nas estradas durante o fim de semana da Páscoa é identificado com ainsegurança nas estradas, a figura de estilo se torna figura depensamento e até mesmo figura de ação: se glorificará do fato de termelhorado a segurança nas estradas, dado que o número de mortes nãoaumentou. Da mesma forma, a alta dos índices de preços é uma figurada inflação e o aumento do PIB uma figura de crescimento. Dessa forma,a paisagem da informação estatística se acha muito distante do esquemade uma base de dados. Isso parece mais com os primeiros mapas domundo: representações aproximadas, terra incógnita e lugaressimbólicos. A cosmogonia triunfa sobre a cosmografia”.Poucas vezes o vaso racha e alguns métodos ou anti-métodos daspesquisas eleitorais chegam a público. Nas eleições presidenciais de1989, a Folha de S.Paulo, por exemplo, foi o único jornal a ternoticiado que Leonel Brizola e Lula não haviam empatadotecnicamente, e que Lula era quem iria disputar com Collor o segundoturno. O jornal O Globo noticiou que, na undécima hora, medianteuma vantagem de apenas 150 mil votos, a Folha “decidira” que essapequena vantagem de boca de urna legitimaria a manchete dizendoque Lula e Collor estavam no segundo turno. A informação do Globoviera de um repórter recém-contratado pelo jornal, que entãorecentemente abandonara a Folha. Uma secretária da diretoria daFolha relatara ao repórter de O Globo os detalhes da reunião quedecidira a manchete botando Lula no segundo turno.O e-mail é mensagem •Notícia é laranja: amadurece mesmo depois de colhida. Por isso,os que talvez mereçam a necessidade de interpretar o mundo dos fatosdevam ser justamente aqueles a quem a interpretação se sobrepõe,como um portento, a quaisquer plácidas contemplações do jornalismo.Afinal, esse promontório chamado notícia é totalitário: nele, o agora éo ápice do tempo. Consuma o agora e encontre a sensação deliciosa deter encontrado algo inegavelmente real. Muita verbosidade edigressões, recheadas da esmagadora realidade, conduzem-nos àquelevulto indistinto para o qual somos vivos tão somente quandoconsumimos notícias fresquinhas.Aos acostumados com a variada imensidão da vida, ojornalismo tudo trará, até mesmo auto-punição pública, as22
correções levemente desdenhosas. O jornalismo absorve (tentaabsorver) todas as formas de representação do real, inclusive acrítica a ele mesmo. Uma gaze transparente e radiante cobre amídia: chama-se entrelinhas. Estas, o leitor não encontrará namídia. Quiçá, poderá encontrá-las, bem didáticas, apenas quandodaquela surda detonação que é uma revista, uma TV, pondo a nu ospodres de sua concorrência. Raramente o pote racha e a água podresurge, como um detergente, para alertar o leitor de que algo havia,não por detrás (como vindicavam os frankfurtinianos) mas nomeio da notícia.A idéia da rapidez, postulada pela Internet, foi aos poucosdando a noção de que, na era da velocidade, as ideologias estavammortas. E que agora os professores universitários eram rebeldessem causa e, ideologicamente, pobres de marré-marré.Mc Luhan hoje está errado. O meio não é a mensagem: agorao e-mail é a mensagem. Lentamente, os blogs, um novo deles criadoa cada minuto, em todo o mundo, são os arautos de que agora o e-mail é a mensagem.Sobre isso, em 18 de junho de 2006, Luis Nassif escreveu naFolha:“No início dos anos 90, a inacreditável entrevista de PedroCollor para a revista Veja inaugurou a era de maior poder da mídia,desde o início dos anos 50. Descobriu-se a notícia-espetáculo, os fatosinverossímeis baseados em fontes suspeitas, mas que atendiam à sedede show. Denúncias graves não foram apuradas, denúncias vaziasviraram manchete, forçou-se a barra, mas o presidente caiu. Aindaque à custa de um pequeno Fiat Elba.Seguiu-se um longo período de denúncias inverossímeis, ouinteressadas. Criou-se até essa obra-prima do jornalismo ficcional, o“roteiro Frankestein”, que consiste em juntar pedaços de notíciasverdadeiras, porém irrelevantes, e compor um roteiro com denúnciasgraves, porém falsas.Ao longo dos anos 90, esse tipo de jornalismo gerou peças deficção famosas, como a capa de Veja sobre Chico Lopes -segundo aqual o lobista amigo de Lopes, ele e o banco que pagava asinformações, se comunicavam por meio de três celulares e obanqueiro Salvatore Cacciolla obtinha as informações por meio do“grampo” dos aparelhos. No dia da mudança de câmbio, o “grampo”falhou, por isso Cacciolla quebrou.23
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