13.07.2015 Views

o dizer eo ser em respingos: poesia antiga, de marijô. - TEL

o dizer eo ser em respingos: poesia antiga, de marijô. - TEL

o dizer eo ser em respingos: poesia antiga, de marijô. - TEL

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Anais do XIV S<strong>em</strong>inário Nacional Mulher e Literatura / V S<strong>em</strong>inário Internacional Mulher e LiteraturaOu/vi/ di/zer/que há/ pás/sa/ros/ vo/an/do...Que ao/ fim/ da/ tar/<strong>de</strong>, o/ pra/do on/du/la ao/ v<strong>em</strong>/to;Que,/ nos/ ban/cos/ da/ pra/ça, há/ ca/sais/ se/ bei/jan/doE, o/ que ou/vi/ di/zer,/ guar/<strong>de</strong>i/ no/ pen/sa/men/to.O olhar interior seleciona o que ficou guardado. A arte da palavratoca pela naturalida<strong>de</strong> como os fatos são expostos. É como se chamasse aatenção para além da vida cotidiana. É como se o chamado fosse para queacord<strong>em</strong>os para o essencial, para as pequenas coisas, que, na verda<strong>de</strong> sãoas maiores. E l<strong>em</strong>brando o ditado que diz <strong>ser</strong> a simplicida<strong>de</strong> o mais alto grau<strong>de</strong> sofisticação, as palavras, ditas tão simplesmente, tocam imensament<strong>em</strong>ais do que se apelass<strong>em</strong> para o drama da situação <strong>de</strong> certas dores ou<strong>de</strong> vazios, como <strong>de</strong>ve ocorrer a um cego. Elas tocam fundo. R<strong>em</strong>et<strong>em</strong>-nosao interior <strong>de</strong> nós mesmos e nos faz<strong>em</strong> achar que, após elas, algo ficadiferente. As imagens, normalmente, sendo vistas por alguém com visãoperfeita, restariam <strong>de</strong>spercebidas.Assim, a <strong>poesia</strong> <strong>de</strong>fine-se por um olhar dinâmico interior. Po<strong>de</strong>ainda que o olhar diferenciado se volte a el<strong>em</strong>entos inertes, revelando, porex<strong>em</strong>plo, a sensível distinção <strong>de</strong> uma mera pedra, pequenina, ignorada, àmarg<strong>em</strong> do caminho. S<strong>em</strong> voz, s<strong>em</strong> presença, s<strong>em</strong> lugar, a pedra assumeconotação hiperbólica:Tão relegada, tão pouco importanteDepois <strong>de</strong> <strong>ser</strong> tropeço do viajante,Parou sozinha, ao sopé da montanha.É filha <strong>de</strong>la, a minúscula pedra.Não t<strong>em</strong> esporos, não influi, não medra,Não manifesta, não requer, não ganha.Tão pequenina, tão pouco evi<strong>de</strong>nte,-<strong>em</strong>bora escura- é quase transparente.Descaminhando pelo nada afora,Varrida para a marg<strong>em</strong> do caminho,Envolta <strong>em</strong> pó, s<strong>em</strong> rosa e s<strong>em</strong> espinho,É aí que ela, solitária, mora.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!