A composição da ictiofauna encontra-se bastante associada a perenida<strong>de</strong> da formação paludial.Assim sendo, o <strong>maior</strong> número <strong>de</strong> táxons é observado nos sistemas permanentes, enquanto <strong>que</strong><strong>br</strong>ejos sazonais (secam durante <strong>de</strong>terminados períodos do ano) exibem uma fauna <strong>mais</strong> po<strong>br</strong>e.Contudo, é importante <strong>de</strong>stacar a presença <strong>de</strong> uma espécie ameaçada <strong>de</strong> extinção (Leptolebiasminimus, Foto 3.10) neste último tipo <strong>de</strong> ecossistemas, ocorrendo apenas em pe<strong>que</strong>nosacúmulos <strong>de</strong> água associados a matas paludiais presentes no Par<strong>que</strong> Arruda Câmara e em áreasadjacentes.Foto 3.10– Leptolebias minimus, uma espécie <strong>de</strong> peixe ameaçada <strong>de</strong> extinção presenteapenas em ambientes <strong>de</strong> mata paludial (Modificado <strong>de</strong> Lacerda, 1988)Assim como o verificado para as ictiocenoses <strong>de</strong> <strong>rio</strong>s, a ictiofauna presente nos <strong>br</strong>ejos carece <strong>de</strong>espécies com distribuição geográfica <strong>limita</strong>da à baixada <strong>de</strong> Jacarepaguá. Contudo, o peixe anual(Leptolebias minimus), por ocorrer apenas na região e em um ambiente alvo <strong>de</strong> fortes pressõesantrópicas em Itaguaí, próximo à UFRRJ (Lacerda, 1988; Costa, 1988), po<strong>de</strong> ser tratado comopraticamente endêmico da baixada <strong>de</strong> Jacarepaguá.Variações na ictiofauna po<strong>de</strong>m ser igualmente evi<strong>de</strong>nciadas quando se compara os dois gran<strong>de</strong>sbiótopos <strong>que</strong> integram os sistemas paludiais da região (i.e., matas paludiais e campos higrófilos)A ictiofauna <strong>de</strong> matas paludiais da Barra da Tijuca encontra-se relacionada na Quadro 3.7.Quadro 3.7 - Ictiofauna <strong>de</strong> água doce dos <strong>br</strong>ejos associados às matas paludiaisCHARACIFORMES R. janeiroensis Costa, 1992ERYTHRINIDAE R. ocellatus Hensel, 1868Hoplias malabaricus (Bloch, 1794)Leptolebias minimusCHARACIDAESYNBRANCHIFORMESHyphesso<strong>br</strong>ycon bifasciatus Ellis, 1911SYNBRANCHIDAEH. reticulatus Ellis, 1911 Syn<strong>br</strong>anchus marmoratus Bloch, 1795SILURIFORMESCALLICHTHYIDAECallichthys callichthys (Linnaeus, 1758)CYPRINODONTIFORMESRIVULIDAERivulus <strong>br</strong>asiliensis (Humboldt e Valenciennes,1812)Fonte: Dados primá<strong>rio</strong>s; Bizerril, 1996; Bizerril e Araújo, 1993.51
As matas encontram-se entremeadas por alagados e acúmulos <strong>de</strong> água nos canais <strong>de</strong> drenagem.Tais sistemas, com sua coloração amarronzada característica, <strong>de</strong>rivada da <strong>de</strong>composição <strong>de</strong>matéria vegetal, apresentam florística típica, com Eleocharis, Ultricularia e ninfeáceas se<strong>de</strong>stacando como as <strong>mais</strong> conspícuas (Foto 3.11).Foto 3.11 – Detalhe <strong>de</strong> alagado presente na borda <strong>de</strong> matas paludiais da Barra da Tijuca(encontro das avenídas das Américas e Salvador Allen<strong>de</strong>)Estes habitats mostram uma fauna menos diversificada do <strong>que</strong> a apresentada pelos camposhigrófilos, reunindo essencialmente grupos <strong>de</strong> pe<strong>que</strong>no porte (Figura 3.28). Espécies <strong>de</strong> médioporte restringem-se à traíra (Hoplias malabaricus). O único peixe <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte <strong>de</strong>stes sistemasé o mussum (Syn<strong>br</strong>anchus marmoratus), embora raramente atinja gran<strong>de</strong> tamanho na região.6543210Pe<strong>que</strong>no Médio Gran<strong>de</strong>Figura 3.28– Número <strong>de</strong> espécies em cada categoria <strong>de</strong> tamanho da ictiofauna <strong>de</strong> mataspaludiais da Barra da Tijuca, RJ52