48Esta comunida<strong>de</strong>, politicamente articulada, requer a participação <strong>do</strong> cidadão paraa construção <strong>do</strong> bem comum, o qual prece<strong>de</strong> o alcance <strong>de</strong> interesses priva<strong>do</strong>s (Salm;Menegasso, 2009). A re<strong>de</strong>scoberta da comunida<strong>de</strong> e a <strong>de</strong>volução <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r aos que <strong>de</strong>laparticipam é o foco central <strong>de</strong>ssa maneira <strong>de</strong> se exercer a administração pública.Com isso,"os cidadãos <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> se representar <strong>como</strong> meros executores ou <strong>de</strong>stinatários das políticaspúblicas, e passam a fazer parte <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> construção, efetivação e avaliação daspolíticas públicas" (JUSTEN, MORETTO NETO, FELIPPE, 2012, p.189).Aponta-se, portanto, <strong>como</strong> princípios <strong>do</strong> novo serviço público, segun<strong>do</strong> a proposta<strong>de</strong> Denhardt (2012): servir a cidadãos, não a consumi<strong>do</strong>res; perseguir o interesse público; darmais valor à cidadania e ao serviço público <strong>do</strong> que ao empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>rismo; pensarestrategicamente; agir <strong>de</strong>mocraticamente; reconhecer que a gestão não é simples; servir emvez <strong>de</strong> dirigir; valor às pessoas, não apenas à produtivida<strong>de</strong>.Assim, o novo mo<strong>de</strong>lo vem fundamenta<strong>do</strong> na participação <strong>de</strong>mocrática e noprocesso <strong>de</strong> coprodução, que se refere ao compartilhamento <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong>s entrecidadãos e servi<strong>do</strong>res na concepção e instituição <strong>do</strong>s serviços públicos (MARSCHALL,2004). Pelas bases epistemológicas e pelos valores que as sustentam, a gestão <strong>social</strong> e o novoserviço público são concepções críticas que representam alternativas ao establishment<strong>do</strong>minante na gestão e no serviço público.Os Territórios da Cidadania, e as ações <strong>do</strong> SEBRAE no recorte <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>, porterem cunho <strong>social</strong> e <strong>de</strong> serviço ao público, precisam ser analisa<strong>do</strong>s e concebi<strong>do</strong>s a partir <strong>de</strong>lentes críticas <strong>como</strong> essas, pensadas para a coletivida<strong>de</strong>, a fim <strong>de</strong> que se consoli<strong>de</strong> umaverda<strong>de</strong>ira efetivação <strong>do</strong>s objetivos estruturantes <strong>do</strong> projeto governamental. Também éimportante frisar que todas as abordagens da administração pública para o <strong>de</strong>senvolvimento,estão coniventes com suas alternativas, e não estanques a um perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> tempo.Da mesma forma enten<strong>de</strong>-se que apenas teorias organizacionais não são capazes<strong>de</strong> lidar com a realida<strong>de</strong> complexa das dinâmicas das esferas <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r que interagem em uma<strong>de</strong>terminada realida<strong>de</strong> (TENÓRIO, 2012).Por isso a gestão <strong>social</strong>, ten<strong>do</strong> em sua base a teoria crítica comunicativa <strong>de</strong> JurgenHabermas, da escola <strong>de</strong> Frankfurt, e na teoria da redução sociológica, <strong>de</strong> Alberto GuerreiroRamos, busca trazer mais uma alternativa <strong>de</strong> enfrentamento às necessida<strong>de</strong>s sociais,fomentan<strong>do</strong> o bem comum <strong>como</strong> principal resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> uma administração pública efetiva.
492.4.2 Gestão SocialO conceito <strong>de</strong> Gestão Social nos remete ao inicio da década <strong>de</strong> 90, quan<strong>do</strong> umnovo mun<strong>do</strong> capitalista <strong>de</strong>sperta <strong>de</strong>pois da <strong>de</strong>rrubada <strong>do</strong> Muro <strong>de</strong> Berlim. Sobre essa novaonda o “Consenso <strong>de</strong> Washington” trouxe consigo <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> containers o Esta<strong>do</strong>-mínimo, osuperávit primário, a não reserva <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> e outras commodities, obrigan<strong>do</strong> a reformulação<strong>do</strong> conceito <strong>de</strong> gestão pública (TENÓRIO, 2007, p.39). De acor<strong>do</strong> com Cança<strong>do</strong> (2011), agestão <strong>social</strong> floresceu no Brasil por intermédio <strong>do</strong> professor Tenório, que a partir da leitura<strong>de</strong> Guerreiro Ramos, propôs uma saída para além da morosida<strong>de</strong> utilitária da gestãotradicional, <strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong> o conceito com pares <strong>de</strong> palavras, socieda<strong>de</strong>-Esta<strong>do</strong> e trabalhocapital,elevan<strong>do</strong> o peso da socieda<strong>de</strong> e <strong>do</strong> trabalho <strong>como</strong> as peças chave na administraçãopública. Logo a tendência que segue às perspectivas <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, e da mo<strong>de</strong>rnizaçãoda máquina pública, <strong>como</strong> coloca Dowbor, (2012, p. 250) trás a gestão <strong>social</strong> <strong>como</strong>[...] novo mo<strong>de</strong>lo que emerge, está essencialmente centra<strong>do</strong> numa visão mais<strong>de</strong>mocrática, maior representativida<strong>de</strong> cidadã, maior transparência, com aberturapara as novas tecnologias da informação e comunicação, e soluções organizacionaispara assegurar a interativida<strong>de</strong> entre governo e cidadania.Ao que tange a complexida<strong>de</strong> das mudanças, sejam elas sociais, naturais oueconômicas, e mesmo tecnológicas, uma das mais importantes qualida<strong>de</strong>s da raça humana é aadaptação. Dentro <strong>do</strong> escopo das políticas públicas e da maneira <strong>de</strong> <strong>como</strong> são geridas, essacomplexida<strong>de</strong> atua da mesma forma, pois o centro da questão ainda são as pessoas quebuscam sustentabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> bem comum. Para Cança<strong>do</strong> (2011, p. 205), a gestão <strong>social</strong> é " umprocesso dialético <strong>de</strong> organização <strong>social</strong> próprio da esfera pública, funda<strong>do</strong> no interesse bemcompreendi<strong>do</strong>, e que tem por finalida<strong>de</strong> a emancipação <strong>do</strong> homem". A gestão <strong>social</strong>, é umaproposta crítica, que trabalha com uma dinâmica comunicativa que se sobrepõe aos interessesinstrumentais <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> e <strong>do</strong> interesse priva<strong>do</strong>.Para França Filho (2007, p. 2), “enquanto problemática <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong>, a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong>gestão <strong>social</strong> diz respeito à gestão das <strong>de</strong>mandas e necessida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> <strong>social</strong>”. Assim, a partir datransformação política e <strong>social</strong> <strong>do</strong> século XXI, a gestão <strong>social</strong> ganhou status <strong>de</strong> políticaparticipativa, na gestão pública <strong>de</strong> organizações, no terceiro setor, <strong>de</strong> combate à pobreza e atéambiental, já que se tornou a alternativa à gestão pública que se transformou em simplesinstrumento regula<strong>do</strong>r <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>.Boullosa e Schommer (2009), entretanto mostram preocupação na rápidainstitucionalização da gestão <strong>social</strong>, argumentan<strong>do</strong> que ela po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ser um processo
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