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Fátima Regis de Oliveira - Contemporânea

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N5 | 2005.217social, que passa a ser racionalizado pelas regras do mundo físico. O espaçosocial é construído com base no espaço tridimensional <strong>de</strong> Newton. Os projetosurbanísticos se inspiram nos esquemas <strong>de</strong> circulação sangüínea <strong>de</strong> DavidHarvey para facilitar a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> trânsito dos indivíduos nas cida<strong>de</strong>s (Cf.SENNETT, 1999).Já os indivíduos que habitarão as cida<strong>de</strong>s são frutos da filosofia kantianae das ciências empíricas (Biologia, Economia e Filologia) nascidas na viradados séculos XVIII e XIX. Em As palavras e as coisas, Michel Foucault explicacomo o sujeito mo<strong>de</strong>rno escapa do espaço bidimensional do quadro representacionistaclássico e torna-se ser vivo. Como ser vivo o homem é um animal natural;um animal especial porque possui a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pensar. Constituídocomo ser vivo, finito, com corpo e mente secularizados, o sujeito mo<strong>de</strong>rno éindivíduo: possui corpo e historicida<strong>de</strong> próprios. Foucault explica que à experiênciado homem na mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> é dado um corpo que é seu corpo - corpopróprio - cuja espacialida<strong>de</strong> própria e irredutível se articula com o espaço dascoisas (Foucault, 1982, p. 325-7). O corpo é o lugar do limite individual Aespacialida<strong>de</strong> do indivíduo se constitui pelos limites biológicos <strong>de</strong> seu corpo; osórgãos sensoriais e perceptivos são suas interfaces com o mundo ao redor.Espaço da telaAs tecnologias audiovisuais, ao esten<strong>de</strong>r as capacida<strong>de</strong>s sensoriais da visãoe da audição, produzem uma combinação <strong>de</strong> supressão <strong>de</strong> distâncias comimediaticida<strong>de</strong> temporal que certamente modifica a experiência <strong>de</strong> espacialida<strong>de</strong>do indivíduo.A onipresença dos meios eletrônicos <strong>de</strong> comunicação e o fluxo ininterrupto<strong>de</strong> informações, imagens e narrativas que se projetam <strong>de</strong> suas telas influenciammuito o mundo concreto para serem ignorados.O espaço da tela constitui uma camada <strong>de</strong> realida<strong>de</strong> que reconfiguraa dimensão <strong>de</strong> espacialida<strong>de</strong> da experiência individual e social. Filmes comoA rosa púrpura do Cairo (Woody Allen, 1985) e A vida em preto e branco(Pleasant Ville, Gary Ross, 1998) já haviam especulado sobre as possibilida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> transposição entre as fronteiras entre o espaço da tela e os limites do mundofísico.Em Vi<strong>de</strong>odrome – a síndrome do ví<strong>de</strong>o (David Cronenberg, 1983), umprogramador <strong>de</strong> televisão <strong>de</strong>scobre um fornecedor <strong>de</strong> fitas <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o ilegais queemanam uma freqüência que provoca o aparecimento <strong>de</strong> um tumor cerebralem seus espectadores. Esse tumor induz a alucinações que, <strong>de</strong> tão po<strong>de</strong>rosas,acabam contaminando a percepção <strong>de</strong> realida<strong>de</strong> dos telespectadores.Mas são a Internet, o ciberespaço e a realida<strong>de</strong> virtual que ampliam oimaginário contemporâneo sobre as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> imbricações físicas entreo corpo e o espaço cibernético.Tecnologias informacionais <strong>de</strong> comunicação, espacialida<strong>de</strong> e ficção científica

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