerra, aburguesia local, a partir <strong>de</strong> reconfigurações políticas, tomou e garantiu a frente <strong>do</strong><strong>de</strong>senvolvimento econômico da região.Com base em Pereira e Spink (2005) tal situação exemplifica a gerênciapatrimonialista, uma herança <strong>de</strong>ixada pelo Esta<strong>do</strong> português, que tem <strong>de</strong>ntre outrascaracterísticas o caráter personalista <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r; ausência <strong>de</strong> uma esfera pública contraposta àprivada; tendência à corrupção <strong>do</strong> quadro administrativo; relações <strong>de</strong> lealda<strong>de</strong> pessoal;clientelismo, nepotismo e favorecimento <strong>de</strong> alia<strong>do</strong>s.A região atualmente apresenta um panorama comum da <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> capitalista,ten<strong>do</strong> alguns municípios com índices <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento humano (IDH) mais baixos <strong>do</strong> país,tais <strong>como</strong> Entre Rios, com 0.696, e Jupiá, com 0,715, caracterizan<strong>do</strong> um agrupamento <strong>de</strong>


22carência, e que para<strong>do</strong>xalmente possui também em seu território empresas agroexporta<strong>do</strong>ras<strong>de</strong> classe mundial <strong>de</strong>s<strong>de</strong> fatos ocorri<strong>do</strong>s e causa<strong>do</strong>res da Guerra <strong>do</strong> Contesta<strong>do</strong>.Em resposta à crítica <strong>social</strong>, embalada em movimentos populares, <strong>como</strong> oMovimento <strong>do</strong>s Sem Terras, a partir da década <strong>de</strong> 90, o Governo Brasileiro estimulou aeducação e a inclusão <strong>social</strong> através <strong>de</strong> programas sociais, representativos das medidascompensatórias, típicas <strong>do</strong> Neoliberalismo (SANTOS 1999; TENÓRIO, 1998; 2005).O programa <strong>do</strong> governo Territórios da Cidadania (2008) foi cria<strong>do</strong> pelo governofe<strong>de</strong>ral com base nos Territórios Rurais <strong>de</strong> 2003, e está espalha<strong>do</strong> em 120 territórios que<strong>de</strong>senvolvem uma iniciativa <strong>de</strong> fomento às medidas <strong>de</strong> ajustes no teci<strong>do</strong> <strong>social</strong>. O Território<strong>do</strong> Meio Oeste Contesta<strong>do</strong> foi cria<strong>do</strong> em 2008, contu<strong>do</strong> já era conheci<strong>do</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2003 nosTerritórios Rurais, <strong>como</strong> Território <strong>de</strong> Chapecozinho.O território é forma<strong>do</strong> por 29 municípios, a população total é <strong>de</strong> 271.996habitantes, <strong>do</strong>s quais 72.666 vivem na área rural, o que correspon<strong>de</strong> a 26,72% <strong>do</strong> total. Possui13.155 agricultores familiares, 2.105 famílias assentadas e quatro terras indígenas. Seu IDHmédio alto é 0,81, o que representa um padrão alto para órgãos internacionais, <strong>como</strong> é o caso<strong>do</strong> município <strong>de</strong> Joaçaba, que mais recebe verbas <strong>de</strong> programas governamentais, mesmoten<strong>do</strong> alto índice <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento humano, 0,866 (PORTAL DA CIDADANIA, 2012).Entretanto municípios que não possuem atrativos econômicos, compara<strong>do</strong>s aos centrosregionais, passam por dificulda<strong>de</strong>s sociais, <strong>como</strong> é o caso <strong>do</strong> noroeste <strong>do</strong> território, on<strong>de</strong> oIDH não passa a barreira da casa <strong>do</strong>s 0,7.A região apresenta uma disparida<strong>de</strong> entre os estágios <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento em queseus municípios se encontram, e isso afeta as pessoas em suas estruturas sociais. Ao <strong>de</strong>correrdas entrevistas, essas quais esta pesquisa embasou-se, poucas pessoas afirmaram terconhecimento <strong>do</strong>s PTC, tanto em meio urbano <strong>como</strong> rural. As cida<strong>de</strong>s pólo, <strong>como</strong> Joaçaba eXanxerê, tem prova<strong>do</strong> um franco crescimento com o capital advin<strong>do</strong> da iniciativa privada epública, enquanto cida<strong>de</strong>s <strong>como</strong> Entre Rios e Jupiá, que apresentam IDH médio baixo, tempouca articulação política e econômica.A promessa <strong>do</strong> programa é <strong>de</strong> que o cidadão é o maior beneficia<strong>do</strong> pela a<strong>do</strong>çãodas perspectivas planejadas pelo mesmo, crian<strong>do</strong> e participan<strong>do</strong> da confecção <strong>de</strong> açõesengajadas em prol <strong>do</strong> comportamento participativo <strong>de</strong>senvolvimentista transforma<strong>do</strong>r. E queexperiências positivas sejam repassadas, e aju<strong>de</strong>m lugares carentes, distantes <strong>do</strong>s gran<strong>de</strong>scentros, que estão aban<strong>do</strong>na<strong>do</strong>s pelo po<strong>de</strong>r público.


23Figura 2 - Região Meio Oeste Contesta<strong>do</strong>Fonte: MDA (2012).O enfoque que objetiva o programa governamental, é o <strong>de</strong> superação da pobreza egeração <strong>de</strong> trabalho e renda no meio rural, em base <strong>de</strong> uma estratégia <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimentoterritorial sustentável (MDA, 2012). Um <strong>do</strong>s principais interesses governamentais estratégicos<strong>de</strong>senha<strong>do</strong>s para a iniciativa, e que, está presente nas <strong>de</strong>mais realida<strong>de</strong>s locais escolhidas parao programa, é a preocupação com a manutenção <strong>do</strong> homem <strong>do</strong> campo na zona rural. O êxo<strong>do</strong>vêm crescen<strong>do</strong> muito ultimamente, tanto pela <strong>como</strong>dida<strong>de</strong> urbana <strong>como</strong> também pelainconsistência <strong>do</strong> clima mundial e consequentemente das colheitas. Com o tambémcrescimento da população, interna e externa, a <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> alimentos vêm aumentan<strong>do</strong>, logo aproposta <strong>do</strong> governo é <strong>de</strong> capacitar essas áreas <strong>de</strong> baixo IDH, visan<strong>do</strong> o aumento da produçãoagrícola, levan<strong>do</strong> bem estar e abertura política também ao interior.De acor<strong>do</strong> com Abramovay (2006), o Esta<strong>do</strong> cria canais <strong>de</strong> abertura e <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento humano, através <strong>do</strong> trabalho conjunto com a socieda<strong>de</strong>, exercitan<strong>do</strong>incansavelmente esforços para solucionar os problemas apresenta<strong>do</strong>s pelos sujeitos e dainteração <strong>social</strong> localizada.Para tanto, um resgate meto<strong>do</strong>lógico é necessário para i<strong>de</strong>ntificar o caráteri<strong>de</strong>ntitário <strong>do</strong> recorte em estu<strong>do</strong>, assim <strong>como</strong> ocorre os processos <strong>de</strong> discussão <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>colegia<strong>do</strong> territorial. Assim um quadro proposto <strong>de</strong> dimensões categóricas e variáveis <strong>de</strong>estu<strong>do</strong>, embasa<strong>do</strong> e adapta<strong>do</strong> nas contribuições <strong>de</strong> Tenório (2007), Castellà e Jorba (2005),Jorba, Martí e Parés (2007) e Parés e Castellà (2008), buscará trazer os elementos <strong>de</strong>operacionalização <strong>do</strong> programa governamental à tona. O interessante o escopo da gestão


24<strong>social</strong> é que ocorra por meio <strong>de</strong>stes programas governamentais uma evolução profunda nasdinâmicas sociais, e não apenas nos processos técnicos <strong>de</strong> produção, e que as esferasambientais, sustentáveis e vocacionais da localida<strong>de</strong> sejam parte das estratégias <strong>de</strong> taisprogramas (IZUKA; GONÇALVES-DIAS; AGUERRE, 2011).Assim, foram pesquisa<strong>do</strong>s os resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> gestores nas ações interinstitucionais eos fluxos das ações, <strong>de</strong> acompanhamento <strong>de</strong> pequenos projetos nos Territórios da Cidadania,crian<strong>do</strong> a<strong>de</strong>rência <strong>de</strong> pesquisa, com a utilização das dimensões administrativas e percepçõesvindas <strong>do</strong>s beneficia<strong>do</strong>s <strong>do</strong> projeto.Para isso, <strong>de</strong>ntro da dinâmica econômico-<strong>social</strong>, nos Territórios da Cidadania,fora i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s e analisadas ações <strong>de</strong> distintos atores institucionais. Um <strong>de</strong>les, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> longadata, trabalha no âmbito nacional, em conjunto com o Esta<strong>do</strong> brasileiro no <strong>de</strong>senvolvimentoeconômico popular é o SEBRAE. Des<strong>de</strong> 2009 a instituição atua no Território <strong>do</strong> Meio OesteContesta<strong>do</strong> com o projeto <strong>de</strong> incuba<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> MPE (micro e pequenas empresas), <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong>Agro Industrialização Sustentável ou mais popular "CRESCER". Este programa foi referênciano perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 2009-2011, e abriu as portas da instituição para chegar em 2012 nos 120Territórios da Cidadania (SEBRAE, 2012). São parceiros <strong>do</strong> projeto <strong>de</strong> acompanhamento osmunicípios <strong>de</strong>: Joaçaba, Herval d’ Oeste, Água Doce, Ouro, Tangará, Treze Tílias, VargemBonita, Erval Velho, Júpia e Xaxim. O SEBRAE, por meio <strong>de</strong> seu Estatuto Social, ratificouseu compromisso “<strong>de</strong> estar em consonância com as políticas nacionais <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento”(SEBRAE, 2012).Portanto, na proposta <strong>de</strong> que na prática o projeto CRESCER <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> noMeio Oeste Contesta<strong>do</strong>, reafirma a construção <strong>de</strong> um processo gerencial <strong>de</strong>liberativo<strong>de</strong>scentraliza<strong>do</strong>, <strong>de</strong> soluções às <strong>de</strong>mandas sociais locais, pelo menos as iniciativas <strong>do</strong>smunicípios <strong>de</strong> Joaçaba e Vargem Bonita foram estudadas. São elas: Broto <strong>do</strong> Galho(associação <strong>de</strong> artesãos), Vereda Santa Helena (turismo e pequenas agroindústrias familiares),Tranças da Terra, (artesanato solidário).O analisar <strong>do</strong> recorte <strong>de</strong> pesquisa, <strong>do</strong>s três projetos incuba<strong>do</strong>s pelo SEBRAE <strong>de</strong>Joaçaba, foi efetua<strong>do</strong> com a ajuda da meto<strong>do</strong>logia <strong>de</strong>fendida por Pimentel e Pimentel (2010)na busca por cidadania <strong>de</strong>liberativa e gestão <strong>social</strong>, ao levantar qual a compreensão que osgestores públicos e cidadãos beneficia<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ste território têm e exercem em relação aosprocessos participativos <strong>de</strong>liberativos realiza<strong>do</strong>s no território.Com essa breve contextualização buscou-se <strong>de</strong>limitar a área <strong>de</strong> ação da pesquisa,com seu recorte, meto<strong>do</strong>logias e <strong>de</strong>finição da realida<strong>de</strong> <strong>social</strong> histórica e vigente no MeioOeste Contesta<strong>do</strong>. De fato parece haver indicativos <strong>de</strong> participação na área objeto <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>,


25pela forma <strong>como</strong> se agrupam os movimentos sociais, cooperativas e outros representantes <strong>do</strong>strês setores, priva<strong>do</strong>s públicos e não governamentais.Contu<strong>do</strong> o objetivo principal <strong>de</strong>ste estu<strong>do</strong> é <strong>de</strong>screver mesmo que <strong>de</strong> maneira nãoconclusiva, se o programa <strong>do</strong>s Territórios da Cidadania e suas ações interinstitucionais,resgatam ou não, as alianças com as burguesias locais. Po<strong>de</strong>m estar apenas aprofundan<strong>do</strong>políticas <strong>de</strong> assistência, alivian<strong>do</strong> o sofrimento das camadas mais necessitadas da população,mas sem emancipá-las, tornan<strong>do</strong>-as, muitas vezes, clientes <strong>de</strong>ssas políticas assistencialistas(DEMO, 1995). Ou ainda, se realmente são capazes <strong>de</strong> estabelecer novas relações entre oscidadãos trabalha<strong>do</strong>res, permitin<strong>do</strong> assim a emancipação econômica das camadas mais<strong>de</strong>sfavorecidas da socieda<strong>de</strong>.Por consequência da boa aplicação da gestão <strong>social</strong>, proporcionariam um<strong>de</strong>senvolvimento <strong>social</strong> altera<strong>do</strong>r <strong>do</strong> status quo da socieda<strong>de</strong> centra<strong>do</strong> no merca<strong>do</strong>, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong>mudar a lógica que beneficia uma minoria em <strong>de</strong>trimento da gran<strong>de</strong> maioria <strong>como</strong> ocorri<strong>do</strong> naGuerra <strong>do</strong> Contesta<strong>do</strong>.1.2 DEFINIÇÕES DO PROBLEMADiante <strong>do</strong> exposto foi elaborada a seguinte pergunta <strong>de</strong> pesquisa: Como setipifica a gestão <strong>do</strong> SEBRAE/SC no Meio Oeste Contesta<strong>do</strong>, Território da Cidadania?1.3 OBJETIVOS1.3.1 Objetivo GeralO presente estu<strong>do</strong> tem por objetivo geral: Analisar a gestão interinstitucional <strong>do</strong>SEBRAE <strong>de</strong> Joaçaba no apoio ao <strong>de</strong>senvolvimento local <strong>do</strong> Território da Cidadania <strong>do</strong>Meio Oeste Contesta<strong>do</strong>.1.3.2 Objetivos específicosDiante <strong>do</strong> objetivo geral exposto, têm-se <strong>como</strong> objetivos específicos:


26a) Levantar informações sobre a estrutura <strong>do</strong> Programa Territórios da Cidadaniainseri<strong>do</strong> no Território Meio Oeste Contesta<strong>do</strong>, e <strong>de</strong>screver seu estágio atual, e suascaracterísticas i<strong>de</strong>ntitárias territoriais;b) Pesquisar as normas e procedimentos <strong>do</strong> projeto <strong>do</strong> SEBRAE, <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong>CRESCER, inseri<strong>do</strong> no Território Meio Oeste Contesta<strong>do</strong>;c) I<strong>de</strong>ntificar se as ações <strong>do</strong> SEBRAE, através <strong>de</strong> seu projeto no Território daCidadania <strong>do</strong> Meio Oeste Contesta<strong>do</strong>, estão condizentes com proposto <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento preconiza<strong>do</strong> pela gestão <strong>social</strong>.A relevância <strong>de</strong>ssa pesquisa está relacionada à historicida<strong>de</strong> local on<strong>de</strong>aparentemente se mantém o status-quo da classe <strong>do</strong>minante, política e econômica, porprivilégios <strong>de</strong> políticas públicas concedi<strong>do</strong>s à iniciativa privada em troca <strong>de</strong> favores sejameconômicos ou eleitorais (MONTEIRO, 1974; MACHADO, ESPIG, 2008).No contraponto, a proposta exposta neste estu<strong>do</strong> po<strong>de</strong> contribuir para a gran<strong>de</strong>mobilização que visa tornar a socieda<strong>de</strong> preparada para os crescentes <strong>de</strong>safios mundiaiseconômicos e ambientais e principalmente <strong>de</strong> avaliação para políticas públicas neoliberais.Para Marx apud Coutinho (2011) a i<strong>de</strong>ologia burguesa mo<strong>de</strong>rna, surgida após arevolução industrial, possui uma política cognitiva <strong>de</strong> inclinação extremamente expansionistae capitalista, <strong>de</strong> consequências poluentes e <strong>de</strong> exaustão. Guerreiro Ramos (1989, p. 196)<strong>de</strong>fen<strong>de</strong> uma visão <strong>de</strong>spojada <strong>do</strong> linearismo histórico, ao tentar compreen<strong>de</strong>r “a boa socieda<strong>de</strong>libertada da obsessão <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento comercial” referin<strong>do</strong>-se aos caminhos <strong>do</strong><strong>de</strong>senvolvimento humano.A gestão <strong>social</strong> em si, é um campo <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s que vêm aumentan<strong>do</strong> <strong>de</strong><strong>de</strong>senvoltura no “mainstream” da Administração, já possui força acadêmica e pelo seu intuitocrítico e benéfico no <strong>de</strong>bate das formas <strong>de</strong> atuação civil e na busca <strong>de</strong> objetivos públicos, émerece<strong>do</strong>r <strong>de</strong> maior visibilida<strong>de</strong> (FRANÇA FILHO, 2008). Este é um projeto que integra oprograma nacional <strong>de</strong> pesquisa PROADM da Capes, e visa contribuir <strong>de</strong> forma acadêmica,<strong>de</strong>screven<strong>do</strong> a dinâmica <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento da temática <strong>de</strong> forma prática, ten<strong>do</strong> em vista osobjetivos <strong>do</strong>s beneficia<strong>do</strong>s e <strong>como</strong> funciona a tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão criteriosamente. De acor<strong>do</strong>com Cança<strong>do</strong> (2011) a elaboração <strong>de</strong> meto<strong>do</strong>logias e analise <strong>de</strong> realida<strong>de</strong>s para fortalecer asbases da gestão <strong>social</strong>, configuram-se <strong>como</strong> necessida<strong>de</strong>s ao aprimoramento <strong>do</strong> campo emestu<strong>do</strong>.O estu<strong>do</strong>, tal <strong>como</strong> apresenta<strong>do</strong>, torna-se oportuno <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista <strong>social</strong>, namedida em que a aceitação e evolução <strong>do</strong>s programas governamentais <strong>de</strong> assistência, possamse tornar auto sustentáveis ou mesmo não serem mais necessários. A dúvida <strong>de</strong> pesquisa


27enfatiza o levantamento <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s nas ações interinstitucionais <strong>do</strong> SEBRAE com os Territóriosda Cidadania na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Joaçaba, pois buscou <strong>de</strong>screver os avanços <strong>de</strong> tais esforços. Existetambém uma gran<strong>de</strong> pressão por parte da própria população carente <strong>de</strong>ssas regiões quepesquisa<strong>do</strong>res ou entida<strong>de</strong>s possam ajudá-los a <strong>de</strong>senvolver-se localmente. Logo a construção<strong>do</strong>cumento baseou-se na pouca e limitada atenção dada ao programa governamental pelasre<strong>de</strong>s acadêmicas e midiáticas.Dentre as <strong>de</strong>mais limitações estiveram a distância entre a Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong>Santa Catarina e o território pesquisa<strong>do</strong>, cerca <strong>de</strong> 450 kilometros e a disponibilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>satores locais para entrevistas, e visitas in loco. As entrevistas aconteceram na última semana<strong>do</strong> mês <strong>de</strong> Setembro <strong>de</strong> 2012, coincidin<strong>do</strong> com as eleições municipais. Houve um caso on<strong>de</strong> oentrevista<strong>do</strong> não se sentiu confortável em concordar com a gravação <strong>de</strong> áudio por temer que opesquisa<strong>do</strong>r fosse alguém liga<strong>do</strong> ao parti<strong>do</strong> político contrário à coalizão <strong>de</strong> sua preferência.Muitos agentes públicos estavam fora <strong>de</strong> seus postos para fortalecer interesses eleitoreiros, enão foram encontra<strong>do</strong>s em suas instituições <strong>de</strong> trabalho, nem sequer aten<strong>de</strong>ram telefones ourespon<strong>de</strong>ram e-mails.


282 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA DE APOIOPara dar embasamento ao presente trabalho, este capítulo apresenta os conceitosbásicos pertinentes à questão <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>social</strong> e político-público. Neste senti<strong>do</strong>, sãoaborda<strong>do</strong>s os seguintes temas sobre a guerra <strong>do</strong> contesta<strong>do</strong>, administração pública, gestão<strong>social</strong>, participação, cidadania e novo serviço público. A primeira etapa da proposta envolve a<strong>de</strong>finição <strong>do</strong> recorte teórico <strong>de</strong> apoio, a partir da meto<strong>do</strong>logia proposta por Tenório (2004),segun<strong>do</strong> a qual a gestão <strong>social</strong> é vista <strong>como</strong> integrante das características individuais,organizacional e meto<strong>do</strong>lógico.2.1 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DO CONTESTADOImporta inicialmente nesta pesquisa tecer um histórico da Guerra <strong>do</strong> Contesta<strong>do</strong>buscan<strong>do</strong> esclarecer os motivos, políticos, particulares e religiosos, que levaram a uma dasmais sangrentas guerras civis <strong>do</strong> Brasil. No entanto, para traçar este contexto histórico, énecessário em um primeiro momento remeter-se ao perío<strong>do</strong> pré-colonial e colonial, uma vezque <strong>como</strong> se verá o início das disputas pelas terras <strong>do</strong> Contesta<strong>do</strong> tem sua fonte naquelemomento histórico e político.Desta forma, para possibilitar a melhor visualização <strong>de</strong> toda a formação e<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ste estu<strong>do</strong> que tem <strong>como</strong> foco principal, enfatizar a Guerra <strong>do</strong> Contesta<strong>do</strong>aproximan<strong>do</strong>-se da gestão pública e da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> territorial da época, voltan<strong>do</strong>-se ao final asatuais políticas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento da região on<strong>de</strong> a guerra ocorreu, ten<strong>do</strong> <strong>como</strong> objetivoprincipal as ações <strong>de</strong>senvolvidas pelo SEBRAE.2.1.1 Disputa <strong>do</strong> território Contesta<strong>do</strong>Uma análise simplória da Guerra <strong>do</strong> Contesta<strong>do</strong> contempla apenas o perío<strong>do</strong> quecompreen<strong>de</strong> os anos <strong>de</strong> 1910 a 1916. Esta parte introdutória contextual <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>, tentaabordar fatos que aconteceram em uma realida<strong>de</strong> distinta da atual, e que serviram <strong>de</strong> base paraascen<strong>de</strong>r o estopim da questão <strong>do</strong> Contesta<strong>do</strong>, da posterior revolta cabocla que geraramconsequências para a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>do</strong> território aborda<strong>do</strong>.Após a criação da Comarca <strong>de</strong> Paranaguá em 1723 e que em 1812 passaria a sechamar Comarca <strong>de</strong> Curitiba, e a criação da Capitania <strong>de</strong> Santa Catarina em 1738, que foi<strong>de</strong>smembrada <strong>de</strong> São Paulo, várias foram as tentativas <strong>do</strong>s soberanos <strong>de</strong> Portugal e Espanha


29para dar fim em <strong>de</strong>finitivo às questões <strong>de</strong> limites na parte meridional <strong>do</strong> Brasil. Uma <strong>de</strong>stastentativas, foi o Trata<strong>do</strong> <strong>de</strong> Madri em 1750, o qual não chegou a ser cumpri<strong>do</strong> na sua integra eacabou por ser substituí<strong>do</strong> pelo Trata<strong>do</strong> <strong>do</strong> Par<strong>do</strong> em 1761. O mesmo teve pouca duração porcausa <strong>de</strong> questões sucessórias no Trono <strong>de</strong> Portugal. Assim sen<strong>do</strong>, os limites entre as terras <strong>de</strong>Portugal e Espanha foram novamente <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s no Trata<strong>do</strong> <strong>de</strong> Santo Il<strong>de</strong>fonso data<strong>do</strong> <strong>de</strong> 1777(MATHIAS, 2001).O trata<strong>do</strong> estabelecia que a fronteira passaria pelos rios Peperi-Guaçu (afluente <strong>do</strong>Uruguai) e pelo Santo Antonio (afluente <strong>do</strong> Iguaçu). Entretanto, os marcos <strong>de</strong> pedra para sesaber concretamente quais os rios que receberam estas <strong>de</strong>nominações nunca foram <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>spelas expedições mistas ibéricas. Desta forma, nunca não foi possível <strong>de</strong>finir o territóriocompreendi<strong>do</strong> entre os rio Iguaçu e Uruguai (WACHOWICZ, 2001 p.185 apud BUZATTO,2007 p.14).Entretanto um fato importante na in<strong>de</strong>finição das fronteiras internas foi a LeiFe<strong>de</strong>ral nº 704, <strong>de</strong> 20 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1853, que elevou a Comarca <strong>de</strong> Curitiba, na Província <strong>de</strong>São Paulo, à categoria <strong>de</strong> Província, com a <strong>de</strong>nominação <strong>de</strong> Província <strong>do</strong> Paraná.A comarca <strong>de</strong> Curitiba ocupava to<strong>do</strong> o sul da Província <strong>de</strong> São Paulo. Em 29 <strong>de</strong>agosto <strong>de</strong> 1853, com a Lei Fe<strong>de</strong>ral 704, o território da comarca é transforma<strong>do</strong> naProvíncia <strong>do</strong> Paraná. Sen<strong>do</strong> assim, as autorida<strong>de</strong>s, na nova província, investemcontra Santa Catarina quan<strong>do</strong> fixam os limites <strong>do</strong> leste pelo Rio Canoinhas, quecorre em direção ao Rio Negro, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os campos <strong>de</strong> Lages. Cria-se uma nova zona<strong>de</strong> terras <strong>de</strong> ninguém quan<strong>do</strong> o Paraná exige o vizinho <strong>do</strong> sul exiba a legislação quelhe garanta a proprieda<strong>de</strong> das terras contestadas. (BUZZATO, 2007, p.14/15)É neste momento <strong>de</strong> in<strong>de</strong>finição <strong>do</strong>s limites entre esta<strong>do</strong>s, o fator prepon<strong>de</strong>rantepara o surgimento da Questão <strong>do</strong> Contesta<strong>do</strong>, “<strong>de</strong>nominação esta pela qual passou a seconhecida a região disputada por Santa Catarina e pelo Paraná.” (MATHIAS, 2001, p.20). Osrepresentantes <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Santa Catarina contestaram o avanço <strong>do</strong>s paranaenses, e emcontra partida acionaram o governo da jovem república para intervir no caso.Em resposta ao apelo <strong>do</strong>s catarinenses, em janeiro <strong>de</strong> 1865 as autorida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong>Janeiro expe<strong>de</strong>m o Decreto 3.378, que praticamente homologa os “avanços” <strong>do</strong>Paraná sobre o território contesta<strong>do</strong> por Santa Catarina. Os limites foramestabeleci<strong>do</strong>s pelo Rio Saí-Guaçu, Serra <strong>do</strong> Mar e Rio Marombas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a suavertente até o Canoas e, por este, até o Uruguai. Pelo Aviso <strong>de</strong> 14 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong>1879,foi muda<strong>do</strong> o Rio Marombas pelo Rio <strong>do</strong> Peixe, <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> Curitibanos e CamposNovos para Santa Catarina. Esta foi respeitada por Santa Catarina e pelo Paraná atéo Acor<strong>do</strong> <strong>de</strong> 1916. Desta forma, o Paraná recuperou o su<strong>do</strong>este (Palmas eClevelândia) e per<strong>de</strong>u as terras da vertente <strong>do</strong> rio Uruguai. O Paraná contentou-secom 20.000 km2 e Santa Catarina com 28.000 km2. (BUZZATO, 2007, p.15)


30Entretanto, a questão ainda continuava em aberto, sen<strong>do</strong> que os <strong>do</strong>is esta<strong>do</strong>scontestavam-se mutuamente pelo direito a posse <strong>do</strong> território, esquecen<strong>do</strong> <strong>do</strong><strong>de</strong>senvolvimento da região e apenas promoven<strong>do</strong> ações policiais para reafirmar o <strong>do</strong>mínio dasterras. Assim, no ano <strong>de</strong> 1900, pelas vias judiciais com Ação ingressada pelo Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> SantaCatariana junto ao Superior Tribunal <strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral, houve o pedi<strong>do</strong> para que fosse<strong>de</strong>finitivamente <strong>de</strong>marca<strong>do</strong>s os limites entre os esta<strong>do</strong>s. A <strong>de</strong>cisão <strong>do</strong> Supremo TribunalFe<strong>de</strong>ral datada <strong>de</strong> 1904 <strong>de</strong>u ganho <strong>de</strong> causa ao Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Santa Catarina, no entanto o Esta<strong>do</strong><strong>do</strong> Paraná não se conformou com a <strong>de</strong>cisão e protelou o cumprimento da sentença, e fez comque o Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Santa Catarina mais uma vez recorresse às vias judiciais no mesmo tribunalpara a execução da sentença, que ocorreu em 1910 com a confirmação da mesma e a<strong>de</strong>marcação <strong>do</strong>s limites entre os esta<strong>do</strong>s litigantes (MATHIAS 2001).Segun<strong>do</strong> Luz (2004), as questões <strong>do</strong>s limites entre os Esta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Santa Catarina eParaná, já expostas, e que tiveram sua situação agravada com a criação da Província <strong>do</strong>Paraná em 1853, que com a in<strong>de</strong>finição <strong>de</strong> seus limites acreditou que por direito a era<strong>de</strong>tentora da posse <strong>de</strong> todas as terras compreendidas até o Rio Uruguai, fazen<strong>do</strong>-se então suasdivisas com a Província <strong>de</strong> São Pedro, hoje Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul, foi um <strong>do</strong>scausa<strong>do</strong>res políticos para com a guerra. No entanto o que não resta dúvida é que foi com achegada da Brazil Railway ao contexto que as coisas pioraram.Um <strong>do</strong>s principais motivos para a guerra <strong>do</strong> Contesta<strong>do</strong> foi “os cerca <strong>de</strong> 10.000<strong>de</strong>semprega<strong>do</strong>s que a Brazil Railway <strong>de</strong>ixou a mercê da sorte em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1910, apósconcluída a ferrovia que compreendia sua chegada ao Rio Uruguai” (LUZ, 2004, p. 24). Essestrabalha<strong>do</strong>res não receberam nem da empresa e nem <strong>do</strong> governo qualquer tipo <strong>de</strong>assistencialismo para quan<strong>do</strong> <strong>do</strong> final das obras, instalan<strong>do</strong>-se assim nas margens da estrada<strong>de</strong> ferro, e se tornaram vítimas <strong>de</strong> inescrupulosos empresários norte-americanos, e <strong>do</strong> próprioEsta<strong>do</strong> em um acor<strong>do</strong> sem a participação da socieda<strong>de</strong>. Numa tentativa <strong>de</strong> insurreição porparte <strong>do</strong>s cablocos, que viviam em um regime escravocrata, uma revolta armada teve início,sen<strong>do</strong> motivada também pelo fator messiânico, fortemente embasa<strong>do</strong> na religião cristã.Observa-se que os caboclos mesmo sem armas potentes e segurança nenhuma,encontram na fé e na a certeza da ressurreição <strong>do</strong> seu salva<strong>do</strong>r, bem <strong>como</strong> no “exércitoencanta<strong>do</strong>”, assim <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> pelos mesmos e prometi<strong>do</strong> pelos monges que existiam nocontexto, e davam aos caboclos conforto espiritual, assim <strong>como</strong> eram também <strong>de</strong>conhecimentos medicinais. Na visão <strong>de</strong> Auras (1997) apesar da religião ter gran<strong>de</strong> força epenetração na convicção <strong>do</strong> caboclo, a gran<strong>de</strong> verda<strong>de</strong> é que as condições <strong>de</strong> vida eram muitoprecárias e não havia nenhuma esperança <strong>de</strong> melhoria, porque o governo não implantava


31Políticas Públicas, até mesmo porque essa não era uma preocupação <strong>do</strong> mesmo. Os reflexosda guerra ultrapassam a data histórica <strong>de</strong> 1916, quanto houve o ataque final ao último redutocaboclo. A guerra também é lembrada <strong>como</strong> o palco <strong>do</strong>s primeiros testes com aviões militaresna história, e ainda hoje está entre as três maiores campesinas da humanida<strong>de</strong>.2.1.2 O exército "encanta<strong>do</strong>" <strong>do</strong> interesse capitalistaUm <strong>de</strong>senvolvimento financia<strong>do</strong> pelo capital internacional, especialmente inglês enorte-americano inicia-se no Brasil a partir <strong>de</strong> 1850, propon<strong>do</strong> um processo acelera<strong>do</strong> <strong>de</strong>mo<strong>de</strong>rnização material. De acor<strong>do</strong> com Calonga (2009) passa-se a <strong>de</strong>senvolver a política, aeconomia, os canais <strong>de</strong> comunicação, os transportes, as Forças Armadas e a vida cotidiana emgeral, foram reorganiza<strong>do</strong>s.Para se enten<strong>de</strong>r a razão essencial <strong>do</strong> conflito <strong>do</strong> Contesta<strong>do</strong>, é necessário consi<strong>de</strong>raro problema causa<strong>do</strong> pela penetração <strong>do</strong> capitalismo nas áreas rurais, exproprian<strong>do</strong>terras e transforman<strong>do</strong> costumes e tradições, em nome <strong>do</strong> progresso, totalmenteapoia<strong>do</strong> pelo governo e pelas elites (CALONGA, 2008, p.57).A chegada da Brazil Railway, companhia americana que foi criada para construirestradas <strong>de</strong> ferro no Brasil, e que foi uma das principais motiva<strong>do</strong>ras <strong>do</strong>s conflitos noContesta<strong>do</strong>, foi bem sucedida em seus propósitos, uma vez que era muito bem relacionadacom o Governo Fe<strong>de</strong>ral e praticamente apadrinhada pelo governo <strong>do</strong> Paraná, que recebeu<strong>de</strong>ste último, <strong>como</strong> parte <strong>do</strong> pagamento pelo término da construção <strong>do</strong> trecho União daVitória - Rio Uruguai, da então chamada Estrada <strong>de</strong> Ferro São Paulo - Rio Gran<strong>de</strong>, uma faixa<strong>de</strong> terra <strong>de</strong> 15 quilômetros <strong>de</strong> cada la<strong>do</strong> da ferrovia (MATHIAS, 2001). Contu<strong>do</strong>, por motivosestratégicos, a Brazil Railway cria uma nova ramificação subordinada <strong>de</strong> seus negócios eestabelece a Southern Brazil Lumber Colonization,.com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>sapropriar oscaboclos e exploração máxima <strong>do</strong>s recursos naturais existentes nas terras concedidas pelogoverno.A estrada obtivera <strong>do</strong> governo fe<strong>de</strong>ral uma concessão <strong>de</strong> terras equivalentes a umasuperfície <strong>de</strong> nove quilômetros para cada la<strong>do</strong> <strong>do</strong> eixo, ou igual ao produto daextensão quilométrica da estrada multiplicada por 18. A área total, assim obtida,<strong>de</strong>veria ser escolhida e <strong>de</strong>marcada, sem levar em conta sesmarias [..] <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> umazona <strong>de</strong> trinta quilômetros, ou seja, quinze para cada la<strong>do</strong> (QUEIROZ, 1981, p. 70-71).


32A Southern Brazil Lumber and Colonization Company foi uma organização criadaem 1911 constituída nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, mas com capital levanta<strong>do</strong> na Europa, “foi aprimeira multinacional a se estabelecer <strong>do</strong> Contesta<strong>do</strong>. Passou a fazer parte <strong>do</strong> grupo <strong>de</strong>empresas forma<strong>do</strong> pelo Sindicato Farquhar” (CALONGA, 2008, p.57). O capitalista norteamericanoPercival Farquhar, era conheci<strong>do</strong> por ter uma aproximação muito gran<strong>de</strong> com ogoverno brasileiro, e não havia nada que se opunha a sua vonta<strong>de</strong> capitalista expansionista.Nota-se que exatamente um ano após a finalização da estrada <strong>de</strong> ferro, milhares <strong>de</strong>operários ficaram nas proximida<strong>de</strong>s da obra, enquanto Lumber Brazil entra em cena, com aajuda <strong>de</strong> aparato militar estatal, na <strong>de</strong>marcação e exploração <strong>de</strong> suas terras. O fato é que os<strong>do</strong>is esta<strong>do</strong>s, Santa Catarina e Paraná estavam interessa<strong>do</strong>s nas divisas geradas pela inserçãoda empresa <strong>de</strong> classe mundial neste território, e uniram-se a mesma para expulsar os cablocosin<strong>de</strong>seja<strong>do</strong>s (MATHIAS, 2001).A Lumber se estabeleceu em Três Barras, on<strong>de</strong> montou uma gran<strong>de</strong> serralheria,logo em seguida se formou uma cida<strong>de</strong> ao re<strong>do</strong>r em que to<strong>do</strong>s viam sempre tremulan<strong>do</strong> aban<strong>de</strong>ira <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s. Posteriormente tornou-se a maior ma<strong>de</strong>ireira da América <strong>do</strong>Sul. Conforme salienta Queiroz (1981) a Lumber fechou vários engenhos <strong>de</strong> serrar ma<strong>de</strong>irasparticulares que estavam a caminho <strong>do</strong> Porto <strong>de</strong> Paranaguá, pois a mesma monopolizou osmeios <strong>de</strong> transporte, e impediu que concorrentes utilizassem o porto, no qual <strong>de</strong>scia suama<strong>de</strong>ira <strong>de</strong>stinada a exportação. Depois começou a ven<strong>de</strong>r à colonos estrangeiros os terrenospróximos a estrada <strong>de</strong> ferro, mas antes foram expulsos to<strong>do</strong>s os proprietários e os posseirosque ali moravam.Neste momento <strong>de</strong> aproximação e contato entre o caboclo, simples e acua<strong>do</strong>, e aforça armada que atuava em prol da manutenção <strong>do</strong> interesse priva<strong>do</strong>, que o estopim <strong>de</strong> ódio eressentimento foi acesso.A política a<strong>do</strong>tada pelo governo brasileiro, para o <strong>de</strong>senvolvimento econômico,não se preocupou em nenhum momento com os habitantes da região, fazen<strong>do</strong> com que aliberda<strong>de</strong> dada ao investi<strong>do</strong>res norte-americanos tenha causa<strong>do</strong> uma série <strong>de</strong> inci<strong>de</strong>ntes sociaispela falta <strong>de</strong> planejamento. Em um primeiro momento a empresa americana trouxe empregosà região, mas em um segun<strong>do</strong> momento, o <strong>de</strong>semprego ao final das obras causou o<strong>de</strong>scontentamento e miséria, causan<strong>do</strong> um gran<strong>de</strong> confronto arma<strong>do</strong>.O governo esteve alia<strong>do</strong> ao interesse priva<strong>do</strong>, sobrepon<strong>do</strong>-o a voz das <strong>de</strong>mandas enecessida<strong>de</strong>s locais. Importante neste momento, partir para uma análise das características quelevaram este indivíduos à guerra e que foram forma<strong>do</strong>res da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>do</strong> homem <strong>do</strong>contesta<strong>do</strong>.


35forma a não causar uma <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> entre os envolvi<strong>do</strong>s. Políticas que <strong>como</strong> se notará sãoatualmente implantadas nesta região com o Programa Território da Cidadania <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>pelo Governo Fe<strong>de</strong>ral com apoio <strong>do</strong> SEBRAE, e que será assunto <strong>do</strong> <strong>de</strong>sfecho <strong>de</strong>ste.2.2 POLÍTICAS PÚBLICAS PARA O DESENVOLVIMENTOA gran<strong>de</strong> importância e responsabilida<strong>de</strong> que há na formulação <strong>de</strong> ações queimpactem diretamente no convívio e na dinâmica <strong>de</strong> um território, <strong>de</strong>ve levar em conta osindivíduos e peculiarida<strong>de</strong>s históricas da formação <strong>do</strong> recorte, a<strong>de</strong>quan<strong>do</strong> assim os valoresculturais às propostas <strong>de</strong>senvolvimentistas. Para Gehlen (2006, p.5) especialmente naAmérica Latina, aconteceram diversas atrocida<strong>de</strong>s pela sobreposição <strong>de</strong> culturas civilizadas às"incivilizadas", e isso ocasionou o massacre <strong>de</strong> diversas i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s culturais, nas quaispo<strong>de</strong>mos somar a causa <strong>do</strong> Contesta<strong>do</strong>. Logo <strong>como</strong> aprendiza<strong>do</strong> <strong>do</strong>s erros <strong>do</strong> passa<strong>do</strong>, opatrimônio sociocultural <strong>de</strong> uma comunida<strong>de</strong> ou socieda<strong>de</strong> local, <strong>de</strong>ve ser levada em contapara a proposta <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento e criação <strong>de</strong> políticas públicas a<strong>de</strong>rente à realida<strong>de</strong>territorial.A expressão “Políticas Públicas”, conforme Hei<strong>de</strong>mann (2009, p.28) causaespécie <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconforto traduzi<strong>do</strong> à língua portuguesa, uma vez que seria "necessárioreassegurar a sua essência pública por ser uma palavra <strong>de</strong>rivada <strong>de</strong> polis, que se remetediretamente ao Esta<strong>do</strong> helênico clássico", o que trás à nossa tropicalida<strong>de</strong> brasileira, muitasvezes, a falta <strong>de</strong> consenso dialógico.Assim corroboran<strong>do</strong> com o exposto, Secchi (2010, p.2) aponta <strong>de</strong>lineamentos parao conceito que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>do</strong> entendimento coletivo para seu i<strong>de</strong>al funcionamento:[...] uma política pública é uma orientação à ativida<strong>de</strong> ou à passivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alguém;as ativida<strong>de</strong>s ou passivida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong>ssa orientação também fazem parte dapolítica; uma política possui <strong>do</strong>is elementos fundamentais: intencionalida<strong>de</strong> públicae resposta a um problema público; em outras palavras; a razão para oestabelecimento <strong>de</strong> uma política pública é o tratamento ou a resolução <strong>de</strong> umproblema entendimento <strong>como</strong> coletivida<strong>de</strong> relevante.A política pública também consi<strong>de</strong>rada por muitos <strong>como</strong> a habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realizar obem público e <strong>do</strong> talento <strong>de</strong> governar, significan<strong>do</strong> a construção <strong>do</strong> bem comum <strong>de</strong> umasocieda<strong>de</strong>, que vê no <strong>de</strong>senvolvimento uma finalida<strong>de</strong> para a satisfação <strong>de</strong> suas necessida<strong>de</strong>s.Neste senti<strong>do</strong> a política pública é “a teoria política ou o conhecimento <strong>do</strong>s fenômenos [...] aocontrole da vida humana em socieda<strong>de</strong>, <strong>como</strong> também à organização, aos or<strong>de</strong>namentos e à


36administração das jurisdições político-administrativas [...]” (HEIDEMANN, 2009, p.29). Oautor ainda evi<strong>de</strong>ncia que:Em uma acepção mais operacional, a política é entendida <strong>como</strong> as ações, práticas,diretrizes políticas, fundadas em leis e empreendidas <strong>como</strong> função <strong>de</strong> esta<strong>do</strong> por umgoverno, para resolver questões gerais e específicas da socieda<strong>de</strong>. [...] sobretu<strong>do</strong> pormeio <strong>do</strong> uso <strong>do</strong> planejamento, que pressupõe políticas previamente <strong>de</strong>finidas tanto<strong>de</strong> alcance geral ou “horizontal” (por exemplo, política econômica), <strong>como</strong> <strong>de</strong>alcance ou impacto “setorial” (por exemplo, política <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>) (HEIDEMANN,2009, p. 29).Ante o exposto, as políticas públicas são a forma <strong>de</strong> ajuste da conduta daAdministração Pública em relação as suas atribuições através <strong>do</strong> planejamento <strong>de</strong> ações quevisem o bem comum da socieda<strong>de</strong>, e que, venham a fomentar um Esta<strong>do</strong>, Município, ouregião naquilo que tenha maior necessida<strong>de</strong>. Para Allebrandt, Filho e Ceratti (2012) éfundamental enten<strong>de</strong>r que as pessoas que formam o território tem força e vonta<strong>de</strong> paratrabalhar e contribuir diretamente em to<strong>do</strong>s os processos da política pública. Estes mesmoautores colocam que a existência <strong>de</strong> um Esta<strong>do</strong> neoliberal mínimo, que pouco agrega àspolíticas sociais, <strong>de</strong>lega aos municípios, seus representantes e munícipes, o papel <strong>de</strong>prove<strong>do</strong>res <strong>de</strong> bem estar em âmbito local.Em que pese o esforço governamental não é o suficiente para atingir todas asnecessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> políticas públicas, sen<strong>do</strong> assim, muito importante é a parceria <strong>de</strong> outrasinstituições privadas que também auxiliam na implantação e execução <strong>de</strong>ssas políticas(HEIDEMANN, 2009). Para Zani (2012), os diversos passos que aten<strong>de</strong>m à composição <strong>de</strong>políticas públicas, agregan<strong>do</strong> uma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> agentes que vem atuan<strong>do</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a elaboraçãoaté a avaliação, estão ganhan<strong>do</strong> campo, transforman<strong>do</strong> a administração púbica mais<strong>de</strong>scentralizada e horizontalizada. O Esta<strong>do</strong> continua sen<strong>do</strong> importante ator <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>processo, no caminho da capacitação técnica e política <strong>do</strong>s atores sociais, fortalecen<strong>do</strong> re<strong>de</strong>ssociais e a autonomia, para que interajam em âmbito interinstitucional municípios, esta<strong>do</strong>s e aUnião.De acor<strong>do</strong> com Castellà e Parés (2008), as vantagens que advêm da participaçãosobre as políticas públicas, nos dão exemplos que merecem reflexão para o aprimoramento eaprendiza<strong>do</strong> <strong>de</strong>stes espaços <strong>de</strong> diálogos consensuais.A noção <strong>de</strong> participação está arraigada no campo das políticas públicas <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento local territorial, e que busca a intenção <strong>de</strong> unir interesses vin<strong>do</strong>s tanto <strong>do</strong>Esta<strong>do</strong> <strong>como</strong> da socieda<strong>de</strong> civil, e essa tendência acentua as intenções da gestão <strong>social</strong>, <strong>como</strong>alternativa à complexida<strong>de</strong> ambiental e pela possibilida<strong>de</strong> estratégica <strong>de</strong> autogestão popular.


37Portanto Gehlen (2006) coloca que o <strong>de</strong>senvolvimento local se fortalece compolíticas públicas e organizações formais e informais que são expressão econômica, política ecultural <strong>de</strong> <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> espaço, e que superam a dicotomia entre rural e urbano. Outraproposta <strong>de</strong>senhada para o <strong>de</strong>senvolvimento local, por Dowbor (1999), trás a possibilida<strong>de</strong> daconstrução <strong>de</strong> uma nova tría<strong>de</strong> <strong>social</strong>, on<strong>de</strong> a neutralização <strong>de</strong> forças antagônicas, traria maiorempo<strong>de</strong>ramento da socieda<strong>de</strong> civil, legitimação <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e apropriação <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>, para quea condução <strong>de</strong> políticas públicas atente as <strong>de</strong>mandas sociais com eficiência.Allebrandt, Filho e Ceratti (2012) ainda colocam que o <strong>de</strong>bate sobre o<strong>de</strong>senvolvimento local, preten<strong>de</strong> causar uma gran<strong>de</strong> modificação nas relações societais, além<strong>do</strong>s processos tecnicistas <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong> em escala, mas também pela dimensão dasustentabilida<strong>de</strong> ambiental, que anexada às estratégias, programas e projetos <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento, busca assegurar condições <strong>de</strong> melhoria, segun<strong>do</strong> as vocações locais.Tratan<strong>do</strong> <strong>do</strong> objeto <strong>de</strong> pesquisa, o Programa Territórios da Cidadania, buscou-serelacionar as perspectivas <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento rural ao território e sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>.2.2.1 I<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, território e <strong>de</strong>senvolvimento ruralA agricultura é um segmento <strong>de</strong> extrema importância, para agregar e estimular o<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma localida<strong>de</strong> ou país, por estar a<strong>de</strong>quada à um mol<strong>de</strong> <strong>de</strong> organizaçãoque atinge gran<strong>de</strong>s agrupamentos sociais e i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s territoriais, e na atualida<strong>de</strong> brasileiraestá diretamente relacionada à um conjunto <strong>de</strong> políticas públicas governamentais.Para Gehlen (2006), o processo mo<strong>de</strong>rniza<strong>do</strong>r da socieda<strong>de</strong> e da globalização,sobrepôs em vários aspectos as i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s, locais e individuais, e por inúmeras ocasiõesextinguiu indivíduos que lutaram e resistiram contra a homogeneização das i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s, <strong>como</strong>no caso <strong>de</strong>sse estu<strong>do</strong>, a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> da população dizimada durante a guerra <strong>do</strong> Contesta<strong>do</strong>. Oautor supracita<strong>do</strong> ainda argumenta queA I<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> sociocultural, remete à condição <strong>de</strong> existência privada, referenciada nomun<strong>do</strong> intra, expresso por relações interativas com “seu” meio <strong>social</strong> <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>culturalmente. Priva<strong>do</strong> no senti<strong>do</strong> da história pessoal <strong>de</strong> referenciar-se à <strong>de</strong>terminada(aquela) totalida<strong>de</strong> cultural na qual tem pertencimento. Cada um se <strong>de</strong>fine pelasemelhança, pelos gostos, pelo cheiro, pelos hábitos, valida<strong>do</strong>s pelos que pertencemao mesmo priva<strong>do</strong>, à mesma cultura, se enten<strong>de</strong>m por gestos, meias palavras. Asnormas são <strong>de</strong> tradição, <strong>de</strong> consenso e, em geral não escritas. (GEHLEN, 2006, p. 4-5).


38Neste senti<strong>do</strong>, a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> compõe um <strong>do</strong>s elementos forma<strong>do</strong>res <strong>do</strong> território esua gente, e que na prática tem leva<strong>do</strong> ao surgimento <strong>de</strong> muitos movimentos sociais, quelutam pela manutenção <strong>do</strong> direito à i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong> porções excluídas ou <strong>de</strong>squalificas dasocieda<strong>de</strong>. Tais populações agora utilizam novas tecnologias que aproximam suas vidas <strong>de</strong>outras experiências, e criam laços <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong> quanto às causas, dan<strong>do</strong> senti<strong>do</strong> moral eético na tentativa da superação <strong>de</strong> diferenças (CASTELLS, 1999; DOWBOR, 2012).Conforme Gehlen (2006) o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong>s territórios passa pelai<strong>de</strong>ntificação das i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s, e <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sta nova dinâmica <strong>social</strong>, o mun<strong>do</strong> rural é gran<strong>de</strong>afeta<strong>do</strong>, pois os agricultores são induzi<strong>do</strong>s à questionar a relação entre o natural e o <strong>social</strong> emque vivem. O espaço local é a representação <strong>do</strong> ambiente <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, e que possui umagama <strong>de</strong> atores envolvi<strong>do</strong>s, e muitas faces, que <strong>de</strong>finem territorialmente a capacida<strong>de</strong> dascaracterísticas substantivas da população em questão para seu próprio <strong>de</strong>senvolvimento.Para Zani, Kronenberguer e Dias (2012) a questão acima <strong>do</strong> <strong>de</strong>bate sobreterritório, recai sobre a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> gestão on<strong>de</strong> é construí<strong>do</strong> o teci<strong>do</strong> <strong>social</strong>, eque por vezes po<strong>de</strong>m se sobrepor e não possuírem limites <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s. Os mesmos, ressaltamque a proximida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> atores em um <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> recorte geográfico, e suas característicasdiversas e i<strong>de</strong>ntitárias, ajudam a solucionar problemas, e tornam um território possui<strong>do</strong>r <strong>de</strong>recursos únicos e intransferíveis.Abramovay (2005 apud ZANI, KRONENBERGUER E DIAS, 2012, p.122)<strong>de</strong>staca três virtu<strong>de</strong>s da utilização da terminologia <strong>de</strong> territórios para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>políticas públicas voltadas ao <strong>de</strong>senvolvimento rural(i) o aban<strong>do</strong>no <strong>de</strong> um horizonte estritamente setorial, que por sua vez, possui duasconsequências: o refinamento <strong>do</strong>s instrumentos estatísticos que <strong>de</strong>limitam aruralida<strong>de</strong> (organização <strong>de</strong> seus ecossistemas, na <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mográficarelativamente baixa, na sociabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> interconhecimento e na sua <strong>de</strong>pendênciacom relação às cida<strong>de</strong>s); e a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> territórios não por limites físicos e sim pelamaneira <strong>como</strong> se produz, em seu interior, a interação <strong>social</strong>; (ii) a distinção entrecrescimento econômico e processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento; (iii) a ênfase na forma<strong>como</strong> uma socieda<strong>de</strong> utiliza os recursos <strong>de</strong> que dispõe em sua organização produtivae, portanto, na relação entre sistemas sociais e ecológicos.Assim sen<strong>do</strong> ao <strong>de</strong>linear um programa <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento territorial rural não sepo<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar território <strong>como</strong> “espaço porta<strong>do</strong>r <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e com um projeto <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento <strong>social</strong>mente pactua<strong>do</strong>.” Ao traçar estratégias, os programas <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento territorial rural <strong>de</strong>vem ter <strong>como</strong> fato relevante “a heterogeneida<strong>de</strong> entre osterritórios, ditada por características <strong>como</strong> <strong>de</strong>sempenho da agricultura familiar, flexibilida<strong>de</strong> e


39dinamicida<strong>de</strong> <strong>do</strong> entorno socioeconômico, <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> industrial, <strong>de</strong>senho institucional, traçosculturais, <strong>de</strong>ntre outros” (ZANI, 2010 p.32).Logo o <strong>de</strong>senvolvimento territorial rural não po<strong>de</strong> ser visto <strong>de</strong> forma unicamenterural, <strong>de</strong>ve ir além <strong>do</strong> agrícola, incorporan<strong>do</strong> assim outros setores e ativida<strong>de</strong>s econômicasinstaladas no território. Com isso, o território não se restringe unicamente ao campo, que é umespaço habitualmente <strong>de</strong>dica<strong>do</strong> à produção primária, mas envolve e <strong>de</strong>senvolve tambémpequenas cida<strong>de</strong>s e aglomera<strong>do</strong>s populacionais, bem <strong>como</strong> seus respectivos atores. (MDA,2005).De acor<strong>do</strong> com Zani, Kronenberguer e Dias (2012, p.125)[...] o <strong>de</strong>senvolvimento rural é percebi<strong>do</strong> <strong>como</strong> fruto das relações sociais queenvolvem a perspectiva <strong>do</strong>s atores sociais, a forma <strong>de</strong> constituição <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s e <strong>de</strong>articulações na esfera política e principalmente, a construção <strong>de</strong> práticas inova<strong>do</strong>raspara o <strong>de</strong>senvolvimento por meio da gestão <strong>social</strong> em arranjos institucionais <strong>de</strong>participação.De acor<strong>do</strong> com Gehlen, essa inserção <strong>de</strong> novos indivíduos à uma cena nova naproposta <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento brasileiro, foi ressaltada pela valorização rural, movida pelaproblemática da saída <strong>de</strong> pessoas <strong>do</strong> campo, e também pela necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sustentação aoconsumo alimentar atual. As pessoas que resi<strong>de</strong>m na área rural estão sen<strong>do</strong> foco <strong>de</strong> políticaspúblicas que estão melhoran<strong>do</strong> sua vida em nível societário, através <strong>de</strong> diversificação, <strong>de</strong>qualificação e <strong>de</strong> escolarização, na tentativa <strong>de</strong> equilibrar níveis altos <strong>de</strong> êxo<strong>do</strong> rural,Pensan<strong>do</strong> no surgimento <strong>de</strong>sta classe <strong>de</strong> trabalha<strong>do</strong>res e consumi<strong>do</strong>res, e que sevislumbra no <strong>de</strong>senvolvimento rural, conforme Zani (2010, p.32) <strong>de</strong>ve haverCompetitivida<strong>de</strong>, inovação tecnológica, acesso a merca<strong>do</strong>s dinâmicos e relaçõesurbano-rurais <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m da constituição <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> atores locais e <strong>de</strong> espaços <strong>de</strong>concertação <strong>social</strong>. Além disso, para que a participação <strong>do</strong>s atores na políticaimpacte consistentemente a pobreza rural, é necessário que mire na transformaçãoprodutiva. Os programas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento territorial rural <strong>de</strong>vem a<strong>do</strong>tar umconceito expandi<strong>do</strong> <strong>de</strong> rural, haja vista a superestimação <strong>do</strong> nível <strong>de</strong> urbanizaçãosegun<strong>do</strong> a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mográfica das localida<strong>de</strong>s, e o imbricamento econômicoentre as zonas rurais e os pequenos e médios municípios.Entretanto Gehler (2006) alerta que a competitivida<strong>de</strong> entre produtores ruraisfamiliares e <strong>de</strong> pequeno porte, frente as transformações que ocorrem nos processosprodutivos, po<strong>de</strong>m acarretar problemas na reprodução <strong>social</strong>, política, econômica e cultural<strong>do</strong>s envolvi<strong>do</strong>s em programas governamentais <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento. Buscan<strong>do</strong> nas palavras <strong>do</strong>mesmo


40A recomposição seletiva que a mo<strong>de</strong>rnização gera, referencia-se no aparenteconsenso funda<strong>do</strong> na noção <strong>de</strong> competitivida<strong>de</strong>. Tal consensualida<strong>de</strong> reintroduz acentralida<strong>de</strong> <strong>do</strong> trabalho agora <strong>como</strong> competitivida<strong>de</strong>, porém, flexível parapossibilitar o sucesso <strong>de</strong> uns e o insucesso <strong>de</strong> outros, transferin<strong>do</strong> a responsabilida<strong>de</strong><strong>do</strong> sucesso ou insucesso da esfera pública ou <strong>social</strong>, para a esfera privada ouindividual (GEHLEN, 2006, p.8).Dentro <strong>de</strong>ste escopo normativo, as políticas públicas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento rural noBrasil tiveram uma maior abordagem, por parte <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r público, no final da década <strong>de</strong> 1990,já que antes essas iniciativas eram tímidas e muitas vezes sem objetivos claros. No inicio <strong>do</strong>sanos 1990 durante o governo Collor, houve o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> políticas direcionadas parao fomento da industrialização <strong>de</strong> regiões pobres <strong>do</strong> país, on<strong>de</strong> órgãos fe<strong>de</strong>rais <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento auxiliaram na aplicabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>stas políticas, <strong>como</strong> a SUDENE -Superintendência <strong>do</strong> Desenvolvimento <strong>do</strong> Nor<strong>de</strong>ste (ZANI, 2010).Ocorre que passa<strong>do</strong>s alguns anos, já no governo Fernan<strong>do</strong> Henrique Car<strong>do</strong>so,nota-se a mudança <strong>de</strong> iniciativas para propostas mais locais, no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> políticaspúblicas, assim aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> melhor aos anseios <strong>de</strong> cada região mais especificamente, “nosquais <strong>de</strong>veriam ser realiza<strong>do</strong>s investimentos em infraestrutura que atraíssem investimentospriva<strong>do</strong>s e impulsionassem os setores dinâmicos da economia local à economia internacional,com vistas à exportação” (ZANI, 2010, p.34).A proposta mais evi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento territorial rural ocorrida na épocafoi o Programa Nacional <strong>de</strong> Fortalecimento da Agricultura Familiar – PRONAF que teveinício no final da década <strong>de</strong> 1990. Para Guanzirolli (2006 apud ZANI, 2010) o PRONAF tem<strong>como</strong> objetivo o fortalecimento da produção da agricultura familiar; po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> assim contribuirpara o aumento <strong>de</strong> emprego e consequentemente renda nas regiões e dar mais qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>vida <strong>do</strong>s agricultores familiares. Os objetivos específicos <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com (ZANI, 2010, p.35)(a) ajustar as políticas públicas <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a realida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s agricultoresfamiliares; (b) elevar o nível <strong>de</strong> profissionalização <strong>do</strong>s agricultores familiaresatravés <strong>do</strong> acesso aos novos padrões <strong>de</strong> tecnologia e gestão <strong>social</strong>; (c) estimular oacesso <strong>de</strong>sses agricultores aos merca<strong>do</strong>s <strong>de</strong> insumos e produtos; (d) viabilizar ainfraestrutura necessária à melhoria <strong>do</strong> <strong>de</strong>sempenho produtivo <strong>do</strong>s agricultoresfamiliares (ZANI, 2010, p.35).Schwantes, Basso e Lima (2011) frisam que a agricultura familiar não po<strong>de</strong> sermal interpretada <strong>como</strong> pequena produção, ou <strong>como</strong> exemplo <strong>de</strong> pobreza ou atraso, <strong>como</strong>normalmente colocam os <strong>de</strong>fensores da produção agrícola em escala. As inovaçõestecnológicas, <strong>de</strong>senvolvidas para as gran<strong>de</strong>s proprieda<strong>de</strong>s produtivas, sejam elas na área <strong>de</strong><strong>de</strong>fensivos ou <strong>de</strong> implementos agrícolas, também são compatíveis com os estabelecimentosfamiliares. Para os autores esta modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> arranjo produtivo gera melhor utilização da


41terra, assim <strong>como</strong> <strong>do</strong> crédito, além é claro <strong>do</strong> aspecto <strong>social</strong> por serem no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>municípios <strong>de</strong> pequeno porte.Em um levantamento exploratório, visan<strong>do</strong> uma aproximação contemporânea nonúmero e programas na área rural, Favaretto (2009) concluiu que existem cerca <strong>de</strong> 59programas governamentais <strong>de</strong> trabalhem com a perspectiva <strong>de</strong> territórios para o<strong>de</strong>senvolvimento, com intersetorialida<strong>de</strong>s nas esferas municipais, estaduais e fe<strong>de</strong>rais. Já navisão <strong>de</strong> Senra (2010 apud Zani, 2010) <strong>de</strong>ntre to<strong>do</strong>s os programas que estão em sintonia coma linha territorial mais importantes são: o <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> pelo Ministério da IntegraçãoNacional, abrangen<strong>do</strong> as mesorregiões; o programa <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento sustentável <strong>do</strong>sterritórios rurais <strong>do</strong> Ministério <strong>do</strong> Desenvolvimento Agrário; os consórcios <strong>de</strong> segurançaalimentar e <strong>de</strong>senvolvimento local, Consad pelo Ministério <strong>do</strong> Desenvolvimento Sustentável;e a Agenda 21 <strong>de</strong>senvolvida pelo Ministério <strong>do</strong> Meio Ambiente. Em sua conclusão, o mesmoautor, <strong>de</strong>staca que no Brasil, o arcabouço <strong>de</strong> políticas e órgãos públicos que abordam aquestão territorial <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, está <strong>de</strong>sorganiza<strong>do</strong> e possui uma amplitu<strong>de</strong> quesobrepõe diversos recortes, aumentan<strong>do</strong> a competitivida<strong>de</strong> entre atores envolvi<strong>do</strong>s, e<strong>de</strong>smotivan<strong>do</strong> a articulação <strong>do</strong>s mesmos.Sem fugir <strong>do</strong> que esta sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>bati<strong>do</strong> e proposto sobre o <strong>de</strong>senvolvimento rural,este trabalho tem <strong>como</strong> foco principal o programa Territórios da Cidadania, sen<strong>do</strong> que omesmo foi analisa<strong>do</strong> profundamente no capítulo <strong>de</strong> resulta<strong>do</strong>s. No momento nos atentaremosàs práticas administrativas que envolveram o <strong>de</strong>senvolvimento brasileiro e suas principaiscaracterísticas e fases.2.3 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PARA O DESENVOLVIMENTOAs políticas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento promovidas pelo Esta<strong>do</strong> e que vem ocorren<strong>do</strong> noBrasil, assim <strong>como</strong> em gran<strong>de</strong> parte <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> em <strong>de</strong>senvolvimento, tem consegui<strong>do</strong> levar,mesmo que mo<strong>de</strong>stamente, ao acréscimo <strong>de</strong> renda e competitivida<strong>de</strong>, para áreas pobres.Contu<strong>do</strong> a disparida<strong>de</strong> entre estas, e as regiões mais ricas, <strong>de</strong>monstra a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> umaprimoramento na administração, e a inclusão das forças locais, assim <strong>como</strong> <strong>do</strong>aproveitamento <strong>do</strong> teci<strong>do</strong> sociocultural existente, e das potencialida<strong>de</strong>s que o ambiente <strong>de</strong>inovação favorece, para buscar através da articulação <strong>do</strong>s setores públicos e priva<strong>do</strong>s,sustentabilida<strong>de</strong> para o <strong>de</strong>senvolvimento local. Assim para enten<strong>de</strong>r <strong>como</strong> o <strong>de</strong>senvolvimentoatual está potencialmente atrela<strong>do</strong> à índices quantitativos e a cultura que mol<strong>do</strong>u as práticas


42gerenciais vigentes, não é possível <strong>de</strong>sassociar a administração pública <strong>do</strong> contexto históricobrasileiro.De acor<strong>do</strong> com Filippim, Rosetto e Rosetto (2010) o papel <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> assim <strong>como</strong>da administração pública é da propagação <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, sem que seja esquecida ainfluência que as instituições formais e informais tem na prática política e <strong>do</strong> governo nadinâmica <strong>de</strong> uma localida<strong>de</strong>. Para os autores, o empo<strong>de</strong>ramento <strong>do</strong> protagonismo local emprol <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, <strong>de</strong>ve passar por uma administração pública mais bem preparada,sem os exageros patrimonialista e burocráticos que encontram-se alicerça<strong>do</strong>s na trajetóriapolítica <strong>do</strong> país.Durante o império os mandatários da coroa, confundiam interesses priva<strong>do</strong>s compúblicos, utilizan<strong>do</strong> assim recursos <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> para benesses pessoais. Estes exemplos foramse enraizan<strong>do</strong> na administração pública, e se configurou <strong>como</strong> maneira usual <strong>de</strong> tratar a coisapública (HOLANDA, 1995), principalmente durante os perío<strong>do</strong>s, colonial, imperial e naRepública Velha, caracterizan<strong>do</strong> assim uma administração pública patrimonialista(FILIPPIM, ROSETTO e ROSETTO, 2010).Esse tipo <strong>de</strong> prática, on<strong>de</strong> os servi<strong>do</strong>res públicos se apoiavam em suascapacida<strong>de</strong>s produtivas para favorecimento alheio e priva<strong>do</strong>, visan<strong>do</strong> troca <strong>de</strong> favores, <strong>de</strong>uimpulso ao clientelismo. Esta triste faceta <strong>de</strong> nossa política foi superada <strong>de</strong> certa forma, natentativa <strong>de</strong> se instaurar uma administração burocrática, visan<strong>do</strong> o enfraquecimento <strong>do</strong>patrimonialismo. Para Pereira (1998) a partir <strong>de</strong> 1930, era Vargas, percebeu-se quetransformações na administração pública são bem vindas, principalmente no âmbito fe<strong>de</strong>ral.Com a criação <strong>do</strong> DASP, em 1936, (Departamento Administrativo <strong>do</strong> Serviço Público), houvea assimilação <strong>de</strong> critérios profissionais para ingresso na carreira <strong>de</strong> serviço público,<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> carreiras e promoções baseadas em mérito (SEGES, 2003). Todavia pelasdificulda<strong>de</strong>s encontradas para a transposição paradigmática, entre burocracia epatrimonialismo, Pereira (1996, p. 270) afirma que:A crise da administração pública burocrática começou ainda no regime militar, nãosó porque não foi capaz <strong>de</strong> extirpar o patrimonialismo que sempre vitimou, mastambém porque esse regime, ao invés <strong>de</strong> consolidar uma burocracia profissional nopaís, através da re<strong>de</strong>finição das carreiras e <strong>de</strong> um processo sistemático <strong>de</strong> abertura <strong>de</strong>concursos públicos para alta administração, preferiu o caminho mais curto <strong>do</strong>recrutamento <strong>de</strong> administra<strong>do</strong>res através das empresas, inviabilizou a construção <strong>de</strong>ma burocracia forte, nos mol<strong>de</strong>s que a reforma <strong>de</strong> 1936 propunha.Assim sen<strong>do</strong> a partir <strong>do</strong> término da II guerra mundial, a influência das empresasprivadas começaram a atingir a administração pública, mesmo com a forte a<strong>de</strong>são da


43burocrácia para fins <strong>de</strong> controle. Em to<strong>do</strong>s os governos, i<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> flexibilização ehorizontalização começaram a ganhar espaço. Entretanto a crise <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> ocorrida no<strong>de</strong>correr <strong>do</strong>s anos 70, levou a reforma da administração pública, pelo enfraquecimento que arigi<strong>de</strong>z burocrática causava às necessida<strong>de</strong>s sociais (PEREIRA, 1996b).Para Pereira (1996, p. 269), da possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> prosperar conforme a cooperaçãoentre Esta<strong>do</strong> e a socieda<strong>de</strong>, o autor coloque que:A regulamentação e a intervenção continuam necessárias na educação na saú<strong>de</strong>, nacultura, no <strong>de</strong>senvolvimento tecnológico, nos investimentos em infraestrutura umaintervenção que não compense os <strong>de</strong>sequilíbrios distributivos provoca<strong>do</strong>s pelomerca<strong>do</strong> globaliza<strong>do</strong>, mas principalmente que capacite os agentes econômicos acompetir em nível mundial.A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma administração pública gerencial, portanto não <strong>de</strong>correuapenas <strong>de</strong> problemas das diferentes estruturas <strong>do</strong> crescimento econômico, e <strong>do</strong> aumento dacomplexida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s problemas à serem enfrenta<strong>do</strong>s, mas da legitimação da burocracia peranteas <strong>de</strong>mandas da cidadania.Enten<strong>de</strong>r <strong>como</strong> se <strong>de</strong>senvolveu historicamente a administração pública, focada narealida<strong>de</strong> brasileira e caracterizada pelo pre<strong>do</strong>mínio <strong>de</strong> interesses individuais e competitivos,nos remete à importante herança <strong>de</strong>ixada pela perspectiva burocrática à sua sucessora, aadministração gerencial, para o funcionamento das instituições governamentais. No próximosubtítulo, a mudança nos conceitos sobre a administração pública, possibilitou um choque <strong>de</strong>gestão que agregou substancialmente práticas empresariais, às ações públicas estatais.2.3.1 Contribuições da administração pública gerencialEm consequência <strong>do</strong> exposto acima, nos países centrais, durante os anos 80iniciou-se uma gran<strong>de</strong> revolução na administração pública em direção a uma administraçãopública gerencial que obteve novos contornos, inspirada nos avanços competitivos daadministração <strong>de</strong> empresas.De acor<strong>do</strong> com Paula (2005) esta modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gestão voltada para o<strong>de</strong>sempenho e para eficiência , foi aplica à realida<strong>de</strong> brasileiro no governo <strong>do</strong> presi<strong>de</strong>nteFernan<strong>do</strong> Henrique Car<strong>do</strong>so (1994-2002) com o coman<strong>do</strong> <strong>do</strong> ex-ministro da Reforma <strong>do</strong>Esta<strong>do</strong>, Luiz Carlos Bresser-Pereira, que escreveu muito sobre o assunto, e propôs essedirecionamento para a administração pública, pelo enfraquecimento da legitimida<strong>de</strong> e agovernabilida<strong>de</strong> em que se encontrava o Esta<strong>do</strong>.


44Faz-se assim importante a lição <strong>de</strong> Pereira, das principais características <strong>do</strong>mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> administração gerencial, também <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> por algumas correntes <strong>como</strong> a "novaadministração pública":a) orientação <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> para o cidadão usuário ou cidadão-cliente;b) ênfase no controle <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s, através <strong>de</strong> contratos <strong>de</strong> gestão (ao invés <strong>de</strong>controle <strong>de</strong> procedimentos);c) fortalecimento e aumento da autonomia da burocracia estatal, organizada emcarreiras ou "corpos" <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong>, e valorização<strong>de</strong> seu técnico e político <strong>de</strong>participar, juntamente com os políticos e a socieda<strong>de</strong>, da formulação das políticaspúblicas;d) separação entre as secretarias formula<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> políticas públicas, <strong>de</strong> carátercentraliza<strong>do</strong>, e as unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>scentralizadas, executoras <strong>de</strong>ssas políticas;e) distinção entre <strong>do</strong>is tipos <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>scentralizadas: as agências executivas,que realizam ativida<strong>de</strong>s exclusivas <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, por <strong>de</strong>finição monopolistas, e osserviços sociais e científicos <strong>de</strong> caráter competitivo, em que o po<strong>de</strong>r <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> nãoestá envolvi<strong>do</strong>;f) transferência para o setor público não-estatal <strong>do</strong>s serviços sociais e científicoscompetitivos;g) a<strong>do</strong>ção cumulativa, para controlar as unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>scentralizadas, <strong>do</strong>s mecanismos(1) <strong>de</strong> controle <strong>social</strong> direto,(2) <strong>do</strong> contrato <strong>de</strong> gestão em que os indica<strong>do</strong>res <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho sejam claramente<strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s e os resulta<strong>do</strong>s medi<strong>do</strong>s, e(3) da formação <strong>de</strong> quase merca<strong>do</strong>s em que ocorre a competição administrativa;h) terceirização das ativida<strong>de</strong>s auxiliares ou <strong>de</strong> apoio, que passam a ser licitadascompetitivamente no merca<strong>do</strong> (PEREIRA 1997, p.42).Outro ponto a ser pon<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> é a promulgação da Emenda Constitucional nº 19, <strong>de</strong>4 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1998, à Constituição <strong>de</strong> 1988 que no entendimento <strong>do</strong>s teóricos daadministração existem duas referencias a se <strong>de</strong>stacar. A nova redação dada ao artigo 37,caput, que acrescenta aos princípios administrativos já expressos, legalida<strong>de</strong>, impessoalida<strong>de</strong>,moralida<strong>de</strong> e publicida<strong>de</strong>, também a eficiência, e o novo parágrafo 8º, acresci<strong>do</strong> ao mesmoartigo, que admite a ampliação da autonomia gerencial, orçamentária e financeira <strong>do</strong>s órgãos.E entida<strong>de</strong>s da administração direta e indireta através <strong>de</strong> contratos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho, a seremfirma<strong>do</strong>s entre seus respectivos administra<strong>do</strong>res e o Esta<strong>do</strong>, em que serão fixadas metas <strong>de</strong>eficiência a serem alcançadas. (MOREIRA NETO, 1998; MANSOLDO, 2009).Segun<strong>do</strong> Matias-Pereira (2009, p. 54) a administração pública gerencial começou,portanto, a focar na "<strong>de</strong>scentralização das <strong>de</strong>cisões e funções <strong>do</strong> Ente Público, autonomia noque diz respeito à gestão <strong>de</strong> recursos humanos, materiais e financeiro e ênfase na qualida<strong>de</strong> ena produtivida<strong>de</strong> <strong>do</strong> serviço público".Após esta análise <strong>do</strong>s autores supracita<strong>do</strong>s, das características da administraçãogerencial, verifica-se a diferença entre as temáticas burocráticas e gerenciais, em suasabordagens <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> para com a socieda<strong>de</strong> no fortalecimento <strong>do</strong>s bens e serviços públicos.


45Para melhor visualizar as essas abordagens, e as características <strong>de</strong> cada uma <strong>de</strong>ssas formas <strong>de</strong>administração <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong>, apresenta-se o quadro abaixo.Quadro 1- Características da administração pública, burocrática e gerencialAdministração BurocráticaAdministraçãoMotivação PrincipalObjetivosFrear a excessiva corrupçãoque tomava conta <strong>do</strong> sistemaanteriorGarantir o cumprimento dalegislação em vigorGerencialAumentar eficiência <strong>do</strong>Esta<strong>do</strong> em aten<strong>de</strong>r as<strong>de</strong>mandas da socieda<strong>de</strong>Assegurar, no interesse <strong>do</strong>cidadão-usuário, a maioreficiência e qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong>sserviços públicos.Mo<strong>de</strong>lo administrativo Concentra<strong>do</strong> Descentraliza<strong>do</strong>Ambiente administrativoOrientação <strong>de</strong> suas açõesForma <strong>de</strong> controleGrau <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> dasações <strong>do</strong>s gestoresCritérios <strong>de</strong> avaliação <strong>do</strong>sservi<strong>do</strong>resAmbiente relativamenteestável, <strong>de</strong> poucastransformações, ou <strong>de</strong>mudanças razoavelmenteprevisíveis.A própria administraçãopública, i<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong>sinteresses públicos com osinteresses <strong>do</strong> próprio Esta<strong>do</strong>.Controle concentra<strong>do</strong> emaspectos legaisorçamentáriosControle procedimentaisrígi<strong>do</strong>s.Assiduida<strong>de</strong> disciplina etempo <strong>de</strong> serviçoAmbiente ágil no que tange atransformações e mudançasSatisfação <strong>do</strong> cidadão,interesse da coletivida<strong>de</strong>, soba ótica <strong>do</strong> cidadão-"cliente",ou cidadão-usuário.Controle concentra<strong>do</strong> nosresulta<strong>do</strong>s finais atingi<strong>do</strong>sDelegação <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong>EficiênciaConvergência <strong>de</strong>fundamentosAdmissão segun<strong>do</strong> rígi<strong>do</strong>s critérios <strong>de</strong> mérito, avaliação <strong>de</strong><strong>de</strong>sempenho, sistema <strong>de</strong> carreiras, profissionalismo eimpessoalida<strong>de</strong>.Fonte: Mourelle (2008, p. 46 ).


46Em que pese à administração gerencial <strong>como</strong> uma opção mais inova<strong>do</strong>ra nomomento político <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, após a Constituição Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> 1988, e a Emenda Constitucional<strong>de</strong> 1998, ainda existe a resistência por parte <strong>de</strong> muitos teóricos, que criticam o neoliberalismo,quanto a eficiência que prega esse tipo <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lo administrativo, por esta se aproximar<strong>de</strong>mais <strong>do</strong> priva<strong>do</strong> estratégico, o qual afasta o cidadão das <strong>de</strong>cisões administrativas estatais.Para Caldas apud Berguer (2009), o Brasil assumiu e ainda assume forte interessepela tecnologia gerencial norte-americana, ten<strong>do</strong> uma ação mimética que afeta asorganizações, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que substitui mo<strong>de</strong>los prontos em <strong>de</strong>trimento das realida<strong>de</strong>s eespecificida<strong>de</strong>s locais. Logo nossas práticas gerenciais possuem um gran<strong>de</strong> viés utilitarista,que por sua vez transformaram nossas escolas <strong>de</strong> administração pública em industrias <strong>de</strong>produção em série da reprodução capitalista por resulta<strong>do</strong>s.Corroboran<strong>do</strong> com a temática <strong>de</strong> que a gestão estratégica é falha em abrangertodas os espectros que envolvem a socieda<strong>de</strong> e suas necessárias transformações li<strong>de</strong>radas peloEsta<strong>do</strong>, Tenório (1998. p.14) coloca que suas características são <strong>de</strong>um tipo <strong>de</strong> ação utilitarista, fundada no cálculo <strong>de</strong> meios e fins e implementadaatravés da interação <strong>de</strong> duas ou mais pessoas na qual uma <strong>de</strong>las tem autorida<strong>de</strong>formal sobre a(s) outra(s). Por extensão, este tipo <strong>de</strong> ação gerencial é aquele no qualo sistema-empresa <strong>de</strong>termina as suas condições <strong>de</strong> funcionamento e o Esta<strong>do</strong> seimpõe sobre a socieda<strong>de</strong>. É uma combinação <strong>de</strong> competência técnica com atribuiçãohierárquica, o que produz a substância <strong>do</strong> comportamento tecnocrático. Porcomportamento tecnocrático enten<strong>de</strong>mos toda ação <strong>social</strong> implementada sobhegemonia <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r técnico ou tecnoburocrático, que se manifesta tanto no setorpúblico quanto no priva<strong>do</strong>, fenômeno comum às socieda<strong>de</strong>s contemporâneas.Nesta linha crítica, Paula (2005) inclui a cidadania e a participação em discursopauta<strong>do</strong>, e questiona o caráter inova<strong>do</strong>r <strong>do</strong> gerencialismo, afirma<strong>do</strong> que tal prática imita agestão empresarial, ofuscan<strong>do</strong> as verda<strong>de</strong>iras intenções <strong>de</strong> finalida<strong>de</strong> a<strong>de</strong>rentes ao serviçopúblico, para qual seja a função <strong>social</strong>.Importa no momento diante das críticas apresentadas quanto a administraçãogerencial e burocrática, passar analisar novas contribuições que sobrepõe o viés utilitário eestratégico, foca<strong>do</strong> em indica<strong>do</strong>res econômicos, para uma perspectiva <strong>de</strong> inclusão dasocieda<strong>de</strong> nos processos das <strong>de</strong>cisões públicas e fortalecimento da república e <strong>de</strong>mocracia.2.4 NOVAS PERSPECTIVAS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICAA administração pública vem se modifican<strong>do</strong> ao <strong>de</strong>correr das décadas, oras pormotivos <strong>de</strong> eficiência nos processos, assim <strong>como</strong> pela inclusão <strong>de</strong> <strong>de</strong>mandas sociais que


47propiciam uma a<strong>de</strong>rência maior com as necessida<strong>de</strong>s locais. Fung apud Secchi (2010) reforçao proposto constructo lembran<strong>do</strong> que a participação societal afeta diretamente a justiça,legitimida<strong>de</strong> e eficácia da política pública, que melhora a quantida<strong>de</strong> e qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>informação para a tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão, além <strong>de</strong> fornecer heterogeneida<strong>de</strong> <strong>de</strong> esquemascognitivos. “A participação também traz a consolidação <strong>do</strong> senso <strong>de</strong> pertencimento eresponsabilida<strong>de</strong> coletiva.” (SECCHI 2010, p. 113). Assim é o embasamento que se procura áuma inovação <strong>social</strong> com força <strong>de</strong> transformação.No que condiz a vertente gerencial, Paula (2005), aponta as <strong>de</strong>ficiências para coma dimensão sociopolítica, por <strong>de</strong>ixar a <strong>de</strong>sejar quanto sua mo<strong>de</strong>lização, e representaçãoreferente a <strong>de</strong>mocratização <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> brasileiro. Ainda há entre a relação socieda<strong>de</strong> e Esta<strong>do</strong>,questão que não foram suficientemente <strong>de</strong>batidas, permanecen<strong>do</strong> qualida<strong>de</strong>s inflexíveis eten<strong>de</strong>nciosas que marcaram a história político-administrativa <strong>do</strong> país.Uma socieda<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rna, que não se importa com a verificação <strong>de</strong> <strong>como</strong> osnegócios cotidianos afetam o mun<strong>do</strong>, tornan<strong>do</strong> impossível o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> individuopor falta <strong>de</strong> um “piso firme” (GUERREIRO RAMOS, 1980, p. 55). Em busca <strong>de</strong>sse pisofirme, que Godin, Fischer e Melo (2006) relacionam a racionalida<strong>de</strong> substantiva com a gestão<strong>social</strong>, por ser capaz <strong>de</strong> atingir finalida<strong>de</strong>s coletivas, por meio <strong>de</strong> um cálculo utilitário entrecursos <strong>de</strong> ação, asseguran<strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>social</strong> com consecução <strong>de</strong> resulta<strong>do</strong>seconômicos, sociais e ambientais. A multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s, e racionalida<strong>de</strong>s, ainda sãopontos conflitantes quanto ao direcionamento <strong>de</strong> uma proposta realida<strong>de</strong> sócio-centrica.Logo, propostas alternativas que vão <strong>de</strong> encontro às necessida<strong>de</strong>s sociais estão emgran<strong>de</strong> evidência. Neste senti<strong>do</strong>, importa discorrer sobre a dimensão sociopolítica em suasexperiências <strong>de</strong> que estão abrin<strong>do</strong> possibilida<strong>de</strong>s para a renovação <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> gestãopública, e <strong>como</strong> exemplo po<strong>de</strong>mos tomar o Novo Serviço Público por Denhart. e a GestãoSocial <strong>de</strong>fendida por Tenório, que é o viés estratégico que buscamos nesse estu<strong>do</strong> paraanalisar uma realida<strong>de</strong> territorial distinta.2.4.1 Novo Serviço PúblicoPor isto, nesse caminho <strong>de</strong> resolução, através da complementarida<strong>de</strong> <strong>de</strong> princípiose valores entre o cidadão e o Esta<strong>do</strong>, no lócus da gestão pública, trouxemos à tona o novoserviço público. Preconiza<strong>do</strong> por Denhardt e Denhardt (2000), o novo serviço público temsuas raízes epistemológicas na noção <strong>de</strong> que o ser humano é um ente político que age nacomunida<strong>de</strong>.


48Esta comunida<strong>de</strong>, politicamente articulada, requer a participação <strong>do</strong> cidadão paraa construção <strong>do</strong> bem comum, o qual prece<strong>de</strong> o alcance <strong>de</strong> interesses priva<strong>do</strong>s (Salm;Menegasso, 2009). A re<strong>de</strong>scoberta da comunida<strong>de</strong> e a <strong>de</strong>volução <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r aos que <strong>de</strong>laparticipam é o foco central <strong>de</strong>ssa maneira <strong>de</strong> se exercer a administração pública.Com isso,"os cidadãos <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> se representar <strong>como</strong> meros executores ou <strong>de</strong>stinatários das políticaspúblicas, e passam a fazer parte <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> construção, efetivação e avaliação daspolíticas públicas" (JUSTEN, MORETTO NETO, FELIPPE, 2012, p.189).Aponta-se, portanto, <strong>como</strong> princípios <strong>do</strong> novo serviço público, segun<strong>do</strong> a proposta<strong>de</strong> Denhardt (2012): servir a cidadãos, não a consumi<strong>do</strong>res; perseguir o interesse público; darmais valor à cidadania e ao serviço público <strong>do</strong> que ao empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>rismo; pensarestrategicamente; agir <strong>de</strong>mocraticamente; reconhecer que a gestão não é simples; servir emvez <strong>de</strong> dirigir; valor às pessoas, não apenas à produtivida<strong>de</strong>.Assim, o novo mo<strong>de</strong>lo vem fundamenta<strong>do</strong> na participação <strong>de</strong>mocrática e noprocesso <strong>de</strong> coprodução, que se refere ao compartilhamento <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong>s entrecidadãos e servi<strong>do</strong>res na concepção e instituição <strong>do</strong>s serviços públicos (MARSCHALL,2004). Pelas bases epistemológicas e pelos valores que as sustentam, a gestão <strong>social</strong> e o novoserviço público são concepções críticas que representam alternativas ao establishment<strong>do</strong>minante na gestão e no serviço público.Os Territórios da Cidadania, e as ações <strong>do</strong> SEBRAE no recorte <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>, porterem cunho <strong>social</strong> e <strong>de</strong> serviço ao público, precisam ser analisa<strong>do</strong>s e concebi<strong>do</strong>s a partir <strong>de</strong>lentes críticas <strong>como</strong> essas, pensadas para a coletivida<strong>de</strong>, a fim <strong>de</strong> que se consoli<strong>de</strong> umaverda<strong>de</strong>ira efetivação <strong>do</strong>s objetivos estruturantes <strong>do</strong> projeto governamental. Também éimportante frisar que todas as abordagens da administração pública para o <strong>de</strong>senvolvimento,estão coniventes com suas alternativas, e não estanques a um perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> tempo.Da mesma forma enten<strong>de</strong>-se que apenas teorias organizacionais não são capazes<strong>de</strong> lidar com a realida<strong>de</strong> complexa das dinâmicas das esferas <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r que interagem em uma<strong>de</strong>terminada realida<strong>de</strong> (TENÓRIO, 2012).Por isso a gestão <strong>social</strong>, ten<strong>do</strong> em sua base a teoria crítica comunicativa <strong>de</strong> JurgenHabermas, da escola <strong>de</strong> Frankfurt, e na teoria da redução sociológica, <strong>de</strong> Alberto GuerreiroRamos, busca trazer mais uma alternativa <strong>de</strong> enfrentamento às necessida<strong>de</strong>s sociais,fomentan<strong>do</strong> o bem comum <strong>como</strong> principal resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> uma administração pública efetiva.


492.4.2 Gestão SocialO conceito <strong>de</strong> Gestão Social nos remete ao inicio da década <strong>de</strong> 90, quan<strong>do</strong> umnovo mun<strong>do</strong> capitalista <strong>de</strong>sperta <strong>de</strong>pois da <strong>de</strong>rrubada <strong>do</strong> Muro <strong>de</strong> Berlim. Sobre essa novaonda o “Consenso <strong>de</strong> Washington” trouxe consigo <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> containers o Esta<strong>do</strong>-mínimo, osuperávit primário, a não reserva <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> e outras commodities, obrigan<strong>do</strong> a reformulação<strong>do</strong> conceito <strong>de</strong> gestão pública (TENÓRIO, 2007, p.39). De acor<strong>do</strong> com Cança<strong>do</strong> (2011), agestão <strong>social</strong> floresceu no Brasil por intermédio <strong>do</strong> professor Tenório, que a partir da leitura<strong>de</strong> Guerreiro Ramos, propôs uma saída para além da morosida<strong>de</strong> utilitária da gestãotradicional, <strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong> o conceito com pares <strong>de</strong> palavras, socieda<strong>de</strong>-Esta<strong>do</strong> e trabalhocapital,elevan<strong>do</strong> o peso da socieda<strong>de</strong> e <strong>do</strong> trabalho <strong>como</strong> as peças chave na administraçãopública. Logo a tendência que segue às perspectivas <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, e da mo<strong>de</strong>rnizaçãoda máquina pública, <strong>como</strong> coloca Dowbor, (2012, p. 250) trás a gestão <strong>social</strong> <strong>como</strong>[...] novo mo<strong>de</strong>lo que emerge, está essencialmente centra<strong>do</strong> numa visão mais<strong>de</strong>mocrática, maior representativida<strong>de</strong> cidadã, maior transparência, com aberturapara as novas tecnologias da informação e comunicação, e soluções organizacionaispara assegurar a interativida<strong>de</strong> entre governo e cidadania.Ao que tange a complexida<strong>de</strong> das mudanças, sejam elas sociais, naturais oueconômicas, e mesmo tecnológicas, uma das mais importantes qualida<strong>de</strong>s da raça humana é aadaptação. Dentro <strong>do</strong> escopo das políticas públicas e da maneira <strong>de</strong> <strong>como</strong> são geridas, essacomplexida<strong>de</strong> atua da mesma forma, pois o centro da questão ainda são as pessoas quebuscam sustentabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> bem comum. Para Cança<strong>do</strong> (2011, p. 205), a gestão <strong>social</strong> é " umprocesso dialético <strong>de</strong> organização <strong>social</strong> próprio da esfera pública, funda<strong>do</strong> no interesse bemcompreendi<strong>do</strong>, e que tem por finalida<strong>de</strong> a emancipação <strong>do</strong> homem". A gestão <strong>social</strong>, é umaproposta crítica, que trabalha com uma dinâmica comunicativa que se sobrepõe aos interessesinstrumentais <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> e <strong>do</strong> interesse priva<strong>do</strong>.Para França Filho (2007, p. 2), “enquanto problemática <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong>, a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong>gestão <strong>social</strong> diz respeito à gestão das <strong>de</strong>mandas e necessida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> <strong>social</strong>”. Assim, a partir datransformação política e <strong>social</strong> <strong>do</strong> século XXI, a gestão <strong>social</strong> ganhou status <strong>de</strong> políticaparticipativa, na gestão pública <strong>de</strong> organizações, no terceiro setor, <strong>de</strong> combate à pobreza e atéambiental, já que se tornou a alternativa à gestão pública que se transformou em simplesinstrumento regula<strong>do</strong>r <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>.Boullosa e Schommer (2009), entretanto mostram preocupação na rápidainstitucionalização da gestão <strong>social</strong>, argumentan<strong>do</strong> que ela po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ser um processo


50inova<strong>do</strong>r, uma possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> inovação nas políticas públicas, se transforman<strong>do</strong> numproduto mo<strong>de</strong>liza<strong>do</strong>, limitan<strong>do</strong> seu progresso interdisciplinar. Para as autoras a gestão <strong>social</strong> éoriginária <strong>do</strong>s contextos sociais, e não <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> ou <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, nascida em “esfera <strong>de</strong> açãopública e não estatal, no espaço <strong>de</strong> organização da socieda<strong>de</strong> civil e <strong>de</strong> suas interações com oEsta<strong>do</strong> e o merca<strong>do</strong>” (BOULLOSA, SCHOMMER, 2008, p. 4).Com efeito, o argumento para justificar a gestão <strong>social</strong> na esfera pública é bemexplicita<strong>do</strong> por Tenório e Saravia (2006, p. 109): “[...] <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>mos a tese <strong>de</strong> que o importantenão é diferenciar gestão pública <strong>de</strong> gestão <strong>social</strong>, mas resgatar a função básica daadministração pública que é aten<strong>de</strong>r os interesses da socieda<strong>de</strong> <strong>como</strong> um to<strong>do</strong>". Nesta linha <strong>de</strong>raciocínio Paula (2005), apresenta um quadro, on<strong>de</strong> difere os tipos distintos <strong>de</strong> administração,gerencial e <strong>social</strong>, e cria um paralelo relacionan<strong>do</strong> variáveis à realida<strong>de</strong> estruturante <strong>do</strong>Esta<strong>do</strong>.Quadro 2 - Comparação <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>losVariávelProjeto políticoDimensões estruturaisenfatizadas na gestãoOrganizaçãoadministrativa <strong>do</strong>aparelho <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong>Abertura dasinstituições políticas àparticipação <strong>social</strong>Abordagem <strong>de</strong> gestãoAdministração públicagerencialEnfatiza a eficiênciaadministrativa e se baseia noajuste estrutural, nasrecomendações <strong>do</strong>s organismosmultilaterais e no movimentogerencialista.Econômico-financeira einstitucional-administrativa.Separação entre as ativida<strong>de</strong>sexclusivas e não exclusivas <strong>do</strong>Esta<strong>do</strong> nos três níveisgovernamentaisParticipativo no nível <strong>do</strong> discurso,mas centraliza<strong>do</strong>r no que se refereao processo <strong>de</strong>cisório, àorganização das instituiçõespolíticas e a construção <strong>de</strong> canais<strong>de</strong> participação popular.Gerencialismo: enfatiza aadaptação das recomendaçõesgerencialistas para o setor público.Fonte: Paula (2005, p.175)Administração públicasocietalEnfatiza a participação <strong>social</strong> eprocura estruturar um projetopolítico que repense o mo<strong>de</strong>lo<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento brasileiro,a estrutura <strong>do</strong> aparelho <strong>de</strong>Esta<strong>do</strong> e o paradigma <strong>de</strong>gestão.SociopolíticaNão tem uma proposta paraorganização <strong>do</strong> aparelho <strong>de</strong>Esta<strong>do</strong> e enfatiza iniciativaslocais <strong>de</strong> organização e gestãopública.Participativo no nível dasinstituições, enfatizan<strong>do</strong> aelaboração <strong>de</strong> estruturas ecanais que viabilizem aparticipação popularGestão <strong>social</strong>: propõeelaboração <strong>de</strong> experiências <strong>de</strong>gestão focalizadas nas<strong>de</strong>mandas <strong>do</strong> público-alvoincluin<strong>do</strong> questões culturais eparticipativas.


51Com o quadro acima, tem-se um <strong>de</strong>lineamento aproxima<strong>do</strong> das potencialida<strong>de</strong>sque a gestão <strong>social</strong> apresenta em comparação com a veia da administração gerencialista, paraa possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> criar "organizações administrativas efetivas, permeáveis à participaçãopopular e com autonomia para operar em favor <strong>do</strong> interesse público" (PAULA, 2005, p.159).Para Allebrandt, Deckert e Oliveira (2012, p.162), a visualização da questãofundamental e baliza<strong>do</strong>ra na gestão <strong>social</strong>requer-se a substituição <strong>do</strong> enfoque esta<strong>do</strong>cêntrico e/ou merca<strong>do</strong>cêntrico, por umenfoque sociocêntrico, no qual a socieda<strong>de</strong> civil parece <strong>como</strong> sujeito <strong>do</strong> processo.Isso requer a construção <strong>de</strong> um novo triângulo <strong>social</strong>, em que a socieda<strong>de</strong> civil passaa ocupar uma posição <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque, e a cidadania emerge <strong>como</strong> protagonista noprocesso <strong>de</strong>ssas novas relações.Neste tocante, Dowbor (1999) comenta que o avanço <strong>do</strong> <strong>social</strong> não énecessariamente traduzi<strong>do</strong> pelo estabelecimento <strong>de</strong> uma lei que <strong>de</strong>stina recursos financeirospara "educação". Significa, na realida<strong>de</strong>, incorporar nas <strong>de</strong>cisões empresariais, ministeriais,comunitárias ou individuais, as várias dimensões e impactos que cada ação po<strong>de</strong> ter emtermos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida. Assim, a gestão <strong>social</strong> po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finida <strong>como</strong> aquela orientadapara o <strong>social</strong> (enquanto finalida<strong>de</strong>), pelo <strong>social</strong> (enquanto processo), norteada pelos“princípios da ética e da solidarieda<strong>de</strong>”. (FISCHER; MELO, 2006, p.17).Cança<strong>do</strong> (2011, p. 204) <strong>de</strong>limita a gestão <strong>social</strong>, por uma visão processual ecausal, da seguinte maneira" [...] (a gestão <strong>social</strong>) parte <strong>do</strong> interesse público bem compreendi<strong>do</strong> em um contexto<strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong> e sustentabilida<strong>de</strong>, acontecen<strong>do</strong> na esfera pública, com umadinâmica <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> prática, em que a tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão coletiva ocorrepor meio da <strong>de</strong>mocracia <strong>de</strong>liberativa sem coerção, norteada pela ação racionalsubstantiva permeada por dialogicida<strong>de</strong> e intersubjetivida<strong>de</strong>, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> aspossibilida<strong>de</strong>s das interorganizações [...]Mesmo com sua gran<strong>de</strong> potencialida<strong>de</strong> a gestão <strong>social</strong> também sofre com críticasvindas <strong>do</strong> meio acadêmico. Para Pinho (2010) o conceito <strong>de</strong> gestão <strong>social</strong> ainda é um mo<strong>de</strong>loque não gerou consenso entre o meio em que é <strong>de</strong>bati<strong>do</strong>, e por isso muitas vezes é malinterpreta<strong>do</strong> e confundi<strong>do</strong> com modalida<strong>de</strong>s gerenciais que buscam enfoques pareci<strong>do</strong>s ealternativos. De acor<strong>do</strong> com Paula (2005) a gestão <strong>social</strong> apresenta limites que <strong>de</strong>vem serlembra<strong>do</strong>s pois necessita <strong>de</strong> maturação <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> abordagens tanto teóricas <strong>como</strong> práticas (i)não possui uma oferta original quanto a organização da máquina estatal; (ii) falta alternativascoerentes <strong>de</strong> gestão para com seu projeto político; (iii) necessita <strong>de</strong> uma estratégia mais


52incisiva para com a articulação entre as dimensões institucionais, financeiras e sociais paraadministração pública.Visto algumas colocações sobre esta temática crítica, a seguir serão apresenta<strong>do</strong>sos principais conceitos <strong>de</strong> gestão <strong>social</strong> <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s por Tenório (2004; 2009), classifican<strong>do</strong>-osem três gran<strong>de</strong>s eixos temáticos: meto<strong>do</strong>lógico, organizacional e societário. Foram assimescolhi<strong>do</strong>s por tornar a assimilação <strong>do</strong>s conceitos <strong>de</strong> maneira mais ampla. O eixometo<strong>do</strong>lógico envolve a concepção <strong>de</strong> gestão <strong>social</strong> <strong>como</strong> instrumento, processo ou conjunto<strong>de</strong> ações a<strong>de</strong>quadas à intervenção na realida<strong>de</strong> <strong>social</strong>, representan<strong>do</strong> a dimensão meio entre ainércia e a participação popular na tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão pública. O eixo organizacional envolvea concepção <strong>de</strong> gestão <strong>social</strong> <strong>como</strong> forma ou espaço <strong>de</strong> gestão, isto é, encampan<strong>do</strong> a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong>execução, e o eixo societário inclui a noção <strong>de</strong> gestão <strong>social</strong> a partir <strong>de</strong> sua finalida<strong>de</strong>, que é a<strong>de</strong> enfrentamento à questão <strong>social</strong> e <strong>de</strong> transformação societária.2.4.2.1 O Eixo Meto<strong>do</strong>lógico da Gestão SocialA <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> gestão <strong>social</strong> <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> eixo meto<strong>do</strong>lógico, remete a umprocedimento <strong>de</strong> favorecer <strong>de</strong> maneira material e imaterial, transportan<strong>do</strong> a gestãocentralizada no executivo municipal e legislativo, para um tipo <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong>scentralizada, noqual diferentes grupos <strong>do</strong> meio que componham a socieda<strong>de</strong> local interajam com o po<strong>de</strong>rpúblico em benefício da comunida<strong>de</strong>. Sen<strong>do</strong>, portanto, um instrumento para acesso à riqueza<strong>social</strong>, Silva (2004) classifica a gestão <strong>social</strong> <strong>como</strong> um apanha<strong>do</strong> <strong>de</strong> estratégias com o intuito<strong>de</strong> aprimorar a vida <strong>social</strong>, sem se submeter à lógica mercantil.A gestão <strong>social</strong> <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>ste eixo po<strong>de</strong> ser analisada <strong>como</strong> parte <strong>de</strong> políticaspúblicas, e ou, projetos sociais quan<strong>do</strong> a mesma se torna responsável pelas <strong>de</strong>mandas sociais.Gid<strong>de</strong>ns (2005) assinala, por exemplo, que parte da população inclusa no sistema neoliberal<strong>de</strong> indica<strong>do</strong>res quantitativos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, <strong>de</strong>monstra perda da legitimida<strong>de</strong> nasinstituições públicas, principalmente pela falta <strong>de</strong> políticas sociais igualitárias. Apoian<strong>do</strong> talcrença está Carvalho (1999, p. 28) que frisa que:[...] as respostas a essas <strong>de</strong>mandas e necessida<strong>de</strong>s são as políticas sociais, osprogramas e projetos sociais. A gestão <strong>social</strong> tem um compromisso, com a socieda<strong>de</strong>e com os cidadãos, <strong>de</strong> assegurar por meio <strong>de</strong> políticas e programas públicos o acessoefetivo aos bens, serviços e riquezas societárias.Pertencem também a razão meto<strong>do</strong>lógica da gestão <strong>social</strong>, as ações e estratégiaspara o <strong>de</strong>senvolvimento local, no qual Bordin (2009) argumenta que se <strong>de</strong>va enten<strong>de</strong>r o


53processo <strong>social</strong> permea<strong>do</strong> <strong>de</strong> complexida<strong>de</strong>, or<strong>de</strong>m e <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m, entre outras instâncias quecompõem a socieda<strong>de</strong> e os projetos societários. Continuan<strong>do</strong> na i<strong>de</strong>ia <strong>do</strong> autor, a construção eimplantação <strong>de</strong> ações estratégicas, assinala<strong>do</strong>s por pactos sociais formais ou informais, quevisem o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>social</strong> num <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> território, é uma forma <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir gestão<strong>social</strong>.Por fim, às i<strong>de</strong>ias <strong>de</strong>sse eixo, França Filho (2008, p.66) expõe também que agestão <strong>social</strong> serve <strong>de</strong> instrumento para políticas públicas, quan<strong>do</strong> “a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> gestão <strong>social</strong> dizrespeito à gestão das <strong>de</strong>mandas e necessida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> <strong>social</strong>”.A face técnica que representa a interface <strong>do</strong> sujeito e seu meio é sem dúvida muitopositiva para o <strong>de</strong>sempenho da inovação, na criação <strong>de</strong> estratégias sociais. Logo acomunicação dialógica <strong>de</strong>scrita por Paulo Freire (1987) é outro aporte central na questãometo<strong>do</strong>lógica, já que respeita o interlocutor in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> suas origens, transforman<strong>do</strong> oseu re<strong>do</strong>r com suas i<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> mudança e crítica <strong>social</strong>. Veremos agora <strong>como</strong> se caracteriza oeixo organizacional da gestão <strong>social</strong>.2.4.2.2 O eixo organizacional da Gestão SocialDentro <strong>de</strong>ste eixo o microambiente da tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão, execução e avaliação,ganha aspecto <strong>de</strong> emergência e faz <strong>de</strong> problemas comunitários, uma forma para testar osistema mercantilista através <strong>do</strong> enfraquecimento burocrático.Para Tenório (2006), <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> escopo <strong>do</strong> eixo organizacional, a gestão <strong>social</strong> dáao ambiente a dimensão <strong>de</strong> lócus <strong>de</strong> exercício <strong>de</strong> cidadania e participação coletiva eorganizada on<strong>de</strong> to<strong>do</strong>s têm direito à fala, sem nenhum tipo <strong>de</strong> inibição.Cabral (2007, p.134) <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> a ótica <strong>do</strong>s processos gerenciais, sen<strong>do</strong>:[...] o processo <strong>de</strong> organização, <strong>de</strong>cisão e produção <strong>de</strong> bens públicos <strong>de</strong> proteção<strong>social</strong>, que se <strong>de</strong>senvolvem perseguin<strong>do</strong> uma missão institucional e articulan<strong>do</strong> ospúblicos constituintes, envolvi<strong>do</strong>s em uma organização que ten<strong>de</strong> a incorporaratributos <strong>do</strong> espaço público não estatal, na abordagem que faz da questão <strong>social</strong>.São os elementos que qualificam, <strong>de</strong> forma coor<strong>de</strong>nada e convergente, e <strong>de</strong>vemser observa<strong>do</strong>s e toma<strong>do</strong>s <strong>como</strong> parâmetros no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> gestão. Umconceito importante para se enten<strong>de</strong>r a perspectiva da própria ativida<strong>de</strong> <strong>do</strong> gestor <strong>social</strong> navisão <strong>de</strong> Fischer e Melo (2006) é a interorganização. Para Cança<strong>do</strong> e Pereira (2010) quedivi<strong>de</strong>m a mesma linha <strong>de</strong> raciocínio, as interorganizações se aproximam da temática <strong>de</strong>re<strong>de</strong>s, e a cooperação entre elas se faz pela complementarieda<strong>de</strong>.


54Para finalizar a discussão sobre esse eixo organizacional, no qual as ações <strong>de</strong>vemser bem estudadas e <strong>de</strong>batidas entre os atores, França Filho (2008) expõe que o mo<strong>do</strong> <strong>de</strong>gestão <strong>como</strong> componente analítico da gestão <strong>social</strong>, reforça o mo<strong>do</strong> próprio às organizações,transforman<strong>do</strong> a competitivida<strong>de</strong> que é originária <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>, em subsídio <strong>de</strong> know how, naformação <strong>de</strong> parcerias público privadas, através <strong>de</strong> variadas formas <strong>de</strong> parcerias para<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> projetos. O autor ainda lembra a objetivida<strong>de</strong> que está intrínseca napalavra gestão, <strong>de</strong> manejar, buscan<strong>do</strong> o caminho mais eficiente para uma administraçãovoltada para o <strong>social</strong> e emancipação individual. Será aborda<strong>do</strong> agora, sobre o eixo societárioda gestão <strong>social</strong> que busca a sobreposição <strong>do</strong>s interesses políticos aos econômicos e <strong>do</strong>spúblicos aos priva<strong>do</strong>s.2.4.2.3 O eixo societário da Gestão SocialO eixo societário é uma dimensão que tem um gran<strong>de</strong> lastro <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> nascamadas sociais por tratar diretamente da gestão <strong>social</strong> a partir <strong>de</strong> sua finalida<strong>de</strong>, que é a <strong>de</strong>enfrentamento à questão <strong>social</strong> e <strong>de</strong> transformação societária.A visão que Ladislau Dowbor (1999), introduz sobre a gestão <strong>social</strong> é queenquanto potencialida<strong>de</strong> interventiva <strong>de</strong> transformação da socieda<strong>de</strong> recairá sobre ela repensarformas <strong>de</strong> organizações sociais e re<strong>de</strong>finição na relação entre o político, o econômico e o<strong>social</strong>. As organizações típicas da socieda<strong>de</strong> mercantil <strong>como</strong> lembra Guerreiro Ramos (1989),são falsas: estão enganan<strong>do</strong> seus membros além <strong>de</strong> seus clientes, fazem-nos acreditar que elaspróprias são vitais para a socieda<strong>de</strong>. As empresas são po<strong>de</strong>rosos sistemas epistemológicos <strong>de</strong>consumo que se adaptam ao merca<strong>do</strong> utilizan<strong>do</strong> da política cognitiva, fazen<strong>do</strong> nos<strong>de</strong>svencilhar muitas vezes <strong>do</strong> verda<strong>de</strong>iro potencial humano.Por isso Maia (2005) sugere que o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>mocrático emancipatórioda socieda<strong>de</strong> aconteça funda<strong>do</strong> nos valores, práticas e formação da <strong>de</strong>mocracia e da cidadania<strong>de</strong>liberativa, em vista <strong>do</strong> enfrentamento às questões sociais, <strong>do</strong>s interesses públicos, compadrões <strong>de</strong> uma nova civilida<strong>de</strong>. Através <strong>de</strong>ssa perspectiva, <strong>de</strong> uma pactuação <strong>de</strong>mocráticanos âmbitos nacional, municipal e local, e união <strong>do</strong>s atores das camadas civis, política eeconômica é possível propor a <strong>de</strong>vida participação <strong>do</strong>s cidadãos historicamente excluí<strong>do</strong>s.Fechan<strong>do</strong> o eixo societário da gestão <strong>social</strong>, com a ênfase analítica no<strong>de</strong>senvolvimento das capacida<strong>de</strong>s humanas, Carrion & Calou (2008, p.17) atentam que onúcleo <strong>de</strong>ssa matriz <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>, é uma gestão centrada “no processo <strong>de</strong> proteção da vida, na


55preservação <strong>do</strong> meio ambiente, no atendimento das necessida<strong>de</strong>s e no <strong>de</strong>senvolvimento daspotencialida<strong>de</strong>s humanas”.Assim sen<strong>do</strong>, Cança<strong>do</strong> e Pereira (2010) concordam que o contraponto entre agestão <strong>social</strong> e a estratégica baseia-se nos conceitos <strong>de</strong> Guerreiro Ramos <strong>de</strong> racionalida<strong>de</strong>substantiva e racionalida<strong>de</strong> utilitária. Para Tenório (2002, p. 124) “gestão <strong>social</strong> se contrapõea gestão estratégica à medida que tenta substituir gestão tecnoburocrática, monológica, porum gerenciamento mais participativo, dialógico, on<strong>de</strong> o processo <strong>de</strong>cisório é exerci<strong>do</strong> pormeio <strong>de</strong> diferentes sujeitos sociais”. Essa possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> participação e diálogo torna oindividuo apto à direcionar suas <strong>de</strong>mandas pessoais ou coletivas, da melhor forma possível.A tentativa para elucidar <strong>de</strong> forma interdisciplinar o que é, e <strong>do</strong> que trata a gestão<strong>social</strong>, mesmo <strong>de</strong> forma muito singela, exercita a analogia com a gestão estratégica, poisdivi<strong>de</strong>m os mesmos pré - requisitos operacionais <strong>de</strong> sucesso, porém em realida<strong>de</strong>s opostasquan<strong>do</strong> tratadas <strong>como</strong> merca<strong>do</strong> x socieda<strong>de</strong>. Este fundamento conceitual tem a pretensãosomente <strong>de</strong> enfatizar a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que os gestores, qualquer que seja a configuraçãojurídica da organização, tem <strong>de</strong> atuar sob uma perspectiva na qual o <strong>de</strong>terminante <strong>de</strong> suasações <strong>de</strong>ve ser a socieda<strong>de</strong> e não o merca<strong>do</strong> (TENÓRIO, 2009).Com isso preten<strong>de</strong>-se aumentar o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> participação <strong>do</strong>s atores sociais, emmelhoria da coprodução <strong>do</strong> bem público, por isso a seguir veremos conceitos <strong>de</strong> participação.2.4.2.4 Participação Social CidadãVárias po<strong>de</strong>m ser as possibilida<strong>de</strong>s meto<strong>do</strong>lógicas para que o processo <strong>de</strong>interação socieda<strong>de</strong> - po<strong>de</strong>r público, possa existir para sanar a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um lugar. Háconceitos nesse contexto que <strong>de</strong>vem ser bem entendi<strong>do</strong> por serem consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s fundamentaispara o <strong>de</strong>senvolvimento com cidadania, e entre eles está o da participação.Para Allebrandt (2010, p. 52), <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a Grécia antiga até nossos diasA i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> participação foi se transforman<strong>do</strong> sempre vinculada a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong><strong>de</strong>mocracia, envolven<strong>do</strong> relações entre sujeitos e tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões quanto aosmo<strong>do</strong>s <strong>de</strong> vida, ou seja, <strong>de</strong>finin<strong>do</strong> políticas públicas que afetam tanto as instanciasgovernamentais, quanto a socieda<strong>de</strong> civil em vários aspectos da vida em socieda<strong>de</strong>,consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> a complexida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada época e as i<strong>de</strong>ias <strong>de</strong>senvolvidas.O entendimento sobre socieda<strong>de</strong> civil, no <strong>de</strong>correr <strong>do</strong>s séculos, trouxe a tona adiferenciação entre noção <strong>de</strong> razão com liberda<strong>de</strong> em contraponto a noção <strong>de</strong> sentimento enecessida<strong>de</strong>s, que para os pensa<strong>do</strong>res da época, se trataria <strong>de</strong> organizações sem qualquer tipo


56<strong>de</strong> or<strong>de</strong>m. Após a Revolução Francesa, a socieda<strong>de</strong> civil passou a ser vista <strong>como</strong> antagonista<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, o que tem que ver com o interesse priva<strong>do</strong>, sem a interação com o Esta<strong>do</strong>. No casoem que a socieda<strong>de</strong> civil, através da luta <strong>de</strong> movimentos políticos, principalmente nos regimesditatoriais que ocorreram na Europa <strong>do</strong> Leste e na América <strong>do</strong> Sul, conseguiu legitimar aparticipação nas esferas públicas <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r (ALLEBRANDT, 2010).O processo <strong>de</strong> participação é visto por Demo (1999, p.21) <strong>como</strong> algo que não temfim, por se tratar <strong>de</strong> uma autopromoção e <strong>de</strong> uma conquista processual. O autor avalia dizen<strong>do</strong>que: “Se o processo <strong>de</strong> participação for coerente e consistente, atingirá tais privilégios, quepelo menos na distância entre os pobres <strong>de</strong>verá diminuir.” Essas figuras ao qual o autor serefere são, outros atores sociais além <strong>do</strong>s que vivem na linha da miséria, que também sãobeneficia<strong>do</strong>s com os “louros” da participação.Para Bruquetas et al (2003) os processos <strong>de</strong> participação cidadã tem influênciadireta no posto <strong>de</strong> cria<strong>do</strong>r, avalia<strong>do</strong>r e controla<strong>do</strong>s das políticas públicas, transcen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> assimos limites das esferas políticas, e fazen<strong>do</strong> com que as esferas públicas para execução daspropostas tenham capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fluir por mecanismos formais e informais cotidianamente.A participação <strong>como</strong> fonte <strong>do</strong> agir em socieda<strong>de</strong>, carece <strong>de</strong> voluntarieda<strong>de</strong> etambém <strong>de</strong> consciência para que o peso <strong>de</strong> sua conquista recaia sobre cada um <strong>do</strong>s inseri<strong>do</strong>sno enfrentamento às adversida<strong>de</strong>s locais (ALLEBRANDT, 2010).Já Motta (1994) afirma que participar é o conjunto <strong>de</strong> formas e meios pelos quaisos membros <strong>de</strong> uma organização, <strong>como</strong> sujeito ou comunida<strong>de</strong>, po<strong>de</strong>m influenciar os rumoscoletivos. A participação está em todas as esferas, e por incrível que pareça se mostra muitasvezes, ainda <strong>de</strong>ficiente e sem diretrizes cognitivas incrustadas na socieda<strong>de</strong> em geral.O autor Bor<strong>de</strong>nave (1986, p.18) afirma que participar é o contrário <strong>de</strong>marginalida<strong>de</strong>, e que em sua essência seria “às margens <strong>de</strong> um processo sem nele intervir.”Como vivemos em um ambiente cada vez mais <strong>de</strong>limita<strong>do</strong> e permea<strong>do</strong> por uma complexida<strong>de</strong>sem igual, o problema se encontra em um déficit <strong>de</strong> eficácia entre os processos <strong>de</strong>cisórios e asesferas interessadas.No intuito <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r a verda<strong>de</strong>ira participação que cria emancipação, com focono interesse público, e que subordina o interesse priva<strong>do</strong> ao coletivo, os participantes queestão influencian<strong>do</strong> o processo a partir da base da pirâmi<strong>de</strong> necessitam conhecer e aten<strong>de</strong>r asnecessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> suas ações. Se a participação não aten<strong>de</strong>r à estes requisitos é que, este tipo <strong>de</strong>ação não passa <strong>de</strong> mero a<strong>de</strong>stramento, que configura os piores instrumentos <strong>de</strong> <strong>do</strong>minaçãoexistente, basea<strong>do</strong>s na negação <strong>de</strong> informação e educação às pessoas (ALLEBRANDT, 2010;TENÓRIO, 2012).


57Segun<strong>do</strong> Bor<strong>de</strong>nave (1986), a marginalida<strong>de</strong> é mal entendida por to<strong>do</strong>s, sempreassociada a criminosos e ou a falta <strong>de</strong> participação <strong>de</strong> setores sociais no consumo <strong>de</strong> bensmateriais e culturas da socieda<strong>de</strong>. No tocante à relação <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> impacto exerci<strong>do</strong> pelamarginalida<strong>de</strong> autoprovocada, uma resposta está se <strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong> através <strong>de</strong> programaseducativos e <strong>de</strong> capacitação. Os mesmos visam à incorporação <strong>do</strong>s setores sociais à vidanacional, adaptan<strong>do</strong>-os para as condições exigidas pela mo<strong>de</strong>rnização da socieda<strong>de</strong> e <strong>de</strong> bemestar.Como indagação sobre estas mudanças, no qual temos o resulta<strong>do</strong> das diferentestransformações sociais e que temos contato hoje, o preço da participação seria a integração aomol<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rniza<strong>do</strong>r <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> materiais e culturas inerentes ao “<strong>de</strong>senvolvimento”? Acultura <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento sustentável, po<strong>de</strong> funcionar sem a participação <strong>de</strong> todas as esferas<strong>de</strong> po<strong>de</strong>r? Qual a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> discutir participação se ela já está ligada à <strong>de</strong>mocracia?Os erros <strong>de</strong>ssas interrogações, estão em que não analisam a falta <strong>de</strong> participação<strong>como</strong>, marginalização, resulta<strong>do</strong> natural lógico da evolução instrumental sobre a socieda<strong>de</strong>on<strong>de</strong> o acesso aos benefícios está longe da justiça. “Para que o po<strong>de</strong>r se concentre em poucasmãos, a participação política da maioria <strong>de</strong>ve ser cortada” (BORDENAVE, 1986 p.20). Logo,para Castellà e Parés (2012) o questionamento <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> participação, trás sustentabilida<strong>de</strong>à <strong>de</strong>mocracia atual, que passou pela interferência <strong>de</strong> mudanças econômicas e sociais nosúltimos 200 anos.A partir <strong>do</strong> enfoque da participação, as principais dificulda<strong>de</strong>s, que advém <strong>do</strong>processo <strong>de</strong>mocrático representativo se concentram em: personalizar as opções, já que duranteas eleições, os votantes possuem uma gran<strong>de</strong> gama <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ologias, fato este que provoca odistanciamento da cidadania em relação à política; problemas <strong>de</strong> seleção e composição daselites representativas, e sua relação <strong>de</strong> interesse aos representa<strong>do</strong>s; gran<strong>de</strong> inflexibilida<strong>de</strong> e aextrema normatização para a participação <strong>do</strong> cidadão anônimo para participação na vidapública; e parti<strong>do</strong>s políticos <strong>como</strong> únicos prove<strong>do</strong>res <strong>de</strong> participar politicamente (SUBIRATS,2001).Nesse senti<strong>do</strong>, principalmente na realida<strong>de</strong> brasileira que apoia sua históriapolítica em escândalos <strong>de</strong> corrupção e impunida<strong>de</strong> extrema, que um novo contexto <strong>de</strong>participação vem à tona, não <strong>de</strong> forma passiva, revoluções sem causa, mas ativa através daintervenção na construção <strong>do</strong> teci<strong>do</strong> <strong>social</strong>.O caráter transpareci<strong>do</strong>, pela mecanicida<strong>de</strong> <strong>social</strong> aparente, <strong>de</strong> consumista,contribuiu para o reforço da teoria da marginalização, e <strong>de</strong>ve ser contesta<strong>do</strong> com presença


58ativa e <strong>de</strong>cisória nos processos <strong>de</strong> produção, distribuição, consumo, vida política e criaçãocultural (BORDENAVE, 1986).A seguir trataremos <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> emancipativo e <strong>do</strong> individuo em socieda<strong>de</strong>, queparticipa e converge com o Ethos Republicano, que reivindica os direitos e <strong>de</strong>veres <strong>do</strong>s atoresque constituem as esferas públicas, e traçam estratégias <strong>de</strong> enfrentamento aos problemaslocais emergentes.2.4.2.5 CidadaniaDurante o <strong>de</strong>correr <strong>de</strong>ste tópico elencam-se os principais conceitos <strong>de</strong> cidadania,com <strong>de</strong>staque especial para aquela, <strong>de</strong>liberativa. Os nuances que integram a formação <strong>de</strong>stesconceitos tão <strong>de</strong>bati<strong>do</strong>s na atualida<strong>de</strong> são parte <strong>de</strong>ste tópico.De acor<strong>do</strong> com Tenório e Rozenberg (1997), a participação é uma parte inerente efundamental da cidadania, e que a mesma <strong>de</strong>ve ter em sua essência o <strong>de</strong>spojo <strong>de</strong> interessesque foquem em interesses diferentes <strong>do</strong>s conquista<strong>do</strong>s através da consciência e interaçãocoletiva, mesmo prezan<strong>do</strong> a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> superação às <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s resultantes <strong>do</strong> excessomercantil da socieda<strong>de</strong> civil.O conceito <strong>de</strong> cidadania nos remete ao clássico estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> Marshall (1967), on<strong>de</strong>indica que a cidadania oci<strong>de</strong>ntal mo<strong>de</strong>rna é composta pela evolução que os Esta<strong>do</strong>s-Naçãoeuropeus obtiveram em três estágios distintos <strong>de</strong> direito: direitos civis, que englobaram aliberda<strong>de</strong> individual a partir <strong>do</strong> século XVIII; os diretos que atendiam à participação <strong>do</strong> po<strong>de</strong>rpúblico a partir <strong>do</strong> século XIX; e os direitos civis que estabeleceram o bem estar <strong>social</strong> eeconômico a partir <strong>do</strong> século XX. Entretanto essa colocação não po<strong>de</strong> ser universalizada. NoBrasil aconteceu que os próprios cidadãos trabalharam na conquista <strong>de</strong>stes direitos, ten<strong>do</strong> osdireitos sociais si<strong>do</strong> adquiri<strong>do</strong>s na era Vargas, os direitos políticos foram conquista<strong>do</strong>s a pós aditadura militar, e os direitos civis somatiza<strong>do</strong>s após a Constituição <strong>de</strong> 1988(ALLEBRANDT, 2010; TENÓRIO, 2012).A Constituição Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> disciplinar a administração pública, estabelece<strong>como</strong> o cidadão, usuário <strong>do</strong>s serviços públicos, irá exercer sua cidadania, participan<strong>do</strong>efetivamente da administração pública (TÁMEZ, 2004). No Artigo n 0 1 parágrafo único daCarta Magna expõe que “to<strong>do</strong> o po<strong>de</strong>r emana <strong>do</strong> povo que exerce por meio <strong>de</strong> representantesou diretamente nos termos <strong>de</strong>sta Constituição” (BRASIL, 1988; 3). Assim à essa cidadaniaque nos foi conferida, através <strong>do</strong> esforço <strong>de</strong> muitas vidas patriotas, busca possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> umautogoverno, que po<strong>de</strong> exercer as funcionalida<strong>de</strong>s que vão <strong>de</strong> encontro com os anseios


59coletivos, e que nos remetes aos direitos e <strong>de</strong>veres <strong>de</strong> solucionar problemas locais, e queatualmente encontra gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safios (TENÓRIO, 2012).A cidadania para Covre (1998) é a própria vida em sua vastidão <strong>de</strong> direito total.Pedro Demo (1995) vem com mais robustez i<strong>de</strong>ológica, e afirma que a cidadania é ocomponente mais importante para o <strong>de</strong>senvolvimento, e que representa a atualização humanapara fazer-se sujeito, para fazer a própria história, assim <strong>como</strong> para transformar ao seu re<strong>do</strong>rcoletivamente. O autor ainda classifica a cidadania em duas correntes distintas, que muitoestão permean<strong>do</strong> nossa atualida<strong>de</strong>.Uma <strong>de</strong>las é a cidadania tutelada, no qual a elite política e econômica apela para oclientelismo e o paternalismo, com o objetivo <strong>de</strong> manter a população sem consciência crítica ecompetência política em prol da manutenção histórica <strong>de</strong> <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s. Já a cidadaniaassistida, uma forma mais amena <strong>de</strong> pobreza política, colabora com a criação da noção <strong>de</strong>direito à assistência, necessária para integração e reprodução <strong>de</strong> toda <strong>de</strong>mocracia. Contu<strong>do</strong> ofato <strong>de</strong> estarem atreladas a um sistema <strong>de</strong> benefícios estatais apenas mascara a <strong>de</strong>formida<strong>de</strong><strong>social</strong> e não reforça a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> confronto com ela (DEMO, 1988; 1995).Portanto, constata-se o quão importante é a cidadania em nossas vidas, e <strong>como</strong> o<strong>de</strong>senvolvimento da socieda<strong>de</strong> está atrela<strong>do</strong> a ela. Sua importância no dia a dia da socieda<strong>de</strong>trás a tona <strong>como</strong> o impacto da aceitação <strong>de</strong> uma política pública que não é compartilhadapo<strong>de</strong> causar, por se distanciar <strong>do</strong>s i<strong>de</strong>ais <strong>de</strong> coletivida<strong>de</strong> e inclusão participativa, e <strong>de</strong>ssaforma fugin<strong>do</strong> da atenção <strong>de</strong>mocrática que o Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong>ve à socieda<strong>de</strong> civil (TENÓRIO,2012).De acor<strong>do</strong> com Martins (2000, p.58) o conceito <strong>de</strong> cidadania se constrói daseguinte maneira:Cidadania é a participação <strong>do</strong>s indivíduos <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminada comunida<strong>de</strong> embusca da igualda<strong>de</strong> em to<strong>do</strong>s os campos que compõe a realida<strong>de</strong> humana, mediante aluta pela conquista e ampliação <strong>do</strong>s direitos civis, políticos e sociais, objetivan<strong>do</strong> aposse <strong>do</strong>s bens materiais, simbólicos e sociais, contrapon<strong>do</strong>-se à hegemonia<strong>do</strong>minante na socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> classes, o que <strong>de</strong>termina novos rumos para a vida dacomunida<strong>de</strong> e para própria participação.Para Dowbor (2006) um lugar on<strong>de</strong> a cidadania não é um termo absorvi<strong>do</strong>,vivencia<strong>do</strong> pela maioria da população, se exige uma preocupação maior quanto à criação <strong>de</strong>uma cultura política <strong>de</strong>mocrática. Assim, também a anexação a valores tradicionais, aassociação com políticas publicas e a participação apenas para obter po<strong>de</strong>r são alguns <strong>do</strong>ssintomas negativos que a cidadania po<strong>de</strong> carregar.


60Portanto o conceito <strong>de</strong> cidadania <strong>de</strong>liberativa que é comumente utiliza<strong>do</strong> nasterminologias da gestão <strong>social</strong> para caracterizar o movimento dialógico <strong>do</strong> trabalho em prol dasocieda<strong>de</strong> e coprodução <strong>do</strong> bem público, será o próximo tópico.2.4.2.6 Cidadania DeliberativaObjetivan<strong>do</strong> alcançar o <strong>de</strong>senvolvimento local, a cidadania <strong>de</strong>liberativa, se tornouuma terminologia contemporânea que reflete as mudanças e começa a refletir conceitos <strong>como</strong>governança e coprodução <strong>do</strong> bem público (TENÓRIO, 2007).A Cidadania <strong>de</strong>liberativa é um termo muito usa<strong>do</strong> na gestão <strong>social</strong>, pois tem raízesaprofundadas na Escola Crítica <strong>de</strong> Frankfurt. Jürgen Habermas é um lí<strong>de</strong>r remanescente dainstituição, e o i<strong>de</strong>aliza<strong>do</strong>r <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>de</strong>mocracia, que chama atenção por seusméto<strong>do</strong>s. Habermas apud Tenório (2007, p.45), propõe uma cidadania <strong>de</strong>liberativaprocedimental, on<strong>de</strong> a correlação entre a soberania popular e os direitos humanos, seja capazda própria reinterpretação da autonomia nos mol<strong>de</strong>s da teoria <strong>do</strong> diálogo.Para Allebrandt (2010, p. 54) a cidadania <strong>de</strong>liberativa <strong>de</strong>ve ser entendida <strong>como</strong>[...] uma ação política <strong>de</strong>liberativa, que se orienta através da esfera pública, regidapor pressupostos comunicativos e procedimentais. O processo <strong>de</strong>liberativo aparecepor meio <strong>do</strong> melhor argumento, por meio da ação comunicativa, na qual os sujeitossociais apresentam suas propostas em bases racionais. To<strong>do</strong>s <strong>de</strong>vem expor seusargumentos e sem imposição <strong>de</strong> qualquer pretensão <strong>de</strong> valida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>vem alcançar umacor<strong>do</strong> comunicativamenteAssim sen<strong>do</strong>, <strong>de</strong>ssa maneira a cidadania <strong>de</strong>liberativa apoiada na visão <strong>de</strong>Habermas sobre a razão comunicativa, sen<strong>do</strong> autorreflexiva e intuitivamente critica, buscasolucionar os problemas sociais, com o auxílio <strong>de</strong> espaços públicos <strong>de</strong> discussão, e da<strong>de</strong>scentralização <strong>do</strong> mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> agir e preparar as políticas públicas.No arcabouço das nomenclaturas disponíveis, Vizeu & Bin (2008) trabalham paraexplicar que a origem e finalida<strong>de</strong> da <strong>de</strong>mocracia <strong>de</strong>liberativa é um tipo <strong>de</strong> discernimentosobre o processo <strong>de</strong>mocrático centra<strong>do</strong> na prática discursiva. A argumentação racional e osprocedimentos equitativos para a participação discursiva e <strong>de</strong>cisória são critérios <strong>de</strong> igualda<strong>de</strong><strong>de</strong>mocrática. Assim, nesse formato <strong>de</strong> igualda<strong>de</strong> é concebida exclusivamente sob o ponto <strong>de</strong>vista político, já que pressupõe as diferenças naturais da individualida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s sujeitosparticipantes. Contu<strong>do</strong> não exclui a natureza individual em nome da coletivida<strong>de</strong>, <strong>como</strong>preten<strong>de</strong> o requisito da vonta<strong>de</strong> da maioria no mo<strong>de</strong>lo da <strong>de</strong>mocracia representativa.


61Trazen<strong>do</strong> a tona às legitimações da república, Tenório (2007) argumenta que acidadania <strong>de</strong>liberativa foca o processo político da formação da opinião e da vonta<strong>de</strong>,valorizan<strong>do</strong> ainda a constituição <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong>mocrático <strong>de</strong> direito e sua coprodução. Ainda <strong>de</strong>acor<strong>do</strong> com o autor, <strong>de</strong>ve haver na formação da cidadania <strong>de</strong>liberativa, processos <strong>de</strong>cisóriosreflexivos e intersubjuntivos para embasar as estratégias sociais através <strong>de</strong> algumapontamento e que a mesma <strong>de</strong>ve ser valida<strong>de</strong> por esferas públicas, orientadas pela liberda<strong>de</strong>individual, participação na <strong>de</strong>cisão e contribuição para o bem-comum.As esferas públicas são ambientes on<strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> e socieda<strong>de</strong> estão em pé <strong>de</strong>igualda<strong>de</strong> a priori, e as soluções são orientadas por meio da concordância, haven<strong>do</strong> diferentesparticipes nos processos <strong>de</strong>cisórios. Dentro <strong>de</strong>stas esferas, a subordinação <strong>do</strong>s interessesindividuais aos coletivos, e <strong>do</strong>s econômicos aos políticos, se tornam peças fundamentais paraa dinâmica republicana. Já o entendimento sobre o bem-comum, transpassa pelo respeito aodireito pluralista <strong>de</strong> cada individuo, pelo comprometimento individual ao empreendimento dasocieda<strong>de</strong>, pelo fazer político e compartilhamento entre os afeta<strong>do</strong>s direta ou indiretamente(TENÓRIO, 2012).A cidadania <strong>de</strong>liberativa consiste nessa colocação: legitimar as <strong>de</strong>cisões é possívelse tiver origem em processos <strong>de</strong> discussão, orienta<strong>do</strong>s pelos princípios da inclusão, <strong>do</strong>pluralismo, da igualda<strong>de</strong> participativa, da autonomia e <strong>do</strong> bem comum (TENÓRIO et al,2008).‣ Processo <strong>de</strong> discussão; discussão <strong>de</strong> problemas através da autorida<strong>de</strong> negociadana esfera pública. Pressupõe igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> direitos e é entendi<strong>do</strong> <strong>como</strong> um espaçointersubjetivo e comunicativo que possibilita o entendimento <strong>do</strong>s atores sociaisenvolvi<strong>do</strong>s.‣ Inclusão; incorporação <strong>de</strong> atores individuais e coletivos anteriormente excluí<strong>do</strong>s<strong>do</strong>s espaços <strong>de</strong>cisórios <strong>de</strong> políticas públicas.‣ Pluralismo; multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atores (po<strong>de</strong>r público, merca<strong>do</strong> e socieda<strong>de</strong> civil)que, a partir <strong>de</strong> seus diferentes pontos <strong>de</strong> vista, estão envolvi<strong>do</strong>s nos processos <strong>de</strong>tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão nas políticas públicas.‣ Igualda<strong>de</strong> participativa; isonomia efetiva <strong>de</strong> atuação nos processos <strong>de</strong> tomada <strong>de</strong><strong>de</strong>cisão nas políticas públicas.‣ Autonomia; apropriação indistinta <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>cisório pelos diferentes atores naspolíticas públicas.‣ Bem comum; bem estar <strong>social</strong> alcança<strong>do</strong> pela prática republicana.


62De acor<strong>do</strong> com Tenório et al (2008), entre os integrantes da categoria <strong>de</strong>processos <strong>de</strong> discussão <strong>de</strong>vem fazer parte os (a) mecanismos <strong>de</strong> comunicação compartilha<strong>do</strong>spelos potenciais participantes <strong>do</strong>s espaços, que também prezam pela (b) qualida<strong>de</strong> dasinformações partilhadas; (c) pluralida<strong>de</strong> <strong>do</strong> grupo promotor que ao dividir o processo <strong>de</strong>li<strong>de</strong>rança com outros autores, confere maior transparência ao processo; (d) aproveitamento <strong>de</strong>estruturas e órgãos existentes; e (e) criação <strong>de</strong> órgãos necessariamente plurais queacompanhem a efetivação das <strong>de</strong>liberações em coerência ao que foi <strong>de</strong>cidi<strong>do</strong> pelo grupo.O princípio da inclusão pressupõe, (a) abertura <strong>de</strong> espaços <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão quefomentem a articulação <strong>do</strong>s interesses da socieda<strong>de</strong>, no qual o sucesso resi<strong>de</strong> no (b)reconhecimento político, <strong>social</strong> e técnico <strong>de</strong> sua necessida<strong>de</strong>; e à (c) intensida<strong>de</strong> <strong>do</strong> clamorpor participação oriun<strong>do</strong> <strong>do</strong>s cidadãos.O pluralismo predispõe (a) representação <strong>de</strong> diferentes participantes no processo,sejam movimentos sociais, organizações privadas estan<strong>do</strong> ligadas direta ou indiretamente; e(b) o perfil <strong>do</strong>s atores, refleti<strong>do</strong> no discurso <strong>do</strong>s representantes, que <strong>de</strong>ve estar em sintoniacom os anseios da sua base representada.No tocante à igualda<strong>de</strong> participativa, pon<strong>de</strong>ra-se (a) a maneira e méto<strong>do</strong>s <strong>como</strong> osrepresentantes foram escolhi<strong>do</strong>s; (b) a valorização <strong>do</strong>s processos participativos nos discurso<strong>do</strong>s representantes, e (c) a intervenção <strong>do</strong>s atores participantes no acompanhamento eavaliação das políticas públicas.Na categoria autonomia, é levanta<strong>do</strong> (a) a origem das propostas e se as mesmasestão em congruência com o interesse <strong>do</strong>s beneficiários <strong>do</strong> programa; (b) intensida<strong>de</strong> que osórgãos municipais po<strong>de</strong>m interferir na alçada da problemática planejada; (c) dimensões <strong>de</strong>li<strong>de</strong>rança em relação à <strong>de</strong>scentralização no processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>liberação e execução; e (d)possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> exercer vonta<strong>de</strong> própria através <strong>de</strong> normas, instituições e procedimentos quepermitam <strong>de</strong>senvolvimento da vonta<strong>de</strong> política coletiva e individual.Concluímos as categorias com o bem comum, que (a) enfatiza a relação entre osobjetivos alcança<strong>do</strong>s e os planeja<strong>do</strong>s; e (b) a avaliação positiva <strong>do</strong>s participantes sobre osresulta<strong>do</strong>s alcança<strong>do</strong>s.A esta tipificação <strong>de</strong>senvolvida por Tenório et al (2008), aborda a forma da gestão<strong>social</strong> <strong>como</strong> distinta <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>, estratégica e monológica, utiliza mo<strong>de</strong>los pertinentes <strong>de</strong>gerenciamento participativo dialógico <strong>de</strong> base <strong>social</strong> com foco em resulta<strong>do</strong>s positivos àsocieda<strong>de</strong>. Por isso é importante salientar que a cidadania <strong>de</strong>liberativa não é exercida apenaspelo voto, mas que contribui para evitar a manutenção da estratificação e da exploração<strong>social</strong>. Veremos agora os <strong>de</strong>lineamentos da meto<strong>do</strong>logia utilizada neste estu<strong>do</strong>.


633 METODOLOGIAA meto<strong>do</strong>logia <strong>como</strong> a to<strong>do</strong>s é percebida, no senti<strong>do</strong> genérico da palavra, remete aimportância que a formulação e sucessão <strong>de</strong> passos durante o conjunto <strong>de</strong> procedimentos eaplicação <strong>de</strong> técnicas, que permitem legitimar e validar os estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s e orienta<strong>do</strong>spor um referencial teórico consistente e a<strong>de</strong>rente à problemática trabalhada.No trabalho científico, <strong>como</strong> afirma Demo (2011, p.99), a meto<strong>do</strong>logia implicaprocedimentos estereotipa<strong>do</strong>s que po<strong>de</strong>m tornar a tarefa <strong>de</strong> pesquisa uma rotina repetitiva,mas manten<strong>do</strong> em mente o compromisso <strong>do</strong> saber pensar, expressa caminho sempre possívelpara a “criativida<strong>de</strong> e a crítica”.Para Santos (2003), o conhecimento científico é <strong>de</strong>marca<strong>do</strong> a partir <strong>de</strong> umaruptura <strong>do</strong> senso comum, e a posteriori, a ciência dialoga com o senso comum produzin<strong>do</strong> umconhecimento empírico transparente, que, conforme o autor é fundamental para aemancipação <strong>do</strong> homem.No intuito <strong>de</strong> exemplificar os tipos <strong>de</strong> méto<strong>do</strong>s que serão aplicadas ao estu<strong>do</strong>,alguns estudiosos da área <strong>como</strong>, Arilda Go<strong>do</strong>y (1995), Pedro Demo (2001), Luiz Cervo ePedro Bervian (2007), Maria Lakatos e Marina Marconi (1991), Fernan<strong>do</strong> Tenório (2007),Castellà e Jorba (2005), Jorba, Martí e Parés (2007) e Parés e Castellà (2008) e Pimentel ePimentel (2010), foram resgata<strong>do</strong>s e suas obras analisadas, para que a <strong>de</strong>limitação das açõessiga o foco das necessida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> projeto.Para Go<strong>do</strong>y (1995), a pesquisa se caracteriza <strong>como</strong> um esforço para a <strong>de</strong>scoberta<strong>de</strong> novas informações ou relações e para a verificação e ampliação <strong>do</strong> conhecimento existente.O caminho segui<strong>do</strong> nesta busca por informações po<strong>de</strong> possuir contornos diferentes, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong>assumir características quantitativas ou qualitativas.Neste âmbito, Demo (2001) ressalta que por trabalhar temas <strong>como</strong> cidadania,participação e envolvimento, existem <strong>de</strong>mandas <strong>de</strong> pesquisa qualitativa.O estu<strong>do</strong> em questão <strong>de</strong> caráter qualitativo, não utilizará méto<strong>do</strong>s estatísticosavança<strong>do</strong>s na interpretação <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s, pois o pesquisa<strong>do</strong>r está interessa<strong>do</strong> em conhecer e<strong>de</strong>svendar aspectos relaciona<strong>do</strong>s aos processos dialógicos, e fatores i<strong>de</strong>ntitários, na construçãoda gestão <strong>social</strong> junto a socieda<strong>de</strong>. A pesquisa qualitativa não apresenta uma estrutura rígida epermite ao investiga<strong>do</strong>r que trabalhe novos enfoques, seja qual for a natureza <strong>do</strong> suporte(GODOY, 1995).Os sujeitos da pesquisa, ou seja, as pessoas das instituições que contribuirão comas informações relevantes para que o trabalho seja realiza<strong>do</strong>, integram a socieda<strong>de</strong> civil


64organizada e beneficiada, os responsáveis pelo programa <strong>do</strong> SEBRAE, os gestores <strong>de</strong>instituições públicas aloca<strong>do</strong>s no município <strong>de</strong> Joaçaba, representantes da gestão <strong>do</strong>sTerritórios da Cidadania e <strong>do</strong> Ministério <strong>do</strong> Desenvolvimento Agrário fizeram parte dapesquisa.De acor<strong>do</strong> com os conceitos <strong>de</strong> Lakatos e Marconi (1991), a observação utilizadanesse projeto é a observação não participante, na qual o pesquisa<strong>do</strong>r tem contato com acomunida<strong>de</strong>, grupo ou realida<strong>de</strong> estudada, mas não se integra a ela, permanecen<strong>do</strong> <strong>de</strong> fora.Diferentemente <strong>de</strong> Malinoviski (1976) em sua obra “Argonautas <strong>do</strong> Pacífico Oci<strong>de</strong>ntal”, aintenção <strong>do</strong> presente estu<strong>do</strong> não é interagir a ponto <strong>de</strong> inserir a gestão <strong>social</strong> à realida<strong>de</strong> emquestão, o interesse é só se, e apenas se, tal iniciativa tiver cresci<strong>do</strong> <strong>do</strong>s próprios atores <strong>do</strong>programa.Conforme Gil (2002), uma pesquisa, em função <strong>do</strong>s seus objetivos, po<strong>de</strong> serclassificada <strong>como</strong> <strong>de</strong>scritiva. O presente constructo contempla aspectos da classificação, porbuscar o entendimento <strong>do</strong> fenômeno <strong>como</strong> um to<strong>do</strong>.Assim sen<strong>do</strong> e consoante ao pensamento <strong>de</strong> Cervo e Bervian (2007, p. 66) apesquisa <strong>de</strong>scritiva:[...] observa, registra analisa e correlaciona fatos ou fenômenos (variáveis) semmanipulá-los. [...] <strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong>-se, principalmente, nas ciências humanas esociais, abordan<strong>do</strong> aqueles da<strong>do</strong>s e problemas que merecem ser estuda<strong>do</strong>s e cujoregistro não consta em <strong>do</strong>cumentos.Scriven apud Minayo, Assis e Souza (2005, p. 21) <strong>de</strong>screve a avaliação <strong>de</strong>programas e projetos sociais, <strong>como</strong> não apenas uma técnica, mas <strong>como</strong> uma “transdisciplina”,com um campo <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> próprio e ao mesmo tempo oferecen<strong>do</strong> instrumentos <strong>de</strong> reflexãopara outras áreas <strong>do</strong> conhecimento.Cabe ainda colocar que o constructo po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> <strong>como</strong> estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> caso, ou nocaso em estu<strong>do</strong>, multi-caso, on<strong>de</strong>, “a pesquisa sobre <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> individuo, família, grupo oucomunida<strong>de</strong> que seja representativo <strong>do</strong> seu universo, para examinar aspectos varia<strong>do</strong>s <strong>de</strong> suavida” (CERVO e BERVIAN, 2007, p.67).A<strong>do</strong>tou-se essa abordagem <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> caso, por que esse tipo <strong>de</strong> pesquisa <strong>de</strong>u-seem função da proposta <strong>de</strong> avaliar <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>talhada a formação <strong>de</strong> dialogicida<strong>de</strong>, dainterinstitucionalida<strong>de</strong> e <strong>do</strong> pluralismo participativo <strong>do</strong> programa Territórios da Cidadania,socieda<strong>de</strong> civil organizada e as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sempenhadas pelo SEBRAE no Meio OesteContesta<strong>do</strong>.


65A pesquisa e análise <strong>do</strong>cumental, juntamente com as entrevistas, serão utilizadas<strong>como</strong> forma complementar, mas o estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> caso prevalece <strong>como</strong> a abordagem principal,elabora<strong>do</strong> a partir das análises <strong>de</strong> conteú<strong>do</strong> a partir das transcrições das entrevistas. ParaDellagnelo e Silva (2005) na abordagem <strong>de</strong> <strong>do</strong>cumentos escritos, po<strong>de</strong>-se concluir que aanálise <strong>do</strong>cumental procura por informações claras e transparentes no <strong>do</strong>cumento, enquanto aanálise <strong>de</strong> conteú<strong>do</strong> vai além e procura enten<strong>de</strong>r a mensagem, e tu<strong>do</strong> aquilo que po<strong>de</strong> estar nasentrelinhas <strong>do</strong> texto. Ainda <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as autoras (2005, p.104):Em estu<strong>do</strong>s organizacionais, a análise <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> po<strong>de</strong> ser utilizada para acompreensão <strong>do</strong>s <strong>de</strong>poimentos <strong>de</strong> dirigentes a respeito <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> construção <strong>de</strong>políticas institucionais, para a explicação <strong>do</strong>s jogos <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r que se estabelecem aolongo <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong> mudança ou explicação da i<strong>de</strong>ologia subjacente aoprocesso <strong>de</strong> comunicação organizacional.A coleta <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s primários se <strong>de</strong>u através <strong>de</strong> entrevistas semiestruturadasrealizadas no mês <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 2012, com base no critério <strong>de</strong> tipicida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s atores,representantes <strong>de</strong> suas organizações, e que possuem reconhecimento institucional. Ao to<strong>do</strong>foram 13 entrevistas sen<strong>do</strong>:‣ ao quesito i<strong>de</strong>ntitário- Educa<strong>do</strong>r Cívico, Radialista e Folclorista (ECF),historia<strong>do</strong>r da UNOESC (UNOESC), e Diretora Escolar Municipal <strong>de</strong> Irani(DEM);‣ ao MDA- Delega<strong>do</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong> Ministério (DFM);‣ aos órgãos públicos- Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> projetos sociais da AMMOC,representante da EPAGRI no colegia<strong>do</strong> e Secretário <strong>do</strong> DesenvolvimentoRegional (SDR);‣ ao SEBRAE, instâncias <strong>do</strong>s PTC- Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ra Regional (SEBRAE2), eCoor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r Estadual (SEBRAE1);‣ aos beneficia<strong>do</strong>s <strong>do</strong> CRESCER - Broto <strong>do</strong> Galho, Tranças da Terra, BebidasRachelle e COPAFAM/ Do Monte.Para garantir o anonimato <strong>do</strong>s mesmos, os entrevista<strong>do</strong>s serão indica<strong>do</strong>s pelasinstituições no qual representam na seção <strong>de</strong> resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ssa pesquisa, e quan<strong>do</strong> houver mais<strong>de</strong> um, serão indica<strong>do</strong>s por algarismos numéricos. Estas entrevistas ocorreram em cincodiferentes cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Santa Catarina: Joaçaba, Vargem Bonita, Irani, São José e Florianópolis.


66Figura 3- Algumas das cida<strong>de</strong>s visitadas para pesquisaFonte: Google 2012.Vale salientar que houve no dia 22 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 2012, na capital, o IISeminário <strong>de</strong> Gestão Social e Desenvolvimento, coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong> pelo Grupo <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s emGestão Social, e li<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> pelo Prof. Dr. Luís Moretto Neto, on<strong>de</strong> representantes <strong>do</strong> MeioOeste Contesta<strong>do</strong> pu<strong>de</strong>ram expor e <strong>de</strong>senvolver suas percepções quanto à dinâmica <strong>do</strong>andamento <strong>do</strong> programa, e que contribuíram para esta pesquisa.Quanto ao Programa Territórios da Cidadania também foram levanta<strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s apartir da análise <strong>do</strong> pluralismo participativo nos seguintes <strong>do</strong>cumentos: Apresentação <strong>do</strong>sTerritórios da Cidadania (MDA, 2008), o Plano Territorial <strong>do</strong> Desenvolvimento RuralSustentável (PTDRS, 2006), o Decreto que criação e alteração <strong>do</strong> Programa Territórios daCidadania (PTC, 2011), Relatório <strong>de</strong> análises <strong>do</strong>s processos <strong>de</strong> constituição e funcionamentos<strong>do</strong>s colegia<strong>do</strong>s territoriais em todas suas instâncias (IICA, 2011), Orientações sobre projetos<strong>de</strong> infraestrutura nos Territórios Rurais (2011), Relato da reunião da coor<strong>de</strong>nação <strong>do</strong>Território <strong>do</strong> Meio Oeste Contesta<strong>do</strong> (2009). No quesito i<strong>de</strong>ntitário buscamos através <strong>do</strong>shistoria<strong>do</strong>res, e livros que <strong>de</strong>screvem as heranças <strong>de</strong>ixadas, sociais e econômicas, pela Guerra<strong>do</strong> Contesta<strong>do</strong>, e com o Simpósio Centenário <strong>do</strong> Contesta<strong>do</strong> (1912-2012), que integrou 3universida<strong>de</strong>s fe<strong>de</strong>rais, Santa Catarina, Pelotas e da Fronteira Sul, levantar as informaçõesnecessárias para que entendêssemos o panorama atual. O resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong>ste evento, <strong>de</strong>nominadaCarta Irani, converge às conclusões tiradas pelas análises, e compõe o anexo <strong>de</strong>ste estu<strong>do</strong>.Logo, o território <strong>do</strong> Meio Oeste Contesta<strong>do</strong> e suas instâncias <strong>de</strong> gestão, colegia<strong>do</strong>territorial, <strong>como</strong> também o ciclo <strong>de</strong> gestão <strong>do</strong> programa foram pesquisa<strong>do</strong>s. As entrevistascom os responsáveis das instancias <strong>de</strong> gestão, <strong>de</strong>scritas no projeto <strong>do</strong> programa, trazeminformações valiosas para analisar o andamento <strong>do</strong> ciclo <strong>de</strong> gestão, e posteriormente ter umpanorama da administração e atendimento <strong>social</strong> <strong>do</strong> programa.


67Para melhor compreen<strong>de</strong>r as dinâmicas interinstitucionais <strong>do</strong> programagovernamental Territórios da Cidadania, sob a crítica da gestão <strong>social</strong>, Tenório (2007),Castellà e Jorba (2005), Jorba, Martí e Parés (2007) e Parés e Castellà (2008) propõemcategorias analíticas <strong>de</strong> avaliação <strong>de</strong> processos participativos <strong>de</strong>liberativos, que parecemapropria<strong>do</strong>s para enten<strong>de</strong>r os fatores impulsiona<strong>do</strong>res ou restritivos no recorte <strong>de</strong> pesquisaexposto.Quadro 3- Dimensões, Categorias, Critérios e Variáveis <strong>do</strong> Méto<strong>do</strong> <strong>do</strong> Estu<strong>do</strong>Dimensão Categoria Critério DetalhamentoTerritorial Processo <strong>de</strong>constituição <strong>do</strong>territórioGestão Composição <strong>do</strong>Social Colegia<strong>do</strong> territorialI<strong>de</strong>ntitário,HistóricoPluralismoTraços peculiares comuns quecaracterizem e diferenciem oterritórioInclusão e participação <strong>de</strong> diferentesatoresFonte: Adapta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Tenório (2007), Castellà e Jorba (2005), Jorba, Martí e Parés (2007) e Parés e Castellà(2008).Para a dimensão territorial, focou-se o processo <strong>de</strong> constituição <strong>do</strong> território noâmbito <strong>do</strong> Programa Território da Cidadania <strong>do</strong> Meio Oeste Contesta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Santa Catarina,i<strong>de</strong>ntifican<strong>do</strong> traços peculiares <strong>do</strong> recorte, expressan<strong>do</strong> aspectos i<strong>de</strong>ntitários e históricos. Ouseja, aspectos políticos tangíveis ou intangíveis, étnicos, econômicos e culturais apropria<strong>do</strong>spelos indivíduos pertencentes ao espaço.Na dimensão da gestão <strong>social</strong> o programa governamental foi caracteriza<strong>do</strong> a partirda composição <strong>do</strong> colegia<strong>do</strong> territorial (CODETER), principalmente no intuito <strong>de</strong> esclarecer,os atores pertencentes, e <strong>como</strong> ocorre inclusão, dialogo e a a<strong>de</strong>são pluralista das açõesterritoriais (ZANI; KRONEMBERGER; DIAS, 2012).O Delega<strong>do</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong> Ministério <strong>do</strong> Desenvolvimento Agrário, e <strong>de</strong>maisrepresentantes públicos, nos <strong>de</strong>screveram, a partir <strong>de</strong> uma maior percepção da máquinapública, quais órgãos estão sen<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong>s para o atendimento da estratégia territorial dapolítica pública. Segun<strong>do</strong> Gil apud Lamounier (2012) a análise <strong>de</strong> conteú<strong>do</strong> nos indicacaminhos para o tratamento <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s: crítica quan<strong>do</strong> a noção <strong>de</strong> certo conhecimento;convicção <strong>de</strong> que as verda<strong>de</strong>s são históricas e culturalmente atreladas as relativida<strong>de</strong>s eespecificida<strong>de</strong>s locais; certeza <strong>de</strong> que o conhecimento é <strong>social</strong>mente construí<strong>do</strong>; e ocompromisso <strong>de</strong> associar e aprofundar esta construção <strong>social</strong> em ações e práticas. Portanto,com esse <strong>de</strong>lineamento, foi possível i<strong>de</strong>ntificar qual a percepção <strong>do</strong>s grupos pesquisa<strong>do</strong>s


68sobre as relações interinstitucionais por meio <strong>do</strong>s processos <strong>de</strong> discussão e <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> atual emque se encontra a dinâmica no território.A inter-relação entre atores <strong>do</strong> PTC, tanto para formação <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s, parcerias e nasformas <strong>de</strong> <strong>de</strong>scentralização são formas para operacionalizar a gestão <strong>social</strong>. Essa novaperspectiva <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento engloban<strong>do</strong> as potencialida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os inclusos, <strong>como</strong> oEsta<strong>do</strong>, atores empresariais e comunitários, levam a repensar o status quo das relaçõeseconômicas, políticas e sociais vigorantes (DOWBOR, 1999). A verificação <strong>de</strong> <strong>como</strong> odiscurso <strong>de</strong>seja<strong>do</strong> e empírico age sobre as relações institucionais concomitantes, contribuempara o processo <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> cidadania <strong>de</strong>liberativa, através da repercussão em diferentesgrupos sociais da localida<strong>de</strong> (TENÓRIO, 2008).Assim sen<strong>do</strong>, o SEBRAE, que é reconheci<strong>do</strong> por seu <strong>do</strong>mínio técnico no campogerencial <strong>do</strong> micro e pequeno empresário, foi objeto chave para comparação entre o estilo queprega e o programa governamental espera para o <strong>de</strong>senvolvimento territorial. Este<strong>de</strong>senvolvimento territorial proposto está embasa<strong>do</strong> pelas diretrizes <strong>do</strong> programa <strong>social</strong>, pelaequida<strong>de</strong> <strong>de</strong> esforços tanto para o <strong>de</strong>senvolvimento econômico <strong>como</strong> para o <strong>de</strong>senvolvimento<strong>social</strong> e sustentável?Portanto, utilizamos os três projetos: Broto <strong>do</strong> Galho (Artesanato com resíduos daempresa <strong>de</strong> celulose), COPAFAM/ Do Monte e Bebidas Rachelle (Agroindústrias dasVeredas Santa Helena), Tranças da Terra (Artesanato associativista) acompanha<strong>do</strong>s peloSEBRAE regional Meio Oeste Contesta<strong>do</strong>. Esse recorte <strong>de</strong> pesquisa se <strong>de</strong>u pela seguintejustificativa: o projeto CRESCER, edital vence<strong>do</strong>r junto ao MDA, iniciativa <strong>do</strong> SEBRAEjunto com os PTC, no Meio Oeste Contesta<strong>do</strong> possui a mesma missão para to<strong>do</strong>s os projetosacompanha<strong>do</strong>s, assim po<strong>de</strong>mos perceber se existem diferentes tratamentos por parte <strong>do</strong> órgãopúblico a cada projeto acompanha<strong>do</strong>. Entre os <strong>do</strong>cumentos que serão analisa<strong>do</strong>s estão: SantaCatarina em Números: Joaçaba (SEBRAE/SC, 2010); Pequenos Negócios Desafios ePerspectivas: programas nacionais <strong>do</strong> SEBRAE (SANTOS 2011) e DesenvolvimentoTerritorial e Economia: soluções SEBRAE para o <strong>de</strong>senvolvimento (CARDOSO, 2011). Osistema <strong>de</strong> inteligência setorial (SIS, 2012), o Sistema <strong>de</strong> Informações da Gestão EstratégicaOrientada para Resulta<strong>do</strong>s (SIGEOR, 2012) e publicações <strong>do</strong> Sistema <strong>do</strong> SEBRAE quetambém serviram <strong>de</strong> fonte <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s para a pesquisa, principalmente através <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>sestratégicos da instituição.O cidadão beneficia<strong>do</strong> pelo programa <strong>do</strong> SEBRAE teve importância <strong>de</strong>stacada,pois ele é filtro <strong>de</strong> comunicações advindas das relações tanto internas <strong>como</strong> externas daunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, e po<strong>de</strong> indicar exemplos <strong>de</strong> inter-relações, que já pu<strong>de</strong>ram ter


69aconteci<strong>do</strong> <strong>de</strong> maneira informal. Assim percebeu-se o pouco controle que há na situação <strong>do</strong>seventos estuda<strong>do</strong>s, e que por se tratarem <strong>de</strong> fenômenos atuais só po<strong>de</strong>rão ser “analisa<strong>do</strong>s<strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> contexto da vida real” (GODOY, 1995, p.26). Procurou-se tipificar a gestão que oSEBRAE está <strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong>, nas iniciativas propostas <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> PTC Meio OesteContesta<strong>do</strong>, seus beneficia<strong>do</strong>s, e nas categorias que os pressupostos da gestão <strong>social</strong> pregampara diferenciação <strong>de</strong> meto<strong>do</strong>logias que visem utilitarismo priva<strong>do</strong> <strong>como</strong> finalida<strong>de</strong>. ParaGodim, Fischer e Melo (2006) a gestão <strong>social</strong> tem sua distinção aos tipos tradicionais <strong>de</strong>gestão (estratégica e pública) ao formalizar a razão substantiva <strong>como</strong> interlocutora <strong>do</strong>sprocessos sociais, políticos e econômicos, guiada por princípios e valores com impactos naautorrealização e conquista coletiva.No quadro a seguir apresentam-se nove categorias extraídas da proposta <strong>de</strong>Pimentel e Pimentel (2010) que as <strong>de</strong>senvolveu a partir <strong>de</strong> um ensaio teórico sobre asprincipais i<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> diversos autores que trabalham o tema da gestão <strong>social</strong>.Quadro 4 - Tipos <strong>de</strong> gestão e suas característicasCategoriasAnálise<strong>de</strong>GestãoestratégicaGestão PúblicaGestão SocialObjetivo Lucro Interesse Público Interesse coletivo <strong>de</strong>caráter público.Valor Competição Normativo Cooperação intra e interoorganizacional.Racionalida<strong>de</strong> Instrumental Burocrática Substantiva/Comunicativa.Protagonistas Merca<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> Socieda<strong>de</strong> civilorganizada.ComunicaçãoMonológica,vertical, comrestrição aodireito <strong>de</strong> fala.Monológica/Dialógicavertical com algumashorizontalida<strong>de</strong>s, emtese sem restrição àfala.Dialógica com pouca ounenhuma restrição aodireito <strong>de</strong> fala.ProcessoDecisórioCentraliza<strong>do</strong>Top DownCentralizadapossibilida<strong>de</strong>participaçãoUp.com<strong>de</strong>BottomDescentraliza<strong>do</strong>,emergente participativo/surge <strong>como</strong> construçãocoletiva.


70Operacionalização Estratégica comindica<strong>do</strong>resfinanceiros.Estratégica comindica<strong>do</strong>res sociais.Social, com foco emindica<strong>do</strong>res qualitativos equantitativos.Esfera Privada Publica estatal. Pública <strong>social</strong> (FrançaFilho) x qualquer esfera(Tenório, Dowbor).AutonomiaPo<strong>de</strong>reHá diferentesgraus <strong>de</strong>coerção esubmissão entreos atoresenvolvi<strong>do</strong>s.Há coerção normativaentre os atoresenvolvi<strong>do</strong>s.To<strong>do</strong>s têm direitos iguaiscondições <strong>de</strong> participação(Tenório)x as relações <strong>de</strong>po<strong>de</strong>r restringem acapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada um seposicionar no <strong>de</strong>bate(Fischer et al, Godim,Fischer e Melo).Fonte: Pimentel e Pimentel (2010, p.8)Estes novos aportes da gestão <strong>social</strong>, resgatam a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pensar além dasformas obsoletas e pouco eficientes <strong>de</strong> gerir os recursos públicos. O SEBRAE é uma empresaprivada, sem fins lucrativos e que trabalha com o dinheiro público. Para Godim, Fischer eMelo (2006) o gestor público <strong>de</strong>ve conciliar os interesses diversos, e para promover o<strong>de</strong>senvolvimento local <strong>de</strong>ve agregar às suas práticas, o management, eficácia, eficiência eefetivida<strong>de</strong> <strong>social</strong>. O SEBRAE, entendi<strong>do</strong> <strong>como</strong> o encarrega<strong>do</strong> público <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<strong>de</strong> um território, conta com suas características institucionalizadas, para executar o projetoCRESCER.Das categorias <strong>de</strong> tipificação da gestão, a <strong>do</strong> objetivo organizacional é a forma <strong>de</strong><strong>como</strong> calanizar as ativida<strong>de</strong>s da organização à uma alternativa finalida<strong>de</strong>. Para que tal sejai<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>, informações relevantes a<strong>de</strong>rentes aos atores da socieda<strong>de</strong> civil, que no caso sãoos beneficia<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s projetos <strong>do</strong> SEBRAE, foram levantadas por entrevistas e também pelos<strong>do</strong>cumentos institucionais analisa<strong>do</strong>s. Na gestão <strong>social</strong> o interesse é <strong>de</strong> caráter público, on<strong>de</strong>os interesses coletivos se sobrepões aos interesses priva<strong>do</strong>s.Outra categoria <strong>de</strong> processos <strong>de</strong> gestão é a <strong>do</strong>s valores organizacionais. A partirdas entrevistas, semi-estruturadas, buscamos investigar <strong>como</strong> os valores são construí<strong>do</strong>s efluem <strong>de</strong>ntro da dinâmica <strong>do</strong>s Territórios da Cidadania com a participação <strong>do</strong> SEBRAE <strong>como</strong>media<strong>do</strong>r <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento local. O bem comum compreendi<strong>do</strong>, é o fator que flexibilizauma organização organicamente normativa, e agrega a socieda<strong>de</strong> empo<strong>de</strong>ramento necessárioàs <strong>de</strong>mandas eventuais e históricas.


71Quanto à categoria <strong>de</strong> racionalida<strong>de</strong>, elencou-se <strong>como</strong> espaços que atravessamdiversos setores, integran<strong>do</strong> diferentes pontos <strong>de</strong> vista, <strong>do</strong>s beneficia<strong>do</strong>s <strong>do</strong> caso, serviram <strong>de</strong>apoio às melhorias <strong>de</strong> gestão das políticas públicas aplicadas na região. Com a intenção <strong>de</strong>encontrar formas <strong>de</strong> autorrealização por parte <strong>do</strong>s atores envolvi<strong>do</strong>s, em coerência com aspotencialida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>liberativas. Na temática da gestão <strong>social</strong>, a racionalida<strong>de</strong> instrumentalsubordina-se para formação <strong>de</strong> espaços <strong>de</strong> diálogo participativo nas políticas públicas<strong>de</strong>senvolvimentistas <strong>de</strong> atendimento às <strong>de</strong>mandas sociais.Dentro da categoria <strong>de</strong> protagonistas, tratou-se da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>scentralizar atomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão a fim <strong>de</strong> potencializar a reunião <strong>de</strong> diferentes atores e i<strong>de</strong>ias. No foco dapesquisa enten<strong>de</strong>-se que o promotor seja o SEBRAE, e seus coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>res no município eesta<strong>do</strong> auxiliaram com informações e indicação <strong>do</strong>s exemplos práticos <strong>de</strong> inclusão <strong>de</strong>correntes<strong>do</strong> projeto CRESCER. Para a gestão <strong>social</strong>, a socieda<strong>de</strong> civil é o principal protagonista dasesferas públicas, mas leva em consi<strong>de</strong>ração todas as participações <strong>do</strong>s envolvi<strong>do</strong>s,organizações e instituições locais.A próxima categoria é a comunicação, que incrementa o compromisso <strong>social</strong> <strong>do</strong>sprocessos <strong>de</strong> discussão <strong>de</strong> forma participativa dialógica e consensual. As experiências dagestão estratégica e pública se mostram verticalizadas, e são monológicas apresentan<strong>do</strong>algumas vezes, horizontalida<strong>de</strong>s no caso da última.No caso da outra categoria, a <strong>do</strong> processo <strong>de</strong>cisório, on<strong>de</strong> um órgão faz oacompanhamento <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o processo <strong>do</strong> planejamento, elaboração e implementação, “garantea coerência <strong>do</strong> que foi <strong>de</strong>libera<strong>do</strong> <strong>de</strong> forma participativa” (TENÓRIO, 2008, p.11) eargumentação livre. Na tipologia da gestão estratégica o foco <strong>do</strong> processo <strong>de</strong>cisório é o gestor,que possui patente hierárquica e submete os interesses coletivos aos seus, e na gestão pública,a <strong>de</strong>scentralização através da subordinação <strong>do</strong>s interesses locais pelos regionais. Com aexecução pelo SEBRAE em nível micro, aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> aos requisitos <strong>de</strong> planejamento econclusão <strong>do</strong>s projetos da Agro Industrialização Sustentável, o CRESCER, buscou-se com acoor<strong>de</strong>nação <strong>do</strong> mesmo, informações relevantes ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong>s projetos através <strong>do</strong>sprocessos <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisórios.Finalizan<strong>do</strong> as categorias <strong>de</strong> tipificação, a operacionalização, propõe a dinâmica<strong>de</strong> funcionamento da gestão estratégica através <strong>de</strong> índices quantitativos, <strong>como</strong> <strong>do</strong> aumento <strong>de</strong>vendas, e a gestão pública, mesmo sen<strong>do</strong> estratégica direciona o foco <strong>do</strong>s objetivos eresulta<strong>do</strong>s para o <strong>social</strong>. Nessa dimensão tentaremos propor <strong>de</strong>svendar <strong>como</strong> ocorreu aoperacionalização entre os projetos <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s pelo SEBRAE, e outras formas <strong>de</strong>mobilização popular. Buscou-se na região outras formas <strong>de</strong> <strong>de</strong>liberação societária, com


72interação <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s, tanto <strong>de</strong> prática <strong>como</strong> <strong>de</strong> conhecimento, que <strong>de</strong>monstrem a socieda<strong>de</strong> civilorganizada fora <strong>do</strong> eixo <strong>do</strong> mesmo órgão <strong>de</strong> acompanhamento, exercen<strong>do</strong> seu próprio pensar(PIMENTEL e PIMENTEL, 2010).Para completarmos nosso enfoque meto<strong>do</strong>lógico, temos duas categorias quelimitam o escopo teórico da gestão <strong>social</strong> e não possuem consenso na área entre os autoresque são: esfera <strong>de</strong> atuação; autonomia e po<strong>de</strong>r. Para tratarmos esse enfoque trabalhamos <strong>como</strong>s três projeto <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s pelo SEBRAE/SC no Meio Oeste Contesta<strong>do</strong>, buscan<strong>do</strong> da<strong>do</strong>sque trouxeram um contraponto entre as iniciativas, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> suas perspectivas iniciais eresulta<strong>do</strong>s advin<strong>do</strong>s da parceria. Com isso a pesquisa in loco procurou saber das dimensõespercebidas principalmente da socieda<strong>de</strong> civil beneficiada, e a possível distinção <strong>de</strong> qualesfera, privada, pública ou mista, parte a gestão <strong>social</strong>.Quanto a categoria <strong>de</strong> autonomia e po<strong>de</strong>r, os membros da socieda<strong>de</strong> civil,intimamente liga<strong>do</strong>s ao Programa Territórios, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os projetos <strong>do</strong> SEBRAE e até outrasesferas da socieda<strong>de</strong> local, <strong>de</strong>verão ser ouvi<strong>do</strong>s sobre suas avaliações quanto ao grau <strong>de</strong>coerção existente, na implantação <strong>do</strong> programa <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sua origem (PIMENTEL e PIMENTEL,2010).A pesquisa sobre <strong>como</strong> as ações políticas e a tipificação da gestão, agem nasrelações institucionais concomitantes, e no <strong>de</strong>senvolvimento local, contribuem para oentendimento <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> uma proposta mais a<strong>de</strong>rente ao território e suasnecessida<strong>de</strong>s, através da repercussão em diferentes grupos sociais na localida<strong>de</strong>. Tentou-sea<strong>de</strong>ntrar nos movimentos sociais, que aumentaram a atuação nas últimas décadas, pela luta dacausa trabalhista e cooperativista solidária, possibilitan<strong>do</strong> a percepção através <strong>de</strong> uma ótica dagestão <strong>social</strong>, baseada em um processo contínuo <strong>de</strong> promoção à cidadania, on<strong>de</strong> a gestãoestratégica <strong>como</strong> racionalida<strong>de</strong> utilitária não serve <strong>de</strong> norte para a questão em discussão(MORETTO NETO; GARRIDO; JUSTEN, 2011).A categorias <strong>de</strong> análise foram alocadas a partir da transcrição das entrevistas eapoiadas no referencial teórico e na análise <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong>, na visão da gestão <strong>social</strong>, ten<strong>do</strong> osprojetos incuba<strong>do</strong>s em estu<strong>do</strong> e a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> local, tratada pelas ações públicas e sociais noMeio Oeste Contesta<strong>do</strong> presente.


734 RESULTADOSA proposta para o capítulo que segue, irá trazer a experiência ocorrida <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>sTerritórios da Cidadania Meio Oeste Contesta<strong>do</strong> na aplicação das ações <strong>do</strong> SEBRAE/SC paracom os beneficia<strong>do</strong>s <strong>do</strong> agronegócio local.Veremos <strong>como</strong> os Territórios da Cidadania vieram para promover o<strong>de</strong>senvolvimento em áreas rurais, e que abrigam pessoas com as <strong>de</strong>mais potencialida<strong>de</strong>shistóricas, culturais e econômicas. A i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> local é uma das gran<strong>de</strong>s bases <strong>do</strong> territóriopesquisa<strong>do</strong>, e a associação ao tema historicamente relevante é levanta<strong>do</strong> e discuti<strong>do</strong>.A dinâmica para a formação da política pública e a interação <strong>do</strong>s diversos atores,caracterizaram uma nova proposta <strong>de</strong> gestão focada na elevação <strong>social</strong> <strong>de</strong> indica<strong>do</strong>res <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> territórios on<strong>de</strong> o confronto com a as necessida<strong>de</strong>s diárias <strong>de</strong>sobrevivência, e a pouca ou nenhuma <strong>como</strong>dida<strong>de</strong> pós-mo<strong>de</strong>rna é sentida.No <strong>de</strong>correr <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>, atem-se para a tipologia <strong>de</strong> gestão utilizada pelo SEBRAEregional no <strong>de</strong>slocamento <strong>do</strong> fluxo <strong>de</strong> características das suas ações institucionaisprovenientes da interação com a socieda<strong>de</strong> civil organizada e beneficiada <strong>do</strong> PTC. Cada um<strong>do</strong>s critérios foi aborda<strong>do</strong> através da análise <strong>de</strong> conteú<strong>do</strong> proveniente das entrevista semiestruturada<strong>do</strong>s atores envolvi<strong>do</strong>s na aplicação da proposta governamental. O projetoCRESCER, que é o carro chefe das ações <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento da agro industrialização naregião <strong>do</strong>s Territórios da Cidadania Meio Oeste Contesta<strong>do</strong>, nos trouxe uma realida<strong>de</strong> distinta<strong>de</strong> três iniciativas organizadas.4.1 TERRITÓRIOS DA CIDADANIAO sonho <strong>de</strong> um país igualitário no qual o <strong>de</strong>senvolvimento, a estabilida<strong>de</strong>econômica e a expansão produtiva alcance também as faixas da socieda<strong>de</strong> excluídas, fezcrescer os programas sociais <strong>de</strong> complementação <strong>de</strong> renda familiar e <strong>de</strong> incentivo à economiasolidária. O programa Territórios da Cidadania (PTC) traz a proposta <strong>de</strong> universalizar açõesbásicas <strong>de</strong> cidadania, e promover a economia local através <strong>de</strong> uma estratégia <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento territorial sustentável.Para Sachs (2008) com os Territórios da Cidadania, o Brasil ingressa em umanova etapa <strong>de</strong> combate a pobreza e às <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s sociais. O Bolsa família foi um gran<strong>de</strong>impulsiona<strong>do</strong>r para que o índice <strong>de</strong> Gini representasse uma diminuição na lacuna entre osricos e os pobres no país. No entanto, para que a <strong>de</strong>pendência <strong>do</strong> programa não se prolongue,


74há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> outras alternativas para criação <strong>de</strong> renda e inclusão <strong>social</strong>, através <strong>de</strong>trabalho <strong>de</strong>scente. Para o autor os PTC é complementar ao Bolsa família. Serão discuti<strong>do</strong>s<strong>como</strong> são <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s as áreas <strong>de</strong> ação <strong>do</strong> programa, os critérios para a constituição <strong>do</strong>s grupos<strong>de</strong> trabalho, a meto<strong>do</strong>logia para ampliação da agricultura familiar e da produção local etambém o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> gestão e aplicação <strong>de</strong> recursos.Lança<strong>do</strong> em 2008 o programa Territórios da Cidadania, prevê integração diretaentre socieda<strong>de</strong>, governo fe<strong>de</strong>ral, esta<strong>do</strong>s e municípios, para a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> uma estratégia <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento local. Isso ocorre por meio <strong>de</strong> um núcleo dirigente e outro técnico que<strong>de</strong>ci<strong>de</strong> as regiões e ações prioritárias <strong>de</strong> ação. A i<strong>de</strong>ia é que tu<strong>do</strong> ocorra <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>mocráticae participativa por um colegia<strong>do</strong> supra partidário, através <strong>de</strong> entes organiza<strong>do</strong>s para atuardiretamente na construção e <strong>de</strong>senvolvimento da política pública em questão.Figura 4- Territórios da CidadaniaFonte: PTC (2008)Para Favareto (2010), o próprio nome <strong>do</strong>s PTC, está inspira<strong>do</strong> num <strong>de</strong>bate <strong>do</strong>meio acadêmico, sobre <strong>como</strong> promover o <strong>de</strong>senvolvimento em regiões rurais, que é chamadaa abordagem territorial <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento. No caso <strong>do</strong> Brasil em particular, essa discussãocomeçou na virada <strong>do</strong>s anos 90 para os anos 2000, quan<strong>do</strong> integrantes <strong>do</strong> governo fe<strong>de</strong>ralchegaram à conclusão que somente os créditos <strong>do</strong> PRONAF (Programa Nacional <strong>de</strong>fortalecimento da Agricultura Familiar) estavam sen<strong>do</strong> insuficientes para dinamizar a


75agricultura familiar. Ao longo da década <strong>de</strong> 2000, o governo fe<strong>de</strong>ral juntamente com ações <strong>do</strong>Ministério <strong>do</strong> Desenvolvimento Agrário começam a ampliar os investimentos nainfraestrutura <strong>de</strong>ssas regiões rurais, e i<strong>de</strong>ntificam necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> envolver outros tipos <strong>de</strong>investimento e recursos, surgin<strong>do</strong> a i<strong>de</strong>ia <strong>do</strong>s PTC.De acor<strong>do</strong> com o Ministério <strong>do</strong> Desenvolvimento Agrário (MDA, 2012), o PTC é<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte <strong>do</strong>s Territórios Rurais, que foi um programa surgi<strong>do</strong> em 2003, e continha <strong>de</strong>alguma forma a mesma essência <strong>do</strong> programa atual. Contu<strong>do</strong> em 2008 o governo fe<strong>de</strong>ralcomeça a ter uma postura mais enfática <strong>de</strong> combate à pobreza rural. Assim foram escolhidasregiões on<strong>de</strong> existem os mais baixos graus <strong>de</strong> IDH, o maior número <strong>de</strong> assenta<strong>do</strong>s da reformaagrária, populações ribeirinhas, quilombolas e populações indígenas. No inicio foramconstituí<strong>do</strong>s 60 territórios, e em 2010 chegou a 120 territórios, que congregam 1888municípios em to<strong>do</strong> Brasil (MDA, 2012).Figura 5 - Critérios para seleçãoFonte: Adapta<strong>do</strong> <strong>de</strong> MDA(2008).Vale salientar que <strong>de</strong>ntre as especificações, há territórios que ultrapassaram essasbarreiras burocráticas, por contarem <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong>s expressivas, e que já vinham sen<strong>do</strong>solicitadas preteritamente. Estão entre eles o Território da Bacia <strong>do</strong> São Francisco, daAmazônia Legal e o trecho amazônico da BR-163, conheci<strong>do</strong> pela alcunha <strong>de</strong> "rota <strong>do</strong><strong>de</strong>scaso", pelo intensivo <strong>de</strong>smatamento vegetal que o progresso econômico <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>na<strong>do</strong> temleva<strong>do</strong> à região (PTC, 2008; GREENPEACE, 2012).Dentro <strong>de</strong>stes recortes territoriais, na tentativa <strong>de</strong> agregar a opinião popular àadministração pública <strong>do</strong>s recursos, existe o colegia<strong>do</strong> territorial (CODETER's) queexemplifica a representação da socieda<strong>de</strong> civil, <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r público municipal e <strong>do</strong>s órgãos


76estaduais que alí atuam. Esse colegia<strong>do</strong> se reuni e discuti uma cesta <strong>de</strong> ofertas das ações <strong>do</strong>governo fe<strong>de</strong>ral, <strong>do</strong>s 22 ministérios que estão envolvi<strong>do</strong>s, e nas suas ações ordinárias, praestes territórios, tentam convergir a política pública <strong>do</strong> governo.No PTC, além <strong>do</strong> colegia<strong>do</strong> territorial, há o comitê gestor nacional que reuni ecoor<strong>de</strong>na os 22 ministérios, e há também no nível estadual, um comitê <strong>de</strong> articulação estadual,com órgãos <strong>do</strong> governo estadual. Os ministérios envolvi<strong>do</strong>s são: Casa Civil, Secretaria-Geralda Presidência da República, Planejamento, Secretaria <strong>de</strong> Relações Institucionais, Minas eEnergia, Saú<strong>de</strong>/Funasa, Integração Nacional, Trabalho e Emprego, Meio Ambiente, Cida<strong>de</strong>s,Desenvolvimento Agrário/Incra, Desenvolvimento Social, Educação, Secretaria Especial <strong>de</strong>Promoção da Igualda<strong>de</strong> Racial, Secretaria Especial <strong>de</strong> Aqüicultura e Pesca, Justiça/Funai,Comunicações, Ciência e Tecnologia, Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Cultura, Banco<strong>do</strong> Brasil (Fazenda), Banco da Amazônia (Fazenda), Caixa Econômica Fe<strong>de</strong>ral (Fazenda),Banco <strong>do</strong> Nor<strong>de</strong>ste <strong>do</strong> Brasil (Fazenda) e Banco Nacional <strong>de</strong> Desenvolvimento Econômico eSocial (Desenvolvimento e Comércio Exterior).Figura 6 - Instâncias <strong>de</strong> GestãoFonte: MDA(2008).O Comitê Gestor Nacional (CGN) é composto por secretários executivos esecretários nacionais <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os ministérios que compõe o PTC. Como parte das atribuições<strong>do</strong> CGN, estão <strong>de</strong> vir aprovar diretrizes encaminhadas pelas <strong>de</strong>mandas locais, organizar asações fe<strong>de</strong>rais para to<strong>do</strong> o país, apresentar e acionar medidas para execução <strong>do</strong> programa,auditar os resulta<strong>do</strong>s, articular os atores fe<strong>de</strong>rativos em convergência ao pacto fe<strong>de</strong>rativo.Os Comitês <strong>de</strong> Articulação Estadual possuem uma proposta <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> PTC <strong>como</strong>instituições propositivas e consultivas, forma<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> núcleos informativos e gera<strong>do</strong>res <strong>de</strong>meio e senti<strong>do</strong> entre a ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> atores envolvi<strong>do</strong>s no programa. Eles apoiam, a mobilização e


77organização <strong>do</strong>s colegia<strong>do</strong>s, fomentam as diversas políticas publicas <strong>do</strong>s territórios, divulgame sugerem nossos territórios.Os Colegia<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Desenvolvimento Territorial (CODETER) por sua vez sãocompostos pelas três esferas <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r mais representante da socieda<strong>de</strong> civil em cada território.O projeto <strong>de</strong> implantação <strong>do</strong> PTC sugere que seja ampliada a relação <strong>de</strong> atores na composição<strong>do</strong> colegia<strong>do</strong>, estabelecen<strong>do</strong> uma coor<strong>de</strong>nação executiva e constituição paritária para aaveriguação da legitimida<strong>de</strong> <strong>do</strong> mesmo junto ao programa. Este núcleo permea<strong>do</strong> pelosinteresses locais, <strong>de</strong>ve elaborar e aperfeiçoar o PTDRS, <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar uma linha entre osgestores públicos e os conselhos setoriais, colaboran<strong>do</strong> para a integração e qualificação dasações, assim <strong>como</strong> para melhorar a eficiência e indicar priorida<strong>de</strong>s no programa. Também sãosuas atribuições, divulgação e controle <strong>social</strong> da política pública <strong>de</strong>senvolvida (PTC, 2008).A proposta <strong>de</strong> dinâmica administrativa da gestão pública, <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> governofe<strong>de</strong>ral e <strong>do</strong>s ministérios, nos territórios, faz com que através <strong>de</strong> uma gestão <strong>de</strong>mocrática, earticulada com todas as esferas governamentais, possa criar frutos positivos, <strong>como</strong> renda equalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida para populações com pouca ou nenhuma assistência <strong>social</strong>. O MDA (2012)frisa que no PTC, estão inclusos to<strong>do</strong>s os programas da assistência <strong>social</strong> que são universais,<strong>como</strong> por exemplo o bolsa família, e que para o Plano Nacional <strong>de</strong> Desenvolvimento Regional(PNDR, 2010) o investimento nas regiões <strong>do</strong>s territórios, superam as projeções orçamentárias.Figura 7 - Ações que entregam o programaFonte: PTC (2008)Para que o encaminhamento <strong>do</strong> programa atenda uma perspectiva global <strong>de</strong>interação entre as esferas governamentais, três eixos e sete temas foram <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s, para o<strong>de</strong>senca<strong>de</strong>amento das ações. Entre os eixos estão o apoio a ativida<strong>de</strong> produtiva, cidadania e


78direitos e <strong>de</strong> infraestrutura que caracterizam as urgências <strong>de</strong>lineadas para os territóriosescolhi<strong>do</strong>s.O tema <strong>de</strong> organização sustentável da produção envolve as ações <strong>de</strong>financiamento e segura da produção pelo PRONAF, capacitação, assistência técnica eextensão rural, cooperativismo, economia solidária e comercialização, planejamento eorganização produtiva e <strong>de</strong> gestão e educação ambiental. No cerne das ações fundiárias está anecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> obtenção <strong>de</strong> terras para assentamentos e trabalha<strong>do</strong>res rurais, regularizaçãofundiária, regularização <strong>de</strong> terras quilombolas, <strong>de</strong>sintrusão <strong>de</strong> famílias não indígenas em terrasindígenas, e o fomento <strong>do</strong> programa nacional <strong>de</strong> crédito fundiário. Para a educação e cultura,estão previstas ações que compactuam com o Plano <strong>de</strong> Desenvolvimento da Educação (PDE),<strong>do</strong> Ministério da Educação, e <strong>do</strong> programa “Mais Cultura”, <strong>do</strong> Ministério da Cultura (MinC),com convergência para as ações <strong>do</strong>s projetos, Brasil alfabetiza<strong>do</strong>, Pro Jovem rural e urbano.Há também propostas para a construção <strong>de</strong> escolas no campo, em terras indígenas equilombolas, bibliotecas e pontos <strong>de</strong> cultura.O tema <strong>do</strong> direito e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>social</strong> busca universalizar os programasbásicos <strong>de</strong> cidadania, <strong>como</strong> o Bolsa Família, políticas <strong>de</strong> assistência <strong>social</strong>, benefícios <strong>de</strong>prestação continuada, e programas <strong>de</strong> <strong>do</strong>cumentação civil, volta<strong>do</strong>s especialmente paramulheres e trabalha<strong>do</strong>res rurais. Para a linha <strong>do</strong> Saú<strong>de</strong> saneamento básico e acesso à água,suas ações são voltadas para os projetos da saú<strong>de</strong> da família, farmácia popular, Brasilsorri<strong>de</strong>nte, ampliação <strong>do</strong> saneamento e abastecimento <strong>de</strong> água, construção <strong>de</strong> cisternas einfraestrutura hídrica.Na frente <strong>de</strong> ações para o apoio à gestão territorial, está a concentração <strong>de</strong>esforços para o fortalecimento da interlocução entre socieda<strong>de</strong> e instituições fe<strong>de</strong>rativas,através da elaboração e qualificação <strong>do</strong>s planos territoriais <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, capacitação<strong>de</strong> membros e agentes <strong>do</strong> colegia<strong>do</strong> territorial e articulação entre instrumentos <strong>de</strong>planejamento territorial, <strong>como</strong> as messoregiões (MIN), Consad's, Gestar (MMA) e territóriosrurais <strong>do</strong> MDA. Por fim o eixo <strong>de</strong> ações volta<strong>do</strong>s para a infraestrutura <strong>de</strong>staca a melhoria davida rural, por meio <strong>de</strong> iniciativas <strong>como</strong> Programa "Luz para To<strong>do</strong>s", PAC habitação, econstrução <strong>de</strong> via <strong>de</strong> acesso aos assentamentos pertencentes ao programa <strong>de</strong> reforma agrária(MDA, 2008).Os <strong>de</strong>safios com os quais estas regiões estão inseridas, <strong>como</strong> a manutenção <strong>do</strong>homem no campo, atendimento da crescente <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> alimentos e o comportamentoanômalo em que o clima mundial atinge as colheitas agrícolas, contribuem para que umamultiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> organismos possam convergir para o atendimento <strong>de</strong> várias carências, sejam


79elas tecnológicas ou <strong>de</strong> acesso geográfico, possibilitan<strong>do</strong> com que os mesmos sujeitos que sãoafeta<strong>do</strong>s diretamente por estas <strong>de</strong>mandas, <strong>de</strong>senvolvam em conjunto as ativida<strong>de</strong>s para amelhoria <strong>de</strong> sua realida<strong>de</strong> local. Para o Meio Oeste Contesta<strong>do</strong>, a gran<strong>de</strong> missão é o<strong>de</strong>senvolvimento e organização sustentável da produção, por isso veremos <strong>como</strong> objetivosespecíficos, <strong>de</strong>screver e analisar a interação <strong>do</strong>s atores públicos <strong>de</strong> caráter priva<strong>do</strong> e estatal,no acondicionamento <strong>do</strong>s interesses <strong>de</strong>senvolvimentistas.No caso da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> infraestrutura, <strong>de</strong>ntro da dinâmica <strong>de</strong> diálogo <strong>do</strong>colegia<strong>do</strong>, o ex-coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r nacional <strong>do</strong> MDA, Joaquim Soriano (2010) afirma que:Nos colegia<strong>do</strong>s territoriais, os investimentos para a produção são <strong>de</strong>bati<strong>do</strong>s, e aindicação das ações vem <strong>de</strong> baixo. O pessoal que escolhe qual a necessida<strong>de</strong> éprioritária. Nesse senti<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> a <strong>de</strong>manda volta para o comitê gestor nacional nósacionamos para o que foi prioriza<strong>do</strong> seja <strong>de</strong>vidamente autoriza<strong>do</strong>.A integração <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> PTC passa por <strong>do</strong>is níveis, tanto horizontal entre osministérios, <strong>como</strong> vertical, entre esta<strong>do</strong>s, municípios e governo fe<strong>de</strong>ral. Segun<strong>do</strong> Favaretto(2010), o programa ainda é novo, e um <strong>do</strong>s seus problemas, é a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> legislações quefacilitem com que esta<strong>do</strong>s e municípios entrem com contra partidas para o programa. Outro<strong>de</strong>safio é fazer com que essa integração não seja apenas <strong>de</strong> transparência, mesmo sen<strong>do</strong>fundamental, <strong>como</strong> a gestão pública <strong>de</strong> recursos, mas que atentem para projetos estratégicospara estas regiões rurais. Para o autor as priorida<strong>de</strong>s indicadas pelos colegia<strong>do</strong>s sãoimediatistas e muitas vezes estam acumuladas, e carecem <strong>de</strong> planejamento estratégico paraprojetar um horizonte para formação <strong>de</strong> bases profícuas (FAVARETO, 2010).A dinâmica das <strong>de</strong>mandas <strong>do</strong>s PTC, obe<strong>de</strong>cem um ciclo <strong>de</strong> gestãopreestabeleci<strong>do</strong>, e que engloba os atores que são responsáveis pelo <strong>de</strong>senvolvimento daregião, buscan<strong>do</strong> na prática <strong>do</strong> diálogo negocia<strong>do</strong> a remo<strong>de</strong>lação <strong>do</strong> escopo político das áreas<strong>de</strong> ação, trazen<strong>do</strong> ao foco as <strong>de</strong>mandas <strong>do</strong> colegia<strong>do</strong> territorial (CODETER) e <strong>do</strong> PTDRS.Uma matriz provinda das esferas governamentais é ofertada para umaapresentação junto com os colegia<strong>do</strong>s territoriais. As <strong>de</strong>mandas <strong>do</strong> colegia<strong>do</strong> <strong>de</strong>vem estar<strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s requisitos <strong>do</strong> PTDRS, e são discutidas para que um nova proposta mista, com osinteresses <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s envolvi<strong>do</strong>s possam ser atendi<strong>do</strong>s. Quan<strong>do</strong> implantadas, passam por ummonitoramento envolven<strong>do</strong> muitos atores, e que avaliam o andamento, para contribuir comfuturas modificações. O ciclo <strong>de</strong> gestão tem gran<strong>de</strong> utilida<strong>de</strong> na medida que " ajuda aorganizar as i<strong>de</strong>ias, faz com que a complexida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma política pública seja simplificada e


80ajuda políticos, administra<strong>do</strong>res e pesquisa<strong>do</strong>res a criar um caso comparativo para casosheterogêneos”(SECCHI, 2010, p.34).O programa governamental tem uma aparato lógico muito bem <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> para queo <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> suas ações, assim <strong>como</strong> a participação <strong>do</strong>s diretamente afeta<strong>do</strong>s, seja<strong>de</strong>finida e incorporada coletivamente. A complexida<strong>de</strong> e dinâmica local que estas açõesencontram, são reflexos da cultura <strong>de</strong> participação <strong>de</strong> cada lugar, a aceitação e a<strong>de</strong>quação <strong>de</strong>princípios, partin<strong>do</strong> <strong>do</strong> alinhamento das pessoas em torno <strong>de</strong> suas carências.Figura 8 - Ciclo <strong>de</strong> gestão <strong>do</strong> programaFonte: PTC (2008).Hoje a mobilização <strong>de</strong> atores locais, é fundamental para o planejamento das açõesterritoriais. Contu<strong>do</strong> <strong>como</strong> afirma Favareto (2010), é necessária a inclusão <strong>de</strong> mais atores quejogam também para o <strong>de</strong>senvolvimento regional, e que <strong>de</strong>veria haver reengenharia noscritérios <strong>de</strong> seleção para alocação <strong>de</strong> recursos públicos.Para Almeida (2002) a inclusão <strong>de</strong> atores diversos na região é fundamental paradisseminar a questão da responsabilida<strong>de</strong> coletiva <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento local. Para a mesma, aatuação INCRA (Instituto Nacional <strong>de</strong> Colonização e Reforma Agrária) tem papel <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>importância para a política pública por assegurar a proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong>volutas, e naregulamentação das proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s termos da lei. Para <strong>de</strong>finir as ações <strong>do</strong> PTC, énecessário criar conselhos locais <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, e a partir <strong>de</strong> diagnósticos participativos,i<strong>de</strong>ntifican<strong>do</strong> as necessida<strong>de</strong>s e os obstáculos à serem resolvi<strong>do</strong>s, e por outro la<strong>do</strong> atacan<strong>do</strong>,


81i<strong>de</strong>ntifican<strong>do</strong> os recursos latentes, buscan<strong>do</strong> casar esses recursos com a mão <strong>de</strong> obra ociosa,que são bem diferentes <strong>de</strong> um lugar à outro.Dentro das premissas que o programa se embasa, está o compromisso <strong>do</strong> esta<strong>do</strong><strong>de</strong>senvolvimentista <strong>de</strong> enfrentar a pobreza e as <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s on<strong>de</strong> elas estão, nos bolsões <strong>de</strong>menor IDH e on<strong>de</strong> há maior concentração <strong>de</strong> agricultores assenta<strong>do</strong>s da reforma agrária. OIDH apresenta consistência indica<strong>do</strong>ra, no senti<strong>do</strong> que congrega três dimensões, alongevida<strong>de</strong>, po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> compra e a educação, e <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com PNUD (2009), por ter umaabrangência qualitativa, diferentemente <strong>do</strong> PIB, <strong>de</strong>ve indicar um caminho para a integraçãodas políticas publicas visan<strong>do</strong> a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida da região em <strong>de</strong>senvolvimento. Dentro <strong>do</strong>sTerritórios da Cidadania, temos áreas constituídas por municípios contíguos, abrangen<strong>do</strong>IDH's entre 0,467 e 0,866. Vale lembrar que o IDH brasileiro em 2011 foi <strong>de</strong> 0,718 na escalaque vai <strong>de</strong> 0 a 1 (TRANSPARÊNCIA MUNICIPAL, 2010; ACQUA, 2011).Mesmo com os avanços que obtivemos na urbanização, a realida<strong>de</strong> é muito maiscomplexa e os limites <strong>de</strong>ssa transição começam a aparecer, <strong>de</strong>safian<strong>do</strong> nossa capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mudança, e potencialida<strong>de</strong> <strong>de</strong> novas experiências públicas. Para Sachs (2008), o PTC empregaque exista um diálogo com a socieda<strong>de</strong>, e que o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>va ser pactua<strong>do</strong> comto<strong>do</strong>s seus protagonistas, os trabalha<strong>do</strong>res, os empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>res, as esferas <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os níveis,fe<strong>de</strong>ral, estadual e municipal, e socieda<strong>de</strong> civil organizada.Como proposta na continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste estu<strong>do</strong>, abordaremos a formação <strong>do</strong>Território <strong>do</strong> Meio Oeste Contesta<strong>do</strong>, <strong>como</strong> está forma<strong>do</strong> geograficamente, e quais são as<strong>de</strong>mandas <strong>de</strong> cidadania que são possíveis <strong>de</strong> analisar além da gestão <strong>do</strong> SEBRAE/SC.4.1.1 Território da Cidadania <strong>do</strong> Meio Oeste Contesta<strong>do</strong>A formação <strong>do</strong> território que abrange a área <strong>de</strong> municípios elenca<strong>do</strong>s para apredisposição <strong>de</strong> convergência nas políticas públicas fe<strong>de</strong>rais, os PTC, possuem uma história<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento que nos remete à disputas <strong>de</strong> terras e interesses. De acor<strong>do</strong> com o PTDRS(2006), a região <strong>do</strong> Meio Oeste Contesta<strong>do</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o século XIX, tem em seu mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong>gestão o patriarcalismo. Toda a região, por muito tempo sofreu, com as disputas tantoexternas <strong>como</strong> internas, e culminou no pre<strong>do</strong>mínio da <strong>de</strong>legação da or<strong>de</strong>m pelos coronéis emandatários que possuíam força institucional <strong>do</strong> governo da época. As pessoas pobres,caboclos e brasileiros, sem posses eram obriga<strong>do</strong>s à submissão <strong>de</strong> suas vidas aos interessesparticulares <strong>do</strong>s fazen<strong>de</strong>iros (PTDRS, 2006).


82A partir da questão <strong>do</strong> Contesta<strong>do</strong>, o antes e o <strong>de</strong>pois da guerra, o interesse <strong>do</strong>capital externo pre<strong>do</strong>minou com intensida<strong>de</strong>, e empresários industriais norte-americanos,europeus e <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul, optaram pela inclusão <strong>de</strong> imigrantes italianos e alemães emsua maioria, e que posteriormente ocuparam as terras que até então não estavam legalizadas.O povo caboclo e indígena que vivia na região tiveram seu espaço mais uma vez corrompi<strong>do</strong>,travan<strong>do</strong> uma contínua luta, que até hoje é fonte <strong>de</strong> <strong>de</strong>bate e polêmica. Mesmo após adissolução da guerra, a terra continuou na mão <strong>do</strong>s latifundiários, agora com focoagropecuário, e <strong>do</strong> interesse priva<strong>do</strong>, tornan<strong>do</strong> o ciclo da exclusão da força produtiva vitalpara o <strong>de</strong>senvolvimento proposto (PTDRS, 2006).De acor<strong>do</strong> com Filippim, Rossetto e Rossetto (2010), a região é caracterizada pelaprodução familiar e rural. Em mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong> século XX, conseguiu um gran<strong>de</strong> crescimentoeconômico, com a produção <strong>de</strong> trigo e a industrialização <strong>de</strong> suas máquinas. Contu<strong>do</strong> a partir<strong>de</strong> uma nova política <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização agrícola, nos anos 1960, houve um <strong>de</strong>clínio naprodução <strong>do</strong> trigo, abrin<strong>do</strong> portas para o surgimento <strong>de</strong> novos negócios agroindustriais. Aprincipal fonte <strong>de</strong> renda <strong>de</strong>stes pequenos e médios agricultores remanescentes era asuinocultura, e produção <strong>de</strong> banha.Na década <strong>de</strong> 80, uma praga chamada "peste suína africana" <strong>de</strong>sestabilizou maisuma vez a produção familiar. Uma gran<strong>de</strong> mudança ocorre no merca<strong>do</strong>, e nos anos seguintes,conglomera<strong>do</strong>s internacionais <strong>de</strong> produtos alimentares entram na região, utilizan<strong>do</strong> daintegração produtor rural e indústria a marca registrada <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento local. Essaativida<strong>de</strong> manteve o pequeno produtor ativo, contu<strong>do</strong> trazen<strong>do</strong> uma gran<strong>de</strong> gama <strong>de</strong> <strong>de</strong>jetospolui<strong>do</strong>res ao meio ambiente da região (FILIPPIM, ROSSETTO e ROSSETTO, 2010).A agroindústria continua sen<strong>do</strong> o carro chefe da economia da região, entretanto a<strong>de</strong>pendência no qual o pequeno produtor tem da gran<strong>de</strong> agroindústria, tanto <strong>de</strong> empregoquanto para geração <strong>de</strong> receitas públicas, está esgotan<strong>do</strong> a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> integrar novosatores à economia regional. Filippim, Rossetto e Rossetto (2010), afirmam que pela<strong>de</strong>cadência atual da agroindústria, muitos jovens estão sain<strong>do</strong> <strong>de</strong> suas cida<strong>de</strong>s, e se <strong>de</strong>slocan<strong>do</strong>para outros centros com mais oportunida<strong>de</strong>s, e que consequentemente o po<strong>de</strong>r político popularregional, está <strong>de</strong>crescen<strong>do</strong>. Em um lugar on<strong>de</strong> o ativismo <strong>social</strong> e político sempre foi presente,a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> novas formas <strong>de</strong>senvolvimentistas tornou-se essencial.O esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Santa Catarina conta com <strong>do</strong>is Territórios da Cidadania, o Meio OesteContesta<strong>do</strong> e o Planalto Norte, sen<strong>do</strong> que ao total congregam 43 municípios, 602.492 pessoas,sen<strong>do</strong> 158.304 provenientes da zona rural. Nos <strong>do</strong>is territórios resi<strong>de</strong>m 2.675 famíliasassentadas, 26.858 agricultores familiares, 28 famílias <strong>de</strong> pesca<strong>do</strong>res e há 6 reservas indígenas


83(MDA, 2012). As ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s Territórios da Cidadania, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>son<strong>de</strong> estejam, estão voltadas para a melhoria <strong>do</strong>s IDHs, e principalmente interagin<strong>do</strong> políticaspúblicas para que as ativida<strong>de</strong>s econômicas <strong>de</strong> cada região e população possam gerar renda econsequente qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida. Po<strong>de</strong>mos ver a divisão que foi feita para o esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> SantaCatarina com os territórios com maior numero <strong>de</strong> aspectos que aten<strong>de</strong>m aos critérios <strong>do</strong>s PTC.Figura 9 - Meio Oeste Contesta<strong>do</strong> e 2-Planalto NorteFonte: Adaptada <strong>de</strong> MDA (2012).Como o foco <strong>do</strong> trabalho trata das ações especificamente <strong>de</strong>senvolvidas <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>Território <strong>do</strong> Meio Oeste Contesta<strong>do</strong>, o aprofundamento sobre Território <strong>do</strong> Planalto Norte éaproveitável. No esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Santa Catarina, <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s PTC, os IDHs que estão entre 0,696 e0,866 (TM, 2010). Em 2009 com a transformação da política pública institucional regional, oTerritório da Cidadania <strong>do</strong> Meio Oeste Contesta<strong>do</strong>, que havia si<strong>do</strong> <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> <strong>de</strong>Chapecózinho em seus primórdios, <strong>de</strong>nominação essa repudiada pelo colegia<strong>do</strong> territorial,a<strong>de</strong>riu à cultura <strong>do</strong> Contesta<strong>do</strong>, inician<strong>do</strong> uma proposta dinâmica na região (PTDRS,2006).Os números que seguem, remetem aos critérios que foram <strong>de</strong>cisivos para a escolha <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são<strong>do</strong> Meio Oeste Contesta<strong>do</strong> para os PTC.Território daCidadaniaQuadro 5- Números <strong>do</strong> TerritórioMeio Oeste Contesta<strong>do</strong> Planalto Norte TotalPopulação Total 253.090 349.402 602.492População Rural 74.832 83.472 157.304Agricultores 14.252 12.606 26.858


84familiaresFamílias Assentadas 2.209 466 2.675Famílias <strong>de</strong> 21 7 28Pesca<strong>do</strong>resComunida<strong>de</strong>s ------------------ ---------------------QuilombolasTerras Indígenas 4 2 6Fonte: Adapta<strong>do</strong> <strong>de</strong> MDA (2012).A coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ra da AMMOC, associação <strong>do</strong>s municípios <strong>do</strong> Meio OesteContesta<strong>do</strong>, que administra a pasta <strong>de</strong> projetos sociais da instituição, trabalha muitos anos<strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> recorte geográfico <strong>do</strong>s territórios, e tem vasta experiência nos acontecimentos etransformações que levaram a região a aten<strong>de</strong>r os critérios <strong>do</strong> PTC coloca queNós fomos o primeiro território a ser constituí<strong>do</strong> (em SC) teve vários critérios parase tornar Territórios da Cidadania. Um <strong>do</strong>s primeiros eram (incidência <strong>de</strong>)assentamentos, índios, quilombolas e agricultura familiar. A região da AMMOC, osque mais pesaram em nosso caso foi a existência <strong>de</strong> assentamentos, agriculturafamiliar intensa e o trabalho <strong>do</strong> IDH, nossa região não é pobre, mas tem unsmunicípios carentes, né. Assim foi embasada a escolha [...] <strong>de</strong>ntro disso o Territórioda Cidadania é visto em vários aspectos, não só o rural, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>do</strong> urbano, dasaú<strong>de</strong>, da educação [...] (AMMOC).O Território <strong>do</strong> Meio Oeste Contesta<strong>do</strong> conta atualmente com 29 municípios,to<strong>do</strong>s com uma ampla gama <strong>de</strong> características sociais. De acor<strong>do</strong> com o PTDRS (2006, p.8) o"território reafirma as raízes culturais e econômicas <strong>do</strong> recorte on<strong>de</strong> se encontra". Fazem parteos municípios <strong>de</strong> Erval Velho, Xaxim, Passos Maia, Ipuaçu, Coronel Martins, Faxinal <strong>do</strong>sGue<strong>de</strong>s, São Domingos, Vargem Bonita, Lajea<strong>do</strong> Gran<strong>de</strong>, Catanduvas, Ouro Ver<strong>de</strong>, Luzerna,Abelar<strong>do</strong> Luz, Água Doce, Entre Rios, Ouro, Ponte Serrada, Bom Jesus, Capinzal, Galvão,Herval d’Oeste, Ibicaré, Joaçaba, Jupiá, Lacerdópolis, Marema, Treze Tílias, Vargeão eXanxerê.Dentro das propostas para ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ste território, por questõesculturais e econômicas, o agronegócio é uma das chaves para a inclusão e o pluralismo,principalmente das famílias agricultoras e <strong>de</strong> assentamentos, fatores estes importantes para agestão <strong>social</strong>, e que possam criar resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> autonomia e participação. Entretanto, mesmosen<strong>do</strong> consenso que esta via <strong>de</strong>senvolvimentista, <strong>do</strong> apoio à ativida<strong>de</strong>s produtivas, seja i<strong>de</strong>alpara o recorte em questão, o último relatório <strong>de</strong> cooperação técnica emiti<strong>do</strong> pelo Ministério da


85Integração (MIN), mostra que o território está fragiliza<strong>do</strong>, e necessita <strong>de</strong> aprimoramento nasdiscussões <strong>do</strong> colegia<strong>do</strong>, para o fortalecimento da gestão <strong>social</strong> (IICA, 2011). As possíveiscausas, retratadas principalmente pelos diferentes recorte geográficos no qual o governo e asesferas <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r trabalham, serão tratadas a seguir.4.2 TERRITORIALIZAÇÃO PÚBLICA DO ESPAÇOAs associações <strong>de</strong>stes municípios são representações relevantes no entendimentodas <strong>de</strong>mandas das populações locais e <strong>de</strong> seus municípios e CODETER's. Além da AMMOC(associação <strong>de</strong> municípios <strong>do</strong> Meio Oeste Contesta<strong>do</strong>), com se<strong>de</strong> em Joaçaba existem outrasassociações <strong>de</strong> municípios <strong>de</strong>ntro Meio Oeste Catarinense que contém municípios <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>sTerritórios da Cidadania <strong>do</strong> Meio Oeste Contesta<strong>do</strong>, <strong>como</strong> a AMAI (associação <strong>de</strong> municípios<strong>do</strong> alto Irani), com se<strong>de</strong> na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Xanxerê e a região da AMNOROESTE (associação <strong>de</strong>municípios <strong>do</strong> Noroeste Catarinense), com se<strong>de</strong> em São Lourenço <strong>do</strong> Oeste.Figura 10 - Associações <strong>de</strong> municípios que fazem parte <strong>do</strong>s TC <strong>do</strong> Meio Oeste CatarinenseFonte: Fe<strong>de</strong>ração Catarinense <strong>de</strong> Municípios- FECAM (2012)A associação da AMAI é uma entida<strong>de</strong> <strong>de</strong> assessoramento técnico municipal, quefoi fundada em 1976 com o intuito <strong>de</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r os interesses individuais <strong>do</strong>s municípios daregião. A necessida<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento econômico, <strong>social</strong> e administrativa é levada emconta, a partir <strong>de</strong> uma união apartidária e permeada por troca <strong>de</strong> experiências (AMAI, 2012).A associação AMMOC, á <strong>de</strong>ntre as três predispostas, a escolhida neste estu<strong>do</strong>para o aprofundamento das relações interinstitucionais. Surgida em 1961, tem <strong>como</strong> objetivoinstitucional o <strong>de</strong> contribuir para o <strong>de</strong>senvolvimento sustentável e integra<strong>do</strong> <strong>do</strong>s municípios


86associa<strong>do</strong>s. Presta serviços com para as comunida<strong>de</strong>s através <strong>de</strong> profissionais capacita<strong>do</strong>s nasáreas <strong>de</strong> secretaria executiva, administração e finanças, <strong>de</strong>partamento fazendário, setor <strong>de</strong>engenharia, topografia, arquitetura e informática (AMMOC, 2012).Por fim a AMNOROESTE é a mais jovem das associações, formada em 1997.Tem por objetivo promover a cooperação intermunicipal e intergovernamental(AMNOROESTE, 2012).Dos municípios que existem na região <strong>do</strong> programa governamental, uma tabela éproposta para a melhor visualização da divisão que configura a composição territorial distinta<strong>do</strong> Meio Oeste Contesta<strong>do</strong>:Quadro 6- Associações <strong>de</strong> Municípios pertencentes ao Meio Oeste Contesta<strong>do</strong>Municípios - IDHAMAI IDH AMMOC IDH AMNOROESTE IDHAbelar<strong>do</strong> Luz 0,779 Água Doce 0,810 Coronel Martins 0,748Bom Jesus 0,733 Capinzal 0,814 Jupiá 0,753Entre Rios 0,696 Catanduvas 0,790 Galvão 0,798Faxinal <strong>do</strong>s Gue<strong>de</strong>s 0,819 Erval Velho 0,794 Novo Horizonte* 0,752Ipuaçu 0,715 Ibicaré 0,805 São Bernardino* 0,748Lajea<strong>do</strong> Gran<strong>de</strong> 0,813 Herval d'Oeste 0,777 São Lourenço* 0,796Marema 0,795 Joaçaba 0,866Ouro Ver<strong>de</strong> 0,792 Lacerdópolis 0,854Ponte Serrada 0,768 Luzerna 0,855São Domingos 0,794 Ouro 0,829Vargeão 0,804 Tangará* 0,812Xanxerê 0,816 Treze Tílias 0,813Xaxim 0,809 Vargem Bonita 0,791Passos Maia 0,733 *não fazem parte<strong>do</strong>s Territóriosda CidadaniaFonte: Fe<strong>de</strong>ração Catarinense <strong>de</strong> Municípios- FECAM (2012).A ilustração <strong>do</strong> quadro número cinco, mostra que a Associação da AMAI tem omaior número <strong>de</strong> membros, contan<strong>do</strong> com 14 municípios participantes e consequentementeforça <strong>de</strong> expressão em votações nas plenárias colegiadas <strong>do</strong>s Territórios da Cidadania.


87Existem 8 municípios com o IDH em nível médio. O município <strong>de</strong> Ipuaçu tem o menor IDH<strong>de</strong> to<strong>do</strong> o Território <strong>do</strong> Meio Oeste Contesta<strong>do</strong> é da AMAI.A Associação <strong>do</strong>s Municípios <strong>do</strong> Meio Oeste, AMMOC conta com 13municípios, contu<strong>do</strong> apenas 12 estão efetivamente participan<strong>do</strong> no programa governamental,e é o foco principal <strong>de</strong>ste estu<strong>do</strong>, por compreen<strong>de</strong>r as principais iniciativas <strong>do</strong> SEBRAE nosTerritórios da Cidadania <strong>do</strong> Meio Oeste Contesta<strong>do</strong>. Apenas quatro <strong>de</strong>stes municípios estãocom o IDH abaixo <strong>do</strong> 0,8, consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> o limite entre o médio e o alto índice.Na AMNOROESTE estão seis municípios, e apenas três <strong>de</strong>les estão fazen<strong>do</strong> parte<strong>do</strong>s Territórios da Cidadania, salientan<strong>do</strong> que o mesmo concentra a realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> menoresíndices <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento humano. Durante as entrevistas para esse trabalho, poucas foramas citações sobre essa associação, <strong>de</strong>monstran<strong>do</strong> que é uma configuração que merece maioratenção e respeito.Já para a Secretária <strong>de</strong> Programas Regionais (MIN, 2012), que integra o conselhogestor nacional (CGN), as regiões <strong>de</strong> interação são outras. O PROMESO <strong>como</strong> é <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong>o Programa <strong>de</strong> Promoção <strong>de</strong> Sustentabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Espaços Sub-regionais, foi concebi<strong>do</strong> pelaSecretária <strong>de</strong> Programas Regionais e segue as diretrizes da Política Nacional <strong>de</strong>Desenvolvimento Regional (PNDR) Decreto Lei n 0 6047 (MIN, 2012).No caso específico <strong>do</strong> território da Gran<strong>de</strong> Fronteira <strong>do</strong> MERCOSUL, englobamunicípios <strong>de</strong> outros esta<strong>do</strong>s da fe<strong>de</strong>ração <strong>como</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul e Paraná, assim <strong>como</strong>to<strong>do</strong> o Território <strong>do</strong> Meio Oeste Contesta<strong>do</strong>. Compreen<strong>de</strong> 396 Municípios, com área total <strong>de</strong>121 mil quilômetros quadra<strong>do</strong>s e população <strong>de</strong> 3.931.571 habitantes (MIN, 2012). Apesar <strong>de</strong>se constituir em uma mesorregião <strong>de</strong> ocupação antiga, tem grau <strong>de</strong> urbanização relativamentebaixo em relação ao resto <strong>do</strong> País, em torno <strong>de</strong> 65%, concentran<strong>do</strong> parcela significativa dapopulação na zona rural.Mesmo convergin<strong>do</strong> as propostas <strong>do</strong> PTC, <strong>como</strong> <strong>de</strong>limitação <strong>de</strong> espaços subregionaisprioritários cujas conformações permitam a convergência das forças sociais,econômicas e políticas e uma maior eficiência e eficácia na aplicação integrada <strong>do</strong>s recursospúblicos disponíveis, possui um recorte diferente e atores com interesses diferentes.


88Figura 11- PROMESO Gran<strong>de</strong> fronteira <strong>do</strong> MERCOSULFonte: Ministério da Integração Nacional, 2012.Mesmo diante da existência <strong>de</strong> alguns centros industriais na mesorregião, comrelativa diversificação, a agropecuária e a agroindústria constituem a base da sua estruturaprodutiva. Nesse aspecto, os produtos <strong>de</strong> maior relevância são grãos, suínos, aves, bovinos <strong>de</strong>corte e leite, frutas, erva-mate e fumo. Em síntese, a caracterização sociocultural, política egeoeconômica da mesorregião gran<strong>de</strong> fronteira <strong>do</strong> MERCOSUL <strong>de</strong>monstra, <strong>de</strong> um la<strong>do</strong>, umconjunto <strong>de</strong> problemas econômicos e sociais que precisam ser trata<strong>do</strong>s pela parceria entre opo<strong>de</strong>r público, setor priva<strong>do</strong> e organizações da socieda<strong>de</strong> civil e, <strong>de</strong> outro, o gran<strong>de</strong> potencial<strong>de</strong> alavancagem <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento a partir da potencialização <strong>do</strong> seu capital <strong>social</strong> e natural(MIN, 2012).Durante a pesquisa, o Secretário <strong>do</strong> Desenvolvimento Regional <strong>de</strong> Joaçaba SDR(2012) expôs que esse tipo <strong>de</strong> diferenças governamentais na <strong>de</strong>marcação <strong>do</strong>s territóriosprioritários po<strong>de</strong>m acarretar, problemas <strong>de</strong> eficácia nos programas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento. OPTDRS (2006) já <strong>de</strong>monstra a diferença entre duas partes bem distintas, as SDR's <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>PTC Meio Oeste Contesta<strong>do</strong>. Conforme <strong>de</strong>screve o plano territorial <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento ruralsustentável: “Em termos <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> pouco ou quase nada tem em comum. Essas diferençasno entanto estão sen<strong>do</strong> administradas pelos atores locais (PTDRS, 2006, p. 3).”De acor<strong>do</strong> com o <strong>do</strong>cumento o território possui duas SDRs. Uma com se<strong>de</strong> emXanxerê, porção noroeste, com os municípios com os municípios Abelar<strong>do</strong> Luz, Bom Jesus,Entre Rios, Faxinal <strong>do</strong>s Gue<strong>de</strong>s, Ipuaçu, Lajea<strong>do</strong> Gran<strong>de</strong>, Marema, Ouro Ver<strong>de</strong>, Passos Maia,


89Ponte Serrada, São Domingos, Vargeão e Xaxim. Uma segunda composto pela região <strong>de</strong>Joaçaba, porção su<strong>de</strong>ste, com os municípios Água Doce, Capinzal, Catanduvas, Erval Velho,Herval <strong>do</strong> Oeste, Ibicaré, Lacerdópolis, Luzerna, Ouro Ver<strong>de</strong>,Treze Tílias e Vargem Bonita.Figura 12 - Divisão das Secretárias <strong>de</strong> Desenvolvimento RegionalFonte: PTDRS (2006).O Delega<strong>do</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong> MDA, em Santa Catarina, (DFM) aponta que ascontradições <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s recortes entre SDRs, é evi<strong>de</strong>nte, e que a formação <strong>de</strong>stes territóriosnão estabelece uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> homogênea, mas que foi necessária a complementarieda<strong>de</strong>.Mas <strong>como</strong> foi o possível acor<strong>do</strong> com o governo <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> em 2003, que seria dajunção <strong>de</strong> uma ou mais SDR's pra <strong>de</strong>limitar o que seria um território rural <strong>de</strong>i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, nos acabamos concordan<strong>do</strong>, porque tínhamos chega<strong>do</strong> num impasse [...]<strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista conceitual atualmente as SDR's não trazem um território <strong>de</strong>i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>. Foi uma questão administrativa e política <strong>do</strong> governo <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>. Nós iaficar num eterno impasse. Em 2008 surgiu o TC Meio Oeste Contesta<strong>do</strong> (DFM).Durante a entrevista com Secretário da região <strong>de</strong> Joaçaba (SDR), o mesmoargumentou que a tipificação <strong>do</strong>s territórios da cidadania não segue uma padronização <strong>de</strong>indica<strong>do</strong>res para sua escolha. Existem outras forças territoriais nos quais ele acredita que oprograma não previu <strong>como</strong> são as associações <strong>de</strong> municípios, que acabam por dar forçaapenas ao la<strong>do</strong> político, e em muitos casos <strong>de</strong>sprezam as <strong>de</strong>mandas sociais.Os recortes territoriais são muito varia<strong>do</strong>s: A PM tem um recorte, a associação <strong>de</strong>lojistas tem outro, a associação <strong>de</strong> municípios tem outro e por aí vai... Assim édifícil que os interesses se casem, e muito tempo é perdi<strong>do</strong> com <strong>de</strong>bates infrutíferos[...] (SDR).As diferenças da territorialização pública, e a sobreposição <strong>de</strong> territórios e mapasestratégicos <strong>de</strong> ação, trazem dificulda<strong>de</strong> para a dinâmica <strong>do</strong>s processos. Fica a discrepância


90<strong>do</strong>s motivos que fazem com que municípios que estão nas Associações <strong>de</strong> Municípios e noPROMESO, não tenham representação também <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s Territórios da Cidadania <strong>do</strong> MeioOeste Contesta<strong>do</strong>, buscan<strong>do</strong> divisão igualitária <strong>do</strong>s po<strong>de</strong>res regionais <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> programafe<strong>de</strong>ral.Outro ponto que po<strong>de</strong> ser levanta<strong>do</strong> é que o município <strong>de</strong> Irani, palco da batalhaque <strong>de</strong>u origem a conhecida Guerra <strong>do</strong> Contesta<strong>do</strong> não faça parte <strong>do</strong> programagovernamental. Para a ONG, Transparência Municipal (TM, 2010), que trabalha com oscritérios <strong>de</strong> escolha <strong>do</strong> PTC, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> a incorporação gradual <strong>do</strong>s municípios ao programa,propon<strong>do</strong> a equida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ações promovidas pelas políticas públicas em todas as regiões com<strong>de</strong>scentralização <strong>de</strong>cisória. O <strong>de</strong>lega<strong>do</strong> fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong> MDA foi indaga<strong>do</strong> sobre a possibilida<strong>de</strong> dainserção <strong>de</strong> novos municípios no recorte <strong>do</strong> Território da Cidadania <strong>do</strong> Meio OesteContesta<strong>do</strong>, e o mesmo afirmou que não é possível, pois já foi tenta<strong>do</strong> executar tal ação,porém " a regra (<strong>do</strong> programa governamental) não permitiu. Houve uma homologação <strong>do</strong>Conselho, e uma série <strong>de</strong> questões colocadas" (DFM).O último relatório <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento territorial <strong>do</strong> Instituto interamericano <strong>de</strong>cooperação para a agricultura (IICA, 2011), <strong>de</strong>staca a fragilida<strong>de</strong> no qual se encontra adinâmica <strong>de</strong> discussão <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> CODETER <strong>do</strong> Meio Oeste Contesta<strong>do</strong>. Por isso, <strong>de</strong>ntretantas questões que <strong>de</strong>monstram a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fortalecimento da institucionalização, e dagestão <strong>social</strong> <strong>de</strong>ntro da dinâmica pesquisada, um paralelo das informações históricas epráticas, <strong>de</strong>ve ser traça<strong>do</strong>, por uma ótica mais apurada e crítica.4.2.2 Dialogicida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Colegia<strong>do</strong> Territorial Contestada.A estrutura <strong>do</strong> colegia<strong>do</strong> (CODETER) <strong>como</strong> espaço <strong>de</strong> discussão, <strong>de</strong>ve aten<strong>de</strong>r àsrecomendações <strong>de</strong> um <strong>de</strong>bate <strong>de</strong>mocrático e sem interrupção da fala. O espaço é forma<strong>do</strong> pelasocieda<strong>de</strong> civil, organizações não governamentais, representantes das 29 prefeituras e órgãosestaduais e que servem para <strong>de</strong>finir os eixos para o <strong>de</strong>senvolvimento territorial. O <strong>do</strong>cumento<strong>de</strong> formação e acompanhamento <strong>do</strong>s colegia<strong>do</strong>s elabora<strong>do</strong> pelo Instituto interamericano <strong>de</strong>cooperação para a agricultura (IICA, 2011, p. 8), <strong>de</strong>staca que o fomento das ativida<strong>de</strong>s <strong>do</strong>CODETER, <strong>de</strong>ve ser fundamental para a gestão <strong>social</strong>, on<strong>de</strong> "a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ação einfluência, por meio da participação protagonista, <strong>do</strong>s diversos atores sociais nos processos <strong>de</strong>formulação, gestão, acompanhamento e avaliação <strong>de</strong> políticas públicas" possibilita alegitimida<strong>de</strong> e efetivida<strong>de</strong> para as diversas áreas que atingem o <strong>de</strong>senvolvimento rural (<strong>social</strong>,econômica, cultural, política e ambiental). Para Secchi (2010) quan<strong>do</strong> há i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> um


91problema, os atores envolvi<strong>do</strong>s <strong>de</strong>vem propor soluções, aumentan<strong>do</strong> a eficácia <strong>de</strong> gerirpolíticas públicas e alcançar resulta<strong>do</strong>s satisfatórios.O CODETER apresenta um caráter nortea<strong>do</strong>r, que expõe as <strong>de</strong>mandas dasocieda<strong>de</strong>, através da formulação consi<strong>de</strong>radas em torno das políticas, programas e projetos, eque preconizam a gestão <strong>social</strong> <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento territorial, através <strong>de</strong> <strong>de</strong>bates,transparência e participação (CONDRAF, 2005). Na prática esta proposta remete a continuaexecução <strong>do</strong>s processos <strong>de</strong> organização, planejamento, coor<strong>de</strong>nação e controle <strong>social</strong> porparte da socieda<strong>de</strong> e <strong>do</strong>s gestores públicos.Figura 13 - Processo <strong>de</strong> Gestão SocialFonte: MDA (2005, p. 16).Como se percebe, o ciclo se inicia quan<strong>do</strong> há uma visão compartilhada <strong>de</strong> futuro eos atores acabam por convergir nas ações necessárias para <strong>de</strong>senvolver o território, e sanarsuas necessida<strong>de</strong>s. Contu<strong>do</strong> a realida<strong>de</strong> que observamos, e que os <strong>do</strong>cumentos institucionaisnos mostram, é que existe uma divergência entre a prática e a teoria que circunda o Colegia<strong>do</strong><strong>do</strong> Meio Oeste Contesta<strong>do</strong> PTC.De acor<strong>do</strong> com o IICA (2011), o CODETER <strong>do</strong> Meio Oeste Contesta<strong>do</strong>,apresenta uma disparida<strong>de</strong> dialógica, <strong>do</strong>cumentada nos <strong>do</strong>cumentos constituintes, <strong>como</strong> noRegimento Interno <strong>de</strong> 2005, <strong>como</strong> na Comissão <strong>de</strong> Implantação <strong>de</strong> Ações Territoriais- CIAT,e nas atas das reuniões das microrregionais e da coor<strong>de</strong>nação ampliada, que <strong>de</strong>monstram a


92necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> revisão <strong>do</strong> Colegia<strong>do</strong> para aten<strong>de</strong>r as diretrizes <strong>do</strong> PTC e repactuação dainstitucionalida<strong>de</strong> existente. O relatório <strong>do</strong> IICA (2011) indica que a vinda <strong>do</strong> PTC para oterritório, extrapolou a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gerência, <strong>do</strong>s atores envolvi<strong>do</strong>s, e que assim a matriz <strong>de</strong>ações daquele recorte nunca chegou a ser <strong>de</strong>batida.As plenárias que são a instância <strong>de</strong> mais alto grau para as dinâmicas <strong>do</strong>CODETER, e que <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com <strong>do</strong> IICA (2011) não acontecem <strong>de</strong>s<strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 2010,on<strong>de</strong> foram <strong>de</strong>bati<strong>do</strong>s projetos irregulares, <strong>de</strong>monstram que atualmente no Sistema <strong>de</strong>Gerenciamento Estratégico SGE-SDT-MDA, se encontram apenas 5 entida<strong>de</strong>s cadastradas nocolegia<strong>do</strong>.Quadro 7 - Composição <strong>do</strong> CODETER Meio Oeste Contesta<strong>do</strong>Entida<strong>de</strong>sClassificaçãoAssociação <strong>do</strong>s Municípios <strong>do</strong> Meio Associação <strong>de</strong> MunicípiosOeste CatarinenseEmpresa <strong>de</strong> Extensão <strong>de</strong> Pesquisa Órgão Público <strong>de</strong> Pesquisa EstadualPrefeitura Municipal <strong>de</strong> Joaçaba Órgão Público MunicipalPrefeitura Municipal <strong>de</strong> JupiaÓrgão Público MunicipalServiço <strong>de</strong> Apoio as Micros e Pequenas Sistema S (SEBRAE, SENAI, SESC, SENAR).empresas em Santa CatarinaTotal 5Fonte: IICA (2011).Em comparação com o outro Território da Cidadania, o Planalto Norte, quecontempla 113 entida<strong>de</strong>s cadastradas no SGE-SDT-MDA (IICA, 2011), po<strong>de</strong> se ter umanoção <strong>de</strong> <strong>como</strong>, o CODETER <strong>do</strong> Meio Oeste Contesta<strong>do</strong>, está <strong>de</strong>sorganiza<strong>do</strong> e semparticipação ativa das entida<strong>de</strong>s públicas, e sem nenhum representante da socieda<strong>de</strong>.Segun<strong>do</strong> o Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r Estadual <strong>do</strong> SEBRAE para o programa Territórios daCidadania <strong>de</strong> Santa Catarina, o projeto <strong>do</strong> SEBRAE <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s Territórios <strong>do</strong> Meio OesteContesta<strong>do</strong> iniciou-se no final <strong>de</strong> 2007 para 2008, quan<strong>do</strong> foram chama<strong>do</strong>s to<strong>do</strong>s os órgãosfe<strong>de</strong>rais que possuíam projetos na região para participarem <strong>de</strong> um fórum <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimentoregional para a <strong>social</strong>ização <strong>de</strong>stes projetos. Segun<strong>do</strong> o mesmo: “No quesito da governança<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o inicio até hoje, apenas 3 ou 4 reuniões foram feitas na integração <strong>de</strong>stes órgãos <strong>de</strong>ntro<strong>do</strong> Territórios da Cidadania <strong>do</strong> Meio-Oeste Contesta<strong>do</strong>, <strong>de</strong>pois não houve mais” (SEBRAE1).A falta <strong>de</strong> encontros, e a pouca frequência no controle das ações, e interação entreos interlocutores, po<strong>de</strong> segmentar a continuida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s processos. No caso da regional <strong>de</strong>Joaçaba, a Associação <strong>do</strong>s Municípios <strong>do</strong> Meio Oeste Contesta<strong>do</strong>, AMMOC, é o interlocutora


93entre o SEBRAE e os Territórios da Cidadania: “Existe o colegia<strong>do</strong> local [...] a representanteda AMMOC é nossa ponte junto aos Territórios e aos órgãos públicos [...] Através <strong>de</strong>les nospercebemos as necessida<strong>de</strong>s locais [...]" (SEBRAE2). Nota-se a formação <strong>de</strong> po<strong>de</strong>resrepresentativos paralelos na <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> interesses institucionais.Na região da AMMOC o público que caracteriza a questão <strong>do</strong> interesse públicosão as prefeituras, os secretários e também as pessoas da agricultura. Com os assentamentosparece haver uma ótima relação, possuem tranquilida<strong>de</strong> na tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão, e os processosconseguiram novos i<strong>de</strong>ais cooperativistas ao longo <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento no projeto. Na regiãoda AMAI há uma cultura diferente, as buscas são por influência e os sindicatos rurais lutampor espaço. Esse arranjo trás uma troca <strong>de</strong> experiências interessante diz a representante daAMMOCA gente apren<strong>de</strong>u que com essa diferença entre associações, para nós foi muitoimportante [...] a gente apren<strong>de</strong>u muito essa luta <strong>de</strong>les que a gente não tem aqui, eeles apren<strong>de</strong>ram a questão <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver através <strong>do</strong> consenso [...] essa diferençafez com que a gente buscasse junto resolver nossos problemas. (AMMOC).Há melhorias <strong>de</strong>ntro da dinâmica <strong>do</strong>s Territórios da Cidadania <strong>do</strong> Meio-OesteContesta<strong>do</strong>, que merecem atenção, apontam atores envolvi<strong>do</strong>s nos processos, <strong>como</strong> aEPAGRI. Mesmo com a diferenciação territorial que acontece entre a associação <strong>de</strong>municípios, toman<strong>do</strong>, por exemplo, a AMMOC on<strong>de</strong> Joaçaba exerce maior <strong>de</strong>staque, e aAMAI on<strong>de</strong> Xanxerê exerce maior <strong>de</strong>staque.Há momentos nos quais <strong>de</strong>veria haver maior solidarieda<strong>de</strong> entre as associações, masquase sempre não é assim, pois <strong>como</strong> a AMAI possui mais municípios acaba ten<strong>do</strong>maior po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> voto nas plenárias <strong>do</strong>s Territórios da Cidadania <strong>do</strong> Meio-OesteContesta<strong>do</strong> (EPAGRI).O entrevista<strong>do</strong> reconhece que as prefeituras são os maiores beneficia<strong>do</strong>s <strong>do</strong>programa governamental, por isso criam tais artifícios <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r associativista, visan<strong>do</strong> tãosomente as verbas fe<strong>de</strong>rais e muitas vezes não conseguem captar a essência <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong>com outros municípios <strong>de</strong> outras associações. "Quan<strong>do</strong> consegue algum beneficio <strong>do</strong>programa através <strong>do</strong> município, sabe que aquela benfeitoria não é exclusivamente sua, eexiste um regime <strong>de</strong> <strong>como</strong>dato, on<strong>de</strong> ele também <strong>de</strong>ve entrar com uma contrapartidafinanceira” (EPAGRI).Sobre a forma no qual os ministérios se agrupam para que possuam eficácia dasações juntamente no atendimento <strong>de</strong> <strong>de</strong>mandas sociais, ainda não está com uma administração


94pública prove<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> proveitosa repassagem <strong>de</strong> bom serviço público. Mesmo com 10 anos <strong>de</strong>programa em andamento, conta<strong>do</strong>s o perío<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Territórios Rurais, e <strong>do</strong>s Territórios daCidadania, a assimilação <strong>de</strong> vários conceitos ainda é fraca, e os interesses particularesparecem sobressair aos interesses públicos. Neste ponto percebe-se que o governo fe<strong>de</strong>ral,utilizou a estrutura <strong>de</strong> um programa que estava vigente, contu<strong>do</strong> sem visibilida<strong>de</strong> territorial, eo repaginou, com uma versão mais transparente e polida. O "velho" com roupa "nova".Os ministérios estão lá [...] são várias escadas né, aqui nos trabalhamos osmunicípios e a região. As <strong>de</strong>mandas vão para o órgão estadual, que tem a <strong>de</strong>legacia<strong>do</strong> MDA, que representa as esferas governamental fe<strong>de</strong>ral [...] aqui nos temos oJurandi Gugel, ele que é o <strong>de</strong>lega<strong>do</strong> aqui em Santa Catarina, ele o representante <strong>do</strong>sministérios [...]. Aqui na nossa região a gente não tem esse problema <strong>de</strong>comunicação, entre o agricultor entre a prefeitura [...]eu tenho uma articulação boacom essas áreas [...] já a região da AMAI é um pouco diferente [...] a associação lánão tem integração que nos temos aqui, os sindicatos lá são muito mais ferrenhos[...] os próprios assentamentos lá são diferentes [...] aqui (AMMOC) é maistranquilo[...] talvez sejam mais a<strong>como</strong>da<strong>do</strong>s, não sei [...] é <strong>como</strong> eles sempre dizem,a região da AMMOC trabalha mais com o público, lá (AMAI) é mais o civil [...] opúblico lá não resolve (AMMOC).Mesmo ocorren<strong>do</strong> uma franca disparida<strong>de</strong> entre as necessida<strong>de</strong>s territoriais, umacerca troca <strong>de</strong> comunicação entre as duas instituições está possibilitan<strong>do</strong> que novas estratégiaspara a tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão possam ser usadas. Essa configuração <strong>do</strong>s territórios torna a ligaçãoentre estas associações uma maneira interessante <strong>de</strong> gerir informação, e dar po<strong>de</strong>r aosinteresses municipais locais. Os recursos para a bem feitoria <strong>de</strong> obras estruturais, eimplementação agrícola, que representam a maior necessida<strong>de</strong> da região, apenas sãoalcança<strong>do</strong>s com a parceria entre instituições municipais, por isso precisam muitas vezes <strong>de</strong>qualida<strong>de</strong>s complementares.Talvez por essas e outras dificulda<strong>de</strong>s, que tratam da captação <strong>de</strong> recursospúblicos fe<strong>de</strong>rais, <strong>de</strong>ntro da dinâmica <strong>do</strong> Território <strong>do</strong> Meio-Oeste Contesta<strong>do</strong>, afirma orepresentante da EPAGRI, o nível <strong>do</strong> <strong>de</strong>bate tem aumenta<strong>do</strong> e os próprios agricultores e suasrespectivas <strong>de</strong>mandas tem frequenta<strong>do</strong> as plenárias territoriais. Para o mesmo, o foco agora<strong>de</strong>ntro das reuniões é, em conjunto, aten<strong>de</strong>r as <strong>de</strong>mandas mais urgentes e com maiorviabilida<strong>de</strong> nos municípios com maiores índices <strong>de</strong> pobreza, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente dasassociações que façam parte.Para o Delega<strong>do</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong> MDA, (DFM) a situação <strong>do</strong> CODETER <strong>do</strong> MeioOeste Contesta<strong>do</strong> está <strong>de</strong>sta forma por componentes políticos divergentes entre esferas locaise regionais, e corrobora com as conclusões <strong>do</strong> relatório <strong>do</strong> IICA (2011).


95Temos outros componentes, se tem dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazer em cada esfera <strong>de</strong> governo,fazer esta inter-relação, esse diálogo mais horizontal, entre as esferas fe<strong>de</strong>rativas émuito mais <strong>de</strong>safia<strong>do</strong>r, por que ai você tem um componente político. Por exemplo,aqui no esta<strong>do</strong>, nós tínhamos um diálogo, hoje as coisas estão paradas, não há amesma intensida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s anos <strong>de</strong> 2008, 2009 e 2010. O esta<strong>do</strong> aqui apresentoudiversas dificulda<strong>de</strong>s. Por exemplo, as secretarias setoriais, educação, saú<strong>de</strong>,agricultura, elas estabeleciam um nível <strong>de</strong> diálogo com o programa aqui (fe<strong>de</strong>ral),mas quan<strong>do</strong> chegava nas SDR's era outra leitura. O pessoal não estavacontextualiza<strong>do</strong> e não participava <strong>do</strong> CODETER <strong>de</strong> forma intensa, interagin<strong>do</strong>.Quan<strong>do</strong> chegava no gerente regional da SDR dizia: "Aqui ninguém me falou, aquiminha política é essa." Ou começava tu<strong>do</strong> <strong>do</strong> zero <strong>de</strong> novo, porque eles tem omesmo status, são secretárias <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong>. Há um conflito <strong>de</strong> governança, então essascoisas foram dificultan<strong>do</strong> as coisas aqui no Meio Oeste Contesta<strong>do</strong> (DFM, 2012).Os problemas <strong>de</strong> Dialogicida<strong>de</strong> acontecem frequentemente no PTC <strong>do</strong> Meio OesteContesta<strong>do</strong>, e os interesses políticos parecem fronteiras que impe<strong>de</strong>m que ações conjuntasentre os atores governamentais e da socieda<strong>de</strong> possam interagir em relação ao enfrentamento<strong>de</strong> <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s. O relatório da IICA (2012), para a situação <strong>do</strong> CODETER <strong>do</strong> território,acena para um erro <strong>de</strong> limites e sugere o <strong>de</strong>smembramento em duas partes que satisfaçam asi<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s culturais e territoriais das SDR's <strong>de</strong> Joaçaba e Xanxerê. Na última ata <strong>do</strong>CODETER (2009), as menções sobre os problemas <strong>de</strong> comunicação, indisponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>da<strong>do</strong>s reais <strong>do</strong> território, restrições aos <strong>de</strong>bates e <strong>de</strong>finições mostram, infelizmente, que adinâmica da participação não foi formalizada no território, resultan<strong>do</strong> em um ciclo <strong>de</strong> gestão<strong>social</strong>, sem base consistente, para aten<strong>de</strong>r as <strong>de</strong>mandas vinda da população em geral.4.2.3 Reflexos latentes da GuerraA passagem histórica lembrada <strong>como</strong> a Guerra <strong>do</strong> Contesta<strong>do</strong>, ocorrida entre osterritórios <strong>de</strong> Santa Catarina e <strong>do</strong> Paraná, e que incrustou consequências sociais que afetam aregião, é lembrada <strong>como</strong> a terceira maior revolta campesina no mun<strong>do</strong> (ESTADÃO, 2012). Abiografia que vem sen<strong>do</strong> escrita sobre esse momento histórico, <strong>de</strong>dica boa parte <strong>de</strong> suaprodução para abordar sobre o assunto militar ou religioso.A Universida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Oeste <strong>de</strong> Santa Catarina, UNOESC, é uma instituição queabriga um gran<strong>de</strong> lega<strong>do</strong> <strong>de</strong> manutenção e preservação das raízes sociais e econômicas daregião. Seu acervo bibliográfico conta com inúmeros títulos, com os quais uma análise foifeita. O historia<strong>do</strong>r, funcionário entrevista<strong>do</strong> da instituição e coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r <strong>do</strong> novo centrohistórico, especialista em administração financeira apresenta uma visão apurada sobre essalinha temporal.


96O governo da época foi quem escreveu esses materiais. Veja quem são osautores[...]olha[...]Major Potiguara, Relatório General Setembrino <strong>de</strong> Carvalho,etc...na verda<strong>de</strong> quem combateu eles (os cablocos), foi o governo na época, e quemescreveu estes materiais. E outra, assim ó, se você pegar vários municípios aqui noOeste[...]um é Coronel Martins, Capitão Matos Costa[...]existia naquela época, noBrasil político um positivismos muito forte. Queriam apagar essa questão <strong>social</strong>, né.Quem era esse povo? Ainda tem muitos <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>stes cablocos digamosassim <strong>como</strong> diz o pessoal [..].e eles tão aí on<strong>de</strong> tá.[...] nas barracas <strong>do</strong>s rios,totalmente marginaliza<strong>do</strong>s[...]na época da guerra foi cruel (UNOESC).Para enten<strong>de</strong>r <strong>como</strong> uma ação <strong>de</strong>sastrada <strong>do</strong> governo ao combater a insatisfaçãopopular em uma época on<strong>de</strong> havia uma gran<strong>de</strong> fartura <strong>de</strong> terra, vemos a solução permeada porum banho <strong>de</strong> sangue que foi lavra<strong>do</strong> pela espada da estupi<strong>de</strong>z e arrogância mesquinha. Que osinteresses capitalistas estiveram no jogo <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r para <strong>do</strong>mínio <strong>do</strong> território é evi<strong>de</strong>nte.Empresas <strong>de</strong> classe mundial, já à época, buscavam se apo<strong>de</strong>rar <strong>de</strong> maneira espúria, dasriquezas <strong>de</strong> outras nações. Conforme as palavras <strong>do</strong> entrevista<strong>do</strong> da UNOESC “Os projetos anível nacional que eles queriam fazer, a própria questão da Lumber ou mesmo a RailwayCompany, não tinha uma preocupação <strong>social</strong>, apenas econômica.”O entrevista<strong>do</strong> (ECF), musico, historia<strong>do</strong>r , folclorista e radialista da região,<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> sobreviventes, quan<strong>do</strong> da pesquisa <strong>de</strong> campo em entrevista, agrega umaimportante contribuição a este estu<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> nos remete à dinâmica política da época. Para omesmo, a história só sairá vitoriosa se a saga <strong>do</strong> venci<strong>do</strong> também pu<strong>de</strong>r ser contada. Traz osfatos, que pelo meio <strong>de</strong> entrevistas, e relatos passa<strong>do</strong>s por gerações, arquiva e cria canções,visan<strong>do</strong> que a cultura <strong>do</strong> Contesta<strong>do</strong> nunca se apague.Contu<strong>do</strong> há muitos motivos que são levanta<strong>do</strong>s para <strong>de</strong>svendar o estopim <strong>de</strong> <strong>como</strong>o confronto começou, muitos enfoques, verda<strong>de</strong>s e mentiras. Os especialistas <strong>de</strong> suas áreasacabam trazen<strong>do</strong> uma visão sobre a guerra assimilada <strong>de</strong> alguma forma com sua própriarealida<strong>de</strong>, <strong>como</strong> exposta na fundamentação teórica <strong>de</strong>ste estu<strong>do</strong>.[...] SC e PR que se digladiaram por décadas, transforman<strong>do</strong> o exercito nacional embo<strong>de</strong> expiatório <strong>de</strong> suas cobiças...por exemplo... está no livro <strong>do</strong> Átila José Borges, éum coronel da aeronáutica radica<strong>do</strong> em Curitiba, (escreveu) Pelu<strong>do</strong> contra Pela<strong>do</strong>(2004)[...]conta o encontro <strong>de</strong> Percival Farquhar no Rio <strong>de</strong> Janeiro, com seu staff.Ali ele anunciou a to<strong>do</strong>s o gran<strong>de</strong> feito <strong>de</strong> sua empresa[....]contrato <strong>de</strong> convênio <strong>como</strong> Governo Fe<strong>de</strong>ral para a construção <strong>de</strong> uma estrada <strong>de</strong> ferro ligan<strong>do</strong> São Paulo aoRio Gran<strong>de</strong>, senti<strong>do</strong> vertical.[..]estavam to<strong>do</strong>s seus auxiliares, engenheiros médicos,advoga<strong>do</strong>s, técnicos, inclusive alguns terceiriza<strong>do</strong>s que ouviam sua exposição[...]emmeio as palmas, um <strong>de</strong>les perguntou: "mas vem cá Mrs. Farquhar, tu<strong>do</strong> isso <strong>de</strong>graça? " e ele respon<strong>de</strong>u: "Não não, nada disso, tivemos gran<strong>de</strong> dispêndio com parte<strong>do</strong>s <strong>de</strong>puta<strong>do</strong>s para aprovar o projeto (ECF).


97As táticas mais sujas foram empregadas, para que fosse assegura<strong>do</strong> a manutenção<strong>do</strong> capital na mão <strong>do</strong> interesse priva<strong>do</strong> especulativo. De acor<strong>do</strong> com Vasconcelos (2000, p.23)"o Contesta<strong>do</strong>, foi o resulta<strong>do</strong> da soma das cobiças <strong>de</strong>senfreada, <strong>de</strong> injustiças múltiplas, com aparticipação <strong>de</strong> políticos governistas e <strong>de</strong> estrangeiros" culminan<strong>do</strong> em um conflito nuncavisto antes na história <strong>do</strong> Brasil e que reprimiu e revoltou muitas pessoas. O mesmo autorsalienta que com a importância gasta durante o conflito seria possível alavancar o<strong>de</strong>senvolvimento da região, com educação e justiça, e principalmente sem nenhuma perdahumana.Muita gente estava evolvida, muitas culturas e i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s. Estrangeiros, gaúchos,paranaenses e caboclos conviveram além da or<strong>de</strong>m cronológica <strong>de</strong> 1912 a 1916. Os conflitose tiroteios isola<strong>do</strong>s eram frequentes, muitas <strong>de</strong>stas pessoas eram vistos <strong>como</strong> bandi<strong>do</strong>sfugitivos. Os coronéis eram os mais violentos e combatiam os invasores por estaremutilizan<strong>do</strong> espaço priva<strong>do</strong>. Estes invasores cablocos não possuíam <strong>do</strong>cumentos, mas jápossuíam seus bens e famílias conviven<strong>do</strong> em comunida<strong>de</strong>s, e po<strong>de</strong>riam ser melhor<strong>de</strong>nomina<strong>do</strong>s <strong>como</strong> "caboclos oestinos" (UNOESC).Para o entrevista<strong>do</strong> ECF, um <strong>do</strong>s principais motivos que levaram a uma tomada <strong>de</strong><strong>de</strong>cisão errôneo pela administração pública da época, foi a total <strong>de</strong>legação <strong>do</strong><strong>de</strong>senvolvimento da região às empresas <strong>de</strong> classe mundial e o gran<strong>de</strong> patriotismo <strong>do</strong>s caboclosoestinos na <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> seus i<strong>de</strong>ais.Construída a estrada <strong>de</strong> ferro, a moeda <strong>de</strong> pagamento foi 30 quilômetros em cima <strong>do</strong>eixo viário [...] Quan<strong>do</strong> terminou aquilo, Farquhar foi ao Marechal Hermes parareceber[...]e o Marechal <strong>de</strong> <strong>de</strong><strong>do</strong> em risco na sua cara então disse: "Olha[...] você járecebeu por antecipação." E Farquhar disse: "Mas lá está cheio <strong>de</strong> bandi<strong>do</strong>, <strong>de</strong>fanáticos, <strong>de</strong> jagunços, <strong>de</strong> gente perigosa [...] " o Marechal por sua vez respon<strong>de</strong>:"Eu não tenho exército para expulsar essa gente, monte você o seu!" Então foioficializa<strong>do</strong> o Corpo <strong>de</strong> Segurança da Lumber, forma<strong>do</strong> por 200 homenscomanda<strong>do</strong>s pelo comandante Palhares <strong>de</strong> Melo. Na expulsão <strong>do</strong>s nativos, umexército estrangeiro <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> território nacional, os mesmos nativos que legaram aoBrasil essa terra. Quan<strong>do</strong> chegavam aos limites <strong>do</strong>s 15 quilômetros, os apazigua<strong>do</strong>s<strong>do</strong> governo já haviam <strong>do</strong>cumenta<strong>do</strong> tu<strong>do</strong> [...] antes a terra tinha valor <strong>de</strong> uso, e apósos acontecimentos começaram a ter valor <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> (ECF).Este nativos, caboclos oestinos, eram pessoas que já <strong>de</strong>sempenhavam papéissociais na região, <strong>de</strong> comércio e trabalho. A mão <strong>de</strong> obra <strong>de</strong>stas pessoas serviu para aconstrução da linha <strong>de</strong> ferro, e também para a manutenção das fazendas e da produçãoagrícola para abastecer os aglomera<strong>do</strong>s urbanos. No entanto a política pública da época nãoobe<strong>de</strong>cia princípios básicos para um <strong>de</strong>senvolvimento or<strong>de</strong>na<strong>do</strong>, on<strong>de</strong> o cidadão seria focodas benesses. Os fortes interesses políticos sobressaíram.


98Hoje é o contrario, tem muita gente e pouca terra, e hoje se faz assentamento...entãoa questão <strong>de</strong> botar mapas encarquilha<strong>do</strong>s na frente, história entre coroas, históriaentre Brasil e Argentina, história entre Paraná e Santa Catarina [...] A questão <strong>do</strong>me<strong>do</strong> <strong>de</strong> uma nova Canu<strong>do</strong>s, é discutível[...]o fato é que tu<strong>do</strong> partiu não <strong>do</strong> exército,ou das forças armadas [...] eles não tem po<strong>de</strong>r para <strong>de</strong>cidir, eles só cumpremor<strong>de</strong>ns...quem <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> é o po<strong>de</strong>r político, é o po<strong>de</strong>r <strong>do</strong> executivo [...] é isso que<strong>de</strong>ci<strong>de</strong> [...] acontece que quan<strong>do</strong> surgiu a notícia <strong>do</strong> movimento messiânico noTaguaruçu, o prefeito <strong>de</strong> Curitibanos, na época era inten<strong>de</strong>nte, tinha seu adversáriopolítico mais forte, <strong>do</strong>no da fazenda que abrigava o Taguaruçu, que foi on<strong>de</strong> sereuniram os cablocos em torno <strong>do</strong> monge[...]numa época que não havia, médico, nãotinha farmácia[...]o povo <strong>de</strong>sassisti<strong>do</strong> já vin<strong>do</strong>s antes disso, alicia<strong>do</strong>s nos esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>Rio <strong>de</strong> Janeiro, Pernambuco, Bahia e São Paulo[...]<strong>de</strong> oito à 10 mil operários <strong>do</strong>mais baixo escalão <strong>social</strong>, para trabalhar na estrada <strong>de</strong> ferro[...]com promessasmirabolantes <strong>de</strong> enriquecimento que po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> voltar ricos para suas terras, pelamesma ferrovia [...] Além <strong>do</strong>s <strong>de</strong>tentos tira<strong>do</strong>s das ca<strong>de</strong>ias que tinham a promessa <strong>de</strong>liberda<strong>de</strong> e possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ficarem ricos [...] contu<strong>do</strong> o regime eraescravocrata[...]quem não aceitava a trabalhar na base da chibata, era <strong>de</strong>gola<strong>do</strong> ejoga<strong>do</strong> no rio <strong>do</strong> peixe, além <strong>do</strong> tratamento <strong>de</strong> mal vesti<strong>do</strong>, mal instala<strong>do</strong> e malnutri<strong>do</strong>[...]além disso agora a chibata [...] diz um engenheiro da época[... ]está nolivro <strong>de</strong> Oswal<strong>do</strong> Cabral[...]que se pu<strong>de</strong>sse reunir o sangue <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os cadáveresque ele viu boian<strong>do</strong> sobre as águas <strong>do</strong> rio <strong>do</strong> peixe, ficariam rubras por semanasconsecutivas[...]se elas pu<strong>de</strong>ssem falar, elas gemeriam[...]isso não é fala<strong>do</strong> [...] nósprecisamos criar indignação [...] contra o mal, para que haja solidarieda<strong>de</strong> ao bem,indignação contra o opressor, para que haja solidarieda<strong>de</strong> ao oprimi<strong>do</strong> [...] asolidarieda<strong>de</strong> nos conduz a fraternida<strong>de</strong>, a fraternida<strong>de</strong> à coesão, e sem coesão nãohá pátria [...] e diz um pensa<strong>do</strong>r que se você quer resolver os problemas da pátriaresolva primeiro os problemas da sua al<strong>de</strong>ia [...] e aqui nossa al<strong>de</strong>ia esteve bem mal(ECF).Para o autor mesmo <strong>de</strong>pois que a Guerra havia si<strong>do</strong> finalmente concluída, aindahouve muitas atrocida<strong>de</strong>s, e que possivelmente abalaram as dinâmicas <strong>de</strong> diálogo entre asesferas <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r e a socieda<strong>de</strong> civil local. Para Vasconcelos (2000) é proposital que a questão<strong>do</strong> Contesta<strong>do</strong> seja pouco <strong>de</strong>batida e tida <strong>como</strong> exemplo perante a cultura brasileira, pois vai<strong>de</strong> encontro aos interesses políticos sucessores da batalha.Depois que terminou a Guerra, disse o general presi<strong>de</strong>nte da república, que agora asforças fe<strong>de</strong>rais saíram <strong>do</strong> território e compete aos governos a limpeza <strong>do</strong>s bandi<strong>do</strong>s[...] isto consistiu em apreensão e execução sumária, <strong>de</strong> veteranos <strong>de</strong> guerra,testemunhas oculares, e remanescentes das famílias assassinadas [...] eu fui cria<strong>do</strong>assim com muito me<strong>do</strong> <strong>de</strong> falar o que pensava [...] para mim os políticos mandaramos trabalha<strong>do</strong>res para cá, para que aqui fosse o palco <strong>do</strong> massacre [...] em uma épocaque não existia contagem populacional ineficiente [...] não se sabe quantosmorreram [...] houve relatos <strong>de</strong> pessoas que, não podiam comer a carne <strong>de</strong> porco,pois os porcos comiam cadáveres humanos (ECF).Não é difícil <strong>de</strong> acreditar, após escutar tal relato, que a ferida que foi <strong>de</strong>ixavanaquele território, não esteja latente até os dias <strong>de</strong> hoje. O forma na qual estas pessoas eramtratadas, e reconhecidas, trouxe sim dificulda<strong>de</strong>s ao diálogo vin<strong>do</strong> das <strong>de</strong>mandas populares. Agestão quan<strong>do</strong> não trabalha questões essenciais da sustentabilida<strong>de</strong> e <strong>do</strong> <strong>social</strong>, trabalha <strong>como</strong>


99uma <strong>do</strong>ença no meio <strong>do</strong>s atores, afetan<strong>do</strong> na psicopatia <strong>de</strong> aquisição financeira sem respeitoàs suas externalida<strong>de</strong>s (GAULEJAC, 2007).Atualmente há um teatro no município <strong>de</strong> Joaçaba que acontece por intermédio daUNOESC, que conta a história pela visão <strong>do</strong> oestino, e busca atingir especta<strong>do</strong>res em nívelestadual e nacional. Nas escolas municipais foi lembra<strong>do</strong> o caso da guerra mas sem muitarepercussão, o que <strong>de</strong>veria ser trabalha<strong>do</strong> mais intensamente. Este aspecto cultural levanta<strong>do</strong>pelo entrevista<strong>do</strong>r, trata-se <strong>do</strong> Projeto “Centenário <strong>do</strong> Contesta<strong>do</strong>”, realiza<strong>do</strong> pela UNOESCatravés <strong>do</strong> Grupo Toca <strong>de</strong> Teatro Universitário e com apoio <strong>do</strong> Ministério da Cultura por meioda Lei Rouanet. Além da apresentação teatral em vários locais, também prevê outras ações: aprodução <strong>de</strong> uma minissérie e <strong>de</strong> um <strong>do</strong>cumentário televisivo com cenas em locais que forampalco <strong>do</strong> conflito e a criação <strong>de</strong> uma biblioteca virtual que reunirá informações, imagens,<strong>do</strong>cumentos e outros arquivos referentes ao episódio histórico. A peça relata o contextohistórico, político e <strong>social</strong> vivencia<strong>do</strong> no Meio-oeste Catarinense entre 1912 e 1916, durante aGuerra <strong>do</strong> Contesta<strong>do</strong>. Ela resgata os costumes, linguagem e religiosida<strong>de</strong> da população daregião, trazen<strong>do</strong> <strong>como</strong> centro da narrativa a trajetória <strong>do</strong> personagem religioso João Maria,que teve participação marcante nos acontecimentos da época (UNOESC).Sobre a questão <strong>do</strong> Contesta<strong>do</strong>, o Secretário da SDR afirma que na porçãosu<strong>do</strong>este, essa recordação histórica <strong>de</strong> enfrentamento é muito gran<strong>de</strong>, e que a UNOESC é agran<strong>de</strong> fomenta<strong>do</strong>ra <strong>de</strong>sse patrimônio cultural. Frisou ainda que existem os <strong>do</strong>is la<strong>do</strong>s damoeda, a <strong>do</strong> conquista<strong>do</strong>r, exército e governo, e <strong>do</strong> conquista<strong>do</strong>, <strong>do</strong> caboclo oestino. Com os100 anos <strong>do</strong> Contesta<strong>do</strong>, a versão <strong>do</strong> caboclo ficou à tona, principalmente com os eventosculturais promovi<strong>do</strong>s pela UNOESC, e ele acredita que através <strong>de</strong>stas iniciativas o povo daregião crie "laços sociais mais estreitos e busque enfrentamento pelo <strong>de</strong>senvolvimento juntoao governo <strong>de</strong> forma pacifica e or<strong>de</strong>nada" (SDR).Para o Delega<strong>do</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong> MDA (DFM) a questão <strong>do</strong> Contesta<strong>do</strong> ainda é umponto crucial para o avanço <strong>do</strong>s <strong>de</strong>bates e interação entre os atores <strong>do</strong> Meio Oeste Contesta<strong>do</strong>.O território <strong>de</strong>veria ter outra abrangência, que preservasse estas características históricas.Essa questão da guerra é mais presente no Planalto Norte <strong>do</strong> que no Meio OesteContesta<strong>do</strong>. Essa questão da cultura <strong>do</strong> Contesta<strong>do</strong> não chegou no CODETER. Nasplenárias <strong>do</strong> Planalto Norte sempre é cita<strong>do</strong>, na forma <strong>de</strong> reforçar as raízes. Épreciso pessoas mais envolvidas nas histórias da região. A Figura <strong>de</strong> Vicente Telles,era um <strong>de</strong>stes que eu penso que <strong>de</strong>veria estar presente. Houve um problemaconceitual no inicio <strong>do</strong> processo, o governo <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> já havia mapea<strong>do</strong> os <strong>de</strong>senhos<strong>do</strong>s territórios, engloban<strong>do</strong> as SDRs, em uma <strong>de</strong>cisão política eleitoral praticamente,e um pouco <strong>do</strong> la<strong>do</strong> administrativo. Não fez parte <strong>do</strong> <strong>de</strong>bate <strong>do</strong> governo <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>, aquestão das i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s territórios. E quan<strong>do</strong> nos chegamos com os PTC, nos


100<strong>de</strong>paramos com isso. Eles seriam totalmente outros se fossem levar em conta aquestão <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>. Por exemplo, não seria parte <strong>do</strong> PTC, o município <strong>de</strong>Joaçaba, e Irani entraria. O Governo <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> não se abriu para discutir com asocieda<strong>de</strong> civil, e se fechou para a potencialida<strong>de</strong> <strong>do</strong> diálogo (DFM).No ano <strong>de</strong> 2012, foram completa<strong>do</strong>s 100 anos da fatídica história <strong>do</strong> Contesta<strong>do</strong>, ealguns eventos foram produzi<strong>do</strong>s para comemorar e relembrar, sob os diferentes pontos <strong>de</strong>vista as causas e consequência <strong>do</strong> <strong>de</strong>senrolar da trama. Em um <strong>de</strong>les, aconteci<strong>do</strong> na UFSC, oSimpósio <strong>do</strong> Centenário <strong>do</strong> Movimento <strong>do</strong> Contesta<strong>do</strong>, uniu mais 2 instituições, a UFPEL, e aUFFS, para ao longo <strong>do</strong> ano, <strong>de</strong>baterem sobre a situação <strong>do</strong>s acervos bibliográficos,patrimônios históricos, população remanescente <strong>do</strong> conflito, <strong>de</strong>ntre outros. De acor<strong>do</strong> com o<strong>do</strong>cumento, a região conta com municípios com baixos índices <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida e vemsen<strong>do</strong> marginalizada ao <strong>de</strong>correr das décadas, ten<strong>do</strong> seus locais <strong>de</strong> memória, e acervohistórico, sofri<strong>do</strong> pelo <strong>de</strong>scaso da administração pública (CARTA IRANI, 2012).Para Sachs (2008) a diferença entre o passa<strong>do</strong> e o presente, é que os refugia<strong>do</strong>s <strong>do</strong>campo que vinham para as cida<strong>de</strong>s no fim <strong>do</strong> século XIX, e em gran<strong>de</strong> parte <strong>do</strong> XX,encontravam oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> trabalho nas indústrias e ativida<strong>de</strong>s fordistas, e hoje a mesmaestá se <strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong> através <strong>do</strong> progresso técnico e não <strong>do</strong> emprego humano. No caso <strong>do</strong>Contesta<strong>do</strong>, on<strong>de</strong> as pessoas foram expulsas violentamente, e já conviviam com a exploraçãoor<strong>de</strong>ira da máquina capitalista, a história está se per<strong>de</strong>n<strong>do</strong>, e o <strong>de</strong>scaso governamental emfunção da história é evi<strong>de</strong>nte. Os espaços <strong>de</strong> <strong>de</strong>bate não estão sen<strong>do</strong> permea<strong>do</strong>s pelasexperiências que o passa<strong>do</strong> proporcionou, e a qualida<strong>de</strong> das <strong>de</strong>cisões é questionada através<strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s que estão sen<strong>do</strong> alcança<strong>do</strong>s. A i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> territorial parece abalada.Mesmo assim Sachs (2008) salienta que, há boas razões para consi<strong>de</strong>rar aspotencialida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento rural, sen<strong>do</strong> que o PTC trará subsídios importantes, para<strong>de</strong>finir um novo ciclo <strong>de</strong> progresso junto com a agricultura familiar. As características quecompõe o território, através <strong>de</strong> seus municípios, SDRs, e Ministérios, e outros atoresinstitucionais são os fatores chave para a escolha cartográfica <strong>do</strong> recorte <strong>de</strong> açãointerministerial <strong>do</strong> Meio Oeste Contesta<strong>do</strong> PTC.Para aprofundarmos a discussão <strong>de</strong>ste estu<strong>do</strong> dissertativo, busca-se trazer um <strong>do</strong>sgran<strong>de</strong>s agentes <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento na região. O SEBRAE possui um <strong>de</strong>senho <strong>de</strong> ação beminteressante na região, e está gerin<strong>do</strong> sua força produtiva, visan<strong>do</strong> um <strong>de</strong>senvolvimentoterritorial mais efetivo.


1014.3 SEBRAE NO DESENVOLVIMENTO TERRITORIALDurante o movimento <strong>do</strong> Contesta<strong>do</strong>, a inserção <strong>de</strong> uma dinâmica diferente dahabitual, com a presença <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s industrias <strong>de</strong> classe mundial, foi <strong>de</strong>cisiva para osresulta<strong>do</strong>s negativos que alcançaram muitas gerações. No recorte atual temos diversos atoresque estão propician<strong>do</strong> uma velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento aos territórios que por motivoshistóricos e culturais, estavam estagna<strong>do</strong>s em relação aos avanços econômicos e qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>vida. Por isso os interesses <strong>de</strong>stes atores são que gran<strong>de</strong> importância para <strong>de</strong>legar e arranjar osmeios <strong>de</strong> diálogo e coesão <strong>social</strong>, e que possibilitem a criação <strong>de</strong> benesses dura<strong>do</strong>uras aopúblico alvo das políticas públicas ofertadas no território.Para o SEBRAE (2012), o <strong>de</strong>senvolvimento territorial procura promoverassistência técnica e gerencial para negócios existentes tanto em áreas urbanas <strong>como</strong> rurais, eoutros segmentos da economia, <strong>como</strong> a agroindústria, indústria comércio e serviços. Essanova modalida<strong>de</strong> que englobou as perspectivas <strong>de</strong> ação <strong>do</strong> SEBRAE, veio <strong>de</strong> encontro com ainclusão produtiva, e o fortalecimento <strong>do</strong> pequeno produtor <strong>como</strong> agente <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimentoeconômico. O SEBRAE é uma organização <strong>de</strong> direito priva<strong>do</strong>, sem fins lucrativos, <strong>de</strong>interesse público, mantida por recursos públicos recolhi<strong>do</strong>s e transferi<strong>do</strong>s pelo esta<strong>do</strong>. Comocoloca André Spin<strong>do</strong>la (2012, p.11), gerente <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento territorial <strong>do</strong> SEBRAENacional, "trata-se, portanto <strong>de</strong> uma organização pública não estatal, ou seja, uma empresa <strong>de</strong>natureza privada, que se mantém com recursos públicos e trabalha com a promoção <strong>do</strong>interesse público." Por este motivo, este programa leva consultoria técnica às áreas maiscarentes <strong>do</strong> país propon<strong>do</strong> empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>rismo, formalização da economia e <strong>de</strong>senvolvimentoregional, e que até o ano <strong>de</strong> 2013 preten<strong>de</strong> investir mais <strong>de</strong> 180 milhões <strong>de</strong> reais <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>sPTC. Na visão da instituição privada sem fins lucrativos, o empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>rismo e ofortalecimento <strong>do</strong>s negócios locais, acabam por aumentar a renda da população, geraempregos e faz com que o dinheiro circule <strong>de</strong>ntro da própria localida<strong>de</strong>.O diretor-técnico <strong>do</strong> SEBRAE, Carlos Alberto <strong>do</strong>s Santos, (2011, p.15), colocaque a cooperação e complementarida<strong>de</strong> entre empresários, visan<strong>do</strong> um plano <strong>de</strong> ação políticae estratégica, é priorida<strong>de</strong> para se <strong>de</strong>senvolver um processo <strong>de</strong> mudança e geração <strong>de</strong> riquezalocal. Isso que ele chama <strong>de</strong> "Circulo Virtuoso", é a proposta que o SEBRAE quer levar paraos 120 Territórios da Cidadania, atingin<strong>do</strong> assim mais <strong>de</strong> 800.000 empresas e empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>resindividuais, através <strong>de</strong> consultorias coletivas, palestras, feiras, rodadas <strong>de</strong> negócios, além éclaro <strong>do</strong>s atendimentos individuais. Corroboran<strong>do</strong> com as expectativas <strong>de</strong> fortalecimento <strong>de</strong>uma estrutura econômica, Spin<strong>do</strong>la (2011, p.16) afirma que "ao i<strong>de</strong>ntificar oportunida<strong>de</strong>s,


102apoiar pequenas empresas, estimular o empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>rismo e a economia formal, geran<strong>do</strong> maisemprego e renda para os brasileiros, estamos certamente ajudan<strong>do</strong> a construir um pais livre damiséria." Assim sen<strong>do</strong> há uma inclinação ao aproveitamento das potencialida<strong>de</strong>s da regiãopara o <strong>de</strong>senvolvimento utilizan<strong>do</strong> <strong>de</strong> ferramentas <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> para aumentar a atrativida<strong>de</strong> <strong>do</strong>território.No intuito <strong>de</strong> valorizar a participação e o empo<strong>de</strong>ramento <strong>social</strong> provenientes dasações territoriais que o SEBRAE vem pregan<strong>do</strong>, Car<strong>do</strong>so (2011, p.29) afirma que tornar oshabitantes <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminada região responsáveis pela promoção e mobilização <strong>do</strong><strong>de</strong>senvolvimento local é um fator chave:Em primeiro lugar vale observar que os resulta<strong>do</strong>s econômicos não são foco <strong>do</strong>sprimeiros meses e perío<strong>do</strong>s <strong>do</strong> projeto <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento territorial [...] o projeto<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento envolve a capacitação <strong>de</strong> li<strong>de</strong>ranças e empresários que atuarão<strong>como</strong> agentes mobiliza<strong>do</strong>res nas comunida<strong>de</strong>s. Estas li<strong>de</strong>ranças serão responsáveispela articulação <strong>do</strong>s projetos <strong>do</strong>s diferentes grupos interessa<strong>do</strong>s e respon<strong>de</strong>rão às<strong>de</strong>mandas sociais.Enten<strong>de</strong>-se que os projetos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento territorial <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s peloSEBRAE, propõe a criação <strong>de</strong> uma base <strong>de</strong> indivíduos e suas potencialida<strong>de</strong>s e competências,que aprimoradas com a ajuda das consultorias, partem para um segun<strong>do</strong> momento on<strong>de</strong>formam-se grupos <strong>de</strong> li<strong>de</strong>ranças que fortalece os projetos estruturais visan<strong>do</strong> o aprimoramentoeconômico. Estes lí<strong>de</strong>res locais, tem o papel <strong>de</strong> motivar as pessoas em <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> projeto ouprincipalmente na implementação <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminada atitu<strong>de</strong>. "As medidas a<strong>do</strong>tadas nem sempreagradarão a to<strong>do</strong>s, mais uma razão para o apoio e o diálogo das li<strong>de</strong>ranças em torno dasatitu<strong>de</strong>s a serem tomadas [...]" (CARDOSO, 2011, p. 31).A figura <strong>de</strong> número 14 expõe os componentes que estão liga<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ntro daproposta <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento territorial <strong>de</strong>fendida pelo SEBRAE.


103Figura 14 - Projeto <strong>de</strong> Desenvolvimento TerritorialFonte: Car<strong>do</strong>so (2011, p. 54).A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tomar as <strong>de</strong>cisões em conjunto, priorizan<strong>do</strong> os interessescoletivos, e com o foco em multiplica<strong>do</strong>res da cultura empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>ra, <strong>como</strong> no caso <strong>do</strong>sli<strong>de</strong>res locais, é uma proposta que se diferencia da proposta que o SEBRAE propunha antes<strong>do</strong> PTC. Ao apontar novos caminhos Santos (2011), discorre sobre as iniciativas <strong>de</strong> economiasolidária, da implementação da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas (LC 123/2006),vai além <strong>de</strong> ganhar maior abrangência nas ativida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> SEBRAE através da parceria cominstituições públicas e privadas. Dentro <strong>do</strong>s princípios à serem observa<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ntro da lei, oEsta<strong>do</strong> preza pela pactuação <strong>de</strong> novos cenários e um posicionamento futuro para construção<strong>de</strong> parcerias sólidas. Para tanto Spin<strong>do</strong>la (2012, p.16) coloca que os esforços para a aplicaçãoda lei estão concentra<strong>do</strong>s em:a) Uso <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> compra <strong>do</strong> município, para assegurar a participação das MPE;b) Desburocratização na abertura, funcionamento e fechamento <strong>de</strong> empresas;c) Formalização <strong>do</strong> empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>r individual, para geração <strong>de</strong> benefícios;d) Capacitação <strong>de</strong> pessoas que apresentem perfil <strong>de</strong> agente <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento.Estas abordagens que visam o <strong>de</strong>senvolvimento territorial proposto peloSEBRAE, apresentam uma interação <strong>de</strong> atores que chamam a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ação aospróprios envolvi<strong>do</strong>s e <strong>de</strong> todas as esferas <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r constitui<strong>do</strong>ras da realida<strong>de</strong> <strong>social</strong>. Car<strong>do</strong>so(2011, p. 32) <strong>de</strong>monstra preocupação <strong>de</strong> <strong>como</strong> estes processos são geri<strong>do</strong>s em diferentescontextos:


104Esta forma <strong>de</strong> promover e construir os projetos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento em muitodiferencia-se daquelas medidas a<strong>do</strong>tadas a partir <strong>de</strong> cima, por entida<strong>de</strong>s ou pessoasexógenas ao territórios que <strong>de</strong>sconhecem suas potencialida<strong>de</strong>s limites <strong>de</strong> articulação.Esta forma <strong>de</strong> promover o <strong>de</strong>senvolvimento, <strong>de</strong> fora para <strong>de</strong>ntro, também po<strong>de</strong> serchamada popularmente <strong>de</strong> GA (Garganta Abaixo), em que obriga-se o território aaten<strong>de</strong>r <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> padrão <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, em <strong>de</strong>srespeito às suas dinâmicaspróprias, procuran<strong>do</strong> equipará-lo a outras regiões ou territórios que apresentaram<strong>de</strong>termina<strong>do</strong> ritmo <strong>de</strong> crescimento econômico, porém um completamente distintosubstrato tanto natural quanto <strong>social</strong> para trabalhar.Assim, no intuito <strong>de</strong> colocar em prática, e ter <strong>como</strong> fonte <strong>de</strong> pesquisa um recorteda realida<strong>de</strong> na qual este <strong>de</strong>senvolvimento territorial é aplica<strong>do</strong>, a partir <strong>de</strong>sse momentoregataremos as etapas <strong>de</strong> implementação <strong>do</strong> projeto CRESCER, seus resulta<strong>do</strong>s qualitativos equantitativos, e o alcance <strong>de</strong> suas ações para com a gestão <strong>social</strong>, respeitan<strong>do</strong> asparticularida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cada beneficia<strong>do</strong>.4.3.1 Projeto CRESCER no PTC Meio Oeste Contesta<strong>do</strong>Dentro das perspectivas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento territorial pregoa<strong>do</strong>s pelo SEBRAE,o projeto <strong>de</strong> agro industrialização sustentável, <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> CRESCER, no Meio OesteContesta<strong>do</strong>, nasceu para promover o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma região catarinense que englobavários municípios com médios índices <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento econômico e <strong>social</strong>. A ação <strong>do</strong>projeto foi <strong>de</strong>senvolvida pelo SEBRAE <strong>de</strong> Santa Catarina a fim <strong>de</strong> melhorar a renda <strong>do</strong>spequenos produtores rurais e garantir a permanência no campo, visan<strong>do</strong> a extremaimportância e tradição <strong>do</strong> setor para a economia catarinense.Contextualizan<strong>do</strong> o início da proposta na região, o projeto <strong>do</strong> Meio OesteContesta<strong>do</strong> foi aceito pelo SEBRAE nacional ainda no ano <strong>de</strong> 2008, mas por motivospolíticos, apenas no dia <strong>de</strong> 5 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2009, o diálogo com as li<strong>de</strong>ranças locais foi postoem prática. A agricultura familiar é o carro chefe na questão das ativida<strong>de</strong>s apoiadas paraimplantação nos Territórios da Cidadania, contu<strong>do</strong> no Meio Oeste Contesta<strong>do</strong>, outras áreastambém foram sugeridas, <strong>como</strong> a <strong>do</strong> artesanato e <strong>do</strong> turismo rural.A Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ra Regional, explica que o projeto <strong>do</strong> SEBRAE <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> para oTerritório da Cidadania <strong>do</strong> Meio Oeste Contesta<strong>do</strong>, inicialmente contava com o nome <strong>de</strong> AgroIndustrialização Sustentável, mas para facilitar o manuseio e apresentação <strong>do</strong> mesmo aosprodutores da região, o SEBRAE regional optou por usar o nome "fantasia" <strong>de</strong> CRESCER.


105Nós <strong>de</strong>senvolvemos uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> visual para ele [...] para que o projeto criasseum corpo institucional [...] Uma empresa especializada <strong>de</strong> consultoria, foi contratadapara trazer opções <strong>de</strong> nomes, e durante a primeira reunião com o colegia<strong>do</strong> foiescolhi<strong>do</strong> em conjunto [...] Foi projeto CRESCER o escolhi<strong>do</strong> (SEBRAE2).Logo no primeiro semestre <strong>de</strong> trabalho, durante o perío<strong>do</strong> que ocorreu as a<strong>de</strong>sões<strong>do</strong>s municípios ao projeto, foi realiza<strong>do</strong> um <strong>de</strong>talha<strong>do</strong> diagnóstico nas proprieda<strong>de</strong>s rurais e"uma análise <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> norteou o iniciou <strong>de</strong> trabalhos no campo com a contratação <strong>de</strong>consultores <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cada grupo" (CRESCER, 2009, p.02). A seguirtemos o plano <strong>do</strong> projeto que foi apresenta<strong>do</strong> no II Seminário <strong>de</strong> Gestão Social eDesenvolvimento.Quadro 8 - Desenho <strong>de</strong> Etapas CRESCERTrimestres01 02 03 04 05 06 07 08ArticulaçãoSensibilizaçãoA<strong>de</strong>sãoDiagnósticoPRODUÇÃO PRIMÁRIACapacitaçãoConsultoriaAGROINDUSTRIALIZAÇÃO DE PEQUENO PORTEEVTE* Projetos ImplantaçãoCapacitaçãoConsultoriaMerca<strong>do</strong>Fonte: Apresentação SEBRAE (2012). *Estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> Viabilida<strong>de</strong> Técnica e EconômicaAs avaliações <strong>do</strong>s projetos juntamente com os beneficia<strong>do</strong>s são frequentes, emensuram os resulta<strong>do</strong>s. Estas iniciativas visam, calcular quais foram as modificações noscustos, vendas e também da renda <strong>do</strong>s beneficia<strong>do</strong>s. Há um informativo semestral, mostran<strong>do</strong><strong>como</strong> estão sen<strong>do</strong> geridas as ativida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> SEBRAE na região, e que vem servin<strong>do</strong> <strong>de</strong> meio<strong>de</strong> comunicação entre a instituição e <strong>de</strong>mais partes interessadas, <strong>como</strong> beneficia<strong>do</strong>s e


106socieda<strong>de</strong> civil. Dentre as iniciativas que estão sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvidas pelo SEBRAE nacional, aação <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> Território <strong>do</strong> Meio Oeste Contesta<strong>do</strong>, é reconhecida <strong>como</strong> um caso <strong>de</strong> sucesso,e está citada no livro nacional <strong>do</strong> SEBRAE nos Territórios da Cidadania. Ela possuía início etermino <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s, contu<strong>do</strong> o mesmo está sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> até o presente momento.Esses informativos são uma forma da gente <strong>de</strong> mostrar pra comunida<strong>de</strong> e para osbeneficia<strong>do</strong>s, os resulta<strong>do</strong>s [...] é uma pratica <strong>do</strong> SEBRAE SC, especialmente nossaaqui da região, mostrar a formação da governança, formação <strong>do</strong>s grupos, as ações eos resulta<strong>do</strong>s." No livro há to<strong>do</strong>s os <strong>de</strong>poimentos <strong>do</strong>s prefeitos parceiros no projeto."Na produção <strong>de</strong> leite nós implantamos uma tecnologia, chamada VOISIN, que é apartir <strong>do</strong> manejo <strong>de</strong> pastagens perenes e principalmente da gestão, né [...] Olha osresulta<strong>do</strong>s aqui ó [...] os números chegam à 635% <strong>de</strong> aproveitamento, sobra líquidapor litro. Você sabe que o leite não tem <strong>como</strong> barganhar para fora [...] oPREÇO[...]São empresas gran<strong>de</strong>s que compram [...] Gran<strong>de</strong>s cooperativas. Opequeno produtor precisa enxugar ao máximo seus custos com tecnologia daporteira pra <strong>de</strong>ntro [...] implantamos com 82 produtores. Recente tivemos umapessoa <strong>do</strong> governo <strong>do</strong> país <strong>de</strong> Moçambique [...] com um colega <strong>de</strong> vocês lá daUniversida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral [...] nós visitamos um <strong>do</strong>s nossos produtores <strong>de</strong> Herval Velho,uma das cinco cida<strong>de</strong>s que a gente implantou, e o secretário da agricultura falou queo número <strong>de</strong> produtores utilizan<strong>do</strong> a tecnologia VOISIN aumentou. De 21 queimplantaram inicialmente que começaram, hoje já passam <strong>do</strong>s 90. Eles própriosmultiplican<strong>do</strong> o resulta<strong>do</strong>. Se visitam, e se auxiliam (SEBRAE2).A meto<strong>do</strong>logia <strong>do</strong> projeto CRESCER, após ser apresenta<strong>do</strong> na plenária <strong>do</strong>colegia<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Territórios da Cidadania, teve a iniciativa <strong>de</strong> levar e apresentar sua capacida<strong>de</strong><strong>de</strong> projeto, assim <strong>como</strong> ofertar e criar parcerias, para to<strong>do</strong>s os municípios <strong>do</strong> Meio OesteContesta<strong>do</strong>. As ativida<strong>de</strong>s que já vinham sen<strong>do</strong> trabalhadas na pequena proprieda<strong>de</strong> da região,e que necessitaram apoio, foram escolhidas por <strong>de</strong>terem a possibilida<strong>de</strong> da criação <strong>de</strong> ummo<strong>de</strong>lo mais participativo <strong>de</strong> gestão entre o beneficia<strong>do</strong> e o SEBRAE.Nós íamos procurar as entida<strong>de</strong>s da região, <strong>como</strong> o foco é a agro industrialização,nós íamos na prefeitura, <strong>de</strong>pois rebatia na EPAGRI, sindica<strong>do</strong> <strong>de</strong> produtores né, e searticulava uma reunião, fazia-se um levantamento <strong>de</strong> que tipo <strong>de</strong> projeto tinhanaquele município [...] tinha projeto <strong>de</strong> carne, tinha projeto <strong>de</strong> leite, projeto <strong>de</strong>artesanato, projeto <strong>de</strong> turismo [...] na reunião era discuti<strong>do</strong> entre as instituições qualiniciativa precisava <strong>de</strong> maior apoio [...] (SEBRAE1).De acor<strong>do</strong> com o SEBRAE (2012) essa iniciativa <strong>do</strong> CRESCER aten<strong>de</strong> 708famílias diretamente e mais <strong>de</strong> 1540 indiretamente. São mais <strong>de</strong> 2000 mil participantes diretose 4000 participantes indiretos, envolven<strong>do</strong> 30 pequenas unida<strong>de</strong>s produtivas (agroindústrias eassociações), e mais 45 profissionais <strong>de</strong> diversas áreas estão envolvi<strong>do</strong>s nos projetos quecontam com cerca <strong>de</strong> 30 parceiros. O Projeto Crescer foi <strong>de</strong>senha<strong>do</strong> para funcionar apenas nos<strong>do</strong>is anos, 2009-2011, iniciais da proposta <strong>de</strong>senvolvida pelo SEBRAE <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> Território<strong>do</strong> Meio Oeste Contesta<strong>do</strong>, contu<strong>do</strong> por seu aparente sucesso <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> recorte, ele ainda está


107em vigor, contan<strong>do</strong> com consultorias e atendimento às populações interessadas em formalizarseus pequenos negócios. Os pioneiros <strong>de</strong>ssa iniciativa, <strong>como</strong> no caso em estu<strong>do</strong>, não nãofazem mais parte <strong>do</strong> quadro regular <strong>de</strong> consultorias promovidas pelo CRESCER.Nos <strong>do</strong>is Territórios da Cidadania catarinenses, O SEBRAE atua com umaestrutura hierárquica <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação estadual, com a participação <strong>de</strong> uma gestão localregionalizada no município <strong>de</strong> Joaçaba. Em Florianópolis é feita a interlocução entre aunida<strong>de</strong> fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong> SEBRAE, e a estadual através da ponte que é o coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r estadual <strong>do</strong>projeto CRESCER. Nesse contexto o mesmo foi entrevista<strong>do</strong>, e afirma que o "processo <strong>de</strong>discussão, esta em <strong>de</strong>senvolvimento e que vê que há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> melhorar o arranjamentodas ações entre os órgãos governamentais, para que a eficiência seja melhor" (SEBRAE1). Asdificulda<strong>de</strong>s em órgãos com gran<strong>de</strong>s dimensões estruturais dificultam o caminho dainformação, principalmente ao auxílio <strong>de</strong> regiões que necessitam <strong>de</strong> apoio em diversas esferassocietais.Grupo GestorFigura 15 - Hierarquia NormativaSEBRAENACIONALGOVERNOFEDERALParceiros/MinistérioParceiros/PrefeiturasSEBRAEESTADUALSEBRAEREGIONALCONSULTORESGrupo ExecutivoFonte: Elabora<strong>do</strong> pelo autor (2012)A motivação que fez com que o SEBRAE estivesse junto ao programa <strong>do</strong>sTerritórios da Cidadania, foi a <strong>de</strong> uma diretriz nacional da instituição. Quan<strong>do</strong> o SEBRAEnacional abriu assim uma licitação para projetos, o SEBRAE estadual criou a proposta para oMeio-Oeste Contesta<strong>do</strong>. Logo após a confecção <strong>do</strong> <strong>do</strong>cumento, o mesmo foi envia<strong>do</strong> àBrasília e prontamente foi aprova<strong>do</strong>. O projeto com foco na utilização e manejo substantivoracional titula<strong>do</strong> Agro Industrialização Sustentável teve o apoio <strong>do</strong> comitê <strong>de</strong> governança <strong>do</strong>sTerritórios <strong>do</strong> Meio Oeste Contesta<strong>do</strong>. "O projeto Agro Industrialização SustentávelTerritórios da Cidadania <strong>do</strong> Meio-Oeste Contesta<strong>do</strong> foi aprova<strong>do</strong>, e daí nós voltamos pra essefórum <strong>de</strong> comitê, <strong>de</strong> governança, e o SEBRAE participou <strong>de</strong>ste jeito" (SEBRAE1).


108A instituição SEBRAE, através <strong>do</strong>s editais escolheu a melhor estratégia <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento territorial necessária, respeitan<strong>do</strong> a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> local, e <strong>de</strong> certa forma tentoucorroborar com os fundamentos <strong>do</strong> programa fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong>s Territórios da Cidadania. O espaçoon<strong>de</strong> se concentram as <strong>de</strong>cisões, é o colegia<strong>do</strong>, forma<strong>do</strong>s pela população e integrantes dasprefeituras, e que servem para <strong>de</strong>finir os eixos para o <strong>de</strong>senvolvimento territorial. Os editaissão funis que modulam, <strong>como</strong>, quan<strong>do</strong>, porque, e quem será atendi<strong>do</strong>, acompanha<strong>do</strong>,encuba<strong>do</strong> e po<strong>de</strong>rá melhor enfrentar as diversida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> local em qual as diferentesregiões se inserem.O projeto veio <strong>como</strong> um empurrão em ambas as regiões, que em conjunto com estasoutras entida<strong>de</strong>s municipais, <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s Territórios, veio pra dar esse empurrão,nessas associações e grupo <strong>de</strong> produtores [...] então a gente já pegou essa coisaformada (SEBRAE1).Outra questão importante, conforme coloca Sérgio Fernan<strong>de</strong>s Car<strong>do</strong>so, diretoradministrativoe financeiro <strong>do</strong> SEBRAE Santa Catarina, sobre programa é que ao associar aspessoas <strong>de</strong> forma participativa, elas, "criam forças para alcançar melhores resulta<strong>do</strong>s"(SEBRAE, 2012, p.101). Uma das principais intenções é transformar o ambiente <strong>social</strong>aumentan<strong>do</strong> a competitivida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s agricultores familiares e artesãos por meio <strong>de</strong> novastecnologias, novos processos gerenciais e promoção <strong>de</strong> novos merca<strong>do</strong>s. Neste recorteterritorial temos as seguintes potencialida<strong>de</strong>s econômicas:Gráfico 1- Distribuição setorial <strong>do</strong> valor adiciona<strong>do</strong>Fonte: SIGEOR (2012).


109Logo a proposta <strong>de</strong>ste impulsionamento da economia local, parti <strong>do</strong>associativismo entre a socieda<strong>de</strong>, e da socieda<strong>de</strong> entre as iniciativas agrícolas, industriais e <strong>de</strong>serviços que são a força econômica <strong>do</strong> território.Pergunta<strong>do</strong> sobre a influência atual <strong>do</strong> gran<strong>de</strong> capital estrangeiro, que <strong>do</strong>minaempresas <strong>do</strong> ramo agropecuário na região, o Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r Estadual afirma que esta realida<strong>de</strong>organizacional, parece não modificar a visão estratégica <strong>do</strong> SEBRAE para a região. Mascoloca que para que estes produtores possam continuar a subsistência <strong>de</strong> suas famílias,precisam ven<strong>de</strong>r parte <strong>de</strong> seu dia-a-dia a estas empresas.Olha o que acontece [...] gran<strong>de</strong> maioria <strong>do</strong>s pequenos produtores <strong>do</strong> Meio OesteContesta<strong>do</strong>, tem alguma integração com alguma agro indústria seja elas: Sadia,Perdigão, COOPERRIO, com frango ou com suínos [...] mas eles tem outrasativida<strong>de</strong>s, então a gente entra junto com uma ativida<strong>de</strong> que diversifica, <strong>como</strong> umgrupo que quer produzir frutas, leite, queijo [...]. Algumas vezes nós também damoscursos para essas agroindústrias gran<strong>de</strong>s, mas no caso <strong>do</strong> projeto para os Territóriosé totalmente diferente (SEBRAE1).De qualquer forma, mesmo com a inclusão das empresas <strong>de</strong> classe mundial naabrangência <strong>do</strong> projeto, a procura e também a acolhida <strong>do</strong>s indivíduos para com a questão <strong>do</strong>empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>rismo individual vem crescen<strong>do</strong> exponencialmente, principalmente pelapossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aumento <strong>de</strong> renda e diversificação <strong>de</strong> culturas. Um <strong>do</strong>s objetivos fortemente<strong>de</strong>fendi<strong>do</strong> pelo SEBRAE é a ampliação da Lei Geral da MPE. Na região o aumento tem si<strong>do</strong>progressivo na assimilação e crescimento <strong>de</strong> da aplicação <strong>de</strong>sta normativa institucional.Gráfico 2 - Empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>res Individuais Meio Oeste Contesta<strong>do</strong>Fonte: SIGEOR (2012).De acor<strong>do</strong> com o gráfico acima po<strong>de</strong>mos notar que no ano <strong>de</strong> 2009, quan<strong>do</strong> seiniciou o projeto, havia apenas 100 empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>res individuais regulariza<strong>do</strong>s. Já no ano <strong>de</strong>2012, segunda ano <strong>do</strong> projeto, o número <strong>de</strong> empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>res saltou para o número <strong>de</strong> 1.069,


110com um aumento na casa <strong>do</strong>s 969%. Para o ano <strong>de</strong> 2011, o número <strong>de</strong> empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>res foipara 2.017, ten<strong>do</strong> assim uma alta <strong>de</strong> 89%. Percebe-se assim que o SEBRAE buscou ênfase noprocesso <strong>de</strong> formalização mais <strong>do</strong> empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>r individual <strong>do</strong> que ao coletivo no território.Os números da secretária da receita fe<strong>de</strong>ral, disponibiliza<strong>do</strong>s pelo SIGEOR,mostram que o índice <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são ao projeto vai <strong>de</strong> vento em polpa, e confirma a possibilida<strong>de</strong><strong>de</strong> haver uma inclusão sem restrições ao mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>, e formalização competitivaoferecida pelo SEBRAE, <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> recorte estuda<strong>do</strong>. A cultura <strong>de</strong> mudança e enfrentamento<strong>social</strong> é vista <strong>como</strong> uma característica da população <strong>de</strong>ntro da região, que através <strong>do</strong> trabalhoárduo na lavoura, e <strong>de</strong> suas habilida<strong>de</strong>s empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>ras, propõe buscar alternativa para amelhoria <strong>do</strong> bem estar, tanto a<strong>do</strong>tan<strong>do</strong> formas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento associativistas <strong>como</strong>também e maneira individual. A proposta <strong>do</strong> SEBRAE vem <strong>de</strong> encontro com a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>formalização <strong>de</strong>stes empreendimentos.A diante, para a coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ra regional <strong>do</strong> projeto CRESCER, o mesmo tem umaboa aceitação por causa, da governança que foi constituída entre os atores interessa<strong>do</strong>s. Elafrisa que a maior parte da responsabilida<strong>de</strong> é <strong>do</strong> beneficia<strong>do</strong>, e <strong>do</strong>s agentes envolvi<strong>do</strong>s. "Sãomais <strong>de</strong> 25 instituições entre privadas e públicas que se envolveram neste projeto [...] se nãohouver essa governança não dá certo" (SEBRAE2). A tabela a seguir mostra os projetos<strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s em seus respectivos municípios <strong>de</strong> atuação:JoaçabaMunicípiosÁgua DoceHerval d'OesteOuroVargem BonitaTreze TíliasTangaráErval VelhoQuadro 9- Projetos <strong>do</strong> SEBRAE em andamento no Meio Oeste Contesta<strong>do</strong>Grupos Atendi<strong>do</strong>sProjetosBovinocultura <strong>de</strong> Leite (produção primaria). COPAFAM, VeredaSanta Helena (Turismo e pequenas agroindústrias familiares),Artesanato <strong>de</strong> Pele <strong>de</strong> peixe (APAE), Projeto Tranças da Terra.Cooperativa <strong>de</strong> pequenos produtores (Coappa), Projeto Tranças daTerra.Bovinocultura <strong>de</strong> leite (produção primária)Bovinocultura <strong>de</strong> leite (produção primária) e Cooperouro.Broto <strong>do</strong> Galho (artesanato com resíduos industriais)VitiviniculturaFruticulturaBovinocultura <strong>de</strong> leite (produção primária) Plástico e comércio


111CapinzalLuzernaCatanduvasLacerdópolisJupiáXaximBovinocultura <strong>de</strong> leite (gestão da proprieda<strong>de</strong>)Artesanato, Tranças da Terra.Artesanato, Tranças da Terra.Artesanato, Tranças da Terra.Cooperativa Cooplerju, produção orgânica.Apicultura e pequenas agroindústrias da agricultura familiarFonte: Informativo <strong>do</strong> projeto CRESCER (2011).A institucionalização <strong>de</strong>stas iniciativas já era fato quan<strong>do</strong> o SEBRAE propôs aconsultoria especializada em Territórios da Cidadania. Os produtores <strong>do</strong> Meio OesteCatarinense já contam com um know-how no manejo <strong>de</strong> suas proprieda<strong>de</strong>s, pois muitas sãopassadas <strong>de</strong> gerações em gerações, nesse senti<strong>do</strong> as ações <strong>do</strong> SEBRAE foram adaptadas àsnecessida<strong>de</strong>s já encontradas, e que afetavam na produção <strong>do</strong>s pequenos produtores. "A regiãotem essa característica, <strong>de</strong> pequenas associações formalizadas, faltava um empurrão, né. Eessas iniciativas precisavam <strong>de</strong> apoio" (SEBRAE1). Vale lembrar que todas as consultoriasprestadas pelo SEBRAE, <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> projeto CRESCER, não são cobradas, oferecen<strong>do</strong>capacitação gratuita aos beneficia<strong>do</strong>s.Gráfico 3- Distribuição <strong>de</strong> renda <strong>do</strong> Meio Oeste Contesta<strong>do</strong>Fonte: SIGEOR (2012)Apenas com o ganha pão através da agricultura rotineira e <strong>do</strong> consórcio comgran<strong>de</strong>s industrias para produção <strong>de</strong> carne, suína na maioria das vezes, os agricultores nãopossuem gran<strong>de</strong>s esperanças <strong>de</strong> ascensão econômica. A figura acima, mostra a distribuição <strong>de</strong>renda <strong>de</strong>ste Território da Cidadania em 2010. Cerca <strong>de</strong>, 81% da população resi<strong>de</strong>nte no MeioOeste Contesta<strong>do</strong> vive com menos <strong>de</strong> 2 salários mínimos, mostran<strong>do</strong> a carência e a extrema


112necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> inclusão <strong>de</strong>stas pessoas em processos produtivos. Percebe-se que a geração <strong>de</strong>renda e possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> agregar valor à produção agrícola é uma das formas que o SEBRAE,procura trabalhar na região, fazen<strong>do</strong> a Lei Geral sua aliada para que a <strong>de</strong>stinação <strong>do</strong>s produtosoferta<strong>do</strong>s pelos pequenos produtores familiares tenham saída e venda certa.O Territórios da Cidadania está fazen<strong>do</strong> com que as regiões nos quais foramescolhidas para funcionar o programa, tenham a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> com a injeção <strong>de</strong> verbaspúblicas, aquecer e melhor a perspectiva econômica <strong>de</strong>ssa população que está inserida emgrupos <strong>de</strong> riscos. Visan<strong>do</strong> enten<strong>de</strong>r melhor a dinâmica <strong>de</strong> ação, da parceira entre o SEBRAE eo programa governamental, a entrevistada, coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> projetos sociais da AMMOC, foiperguntada sobre <strong>como</strong> é o nível <strong>de</strong> interação na instituição com o SEBRAE e os Territóriosda Cidadania.A gente tem uma parceria muito gran<strong>de</strong> com o SEBRAE, a nossa região trabalhamuito bem entre AMMOC, SEBRAE e Territórios da Cidadania [...] a UNOESC éparceira também [...] a gente tem essa integração também com a agricultura [...]nós não temos problemas com o público e o civil [...] a gente tem essa integração[...] trabalhamos com colegia<strong>do</strong>s, <strong>de</strong> educação, agricultura e <strong>social</strong> [...] sou eu quecoor<strong>de</strong>no [...] nas reuniões é que a gente discute, quan<strong>do</strong> precisa chamar sindicatos,agricultura familiar a gente faz as reuniões [...] é um programa excelente[...] <strong>do</strong>s 13municípios apenas nove fazem parte, <strong>de</strong>sse projeto porque os outros não tem<strong>de</strong>manda [...](AMMOC).Os processos que acontecem até a efetiva consolidação da política pública, sãoextensos, e envolvem muitas instâncias <strong>de</strong> avaliação. É uma burocracia, que prolonga o tempopara a aquisição <strong>de</strong> benefícios aos agricultores da região, e a <strong>de</strong>mora <strong>de</strong>sse mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong>avaliação acarreta prejuízos ao <strong>de</strong>senvolvimento local. A entrevistada coloca que existemnecessida<strong>de</strong>s mais profundas, que precisam serem sanadas, a fim <strong>de</strong> melhorar o<strong>de</strong>senvolvimento local, e apenas com esforços conjuntos interinstitucionais, po<strong>de</strong>-se interferirnesta realida<strong>de</strong>, mas que ainda assim é muito difícilUma das coisas que a gente sempre <strong>de</strong>bate é a assistência técnica [...] hoje temos aEPAGRI e varias outras instituições [...] mas é insuficiente. O nosso agricultorprecisa disso [...] Hoje o SEBRAE (CRESCER), veio com um trabalho muito legal<strong>de</strong>ntro disso, ajudan<strong>do</strong> o agricultor porque vem trabalhan<strong>do</strong> em paralelo com isso(agricultura) [...] pro agricultor essa consultoria é <strong>de</strong> graça, mas o SEBRAE-SC fezum projeto para o SEBRAE-Nacional, que também tem envolvimento com ogoverno fe<strong>de</strong>ral aon<strong>de</strong> foi aprova<strong>do</strong> esse projeto para ser atendi<strong>do</strong> aquelas linhas [...]veio o dinheiro, e tem uma contra partida <strong>do</strong> município [...] mas a maior parte é <strong>do</strong>SEBRAE (AMMOC).O reconhecimento que há em relação as parcerias que dão certo é evi<strong>de</strong>nte.Quanto mais instituições trabalhan<strong>do</strong> pelo <strong>de</strong>senvolvimento local, maior a facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>


113acertar on<strong>de</strong> e <strong>como</strong> ajudar ao pequeno produtor. A nova forma em que o SEBRAE SC, estagerin<strong>do</strong> suas forças, na tentativa <strong>de</strong> alterar <strong>de</strong> certa forma o foco <strong>de</strong> suas consultorias para aspotencialida<strong>de</strong>s da região, está inician<strong>do</strong> mesmo que mo<strong>de</strong>stamente uma transformação tanto<strong>de</strong> diálogo <strong>como</strong> e aumento <strong>de</strong> produção e renda. Os últimos números mostram que houveuma aumento substancial no aumento da renda das MPE, no perío<strong>do</strong> em que o projeto iniciouseu <strong>de</strong>senvolvimento, contu<strong>do</strong> o gráfico já <strong>de</strong>monstra uma certa tendência <strong>de</strong> alta, o que leva acrer que talvez não <strong>de</strong>penda apenas da iniciativa no projeto CRESCER.Gráfico 4 - Massa <strong>de</strong> salários na MPE e total Meio Oeste Contesta<strong>do</strong>Fonte: SIGEOR (2012).Os números acima indicam que no ano <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> CRECER, 2009-2010, a região apresentou um salto <strong>de</strong> 27.930, 13 para 32,458,19, representan<strong>do</strong> um aumento<strong>de</strong> 17% ao ano, e refletin<strong>do</strong> também no aumento da massa <strong>de</strong> salários total e na continuida<strong>de</strong><strong>de</strong> ascensão da mesma.O CRESCER mesmo sen<strong>do</strong> uma proposta <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo Top-Down <strong>de</strong>formulação e implantação <strong>de</strong> políticas públicas, acabou agregan<strong>do</strong> em um espaço <strong>de</strong> diálogo,cidadãos interessa<strong>do</strong>s na melhoria <strong>do</strong> seu bem-estar, por intermédio <strong>de</strong> emancipaçãoeconômica. A partir daí <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r Estadual <strong>do</strong> SEBRAE, foi estabeleci<strong>do</strong>projetos específicos para os microempresários interessa<strong>do</strong>s, e um plano <strong>de</strong> ação foi inicia<strong>do</strong>.O aspecto que mais foi levanta<strong>do</strong> pelo agrupamento beneficia<strong>do</strong> foi a necessida<strong>de</strong><strong>de</strong> produzir mais em seus respectivos trabalhos e empreendimentos. O fortalecimento <strong>do</strong>espírito cooperativista aumenta, a medida que os benefícios das ações são divididas emcomunida<strong>de</strong>. O méto<strong>do</strong> emprega<strong>do</strong> pelo SEBRAE no caso da consultoria para a bovinocultura<strong>de</strong> leite, chama<strong>do</strong> pastoril VOISIN é um <strong>do</strong>s exemplos on<strong>de</strong> a criação <strong>de</strong> uma tecnologia


114agrícola, <strong>de</strong> rotação <strong>de</strong> pastagens, influenciou positivamente o local on<strong>de</strong> os beneficia<strong>do</strong>sestavam.Querem produzir mais? Como? Eles se perguntam [...] Então foi inseri<strong>do</strong> nessesprodutores a consultoria pastoril VOISIN. Para conseguir agregar valor paraindústria, precisa-se <strong>de</strong>senvolver uma marca pro produto, <strong>de</strong>sign, embalagemrotulagem, boas praticas <strong>de</strong> produção [...] a própria questão <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>(SEBRAE1).Por exemplo, no município <strong>de</strong> Erval D'oeste, a Bonivocultura <strong>de</strong> Leite, agregoumais <strong>de</strong> 20 produtores interessa<strong>do</strong>s na manutenção da qualida<strong>de</strong>, quantida<strong>de</strong> e na diminuição<strong>de</strong> custos <strong>do</strong> leite, em época <strong>de</strong> estiagem nas pastagens. Assim <strong>como</strong> em outras áreas <strong>do</strong>planeta, o clima da região em estu<strong>do</strong>, também está sofren<strong>do</strong> com as mudanças repentinas <strong>de</strong>temperaturas e quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> chuva, o que representava aumento <strong>de</strong> custo na produção para amanutenção da mesma. Já na região <strong>do</strong> município <strong>de</strong> Ouro, através da COOPEROURO,cooperativa <strong>de</strong> produção, <strong>do</strong> mesmo ramo da bovinocultura <strong>de</strong> leite, <strong>de</strong>sejava receberaprimoramento no preparo e comercialização <strong>de</strong> queijo <strong>de</strong>mandan<strong>do</strong> a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> criarnovas opções e aprimorar os processos efetivamente. No quadro a seguir temos umcomparativo com as conquista <strong>de</strong>sse projeto, no qual o SEBRAE buscou sanar as <strong>de</strong>mandas<strong>do</strong>s beneficia<strong>do</strong>s:ComparaçãoMunicípiosCusto <strong>de</strong> produçãocom mão <strong>de</strong> obra(R$)Sobra Líquida porlitro (R$)Faturamento líqui<strong>do</strong>ha.anoQuadro 10- Resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> VOISINResulta<strong>do</strong> 2011- 48 proprieda<strong>de</strong>s- Produção <strong>de</strong> LeiteDa<strong>do</strong>s Iniciais <strong>do</strong> Da<strong>do</strong>s Atuais <strong>do</strong> Resulta<strong>do</strong>sProjeto (2011) Projeto (2010)Média <strong>do</strong>sMédia <strong>do</strong>sMédia <strong>do</strong>sMunicípiosMunicípiosMunicípiosR$0,57 R$0,49 -16,5%R$0,03 R$0,22 635%R$705,92 R$1.282,98 82%Fonte: SEBRAE (2012).Na medida que, uma produção ganhava em <strong>de</strong>senvolvimento e tecnologia, novosprocessos po<strong>de</strong>riam ser agrega<strong>do</strong>s para valorizar ainda mais a matéria-prima advinda <strong>do</strong>trabalho <strong>do</strong> agrupamento <strong>de</strong> beneficia<strong>do</strong>s."Reunia-se o grupo <strong>de</strong> produtores e perguntava qualera a dificulda<strong>de</strong>. Era altos custos, e baixa produtivida<strong>de</strong>[...] Então a gente montava um plano<strong>de</strong> consultoria e capacitação para esses produtores" (SEBRAE1).Nesta experiência da bovino


115cultura leiteira os altos índices quantitativos, da redução <strong>de</strong> custos e <strong>do</strong> lucro nos chamam aatenção.Os projetos <strong>de</strong>senha<strong>do</strong>s pelo SEBRAE para a região <strong>do</strong> Meio-Oeste Contesta<strong>do</strong>,visam promover o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong>s empreendimentos rurais, objetivan<strong>do</strong> maiores lucroseconômicos aos participantes <strong>do</strong> agrupamento beneficia<strong>do</strong>. Caso os mesmos queriam adaptarsepara qualquer certificação socioambiental, o SEBRAE dispõe <strong>de</strong> ferramentas paraenquadrar o beneficia<strong>do</strong> requerente nas normas pré-estabelecidas. Isso tu<strong>do</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>do</strong> nível<strong>de</strong> interação e <strong>de</strong>senvolvimento nos quais os integrantes po<strong>de</strong>m chegar <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>aprimoramento <strong>de</strong> suas iniciativas. Para consumar o êxito das ações consultivas <strong>do</strong> SEBRAE,uma instituição certifica<strong>do</strong>ra é chamada e homologa o tratamento diferencia<strong>do</strong> para com aprodução comercial. Na visão <strong>do</strong> SEBRAE a questão da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> certificação até daspequenas e microempresas é fundamental e caracteriza-se <strong>como</strong> uma exigência perante aconcorrência <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>. "A gente busca a qualida<strong>de</strong> [...]. No caso lá, o selo daCOOPEROURO, é <strong>de</strong> inspeção estadual. Agora po<strong>de</strong> ven<strong>de</strong>r queijo no esta<strong>do</strong> to<strong>do</strong>. Estasexigências/normas tem que ser cumpridas" (SEBRAE1).O Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r <strong>do</strong> SEBRAE estadual, frisou que o êxito das ações não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>apenas <strong>do</strong> SEBRAE, mas das outras instituições que estão fazen<strong>do</strong> parte da cooperação entreinstituições fe<strong>de</strong>rais <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s Territórios da Cidadania. Dentre eles estão CIDASC, parainspeções, a EPAGRI, para a questão <strong>de</strong> empréstimos e assessoria técnica agrícolaespecializada. "Sem o apoio <strong>de</strong>ssas outras instituições a assessoria que é feita para oagrupamento beneficia<strong>do</strong> não estaria completo" (SEBRAE1).O SEBRAE estabeleceu uma normativa on<strong>de</strong> o beneficia<strong>do</strong> pelos seus estu<strong>do</strong>sconsultivos, não paga nada pelo serviço presta<strong>do</strong>."O SEBRAE segue uma normativa <strong>de</strong>projetos, caso especifico <strong>do</strong>s Territórios da Cidadania, obe<strong>de</strong>ce a seguinte lógica: 64% saiu <strong>do</strong>SEBRAE, e os outros 36% <strong>do</strong>s municípios. Do produtor não saí nada" (SEBRAE1).Os parceiros financeiros <strong>de</strong>sse projeto foram as prefeituras, respeitan<strong>do</strong> adinâmica <strong>do</strong> Território <strong>do</strong> Meio-Oeste Contesta<strong>do</strong>. Não houve intervenção <strong>do</strong> governo fe<strong>de</strong>raldiretamente no repasse <strong>de</strong> verbas e benefícios às instituições. De acor<strong>do</strong> com os númerosatualiza<strong>do</strong>s, seguem os valores investi<strong>do</strong>s:


116Quadro 11 - Normativa <strong>de</strong> projetoParticipação FinanceiraSEBRAE 1.753.621,00 (64%)Parceiros Locais/ Prefeituras 997.929,00 (36%)Total Investi<strong>do</strong> 2.751.550,00 (100%)Fonte: SEBRAE (2012).O programa governamental não tem uma aspecto consolida<strong>do</strong>, ou uma hierarquia<strong>de</strong>finida junto ao SEBRAE. Atualmente o SEBRAE atua em mais <strong>de</strong> 120 territóriosespalha<strong>do</strong>s pelo Brasil, contu<strong>do</strong> o Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r Estadual da instituição, coloca que a meta <strong>de</strong>ação <strong>do</strong> programa governamental ainda é a <strong>de</strong> fortalecer as regiões por intermédio <strong>do</strong>sMinistérios, e as secretárias municipais. Contu<strong>do</strong> levanta que a população ainda não faz juízo<strong>de</strong> <strong>como</strong> acontece o repasse <strong>de</strong> verbas, o que diminui a eficiência <strong>do</strong>s projetos. Ele traz oexemplo <strong>do</strong>s Ministérios, por ser um <strong>do</strong>s principais problemas que é essa falta <strong>de</strong> informaçãoque o programa governamental tem, e que por sua vez impe<strong>de</strong> com que os cidadãosinteressa<strong>do</strong>s nos benefícios tenham noção <strong>do</strong> caminho à seguir para consegui-los.O que acontece quan<strong>do</strong> se vai à um projeto <strong>de</strong>sse a pergunta mais frequente é: "e oque vêm pra mim?" O beneficia<strong>do</strong> não enxerga que o Ministério A, B, C ou Datravés <strong>do</strong>s projetos que estão acontecen<strong>do</strong> lá, esse recurso chega à eleindiretamente" (SEBRAE1).Outra situação frequente que o Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r Estadual <strong>do</strong> SEBRAE também expõeé <strong>de</strong> que muitas vezes na tentativa <strong>de</strong> formar parcerias entre esses órgãos e instituiçõespúblicas, existe uma disparida<strong>de</strong> entre as informações. Muitas vezes o SEBRAE, tem <strong>de</strong> arcarcom as iniciativas sozinho, pois o órgão fe<strong>de</strong>ral que <strong>de</strong>veria apoiá-lo, não disponibiliza osrecursos prometi<strong>do</strong>s. "O SEBRAE vem e bota o dinheiro, o outro vem e não coloca [...] Comoque fica isso?! A gente consegue chegar lá, direto no produtor lá no final [...] existem "N"pontos que precisam ser melhora<strong>do</strong>s nos TC, governança, diálogo [...]" (SEBRAE1).A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recursos financeiros na região para que o alavancamento dasativida<strong>de</strong>s econômicas aconteçam é evi<strong>de</strong>nte. Contu<strong>do</strong> o repasse parece ser uma gran<strong>de</strong>dificulda<strong>de</strong>. Muitos colocam a barreira burocrática <strong>como</strong> principal problema para que osprojetos ganhem prosseguimento. A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> melhorias é evi<strong>de</strong>nte, para que esseprocesso seja mais claro e permeável pelas <strong>de</strong>mandas existentes <strong>do</strong>s produtores na região. Oprocesso <strong>de</strong>senvolvimentista que está sen<strong>do</strong> gera<strong>do</strong>, não abre as portas para que o beneficia<strong>do</strong>


117saiba <strong>como</strong> agir ou abrir caminhos para sua própria <strong>de</strong>manda em particular. Tu<strong>do</strong> funcionapor intermédio <strong>de</strong> outras instituições.Para o SEBRAE, o <strong>de</strong>senho <strong>do</strong> projeto estava bem claro, e a proposta foi bem<strong>de</strong>finida, pois antes <strong>de</strong> começarem a agir na região com o CRESCER, o plano já contava <strong>como</strong>s valores e com a frentes <strong>de</strong> trabalho.Nosso projeto nos fomos bem claros quanto a gente foi pro TC: o SEBRAE vaiapoiar nesse projeto, Agro Industrialização Sustentável nos TC, vai aplicar ummilhão <strong>de</strong> reais em 3 anos, nos vamos entrar com "500 mil" e o territórios com osoutros "500 mil". Isso é que nos vamos fazer [...] está escrito aqui. Quem quer virjunto [...] vem (SEBRAE1).Nesse contexto o SEBRAE tem certa vantagem nos méto<strong>do</strong>s para angariar taisfun<strong>do</strong>s monetários. Por isso o Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r Estadual afirma que o êxito das ações dainstituição na região é evi<strong>de</strong>nte, pois chega diretamente ao produtor uma possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento econômico, pois o apoio da instituição é certo."Tenho que executar esseprojeto em <strong>do</strong>is, três anos, e tem que dar resulta<strong>do</strong>. Mas não se po<strong>de</strong> apenas trabalhar aquestão <strong>de</strong> renda, mas a sustentabilida<strong>de</strong> tem que estar junto" (SEBRAE1).A veiagerencialista, voltada para a execução <strong>de</strong> metas que o SEBRAE comumente utilizada emprocessos <strong>de</strong> consultoria urbana, por assim dizer, continua sen<strong>do</strong> a força motriz da instituiçãomesmo no <strong>de</strong>senhos <strong>do</strong>s Territórios da Cidadania. A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reuniões para aexplanação <strong>do</strong> projeto para a região foi eficazmente diminuída para que mesmo pu<strong>de</strong>sse entrarem vigor o mais breve possível.Que senão também tem outra coisa, fica muita reunião, muito fórum <strong>de</strong> discussão,muita coisa [...] e na prática a coisa não acontece nunca [...] tu senta pra discutir oprojeto com a região que é o i<strong>de</strong>al, on<strong>de</strong> to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> participa [...] só que chega nahora <strong>de</strong> que cada um vai botar dinheiro pra acontecer o projeto, aí já começa a baterna trave [...] (SEBRAE1)Para o Secretário SDR, o SEBRAE é um parceiro <strong>de</strong> peso na região e que vêmatuan<strong>do</strong> <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma esfera que valoriza e <strong>de</strong>senvolve os aspectos mais importantes <strong>do</strong> povoe da ativida<strong>de</strong> agrícola <strong>do</strong>s municípios <strong>do</strong> Território <strong>do</strong> Meio-Oeste Contesta<strong>do</strong>. Sem ainiciativa <strong>do</strong> SEBRAE aqueles pequenos produtores não teriam força, nem discernimento dasativida<strong>de</strong>s que po<strong>de</strong>riam gerar com a força <strong>do</strong> seu trabalho e terra. " A governança que oSEBRAE articula <strong>de</strong>ntro da dinâmica da região, uni a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>do</strong> povo e as característicaeconômicas que fazem nossa região se elevar perante às <strong>de</strong>mais [...]" (SDR).


118O entrevista<strong>do</strong> da SDR, ainda afirma que a inovação nos processos, a rapi<strong>de</strong>z emtomar <strong>de</strong>cisões e o trabalho conjunto com a socieda<strong>de</strong> são as principais ferramentas que oSEBRAE dispõe para tornar a região forte e preparada para <strong>de</strong>safios competitivos no futuro.Nota-se também a forte veia gerencialista <strong>do</strong> entrevista<strong>do</strong>.Para o entrevista<strong>do</strong> <strong>do</strong> Ministério <strong>do</strong> Desenvolvimento Agrário, DFM, as ações queo SEBRAE faz no Meio Oeste Contesta<strong>do</strong>, <strong>de</strong>stinan<strong>do</strong> recursos, colocan<strong>do</strong> consultores,buscan<strong>do</strong> as agroindústrias, prefeituras na região e perguntan<strong>do</strong> qual a <strong>de</strong>manda para<strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong> <strong>de</strong> produtos, <strong>como</strong> queijos e artesanato são ímpares.Lá o SEBRAE é prioriza<strong>do</strong>, pois se trata <strong>do</strong> PTC. Buscam os parceiros, asprefeituras entravam com a partida <strong>do</strong> que seria <strong>de</strong>stina<strong>do</strong> à agroindústria, e elesconseguiram fortalecer estas parcerias, e em um ponto <strong>de</strong> vista institucional, sefortaleciam ainda mais no governo fe<strong>de</strong>ral, pois os ministérios que sabiam que aproposta era pro PTC, davam priorida<strong>de</strong> para o encaminhamento e <strong>de</strong>senvolvimentodas ações (DFM)O programa nasceu das potencialida<strong>de</strong>s da região e tem a função <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolverações que visem a melhoria da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida e a renda <strong>do</strong>s participantes, priorizan<strong>do</strong>projetos volta<strong>do</strong>s à agricultura familiar, artesãos e empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>res urbanos.No entanto, para o representante da EPAGRI, o SEBRAE, tem um fraco<strong>de</strong>sempenho perante seus beneficia<strong>do</strong>s, pois trabalha num gerenciamento puramente técnicoem uma área on<strong>de</strong> a complexida<strong>de</strong> <strong>do</strong> ambiente merca<strong>do</strong> e <strong>social</strong> não tem o mesmo<strong>de</strong>senvolvimento. Para o entrevista<strong>do</strong> da EPAGRI, o SEBRAE terceiriza as <strong>de</strong>mandas <strong>do</strong>sbeneficia<strong>do</strong>s, se apropria <strong>de</strong> técnicas que já vêm <strong>de</strong> muitos anos <strong>de</strong> pesquisa em outras esferastecnológicas, e acaba por limitar a qualida<strong>de</strong> da informações passada aos beneficia<strong>do</strong>s. Alimitação regional que os Territórios da Cidadania exercem para com as ativida<strong>de</strong>s <strong>do</strong>SEBRAE, não traz muitos benefícios ainda frisa o entrevista<strong>do</strong>.Infelizmente os gestores <strong>do</strong> SEBRAE, colocaram que a questão histórica <strong>do</strong>Contesta<strong>do</strong> nunca foi aborda<strong>do</strong> <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> projeto CRESCER, por afirmarem não haver umaligação necessária ao <strong>de</strong>senvolvimento e <strong>de</strong>sempenho <strong>do</strong> mesmo. Isso mostra uma falta <strong>de</strong>sensibilida<strong>de</strong> quanto a questão i<strong>de</strong>ntitária da região, e ignora as linhas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimentorural que os PTC pregam em sua essência.Logo, casos <strong>de</strong>stes participantes foram pesquisa<strong>do</strong>s, e suas observações quanto àsativida<strong>de</strong>s incubantes <strong>do</strong> SEBRAE serão analisadas <strong>de</strong>ntro das lentes da gestão <strong>social</strong>,contu<strong>do</strong> vamos primeiramente <strong>de</strong>screver sobre cada uma <strong>de</strong>las.


1194.3.1.1 Tranças da TerraOs primeiros coloniza<strong>do</strong>res europeus da região <strong>do</strong> Meio Oeste, e seus<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes, aproveitaram sua topografia montanhosa e as baixas temperaturas paratransformar a triticultura <strong>como</strong> ativida<strong>de</strong> prove<strong>do</strong>ra, além da farinha <strong>de</strong> trigo, matéria prima<strong>de</strong> seus chapéus e "sportas" (sacolas em italiano), que os protegiam e transportavam seusmantimentos até a lavoura. O auge <strong>de</strong>ssa ativida<strong>de</strong> foi durante os anos 50, quan<strong>do</strong> a regiãopossuía o posto <strong>de</strong> maior produtor <strong>de</strong> trigo <strong>do</strong> Brasil. Contu<strong>do</strong> a partir <strong>do</strong>s anos 60, com aexpansão da fronteira agrícola para o Paraná, e a forte mecanização, a cultura <strong>do</strong> trigo foiimpactada diretamente na região, assim <strong>como</strong> a ativida<strong>de</strong> artesã, <strong>de</strong>la provida.No ano <strong>de</strong> 2002, a ADMOC, Agência <strong>de</strong> Desenvolvimento <strong>do</strong> Meio OesteCatarinense, <strong>de</strong>tectou <strong>como</strong> uma das alternativas para o <strong>de</strong>senvolvimento da região o resgate<strong>do</strong> artesanato em palha <strong>de</strong> trigo, principalmente com a articulações <strong>de</strong> artesões em re<strong>de</strong>. AUNOESC aprofun<strong>do</strong>u os aportes sobre está possibilida<strong>de</strong>, através <strong>de</strong> pesquisa científica, <strong>como</strong> objetivo <strong>de</strong> mapear os locais remanescentes, <strong>de</strong> localizar os mestres <strong>do</strong> ofício, e dapossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> associação para a produção em escala e que permitisse geração <strong>de</strong> renda(SEBRAE, 2012).Em 2004, as parcerias se fortaleceram em torno <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> projeto,SEBRAE e AMMOC, também entraram no projeto. Com o apoio meto<strong>do</strong>lógico <strong>do</strong> SIGEOR,Sistema Integra<strong>do</strong> <strong>de</strong> Gestão Estratégica Orientada para Resulta<strong>do</strong>s, muitas etapas até suaoperacionalização foram <strong>de</strong>sempenhadas: articulação <strong>de</strong> parceiros, mobilização e a<strong>de</strong>são <strong>de</strong>artesãos, criação da marca Tranças da Terra, prospecção <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>, realização <strong>de</strong> oficinastécnicas e capacitação nas áreas <strong>de</strong> gestão e associativismo, pesquisas e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>novos produtos, formalização da Associação <strong>de</strong> Artesanato Tranças da Terra em 2005. Econsequente apresentação <strong>do</strong>s produtos à comunida<strong>de</strong> local e regional com elaboração <strong>do</strong>plano estratégico <strong>de</strong> marketing, implantação da loja, capacitação e consultoria empresarial e<strong>de</strong> acesso ao merca<strong>do</strong> (TRANÇAS DA TERRA, 2012).Hoje a associação está presente nos municípios <strong>de</strong> Catanduvas, Luzerna,Lacerdópolis e Joaçaba, on<strong>de</strong> conta com loja própria, vin<strong>do</strong> assim a somar mais <strong>de</strong> 40 artesão,e 11 produtores <strong>de</strong> trigo trabalhan<strong>do</strong> <strong>de</strong> forma associativista e em re<strong>de</strong>. O SEBRAE contratouconsultores especializa<strong>do</strong>s para <strong>de</strong>senvolver peças a<strong>de</strong>quadas ao merca<strong>do</strong>, e com isso osartesãos sentiram-se confiantes e começaram a <strong>de</strong>senvolver suas pró-rias criações (SEBRAE,2012). Há mais <strong>de</strong> 50 itens diferentes no catálogo <strong>de</strong> produtos, sen<strong>do</strong> que a qualida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>sign<strong>do</strong>s mesmos conquistaram prêmios nacionais e internacionais.


120Além <strong>de</strong> manterem as raízes culturais da região, a essência <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento,<strong>do</strong> comércio justo, levan<strong>do</strong> em conta a sustentabilida<strong>de</strong> <strong>social</strong>, econômica, ecológica,territorial, estam presentes no projeto <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sua i<strong>de</strong>alização.4.3.1.2 Broto <strong>do</strong> GalhoNo ano <strong>de</strong> 1941 a empresa <strong>de</strong> celulose Irani, distante da capital 426 kilometros,montou sua fábrica no município <strong>de</strong> Vargem Bonita, fundan<strong>do</strong> assim em seus arre<strong>do</strong>res, poriniciativa <strong>de</strong> seus funcionários, a Vila Campina da Alegria. Atualmente este vilarejo contacom mais <strong>de</strong> 750 habitantes, e possui uma infraestrutura mínima composta por escolas,farmácia e comércio.A empresa Irani, procurou o SEBRAE, quan<strong>do</strong> percebeu que os resíduos dafabricação <strong>de</strong> papel po<strong>de</strong>riam ser melhores reaproveita<strong>do</strong>s. Assim nasceu em 2009 a Broto <strong>do</strong>Galho, reunin<strong>do</strong> artesãos da comunida<strong>de</strong>, capacitan<strong>do</strong>-os, com cursos <strong>de</strong> administração <strong>de</strong>pequenos negócios, palestras sobre associativismo, vendas e oficinas práticas <strong>de</strong> produçãoartesanal.O resíduo da fabricação <strong>do</strong> papel dá origem à coleção "Paixões <strong>do</strong> Viveiro",enquanto os tubos <strong>de</strong> cola, utiliza<strong>do</strong>s na confecção <strong>de</strong> papelão ondula<strong>do</strong>, dão origem àcoleção, "Broto em Papelão". Para atingir excelência nesta produção o SEBRAE contratouconsultores <strong>de</strong> <strong>de</strong>sign que atuaram no <strong>de</strong>senvolvimento das peças (BROTO, 2012).Hoje a associação conta com 13 artesãos, que além da geração <strong>de</strong> renda, agregaocupações produtivas aos mora<strong>do</strong>res da vila. No início não se sabia <strong>como</strong> preparar o materialque era <strong>de</strong>scarta<strong>do</strong> pela indústria, por ter um cheiro muito forte. Pesquisa<strong>do</strong>res foramcontrata<strong>do</strong>s pelo SEBRAE, para medir o nível <strong>de</strong> periculosida<strong>de</strong> no manuseio <strong>do</strong> material. Foiconstata<strong>do</strong> que não há perigo algum, nem <strong>de</strong> curto e nem <strong>de</strong> longo prazo. No total sãoreaproveita<strong>do</strong>s <strong>de</strong> 160 e 180 quilos <strong>de</strong> <strong>de</strong>jetos industriais, que se transformam em 700 objetosartesanais por ano (SEBRAE, 2012).Pelo reconhecimento <strong>do</strong> trabalho a Broto <strong>do</strong> Galho foi uma das finalistas <strong>do</strong>Prêmio Planeta Casa 2011, da revista <strong>de</strong> <strong>de</strong>coração Casa Claudia, e o Prêmio Empresa Cidadãda ADVB/SC, na categoria Participação Comunitária, inscrito <strong>como</strong> case pela celulose Irani.Este prêmio tem por objetivo <strong>de</strong> distinguir e reconhecer anualmente os melhores trabalhos eresulta<strong>do</strong>s realiza<strong>do</strong>s em benefício <strong>do</strong> bem-estar comunitário, <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s por empresas,fundações e associações civis que não tenham <strong>como</strong> foco o objetivo <strong>do</strong> prêmio.


121Os produtos que são <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s dão forma a belíssimas peças <strong>de</strong> <strong>de</strong>coração<strong>como</strong> luminárias, porta-retratos, porta trecos, pombos e ninhos, peças bem acabadas comqualida<strong>de</strong> e reconheci<strong>do</strong> <strong>de</strong>sign.4.3.2 Vereda Santa HelenaO projeto Veredas Santa Helena é um roteiro turístico que está em fase <strong>de</strong>conclusão e que reúne sete pequenas agroindústrias familiares, <strong>do</strong> distrito <strong>de</strong> Santa Helena, nointerior <strong>do</strong> município <strong>de</strong> Joaçaba. Estes pequenos produtores, processam em suas casasgeleias, sucos, massas, embuti<strong>do</strong>s, licores, vinhos entro outros produtos que são chamarizesturísticos para suas proprieda<strong>de</strong>s (SEBRAE, 2012).Para preparar os agricultores para o turismo, o projeto CRESCER <strong>de</strong>senvolveuuma série <strong>de</strong> ações, <strong>como</strong> visitas técnicas, seminários <strong>de</strong> planejamento estratégico em cadaproprieda<strong>de</strong>, mas <strong>de</strong> forma coletiva, on<strong>de</strong> os participantes são estimula<strong>do</strong>s a alinhar o visual<strong>de</strong> suas proprieda<strong>de</strong>s, inicializar sinalização turística, preparar e lançar um roteiro local etambém buscar melhorias nas estradas e acessos às proprieda<strong>de</strong>s. Duas iniciativas foramescolhidas para caracterizar este projeto turístico, e as mesmas são <strong>de</strong>scritas agora.Ao to<strong>do</strong> são mais <strong>de</strong> 9 proprieda<strong>de</strong>s que procuraram melhorar suas atribuiçõesvisuais e produtivas para receber da melhor maneira, turistas que buscam sossego e opção <strong>de</strong>lazer em uma região continental, e que reserva uma riqueza natural invejável a qualquer outraparte <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Santa Catarina.4.3.2.1 Bebidas RachelleA cachaça é a bebida brasileira mais famosa mundialmente. Uma família <strong>do</strong> MeioOeste Contesta<strong>do</strong>, tem em suas raízes o segre<strong>do</strong> <strong>de</strong> fabricação e envelhecimento <strong>de</strong>sta bebidaque a cada ano é mais valorizada e exportada.A Bebidas Rachelle é uma pequena agroindústria familiar que adquiriu muitoconhecimento com a ajuda <strong>do</strong> SEBRAE, mas que ainda não aten<strong>de</strong> ao merca<strong>do</strong> <strong>de</strong>seja<strong>do</strong>. Ainiciativa teve <strong>como</strong> apoio visitas técnicas, consultorias para a formalização empresarial (nãofinaliza<strong>do</strong>) e também para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> <strong>de</strong>sign merca<strong>do</strong>lógico.Dentre seus produtos estão diversos licores, feitos com essenciais naturais dasfrutas da estação, e a clássica água ar<strong>de</strong>nte "purinha". As instalações prediais e a<strong>de</strong>quaçõespara a planta industrial foram seguidas a risca pelos produtores através das capacitações <strong>do</strong>sconsultores <strong>do</strong> SEBRAE.


1224.3.2.2 Doces <strong>do</strong> Monte/ COPAFAMEste é outro negócio toca<strong>do</strong> por uma família empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>ra que vive no interiordas Veredas Santa Helena. Gente humil<strong>de</strong> e <strong>de</strong> poucas aquisições, beneficiam as própriasfrutas que plantam, em forma <strong>de</strong> geleias e compotas. O SEBRAE, através <strong>do</strong> apoio técnicoconseguiu com que os produtos Do Monte, chegassem às prateleiras <strong>do</strong>s supermerca<strong>do</strong>s daregião, aumentan<strong>do</strong> a <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> fabricação e por consequência a renda da família.Com as possibilida<strong>de</strong>s da APL turística, e as capacitações na área <strong>de</strong> gestão,marketing, qualida<strong>de</strong> tecnologia e associativismo, a pequena agroindústria está se preparan<strong>do</strong>para receber da melhor maneia os turistas e consumi<strong>do</strong>res que visitam a iniciativa.O beneficia<strong>do</strong> da iniciativa <strong>do</strong> SEBRAE Meio Oeste Contesta<strong>do</strong> faz parte <strong>de</strong> umagrupamento cooperativista <strong>de</strong> agricultura familiar a COPAFAM. A COPAFAM é uma re<strong>de</strong><strong>de</strong> pequenos produtores que tem apoio da EPAGRI e da AMMOC, para operacionalizar a<strong>de</strong>manda <strong>de</strong> produção familiar e capacitação cooperativista na região. Dentro <strong>de</strong>sse arranjo, ointuito <strong>de</strong> trabalho em equipe e <strong>de</strong>pendência das competências <strong>de</strong> cada participante para osucesso da cooperativa sempre é frisa<strong>do</strong>. Ao agregar valor na sua produção agrícola, obeneficia<strong>do</strong> cooperativista, gera renda liquida pra sua família e gera empregos efortalecimento para o município através da arrecadação fiscal.O mesmo possui no seu espaço priva<strong>do</strong>, toda a infraestrutura da empresa, ediversifica a plantação com outras culturas, <strong>como</strong> legumes e vegetais. Des<strong>de</strong> a década <strong>de</strong>1970, o negócio tem veia familiar, e as geleias eram feita apenas por encomendas <strong>de</strong> parentese vizinhos sempre <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> artesanal. Vale salientar que atualmente por intermédio <strong>do</strong>SEBRAE, a iniciativa <strong>de</strong>stina seu lixo em tambores diferentes por cores, respeitan<strong>do</strong> asexigências <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> <strong>social</strong> e sustentabilida<strong>de</strong> propostas.4.4 PELAS LENTES DA GESTÃO SOCIALAo conhecermos a realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> recorte <strong>social</strong>, <strong>como</strong> exposto até omomento, no Meio Oeste Contesta<strong>do</strong>, e a interação <strong>do</strong>s mais distintos atores, uma análise sobas lentes da gestão <strong>social</strong> é proposta pois, ao sugerir uma matriz sócio-centrica, buscaenten<strong>de</strong>r as dinâmicas territoriais fora <strong>do</strong> materialismo histórico.Para a gestão <strong>social</strong>, a abertura <strong>de</strong> espaços para o <strong>de</strong>bate possibilita a criação <strong>de</strong>um repertório <strong>de</strong> experiências, aprendizagens, <strong>de</strong>safios e conhecimentos produzi<strong>do</strong>s, que


123po<strong>de</strong>m ser aproveita<strong>do</strong>s nos mais diferentes contextos. Além da problematização econômica,e da construção <strong>de</strong> um campo <strong>de</strong> discussão teórica filosófica política, essa perspectivaconceitual aborda enfoques acerca <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento. De acor<strong>do</strong> com Carrion (2012, p.268)a gestão <strong>social</strong> "vem para aten<strong>de</strong>r à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nar as ações <strong>do</strong>s atores quehistoricamente não tinham a tradição <strong>de</strong> interagirem <strong>de</strong> forma cooperativa, com o Esta<strong>do</strong>, asorganizações sociais [...] e as empresas." Por isso nesse contexto, que possui uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>única, com uma história conturbada, e que o acesso à recursos públicos pela populaçãosempre envolveu gran<strong>de</strong>s lutas, o projeto CRESCER será analisa<strong>do</strong> à luz da gestão <strong>social</strong>.Em to<strong>do</strong>s os exemplo trazi<strong>do</strong>s para este estu<strong>do</strong>, <strong>do</strong>s casos beneficia<strong>do</strong>s, oSEBRAE já concluiu as consultorias previstas, <strong>do</strong> projeto CRESCER já que as experiênciasforam pioneiras e possuam uma duração <strong>de</strong> <strong>do</strong>is anos, sen<strong>do</strong> o perío<strong>do</strong> compreendi<strong>do</strong> entre2009-2011.Através das categorias elencadas <strong>de</strong> Pimentel e Pimentel (2010), buscou-secompreen<strong>de</strong>r <strong>como</strong> os gestores <strong>do</strong> programa, e os beneficia<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s mesmos, estãosintoniza<strong>do</strong>s com as sensibilida<strong>de</strong>s humanas, e <strong>como</strong> empregam suas competências para fazerfrente aos <strong>de</strong>safios, que a dinâmica econômica, <strong>social</strong> e ambiental que a diversida<strong>de</strong> localapresenta.4.4.1 ObjetivoPara a gestão <strong>social</strong>, a questão <strong>do</strong> objetivo está centra<strong>do</strong> na ação organizacionalvoltada para o bem coletivo <strong>de</strong> caráter público. Já para a gestão estratégica, o objetivo seria olucro puro, e simplesmente, enquanto para a gestão pública em sua gênese, o objetivo é o<strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> bem público, através <strong>do</strong> interesse público (FRANÇA FILHO, 2008).Logo nos interessa observar com a análise <strong>do</strong>s atores, as experiências que fogemda lógica gerencial e burocrática estadista, on<strong>de</strong> o envolvimento e a autorrealização estãopresentes <strong>como</strong> recompensas da interação, e <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento das ativida<strong>de</strong>s.Quanto ao objetivo coloca<strong>do</strong> pelo SEBRAE, instituição privada, ao <strong>de</strong>senvolver ainiciativa <strong>do</strong> CRESCER, <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> PTC Meio Oeste Contesta<strong>do</strong>, seus articula<strong>do</strong>resinstitucionais, forma<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Comitê Gestor e Executivo, enten<strong>de</strong>m que "Tinha assim asdiretrizes, mas não foi obe<strong>de</strong>ci<strong>do</strong> [...] enfim [...].Esse projeto teve um caráter e objetivo <strong>de</strong>aten<strong>de</strong>r as iniciativas locais, <strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong> os territórios e benefician<strong>do</strong> os grupos(SEBRAE2). De acor<strong>do</strong> com está colocação, percebe-se uma intenção <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r acoletivida<strong>de</strong> local a cima mesmo das imposições normativas <strong>do</strong> projeto.


124Para os integrantes <strong>do</strong> Broto <strong>do</strong> Galho está é a proposta que vem ocorren<strong>do</strong> efrisam que "se a pessoa vem pro Broto pensan<strong>do</strong> em dinheiro é melhor nem ir...porque vai sóse frustrar, mais nada"(BROTO). Outra opinião que chama a atenção é das artesãs <strong>do</strong> Trançasda Terra que abordam a questão da integração <strong>como</strong> objetivo maior <strong>do</strong> projeto <strong>do</strong> SEBRAEna região. "Se não fosse o SEBRAE nós não existiríamos [...] mesmo que algumas pessoassaíram <strong>do</strong> projeto [...] o tempo passou e algumas acabam voltan<strong>do</strong> [...] essa integraçãoultrapassa a questão <strong>de</strong> dinheiro" (TRANÇAS). Estas iniciativas artesanais, parecem ter maiorafinida<strong>de</strong> com a questão <strong>do</strong> objetivo na gestão <strong>social</strong>, on<strong>de</strong> o agrupamento e o sentimentocoletivo <strong>de</strong> pertencimento ultrapassam a necessida<strong>de</strong> instrumental e utilitarista <strong>do</strong> lucro.Nas iniciativas <strong>de</strong> agroindústrias da Veredas Santa Helena acompanhada peloSEBRAE, os integrantes ainda não conseguem buscar a autorrealização, pelo crescimentocoletivo. De acor<strong>do</strong> com a agroindústria Do Monte, o problema é que existe uma cultura <strong>de</strong>clientelismo que prejudica a dinâmica entre os pequenos produtores " [...]cada um tem cuidar<strong>de</strong> si e tocar pra frente [...] só que tem gente que não pensa e vai ganhar as coisas[...] temgente que em 5 anos não fizeram nada...acham que vão ganhar as coisas <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, <strong>do</strong>prefeito" (DO MONTE). No entanto nota-se que muitas vezes o espírito cooperativista esolidário não toca à to<strong>do</strong>s os envolvi<strong>do</strong>s <strong>do</strong> processo, acarretan<strong>do</strong> disparida<strong>de</strong>s. Para osbeneficia<strong>do</strong>s das bebidas Rachelle, esta é questão on<strong>de</strong> o SEBRAE está com fraco<strong>de</strong>sempenho, por não a<strong>de</strong>quar as necessida<strong>de</strong>s financeiras <strong>do</strong> pequeno produtor, agregan<strong>do</strong>maior valor aos seus produtos. Para os mesmos, "falta um condicionamento, eu vejo nessenegócio público que tem que ser o mais barato" (RACHELLE). Para estes beneficia<strong>do</strong>s olucro ainda é mais importante que o próprio interesse coletivo, e o SEBRAE <strong>como</strong>perpetua<strong>do</strong>r da dinâmica territorial <strong>de</strong>veria preparar e capacitar este tipo <strong>de</strong> produtor para amesma.Assim enten<strong>de</strong>-se que o SEBRAE na região tem <strong>como</strong> objetivo não seu própriolucro, pois <strong>como</strong> dito anteriormente, não cobra pelas consultorias. E nem para tanto o lucro <strong>de</strong>seus beneficia<strong>do</strong>s já que percebeu-se que os mesmo citam e reclamam <strong>de</strong>sse quesito.Aproxima-se, pela fala <strong>de</strong> seus beneficia<strong>do</strong>s, <strong>de</strong> uma gestão pública e <strong>social</strong>.4.4.2 ValorProcura-se enten<strong>de</strong>r a questão <strong>de</strong> valores numa perspectiva <strong>de</strong> novas formas <strong>de</strong>solidarieda<strong>de</strong>, que atendam a gestão <strong>social</strong>, pela questão <strong>de</strong> proximida<strong>de</strong> entre os agentes<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um raio <strong>de</strong> ação coletiva. Enquanto que a gestão estratégica trabalha com valores


125orgânicos, competitivos e coercitivos para divisão e acoplagem, a gestão pública representariarelações com pouca reciprocida<strong>de</strong>, aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ações meramente normativas e burocráticas.(PIMENTEL e PIMENTEL, 2010).As dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> interação entre as instituições e o pequeno produtor sãovisíveis. Durante a entrevista com o beneficia<strong>do</strong> da Do Monte, ele expôs que "O interesse <strong>do</strong>SEBRAE é pela coletivida<strong>de</strong> [...] mas nem sempre dá certo [...] só pra começar vem pelopo<strong>de</strong>r público [...] esses recursos vem da prefeitura [...] o SEBRAE não po<strong>de</strong> entrar no projetose os municípios não estiverem juntos" (DO MONTE). O SEBRAE vem melhoran<strong>do</strong> ascondições <strong>de</strong> comercialização e integração <strong>de</strong>stas pessoas no projeto.No caso <strong>do</strong> Broto <strong>do</strong> Galho, a beneficiada coloca que "Eles (SEBRAE) estãotentan<strong>do</strong> interagir, é importante criar uma opção e uma alternativa <strong>de</strong> contato com outrasiniciativas" (BROTO). A entrevista coloca está situação por terem uma gran<strong>de</strong> afinida<strong>de</strong> coma iniciativa <strong>do</strong> Tranças da Terra. principalmente nessa iniciativas artesãs, foi observa<strong>do</strong> queexiste a questão <strong>do</strong> voluntaria<strong>do</strong>. Como levanta a beneficiada <strong>do</strong> Tranças da Terra, o projetoCRESCER "juntou pessoas <strong>de</strong> toda a socieda<strong>de</strong>, até mesmo <strong>de</strong> pessoas que não precisavam daajuda financeira proveniente <strong>do</strong> projeto" (TRANÇAS). Muitas feiras agropecuárias e outroseventos também foram cita<strong>do</strong>s <strong>como</strong> lugares em comum on<strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os beneficia<strong>do</strong>s <strong>do</strong>CRESCER estavam reuni<strong>do</strong>s solidariamente, buscan<strong>do</strong> a troca <strong>de</strong> informações e expansão <strong>do</strong>conhecimento adquiri<strong>do</strong>.Como cita<strong>do</strong> anteriormente, o méto<strong>do</strong> VOISIN, e manejo <strong>de</strong> pastagens, foimultiplica<strong>do</strong> entre os pequenos produtores, mesmo sem a coesão <strong>do</strong> SEBRAE e seusconsultores. Para o beneficia<strong>do</strong> das bebidas Rachelle, "Eles (SEBRAE) realmente querem quea coisa funcione, juntam as pessoas, os consultores, trabalham com motivação, eles tem umaintenção boa" (RACHELLE). Mesmo obe<strong>de</strong>cen<strong>do</strong> uma certa normatização que o projetoCRESCER estabelece, e também inserin<strong>do</strong> estes produtores à uma realida<strong>de</strong> merca<strong>do</strong>lógicacompetitiva, uma nova perspectiva solidária <strong>de</strong> ação parece aflorar, tanto entre eles <strong>como</strong> danecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> haver uma cooperação intra e interorganizacional nas esferas <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r.4.4.3 Racionalida<strong>de</strong>No ponto <strong>de</strong> vista racional a gestão <strong>social</strong> po<strong>de</strong> assumir duas problemáticasdistintas, tanto da socieda<strong>de</strong> <strong>como</strong> também da gestão. A gestão <strong>social</strong> quan<strong>do</strong> se <strong>de</strong>para com asocieda<strong>de</strong> dialoga para suprimir suas <strong>de</strong>mandas. Quanto ao quesito <strong>de</strong> gestão, os meios e osprocessos que farão acontecer a condução da ação organizacional (CARVALHO, 2001;


126DOWBOR, 1999). Tenório (2008) acrescenta que a lógica instrumental <strong>de</strong>ve ser subordinadaa uma lógica mais <strong>de</strong>liberativa e substantiva asseguran<strong>do</strong> efetivida<strong>de</strong> <strong>social</strong>.A gestão <strong>do</strong> SEBRAE no projeto CRESCER, objetiva a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> umasustentabilida<strong>de</strong> econômica para os associa<strong>do</strong>s,.entretanto há muitos obstáculos para osucesso pleno da iniciativa. São inúmeras as iniciativas que fracassaram pelo excesso <strong>de</strong>burocracia, e assim as pessoas da região acabam por não acompanhar integralmente e se<strong>de</strong>dicar nestes projetos. Para tentar apaziguar essa realida<strong>de</strong>, a Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> SEBRAEexplica que se "faz a pesquisa lá junto ao beneficia<strong>do</strong>s, e <strong>de</strong>pois a gente faz a leitura disso,discutimos e <strong>de</strong>liberamos com o Comitê Gestor" (SEBRAE2). Observa-se a tentativa <strong>de</strong>escutar, <strong>de</strong>ixar com que as comunida<strong>de</strong>s inseridas no projeto CRESCER, tragam suassoluções.No entanto, o que os beneficia<strong>do</strong>s mostraram nas entrevistas apontam para outrocaminho. No caso <strong>do</strong> Broto <strong>do</strong> Galhos, os beneficia<strong>do</strong>s tiveram <strong>de</strong> obe<strong>de</strong>cer certosprocedimentos burocráticos para que o projeto pu<strong>de</strong>sse ter andamento, não respeitan<strong>do</strong> um<strong>de</strong>senho específico que os mora<strong>do</strong>res acreditassem i<strong>de</strong>al. "Foram, feitos alguns testes, isso<strong>de</strong>morou, e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>cidiram por um mo<strong>de</strong>lo e coleção [...] eles querem um produtocomercial, se fizer um produto que não é comercial não traz renda" (BROTO). Caso pareci<strong>do</strong>ocorreu com o Tranças da Terra, on<strong>de</strong> a instrumentalização para com os processos pareceuexcessiva, porém houve sempre uma canal <strong>de</strong> comunicação que aten<strong>de</strong>sse as reivindicações<strong>do</strong>s beneficia<strong>do</strong>s. "Eles cobravam muito, pra gente fazer as coisas certas, pra ter qualida<strong>de</strong> noproduto [...] os pedi<strong>do</strong>s, anotar as compras, fazer cadastro <strong>de</strong> clientes [sic] Sempre foi fácil <strong>de</strong>encontrá-los [...] Mesmo quan<strong>do</strong> a parceria acabou eles continuaram a nos ajudar"(TRANÇAS). O SEBRAE neste caso parece ter atendi<strong>do</strong> as <strong>de</strong>mandas.Dentro da realida<strong>de</strong>s <strong>do</strong>s beneficia<strong>do</strong>s da Vereda Santa Helena, houve tambémreclamações quanto a racionalida<strong>de</strong> empregada pelo SEBRAE ao <strong>de</strong>correr <strong>do</strong> projetoCRESCER. Para o beneficia<strong>do</strong> das bebidas Rachelle a forma na qual os recursos financeirosforam emprega<strong>do</strong>s, foge completamente da proposta da gestão <strong>social</strong>.No primeiro projeto, nós éramos em 50 (pessoas), e foram 1.500.000 <strong>de</strong> reais.Pegue esse dinheiro e divida para cada um e vê. Nós teríamos as empresas fortes.Assim o que <strong>de</strong>senvolve são as empresas que prestam assessoria para o SEBRAE.Nós ficamos só com as sobras. (RACHELLE).A iniciativa Do Monte também divi<strong>de</strong> a mesma percepção, logo percebeu-se quepouco foi assimila<strong>do</strong> pelo SEBRAE, das dificulda<strong>de</strong>s e boas i<strong>de</strong>ias vindas <strong>do</strong>s beneficia<strong>do</strong>s,


127no <strong>de</strong>correr da proposta <strong>do</strong> projeto CRESCER. Configura-se assim uma gestão com baixasubstantivida<strong>de</strong>, e com um enfoque altamente burocrático top <strong>do</strong>wn.4.4.4 ProtagonistasNo escopo que atente aos anseios da gestão <strong>social</strong>, a socieda<strong>de</strong> é o principalprotagonista <strong>do</strong>s processos, para e pela socieda<strong>de</strong>. Não se preten<strong>de</strong> excluir o esta<strong>do</strong> ou asorganizações privadas, mas propor que a socieda<strong>de</strong> tenha espaço inter e intra organizacionalpara agir e inserir sua temática própria <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento (TENÓRIO, 2008; PIMENTEL ePIMENTEL, 2010).O assunto refere-se à questão <strong>do</strong> aproveitamento da coletivida<strong>de</strong> existente naregião, e das potencialida<strong>de</strong>s comerciais que os pequenos produtores po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>sempenhar emfavorecimento da continuida<strong>de</strong> e manutenção da zona rural <strong>como</strong> prove<strong>do</strong>r <strong>de</strong> alimentos agroindustrializavéis.O projeto CRESCER <strong>do</strong> SEBRAE <strong>do</strong> Meio Oeste Contesta<strong>do</strong>, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong>com Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r estadual, sobre o foco e protagonistas <strong>do</strong> projeto aponta o MDA <strong>como</strong>órgão responsável pela escolha <strong>do</strong>s mesmos.Os critérios para escolha <strong>do</strong> territórios foi estabeleci<strong>do</strong> pelo MDA, foi pra Brasíliaque escolheu. Porque se fosse ver bem pela questão <strong>do</strong> IDH, não seria aqueleterritório para trabalhar [...] seria <strong>do</strong> eixo da BR- 116, o Planalto Catarinense, queconcentra maioria <strong>do</strong>s municípios com baixo <strong>de</strong>senvolvimento [...] os critérios veme você fica até meio assim (SEBRAE1)Isso <strong>de</strong>monstra que <strong>de</strong> certa forma o SEBRAE aten<strong>de</strong> à uma <strong>de</strong>manda <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> enão da socieda<strong>de</strong> <strong>como</strong> gera<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> conhecimento e esfera <strong>de</strong> enfrentamento <strong>social</strong>. Para acoor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ra regional, e executora <strong>do</strong> projeto, os beneficia<strong>do</strong>s são os protagonistas <strong>do</strong>projeto, mas a captação <strong>de</strong> informações para a aplicação das ações parece ter vin<strong>do</strong> dasprefeituras, intermedian<strong>do</strong> as necessida<strong>de</strong>s da população.Quan<strong>do</strong> a gente chega ao território, que foi o caso <strong>de</strong>sse projeto aqui, nos fizemosum diagnóstico, que entrevistou to<strong>do</strong>s os 29 municípios, em reuniões com acomunida<strong>de</strong> e li<strong>de</strong>ranças locais para <strong>de</strong>finir os eixos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento(SEBRAE2).Quanto aos beneficia<strong>do</strong>s <strong>do</strong> projeto, não parece haver concordância em suasposições para quem são os protagonistas <strong>do</strong> projeto inseri<strong>do</strong> no PTC Meio Oeste Contesta<strong>do</strong>.Para o pessoal <strong>do</strong> Broto <strong>do</strong> Galho, "eles (SEBRAE) procuram nos ajudar [...] eles fazem site,facebook, tu<strong>do</strong> [...] Mas os maiores compra<strong>do</strong>res no momento são o SEBRAE e a IRANI [...] é


128pra brin<strong>de</strong> corporativo [...] é venda certa para tu<strong>do</strong> que produzir aqui [...]" Essa resposta leva acrer que para os beneficia<strong>do</strong>s o principal protagonista é o merca<strong>do</strong>. Já para os beneficia<strong>do</strong>s <strong>do</strong>Tranças da Terra "os professores contrata<strong>do</strong>s pelo SEBRAE, <strong>de</strong>ram instrução pra gente,sempre buscan<strong>do</strong> nossa união [...] Os prêmios que ganhamos são prova disso" coloca <strong>como</strong>que a socieda<strong>de</strong> é o principal ator da iniciativa.Na perspectiva <strong>do</strong> Vereda Santa Helena, a agroindústria Do Monte, assina-la que"eles (SEBRAE) estão trabalhan<strong>do</strong> mais com nós [sic]", também focan<strong>do</strong> no beneficia<strong>do</strong><strong>como</strong> priorida<strong>de</strong>. No entanto para o representante das bebidas Rachelle, "pelo que eu vejo osempresários falar, os comentários falam muito bem [...] já minha experiência não foi muitoboa [...] " e <strong>de</strong>monstra que o interesse <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> sobressai ao interesse da socieda<strong>de</strong> civil,mesmo envolven<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s os atores <strong>de</strong> <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> espaço.4.4.5 ComunicaçãoOs tipos <strong>de</strong> gestão ten<strong>de</strong>m a se diferenciar pelo tipo <strong>de</strong> comunicação queempregam em seus processos, pois <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> <strong>do</strong> enclave no qual se encontra, po<strong>de</strong> limitar apotencialida<strong>de</strong> das ações <strong>do</strong>s atores envolvi<strong>do</strong>s. Nas formas <strong>de</strong> gestão estratégica e, ou estatala comunicação po<strong>de</strong> ser tanto monológica e verticalizada, com direito a algumashorizontalida<strong>de</strong>s, <strong>como</strong> também monológica e com pontos <strong>de</strong> restrição a fala <strong>do</strong>s atoresenvolvi<strong>do</strong>s. A gestão <strong>social</strong> por sua vez, emprega a dialogicida<strong>de</strong>, ten<strong>do</strong> está razão <strong>como</strong> guiana tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão (PIMENTEL e PIMENTEL, 2010).No que toca o entendimento da coor<strong>de</strong>nação executora <strong>do</strong> projeto CRESCER, acomunicação acontece fluidamente, com algumas horizontalida<strong>de</strong>s, <strong>como</strong> <strong>de</strong>scrito "precisaacompanhar né [...] então fizemos essas reuniões [...] to<strong>do</strong>s interagem, /os indivíduos <strong>do</strong>município A interagem com os indivíduos <strong>do</strong> município B, porque fazem parte <strong>do</strong> mesmoprojeto/. Há uma troca, um aprendiza<strong>do</strong>, troca <strong>de</strong> experiência e reduz o nível <strong>de</strong> incerteza"(SEBRAE2). Por tal <strong>de</strong>poimento, acredita-se que a melhor gestão para caracterizar a fala seriaa gestão pública.A visão sobre a comunicação, no caso <strong>do</strong>s beneficia<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Broto <strong>do</strong> Galho, "Foiuma comunicação preocupada em aten<strong>de</strong>r nossas necessida<strong>de</strong>s [...] as partes burocráticasforam exercidas pelo SEBRAE e pela IRANI [...] <strong>de</strong>ixaram nós mais com o chão que a gentequeria e cuidar da produção". Esta fala nos remete a possibilida<strong>de</strong> da gestão <strong>social</strong>,pre<strong>do</strong>minan<strong>do</strong> a vonta<strong>de</strong> da socieda<strong>de</strong> civil organizada. Assim corroboram também aagroindústria Do Monte quanto atenta para que "sempre houve acesso à instituição, os meios


129<strong>de</strong> comunicação sempre estiveram abertos", e também o beneficia<strong>do</strong> da Bebidas Rachelle,quan<strong>do</strong> coloca que "eles recebem a gente muito bem lá [...] quan<strong>do</strong> eu expus um problema queestava acontecen<strong>do</strong> aqui, no outro dia ela (Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ra) me ligou. Discutimos muito sobreas cores e a visualização <strong>do</strong> produto". A tentativa <strong>de</strong> procurar um consenso através dacomunicação está representa<strong>do</strong> na fala <strong>de</strong>ssas iniciativas.Contu<strong>do</strong> no caso <strong>do</strong> Tranças da Terra, uma situação exposta <strong>de</strong>monstrou afragilida<strong>de</strong> da transparência <strong>de</strong>ssa comunicação." Ganhamos um prêmio da Caixa Econômicano valor <strong>de</strong> 30.000,00 reais, mas ninguém aqui <strong>de</strong>ntro da organização viu esse dinheiro [...]isso fez muitas pessoas saírem da organização [...] " Conclui-se que houve uma coerção <strong>de</strong>po<strong>de</strong>r comunicativo muito séria entre o SEBRAE, e diretoria da associação.4.4.6 Processo DecisórioPara a gestão estratégica, a figura <strong>do</strong> gestor é central, pois é <strong>de</strong>le que se originamas or<strong>de</strong>ns, e <strong>de</strong> vem on<strong>de</strong> o respeito à hierarquia é o grau da importância da autorida<strong>de</strong><strong>de</strong>cisória.Dentre as possibilida<strong>de</strong>s da gestão pública, está a <strong>de</strong>scentralização visan<strong>do</strong> atingirníveis locais e regionais <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão compartilhada. Porém os críticos da gestão <strong>social</strong> frisamque atualmente pouco realmente tem si<strong>do</strong> visualiza<strong>do</strong> <strong>como</strong> inovação na administraçãopública. Já a gestão <strong>social</strong>, o consenso coletivo é fator crucial para a legitimação <strong>do</strong>sprocessos através <strong>de</strong> discussão crítica, mobilizan<strong>do</strong> os mais diversos e atuantes atores natomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão (TENÓRIO, 2008; GODIM, FISCHER e MELO, 2006).De acor<strong>do</strong> com os gestores <strong>do</strong> projeto CRESCER, "São <strong>do</strong>is momentos: um <strong>de</strong>não ter muita interferência no projeto, porque a gente precisa <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo nacional, e emoutro momento a proposta era discutida com os grupos através <strong>do</strong> plano <strong>de</strong> ação"(SEBRAE1). Logo por essa visão, temos que a gestão que melhor se assemelha ao projeto é apública. Para a coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ra executiva "a construção coletiva é importante, mas <strong>do</strong>s 25parceiros, não posso afirmar que to<strong>do</strong>s interagem efetivamente. Mas o foco <strong>do</strong> processoaten<strong>de</strong> incluir o produtor, fortalecer a região, misturar as informações, dá liberda<strong>de</strong> e avaliaobjetivos pré estabeleci<strong>do</strong>s" (SEBRAE2). Mesmo ten<strong>do</strong> uma visão mais aberta <strong>do</strong> processo<strong>de</strong>cisório, não houve menção a participação <strong>de</strong>liberativa <strong>do</strong>s beneficia<strong>do</strong>s.Na visão <strong>do</strong>s beneficia<strong>do</strong>s, <strong>como</strong> no caso <strong>do</strong> Broto <strong>do</strong> Galho, a fala nos remete auma lógica totalmente top-<strong>do</strong>wn. "O SEBRAE trás cursos <strong>de</strong> capacitação [...] tipogerenciamento volta<strong>do</strong> para microempresas." (BROTO) Mesmo haven<strong>do</strong> diálogo, e certa


130interação com os processos, não houve uma construção inteiramente efetiva, e percebe-se queas mesmas técnicas <strong>de</strong> consultoria para microempresas, não foram adaptadas a realida<strong>de</strong> localorganizacional. Além disso, a visão merca<strong>do</strong>lógica acaba por obscurecer as <strong>de</strong>mandas quepo<strong>de</strong>riam advir <strong>do</strong>s beneficia<strong>do</strong>s.No caso da bebidas Rachelle, o entrevista<strong>do</strong> aponta que:Eles (SEBRAE) vieram aqui e perguntaram o que a gente precisa à curto prazo paracomercializar..daí eles fizeram um projeto...ninguém recebeu a mesma capacitação[...] e eles vinham aqui em casa [...] uns vinham pra dar motivação, outros pra darpalestra e outros pra melhorar as coisas [...] eles me <strong>de</strong>ram isso e ficou por isso [...]nós começamos no Veredas, mas <strong>de</strong>i um jeito <strong>de</strong> cair fora (RACHELLE).Não houve uma real construção coletiva, e o processo <strong>de</strong>cisório não aten<strong>de</strong>u aosquesitos <strong>de</strong> <strong>de</strong>liberação expressos na gestão <strong>social</strong>. Mesmo que na teoria <strong>do</strong>s gestores <strong>do</strong>SEBRAE esteja <strong>de</strong>limitada a participação, não prática a mesma não ocorre.4.4.7 OperacionalizaçãoPara que sirva <strong>de</strong> guia para mensurar os rumos espera<strong>do</strong>s da gestão tanto privada<strong>como</strong> estratégica, informações quantitativas, <strong>como</strong> indica<strong>do</strong>res financeiros são utiliza<strong>do</strong>s paraavaliar o grau <strong>de</strong> acerto nas ações . Já na gestão pública, os indica<strong>do</strong>res que mensuram aeficácia das ações e processos, são sociais e funcionam estrategicamente, visan<strong>do</strong> o alcance<strong>de</strong> objetivos, prazos e metas a serem cumpridas.A gestão <strong>social</strong>, sen<strong>do</strong> uma inovação no campo gerencial, propõe uma ligação entreEsta<strong>do</strong>, socieda<strong>de</strong> civil e iniciativa privada, sen<strong>do</strong> que o diálogo e a participação nessasesferas possibilitam operacionalizar a gestão <strong>de</strong> forma mais efetiva, eficaz e eficiente, parapensar uma organização <strong>social</strong> a partir da relação política, econômica e <strong>social</strong> (CARVALHO,2001; DOWBOR, 1999).Os gestores <strong>do</strong> projeto CRESCER afirmam que "se o grupo (beneficia<strong>do</strong>) precisava<strong>de</strong> consultoria <strong>de</strong> <strong>de</strong>sign, ou <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> [...] a gente calcula quantas horas <strong>de</strong> consultoria vãoser necessárias [...] a parte <strong>de</strong> escritório fechada, a parte <strong>do</strong> campo aberta" (SEBRAE1).A executora e coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ra regional trás uma interessante informação para essacategoria " O entusiasmo das pessoas a alegria <strong>de</strong>sses beneficia<strong>do</strong>s é difícil mensurar isso [...]pessoas que estavam em <strong>de</strong>pressão e melhoraram pela inserção <strong>social</strong> no projeto"(SEBRAE2). Mesmo sen<strong>do</strong> muito difícil operacionalizar tal sentimento o mesmo é percebi<strong>do</strong>.


131Percebe-se que além <strong>do</strong> cálculo utilitário <strong>de</strong> horas <strong>de</strong> consultoria, a instituiçãopercebe que há necessida<strong>de</strong> que estes padrões sejam rompi<strong>do</strong>s em nome da qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong>serviço e da transformação das pessoas.Os beneficia<strong>do</strong>s quanto a operacionalização, ainda estão muito liga<strong>do</strong>s ao quesitoremuneração, mas no caso <strong>do</strong> Broto <strong>do</strong> Galho nota-se, que além <strong>do</strong> retorno financeiro, o nível<strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s produtos também os prêmios recebi<strong>do</strong>s funcionam <strong>como</strong> índices sociais <strong>de</strong>reconhecimento.Já ouve um bom reflexo, tanto que aqui no Broto já ven<strong>de</strong>mos muito [...]. Só queaqui no local ninguém valoriza [...] to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> olha e acha lin<strong>do</strong> [...] mas quan<strong>do</strong>perguntam quan<strong>do</strong> custa, acham muito caro, por estarmos receben<strong>do</strong> a matéria prima[...] eles não enten<strong>de</strong>m o trabalho <strong>de</strong>dica<strong>do</strong> em cima <strong>do</strong>s nossos produtos [...] nossosprodutos são mais reconheci<strong>do</strong>s pra fora, até em outros países [...] (BROTO).Nas <strong>de</strong>mais iniciativas beneficiadas <strong>como</strong> no caso da Vereda Santa Helena, osrepresentantes não possuem a formação, e a informação necessária para seguir as orientaçõesadvindas <strong>de</strong> indica<strong>do</strong>res sociais, logo não conseguem <strong>de</strong>liberar através das tais. O lucro é oindica<strong>do</strong>r financeiro <strong>de</strong> maior preocupação entre os mesmos. De acor<strong>do</strong> com o entrevista daagroindústria Do Monte " mas mesmo assim tá (mal) [...] eu não recebi nada <strong>de</strong> dinheiro [...]Lógico, eles me <strong>de</strong>ram orientação técnica e fizemos cursos." Pergunta<strong>do</strong> sobre aoperacionalização o beneficia<strong>do</strong> das Bebidas Rachelle, respon<strong>de</strong>u da seguinte maneira "aplanilha <strong>de</strong> custo, foi a melhor coisa que fizeram pra nós [...] isso ajuda muito para ajudar agerir nosso negócio [...]" Conclui-se que os indica<strong>do</strong>res financeiros são os principaisutiliza<strong>do</strong>s para a operacionalização das ativida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> SEBRAE no Meio Oeste Contesta<strong>do</strong>.4.4.8 EsferaExistem <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> campo da gestão <strong>social</strong> certas <strong>de</strong>limitações, on<strong>de</strong> os teóricos<strong>de</strong>ssa nova perspectiva gerencial não apenas se diferem <strong>como</strong> também se divergem.Dentre esses <strong>de</strong>limita<strong>do</strong>res <strong>do</strong> campo, as esferas <strong>de</strong> atuação, não geram consenso,pois apresentam características dialógicas que po<strong>de</strong>m tanto aten<strong>de</strong>r enclaves com ou semcoerção hierárquica. Para França Filho, (2008), a melhor opção <strong>de</strong> esfera para a atuação dagestão <strong>social</strong> é a pública não estatal, remeten<strong>do</strong> diretamente a formação direta pela socieda<strong>de</strong>civil, fundamenta<strong>do</strong>s em uma visão sociológica e antropológica econômica. Tenório (2008)sugere uma contraposição ao colocar que a gestão <strong>social</strong> tem <strong>como</strong> qualida<strong>de</strong>, não só <strong>do</strong>sprocessos <strong>de</strong>liberativos e dialógicos <strong>do</strong>s processos <strong>de</strong>cisórios, mas também a<strong>de</strong>rente àorganizações econômicas estatais.


132Para os gestores <strong>do</strong> projeto CRESCER, não houve um consenso seguro <strong>de</strong> qualesfera é priorizada para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> suas ativida<strong>de</strong>s. De acor<strong>do</strong> com o coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>restadual, "Estamos no olho <strong>do</strong> Furacão, entre o público e o priva<strong>do</strong>"(SEBRAE1). Já para aexecutora regional <strong>do</strong> projeto, tem uma posição mais <strong>de</strong>finida sobre qual esfera concentrasuas ações "Nosso foco é o empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>r, é a iniciativa privada. Seja rural, urbano ou pessoafísica que quer montar um negócio [...] nossa esfera é nosso público final, seja individual oucoletivo" (SEBRAE2). Enquanto <strong>de</strong>ntro das hierarquias temos distintos pontos <strong>de</strong> intersecçãoquanto as esferas <strong>de</strong> atuação, e po<strong>de</strong>mos afirmas que sua flexibilida<strong>de</strong> ten<strong>de</strong> à gestão <strong>social</strong><strong>como</strong> escopo <strong>de</strong> ação.Enten<strong>de</strong>-se que ao estar inseri<strong>do</strong> na realida<strong>de</strong> regional e <strong>do</strong> programagovernamental, as iniciativas <strong>do</strong> SEBRAE atendam a todas as esferas, <strong>como</strong> menos ou maiscoerção, e seu foco é o <strong>de</strong>senvolvimento priva<strong>do</strong>, <strong>do</strong> pequeno produtor inseri<strong>do</strong> em umalógica aprimoramento <strong>social</strong> e econômico proposto pelo governo. Isto fica claro com o<strong>de</strong>poimento <strong>do</strong>s beneficia<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Broto <strong>do</strong> Galho:O SEBRAE tá foca<strong>do</strong> na formação <strong>de</strong> empresa [...]. A IRANI, possui exemplosinternacionais <strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong> e responsabilida<strong>de</strong> <strong>social</strong> [...]. aqui temosexemplos <strong>de</strong> parcerias entre a prefeitura e a empresa [...] a prefeitura contrata oSEBRAE, para gerar grupos que venham formar grupos que gerem riqueza e renda(BROTO).A ação <strong>do</strong> SEBRAE no Meio Oeste Contesta<strong>do</strong> tem um enfoque <strong>de</strong>intersetorialida<strong>de</strong>, ao convergir múltiplos atores das diferentes esferas <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, em prol <strong>do</strong><strong>de</strong>senvolvimento. Logo percebe-se que essa forma <strong>de</strong> gerir, alcança todas as esferas <strong>de</strong>interesse, trazen<strong>do</strong> as contribuições <strong>de</strong>scritas pela gestão <strong>social</strong>, à um processo mais solidário.Talvez o merca<strong>do</strong> não tenha total pre<strong>do</strong>mínio <strong>como</strong> enclave, pois os principais problemasadvém muitas vezes <strong>do</strong>s arranjos das iniciativas e não propriamente <strong>de</strong>le.4.4.9 Autonomia e po<strong>de</strong>rOutro ponto que completa o anterior, mas que cria também divergências entre oteóricos da gestão <strong>social</strong>, é a questão sobre autonomia e po<strong>de</strong>r. Neste quesito, Tenório (2008)levanta que a gestão <strong>social</strong> trás aos espaços <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão o direito universal <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s à fala semcoerção, on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>bate a <strong>de</strong>terminação da or<strong>de</strong>m pela posse e sua legitimação. De ouramaneira enten<strong>de</strong>-se que nos espaços públicos, varias características, sociais, culturais e


133intelectuais <strong>do</strong>s envolvi<strong>do</strong>s são leva<strong>do</strong>s em conta, molduran<strong>do</strong> assim a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> dizeralgo, e fortalecen<strong>do</strong> os conceitos à prática (PIMENTEL e PIMENTEL, 2010).De acor<strong>do</strong> com Fischer (2002), para as temáticas que envolvem o<strong>de</strong>senvolvimento local e <strong>social</strong>, entendidas <strong>como</strong> finalida<strong>de</strong> da república, as divergências econflitos são componentes intrínsecos, e esta a<strong>de</strong>quação das práticas organizacionais, passapor uma qualificação <strong>de</strong> interesses. Na busca <strong>de</strong> aportes à gestão <strong>social</strong>, Godim, Fischer eMelo (2006) colocam que no quesito autonomia e po<strong>de</strong>r, que o gestor público é o responsávelpela conciliação <strong>do</strong>s interesses. Vale ressaltar que no enfoque da gestão pública, existe umacoerção normativa, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao estatuto jurídico <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, restringin<strong>do</strong> as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ação individual, e que na gestão privada há graus <strong>de</strong> coerção, e submissão entre envolvi<strong>do</strong>s.Para os gestores <strong>do</strong> projeto CRESCER, durante as etapas <strong>de</strong> formulação eimplantação <strong>do</strong> mesmo, ocorreram diferentes dinâmicas <strong>de</strong> coerção."[...]na formação <strong>do</strong>projeto, não havia muita preocupação com a <strong>de</strong>manda da socieda<strong>de</strong>, mais em aten<strong>de</strong>r asdiretrizes nacionais. Mas agora durante a implantação <strong>do</strong> projeto trabalhamos em igualda<strong>de</strong>[...] as <strong>de</strong>cisões fundamentais agora são tomadas em grupo" (SEBRAE1). Percebe-se umaa<strong>de</strong>quação às normas vigentes, e das diretrizes vindas <strong>do</strong> PTC, para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong>projeto, caracterizan<strong>do</strong> uma gestão tipicamente pública. Para a coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ra regional, asações são mais transparentes juntamente com os beneficia<strong>do</strong>s. "SEBRAE não é <strong>do</strong>no projeto,o projeto é da comunida<strong>de</strong> [...] mesmo sen<strong>do</strong> o maior investi<strong>do</strong>r <strong>do</strong> projeto, executor,forma<strong>do</strong>r <strong>de</strong> equipes e acompanhar reuniões, mas as <strong>de</strong>cisões com os diálogos são repartidas."(SEBRAE2). Por esta visão, enten<strong>de</strong>-se que se aproximam das características da gestão <strong>social</strong>em sua essência <strong>de</strong>liberativa.No entanto pela visão <strong>do</strong>s beneficia<strong>do</strong>s, no caso <strong>do</strong> Broto <strong>do</strong> Galho, <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>projeto CRESCER "Algumas coisas foram mudadas [...] mas <strong>como</strong> a gente viu o merca<strong>do</strong> éque dita as regras, e o SEBRAE é <strong>de</strong>tentor <strong>de</strong>sse conhecimento <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>." Há uma certacoerção principalmente visan<strong>do</strong> a<strong>de</strong>quação ao merca<strong>do</strong>, no qual o SEBRAE impõe asdiretrizes normativas.O entrevista<strong>do</strong> da iniciativa <strong>do</strong> Tranças da Terra argumenta queEles (SEBRAE) sempre falavam em parcerias [...] por isso contrataram os <strong>de</strong>signers[...] eles foram trazen<strong>do</strong> os mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> produtos [...] eles apenas pe<strong>de</strong>m que nós nãosaímos <strong>de</strong>ssa linha, não po<strong>de</strong>mos sair das cores e das curvas [...].Um <strong>do</strong>s consultoresperguntou se alguém <strong>de</strong> nós queríamos ven<strong>de</strong>r para lojas <strong>de</strong> 1,99 [...] e ninguém quer[...] por isso tem que ter coisa <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> [...]temos que seguir essa meta. Umaajuda a outra, esse é nosso lema acontece frequentemente trocas <strong>de</strong> experiência(TRANÇAS).


134Logo <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> cada realida<strong>de</strong>, as esferas ten<strong>de</strong>m a ter sua própria coerção, sen<strong>do</strong>da normatização merca<strong>do</strong>lógica imposta para aten<strong>de</strong>r índices quantitativos, ou numa coerçãohierárquica, <strong>como</strong> ocorre entre o governo fe<strong>de</strong>ral e o SEBRAE, e também uma coerçãodialógica e <strong>de</strong> <strong>de</strong>liberação <strong>de</strong>ntro das próprias iniciativas. Nas iniciativas da Vereda SantaHelena, no caso da Bebidas Rachelle, o beneficia<strong>do</strong> frisa que " Eles (SEBRAE) <strong>de</strong>veriam terum acompanhamento mais particular, foca<strong>do</strong> em cada empreendimento", <strong>de</strong>monstran<strong>do</strong> umafalta <strong>de</strong> sintonia com as <strong>de</strong>mandas que <strong>de</strong>liberam os componentes <strong>do</strong> arranjo inter eintrassetorial local, estadual e nacional, obe<strong>de</strong>cen<strong>do</strong> assim apenas uma normatização estatal.


1355 CONSIDERAÇÕES FINAISA aplicação <strong>de</strong> políticas públicas compensatórias, a partir <strong>de</strong> conceitosequivoca<strong>do</strong>s ou enviesa<strong>do</strong>s <strong>de</strong> cidadania, participação ou estratégia territorial, po<strong>de</strong> acarretaruma má aplicação da força construtiva <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>.No caso estuda<strong>do</strong>, o recorte proposto trouxe ricas informações para acaracterização <strong>de</strong> novos aportes nos quais o governo fe<strong>de</strong>ral vem trabalhan<strong>do</strong>, para o<strong>de</strong>senvolvimento local <strong>de</strong> territórios com i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s distintas e historicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conflitossociais. Em foco, o Território da Cidadania <strong>do</strong> Meio Oeste Contesta<strong>do</strong>, possui umacomplexida<strong>de</strong> <strong>de</strong> interação entre atores. Percebeu-se que a cultura <strong>de</strong> diálogo na região éabalada, tanto pelo passa<strong>do</strong> <strong>de</strong> conflitos arma<strong>do</strong>s, por <strong>de</strong>corrência da questão <strong>do</strong> Contesta<strong>do</strong>,<strong>como</strong> pelo <strong>de</strong>scompasso <strong>de</strong> interesses políticos, acarretan<strong>do</strong> na falta <strong>de</strong> sintonia para com o<strong>de</strong>senrolar das ativida<strong>de</strong>s e ações propostas pelo programa governamental.A i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> territorial por vezes parece esquecida na região <strong>do</strong> Meio OesteCatarinense. O homem <strong>do</strong> Contesta<strong>do</strong>, <strong>como</strong> já diz a adjetivação, parte <strong>de</strong> uma razãocontesta<strong>do</strong>ra, e no caso ocorri<strong>do</strong> no inicio <strong>do</strong> século passa<strong>do</strong>, foi <strong>de</strong> encontro à vonta<strong>de</strong> da<strong>do</strong>minação <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r político servin<strong>do</strong> as interesses priva<strong>do</strong>s capitalistas. De acor<strong>do</strong> com amaioria <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s nenhuma instituição ou meio comunicativo da região abor<strong>do</strong>uintensamente os 100 anos da Guerra <strong>do</strong> Contesta<strong>do</strong> neste ano <strong>do</strong> centenário. É uma parte dahistória que tenta ser esquecida principalmente pelos órgãos públicos, mas que a populaçãotenta reavivar, em suas praticas cotidianas <strong>de</strong> enfrentamento, e através <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s culturais.Nessa perspectiva, com a pesquisa, pô<strong>de</strong>-se perceber que a maneira <strong>de</strong> <strong>como</strong> ai<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> territorial formou-se, principalmente após o conflito, com o clientelismo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>para com as classes <strong>do</strong>minantes, subjulgan<strong>do</strong> as capacida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> cabloco, fez com que aparticipação das camadas sociais carentes não conseguisse atuar <strong>de</strong> forma à construir umasocieda<strong>de</strong> mais participativa. No passa<strong>do</strong> o ato <strong>de</strong> participação <strong>social</strong> foi violentamenteanula<strong>do</strong>, o que transformou a região atual, e seu povo, qualifican<strong>do</strong>-os com passivida<strong>de</strong> paracom seus direitos políticos. Atualmente per<strong>de</strong>-se em controle e transparência da administraçãopública e na possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> inserir o cidadão comum, isola<strong>do</strong> ou em agrupamentos,einterferir numa política pública governamental mais complexa.A proposta dirigida pelo governo fe<strong>de</strong>ral, para a articulação das várias esferasministeriais, que formulou os Territórios da Cidadania e que anexou o território rural <strong>do</strong> MeioOeste Contesta<strong>do</strong> em sua alçada, colocou <strong>como</strong> fator primordial para seu funcionamento oatendimento das <strong>de</strong>mandas sociais. A gran<strong>de</strong> preocupação <strong>do</strong> governo é a questão <strong>do</strong> aumento


136<strong>do</strong> consumo alimentício, e a manutenção <strong>do</strong> homem <strong>do</strong> campo, <strong>como</strong> especialista <strong>do</strong>manuseio da terra e na comercialização <strong>de</strong> sua produção, garantin<strong>do</strong> assim o suprimento da<strong>de</strong>manda interna nacional. No entanto o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão nas ações ofertadas pelo programa,pouco é agrega<strong>do</strong> com o que necessita a população carente da região, e sim através daintermediação <strong>de</strong> instituições estaduais, e municipais que possuem maior força política. Osentrevista<strong>do</strong>s que são beneficia<strong>do</strong>s pelo programa, em sua maioria, afirmaram ser capazes <strong>de</strong>administrar o dinheiro público sem a intermediação <strong>de</strong> instituições <strong>de</strong> fomento.Os <strong>do</strong>cumentos pesquisa<strong>do</strong>s <strong>como</strong> a última ata <strong>de</strong> reunião <strong>do</strong> CODETER, e orelatório da Instituto Interamericano, mostram a fragilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> criação e<strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> Território da Cidadania <strong>do</strong> Meio Oeste Contesta<strong>do</strong>. Notou-se porconseguinte que ao invés <strong>de</strong> haver interação e cooperativismo entre as instancias, o que ocorreé que existe uma forte motivação política para fortalecer <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s agrupamentos. Asdiferentes frentes <strong>de</strong> ações que acontecem <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> recorte, estão em um grau <strong>de</strong> dinamismocomunicativo muito fraco, e muitas vezes divergem <strong>de</strong> interesses, causan<strong>do</strong> gran<strong>de</strong>s prejuízosà população, que <strong>de</strong>ve ser o foco das políticas públicas em questão.Para abordar <strong>de</strong> forma mais enfática o que este trabalho vem propon<strong>do</strong>, ainvestigação <strong>de</strong> um <strong>de</strong>sses agentes que está comprometi<strong>do</strong> com o <strong>de</strong>senvolvimento local, eque está trabalhan<strong>do</strong> intensivamente <strong>de</strong>ntro da realida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s Territórios da Cidadania, emespecial no Meio Oeste Contesta<strong>do</strong>, foi necessária. Assim foi escolhida tanto pela aberturainstitucional, <strong>como</strong> pela gama <strong>de</strong> beneficia<strong>do</strong>s, o projeto <strong>de</strong> agro industrialização sustentável,<strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> CRESCER, executa<strong>do</strong> pela regional <strong>do</strong> SEBRAE em Joaçaba, e que estápresente na maioria <strong>do</strong>s municípios <strong>do</strong> território estuda<strong>do</strong>.Observou-se o direcionamento nas ações <strong>do</strong> SEBRAE <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> recorte, por umacomparação entre as tipificações <strong>de</strong> gestão, ten<strong>do</strong> as informações si<strong>do</strong> coletadasprincipalmente pela voz <strong>do</strong>s beneficia<strong>do</strong>s <strong>do</strong> programa, numa visão mais coletivizada dastransformações que vêm ocorren<strong>do</strong> em sua realida<strong>de</strong>. De acor<strong>do</strong> com os gestores <strong>do</strong> projetoCRESCER, a intenção <strong>do</strong> SEBRAE é interagir ao ponto <strong>de</strong> máxima eficiência <strong>social</strong>, istopercebi<strong>do</strong> tanto através <strong>de</strong> suas falas <strong>como</strong> nos <strong>do</strong>cumentos pesquisa<strong>do</strong>s. Entretanto, pelavisão <strong>do</strong>s beneficia<strong>do</strong>s, foi obti<strong>do</strong> que existem disparida<strong>de</strong>s e coerção em muitos momentosda proposta, eliminan<strong>do</strong> assim a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma gestão <strong>social</strong> pura e emancipativa. Oserviço que é ofereci<strong>do</strong> pelo SEBRAE no território não é cobra<strong>do</strong>, mas contatou-se que talvezseja um <strong>do</strong>s motivos que causa a baixa qualida<strong>de</strong> na prestação <strong>do</strong> mesmo. Os projetos <strong>de</strong>incubação aten<strong>de</strong>m funcionalida<strong>de</strong>s operacionais empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>ras, <strong>como</strong> capacitações emmotivação, e pesquisa para <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> produtos. Essa abordagem não parece surtir


137gran<strong>de</strong> efeito, já que por algumas imposições, o processo criativo <strong>do</strong>s agrupamentos é porvezes bloquea<strong>do</strong>, através imposições normativas, que os consultores <strong>de</strong>legam visan<strong>do</strong>aspectos puramente quantitativos. Infelizmente, nesta pesquisa os consultores nãodisponibilizaram suas falas.A veia gerencialista <strong>do</strong> SEBRAE é evi<strong>de</strong>nte, por buscar na normatização e nosindica<strong>do</strong>res econômicos a sustentabilida<strong>de</strong> para o sucesso <strong>do</strong> projeto proposto. Supõe-se queessas práticas estejam enraizadas na cultura da instituição, e que mesmo em um <strong>de</strong>senhoespecífico não conseguem sobrepor os interesses coletivos aos interesses priva<strong>do</strong>s, <strong>como</strong>preten<strong>de</strong> a gestão <strong>social</strong>. O diagnóstico que se <strong>de</strong>u, foi da forte influência <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> sobre asocieda<strong>de</strong> local, e o SEBRAE <strong>como</strong> um atenuante para a propagação <strong>de</strong> uma lógicainstrumental e merca<strong>do</strong>lógica. Contu<strong>do</strong>, vale ressaltar que o trabalho <strong>do</strong> SEBRAE mereceatenção por estar crian<strong>do</strong> novos vínculos entre a socieda<strong>de</strong>, e atrain<strong>do</strong> o cidadão comum paraa participação em diferentes esferas <strong>de</strong> governança, abrin<strong>do</strong> novos horizontes aosnecessita<strong>do</strong>s.Como sugestões que po<strong>de</strong>m ser auferidas após algumas consi<strong>de</strong>rações <strong>de</strong>stadissertação, julga-se necessário um aprimoramento no nível <strong>de</strong> diálogo entre as partesgovernamentais em todas suas instâncias e foco nas melhoria da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> participaçãopelos pequenos produtores beneficia<strong>do</strong>s pelo programa. Para suprir com o fraco <strong>de</strong>sempenhona aplicação das ações e na convergência <strong>de</strong> objetivos, sugere-se o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> umsoftware on<strong>de</strong> as territorializações públicas fiquem em perspectiva, assinalan<strong>do</strong> as açõespropostas, em <strong>de</strong>senvolvimento e estágio final, e os órgãos e indivíduos responsáveis peloandamento <strong>de</strong> cada ativida<strong>de</strong>. Seria uma plataforma totalmente aberta, e os cidadãos afeta<strong>do</strong>spo<strong>de</strong>riam interagir, buscan<strong>do</strong> soluções próximas à sua realida<strong>de</strong>. Sabe-se porém, que em áreasrurais os meios <strong>de</strong> comunicação são obsoletos, e a operacionalização <strong>de</strong>sta plataformareivindica certa capacitação, tanto <strong>de</strong> infraestrutura <strong>como</strong> humana. Logo agentes <strong>como</strong>UNOESC e SEBRAE, po<strong>de</strong>riam trabalhar em conjunto e através <strong>de</strong> incuba<strong>do</strong>ras tecnológicassociais, levar oficinas com conteú<strong>do</strong>s práticos, e também teóricos em pólos e agrupamentosque <strong>de</strong>monstrarem pouca participação <strong>social</strong> ao programa.Ainda há muito caminho à ser percorri<strong>do</strong>, e uma longa audição pelos apelos <strong>do</strong>smais pobres e carentes, está apenas no começo. Como na Guerra <strong>do</strong> Contesta<strong>do</strong>, on<strong>de</strong> umafagulha <strong>de</strong> emancipação acen<strong>de</strong>u, e a vonta<strong>de</strong> popular buscou sua própria cidadania, buscousecom esse trabalho, comprovar que é possível e complexo o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma opçãopor políticas publicas mais justas, com participação da socieda<strong>de</strong>.


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151Carta <strong>do</strong> IraniNós, professores, estudantes e pesquisa<strong>do</strong>res da área <strong>de</strong> História e <strong>de</strong>mais CiênciasHumanas, participan<strong>do</strong> <strong>de</strong> três sessões (na UFSC, entre 29 <strong>de</strong> maio e 1 <strong>de</strong> junho; na UFPEL,entre 29 e 31 <strong>de</strong> agosto e na UFFS, entre 18 e 22 <strong>de</strong> outubro) <strong>do</strong> Simpósio sobre o Centenário<strong>do</strong> Movimento <strong>do</strong> Contesta<strong>do</strong>, reuni<strong>do</strong>s ao longo <strong>de</strong>ste ano <strong>de</strong> 2012, preocupa<strong>do</strong>s com oesta<strong>do</strong> e situação <strong>de</strong> acervos <strong>do</strong>cumentais, locais <strong>de</strong> memória, patrimônio histórico e dapopulação remanescente <strong>do</strong> conflito <strong>do</strong> Contesta<strong>do</strong>, alertamos a socieda<strong>de</strong> civil econclamamos as autorida<strong>de</strong>s públicas (órgãos <strong>de</strong> Patrimônio e Memória, Po<strong>de</strong>r Executivo,Ministério Público e Po<strong>de</strong>r Judiciário, das esferas municipais, Estaduais e Fe<strong>de</strong>ral) para:a). A premência da implementação <strong>de</strong> políticas públicas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, educação e terras para apopulação remanescente <strong>do</strong> conflito, <strong>como</strong> forma <strong>de</strong> atendimento a cidadãos que, porgerações, estiveram marginaliza<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s benefícios da socieda<strong>de</strong> brasileira. Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> queos núcleos <strong>de</strong> remanescentes <strong>do</strong> conflito - e <strong>de</strong> população tradicional <strong>do</strong> planalto meridionalem geral - apresentam atualmente os mais baixos índices <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento humano <strong>do</strong> sul<strong>do</strong> Brasil (IDH, conforme avaliação oficial);b). A urgência da <strong>de</strong>fesa <strong>do</strong>s locais <strong>de</strong> memória e convivência das populações tradicionaisremanescentes <strong>do</strong> conflito em Santa Catarina, e em maior âmbito, <strong>do</strong>s locais frequenta<strong>do</strong>spelos <strong>de</strong>votos da tradição <strong>de</strong> São João Maria em to<strong>do</strong> o sul <strong>do</strong> Brasil. Atualmente muitasfontes <strong>de</strong> “águas santas”, grutas, ermidas, cruzeiros, antigos redutos, guardas e cemitériosprecisam <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa institucional e recuperação e conservação, <strong>como</strong> locais <strong>de</strong> visitação, culto,convivência e pesquisa científica;c). A necessida<strong>de</strong> da localização, preservação, guarda e colocação à disposição <strong>de</strong> pesquisa<strong>de</strong> acervos <strong>do</strong>cumentais, <strong>de</strong> origem pública ou privada, compreen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> to<strong>do</strong> um repertório(<strong>de</strong> <strong>do</strong>cumentos, imagens, prosa, poesia, orações, pinturas, esculturas, objetos museológicos,<strong>de</strong>poimentos orais e peças audiovisuais) que tenham relação com a Guerra <strong>do</strong> Contesta<strong>do</strong> e,num senti<strong>do</strong> mais amplo, sobre a vida, a socieda<strong>de</strong> e a cultura <strong>do</strong> planalto meridionalbrasileiro;Acreditamos que é nossa obrigação, <strong>como</strong> professores, pesquisa<strong>do</strong>res e estudantes,apontar as questões acima para que nos próximos 100 anos não tenhamos que lamentar acontinuida<strong>de</strong> <strong>de</strong> situações <strong>de</strong> subalternização e marginalização <strong>de</strong> nossa pobre população quetanto trabalhou e trabalha para a edificação da nação.Irani, 22 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2012.Assinam: Os participantes <strong>do</strong> Simpósio <strong>do</strong> Centenário <strong>do</strong> Movimento <strong>do</strong> Contesta<strong>do</strong>: História,Memória, Socieda<strong>de</strong> e Cultura no Brasil Meridional, 1912 – 2012. Carta aprovada por aclamaçãona mesa final da sessão <strong>de</strong> Chapecó – UFFS.http://simpsiocentenriocontesta<strong>do</strong>1912-2012.blogspot.com.br/

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