O PRÃ-SAL à DELAS? - Núcleo de Modelagem Ambiental - UFRJ
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E, por último, a norte-americanaFMC Technologies, que ocupará meioquarteirão no Parque. Ela começou naCalifórnia, como fabricante <strong>de</strong> bombasspray para pulverizar pomares (o FMCvem <strong>de</strong> Food Machine Corporation).Ainda no final do século XIX, tornou-segran<strong>de</strong> fabricante <strong>de</strong> máquinas e equipamentosagrícolas. E, no boom pós-SegundaGuerra, entrou para o ramo <strong>de</strong> produtosquímicos e equipamentos petrolíferos. Elaé pioneira no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> sistemassubmarinos <strong>de</strong> separação <strong>de</strong> petróleoe gás, no Golfo do México e no Brasil.Em 1998, a FMC comprou a CBVSubseas, empresa brasileira criada em1956 como Companhia Brasileira <strong>de</strong>Válvulas e que, nos anos 1980, a pedidoe com apoio da Petrobras, passou aproduzir sistemas submarinos. A FMCmanteve os 500 funcionários da brasileira.Hoje, tem 1.700. Uma equipe <strong>de</strong> 40engenheiros da companhia, a maioria daantiga CBV Subseas, trabalha em um sistema<strong>de</strong> separação submarino junto comengenheiros da Petrobras. O equipamentosepara a areia que sai dos poços, <strong>de</strong>poiso gás e, finalmente, água e óleo. Areia eágua ficam no fundo, gás e óleo vão paraa plataforma <strong>de</strong> produção, na superfície.Na sequência, a água po<strong>de</strong> ser reinjetadano poço, para aumentar a pressão no reservatórioe facilitar a saída <strong>de</strong> gás e óleo.Leonardo Ribeiro, que foi da CBVSubseas e faz parte da equipe da FMCque <strong>de</strong>senvolve o produto, diz que ele é oprimeiro do tipo na indústria. “Só existeum parecido, na Noruega, mas está emáguas rasas – e não faz reinjeção <strong>de</strong> águano reservatório”. O protótipo, no galpãoda empresa, mais parece uma imensa boia<strong>de</strong> plástico laranja. Mas é <strong>de</strong> um aço duplexsuper-resistente e anticorrosivo, com sistemas<strong>de</strong> automação e controle eletrônicos.“A FMC tem um memorando <strong>de</strong>entendimento com a Petrobras para <strong>de</strong>senvolvertecnologias que incluem o présale a produção em campos maduros. Oescopo, os equipamentos são da FMC,mas as análises são feitas em conjunto.”Representa um gran<strong>de</strong> avanço, explicaRibeiro: “Ao longo do tempo, os poçoscomeçam a produzir mais água e isso dificultaa produção: A plataforma do campo<strong>de</strong> Marlim, por exemplo, já está afogada,ou seja, não tem mais lugar para recebera produção dos poços, porque está nolimite <strong>de</strong> sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tratamento<strong>de</strong> água”. Com o separador submarino, aplataforma ganha uma sobrevida.5. A história do <strong>de</strong>smancheUm dos mais <strong>de</strong>stacados <strong>de</strong>fensoresda indústria do petróleo nacional conta como elafoi <strong>de</strong>smantelada a partir dos anos 1990De certo modo, a história da CBVSubseas é a história do <strong>de</strong>smantelamentoda indústria nacional <strong>de</strong> petróleo. Quemquiser ouvir uma boa história <strong>de</strong> comoisso aconteceu <strong>de</strong>ve falar com FernandoSiqueira, presi<strong>de</strong>nte da Associação <strong>de</strong>Engenheiros da Petrobras, Aepet. Aentida<strong>de</strong> foi fundada em 1961 e temcomo objetivo “unir as organizaçõesque buscam a soberania plena e a in<strong>de</strong>pendênciaeconômica brasileira <strong>de</strong>ntro<strong>de</strong> um regime <strong>de</strong>mocrático e com justiçasocial”. RB falou com Siqueira no 24ºandar <strong>de</strong> um prédio no centro do Rio, apoucas quadras da se<strong>de</strong> da Petrobras, naPara atraircapitais, FHCisentou empresasestrangeiras <strong>de</strong>impostos naimportação <strong>de</strong>equipamentospequena sala <strong>de</strong> reuniões da associação,<strong>de</strong> pare<strong>de</strong>s azuis nas quais se <strong>de</strong>stacamduas ban<strong>de</strong>iras do Brasil.“Entrei na Petrobras em 1972”,diz Siqueira. “Naquela época a genteestava dando os primeiros passos parao offshore. Tinham sido instaladas algumasplataformas marítimas no campo<strong>de</strong> Guaricema, em Sergipe. Foi precisoinstalar sistemas <strong>de</strong> produção, <strong>de</strong> separação<strong>de</strong> gás, tratamento <strong>de</strong> óleo. Umaparte do trabalho não era novida<strong>de</strong>:era muito semelhante ao que a gentetinha em nossas estações <strong>de</strong> tratamentoem terra”, diz Siqueira. Ele continua:“Depois foram <strong>de</strong>scobertos outroscampos. Então foi que tivemos <strong>de</strong> fazerverda<strong>de</strong>iras plataformas <strong>de</strong> produção noBrasil. E incentivar os fabricantes <strong>de</strong>equipamentos brasileiros”.Siqueira se lembra <strong>de</strong> um ato dogoverno que permitiu comprar, no mercadonacional, equipamentos até 100%mais caros do que no exterior e com umagran<strong>de</strong> simplificação dos trâmites burocráticos.“Com o incentivo <strong>de</strong> preço,pu<strong>de</strong>mos buscar fabricantes nacionais<strong>de</strong> outras especializações para aten<strong>de</strong>ràs nossas necessida<strong>de</strong>s. Até então nãotínhamos nada aqui”, ele lembra. “Parase ter uma i<strong>de</strong>ia, para conseguir tubospara fabricar a primeira plataforma,tivemos que procurar um fabricante<strong>de</strong> carrocerias, a Trivelato. Tínhamos aMannesmann, que fazia até tubos semcostura, mas eram <strong>de</strong> até 10 polegadas<strong>de</strong> diâmetro e a gente precisava <strong>de</strong> tuboscom 30, 35 polegadas”.“Fizemos um esforço muito gran<strong>de</strong>”,diz. “Visitamos fábricas, criamosincentivos financeiros. Ajudamos osfabricantes através <strong>de</strong> nosso centro<strong>de</strong> pesquisas, <strong>de</strong> nossa engenharia. Efomos fazendo com que surgissemmuitos industriais no Brasil. Avalio queconseguimos <strong>de</strong>senvolver cerca <strong>de</strong> 5mil fornecedores no setor <strong>de</strong> petróleo.Estávamos caminhando para nacionalizarcompressores <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte e atéturbinas para geração <strong>de</strong> energia nasplataformas”, diz.Siqueira era gerente <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong>produção. “Tínhamos acesso a muitainformação. Na época, criei uma divisãopara fazer o que chamamos <strong>de</strong> projetoconceitual: como <strong>de</strong>veriam ser os equipamentos<strong>de</strong> separação <strong>de</strong> óleo, <strong>de</strong> gás,o tratamento a ser dado. As informaçõeseram colocadas numa base e <strong>de</strong>pois iampara o Cenpes, on<strong>de</strong> o projeto básicoera feito. Depois havia um <strong>de</strong>talhamentodo projeto pelos <strong>de</strong>partamentos <strong>de</strong>engenharia”. Siqueira diz que, por essecaminho, a Petrobras ajudou a formar16 | retratodoBRASIL 51