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Anais do XVI Encontro de Iniciação Científica eI Encontro de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação da <strong>PUC</strong>-<strong>Campinas</strong>27 e 28 de setembro de 2011ISSN 1982-0178 AVALIAÇÃO DA CRIATIVIDADE E TRAÇOSTEMPERAMENTAIS EM UMA AMOSTRA DE CRIANÇASLivia Rech de CastroFaculdade de PsicologiaCentro de Ciências da Vidaliv_rc@puc-­‐campinas.edu.br Tatiana de Cássia NakanoPrograma de Pós-Graduação em PsicologiaCentro de Ciências da Vidatatiananakano@puc-campinas.edu.br Resumo: A literatura científica vem, há bastantetempo, investigando a relação entre criatividade epersonalidade, visando principalmente identificarcaracterísticas de personalidade, presentes naspessoas com alta criatividade. A ausência deestudos com crianças e adolescentes motivou opresente estudo, desenvolvido com 142estudantes de 6 o ao 9 o ano do EnsinoFundamental, 84 do sexo feminino e 58 domasculino, com idades entre 11 e 14 anos (média12,8 anos, D.P.=1,10). Dois instrumentos foramutilizados: Teste de Criatividade Figural Infantil eao Student Styles Questionnaire. Os resultadosindicaram que as dimensões temperamentaisextroversão e intuição foram as que mais serelacionaram ao desempenho em criatividade(apresentando correlações significativas com osfatores 1, 3 e criatividade total). Em um outrooposto, introversão e sensação apresentaramcorrelações negativas com os mesmos fatores.Influência significativa da variável sexo foiencontrada em relação às dimensões racional eemotiva, confirmando a idéia disseminada nosenso comum de que homens tendem a ser maisracionais e mulheres mais emotivas. A variávelsérie apresentou influência apenas no fator 4 dacriatividade (aspectos cognitivos).Palavras-chave: criatividade, personalidade,temperamentoÁrea do conhecimento: Psicologia – Sub-área:Construção e validade de testes, escalas e outrosinstrumentos psicológicos – CNPq.1. INTRODUÇÃODurante décadas de estudo da criatividade,destaque tem sido dado ao estudo dascaracterísticas personológicas presentes naspessoas criativas, considerado um dos aspectosque mais tem atraído a atenção dospesquisadores da área [21], dada a influênciadessas no funcionamento criativo [1, 16, 22, 25,27, 28].Características de personalidade associadas àrealização criativa têm sido pesquisadas emvários domínios e em diferentes níveis etários,fazendo uso de uma variedade de procedimentos[4], dado o fato de que a capacidade de pensarde forma criativa e inovadora, aliada àapresentação de atributos de personalidade quese associam à criatividade, tem sido apontadacomo um dos fatores que podem ajudar oindivíduo a lidar com os desafios atuais [3]. Essetipo de avaliação tem sido direcionada em termosde quais seriam os atributos pessoais presentesnas pessoas eminentemente criativas, natentativa de se compreender como se combinamcaracterísticas cognitivas, motivacionais e depersonalidade nesses indivíduos [2, 6].Desenvolvidos, em sua maior parte, de formaessencialmente exploratória (baseados emtrabalhos biográficos sobre personalidadeseminentes, de forma a constituirem-sebasicamente em indivíduos criativos descrevendoa si mesmos ou sendo descritos por seus pares),os estudos apontaram ligações importantes entrea personalidade e a criatividade do indivíduo.Assim, o avanço das investigações que buscaramexaminar essa relação, desenvolvidas desde1950, permitiu que alguns traços depersonalidade que caracterizam pessoas criativaspudessem ser isolados [13], de forma que a listados traços de personalidade comumenteencontrados em indivíduos criativos acabou por


Anais do XVI Encontro de Iniciação Científica eI Encontro de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação da <strong>PUC</strong>-<strong>Campinas</strong>27 e 28 de setembro de 2011ISSN 1982-0178 tornar-se mais exata, precisa e abrangente [11].A partir desses estudos, algumas descrições dapersonalidade criativa foram realizadas [5], asquais passaram a ser apontadas na literatura esalientadas por alguns autores [10, 20, 24, 25, 26,27, 28]. Dentre elas, destaque deve ser dado àauto-confiança, abertura à experiência,capacidade de assumir riscos, tolerância àambiguidade, independência de pensamentos ejulgamentos, intuição e sentimento de destinocriativo. Note-se que a semelhança nasdescrições apontadas por diversospesquisadores, mostra que o trabalho empíricodos últimos 35 anos sobre as características depersonalidade das pessoas criativas trouxepoucas surpresas visto que, em geral, esseconjunto relativamente estável de característicascentrais continuaram a emergir como correlatosde realização criativa em muitos domínios [4].Opinião similar é apresentada [8] após trabalhode levantamento das publicações empíricas dosúltimos 45 anos, o qual acabou por apontar queas pesquisas têm apontado uma consistenteassociação entre os dois construtos, emboradiferenças possam ser encontradas.Dessa forma, o que se tem constatado [23] é aparcela de responsabilidade da personalidadenas variações substanciais na criatividade vistoque os traços de personalidade apresentam-seconsistentemente relacionados aos componentesde competência criativa, principalmente aquelesrelacionados aos aspectos de temperamento,características pessoais, traços, valores eatitudes emocionais [9].Diante dos resultados das pesquisas quebuscaram investigar a relação entre criatividade epersonalidade, nacionais e internacionais,encontradas na literatura, e a constatação de umagrande carência de estudos desenvolvidos comcrianças, a presente pesquisa teve por objetivoidentificar como as características depersonalidade associadas ao temperamento decrianças se relacionam com o desempenhocriativo destas.2. MÉTODO2.1 ParticipantesA amostra foi constituída por 142 estudantes,sendo 84 do sexo feminino, com idades entre 11e 14 anos (média 12,8 anos e D.P.=1,10). Destes,25 participantes cursavam o sexto ano do EnsinoFundamental, 21 cursavam o sétimo ano, 47estavam no oitavo ano e 49 no nono ano,estudantes de duas escolas selecionadas porconveniência, uma pública e uma particular,localizadas no Estado de São Paulo.2.2 InstrumentosTeste de Criatividade Figural Infantil [15]Composto por três atividades que avaliam 12características: Fluência, Flexibilidade,Elaboração, Originalidade, Expressão deEmoção, Fantasia, Movimento, PerspectivaIncomum, Perspectiva Interna, Uso de Contexto,Extensão de Limites e Títulos Expressivos.Student Styles Questionnaire [19]A escala SSQ é composta por 100 itensarranjados em quatro sub-escalas que avaliaquatro dimensões dicotômicas de temperamento:Introversão (I) X Extroversão (Ex), Intuitivo,Imaginativo (N) X Sensitivo, prático (S), Emotivo(E) X Racional (R), Crítico, organizado (C) XPerceptivo flexível (P).2.3 ProcedimentosA presente pesquisa inicialmente foi submetida aavaliação do Comitê de Ética em Pesquisa, tendosido aprovada sob número 0106.0.147.000-09.Após seleção das escolas por conveniência, aaplicação foi realizada em um único dia em cadaescola, de forma coletiva e em sala de aula. Osinstrumentos foram corrigidos de forma a darorigem a pontuações brutas em cada um dos seistipos de temperamento e nos quatro fatores dacriatividade, os quais foram comparados, deforma a estimar a relação entre o desempenhoem criatividade e personalidade. Análisestambém visaram estimar a influência dasvariáveis série e sexo nos dois instrumentos.3. RESULTADOS E DISCUSSÃOA estatística descritiva mostrou que noinstrumento de temperamento, o sexo femininoapresenta médias maiores que o masculino nasdimensões de extroversão, intuição, percepção eemoção. Por outro lado, os homens se destacamem introversão, sensação, critica e pensamento.Já em relação ao instrumento de criatividadepode-se notar uma superioridade do sexofeminino nos quatro fatores e na pontuação total.Diante das aparentes diferenças de médias, aAnálise Multivariada da Variância foi empregada eindicou que a variável sexo exerceu influênciasignificativa nas dimensões pensamento (F =6,054, p ≤ 0,015) e na dimensão sentimento


Anais do XVI Encontro de Iniciação Científica eI Encontro de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação da <strong>PUC</strong>-<strong>Campinas</strong>27 e 28 de setembro de 2011ISSN 1982-0178 (F=6,232, p≤0,014), confirmando a idéiadisseminada no senso comum de que homenstendem a ser mais racionais e mulheres maisemotivas e resultados relatados na literatura [12,18, 17].A influência da variável série escolar tambémapontou mostrou-se significativa no fator 4 dacriatividade (F=3,126, p≤0,028), assim como ainteração entre sexo e série, nesse mesmo fator(F=2,889, p≤0,038). Note-se que a influência dasérie ocorre somente em relação ao instrumentode criatividade, não se mostrando significativa emrelação às medidas do instrumento detemperamento.Uma segunda análise, visando identificar arelação entre os construtos temperamento ecriatividade, foi conduzida a partir do emprego dacorrelação de Pearson. As correlações foramcalculadas para cada uma das seis dimensões dotemperamento e os quatro fatores da criatividade.Os resultados demonstraram que as dimensõesextroversão e intuição mostraram-se as maisrelacionadas à criatividade, apresentandocorrelações significativas com o fator 1(enriquecimento de idéias), fator 3 (preparaçãocriativa) e criatividade total, confirmando aliteratura [23]. A análise também mostrou que adimensão sentimento correlaciona-sesignificativamente com o desempenho no fator 4da criatividade (aspectos cognitivos). Como umadimensão oposta à extroversão, a qual apontoucorrelação significativa com a criatividade, aintroversão mostrou-se negativamentecorrelacionada com o fator 1 da criatividade(enriquecimento de idéias) e com a criatividadetotal. Correlação negativa também foi encontradaentre a dimensão sensação e os fatores 1, 3 ecriatividade total, resultado que também corroboraas conclusões de outro estudo [7]. Da mesmaforma, correlação negativa foi encontrada entre adimensão pensamento e o fator 4 criativo(aspectos cognitivos).Os resultados apontaram para as dimensõestemperamentais extroversão e intuição como asque mais se relacionaram ao desempenho emcriatividade (apresentando correlaçõessignificativas com os fatores 1, 3 e criatividadetotal), sendo positiva também a relação dadimensão sentimento com a criatividade. Em umoutro oposto, introversão e sensaçãoapresentaram correlações negativas com osmesmos fatores, assim como a funçãopensamento, de forma que os resultadospermitem afirmar a influência dos traços depersonalidade na expressão criativa.4. CONSIDERAÇÕES FINAISOs resultados da pesquisa levam à reflexãoacerca da necessidade do estímulo à criatividadee do respeito às diferenças individuais nos traçosde personalidade no contexto escolar. Inúmerossão os benefícios que podem resultar desseconhecimento, uma vez que o mesmo podefacilitar tanto o desenvolvimento decomportamentos criativos, assim como o estímulodos alunos em direção à expressão de seuspotenciais, os quais possivelmente exercerão umimpacto positivo no desempenho educacional eno desenvolvimento de interesses. Essaconstatação reforça a importância do papel doprofessor na modificação dos padrões atuais deensino, com vistas ao desenvolvimento maissadio e completo de nossos estudantes [14].Assim, a tomada de consciência sobre aimportância da valorização da criatividade emsala de aula e da influência do temperamento naexpressão criativa poderia ser utilizada noplanejamento de intervenções que busquemmaximizar os pontos fortes do aluno, atentandoaos seus pontos fracos, sendo esse também oobjetivo da identificação da criatividade noscontextos escolares.AGRADECIMENTOSAs autoras agradecem ao Conselho Nacional deDesenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)pela concessão de bolsa de pesquisa.REFERÊNCIAS[1] Alencar, E.M.L.S. (1995). Criatividade. Brasília:Ed. Universidade de Brasília.[2] Alencar, E.M.L.S. (2007). Criatividade nocontexto educacional: três décadas depesquisa. Psicologia Teoria e Pesquisa, 23,no.spe, 45-49.[3] Alencar, E.M.L.S. & Fleith, D.S. (2008).Barreiras à promoção da criatividade noensino fundamental. Psicologia Teoria ePesquisa, 24 (1), 59-65.[4] Barron, F. & Harrington, D.M. (1981).Creativity, intelligence and personality. AnnualReview of Psychology, 32, 439-476.[5] Boden, M.A. (1999). Dimensões dacriatividade. Porto Alegre: Artes Médicas.[6] Candeias, A.A. (2008). Criatividade:perspectiva integrativa sobre o conceito e asua avaliação. Em M.F. Morais e S. Bahia(Orgs.). Criatividade: conceito, necessidades e


Anais do XVI Encontro de Iniciação Científica eI Encontro de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação da <strong>PUC</strong>-<strong>Campinas</strong>27 e 28 de setembro de 2011ISSN 1982-0178 intervenção (pp.41-64). Braga, Portugal:Psiquilíbrios.[7] Cheng, Y., Kim, K.H. & Hull, M.F. (2010).Comparisons of creative styles and personalitytypes between american and taiwanesecollege students and the relationship betweencreative potential and personality types.Psychology of Aesthetics, creativity and thearts, 4 (2), 103-112.[8] Feist, G.J. (1998). A Meta-Analysis ofPersonality in Scientific and Artistic Creativity.Personality and Social Psychology Review, 2(4), 290-309.[9] Gough, H.G. (1979). A creative personalityscale for the adjective check list. Journal ofPersonality and Social Psychology, 37 (8),1398-1405.[10] Guilford, J.P. (1967). The nature of humanintelligence. New York: McGraw-Hill.[11] Haller, C.S. & Courvoisier, D.S. (2010).Personality and thinking style in differentcreative domains. Psychology of Aestetics,creativity and the arts, 4 (3), 149-160.[12] León, C., Oakland, T., Wei, Y. & Berrios, M.(2009). Venezuelan children temperamentstyles and comparison with their United Statespeers. Interamerican Journal of Psychology,43 (1), 125-133.[13] Lubart, T. (2007). Psicologia da criatividade.Porto Alegre: ArtMed.[14] Nakano, T.C. (2009). Investigando acriatividade junto a professores: pesquisasbrasileiras. Psicologia escolar e educacional,13 (1), 45-53.[15] Nakano, T.C., Wechsler, S.M. & Primi, R.(2011). Teste de criatividade figural infantil.São Paulo: Vetor.[16] Novaes, M.H. (1972). Psicologia dacriatividade. Rio de Janeiro: Editora Vozes.[17] Oakland, T., Glutting, J.J. & Horton, C.B.(1996). Student styles questionnaire: manual.San Antonio: The Psychological Corporation.[18] Oakland, T., Joyce, D., Horton, C.B. &Glutting, J. (2000). Temperament-BasedLearning Styles of Identified Gifted andNongifted Students. Gifted Child Quarterly, 44(3), 183-189.[19] Riello, I. C.(1992) O temperamento deadolescentes: estudo de um instrumento deavaliação. Dissertação de Mestrado. UniversidadeCatólica de <strong>Campinas</strong>, <strong>Campinas</strong>, S.P.[20] Romo, M. (2008). Creatividad em los domíniosartístico y cientifico y sus correlatos educativos.Em: M.F. Morais e S. Bahia (Orgs.). Criatividade:conceitos, necessidades e intervenção (pp. 65-90). Minho: Psiquilibrios.[21] Stein, M.I. (1974). Stimulating creativity. NewYork: Academic Press.[22] Sternberg. R.J. & Lubart, T. I. (1996). Investing increativity. American Psychologist, 51, 677- 688.[23] Stumm, S.V., Chung, A. & Furnham, A. (2011).Creative ability, creative ideation and latentclasses of creative achievement: what is the roleof personality?. Psychology of Aestetics, creativityand the arts, 5 (1), 1-8.[24] Torrance, E.P. (1966). Torrance tests of creativethinking. Lexington: Personnel Press.[25] Torrance, E.P.; Ball, O.E. (1990). Streamlinedscoring and interpretation guide and normsmanual verbal and figural form B. Bensenville:Scholastic Testing Service.[26] Torrance, E.P., & Safter, H.T. (1999). Making thecreative leap beyond. Buffalo, NY: CreativeEducation Foundation.[27] Wallack, M.; Kogan, N. (1965). Modes of thinkingin young children. New York: Holt, Rinehart andWinston.[28] Wechsler, S.M. (2008). Criatividade: descobrindoe encorajando. São Paulo: Editora Psy.

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