46Em que pese à administração gerencial <strong>como</strong> uma opção mais inova<strong>do</strong>ra nomomento político <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, após a Constituição Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> 1988, e a Emenda Constitucional<strong>de</strong> 1998, ainda existe a resistência por parte <strong>de</strong> muitos teóricos, que criticam o neoliberalismo,quanto a eficiência que prega esse tipo <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lo administrativo, por esta se aproximar<strong>de</strong>mais <strong>do</strong> priva<strong>do</strong> estratégico, o qual afasta o cidadão das <strong>de</strong>cisões administrativas estatais.Para Caldas apud Berguer (2009), o Brasil assumiu e ainda assume forte interessepela tecnologia gerencial norte-americana, ten<strong>do</strong> uma ação mimética que afeta asorganizações, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que substitui mo<strong>de</strong>los prontos em <strong>de</strong>trimento das realida<strong>de</strong>s eespecificida<strong>de</strong>s locais. Logo nossas práticas gerenciais possuem um gran<strong>de</strong> viés utilitarista,que por sua vez transformaram nossas escolas <strong>de</strong> administração pública em industrias <strong>de</strong>produção em série da reprodução capitalista por resulta<strong>do</strong>s.Corroboran<strong>do</strong> com a temática <strong>de</strong> que a gestão estratégica é falha em abrangertodas os espectros que envolvem a socieda<strong>de</strong> e suas necessárias transformações li<strong>de</strong>radas peloEsta<strong>do</strong>, Tenório (1998. p.14) coloca que suas características são <strong>de</strong>um tipo <strong>de</strong> ação utilitarista, fundada no cálculo <strong>de</strong> meios e fins e implementadaatravés da interação <strong>de</strong> duas ou mais pessoas na qual uma <strong>de</strong>las tem autorida<strong>de</strong>formal sobre a(s) outra(s). Por extensão, este tipo <strong>de</strong> ação gerencial é aquele no qualo sistema-empresa <strong>de</strong>termina as suas condições <strong>de</strong> funcionamento e o Esta<strong>do</strong> seimpõe sobre a socieda<strong>de</strong>. É uma combinação <strong>de</strong> competência técnica com atribuiçãohierárquica, o que produz a substância <strong>do</strong> comportamento tecnocrático. Porcomportamento tecnocrático enten<strong>de</strong>mos toda ação <strong>social</strong> implementada sobhegemonia <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r técnico ou tecnoburocrático, que se manifesta tanto no setorpúblico quanto no priva<strong>do</strong>, fenômeno comum às socieda<strong>de</strong>s contemporâneas.Nesta linha crítica, Paula (2005) inclui a cidadania e a participação em discursopauta<strong>do</strong>, e questiona o caráter inova<strong>do</strong>r <strong>do</strong> gerencialismo, afirma<strong>do</strong> que tal prática imita agestão empresarial, ofuscan<strong>do</strong> as verda<strong>de</strong>iras intenções <strong>de</strong> finalida<strong>de</strong> a<strong>de</strong>rentes ao serviçopúblico, para qual seja a função <strong>social</strong>.Importa no momento diante das críticas apresentadas quanto a administraçãogerencial e burocrática, passar analisar novas contribuições que sobrepõe o viés utilitário eestratégico, foca<strong>do</strong> em indica<strong>do</strong>res econômicos, para uma perspectiva <strong>de</strong> inclusão dasocieda<strong>de</strong> nos processos das <strong>de</strong>cisões públicas e fortalecimento da república e <strong>de</strong>mocracia.2.4 NOVAS PERSPECTIVAS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICAA administração pública vem se modifican<strong>do</strong> ao <strong>de</strong>correr das décadas, oras pormotivos <strong>de</strong> eficiência nos processos, assim <strong>como</strong> pela inclusão <strong>de</strong> <strong>de</strong>mandas sociais que
47propiciam uma a<strong>de</strong>rência maior com as necessida<strong>de</strong>s locais. Fung apud Secchi (2010) reforçao proposto constructo lembran<strong>do</strong> que a participação societal afeta diretamente a justiça,legitimida<strong>de</strong> e eficácia da política pública, que melhora a quantida<strong>de</strong> e qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>informação para a tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão, além <strong>de</strong> fornecer heterogeneida<strong>de</strong> <strong>de</strong> esquemascognitivos. “A participação também traz a consolidação <strong>do</strong> senso <strong>de</strong> pertencimento eresponsabilida<strong>de</strong> coletiva.” (SECCHI 2010, p. 113). Assim é o embasamento que se procura áuma inovação <strong>social</strong> com força <strong>de</strong> transformação.No que condiz a vertente gerencial, Paula (2005), aponta as <strong>de</strong>ficiências para coma dimensão sociopolítica, por <strong>de</strong>ixar a <strong>de</strong>sejar quanto sua mo<strong>de</strong>lização, e representaçãoreferente a <strong>de</strong>mocratização <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> brasileiro. Ainda há entre a relação socieda<strong>de</strong> e Esta<strong>do</strong>,questão que não foram suficientemente <strong>de</strong>batidas, permanecen<strong>do</strong> qualida<strong>de</strong>s inflexíveis eten<strong>de</strong>nciosas que marcaram a história político-administrativa <strong>do</strong> país.Uma socieda<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rna, que não se importa com a verificação <strong>de</strong> <strong>como</strong> osnegócios cotidianos afetam o mun<strong>do</strong>, tornan<strong>do</strong> impossível o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> individuopor falta <strong>de</strong> um “piso firme” (GUERREIRO RAMOS, 1980, p. 55). Em busca <strong>de</strong>sse pisofirme, que Godin, Fischer e Melo (2006) relacionam a racionalida<strong>de</strong> substantiva com a gestão<strong>social</strong>, por ser capaz <strong>de</strong> atingir finalida<strong>de</strong>s coletivas, por meio <strong>de</strong> um cálculo utilitário entrecursos <strong>de</strong> ação, asseguran<strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>social</strong> com consecução <strong>de</strong> resulta<strong>do</strong>seconômicos, sociais e ambientais. A multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s, e racionalida<strong>de</strong>s, ainda sãopontos conflitantes quanto ao direcionamento <strong>de</strong> uma proposta realida<strong>de</strong> sócio-centrica.Logo, propostas alternativas que vão <strong>de</strong> encontro às necessida<strong>de</strong>s sociais estão emgran<strong>de</strong> evidência. Neste senti<strong>do</strong>, importa discorrer sobre a dimensão sociopolítica em suasexperiências <strong>de</strong> que estão abrin<strong>do</strong> possibilida<strong>de</strong>s para a renovação <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> gestãopública, e <strong>como</strong> exemplo po<strong>de</strong>mos tomar o Novo Serviço Público por Denhart. e a GestãoSocial <strong>de</strong>fendida por Tenório, que é o viés estratégico que buscamos nesse estu<strong>do</strong> paraanalisar uma realida<strong>de</strong> territorial distinta.2.4.1 Novo Serviço PúblicoPor isto, nesse caminho <strong>de</strong> resolução, através da complementarida<strong>de</strong> <strong>de</strong> princípiose valores entre o cidadão e o Esta<strong>do</strong>, no lócus da gestão pública, trouxemos à tona o novoserviço público. Preconiza<strong>do</strong> por Denhardt e Denhardt (2000), o novo serviço público temsuas raízes epistemológicas na noção <strong>de</strong> que o ser humano é um ente político que age nacomunida<strong>de</strong>.
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