Agora, está-se em plena era da globalização e da internet, comdois fenômenos concomitantes, com implicações relevantes para ofuturo das democracias. O primeiro, os amplos fluxos migratóriospara os países centrais, gerando um novo tipo de cidadão-eleitor, asminorias étnicas, cada vez mais atuantes.O segundo, a internet, trazendo em um primeiro momentoenorme balbúrdia de informações e, principalmente, de opiniões,catarses, espetáculo. Agora, quando esse tipo de recurso freqüentaintermitentemente a internet, as caixas de e-mails, os blogs, oscomentários nos blogs, quando o exercício vazio da indignação podese expressar de várias maneiras, o papel fundamental da grandemídia é o de estabelecer parâmetros.É esse o diferencial: o aval à informação. Muito mais do que emqualquer outra época, há a necessidade do rigor da apuração,justamente porque existe uma overdose de notícias, boatos e opiniõesexigindo o avalista.Pergunto: estamos preparados para isso? A cobertura dosescândalos do mensalão e pós-mensalão deixa uma enorme dúvidano ar. Havia uma betoneira de denúncias a serem apuradas. Em vezdisso, quando esgotou a fase inicial das denúncias, recorreu-se auma overdose de denúncias sem comprovação, somada a umaincapacidade ampla de ir atrás de pistas consistentes, de entender acomplexidade dos grandes golpes, de separar o escândalo deepisódios triviais. Em alguns órgãos, juntou-se uma dose deagressividade, desrespeito e preconceito sem paralelo até nacampanha do impeachment.Chega-se ao final de um ciclo, que começou com a campanhado impeachment, que derrubou um presidente, e termina com a domensalão, que não foi capaz de abalar a popularidade de outropresidente.O exercício do jornalismo precisa ser urgentemente repensado.E não se trata de um problema de forma. É de fundo, de conteúdo”.Não por acaso, no mesmo dia, Carlos Heitor Cony disparou:“A pesquisa mais recente, divulgada na última semana, temsido interpretada de diversos modos e intenções. O crescimento dapopularidade de Lula e da aceitação de seu governo não deixa deprovocar um exame de consciência nos profissionais da mídia,alguns deles acreditando que a imprensa, em geral, é o quarto poder.24
Um poder que nada pode além de fazer muita marola, que nemsempre chega a molhar os rochedos da corrupção e da bagunçaadministrativa a que, infelizmente, estamos habituados. Por meses –quase um ano, não tenho certeza –, a mídia escancarou as mazelas dogoverno em diferentes setores, todos eles revelando que, de alguma formaou de todas as formas, o presidente sabia dos esquemas em que seusauxiliares e amigos mais chegados chafurdavam.E dele não partiu outra atitude se não a de aceitar a carta dedemissão que os envolvidos lhe mandavam e que tinham como respostauma declaração de afeto e confiança. Um deles, depois de tudo o quehouve, foi chamado de irmão.Na realidade, Lula deitou e rolou para as CPIs que foraminstauradas e em que foi acusado de cumplicidade com a corrupção. Nahora H, seu nome foi poupado dos relatórios finais, mas não dacobertura que a mídia lhe dedicou. E se não deu bola para CPIs, muitomenos bola deu para editoriais, articulistas, cronistas, colunistas e todosos que ocuparam os vários veículos de comunicação do país e do exterior.Seria o caso, repito, de um exame de consciência, de umareavaliação dos meios e da própria função do tal quarto poder, poder quenão atinge o povo. A alegação de que o povo não lê jornais nem revistasnão procede. O povão vê televisão, ouve rádio. E continua acreditandoem Lula e abençoando-o com seu voto”.• O preço da metáforaEstamos numa noite fria e calculista, de chuva horizontal. O sítiojá era sugestivo pelo nome: “Estrada das Lágrimas”. Bem ao lado do 95ºDistrito Policial, não muito longe da Via Anchieta, em São Paulo.Nivelam seus destinos, ali, PMs intimoratos e um delegado de barrigapontuda, que lhe sai por debaixo do colete à prova de balas. Descem docarro este repórter, mais o finado Guilherme Bentana, da TV Record,e o ubíquo Karl Penhaul, da CNN – que mora na Colômbia, nasceu nointerior da Inglaterra e acaba de chegar de Bagdá. Delegado e PMs seassustam com Karl, que é careca ao osso e tem uma aparência dehooligan. O delegado não esperou para estudar o rosto de Karl e logomostrou ser homem de gatilho fácil, mas nada que um “boa noite” nãotivesse desarmado, deveras.25
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