13.07.2015 Views

visualizar resumo expandido - PUC-Campinas

visualizar resumo expandido - PUC-Campinas

visualizar resumo expandido - PUC-Campinas

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Anais do XVII Encontro de Iniciação Científica eII Encontro de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação da <strong>PUC</strong>-<strong>Campinas</strong>25 e 26 de setembro de 2012ISSN 1982-0178FINITUDE E CULPABILIDADE. UM DILEMA HUMANO ERELIGIOSO EM DOSTOIÉVSKIJoão Ricardo de MoraesFaculdade de Teologia e Ciências ReligiosasCentro de Ciências Humanas e Sociais AplicadasJoao.rm@puccampinas.edu.brProf. Dr. Walter Ferreira SallesGrupo: Teologia ContemporâneaCentro de Ciências Humanas e Sociais Aplicadaswfsalles@puc-campinas.edu.brResumo:. Trata-se de uma investigação filosóficoteológica,descritiva e interpretativa a partir de umestudo de cunho bibliográfico. O desenvolvimentodesta pesquisa tem como referencial teórico a hermenêuticafilosófica desenvolvida por Paul Ricoeur,notadamente sua noção de “mundo do texto” que noscoloca diante da possibilidade da hermenêutica de sino espelho das palavras. Esta investigação consisteem inferir da obra “Crime e castigo” a noção de culpaque aparece no personagem principal Raskólnikov.Nessa investigação, observamos o entrelaçamentoentre finitude humana, culpabilidade e o desejo deredenção que se instaura no coração humano diantedo mal cometido.Palavras-chave: Culpabilidade, Finitude, Redenção,SalvaçãoÁrea do Conhecimento: Ciências Humanas - Teologiae Ciências da Religião - PIBIC/CNPq1. INTRODUÇÃOO trabalho que irei aqui apresentar é resultado dapesquisa feita através de uma investigação filosóficoteológicaacerca da obra Crime e Castigo do literatorusso Fiódor Dostoiévski. Esta investigação hermenêuticatem como objetivo inferir da obra uma reflexãoracional sobre a noção de culpa que se instaurano coração humano diante do mal praticado ao outro.Esse estudo nos leva a uma tentativa de compreendero sofrimento humano diante das injustiças, a partirdo entrelaçamento entre a consciência que produza culpa, a racionalização que justifica o mal cometidoe o desejo de redenção que a culpabilidade podesuscitar.1Esse trabalho é desenvolvido em três pontosprincipais. No primeiro ponto, esboço a bibliografia deDostoiévski, observando em sua vida o lado religiosoe místico que poucos leitores conhecem. No segundoponto, analiso os sentimentos de culpa, racionalizaçãodo mal cometido ao outro e o desejo de repararo mal, ou seja, a redenção que é um caminhopara a salvação. Na reparação desse mal, o personagemprincipal Raskólnikhov só consegue encontrara redenção e racionalização graças a uma terceirapessoa que nada tem haver com o crime e que, muitopelo contrário, é demonstrada na obra como umexemplo de dedicação aos outro. No ultimo pontodesse artigo, realizo um diálogo entre os sentimentosde culpa, racionalização e redenção com a teologiacristã católica.2 . Dostoiévski: místico e religioso.Dostoievski (1821-1881) é conhecido por suasobras em que explora a autodestruição, a humilhaçãoe os casos patológicos que se instauram no homemlevando-o ao suicídio, à loucura e ao assassinato,inserindo o autor russo no contexto do existencialismo.Além disso, como afirma seu biografo JosephFrank, os romances de Dostoiévski mimetizamas tragédias gregas e os dramas bíblicos. Tudo issoem sintonia com sua própria vida, inicialmente conturbada:perde a mãe precocemente sendo entãocriado pelo pai que lhe proporcionou um ensinamentorígido e uma disciplina de vida severa. Com fama desevero e violento, seu pai foi assassinado por seusservos enfurecidos em consequência dos maus tratossofridos. Com a morte de seu pai, Dostoiévskipassou toda sua vida atormentado pelo remorso do


Anais do XVII Encontro de Iniciação Científica eII Encontro de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação da <strong>PUC</strong>-<strong>Campinas</strong>25 e 26 de setembro de 2012ISSN 1982-0178falecimento paterno, uma vez que desejara a mortedo próprio pai, sendo este fato um dos responsáveispelo sentimento de culpabilidade retratado em algumasde suas obras.Um fato a ser destacado na vida de Dostoiévski eimportante para a leitura que fazemos de Crime eCastigo é o seu engajamento na luta da juventudedemocrática russa para combater o regime autoritáriodo Tsar Nicolau I. Em abril de 1849 foi preso econdenado, sendo meses depois condenado à mortepor participar de atividades antigovernamentais juntoa um grupo socialista. Em dezembro do mesmo ano,chegou a ser levado ao pátio para a execução, mas,na ultima hora, seu fuzilamento foi substituído porcinco anos de trabalhos forçados na Sibéria, ondepermaneceu até 1854.A permanência no cárcere siberiano levou Dostoiévskia uma experiência profunda sobre a angustiae a solidão, que o ajudou alguns anos depois a produzirsuas obras primas : Crime e castigo (1866) , Oidiota (1869) e Os irmãos Karamazov (1880). Dostoiévskiescrevia suas obras também motivado pelacarência de dinheiro, o que o levava a finalizá-lasrapidamente, deixando a desejar a conclusão deseus pensamentos em suas obras.Os escritos de Dostoievski são como um espelhode sua história de vida, caracterizada por cenasdramáticas, nas quais os personagens apresentamcomportamento escandaloso e atmosferasexplosivas, envolvidas em diálogos socráticosapaixonados, a busca de Deus, a presença do mal edo sofrimento dos inocentes. Os personagens que oescritor russo apresenta em seus textos são caracterizadospor encarnar valores espirituais que são, pordefinição, atemporais. Os temas de suas obras sãoo suicídio, o orgulho ferido, a destruição dos valoresfamiliares, o renascimento espiritual através dosofrimento, a rejeição do Ocidente e a afirmação daortodoxia russa.Ao contrário do que muitos leitores pensam, Dostoiévskipossui um lado religioso e não somente niilista.É visível em suas obras, principalmente em Crimee castigo, seu otimismo diante da transformação queo personagem Raskólhnikov sofre a partir de suarelação com Sônia, a personagem angelical da obra.Essa transformação é aquilo que os ortodoxos chamamde metanoia, um conceito grego que quer dizertransformação. Na interpretação feita pela ortodoxiarussa da experiência religiosa, esse processo deconversão radical se dá em pouco tempo. Já na óticaocidental essa conversão, ou transformação, não épercebida como um processo rápido, mas sim comoum movimento que se dá através da história do individuo,ou ainda, que se dá paulatinamente na vida dohomem.O fundo místico ortodoxo das obras de Dostoiévskié resultado de sua experiência de vida, o queo diferencia em parte dos ocidentais que, influenciadospela teologia de Tomás de Aquino, veem a místicacomo insuficiente para a construção de um discursoteológico a partir de uma racionalidade quetem pretensão à verdade. Durante o período em queesteve na prisão, Dostoiévski relata numa carta quese algum dia a verdade se revelasse fora de Cristo eda religião (neste caso a ortodoxa), ele ficaria com areligião e não com a verdade. O que demonstra queDostoiévski nunca fora ateu, mais sim um homemreligioso.A leitura do romance Crime e castigo a partirde uma perspectiva teológica, ou melhor, tendo emvista a busca de sentido ético para a existência humana,conduz o leitor a uma reflexão sobre sua própriavida. É o que o filósofo francês Paul Ricoeur costumavachamar de “decifração da vida no espelho dotexto”, ou ainda, de refiguração da vida diante deuma narrativa histórica ou de ficção. Aqui, a leituracomo decifração ou refiguração da vida privilegia anoção de culpa que se instaura no coração do homema partir do mal feito ao outro, bem como o desejode redenção que brota nesse mesmo coraçãoao perceber o mal praticado como algo injusto quedesumaniza quem o pratica e quem o padece, diretaou indiretamente. Esse será o cenário no qual irão seintercruzar crime, castigo, amor e justiça. É importanteainda lembrar que o termo redenção é usado inicialmenteem seu sentido antropológico, ou seja, odesejo de encontrar sentido no “sem sentido” e injusto:o mal praticado e padecido. Apenas em um segundomomento, e fundamentado nessa base antropológica,o termo redenção encontrará seu contextopropriamente religioso e teológico que remete à ideiade salvação.3. A narrativa de Crime e castigo.A narrativa do romance apresenta a história dojovem estudante de Direito Rodion RomânovitchRaskólhnikov que comete um crime, o assassinatode duas pessoas a machadadas. O castigo pelo cri-2


Anais do XVII Encontro de Iniciação Científica eII Encontro de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação da <strong>PUC</strong>-<strong>Campinas</strong>25 e 26 de setembro de 2012ISSN 1982-0178me cometido não é inicialmente uma tortura físicapropriamente dita, mas um tormento provocado pelosentimento de culpa que se instaura em seu ser, oqual repercutirá em sua saúde física. A principio,Raskólhnikov, a partir de um processo de racionalizaçãodos próprios sentimentos, atribui a seu ato umcaráter benevolente diante da sociedade e de simesmo, pois a pessoa a quem matara era uma mulherdesprezível, merecedora, portanto, da violência.Todavia, em seu planejamento, ele não contava coma presença de um terceiro personagem na cena docrime: Lisavieta, irmã de Aliena Ivánovana, que aocontrário desta última, era uma mulher de bom coração,mas que mesmo assim sucumbirá sob os golpesdo machado proferidos por Raskólhnikov.É justamente esse terceiro personagem que daráinício à mudança de percepção face ao mal cometido:Raskólhnikov começa a perceber que o seu atonão fora racional e nem mesmo justo, levando-o a sever como alguém que cometera um ato nocivo. Porisso, após o crime, ele esconde debaixo da pedra odinheiro que roubara da velha agiota e começa asentir uma forte dor de cabeça que o deixa inconscientepor alguns dias. A partir daí emerge o sentimentode culpa que aos poucos vai se apossando de seuser, sentimento que começa a lhe fazer mal e passaa ser uma espécie de castigo pelo crime cometido.Esse castigo, portanto, é uma tortura de grande angustiaem sua existência descrita por Dostoiévskicom grande veemência no que diz respeito ao remorsopelo mal praticado ao outro.Na trama do romance, é importante destacaros sentimentos do personagem principal Raskólhnikovnarrados por Dostoiévski os quais manifestamum sujeito marcado pela compaixão por seu próximo.Entre esses sentimentos percebemos a compaixãopela família de Sônia: ao ver seu pai e seus irmãosna miséria, Raskólhnikov deixa um rublo na janelapara aquela família miserável. Em outro episódio, aocaminhar pelas ruas de Petersburgo, ele encontrauma jovem estudante que parecia embriagada nobanco da praça, deu-lhe, então, vinte copeques, osuficiente para pagar a carruagem para levá-la paracasa.Após cometer o assassinato, o jovem estudantepassa a sentir ainda mais compaixão por seupróximo, movido por uma racionalização em torno daculpa. Essa compaixão é percebida na ajuda ao bêbadoMarmieládov, pai de Sônia, que fora atropeladopor uma carruagem. Mesmo em sua condição deestudante pobre, sem dinheiro, solicita a ajuda parapagar um médico para que o moribundo não morresse.Mas tudo isso foi em vão, pois o pai de Sôniavem a falecer. Após a morte de Marmieládov, Raskólhnikovajuda a família com vinte rublos e assimcumpre a promessa feita ao pai de Sônia.Entretanto, após cometer o assassinato osentimento de culpa se instaura no coração de Raskólhnikovque começa a sentir repugnância de simesmo e o sentimento de medo o leva a afastar-se omais rápido possível da cena do crime. Ao mal estar– fortes dores de cabeça e insônia – se associa umespanto infinito que nunca sentira antes em sua vida.O sofrimento é tanto que Rodka não consegue comer,apenas fica deitado no seu divã remoendo ocrime que cometera. Em meio a esse sofrimento,entra em cena a figura angelical e bondosa de Sôniaque ao ver seu estado de penúria lhe dá um afetuosoabraço, como se o perdoasse pelo crime cometido edissesse que jamais o abandonaria. Esse gesto aumentao sentimento de culpa. Diante de Sônia, Raskólhnikovdesabafa, confessa seu crime e é por elaacolhido com um abraço de misericórdia.No âmbito familiar, Rodka demonstra o sentimentode culpa de um modo mais hermético, emboraisso não impeça esse sentimento de se manifestarem um corpo desfigurado pelo cansaço, quebrantadopor uma fadiga física e espiritual. No mesmo capítulo,Rodka confessa a sua irmã Dúnia, a quem tantoama, que é culpado por um assassinato e no mesmoinstante pede perdão pelo mal cometido.Um dos pontos mais interessantes são osmomentos em que Dostoiévski apresenta no personagemprincipal o desejo de cometer o crime, ou seja,quando Rodka racionaliza o ato antes e depois decometê-lo. Já nas primeiras páginas da obra, Raskólhnikovexperimenta o desejo de cometer o crimequando vai à casa de Aliena Ivánovana. Entretanto,esse sentimento já é ressentido como algo repugnante,sentimento que reaparece no diálogo com Zamiótov,o comissário de polícia, algo evidenciado pelasperguntas e suposições feitas.Em seu quarto, Rodka começa a raciocinar,a refletir sobre o crime cometido, o que o deixa aindamais confuso e seu estado de saúde mais precário,afinal seu ato não fora tão extraordinário e humanista,e igualmente não fora totalmente dissimulado,deixado rastros na cena do crime. A partir de algumasvisitas à casa de Sônia, Raskólnikov confessa3


Anais do XVII Encontro de Iniciação Científica eII Encontro de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação da <strong>PUC</strong>-<strong>Campinas</strong>25 e 26 de setembro de 2012ISSN 1982-0178que é um homem mau, covarde e vil, e cria coragempara confessar seu crime, mesmo sem saber poronde começar a relatar o delito. A racionalização doato criminoso também leva Rodka à assumir diantede sua irmã Dúnia que era um homem mal, o que lheprovoca um sentimento de vergonha, pois ela sempreo considerou uma pessoa adorável desprovido demaldade. Todavia, no lugar de lhe causar aborrecimento,sua irmã ao tomar conhecimento do mal realizado,continua a amá-lo.É evidente que Dostoiévski ao longo do romancedemonstra o desejo de redenção do personagemprincipal, Roskólnikóv. E o evidencia ao colocara experiência do mal como algo decisivo, uma forçaavassaladora que se sobrepõe a qualquer tentativade racionalização. A confissão do crime cometido edo castigo desejado se impõe, mas não é a lógicacrime-castigo que irá redimir Raskólnikóvi e tampoucoé seu individualismo que triunfará (encontrar por sie em si mesmo o caminho de redenção). O que redimee salva Raskólnikov é o amor abnegado de SôniaMarmeládova. Uma atitude inicialmente incompreensível:como ele, uma pessoa má, vil, monstruosa,poderia ser objeto de um tão profundo e misericordiosoamor? Aos poucos, Raskólnikóv percebeem Sônia, em seu devotado amor, o caminho de suaredenção.4. Diálogo entre a teologia e a obra.A culpabilidade emerge de uma consciênciaeducada em certa tradição, diante de um ato irracionalcometido contra outra pessoa. Essa consciênciaé formada através dos pressupostos éticos e racionaissubmetidos ou vinculados a algum pensamentofilosófico ou doutrina religiosa. Neste caso, buscoaqui um diálogo com uma doutrina religiosa, a teologiacristã católica, sobre as noções de culpa, redençãoe salvação que foram abordadas anteriormenteneste trabalho, só que agora de modo confessional.O homem é um ser de possibilidades que age livrementemediante as suas vontades e desejos. Entretanto,nem sempre essas vontades são realizadas demodo benevolente para si e para o outro, gerando,muitas vezes, um mal que prejudica o próximo.A consciência desse mal aparece somentenum ser finito, neste caso, o próprio homem, que éum sujeito livre e racional capaz de refletir os seusatos e ações na sociedade. Algumas dessas atitudessão resultados do mal que emerge na história a partirda liberdade humana, essas maldades uma vez racionalizadaspelo principio ético e religioso possibilitao surgimento do sentimento de culpa. A culpa é, pois,o resultado de uma reflexão sobre os próprios atos edo reconhecimento do mal que um indivíduo provocano outro no exercício pleno de sua liberdade.Na obra Crime e Castigo, o jovem Raskólnikovse sente atormentado por essa reflexão sobre ocrime que cometeu contra aquelas duas pessoas eaos poucos vai se extenuando numa vida de culpapor causa do assassinato cometido. Podemos considerarque Rodka tinha em si uma consciência educada,caso contrário, a culpa em seu ser não o atrapalhariae ele poderia viver sua vida normalmentesem nenhum remorso. Essa racionalização, ou consciênciaeducada, obriga o jovem estudante a confessarseu crime a outra pessoa. Esse ato de arrependimentoé notório na obra quando ele procura Sônia,uma moça que demonstra o amor por ele e o aceitaem sua condição ordinária de existência.Para teologia católica, quando o sujeito searrepende do mal cometido e procura se reconciliar,ele imediatamente está procurando a redenção, ouseja, esse sujeito quer de alguma forma reparar oerro que cometeu em sua vida e buscar para si asalvação. A redenção, a principio, exige o reconhecimentoem si da humanidade frágil que caracterizatodo ser humano, passo importante para se recomeçaruma nova vida. O modelo de redenção na teologiacatólica é a crucificação do próprio Deus encarnadono homem Jesus. Ao contrario de nós que vivenciamoso sacrifício porque somos pecadores equeremos a salvação, Jesus Cristo foi sacrificado pornão ter nenhum pecado. É aí que encontramos a redençãode todos os pecados humanos, porque Elemorreu por nossos pecados em um ato de amor,amor até a morte de Cruz.Fazendo um paralelo com a obra Crime ecastigo, observamos que Raskólnikóv busca a salvaçãoatravés da confissão a Sônia. Essa busca é redentora,pois Sônia não tinha nada a haver com ocrime que Rodka cometeu, e mesmo assim, ela operdoa e ele se sente acolhido por esse amor compassivo.É nesse amor abnegado por Sônia, semnenhum interesse, que Raskólnikov começa o caminhoda redenção de expiar e refletir paulatinamente ocrime que cometeu, observando em si que é um homemmau e que sua conduta maléfica é de sua própriaresponsabilidade.4


Anais do XVII Encontro de Iniciação Científica eII Encontro de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação da <strong>PUC</strong>-<strong>Campinas</strong>25 e 26 de setembro de 2012ISSN 1982-0178É importante notar que o julgamento maiorna teologia católica é o amor. Esse amor é o próprioJesus Cristo que luta contra o mal humano que fere aação criadora-salvadora, que se compadece com osofrimento alheio e inclui a infinita compaixão pelopróximo que está sofrendo em sua condição finita.Ao contrário do que muitos pensam, Deus não é A-quele que julga com veemência os males cometidospela criatura humana; pelo contrário, Deus é Aqueleque assume a condição humana, exceto o pecado, emorre por nós em um ato amoroso e misericordiosoexpiando todos os nosso pecados.Na obra, em nenhum momento, Sônia julgaRaskólnikov condenando-o pelo crime, pelo contrário,ela o acolhe de modo a levá-lo a refletir e a seentregar à justiça para reparar o crime cometido contraa sociedade. Nessa reflexão, o jovem estudantepercebe que o mal em seu ser é de sua própria responsabilidade,enquanto Sônia cumpre o papel deCristo misericordioso e amoroso na obra Crime ecastigo. O Cristo redime o homem de seus pecadose o conduz à salvação. Sônia faz isso com Raskólnikóvlevando-o à conversão, metanóia, de uma vidaanterior marcada pela culpa para uma nova vida,uma nova história depois de se entregar às autoridades.AGRADECIMENTOSAgradeço de modo especial ao Prof.Dr. WalterFerreira Sales que com muita paciência me orientouneste trabalho, sou grato também ao prof. Dr. Pe.Paulo Sérgio Lopes Gonçalves que me deu a oportunidadede pertencer ao grupo de pesquisa. E aosmeus amigos do grupo Alexandre e Anderson queme ajudaram na realização desse trabalho. A <strong>PUC</strong><strong>Campinas</strong> e ao CNPq pela bolsa concedida.REFERÊNCIASDOSTOIÉVSKI, Fiódor. Crime e castigo. São Paulo,Editora 34, 2009.FRANK, Joseph. Dostoiévski: as sementes da revolta,1821-1849. São Paulo, Edusp, 1999.___________ Dostoiévski: anos de provação, 1850-1859. São Paulo, Edusp, 1999.___________ Dostoiévski: os efeitos da libertação,1860-1865. São Paulo, Edusp, 2002.___________ Dostoiévski: os anos milagrosos, 1865-1871. São Paulo, Edusp, 2003.GENTIL, Hélio Salles. Para uma poética da modernidade.Uma aproximação à arte do romance emTemps et Récit de Paul Ricoeur. São Paulo, Loyola,2005.HENRIQUES, Fernanda. Filosofia e literatura. Umpercurso hermenêutico com Paul Ricoeur. Porto, EdiçõesAfrontamento, 2005.MAGALHÃES, Antonio. Deus no espelho das Palavras.Teologia e literatura em diálogo. São Paulo,Paulinas, 2000.PELLAUER, David. Compreender Paul Ricoeur. Petrópolis,Editora Vozes, 2009.PONDÉ, Luiz Felipe. Crítica e profecia. A filosofia dareligião em Dostoiévski. São Paulo, Editora 34, 2003.RICOEUR, Paul. O conflito das interpretações. Ensaiosde hermenêutica. Rio de Janeiro, Imago Editora,1978.____________ Del texto a la acción. Ensayos deHermenéutica II. México, Fondo de Cultura Económica,2002.5

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!