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O ESTATUTO JURÍDICO DO EMBRIÃO HUMANO ... - Revista Justitia

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Nascituro é, para o civilista, o ser já concebido, “mas que ainda seencontra no ventre materno”. 27 E continua o autor: “a lei não lhe concedepersonalidade, a qual só lhe será conferida se nascer com vida. Mas comoprovavelmente nascerá com vida, o ordenamento jurídico desde logo preservaseus interesses futuros, tomando medidas para salvaguardar os direitos que,com muita probabilidade, em breve serão seus”. 28Constitui-se em fato muito interessante que Clóvis Bevilácqua propunhaem seu projeto de Código Civil uma solução diferente. O artigo 3.º de seu textodispunha que “a personalidade começa com a concepção, sob a condição denascer com vida”. 29Ora, como não há direitos subjetivos sem sujeito, pode-se concluir queos direitos preservados pertencem ao ser concebido. É verdade que oconcepto pode perder esses direitos se não nasce com vida, mas esse fatofuturo não dissolve sua personalidade, como “se a morte operasse de formaretroativa” , como salienta, com muita acuidade, Roberto Andorno:“a análise histórica permite advertir que, contra a interpretação corrente que se temfeito das normas citadas, a ficção prevista pela lei não é a personalidade do concebido,senão o contrário, sua falta de personalidade quando nasce morto, e isto só paraefeitos patrimoniais. É um abuso estender esta ficção de não personalidade a outrosâmbitos não previstos em lei. Em outras palavras, o direito, nos países de tradiçãojurídica continental, tende a presumir a personalidade desde o momento da concepção.O sistema jurídico não faz mais do que retomar um princípio clássico, que é ético ejurídico de uma só vez, segundo o qual, cada vez que existam dúvidas acerca dadecisão a tomar, deve adotar-se aquela que seja mais favorável ao sujeito em questão,especialmente, quando se trata do mais frágil. É o que ocorre, por exemplo, no direitopenal: quando não se prova a culpabilidade do acusado de um delito, presume-se asua inocência (in dubio pro reo). No caso do embrião, o mesmo critério deve sustentarque, porque não se prova que estamos diante de uma simples coisa, deve-se presumirque é uma pessoa (in dubio pro vita, ou melhor, in dubio pro persona). 30 ”Mesmo assim, ninguém dirá que a Lei Civil se dedica à proteção doembrião conservado em laboratório. A bem da verdade, entre nós, a proteçãojurídica ao embrião in vitro somente pode ser extraída de princípios gerais de27 RODRIGUES, Sílvio. Direito civil. São Paulo: Saraiva, v.1, Parte Geral, 17 ª ed., 1987, p. 38.28 Idem, p. 38.29 Ibidem, p.38.30 Ob. Cit., pág. 106 e 107.16

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