É óbvio que a enxurrada de revistas de fluídos, energias, holismo,etc., usou da contracultura do Tao para criar uma nova moda: a do“fique na sua e mantenha as energias em equilíbrio”. Tanto os falsosimparciais, como Veja, digamos, quanto os falsos liberticidas, como aspublicações energéticas, noto, são conservadores em essência.Foi a idéia de expor criticamente essa clareza de propósitos namídia que chamamos aqui, filosoficamente, de jornalismo quântico.Esse é o espírito que preside a obra.Este <strong>livro</strong> foi pensado anos a fio. Nasceu, pouco a pouco, do atode o autor nivelar seu destino, todas as manhãs, com aquilo que seconvencionou chamar notícia. Afinal, notícia nada mais é do que daruma verticalidade (colunas), uma horizontalidade (títulos, paginação)e uma filosofia (edição) aos fatos que caleidoscopicamente,mercurialmente, são dispostos no mundo.Ao longo das páginas que se seguem, tenta-se penetrar nonúcleo duro que separa o mundo real do mundo virtual, que é aqueledisposto nas páginas, nas telas, nas ondas do rádio. É umavirtualidade moral, essa de que tratamos. Ou, por outra: como amídia pratica em suas relações de poder, para automanutenção,pecados e pecadilhos tão condenáveis como aqueles que ela criticadiariamente. Alguém disse que se perdoa o pecador, mas jamais opregador. Nesse sentido, o hiato entre o que a mídia condena nosoutros e o que ela mesma pratica a torna imperdoável e moralmenteindefensável, como notava Janet Malcolm.Estruturalistas gostam de ver a todo momento o que há “por trás”da notícia. Este não será o viés deste <strong>livro</strong>. A proposição é bem outra:mostrar a cabala a ser revelada na própria epiderme da notícia, não noseu âmago. Por isso, vez ou outra, o <strong>livro</strong> se referirá a WalterBenjamin: uma tentativa coquete de, a cada leitura, decifrar novossignificados, não propor um significado perene, como vindicamestruturalistas bissextos.A leitura epidérmica da mídia revela, sim, práticas. Práticas que,no calor dos fechamentos, raramente remontam a uma ideologia. Essamesma prática, essa práxis, já descartou as demais “práticas” que nãopodem ser empregadas. Sobre o que não se pode falar, notaWittgenstein, deve-se calar.É assim, por exemplo, que se deve ver a cobertura das eleições.Não se externará a opinião da mídia, tão clara e geograficamentedelimitada, nos editoriais. Tampouco essa opinião estará tão clara18
numa suposta omissão na cobertura diária. A editorialização se dá,sempre, na profundidade com que se faz essa ou aquela abordagem.Todos cobrem basicamente tudo. Toda a pauta é abordada. Mas asinvestigações, sobretudo em épocas eleitorais, só se aprofundará porsobre o tema partidário caro aos interesses de cada publisher. O jornalX gosta do PSDB. Aprofunda sua cobertura sobre a roubalheira no PT.E deixa que seu concorrente, o jornal Y, que odeia o PSDB e o PTporque ama o PFL, ataque o PSDB. Para depois repercutir a denúnciado concorrente. Ou seja: damos tudo, sim, mas deixemos que nossosamigos de ocasião sejam destronados pelo meu concorrente. Aindabem que essa heterogeneidade ocorre, dirão. Mas não foi sempre assim.Para este <strong>livro</strong>, editores de grandes jornais falaram, sobretudoquando instados sobre a cobertura também das eleições. Algunstruques: fale mal de todos, sobretudo usando frases que os demaiscandidatos usaram para atacar seus concorrentes. Mas aprofundeinvestigações tão somente contra aqueles que você não gosta. O leitoragradecerá uma investigação bem feita. E raramente se perguntará porque você não investigou o outro candidato. Até porque você, comoeditor, repercutirá com alguma dignidade (vulgo espaço) denúnciasque uma outra mídia fez contra o candidato que você não quer (ou nãopode) atacar.• A ilusão das estatísticasEconomistas, meteorologistas, comentaristas de futebol, errammais do que ninguém porque tentam ponderar o imponderável: ossistemas abertos. Seres humanos, tempo, partidas de futebol,mercados, são sistemas abertos. Interagem. Daí sua imponderabilidade.Em outro <strong>livro</strong>, a “Falácia Genética”, apontamos que, numapesquisa de quase dez anos, 98% das notícias sobre a biologia referemque a resposta final está nos genes. Como se fôssemos sistemasfechados, tal qual computadores, e nossos genes fossem chips. A febrecontinua, dois anos após a publicação do <strong>livro</strong>. Vejamos o que a BBCde Londres publicou em maio de 2006 em seu sítio:“FELICIDADE PODE SER MEDIDA, AFIRMAM CIENTISTASA felicidade não é apenas um conceito vago, mas algo tangível eresultante de atividade cerebral que pode ser vista e até medida, de19
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