50inova<strong>do</strong>r, uma possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> inovação nas políticas públicas, se transforman<strong>do</strong> numproduto mo<strong>de</strong>liza<strong>do</strong>, limitan<strong>do</strong> seu progresso interdisciplinar. Para as autoras a gestão <strong>social</strong> éoriginária <strong>do</strong>s contextos sociais, e não <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> ou <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, nascida em “esfera <strong>de</strong> açãopública e não estatal, no espaço <strong>de</strong> organização da socieda<strong>de</strong> civil e <strong>de</strong> suas interações com oEsta<strong>do</strong> e o merca<strong>do</strong>” (BOULLOSA, SCHOMMER, 2008, p. 4).Com efeito, o argumento para justificar a gestão <strong>social</strong> na esfera pública é bemexplicita<strong>do</strong> por Tenório e Saravia (2006, p. 109): “[...] <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>mos a tese <strong>de</strong> que o importantenão é diferenciar gestão pública <strong>de</strong> gestão <strong>social</strong>, mas resgatar a função básica daadministração pública que é aten<strong>de</strong>r os interesses da socieda<strong>de</strong> <strong>como</strong> um to<strong>do</strong>". Nesta linha <strong>de</strong>raciocínio Paula (2005), apresenta um quadro, on<strong>de</strong> difere os tipos distintos <strong>de</strong> administração,gerencial e <strong>social</strong>, e cria um paralelo relacionan<strong>do</strong> variáveis à realida<strong>de</strong> estruturante <strong>do</strong>Esta<strong>do</strong>.Quadro 2 - Comparação <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>losVariávelProjeto políticoDimensões estruturaisenfatizadas na gestãoOrganizaçãoadministrativa <strong>do</strong>aparelho <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong>Abertura dasinstituições políticas àparticipação <strong>social</strong>Abordagem <strong>de</strong> gestãoAdministração públicagerencialEnfatiza a eficiênciaadministrativa e se baseia noajuste estrutural, nasrecomendações <strong>do</strong>s organismosmultilaterais e no movimentogerencialista.Econômico-financeira einstitucional-administrativa.Separação entre as ativida<strong>de</strong>sexclusivas e não exclusivas <strong>do</strong>Esta<strong>do</strong> nos três níveisgovernamentaisParticipativo no nível <strong>do</strong> discurso,mas centraliza<strong>do</strong>r no que se refereao processo <strong>de</strong>cisório, àorganização das instituiçõespolíticas e a construção <strong>de</strong> canais<strong>de</strong> participação popular.Gerencialismo: enfatiza aadaptação das recomendaçõesgerencialistas para o setor público.Fonte: Paula (2005, p.175)Administração públicasocietalEnfatiza a participação <strong>social</strong> eprocura estruturar um projetopolítico que repense o mo<strong>de</strong>lo<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento brasileiro,a estrutura <strong>do</strong> aparelho <strong>de</strong>Esta<strong>do</strong> e o paradigma <strong>de</strong>gestão.SociopolíticaNão tem uma proposta paraorganização <strong>do</strong> aparelho <strong>de</strong>Esta<strong>do</strong> e enfatiza iniciativaslocais <strong>de</strong> organização e gestãopública.Participativo no nível dasinstituições, enfatizan<strong>do</strong> aelaboração <strong>de</strong> estruturas ecanais que viabilizem aparticipação popularGestão <strong>social</strong>: propõeelaboração <strong>de</strong> experiências <strong>de</strong>gestão focalizadas nas<strong>de</strong>mandas <strong>do</strong> público-alvoincluin<strong>do</strong> questões culturais eparticipativas.
51Com o quadro acima, tem-se um <strong>de</strong>lineamento aproxima<strong>do</strong> das potencialida<strong>de</strong>sque a gestão <strong>social</strong> apresenta em comparação com a veia da administração gerencialista, paraa possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> criar "organizações administrativas efetivas, permeáveis à participaçãopopular e com autonomia para operar em favor <strong>do</strong> interesse público" (PAULA, 2005, p.159).Para Allebrandt, Deckert e Oliveira (2012, p.162), a visualização da questãofundamental e baliza<strong>do</strong>ra na gestão <strong>social</strong>requer-se a substituição <strong>do</strong> enfoque esta<strong>do</strong>cêntrico e/ou merca<strong>do</strong>cêntrico, por umenfoque sociocêntrico, no qual a socieda<strong>de</strong> civil parece <strong>como</strong> sujeito <strong>do</strong> processo.Isso requer a construção <strong>de</strong> um novo triângulo <strong>social</strong>, em que a socieda<strong>de</strong> civil passaa ocupar uma posição <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque, e a cidadania emerge <strong>como</strong> protagonista noprocesso <strong>de</strong>ssas novas relações.Neste tocante, Dowbor (1999) comenta que o avanço <strong>do</strong> <strong>social</strong> não énecessariamente traduzi<strong>do</strong> pelo estabelecimento <strong>de</strong> uma lei que <strong>de</strong>stina recursos financeirospara "educação". Significa, na realida<strong>de</strong>, incorporar nas <strong>de</strong>cisões empresariais, ministeriais,comunitárias ou individuais, as várias dimensões e impactos que cada ação po<strong>de</strong> ter emtermos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida. Assim, a gestão <strong>social</strong> po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finida <strong>como</strong> aquela orientadapara o <strong>social</strong> (enquanto finalida<strong>de</strong>), pelo <strong>social</strong> (enquanto processo), norteada pelos“princípios da ética e da solidarieda<strong>de</strong>”. (FISCHER; MELO, 2006, p.17).Cança<strong>do</strong> (2011, p. 204) <strong>de</strong>limita a gestão <strong>social</strong>, por uma visão processual ecausal, da seguinte maneira" [...] (a gestão <strong>social</strong>) parte <strong>do</strong> interesse público bem compreendi<strong>do</strong> em um contexto<strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong> e sustentabilida<strong>de</strong>, acontecen<strong>do</strong> na esfera pública, com umadinâmica <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> prática, em que a tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão coletiva ocorrepor meio da <strong>de</strong>mocracia <strong>de</strong>liberativa sem coerção, norteada pela ação racionalsubstantiva permeada por dialogicida<strong>de</strong> e intersubjetivida<strong>de</strong>, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> aspossibilida<strong>de</strong>s das interorganizações [...]Mesmo com sua gran<strong>de</strong> potencialida<strong>de</strong> a gestão <strong>social</strong> também sofre com críticasvindas <strong>do</strong> meio acadêmico. Para Pinho (2010) o conceito <strong>de</strong> gestão <strong>social</strong> ainda é um mo<strong>de</strong>loque não gerou consenso entre o meio em que é <strong>de</strong>bati<strong>do</strong>, e por isso muitas vezes é malinterpreta<strong>do</strong> e confundi<strong>do</strong> com modalida<strong>de</strong>s gerenciais que buscam enfoques pareci<strong>do</strong>s ealternativos. De acor<strong>do</strong> com Paula (2005) a gestão <strong>social</strong> apresenta limites que <strong>de</strong>vem serlembra<strong>do</strong>s pois necessita <strong>de</strong> maturação <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> abordagens tanto teóricas <strong>como</strong> práticas (i)não possui uma oferta original quanto a organização da máquina estatal; (ii) falta alternativascoerentes <strong>de</strong> gestão para com seu projeto político; (iii) necessita <strong>de</strong> uma estratégia mais
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