13.07.2015 Views

Efeitos do Benzeno a Saúde

Efeitos do Benzeno a Saúde

Efeitos do Benzeno a Saúde

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

EFEITOS DA EXPOSIÇÃOAO BENZENO PARA A SAÚDESérie <strong>Benzeno</strong>Fascículo 1


<strong>Efeitos</strong> da exposiçãoao benzeno para a saúde


Presidenta da RepúblicaDilma RousseffMinistro <strong>do</strong> Trabalho e EmpregoCarlos Daudt BrizolaFundacentroPresidenteEduar<strong>do</strong> de Azere<strong>do</strong> CostaDiretor Executivo SubstitutoRogério Galvão da SilvaDiretor TécnicoDomingos LinoDiretora de Administração e Finanças SubstitutaSolange Silva Nascimento


Arline Sydneia Abel Arcuri – Fundacentro/São PauloDanilo Fernades Costa – DRT/São PauloJosé Possebon – Fundacentro/São PauloKátia Cheli Kanasawa – NVST/DiademaLaura Isora Naldi Tardini – PST/Santo AndréLéa Constantino – CRST/São Bernar<strong>do</strong>Leila Maria Tavares Costa – PST/Santo AndréLuiza Maria Nunes Car<strong>do</strong>so – Fundacentro/São PauloMarcia Azeve<strong>do</strong> Gelber – PST/Santo AndréNancy Yassuda – PST/Santo AndréRosemary Inamine – CRST/São Bernar<strong>do</strong><strong>Efeitos</strong> da exposiçãoao benzeno para a saúdeSérie <strong>Benzeno</strong>Fascículo 1São PauloMINISTÉRIODO TRABALHO E EMPREGOFUNDACENTROFUNDAÇÃO JORGE DUPRAT FIGUEIREDODE SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO2012


Qualquer parte desta publicação pode ser reproduzida, desde que citada a fonte.Disponível também em: www.fundacentro.gov.brDa<strong>do</strong>s Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)Serviço de Documentação e Bibliotecas — SDB / FundacentroSão Paulo — SPErika Alves <strong>do</strong>s Santos CRB-8/7110123456<strong>Efeitos</strong> da exposição ao benzeno para a saúde / Arline Sydneia Abel1234567890Arcuri ... [et al.]. − São Paulo : Fundacentro, 2012.123456789052p. il. color. ; 23 cm. - (Série benzeno ; n. 1).1234567890ISBN 978-85-98117-53-912345678901. <strong>Benzeno</strong> - Segurança química - Risco profissional. 2. <strong>Benzeno</strong> -<strong>Efeitos</strong> tóxicos. I. Arcuri, Arline Sydneia Abel.123456CISCDU123456Darb Asc Yenu 547.532:613.632:615.9CIS – Classificação <strong>do</strong> “Centre International d’Informations de Sécuritéet d'Hygiene du Travail”CDU – Classificação Decimal UniversalA capa é baseada em desenho originalmente elabora<strong>do</strong> por Jaime de Oliveira Ferreira, <strong>do</strong>SindiPetro <strong>do</strong> Paraná. O desenho atual foi prepara<strong>do</strong> por Wagner S. Kuroiwa, diretor daVigilância à Saúde <strong>do</strong> Município de São Bernar<strong>do</strong> <strong>do</strong> Campo, em 2001.Colaboração de:Albertinho Barreto de Carvalho – Fundacentro/BahiaEstela Douvletis – Cerest/MauáJorge Mesquita Huet Macha<strong>do</strong> – Fiocruz/Mato Grosso <strong>do</strong> SulLeiliane Coelho André Amorim – Universidade Federal de Minas Gerais/Minas GeraisMarco Antônio Vasconcelos Rêgo – Universidade Federal da Bahia/BahiaMarta Regina Coelho Rabello de Lima – CVS/CampinasRafaela Pezuti – Cerest/MauáTarcisio Marcos de Almeida – Cerest/Santo AndréFicha técnicaCoordenação Editorial: Glaucia FernandesRevisão de texto: Karina Penariol SanchesGisele de Lima Barbosa (estagiária)/Grasielia Potasio <strong>do</strong>s SantosEditoração gráfica e capa: Marila G. D. ApolinárioIlustração da capa: Edson Luiz <strong>do</strong>s AnjosIlustrações: Edson Luiz <strong>do</strong>s Anjos e Ricar<strong>do</strong> Pretel


SumárioApresentação 7“O benzeno é um produto que derruba até o cão” 9Como o benzeno entra em nosso corpo 11Danos <strong>do</strong> benzeno à saúde 15O que é benzenismo? 21Indica<strong>do</strong>r biológico de exposição 29Instrumentos legais para vigilância dasaúde <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res expostos ao benzeno 39Melhores práticas deacompanhamento da saúde <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res 45Referências 47Bibliografia 515


ApresentaçãoEste texto corresponde ao primeiro fascículo <strong>do</strong> conjunto de publicaçõesdestinadas à formação sobre vários aspectos relaciona<strong>do</strong>s ao acor<strong>do</strong>e à legislação sobre o benzeno.7


“O benzeno é um produtoque derruba até o cão”IVou falar de um artigoque tem fama de veneno,vou dizer o nome dele,me confirme por aceno,o nome desse capetatambém se chama benzeno.IIIEsse bicho fe<strong>do</strong>rentonão tem consideração,esculhamba o seu sangue,dá tremor e convulsão,provoca <strong>do</strong>r de cabeçae ataca o coração.VSindicato e governo,trabalha<strong>do</strong>r e patrãose sentaram numa mesa,colocaram jamegão,quem trabalha com benzenoprecisa de proteção.VIIA tal representaçãofaz o acompanhamentode tu<strong>do</strong> que a empresativer de procedimento,pra combater o benzenoprecisa de treinamento.IIÉ mesmo barra-pesada,contra a vida ele atenta,penetra na sua pele,pelos buracos da venta,faz um estrago dana<strong>do</strong>e a saúde não aguenta.IVPode bater sonolência,vontade de vomitar,provocar excitação,problema pra respirar,a perda da consciência,poden<strong>do</strong> mesmo matar.VIJá tem tu<strong>do</strong> no papel,agora é meter a ripa,criar representação,trinta por cento da Cipa,o seu nome é GTB,colega, lá vai a dica...VIIIPra conhecer o perigoe tu<strong>do</strong> que tá erra<strong>do</strong>,pode ser na sua empresaou no serviço presta<strong>do</strong>,o patrão deve atendera tu<strong>do</strong> que foi firma<strong>do</strong>.9


IXNão haven<strong>do</strong> atendimento,se o jogo for pesa<strong>do</strong>,o grupo representanteda parte <strong>do</strong> emprega<strong>do</strong>mete a boca no mun<strong>do</strong>pra poder ser respeita<strong>do</strong>.XDeve informar à Cipa,avisar pro sindicato,órgão público tambémvai sair <strong>do</strong> anonimatopra lutar contra o benzenoe ninguém pagar o pato.XIAgora vou terminara toada que eu fizpara o Kit GTB,observe o que ele diz,o benzeno é perigosoe a vida tá por um triz!Recife, Março/2000Atualiza<strong>do</strong> em janeiro de 2011Graco MedeirosPoeta, Músico e Técnico de Segurança<strong>do</strong> Trabalho da Fundacentro/PE.10


Como o benzenoentra em nosso corpo”É mesmo barra-pesada,contra a vida ele atenta,penetra na sua pele,pelos buracos da venta,faz um estrago dana<strong>do</strong>e a saúde não aguenta.”Como o benzeno entra em nosso corpo?O benzeno pode entrar em nosso corpo principalmente através darespiração, da pele e, em alguns casos, pela ingestão.Ele é totalmente absorvi<strong>do</strong> pelo nosso corpo?A maior parte <strong>do</strong> benzeno que nós respiramos é eliminada pelaexpiração. O que é absorvi<strong>do</strong> na corrente sanguínea se acumula principalmenteem teci<strong>do</strong>s com alto teor de lipídios. A absorção varia entre 10% a50% dependen<strong>do</strong> da <strong>do</strong>se, <strong>do</strong> metabolismo e da quantidade de gordurapresente no organismo. Na sua forma inalterada, o benzeno é elimina<strong>do</strong>através <strong>do</strong> ar expira<strong>do</strong> e em torno de 0,1%, apenas, é elimina<strong>do</strong> na urina. Oque continua no organismo é transforma<strong>do</strong> principalmente no fíga<strong>do</strong> e namedula óssea e elimina<strong>do</strong> na urina na forma de metabólitos (em epecial fenol,catecol, hidroquinona, áci<strong>do</strong> fenil mercaptúrico e áci<strong>do</strong> trans, trans mucônico).A ingestão de alimentos ou água com níveis altos de benzeno podecausar vômitos, irritação gástrica, tonteira, convulsões, taquicardia, comae morte (ATSDR, 2007). Também é absorvi<strong>do</strong> através da pele. A absorção émais rápida quan<strong>do</strong> há algum ferimento (OSHA).Qual é a principal via pela qual o benzeno penetra no corpo?A respiração é a via mais importante de absorção, pois a área <strong>do</strong>nosso sistema respiratório capaz de absorver o benzeno é muito grande.11


Além disso, é mais difícil evitar que a pessoa respire o produto que está dispersono ar <strong>do</strong> que controlar a sua penetração pela pele ou a sua ingestão.Figura 1 Sistema respiratório – principal via de introdução de substâncias químicas no corpoEdson Luiz <strong>do</strong>s AnjosComo o benzeno pode ser absorvi<strong>do</strong> por outras vias?O benzeno e os produtos que o contêm (gasolina, por exemplo),quan<strong>do</strong> em contato com a pele, são absorvi<strong>do</strong>s e passam para a correntesanguínea poden<strong>do</strong> provocar os mesmos danos de quan<strong>do</strong> é inala<strong>do</strong>. Aabsorção de vapor de benzeno pela pele, no entanto, é muito baixa e nãoexcede 1% <strong>do</strong> que é absorvi<strong>do</strong> pela respiração na mesma condição (HANKE,DUTKIEWICZ, PIOTROWSKI, 2000), mas, por se tratar de substância cancerígena,é significante <strong>do</strong> ponto de vista <strong>do</strong> risco à saúde.A absorção pode ser mais rápida no caso de pele com ferimento eo benzeno pode ser mais rapidamente absorvi<strong>do</strong> se estiver presente em umamistura (gasolina, por exemplo) ou como contaminante em solventes (OSHA).12


Em pesquisa realizada entre trabalha<strong>do</strong>res de coqueria, verificou--se que a troca frequente <strong>do</strong>s uniformes de trabalho diminuia a absorção debenzeno pelo organismo. Assim, uma fonte de absorção deste agente pelapele é a roupa contaminada (COLEMAN; COLEMAN, 2006).A absorção pela pele é diferente nas diferentes partes <strong>do</strong> corpo.ALTATesta ecourocabelu<strong>do</strong>MÉDIACostas eantebraçoBAIXAPalma dasmãosMUITO ALTAEscrotoBAIXAPés etornozelosRicar<strong>do</strong> PretelFigura 2 Absorção de substâncias químicas pelo corpo (adapta<strong>do</strong> de Hodgson;Levi, 1987)13


Esta diferença de absorção pelas diferentes partes <strong>do</strong> corpo podetambém ser observada no Gráfico 1 “comparação da absorção de substânciasquímicas por diferentes partes <strong>do</strong> corpo”.escrotoAbsorve 300 vezes mais <strong>do</strong> que o pécabeça34 vezes maiscostas e braço10 vezes maispalma da mãoe tornozelo5 vezes maispé0 50 100 150 200 250 300Gráfico 1 Comparação da absorção de substâncias químicas por diferentes partes<strong>do</strong> corpo (adapta<strong>do</strong> de Hodgson; Levi, 1987)Também pode entrar pela boca. Em geral ocorre acidentalmentequan<strong>do</strong> se tem o hábito de comer, beber ou fumar no ambiente de trabalhoou devi<strong>do</strong> a práticas inadequadas, como “puxar” gasolina <strong>do</strong> tanquecom a boca. Pode ser ingeri<strong>do</strong> também através de água contaminada (porexemplo, poço artesiano ou mesmo poço comum nas re<strong>do</strong>ndezas de umposto de gasolina ou de parque industrial onde este agente pode ser oupode ter si<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong>).14


Danos <strong>do</strong>benzeno à saúdeO benzeno afeta a saúde?Sim. É um produto muito tóxico, principalmente para o sistemaforma<strong>do</strong>r de sangue, e pode causar câncer.Como o benzeno afeta a saúde?Os efeitos podem surgir rapidamente, em geral quan<strong>do</strong> há exposiçãoa altas concentrações (efeitos agu<strong>do</strong>s), ou mais lentamente (efeitoscrônicos).O benzeno em altas concentrações é uma substância bastante irritantepara as mucosas (olhos, nariz, boca etc.) e, quan<strong>do</strong> aspira<strong>do</strong>, podeprovocar edema (inflamação aguda) pulmonar e hemorragia nas áreas decontato. Também provoca efeitos tóxicos para o sistema nervoso central,causan<strong>do</strong>, de acor<strong>do</strong> com a quantidade absorvida: perío<strong>do</strong>s de sonolênciae excitação, tontura, <strong>do</strong>r de cabeça, enjoo, náusea, taquicardia, dificuldaderespiratória, tremores, convulsão, perda da consciência e morte (ATSDR,2007). A morte por benzeno em intoxicações agudas ocorre por arritmiacardíaca. Os casos de intoxicação crônica podem variar de simples diminuiçãoda quantidade das células <strong>do</strong> sangue até a ocorrência de leucemiaou anemia aplástica, condições muito graves (GOODMAN; GILMAN, 1996).O National Institute for Occupational Safety and Health (NIOSH)estabelece um IPVS (índice imediatamente perigoso à vida e à saúde) de500 ppm para o benzeno (NIOSH, 1994).Quanto aos efeitos da exposição em longo prazo ao benzeno (crônicos),podem ocorrer: alteração na medula óssea, no sangue, nos cromossomos,no sistema imunológico e vários tipos de câncer. Também pode ocasionardanos ao sistema nervoso central e irritação na pele e nas mucosas.15


Qual a ação <strong>do</strong> benzeno sobre a medula óssea e, porconsequência, no sangue?Os efeitos sobre o sistema sanguíneo são os mais importantesnas intoxicações crônicas. O benzeno age, através de seus produtos detransformação, sobre a medula óssea, atingin<strong>do</strong> as células <strong>do</strong> sistema forma<strong>do</strong>rde sangue.O que é a medula óssea?A medula óssea é o órgão forma<strong>do</strong>r <strong>do</strong> sangue. Ela se localiza dentro<strong>do</strong>s ossos chatos <strong>do</strong> corpo. Ocupa a parte interna <strong>do</strong>s ossos da coluna,<strong>do</strong> esterno (osso na frente <strong>do</strong> peito), das costelas, <strong>do</strong>s ossos pélvicos (bacia)e, em menor grau, <strong>do</strong>s ossos longos (úmero, fêmur e tíbia) e <strong>do</strong> crânio,constituin<strong>do</strong> o total cerca de 1 kg de teci<strong>do</strong>. A medula, por ser rica em teci<strong>do</strong>gorduroso, facilita a deposição <strong>do</strong> benzeno, sen<strong>do</strong> já estima<strong>do</strong> em exposiçõescrônicas que a concentração deste produto na medula óssea pode seraté 25 vezes maior <strong>do</strong> que no sangue.A medula óssea é o órgão mais importante na produção das célulassanguíneas, pois lá estão as células tronco que dão origem a todas ascélulas <strong>do</strong> sangue.O que é o sangue?O sangue é uma mistura de um líqui<strong>do</strong> chama<strong>do</strong> plasma com umaparte sólida, constituída principalmente de células, que circula pelas artériase veias <strong>do</strong> organismo, impulsiona<strong>do</strong> por uma força gerada pelos movimentos<strong>do</strong> coração. Existem diversos tipos de células: os glóbulos vermelhos− também chama<strong>do</strong>s de hemácias ou eritrócitos −, os glóbulos brancos− também chama<strong>do</strong>s de leucócitos, que são classifica<strong>do</strong>s em: linfócitos(importantes na imunidade celular e na produção de anticorpos), monócitos(digerem substâncias estranhas não bacterianas) e granulócitos − e asplaquetas − também chamadas de trombócitos. Os granulócitos ainda sãoclassifica<strong>do</strong>s em eosinófilos (aumentam em número na presença de determina<strong>do</strong>stipos de infecções e alergias), basófilos (anticoagulante) e neutrófilos(fagocitam/englobam e digerem as bactérias). Isto constitui o que tecnicamentechamamos de sangue periférico. O sangue periférico e os órgãosforma<strong>do</strong>res de sangue (hematopoiéticos) constituem o sistema sanguíneo.16


O sangue, então, é assim dividi<strong>do</strong>:SanguePorção líquidaPorção sólidaPlasmaCélulas sanguíneasQual a função <strong>do</strong> sangue?Apresenta funções importantes e complexas no organismo, sen<strong>do</strong>a principal o transporte de oxigênio, nutrientes, hormônios, gás carbônico ede diversos outros produtos <strong>do</strong> funcionamento <strong>do</strong>s órgãos <strong>do</strong> corpo.O sangue tem importância decisiva e ativa nos processos de defesa<strong>do</strong> organismo, através <strong>do</strong>s glóbulos brancos ou leucócitos, contra os váriosagentes agressores.As plaquetas são elementos diminutos (os menores <strong>do</strong> sangue), ten<strong>do</strong>1/3 <strong>do</strong> diâmetro <strong>do</strong>s glóbulos vermelhos, e têm papel decisivo na coagulaçãosanguínea. Atuam de imediato quan<strong>do</strong> há algum sangramento, forman<strong>do</strong>uma estrutura sólida no local <strong>do</strong> ferimento, evitan<strong>do</strong> assim as hemorragias.Quais são as alterações sanguíneas?As alterações mais importantes são as anormalidades quantitativase/ou qualitativas, isto é, sobre a forma e a função das células:Leucopenia: diminuição <strong>do</strong>s leucócitos, que são em parte responsáveispela defesa <strong>do</strong> organismo. A diminuição pode se dar em um ou váriostipos de leucócitos: neutrófilos (neutropenia), linfócitos (linfopenia), eosinófilos(eosinopenia), basófilos (basofilopenia), monócitos (monocitopenia).Isto ocorre em função de uma menor produção das células na medula ósseaou de uma maior destruição destas nos teci<strong>do</strong>s. A diminuição de neutrófilos,basófilos e/ou eosinófilos também é chamada de agranulocitose.Leucocitose: aumento <strong>do</strong>s leucócitos.Trombocitopenia (plaquetopenia): diminuição das plaquetas, queatuam na coagulação <strong>do</strong> sangue.Macrocitose: células vermelhas aumentadas de tamanho e possivelmentecom alteração no transporte de gases.17


Pontilha<strong>do</strong> basófilo: estrutura anormal no citoplasma das hemácias.Hiposegmentação <strong>do</strong> núcleo <strong>do</strong>s neutrófilos (anomalia de Pelger):uma alteração morfológica <strong>do</strong>s neutrófilos.Macroplaquetas: plaquetas com tamanho aumenta<strong>do</strong>.Aplasia de medula (pancitopenia): depressão generalizada damedula óssea que se manifesta por uma redução importante de to<strong>do</strong>s ostipos de células.Eosinofilia: aumento de eosinófilos.Leucemias ou cânceres <strong>do</strong> sangue: existem vários tipos: leucemiamieloide aguda (LMA), mielomonocítica (LMMoA), monocítica (LMoA),promielocítica, aguda indiferenciada, linfoide aguda (LLA), mieloide crônica(LMC), linfoide crônica (LLC), eritroleucemia.Que alterações o benzeno pode provocar no sangue?O benzeno pode provocar qualquer uma destas alterações, sen<strong>do</strong> aeosinofilia e a leucopenia as alterações precoces da intoxicação benzênica.Esta ação é chamada de efeito mielotóxico. Há relação causal comprovadaentre exposição ao benzeno e ocorrência de leucemia. A leucemia mais comumrelacionada à intoxicação por benzeno é a leucemia mieloide aguda,porém as outras leucemias também estão associadas ao benzeno. Por vezes,a leucemia se instala muito tempo após cessar a exposição ao benzeno.Há também comprovação da relação causal entre exposição aobenzeno e aplasia de medula, não sen<strong>do</strong> certo que haja ligação entre essequadro e a leucemia ou se são eventos separa<strong>do</strong>s. De qualquer forma, aaplasia de medula é o maior fator de risco para a ocorrência de leucemia.São referi<strong>do</strong>s 3 mecanismos fundamentais de mielotoxicidade <strong>do</strong>benzeno:1. Depressão das células progenitoras primitivas e indiferenciadas (Stemcells).2. Lesão <strong>do</strong> teci<strong>do</strong> de medula óssea.3. Formação clonal de células primitivas afetadas decorrentes de danoscromossomiais dessas células.Não há limite seguro para a exposição ao benzeno. Na intoxicaçãopelo benzeno não há definição estabelecida quanto à <strong>do</strong>se-dependênciapara sua ação cancerígena. Não há <strong>do</strong>se mínima para que haja a ação cancerígena,não possuin<strong>do</strong>, portanto, limite seguro de exposição, mesmo em18


aixas concentrações. Esta afirmação pode ser encontrada na legislaçãobrasileira (BRASIL, 1195; 2004), na legislação da União Europeia (EU, 2004),em <strong>do</strong>cumento da NIOSH (1994) e no texto da Agency for Toxic Substancesand Disease Registry (ATSDR, 2000). Esta é a agência federal <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>sUni<strong>do</strong>s para o registro de substâncias tóxicas e <strong>do</strong>enças.Que outros tipos de alterações podem ser provocadaspela exposição ao benzeno?Alterações cromossomiaisForam observadas alterações nos cromossomos, numéricas e estruturais,em linfócitos e células da medula óssea de trabalha<strong>do</strong>res expostosao benzeno. É possível fazer avaliação de danos cromossomiais atravésde técnicas citogenéticas. Pela citogenética, estuda-se a constituição genéticada célula através <strong>do</strong>s cromossomos.O que são cromossomos?São minúsculas estruturas que contêm o código genético (DNA eRNA) que controla e orienta a divisão celular, além <strong>do</strong> seu crescimento e função.As nossas células possuem 46 cromossomos.Alterações imunológicasAs manifestações imunológicas da toxicidade <strong>do</strong> benzeno estãorelacionadas diretamente às alterações na produção de células de defesa(leucócitos) e indiretamente aos efeitos que provocam na imunidade que aspessoas podem adquirir através da produção de anticorpos.Alterações dermatológicasPodem ocorrer vermelhidão e irritação crônica por contato com obenzeno.Alterações neuropsicológicas e neurológicasO benzeno, assim como to<strong>do</strong>s os solventes, pode causar falha noprocesso de aquisição <strong>do</strong> conhecimento, detecta<strong>do</strong> nas áreas correspondentesa: atenção, percepção, memória, habilidade motora, visoespacial (percepção<strong>do</strong> espaço — capacidade de observar o movimento de um objeto noespaço), visoconstrutiva (capacidade de observar e de construir um objeto apartir de um modelo), função executiva (envolve o planejamento, a organizaçãoe a sequência de como realizar uma tarefa), raciocínio lógico, linguageme aprendizagem. Além dessas, surgem outras alterações, como: astenia (can-19


saço), cefaleia, depressão, insônia, agitação e alterações de comportamento.São também descritos quadros de polineuropatias (afecções que atingemvários nervos) periféricas e inflamações da medula espinhal (BRASIL, 2004).Medula significa miolo, assim, medula espinhal é o “miolo da espinha”.Alterações auditivasNo sistema auditivo, assim como ocorre com outros solventes orgânicos,podem aparecer alterações tanto periféricas, como centrais e podemser observadas: perdas auditivas neurossensoriais (diminuição gradual daaudição), zumbi<strong>do</strong>s, vertigens e dificuldades na interpretação <strong>do</strong> que se ouve.Aborto espontâneo e problemas menstruaisExistem estu<strong>do</strong>s indican<strong>do</strong> aumento de abortos espontâneos (XUet al., 1998) e problemas menstruais em mulheres expostas (THURSTON etal., 2000).Outros tipos de câncerA exposição ao benzeno também está associada com câncer <strong>do</strong>sistema linfático (linfoma) e câncer de pulmão e de bexiga (urotelial) (CCO-HS, 1997). Tanto as <strong>do</strong>enças, ou linfomas de Hodgkin (AKSOY, 1974), comonão-Hodgkin (BRASIL, 2004) estão associa<strong>do</strong>s à exposição ao benzeno.Linfomas são formas de câncer que se originam nos linfono<strong>do</strong>s (gânglios)<strong>do</strong> sistema linfático, um conjunto composto por órgãos, teci<strong>do</strong>s que produzemcélulas responsáveis pela imunidade e vasos que conduzem estascélulas através <strong>do</strong> corpo (BIGNI, c2001).Alguns estu<strong>do</strong>s também relacionam o benzeno com câncer demama em mulheres (GRAY; NUDELMAN; ENGEL, c2010). Outro estu<strong>do</strong> indicaum aumento de câncer de mama em homens que trabalham em profissõesem que há a possibilidade de exposição a vapores de gasolina e combustão(GRAY; NUDELMAN; ENGEL, c2010).20


O que ébenzenismo?Benzenismo é um conjunto de sinais, sintomas e complicaçõesdecorrentes da exposição aguda ou crônica ao benzeno. As complicaçõespodem ser agudas quan<strong>do</strong> ocorre exposição a altas concentrações com presençade sinais e sintomas neurológicos, ou crônicas, com sinais e sintomasclínicos diversos, poden<strong>do</strong> ocorrer complicações a médio ou a longo prazos,localizadas principalmente no sistema hematopoiético (forma<strong>do</strong>r de sangue).Como se faz o diagnóstico <strong>do</strong> benzenismo?O diagnóstico de benzenismo, de natureza ocupacional, é eminentementeclínico e epidemiológico, fundamentan<strong>do</strong>-se na história de exposiçãoocupacional e na observação de sintomas e sinais clínicos e laboratoriaisdescritos anteriormente.Entende-se como exposição ocupacional a exposição ao benzeno,decorrente de atividades nos ambientes de trabalho, em concentrações noar acima de níveis populacionais, ou seja, acima das concentrações a quepode estar exposta a população em geral. Refere-se à exposição decorrente<strong>do</strong> processo produtivo e se soma à exposição ambiental. Na falta de da<strong>do</strong>sda região, utilizar padrões de literatura para determinar o patamar de exposiçãonão ocupacional.Em pessoas potencialmente expostas ao benzeno, todas as alteraçõeshematológicas devem ser valorizadas, investigadas e justificadas(BRASIL, 2004).O trabalha<strong>do</strong>r deve passar por exames periódicos clínicos e laboratoriais.Entre os exames de laboratório, é necessário fazer um hemogramacompleto semestralmente. O hemograma é um <strong>do</strong>s principais instrumentoslaboratoriais para detecção de alterações sanguíneas causadas porefeitos na medula óssea em casos de exposição ao benzeno.O resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> hemograma deve ser compara<strong>do</strong> com valores dereferências qualitativos (quanto à forma e ao tamanho das células) e quantitativos(quanto ao número <strong>do</strong>s diversos tipos de células <strong>do</strong> sangue). Essesvalores devem ser os <strong>do</strong> próprio indivíduo em perío<strong>do</strong> prévio à exposição21


a qualquer agente mielotóxico (que provoca danos à medula óssea). Doponto de vista prático, caso estes valores sejam desconheci<strong>do</strong>s, admite-secomo supostamente anormal toda leucopenia para a qual, após ampla investigação,nenhuma outra causa tenha si<strong>do</strong> encontrada que a justifique. Odiagnóstico é feito por exclusão.Deve-se salientar que to<strong>do</strong>s os trabalha<strong>do</strong>res expostos ao benzeno,porta<strong>do</strong>res de leucopenia isolada ou associada à outra alteração hematológica,são, em princípio, suspeitos de serem porta<strong>do</strong>res de lesão damedula óssea mediada pelo benzeno. A partir desse ponto de vista, na ausênciade outra causa, a leucopenia deve ser atribuída à toxicidade por essasubstância.Os resulta<strong>do</strong>s de hemogramas devem ser organiza<strong>do</strong>s na formade série histórica.O que é série histórica e qual sua importância?É o registro <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s hemogramas ao longo <strong>do</strong> tempo,permitin<strong>do</strong> a comparação sistemática e permanente <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s e a análise dealterações eventuais ou persistentes.O quadro e os gráficos a seguir mostram uma série histórica deplaquetas e leucócitos:Tabela 1 Série histórica de plaquetas e leucócitosNome da empresa:Nome <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r:Mês/AnoPlaquetas Leucócitos(mm 3 ) (mm 3 )jan/96 359 6600jul/96 326 5900jan/97 315 5500jul/97 327 6600jan/98 302 5900jul/98 317 4500ago/99 305 4400jan/00 264 4900jul/00 190 430022


Plaquetas400350300250200150100500jan/96jul/96jan/97jul/97jan/98jul/98jan/99jul/99jan/00jul/00Data de realização <strong>do</strong>s examesGráfico 2 Série histórica de plaquetasLeucócitosLeucocitos70006000500040003000200010000jan/96mai/96set/96jan/97mai/97Gráfico 3 Série histórica de leucócitosData de realização <strong>do</strong>s examesset/97jan/98mai/98set/98jan/99mai/99set/99jan/00mai/00Como podemos observar, houve um decréscimo importante e persistentena contagem das plaquetas e leucócitos. Isto indica que há necessidadede um aprofundamento das condições clínicas <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r.Segun<strong>do</strong> a Norma de vigilância à saúde <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res expostosao benzeno, instituída pela Portaria nº 776 (BRASIL, 2004), devem seralvo de investigação os trabalha<strong>do</strong>res que apresentarem:1. Queda relevante e persistente da leucometria, constatada através de3 (três) exames com intervalo de 15 (quinze) dias, com ou sem outrasalterações associadas.23


A portaria estabelece um índice arbitrário de 20% de redução da leucometriapara ser considera<strong>do</strong> como queda significativa em relação aoscritérios anteriores. Essa taxa poderá ser reavaliada, baseada em novosestu<strong>do</strong>s. Quan<strong>do</strong> o médico suspeitar de variações menores e da presençade outras alterações hematológicas, estas alterações devem serconsideradas para a indicação de exames complementares. Observação:na análise de séries históricas consolidadas com grandes perío<strong>do</strong>sde acompanhamento, deve ser considera<strong>do</strong> o patamar pré-exposiçãoou o mais próximo possível desse perío<strong>do</strong>.2. Presença de alterações hematológicas em hemogramas seria<strong>do</strong>s, semoutros acha<strong>do</strong>s clínicos que as justifiquem, como:• aumento <strong>do</strong> volume corpuscular médio (macrocitose), diminuição<strong>do</strong> número absoluto de linfócitos (linfopenia ou linfocitopenia);• leucocitose persistente;• alterações neutrofílicas: pontilha<strong>do</strong> basófilo, hipossegmentação<strong>do</strong>s neutrófilos (pseu<strong>do</strong> Pelger);• presença de macroplaquetas;• leucopenia com associação de outras citopenias (plaquetopenia).Quan<strong>do</strong> o médico deve considerar um caso suspeitode benzenismo?Ainda segun<strong>do</strong> a Portaria nº 776, considera-se caso suspeito detoxidade crônica por benzeno a presença de alteração hematológica relevantee sustentada. A relevância foi definida nos critérios anteriores e a sustentabilidadeconsiderada mínima é definida após a realização de 3 hemogramascom intervalos de 15 dias entre eles.Nas situações em que persistem as alterações nesse tempo mínimode 45 dias, considera-se o caso suspeito.Deve ser iniciada investigação segun<strong>do</strong> o item 4.1.4 “Protocolo deInvestigação de Caso Suspeito” da mesma norma.Quan<strong>do</strong> o médico deve considerar um caso confirma<strong>do</strong>de toxicidade crônica pelo benzeno?Ao se realizar a avaliação clínico-laboratorial <strong>do</strong> caso suspeito econfirmar a ausência de enfermidades concomitantes que possam acarretartais alterações além da exposição ao benzeno, fica estabeleci<strong>do</strong> o diagnósticode benzenismo.24


Leucopenia e benzenismo são as mesmas coisas?Não. Leucopenia é a diminuição <strong>do</strong>s leucócitos que são, em parte,responsáveis pela defesa <strong>do</strong> organismo. Benzenismo é um conjunto desinais, sintomas e complicações decorrentes da exposição aguda ou crônicaao benzeno. Um <strong>do</strong>s efeitos que podem ser observa<strong>do</strong>s no benzenismoé a leucopenia.Deve-se salientar que to<strong>do</strong>s os trabalha<strong>do</strong>res expostos ao benzeno,porta<strong>do</strong>res de leucopenia isolada ou associada à outra alteração hematológica,são, em princípio, suspeitos de serem porta<strong>do</strong>res de lesão da medulaóssea provocada pelo benzeno. A partir desse ponto de vista, a leucopeniadeve ser atribuída à toxicidade <strong>do</strong> benzeno, associada ou não a outra <strong>do</strong>ença,ou seja, benzenismo.Além <strong>do</strong> benzenismo, as principais causas de leucopenia estãolistadas abaixo.Quadro 1 Principais causas de leucopeniaInfecciosasEsplenomegaliasImunológicasViraisBacterianasOutrasGripe, mononucleose, hepatite, CMV, sarampo,rubéola, dengue, HIV, febre amarelaTuberculose, febre tifoide, septicemia brucelose.Histoplasmose, sífilis, ricketsioses, psitacose,malária, calazarHepatopatia crônica, hepatopatia alcoólica, esquistosomose,esplenomegalia congestiva, <strong>do</strong>ença de Gaucher, síndrome de FeltyLES, artrite reumatoide, periarterite no<strong>do</strong>sa, outras colagenoses,<strong>do</strong>ença hemolítica autoimune e choque anafiláticoOutrasAgentesleucopenizantesAlterações damedula ósseaPseu<strong>do</strong>neutropenia, desnutrição, hipervitaminose A, alcolismoRegularesOcasionaisInfiltraçãoDeficiênciasAlteração <strong>do</strong>parênquimaFonte: Portaria nº 776/GM (BRASIL, 2004)Colchicina, irradiação, citostáticos e benzenoAnalgésicos, antibióticos anticonvulsivantes, saisde ouro, tranquilizantes, antitiroidianos, diuréticos,hipoglicemiantes, antimaláricos, anti-histamínicos,tuberculostáticos, sulfonamidas, barbitúricos.Metástase, linfoma e necrose MOFerro, vitamina B12, vitamina B6 e áci<strong>do</strong> fólicoLeucemias, síndrome mielodisplásica, síndromede Fanconi, hemoglobinúria paroxística noturna,anemia aplástica idiopática, neutropenia cíclicafamiliar, hipoplasia crônica, agranulocitose infantil25


Qual o tratamento de benzenismo? Ele deixa sequelas?Não existe tratamento medicamentoso capaz de promover a curae, uma vez afetada a medula óssea, esta lesão é permanente, ainda que oexame <strong>do</strong> sangue periférico tenha retorna<strong>do</strong> à normalidade. Estu<strong>do</strong>s realiza<strong>do</strong>sem medula óssea de trabalha<strong>do</strong>res acometi<strong>do</strong>s identificaram o tempomédio de 5 anos para que o exame de sangue volte ao normal após oafastamento da exposição, não significan<strong>do</strong> esta<strong>do</strong> de cura (RUIZ, 1989;AUGUSTO, 1991).O acompanhamento médico para os casos confirma<strong>do</strong>s de intoxicaçãodeve ser regular e em longo prazo.Todas as pessoas expostas e que manifestaram alterações hematológicasdevem ter acompanhamento médico, deven<strong>do</strong> seu posto de trabalhoe suas atividades serem analisa<strong>do</strong>s no senti<strong>do</strong> de serem afastadas daexposição ocupacional ao benzeno.A normalização ou a estabilidade <strong>do</strong>s valores hematimétricos <strong>do</strong>sangue periférico, após afastamento <strong>do</strong> ambiente de trabalho, não descaracterizaa intoxicação nem constitui critério para retorno a um ambiente oufunção com risco de exposição.Ela só poderá voltar ao trabalho em locais que obedecem aoscritérios de retorno, estabeleci<strong>do</strong>s pela Portaria nº 776. Tal procedimentodeve ser assegura<strong>do</strong> pela empresa e aprova<strong>do</strong> pelo órgão competente dafiscalização <strong>do</strong> ambiente de trabalho: Ministério <strong>do</strong> Trabalho e Emprego/Superintendências Regionais <strong>do</strong> Trabalho (MTE/SRTE) e Sistema Único deSaúde (SUS). O Grupo de Representação <strong>do</strong>s Trabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong> <strong>Benzeno</strong>(GTB) deverá participar <strong>do</strong> processo de seleção das áreas/atividades parao retorno <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res. Os casos de discordância deverão ser informa<strong>do</strong>sà Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), aos órgãospúblicos competentes e ao sindicato da categoria (BRASIL, 2006).Importante destacar que, mesmo após a remissão das alteraçõeshematológicas periféricas ou de outras manifestações clínicas, os casos deverãoser acompanha<strong>do</strong>s clínica e laboratorialmente de forma permanente,com periodicidade pelo menos anual, através da realização de exames complementarespropostos em um protocolo de acompanhamento pelo órgãode referência <strong>do</strong> SUS.26


Qual a forma de prevenção?A única forma de prevenção é a não exposição, que pode ser: porsubstituição de benzeno por outros produtos ou pelo uso de tecnologia adequadapara evitar a exposição.As ações preventivas são importantes na proteção da saúde. Assim,o ambiente e o processo de trabalho devem assegurar sempre a menorexposição ocupacional possível. Medidas de proteção coletiva a<strong>do</strong>tadas noprocesso de trabalho, minimizan<strong>do</strong> a exposição ou eliminan<strong>do</strong> o agente,e medidas de proteção individual contribuem decididamente na prevençãoda intoxicação.Importante destacar: Alguns estu<strong>do</strong>s indicam que exposiçãointermitente ao benzeno é pior que a exposição contínua. Mesmo se a exposiçãoao benzeno for inferior, pode causar mais <strong>do</strong>enças, mais câncer.Assim, todas as atividades que envolvem benzeno devem ser controladas,mesmo aquelas de curta duração ou que sejam executadas apenas poucasvezes por semana ou mês.27


Indica<strong>do</strong>rbiológico de exposiçãoComo podemos saber se estamos expostos ao benzeno?Através <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s das avaliações ambientais qualitativas ouquantitativas (quan<strong>do</strong> necessárias) e <strong>do</strong> indica<strong>do</strong>r biológico de exposição.O que é indica<strong>do</strong>r biológico de exposição ou biomarca<strong>do</strong>r?O conceito de biomarca<strong>do</strong>res tem si<strong>do</strong> desenvolvi<strong>do</strong> para estimara relação entre a exposição ambiental ou ocupacional e subsequentes efeitosindividuais e em grupo. Dessa forma, a pesquisa e a aplicação dessesbiomarca<strong>do</strong>res têm a finalidade de prevenir <strong>do</strong>enças por redução da exposiçãoa agentes tóxicos através da identificação precoce de uma exposiçãoexcessiva ou perigosa.Vários são os parâmetros biológicos que podem estar altera<strong>do</strong>scomo consequência da interação entre o agente químico e o organismo;entretanto, a determinação quantitativa destes parâmetros é usada comoIndica<strong>do</strong>r Biológico ou Biomarca<strong>do</strong>r somente se existir a correlação com aintensidade da exposição e/ou o efeito biológico da substância. Desta forma,o biomarca<strong>do</strong>r compreende toda substância ou seu produto de biotransformação,assim como qualquer alteração bioquímica precoce cuja determinaçãonos flui<strong>do</strong>s biológicos (sangue, urina), teci<strong>do</strong>s ou ar exala<strong>do</strong>, avalie aintensidade da exposição e o risco à saúde.Qual é o indica<strong>do</strong>r biológico de exposição (IBE) para o benzeno?Segun<strong>do</strong> a legislação brasileira, Portaria <strong>do</strong> Ministério <strong>do</strong> Trabalhode 20 de dezembro de 2001, o indica<strong>do</strong>r de exposição a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> no Brasilpara o benzeno é o áci<strong>do</strong> trans, trans mucônico na urina (AttM-U).Este indica<strong>do</strong>r substituiu o antigo, que era o fenol urinário, emrazão da baixa sensibilidade deste último em baixas concentrações de benzenono ar. Se o VRT for reduzi<strong>do</strong>, outro IBE deverá ser a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>.29


Além <strong>do</strong> áci<strong>do</strong> trans, trans mucônico, existem vários outros indica<strong>do</strong>resbiológicos de exposição ao benzeno. O mais utiliza<strong>do</strong> é o áci<strong>do</strong> fenilmercaptúrico. Talvez este IBE também venha a ser proposto no Brasil.Para que serve o indica<strong>do</strong>r de exposição?Os indica<strong>do</strong>res biológicos de exposição são ferramentas utilizadasna prática de higiene <strong>do</strong> trabalho e como instrumento auxiliar de vigilânciaà saúde. A importância <strong>do</strong> uso destes biomarca<strong>do</strong>res como parâmetrosbiológicos de exposição às substâncias químicas é devi<strong>do</strong> ao fato de seremeles mais diretamente relaciona<strong>do</strong>s aos efeitos na saúde <strong>do</strong> que os parâmetrosambientais. Por isso, podem oferecer uma melhor estimativa <strong>do</strong> risco.A avaliação biológica leva em consideração a absorção por diferentes vias erotas de exposição de um agente químico, permitin<strong>do</strong> avaliar a exposiçãoglobal <strong>do</strong> indivíduo ou da população.Poderá, portanto, ser utiliza<strong>do</strong> para:1. correlação com os resulta<strong>do</strong>s de avaliações da exposição ocupacionalna zona respiratória <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r, obtidas pela higiene ocupacional;2. dedução, a partir <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s, da parcela de benzeno absorvidaapós exposição <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r;3. verificação de mudanças qualitativas <strong>do</strong> perfil de exposição <strong>do</strong> grupohomogêneo estuda<strong>do</strong> (mudanças de processo, de procedimentos ou deequipamentos);4. verificação de outras vias de penetração <strong>do</strong> benzeno no organismo, quenão a inalatória, por exemplo, pela pele ou por ingestão; e5. verificação indireta da eficácia <strong>do</strong>s dispositivos de proteção usa<strong>do</strong>s.Como utilizar o indica<strong>do</strong>r biológico de exposição?O IBE só deve ser utiliza<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> se tem bem defini<strong>do</strong>s os objetivosde sua determinação e estabeleci<strong>do</strong>s os critérios de interpretação <strong>do</strong>sresulta<strong>do</strong>s. Pode ter pouco significa<strong>do</strong> a determinação <strong>do</strong> IBE em datas pré--agendadas, como nos exames periódicos, por exemplo, que podem coincidircom perío<strong>do</strong>s em que o trabalha<strong>do</strong>r não executou nenhuma atividaderelacionada com o benzeno.Quan<strong>do</strong> se pretende atingir qualquer um <strong>do</strong>s três primeiros objetivosrelaciona<strong>do</strong>s no item anterior, deve-se de preferência avaliar o IBE emgrupos de no mínimo 20 trabalha<strong>do</strong>res (BUSCHINELLI; KATO, 1989) ou em30


to<strong>do</strong> o grupo homogêneo de exposição, se este for em número menor <strong>do</strong>que 20, em conjunto com as avaliações da exposição ocupacional na zonarespiratória <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r.Para os <strong>do</strong>is últimos objetivos, a análise deve ser realizada em gruposde quaisquer número de trabalha<strong>do</strong>res que estiveram em situações deexposição aguda e sujeitos a outras vias de penetração.A interpretação <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> grupo homogêneo de exposiçãodeve ser feita levan<strong>do</strong>-se em consideração os da<strong>do</strong>s de to<strong>do</strong> o grupo avalia<strong>do</strong>,segun<strong>do</strong> Buschinelli e Kato (1989). Esta forma de interpretação permiteavaliar o nível de exposição e fazer inferência <strong>do</strong> potencial de agravo à saúdeou eficácia <strong>do</strong>s dispositivos de proteção respiratória.Resulta<strong>do</strong>s individuais <strong>do</strong> grupo homogêneo muito discrepantes<strong>do</strong> conjunto não devem ser trata<strong>do</strong>s como provável dano à saúde e devemser expurga<strong>do</strong>s estatisticamente da análise grupal, procedimento de rotinaem estu<strong>do</strong>s estatísticos. Devem, no entanto, ser investiga<strong>do</strong>s visan<strong>do</strong>desencadear ações corretivas de higiene industrial e de vigilância à saúdeindividual, específicas para a ocorrência. Um valor altera<strong>do</strong> individual podeter si<strong>do</strong> ocasiona<strong>do</strong> por um procedimento de trabalho inadequa<strong>do</strong>, como acolocação <strong>do</strong> "paninho" usa<strong>do</strong> por frentistas de postos de gasolina sobre oombro ou o braço.Em casos de investigação de exposições potencialmente excessivasou não rotineiras, tais como emergências ou vazamentos, qualquer valor deveser avalia<strong>do</strong> individualmente para verificação de possível sobre-exposição.Existem valores limite para áci<strong>do</strong> trans, trans mucônicoque não deverão ser ultrapassa<strong>do</strong>s?Não. Não se estabelecem valores limite para IBEs de substânciascarcinogênicas ou mutagênicas. São apresentadas, no entanto, listas deconcentrações <strong>do</strong>s IBEs em flui<strong>do</strong>s biológicos equivalentes a diferentesvalores de concentração ambiental para que sirvam de guia na investigaçãoda exposição <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r a esses agentes. No caso de exposiçãoao benzeno, o áci<strong>do</strong> trans, trans mucônico na urina é relaciona<strong>do</strong> às concentraçõesde benzeno no ar. O valor encontra<strong>do</strong> de áci<strong>do</strong> trans, transmucônico acima <strong>do</strong> considera<strong>do</strong> de referência para uma população nãoexposta ocupacionalmente significa exposição a benzeno. Desta forma,deve-se investigar o local de trabalho e como estão sen<strong>do</strong> realizadas astarefas para identificar as possíveis causas de sobre-exposição. Valores31


acima <strong>do</strong>s correspondentes aos Valores de Referência Tecnológico (VRT)indicam que o ambiente de trabalho não está em conformidade com opreconiza<strong>do</strong> no Anexo 13A.Para se fazer as correlações <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s das análises de AttM-Ucom a concentração de benzeno no ar, poderão ser utiliza<strong>do</strong>s os valores decorrelação a seguir.Tabela 2 Correlação das concentrações de AttM-U com benzeno no ar,obtidas a partir <strong>do</strong>s valores estabeleci<strong>do</strong>s pelo DFG (1996), corrigi<strong>do</strong>s paramiligrama/grama de creatinina (admitida concentração média de 1,2 gramade creatinina por litro de urina)32<strong>Benzeno</strong> no ar(ppm)<strong>Benzeno</strong> no ar(mg/m3)Ac. t,t mucônico(urina) (mg/l)Ac. t,t mucônico (urina) (mg/grama creatinina)0,3 1,0 - -0,6 2,0 1,6 1,30,9 3,0 - -1,0 3,3 2 1,62 6,5 3 2,54 13 5 4,26 19,5 7 5,8Fonte: Portaria nº 34 (BRASIL, 2001)Os resulta<strong>do</strong>s devem ser da<strong>do</strong>s de preferência em miligrama deáci<strong>do</strong> trans, trans mucônico por grama de creatinina em vez de miligramapor litro de urina.A creatinina é um produto <strong>do</strong> metabolismo muscular e é geralmenteproduzida em uma taxa praticamente constante pelo corpo. Já a quantidadede urina que uma pessoa pode produzir depende muito da quantidadede líqui<strong>do</strong> que ela bebeu. Assim, para uma mesma exposição ocupacionalao benzeno, para um trabalha<strong>do</strong>r que bebeu muita água, o resulta<strong>do</strong> deveser bem menor <strong>do</strong> que para aquele que bebeu pouco. Embora os <strong>do</strong>is possamter fica<strong>do</strong> expostos à mesma quantidade de produto, os resulta<strong>do</strong>spodem ser bem diferentes. Mas se os resulta<strong>do</strong>s forem da<strong>do</strong>s em mg/g decreatinina, eles devem ser bem mais pareci<strong>do</strong>s. Convém ainda ressaltar quea quantidade de líqui<strong>do</strong> bebi<strong>do</strong> não é a única interferência que pode acontecerna eliminação <strong>do</strong> áci<strong>do</strong> trans, trans mucônico, mas é uma variável quedeve ser levada em consideração.Independentemente desta tabela, as empresas devem fazer suaspróprias correlações entre a concentração de benzeno no ar e a eliminaçãode áci<strong>do</strong> trans, trans mucônico na urina de seus funcionários. Para isso,


devem programar as coletas de amostras de urina de to<strong>do</strong> o grupo homogêneode exposição no mesmo dia em que for feita a avaliação ambiental.O Grupo de Representação <strong>do</strong>s Trabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong> <strong>Benzeno</strong> (GTB)pode inclusive orientar os trabalha<strong>do</strong>res que eventualmente estiverem expostosao benzeno a solicitarem da empresa a análise de sua urina.Quais as características <strong>do</strong> áci<strong>do</strong> trans, trans mucônico urinário?O AttM-U na urina representa uma média de 1,9% <strong>do</strong> benzeno absorvi<strong>do</strong>,apresentan<strong>do</strong> vantagens e desvantagens inerentes à sua utilizaçãocomo indica<strong>do</strong>r biológico de exposição ao benzeno. Dentre as maiores vantagensdestacam-se a facilidade e a sensibilidade analítica de sua determinaçãourinária, além de apresentar uma boa correlação com os níveis debenzeno no ar. O AttM-U apresenta correlação com os níveis de benzeno noar abaixo de 1,0 ppm, sen<strong>do</strong> um parâmetro adequa<strong>do</strong> para estu<strong>do</strong>s de avaliaçãoda exposição ocupacional ao benzeno. É possível utilizar este indica<strong>do</strong>rinclusive em estu<strong>do</strong>s de populações não expostas ocupacionalmente aobenzeno. A maioria <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s de análise laboratorial possui limites dedetecção apropria<strong>do</strong>s para este estu<strong>do</strong>.Quais são os valores encontra<strong>do</strong>s em populações não expostasocupacionalmente?A Tabela 3 apresenta concentrações de AttM-U de populações nãoexpostas ocupacionalmente.Como podemos verificar, existe uma variabilidade muito grandenos valores de AttM-U tanto nas faixas de concentração, como entre autorese ou populações diferentes. É possível separar entre gênero, entre fumantese não fumantes e, inclusive no trabalho de Aprea et al. (2008), aparecemdiferenças entre cidades. Estes resulta<strong>do</strong>s permitem concluir que o AttM--U tem sensibilidade suficiente para se estudar populações não expostasocupacionalmente.33


Tabela 3 Concentração de AttM-U de populações não expostas ocupacionalmentea benzenoConcentração de AttM-U mg/g de creatininaNão fumantesFumantesHomens Mulheres Homens Mulheres0,0461±0,03710,007-0,2910,0092±0,00420,002-0,3700,0641±0,08240,008-0,7740,0254±0,0050,004-1,00,0933±0,10020,0118-0,6000,029±0,00270,007-0,00850,025 (0,011-0,155) 0,075 (0,025-0,175)0,05 0,090,0934±0,07470,0169-0,4450,0462±0,00570,0030-0,380ReferênciasAprea et al., 2008Cocco et al., 2003Javalaud et al., 1998,apud Fundacentro,2005Ruppert et al., 1995,apud Fundacentro,20050,14 (0,03-0,33) 0,19 (0,06-0,43)Lee et al., 1993, apud,Fundacentro, 20050,067 0,207 Maestri et al., 19950,14 0,19 Ong et al., 1994O ATTM-U pode ser utiliza<strong>do</strong> em trabalha<strong>do</strong>res expostos a baixasconcentrações de benzeno?Sim, se podemos utilizar o AttM-U em populações não expostasocupacionalmente a benzeno, também podemos utilizá-los em trabalha<strong>do</strong>resexpostos a baixas concentrações de benzeno, como podemos observarnas Tabelas 4 e 5.Tabela 4 Concentração de AttM-U de trabalha<strong>do</strong>res expostos ocupacionalmentea baixas concentrações de benzeno em uma refinaria de Petróleo(BARBOSA, 1997)Atividade/ocupaçãoFumante + não fumante(mg/g creatinina)Concentração de benzeno(ppm)To<strong>do</strong>s os expostos 0,118-0,202 0,04-0,10To<strong>do</strong>s não expostos 0,058-0,134 ---------------Unidade de reforma catalítica 0,072-0,126 0.01-0,03Sala de controle da unidade de reformacatalítica0,041-0,096 0,008-0,02Planta da unidade de reforma catalítica 0,108-0,172 0,02-0,07Setor de qualidade 0,161-0,339 0,10-0,25Setor de qualidade/rotina 0,043-0,188 0,01-0,12Setor de qualidade/ turno 0,249-0,456 0,17-0,3634


Barbosa (1997) constatou diferença significativa entre os resulta<strong>do</strong>sobserva<strong>do</strong>s entre os expostos e não expostos (segun<strong>do</strong> o autor) na refinariaestudada. Observou que nos <strong>do</strong>is setores (unidade de reforma catalíticae setor de qualidade) houve significativa diferença em relação ao graude exposição ocupacional ao benzeno.Tabela 5 Concentração de AttM-U de trabalha<strong>do</strong>res expostos ocupacionalmentea baixas concentrações de benzeno em outras ocupações em mg/gde creatinina (COSTA, 2001)Atividade/ocupaçãoFumante(MG/DPG)Não-Fumante(MG/DPG)*Frentistas/mecânicos 1,21/1,82 0,89/1,72Escriturário 0,28/1,48 0,14/1,87Vende<strong>do</strong>r 0,22/1,71 0,09/2,67*MG/DPG = média geométrica/desvio padrão geométricoQuan<strong>do</strong> se trabalha em baixas concentrações de benzeno no ar, oque implica em baixas concentrações de AttM-U, pode-se verificar diferençassignificativas, desde que se trabalhe com grupos homogêneos de exposição.Porém, é necessário ficar atento para qualquer valor individual muitoaltera<strong>do</strong>, que deve ser investiga<strong>do</strong>. Os valores altera<strong>do</strong>s não devem ser simplesmenteelimina<strong>do</strong>s! Devem ser inclusive justifica<strong>do</strong>s e registra<strong>do</strong>s.Quais as interferências significativas na eliminação <strong>do</strong> AttM-U?O AttM-U apresenta como desvantagem sofrer influência de algunsfatores que podem modificar sua concentração na urina, além de estar presentena urina de indivíduos não expostos ocupacionalmente ao benzeno.Devi<strong>do</strong> à capacidade de metabolismo <strong>do</strong> benzeno a áci<strong>do</strong> trans, transmucônico diferir significativamente entre indivíduos de uma população emgeral, aqueles com maior taxa de metabolismo para formar AttM-U podemser mais suscetível aos efeitos carcinogênicos <strong>do</strong> benzeno.Dentre os fatores que podem influenciar a excreção urinária <strong>do</strong>AttM estão:(1) a coexposição a outros produtos químicos, como, por exemplo,o tolueno, que pode inibir competitivamente a biotransformação <strong>do</strong>benzeno. A concentração de AttM-U chega a ser reduzida em 25% entreos expostos a benzeno quan<strong>do</strong> ocorre coexposição a tolueno nas mesmasconcentrações (INOUE et al., 1989; WHO, 1996, apud COSTA, 2001). Os pro-35


cessos de biotransformação das substâncias tolueno e benzeno são semelhantes.Em exposições simultâneas dessas substâncias, o tolueno, quan<strong>do</strong>presente em concentrações elevadas, pode influenciar no metabolismo <strong>do</strong>benzeno. Este fato, todavia, não é observa<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> os níveis de exposiçãoao tolueno são relativamente baixos (GOLDSTEIN; GREENBERG, 1997).A probabilidade de co-exposição a outras substâncias é muito grande emambientes ocupacionais e acontece com frequência. Nas indústrias siderúrgicas,ocorre a presença da mistura BTX (benzeno, tolueno e xileno), sen<strong>do</strong>que o benzeno está em maior concentração; porém, nas empresas de exploraçãoe refino <strong>do</strong> petróleo, é o tolueno que está em maior concentração(petróleo, naftas e gasolinas). O consumo de bebida alcoólica e a exposiçãoaos hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAS) também podem ser fatoresde confundimento nas avaliações biológicas através deste indica<strong>do</strong>r.(2) a dieta, uma vez que o AttM é forma<strong>do</strong> na biotransformação <strong>do</strong>áci<strong>do</strong> sórbico ou sorbatos utiliza<strong>do</strong>s como aditivos alimentares em produtosindustrializa<strong>do</strong>s, como bolos, geleias, chocolates, sucos, deriva<strong>do</strong>s de leiteetc. Porém, alguns pesquisa<strong>do</strong>res não observaram interferência significativade produtos industrializa<strong>do</strong>s com relação às concentrações AttM-U. Aingestão de alimentos conten<strong>do</strong> níveis compreendi<strong>do</strong>s entre 6 a 24 mg/diade áci<strong>do</strong> sórbico resultou na eliminação de cerca de 0,01 a 0,04 mg/L deAttM-U, valores muito próximos ao limites de detecção das meto<strong>do</strong>logiasmais difundidas (DUCOS et al., 1990; RUPPERT et al., 1995).(3) o tabagismo, pois o tabaco pode aumentar em até 8 vezes aconcentração <strong>do</strong> AttM na urina de indivíduos fumantes quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong>scom indivíduos não fumantes. Alguns estu<strong>do</strong>s, porém, constataram que aeliminação de AttM-U devi<strong>do</strong> ao cigarro não era importante quan<strong>do</strong> comparadaàs exposições ocupacionais (DUCOS et al., 1992; LEE et al., 1993).Portanto, apesar <strong>do</strong>s vários tipos de interferência na avaliação <strong>do</strong>AttM-U, este pode ser utiliza<strong>do</strong> para populações não expostas assim comopara grupos homogêneos de exposição a baixas concentrações de benzeno.Quais os méto<strong>do</strong>s de laboratório para fazer a análise <strong>do</strong> AttM-U?Existem várias técnicas de análise para a determinação <strong>do</strong> AttM-U,sen<strong>do</strong> a cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) a mais utilizada. Importanteé a escolha de um méto<strong>do</strong> com limite de detecção suficiente parapossibilitar análise de baixos teores deste indica<strong>do</strong>r.36


O que é limite de detecção (LD)?Limite de detecção é a menor quantidade de uma substância possívelde se detectar pelo instrumento utiliza<strong>do</strong> para se fazer a análise.To<strong>do</strong>s os laboratórios têm o mesmo valor de limite de detecção?Não, os laboratórios podem utilizar méto<strong>do</strong>s analíticos diferentes,o que leva a valores diferentes. Mesmo com méto<strong>do</strong>s iguais, podem-se obterlimites de detecções diferentes. Os limites dependem também da vida útil<strong>do</strong> detector <strong>do</strong> equipamento científico, da coluna cromatográfica ou mesmode suas condições. Podem-se ter, para uma mesma meto<strong>do</strong>logia, mesmolaboratório, mesmo técnico, mesmos equipamentos, limites de detecção diferentesdevi<strong>do</strong> à deterioração das condições, principalmente técnicas, como passar <strong>do</strong>s dias, <strong>do</strong>s meses ou até <strong>do</strong>s anos. Por isso, o laboratório devecalcular frequentemente estes limites e apresentá-los em to<strong>do</strong> o resulta<strong>do</strong>de análise.Limites de detecção indica<strong>do</strong>s como de uma instituição de referência<strong>do</strong> méto<strong>do</strong> analítico não são os <strong>do</strong> laboratório que está apresentan<strong>do</strong> aanálise. Servem somente como referência <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong>.Devem sempre ser pedi<strong>do</strong>s os da<strong>do</strong>s e a meto<strong>do</strong>logia para o cálculo<strong>do</strong> limite de detecção, a data em que ele foi realiza<strong>do</strong> e a frequência comque o laboratório o calcula.Qual o limite de detecção <strong>do</strong> AttM-U?Existem diversas meto<strong>do</strong>logias para análise <strong>do</strong> AttM-U. Os méto<strong>do</strong>ssão muito sensíveis e os limites de detecção destes méto<strong>do</strong>s variam, namaioria deles, de 3μg a 100μg de AttM/litro de urina (COSTA, 2001; INOUE etal.,1989; DUCOS et al., 1990; BECHTOLD et al., 1991; LEE et al., 1993; Bartczaket al., 1994; RUPPERT et al., 1995; MAESTRI et al.,1995 apud COUN-TRIM, 1998; YU; WEISEL, 1996; WEAVER et al., 1996; BURATTI et al., 1996;JAVELAUD et al., 1998), o que possibilita a utilização deste indica<strong>do</strong>r biológicopara baixas concentrações de benzeno no ar.37


Instrumentos legais para vigilância da saúde<strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res expostos ao benzenoExistem vários instrumentos legais que devem ser segui<strong>do</strong>s como objetivo de se realizar a vigilância da saúde <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res expostosque também orientam ações de diagnóstico e encaminhamento de trabalha<strong>do</strong>resconsidera<strong>do</strong>s contamina<strong>do</strong>s. Entre estes se incluem a InstruçãoNormativa nº 2 de 20 de dezembro de 1995 (BRASIL, 1995), a Portaria nº776/GM de 28 de abril de 2004 (BRASIL, 2004), o Protocolo de ComplexidadeDiferenciada, <strong>do</strong> Ministério da Saúde sobre Risco Químico – Atenção àSaúde <strong>do</strong>s Trabalha<strong>do</strong>res Expostos ao <strong>Benzeno</strong>, de 2006.A Instrução Normativa nº 2, (IN2) de 20 de dezembro de 1995,aprova o texto que dispõe sobre a “Vigilância da saúde <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>resna prevenção da exposição ocupacional ao benzeno”, referente ao Anexo13A da NR-15, Portaria nº 3214/78, SSST/MTb. Este foi o texto acorda<strong>do</strong> pelogrupo que discutiu o acor<strong>do</strong> e a legislação sobre o benzeno em 1995.Esta instrução normativa já trazia os instrumentos utiliza<strong>do</strong>s parao propósito de vigilância da saúde e indicava as ações e os procedimentosde vigilância da saúde que deveriam ser realiza<strong>do</strong>s para os trabalha<strong>do</strong>resdas empresas abrangidas pelo item 7.4.1 da NR7 (Portaria nº 3.214 de08/06/78, alterada pela Portaria nº 24 de 29/12/94).No acidente com intoxicação aguda e nos casos de exposição crônica,a instrução normativa estabelecia que o médico deveria:• Emitir Comunicação de Acidente <strong>do</strong> Trabalho (CAT), conforme NR7 ePortaria MS/SAS nº 119, de 09/09/93, vigente na época;• Encaminhar ao Instituto Nacional de Seguro Nacional (INSS) para caracterização<strong>do</strong> acidente <strong>do</strong> trabalho e avaliação previdenciária;• Encaminhar ao Sistema Único de Saúde (SUS) para investigação clínicae registro;• Desencadear ações imediatas de correção, prevenção e controle noambiente das condições e <strong>do</strong>s processos de trabalho.O emprega<strong>do</strong>r deveria fornecer ao trabalha<strong>do</strong>r as cópias <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s<strong>do</strong>s seus exames, lau<strong>do</strong>s e pareceres.39


Aos trabalha<strong>do</strong>res sob investigação para apuração da suspeita deque a alteração <strong>do</strong> seu esta<strong>do</strong> de saúde possa ter origem etiológica ocupacional,a IN2 determinou que as empresas lhes garantam:• Afastamento da exposição;• Emissão da CAT;• Custeio pleno de consultas, exames e pareceres necessários à elucidaçãodiagnóstica de suspeita de danos à saúde provoca<strong>do</strong>s porbenzeno;• Custeio pleno de medicamentos, materiais médicos, internações hospitalarese procedimentos médicos de tratamento de dano à saúdeprovoca<strong>do</strong> por benzeno ou suas sequelas e consequências.Foram estabeleci<strong>do</strong>s os sinais e os sintomas que deveriam ser valoriza<strong>do</strong>spara efeito de vigilância da saúde e que são os destaca<strong>do</strong>s acimacomo possíveis danos em decorrência da exposição ao benzeno.Determinou que os prontuários médicos de trabalha<strong>do</strong>res e <strong>do</strong>sintoxica<strong>do</strong>s deveriam ser manti<strong>do</strong>s à disposição daqueles, <strong>do</strong>s seus representanteslegalmente constituí<strong>do</strong>s e <strong>do</strong>s órgãos públicos por no mínimo 30anos após o desligamento <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r.No item 7.4 da IN2 há o reconhecimento da necessidade de quefossem estabeleci<strong>do</strong>s critérios adicionais a este texto legal.Em consideração ao que foi determina<strong>do</strong> no Acor<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Benzeno</strong>como atribuição <strong>do</strong> Ministério da Saúde, foi publicada a Portaria nº 776/GMem 28 de abril de 2004, que institui as Normas de Vigilância à Saúde <strong>do</strong>sTrabalha<strong>do</strong>res expostos a este agente químico nos processos de trabalhoque produzem, utilizam, transportam, armazenam ou manipulam benzenoe/ou suas misturas líquidas. Importante destacar que esta portaria se aplicaa todas as situações em que pode ocorrer a presença de benzeno e nãoapenas àquelas em que ele estiver presente em misturas acima de 1%.As diretrizes para o diagnóstico da intoxicação ocupacional pelobenzeno (quadro clínico e laboratorial), para o diagnóstico diferencial comoutras causas de leucopenia e as orientações sobre a conduta <strong>do</strong>s casos suspeitose confirma<strong>do</strong>s são as que estão apresenta<strong>do</strong>s neste fascículo sobre os“<strong>Efeitos</strong> da exposição ao benzeno para a saúde”.É na Portaria nº 776/GM que aparece a necessidade de os serviçosdas empresas cadastradas no MTE encaminharem as informações a seguiraos serviços de saúde <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r de sua área de abrangência. O encaminhamentodeve ser anual, to<strong>do</strong> mês de março, por meio magnético pa-40


droniza<strong>do</strong> ao SIMPEAQ (Sistema de Monitoramento de Populações Expostasa Agentes Químicos):• Nome e registro de trabalha<strong>do</strong>res com data de nascimento, sexo,função, setor de atividade e empresa em que está prestan<strong>do</strong> serviçono caso de terceiros, com ou sem sinais e sintomas de benzenismo,afasta<strong>do</strong>s ou não <strong>do</strong> trabalho, incluin<strong>do</strong> os demiti<strong>do</strong>s a contar de umperío<strong>do</strong> de 20 anos passa<strong>do</strong>s.• A série histórica de hemogramas realiza<strong>do</strong>s em exames admissional,periódicos e demissional, anualmente, no mês de março, em meiomagnético padroniza<strong>do</strong> pelo SIMPEAQ.• Cópia <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s das alterações clínicas e <strong>do</strong>s exames de indica<strong>do</strong>rbiológico de exposição realiza<strong>do</strong>s em exames periódicos edemissional, bem como avaliações citoquímicas, imunológicas, citogenéticas,histológicas, neuropsicológicas e neuropsiquiátricas, realizadasem trabalha<strong>do</strong>res expostos ao benzeno, em meio magnéticopadroniza<strong>do</strong> pelo SIMPEAQ.• Da<strong>do</strong>s de monitorização ambiental <strong>do</strong> benzeno (exposição individuale de área; média ponderada pelo tempo, curta duração, instantâneasde emergência ou não) realizada nos diversos setores da empresa, acada semestre.• As informações de acidentes com vazamentos, em 24 horas, e o registropermanente de modificações operacionais e estruturais das plantas.Na portaria ainda estão destacadas as seguintes observações:• É de responsabilidade solidária de contratantes e contratadas o envioe a padronização das informações.• Os prontuários médicos <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res e <strong>do</strong>s intoxica<strong>do</strong>s devemser manti<strong>do</strong>s à disposição daqueles, <strong>do</strong>s seus representantes legalmenteconstituí<strong>do</strong>s e <strong>do</strong>s órgãos públicos por, no mínimo, 20 (vinte)anos após o desligamento <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r.Por fim, a portaria estabelece atribuições para as instâncias e osserviços que atuam na área de saúde <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r, bem como os procedimentosde intervenção. Os serviços de saúde <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r deverãorealizar a vigilância <strong>do</strong>s ambientes e <strong>do</strong>s processos de trabalho, compreenden<strong>do</strong>a análise, a investigação, a orientação, a fiscalização e a aplicação depenalidades nas empresas, por meio de inspeções sanitárias.Os serviços de saúde <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r deverão privilegiar na intervençãonos ambientes de trabalho:• Análise das informações existentes (atas de CIPA, ROAS, PPEOB, PPRA,PCMSO, programas de saúde, ambiente e segurança, informações deoutras instituições).41


• Análise e observação das situações potenciais de risco.• Estabelecimento de propostas de eliminação, controle e redução derisco.• Participação <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res e seus representantes em todas asetapas da intervenção.• Processos de discussão, negociação e formalização de acor<strong>do</strong>s envolven<strong>do</strong>emprega<strong>do</strong>res, governo, trabalha<strong>do</strong>res e sociedade civil paraestabelecimento de medidas de eliminação, controle e redução daexposição ao benzeno além <strong>do</strong> previsto na legislação.• Ações de integração interinstitucionais com o Ministério <strong>do</strong> Trabalhoe Emprego, Ministério da Previdência Social, os Ministérios Públicos,as Secretarias de Meio Ambiente, as Instituições de ensino e pesquisa,entre outras.O Protocolo de Complexidade Diferenciada, <strong>do</strong> Ministério da Saúde,sobre Risco Químico – Atenção à Saúde <strong>do</strong>s Trabalha<strong>do</strong>res Expostos ao<strong>Benzeno</strong>, de 2006, tem por objetivo oferecer recomendações para o diagnósticoe a vigilância <strong>do</strong> benzenismo de origem ocupacional. Foi fundamenta<strong>do</strong>na Norma de Vigilância <strong>do</strong>s Trabalha<strong>do</strong>res Expostos ao <strong>Benzeno</strong> noBrasil, <strong>do</strong> Ministério da Saúde, publicada em abril de 2004. Trata-se de um<strong>do</strong>cumento produzi<strong>do</strong> pela Comissão Permanente <strong>do</strong> <strong>Benzeno</strong>, em cercade seis anos de discussões e de encontros científicos entre hematologistas,sanitaristas, médicos de empresas e trabalha<strong>do</strong>res.Destaca-se nesse texto o item 2.6 (BRASIL, 2006, p. 9), que define osgrupos de população exposta e o fluxograma para acompanhamento de pacientesexpostos ao benzeno ou apresentan<strong>do</strong> sinais e sintomas sugestivos.422.6 População-Alvo2.6.1 Atividades econômicas, ocupações e tarefas de risco de exposiçãoao benzenoO Acor<strong>do</strong> Nacional <strong>do</strong> <strong>Benzeno</strong> se concentra em setores em que háatividades de risco com grandes concentrações de benzeno: indústriassiderúrgicas, químicas, petroquímicas e <strong>do</strong> petróleo que utilizame produzem o benzeno e suas misturas ou correntes de produtoscom mais de 1% de concentração por volume e que estão cadastradasno Ministério <strong>do</strong> Trabalho e Emprego.Existe um grupo maior e que está exposto também em suas atividadeslaborais a correntes, em sua grande maioria com concentraçõesmenores <strong>do</strong> que 1%, mas que também representam risco,pois este é estabeleci<strong>do</strong> em situações de possibilidade de exposiçãoaos agentes carcinogênicos. Deste grupo destacamos, entre outros:trabalha<strong>do</strong>res em postos de gasolina; oficinas mecânicas; indústriade produção e utilização de colas, solventes, tintas e remove<strong>do</strong>res;


indústria de borracha; indústria gráfica; prospecção, perfuração eprodução de petróleo; transporte e armazenamento <strong>do</strong>s produtos cita<strong>do</strong>sacima; trabalha<strong>do</strong>res terceiriza<strong>do</strong>s das indústrias e atividadescitadas acima.Alguns exemplos específicos de atividades e ocupações de risco serãoindica<strong>do</strong>s a seguir:• Paradas, emergências;• Leitura de nível de tanque com trena (e temperatura);• Drenagem de tanques e equipamentos;• Transferências e carregamento de produtos;• Atendimento de emergências, vazamentos, incêndios e coman<strong>do</strong>de evasões;• Coletas de amostras de produtos, insumos, matérias-primasetc., para fins de controle de qualidade de processo;• Limpeza de equipamentos;• Acompanhamento de serviços de manutenção ou de liberaçãode equipamentos;• Atividade envolven<strong>do</strong> outros mielotóxicos;• Atividades na coqueria, carboquímicos;• Atividades em setores que utilizam gás de coqueria comocombustível;• Atividades junto a torres de resfriamento;• Tratamento de efluentes;• Atividades em laboratórios;• Frentistas;• Ocupações que envolvem as atividades citadas anteriormente;• Ocupações que envolvem manipulação ou exposição à gasolina,aos solventes, às colas, às tintas, aos vernizes, aos solventesde borracha, entre outros.O fluxograma para acompanhamento de pacientes expostos aobenzeno está representa<strong>do</strong> a seguir.43


Exposição ao <strong>Benzeno</strong> (Benzenismo)HáexposiçãoRegistrarno SIMPEAQPacienteexposto a benzeno ecom sinais e sintomassugestivosHistória clínica eocupacionalExame clínicoCaracterização da exposição:- função/atividade/área de trabalho/tempo de exposição- avaliação qualitativa/quantitativa ambiental e biológicaSinais e sintomas <strong>do</strong> benzenismo: asteria, mialgia,sonolência, tonturas e sinais infecciosos de repetiçãoAlterações hematológicas:- neutropenia, leucopenia, eosinofilia, linfocitopenia,monocitopenia, macrocitose, pontilha<strong>do</strong> basófilo,pseu<strong>do</strong> Pelger e plaquetopeniaAnálise clínicacompleta e exameshematológicosPacientebenzenismoRetornarao trabalhoAcompanharpacienteregularmenteSuspeitaafastadaNãoIniciar a investigaçãoa partir de trêshemogramas comintervalo de 15 diasentre os examesAlterações clínicohematológicasSimAfastar pacienteda fonte deexposiçãoAmpliar a investigaçãopara confirmaçãodiagnóstica, segun<strong>do</strong> anorma. Considerar osdiagnósticos diferenciaisNãoCaso debenzenismo*PacientebenzenismoSimEncaminhamentose notificaçõesAvaliar riscode exposiçãoAcompanharevolução clínicaEncaminhar ao INSSem caso de afastamento<strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>rFazer vigilânciaem saúde <strong>do</strong>trabalha<strong>do</strong>rNotificar SINAN** Emitir CAT* Serão considera<strong>do</strong>s como casos de benzenismo aqueles com sinais, sintomas e complicações decorrentes da exposição ocupacional, aguda ou crônica,ao hidrocarboneto aromático benzeno, após investigação médica criteriosa.Definiu-se o perío<strong>do</strong> de 01 (um) ano como prazo máximo de investigação, deven<strong>do</strong> haver um posicionamento aos 06 (seis) meses através de parecerclínico-ocupacional à instância regional de acompanhamento <strong>do</strong> Acor<strong>do</strong> Nacional <strong>do</strong> <strong>Benzeno</strong>.Casos especiais que necessitem de um perío<strong>do</strong> de investigação superior a 01 (um) ano, incluin<strong>do</strong> aqueles casos conisdera<strong>do</strong>s inconclusivos, devem serdiscuti<strong>do</strong>s nas instâncias regionais em busca de consenso técnico. A CNPBz atuará na busca <strong>do</strong> consenso com instância de apoio crian<strong>do</strong> mecanismos deassessoramento.** A CAT deverá ser emitida ao final <strong>do</strong> processo de investigação a partir da conclusão.44


Melhores práticas de acompanhamentoda saúde <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>resNo II Encontro de GTBs e das Comissões Regionais <strong>do</strong> <strong>Benzeno</strong> <strong>do</strong>Esta<strong>do</strong> de São Paulo (CRBz), realiza<strong>do</strong> em 2008, foram identificadas as melhorespráticas para o acompanhamento da saúde <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res. Elasestão inseridas neste fascículo para que possam servir de exemplo para otrabalho <strong>do</strong>s GTBs:• Implantação de avaliação de saúde segun<strong>do</strong> a norma obrigatóriaconstante na Portaria nº 776 de 28 de abril de 2004;• Registro e acompanhamento da série hematológica <strong>do</strong>s contrata<strong>do</strong>s,realiza<strong>do</strong> pela empresa contratante;• Entrega da série histórica de hemogramas aos emprega<strong>do</strong>s (próprios eterceiriza<strong>do</strong>s) nos periódicos por escrito, de preferência com gráficos;• Convite anual da empresa para ex-funcionários para realização deexames hematológicos.• Envio, ao Sindicato e aos GTBs, de da<strong>do</strong>s de relatório consolida<strong>do</strong>para análise epidemiológica <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s exames hematológicos<strong>do</strong>s seus emprega<strong>do</strong>s.• Fornecimento de informações para o SIMPEAQ, que é obrigatório segun<strong>do</strong>Portaria nº 776• Participação <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r afasta<strong>do</strong>, <strong>do</strong> GTB, da CRBz, <strong>do</strong>s sindicatose das associações na validação das áreas, bem como das atividadespara o retorno. É obrigatório segun<strong>do</strong> Portaria nº 776, mas nemsempre cumpri<strong>do</strong>.45


ReferênciasAKSOY, M. et al. Chronic exposure to benzene as a possible contributary etiologicfactor in Hodgkin's disease. Annals of Hematology, Berlin, v. 28, n. 4,p. 293-298, 1974.APREA, C. et al. Reference values of urinary trans,trans-muconic acid: italianmulticentric study. Archives of Environmental Contaminants and Toxicology,v. 55, p. 329-340, 2008.ATSDR, Benzene Toxicity, Revision Date: June 2000. Disponível em: . Acesso em: 19 ago. 2011.ATSDR. Toxicological profile for benzene. Atlanta, 2007. Disponível em: . Acesso em: 14 mar. 2011.AUGUSTO, L. G. da S. Estu<strong>do</strong> longitudinal e morfológico (medula óssea) em pacientescom neutropenia secundária à exposição ocupacional crônica ao benzeno.1991. 171 f. Dissertação (Mestra<strong>do</strong>)-Universidade de Campinas, Campinas,1991.BARBOSA, E. M. Exposição Ocupacional ao <strong>Benzeno</strong>: o áci<strong>do</strong> trans-trans mucônicocomo indica<strong>do</strong>r biológico de exposição na indústria de refino de petróleo.1997. Dissertação (Mestra<strong>do</strong>). CESTEH, Escola Nacional de Saúde Pública, FundaçãoOswal<strong>do</strong> Cruz, 1997.BARTCZAK, A. et al. Evaluation of assays for the identification and quantitationof muconic acid, a benzene metabolite in human urine. Journal of Toxicologyand Environmental Health, v. 42, p. 245-258, 1994.BECHTOLD, W. E. et al. Muconic acid determinations in urine as a biologicalexposure index for workers occupationally exposed to benzene. American IndustrialHygiene Association Journal, v. 52, p.473-478, 1991.BIGNI, R. Linfoma não Hodgkin. Rio de Janeiro: INCA, c2011. Disponível em:. Acesso em: 09 fev. 2010.BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 776/GM, em 24 de abril de 2004. Dispõesobre a regulamentação <strong>do</strong>s procedimentos relativos à vigilância da saúde <strong>do</strong>strabalha<strong>do</strong>res expostos ao benzeno e dá outras providências. Disponível em:. Acesso em: 17mar. 2009.47


BRASIL. Ministério da Saúde. Legislação em saúde: caderno de legislação emsaúde <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r, p. 54, Editora MS, 2005, 380 p. Disponível em: . Acesso em:19 ago. 2011.BRASIL. Ministério da Saúde. Risco químico: atenção à saúde <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>resexpostos ao benzeno. Brasília, 2006. (Saúde <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r. Protocolos decomplexidade diferenciada, 7). Disponível em: . Acesso em: 24 mar. 2009.BRASIL. Ministério <strong>do</strong> Trabalho e Emprego. Secretaria de Segurança e Saúdeno Trabalho. Portaria nº 14, de 20 de dezembro de 1995. In: ARCURI, A. S. A.;CARDOSO, L. M. N. (Coords.). Acor<strong>do</strong> e legislação sobre o benzeno: 10 anos. SãoPaulo: Fundacentro, 2005. p. 28-35. Disponível em: . Acesso em: 24 abr. 2009.BRASIL. Ministério <strong>do</strong> Trabalho e Emprego. Instrução Normativa nº 2 de 20 dedezembro de 1995. Dispõe sobre a vigilância da saúde <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res naprevenção da exposição ocupacional ao benzeno. In: ARCURI, A. S. A.; CAR-DOSO, L. M. N. (Coords.). Acor<strong>do</strong> e legislação sobre o benzeno: 10 anos. SãoPaulo: Fundacentro, 2005. p. 55. Disponível em: . Acesso em: 24 abr. 2009.BRASIL. Ministério <strong>do</strong> Trabalho e Emprego. Portaria nº 34, de 20 de dezembrode 2001. Disponível em: . Acesso em: 24 mar. 2009.BRASIL. Ministério <strong>do</strong> Trabalho e Emprego. Portaria GM nº 3.214, de 08 de junhode 1978. Disponível em: .Acesso em: 16 mar. 2011.BURATTI, M.; FUSTINONI, S.; COLOMBI, A. Fast liquid chromatography determinationof urinary trans trans-muconic acid. Journal of Chromatography B:Biomedical Sciences and Applications, v. 677, p. 257-263, 1996.BUSCHINELLI, J. T. P.; KATO, M. Monitoramento biológico de exposição a agentesquímicos. São Paulo, Fundacentro, 1989.CCOHS. 2-health effects of benzene. Canada, 1997. Disponível em: .Acesso em: 17 mar. 2009.COCCO, P. et al. Trans, trans-Muconic acid excretion in relation to environmentalexposure to benzene. International Archives of Occupational and EnvironmentalHealth, v. 76, p. 456-460, 2003.48


COLMAN, R.; COLEMAN, A. Unexpected cause of raised benzene absorptionin coke oven by-product workers. Occupational Medicine, Lon<strong>do</strong>n, v. 56, n. 4,p. 269-271, jun. 2006.COSTA, M. F. B. Estu<strong>do</strong> da Aplicabilidade <strong>do</strong> áci<strong>do</strong> trans,trans-mucônico urináriocomo Indica<strong>do</strong>r Biológico de Exposição ao <strong>Benzeno</strong>, 2001. Tese (Doutora<strong>do</strong>),Escola Nacional de Saúde Pública. Rio de Janeiro, 2001.COUTRIM, M. X. Desenvolvimento de meto<strong>do</strong>logia analítica para a determinaçãode indica<strong>do</strong>r biológico de exposição ao benzeno, Tese (Doutora<strong>do</strong>). Instituto deQuímica, Universidade de São Paulo, 1998.DUCOS, P. et al. Improvement in HPLC analysis of urinary trans transmuconicacid, a promising substitute for phenol in the assessment of benzene exposure.International Archives of Occupational and Environmental Health, v. 62, nº 7, p.529-534, 1990.GOODMAN, L. S.; GILMAN, A. G. As bases farmacológicas da terapêutica. 9. ed.Rio de Janeiro: McGraw-Hill Interamericana, 1996.GRAY, J.; NUDELMAN, J.; ENGEL, C. State of the evidence: the connectionbetween breast cancer and the environment. 6. ed. San Francisco: BreastCancer Fund, c2010. Disponível em: . Acesso em: 22 nov. 2010.HANKE, J.; DUTKIEWICZ, T.; PIOTROWSKI, J. The absorption of benzene throughhuman skin. International Journal of Occupational and Environmental Health,Philadelphia, v. 6, n. 2, p. 104-111, Apr./Jun. 2000.HODGSON, E.; LEVI, P. E. A textbook of modern toxicology. New York: Elsevier,c1987.INOUE, O. et al. Urinary t,t-muconic acid as an indicator of exposure to benzene.British Journal of Industrial Medicine, v. 46, p. 122-127, 1989.JAVELAUD, B. et al. Benzene exposure in car mechanics and road tanker drivers.International Archives of Occupational and Environmental Health, v. 71, p. 277-283, 1998.LEE, B. et al. Urinary trans, trans-muconic acid determined by liquid chromatography:Application in biological monitoring of benzene exposure. ClinicalChemistry, v. 39, p. 1788-1792, 1993.MAESTRI, L. et al. Il <strong>do</strong>saggio dell’aci<strong>do</strong> trans, transmuconico urinario a basseconcentrazioni. Medicina del Lavoro, Milano, v. 86, nº 1, p. 40-49, 1995.NIOSH, Documentation for immediately dangerous to life or health concentrations(IDLHs) – Benzene. c1994. Disponível em: Acesso em: 19 ago. 201149


ONG, C. N.; LEE, B. L. Determination of benzene and its metabolites: Applicationin biological monitoring of environmental and occupational exposure tobenzene. Journal of Chromatography B: Biomedical Sciences and Applications,v. 660, n. 1, p. 1-22, 1994.OSHA. Medical surveillance guidelines for Benzene. Disponível em: . Acesso em: 19 ago. 2008.RUIZ, M. A. Estu<strong>do</strong> morfológico da medula óssea em pacientes neutropênicosda indústria siderúrgica de Cubatão, Esta<strong>do</strong> de São Paulo. 1989. 90 f. Tese(Doutora<strong>do</strong> em Medicina)-Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1989.Disponível em: .Acesso em: 14 mar 2011.RUPPERT, T. et al. Determination of urinary trans,trans-muconic acid by gaschromatography-mass spectrometry. Journal of chromatography - B - Biomedicalapplications, v. 666, n. 1, p. 71-76, 1995.SCHAD, H. et al. Determination of benzene metabolites in urine of mice by solid-phaseextraction and high-performance liquid chromatography. Journal ofChromatography, v. 593, p.147-151, 1992.THURSTON, S. et al. Petrochemical exposure and menstrual disturbances. AmericanJournal of Industrial Medicine, New York, v. 38, n. 5, p. 555-564, 2000.UE, Directiva 2004/37/CE <strong>do</strong> Parlamento Europeu e <strong>do</strong> Conselho de 29 de Abrilde 2004. Disponível em: . Acesso em: 19 ago. 2011WEAVER, V. M. et al. Benzene exposure, assessed by urinary trans, trans-muconicacid, in urban children with elevated blood lead levels. Environmental HealthPerspectives, v. 104, p. 318-323, 1996.XU, X. et al. Association of petrochemical exposure with spontaneous abortion.Occupational and Environmental Medicine, Lon<strong>do</strong>n, v. 55, n. 1, p. 31-36, Jan.1998.YU, R.; WEISEL, C. P. Measurement of the urinary benzene metabolite trans,trans-muconic acid from benzene exposure in humans. Journal of Toxicologyand Environmental Health, v. 48, p. 453-477, 1996.50


BibliografiaAMORIM, L. C. A. Os biomarca<strong>do</strong>res e sua aplicação na avaliação da exposiçãoaos agentes químicos ambientais. Revista Brasileira de Epidemiologia, Rio deJaneiro, v. 6, nº 2, p. 158-170, 2003. Disponível em: . Acesso em: 11 fev. 2011.ARCURI, A. S. A.; CARDOSO, L. M. N. (Coords.). <strong>Benzeno</strong>: experiências nacionaise internacionais. São Paulo: Fundacentro, 2011. No prelo.DUCOS P, et al. Improvement in HPLC analysis of urinary trans transmuconicacid, a promising substitute for phenol in the assessment of benzene exposure.International Archives of Occupational and Environmental Health, v. 62, nº 7,p. 529-534, 1990.GOBBA, F. et al. Inter-individual variability of benzene metabolism to trans,trans--muconic acid and its implications in the biological monitoring of occupationalexposure. The Science of Total Environment, Amsterdam, v. 199, nº 1-2, p. 41-48,jun. 1997.HPA. HPA compendium of chemical hazards: benzene. [Lon<strong>do</strong>n]: 2008. Disponívelem: .Acesso em: 16 mar. 2011.IPCS. Benzene. Geneva, 1993a. (Environmental health criteria, 150). Disponívelem: . Acesso em 09fev. 2010.IPCS. Biomarkers and risk assessment: concepts and principles. Geneva, 1993b.(Environmental health criteria, 155). Disponível em: . Acesso em: 14 mar. 2011.MENEZES, H. C.; AMORIM, L. C. A.; CARDEAL, Z. L. Sampling of benzene in environmentaland exhaled air by solid-phase microextraction and analysis by gaschromatography-mass spectrometry. Analytical and Bioanalytical Chemistry,Heidelberg, v. 395, nº 8, p. 2.583-2.589, Oct. 2009.OCAW. Labor Institute. Hazar<strong>do</strong>us materials workbook. 8th ed. New York: 1996.PEZZAGNO, G.; MAESTRI, L.; M. L. FIORENTINO. Trans,trans-muconic acid, abiological indicator to low levels of environmental benzene: some aspects of51


its specificity. American Journal of Industrial Medicine, New York, v. 35, nº 5,p. 511-518, May, 1999.RUPPERT, T. et al. Determination of urinary trans,trans-muconic acid by gaschromatography-mass spectrometry. Journal of chromatography - B - Biomedicalapplications, v. 666, nº 1, p. 71-76, 1995.WEAVER, V. M.; BUCKLEY, T.; GROOPMAN, J. D. Lack of specificity of trans,trans--muconic acid as a benzene biomarker after ingestion of sorbic acid-preservedfoods. Cancer Epidemiology, Biomarkers and Prevention, Philadelphia, v. 9,nº 7, p. 749-755, July 2000.52


Sobre o livroComposto em BenguiatGot Bk Bt 13 (título)Benguiat Bk Bt 10 (texto)em papel offset 90g/m² (miolo)e couchê 150g/m² (capa)no formato 16x23 cmImpressão: Gráfica da Fundacentro1ª edição: 2012Tiragem: 3.000MINISTÉRIODO TRABALHO E EMPREGOFUNDACENTROFUNDAÇÃO JORGE DUPRAT FIGUEIREDODE SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHORua Capote Valente, 710São Paulo - SP05409-002tel.: 3066-6000www.fundacentro.gov.br


ISBN 978-85-98117-53-99 788598 117539

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!