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Título do Trabalho: (fonte Times, tamanho 16, justificado) - ECA - USP

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I Jornada Acadêmica Discente – PPGMUS/<strong>USP</strong>Existe um Brasil periférico que está entre algum lugar, esqueci<strong>do</strong>, negligencia<strong>do</strong>, àmargem <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, da academia e <strong>do</strong> conhecimento técnico, fora <strong>do</strong> eixo de consumo e da noção deordem e progresso. De alguma maneira, é nesse “entre” o centro e a periferia que se estabelece umazona de tensão, um campo de força de onde parece brotar algo significativo. A forma de apropriaçãoda tecnologia que brota de maneira expontânea longe <strong>do</strong>s centros e da grande mídia, carrega umapotência de invenção em torno de práticas culturais significativas. Na esteira desse tipo de apropriaçãotecnológica, - ao mo<strong>do</strong> da gambiarra, da pirataria, da improvisação e da livre experimentação -emergem novos bens culturais e novos nichos de merca<strong>do</strong>. Um exemplo é o estilo musical tecnobregaque surgiu no norte <strong>do</strong> país no esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Pará.“Enquanto os considera<strong>do</strong>s centros da produção musical enfrentam o acirramento dacrise, as periferias globais, inseridas em um cenário de inovação artística eapropriação de novas tecnologias, criam suas próprias saídas para os gargalos deprodução locais. O merca<strong>do</strong> <strong>do</strong> tecnobrega nasceu com a apropriação das novastecnologias pelos agentes paraenses e a combinação de elementos de movimentosmusicais globais – o eletrônico com o tradicional brega.” (Castro & Lemos, 2008. p.179)Esse fenômeno não é algo exclusivo brasileiro ou <strong>do</strong> tecnobrega. Há uma tendênciamundial no terreno musical, aponta<strong>do</strong> por alguns autores como Global Ghettotech xvi . Ela se configuracomo produção musical independente, que nasce longe <strong>do</strong>s estúdios e <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> fonográfico dasgrandes grava<strong>do</strong>ras, impulsionada principalmente pelo barateamento das tecnologias e a facilidadepropiciada pelos meios digitais na cadeia de produção, distribuição e recepção da música.Assim como o tecnobrega, existem vários outros estilos no Brasil que surgem dasperiferias culturais tais como o funk carioca no Rio de Janeiro, o forró eletrônico no nordeste e olambadão cuiabano no Mato Grosso. Fora <strong>do</strong> Brasil podemos citar o kuduro em Angola, a champetana Colombia, o grind e o dubstep na Inglaterra, miami bass em Miami nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s daAmerica, o bublin no Suriname, a cumbia villera na Argentina, o kwaito na África <strong>do</strong> Sul, o coupédecalé na Costa <strong>do</strong> Marfim entre outros tantos espalha<strong>do</strong>s pelo mun<strong>do</strong>. xviiEssa tendência tem fortaleci<strong>do</strong> culturas locais, bem como cria<strong>do</strong> novos nichoseconômicos e modelos de merca<strong>do</strong>s de bens culturais que lidam de outra maneira com os direitos depropriedade. Um exemplo é a pesquisa sobre o tecnobrega paraense e o modelo de negócio aberto(2007) realizada pela Fundação Getúlio Vargas Opinião e Fundação Instituto de PesquisasEconômicas (FIPE – <strong>USP</strong>), posteriormente reedita<strong>do</strong> no livro Tecnobrega: o Pará reinventan<strong>do</strong> onegócio da música (2008). xviii Neste livro, os autores apontam que o sucesso de negócio em torno <strong>do</strong>tecnobrega se dá graças à apropriação de tecnologias de produção musical de baixo custo, associada auma estrutura de direitos de propriedade flexíveis. Tais elementos possibilitam “a formação demerca<strong>do</strong>s tão ou mais eficientes e viáveis <strong>do</strong> que os modelos usuais de negócios de bens culturais,

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