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Aprendizag<strong>em</strong> Significativa <strong>em</strong> Revista/Meaningful Learning Review – V3(1), pp. 1-11, 2013ESTRUTURAS HIERÁRQUICAS INAPROPRIADAS OU LIMITADAS EM MAPASCONCEITUAIS: UM PONTO DE PARTIDA PARA PROMOVER A APRENDIZAGEMSIGNIFICATIVA(Limited or Inappropriate Propositional Hierarchies in concept maps: a starting point tofoster meaningful learning)Camila Aparecida Tolentino Cicuto [camilacicuto@usp.br]Programa de Pós-Graduação Interunidades <strong>em</strong> Ensino de CiênciasUniversidade de São Paulo (USP), São Paulo, SPPaulo Rogério Miranda Correia [prmc@usp.br]Escola de Artes, Ciências e HumanidadesUniversidade de São Paulo (EACH/USP), São Paulo, SPResumoOs mapas conceituais (MCs) são representações gráficas que permit<strong>em</strong> a descrição explícitade modelos mentais idiossincráticos. As Estruturas Hierárquicas Inapropriadas ou Limitadas(LIPHs), propostas por Novak, refer<strong>em</strong>-se a erros conceituais que ocorr<strong>em</strong> mesmo quando osalunos optam pela aprendizag<strong>em</strong> significativa. O objetivo desse trabalho é discutir a importânciadas LIPHs nos MCs como ponto de partida para promover a aprendizag<strong>em</strong> significativa. MCs sobr<strong>em</strong>udanças climáticas foram utilizados para ilustrar padrões de LIPHs identificados nas proposições.Tornar as LIPHs visíveis pode ajudar os professores a fornecer feedbacks precisos para osestudantes, tornando assim o os alunos comprometidos por aprender significativamente ao longo detodas as aulas.Palavras-chave: aprendizag<strong>em</strong> significativa; erros conceituais; LIPHs; mapas conceituais.AbstractConcept maps (Cmaps) are graphical representations that allow the explicit description ofidiosyncratic mental models. The Limited or Inappropriate Propositional Hierarchies (LIPHs),proposed by Novak, refer to conceptual errors that occur even when students choose to learnmeaningfully. The aim of this paper is to examine the importance of LIPHs in Cmaps as a startingpoint to promote meaningful learning. Cmaps about climate change were used to illustrate the foundpatterns of LIPHs in the propositions. Making LIPHs visible can help instructors provide accuratefeedbacks to students, keeping th<strong>em</strong> engaged to learn meaningfully throughout all classes.Keywords: concept maps; conceptual errors; LIPHs; meaningful learning.IntroduçãoOs mapas conceituais (MCs) foram desenvolvidos pelo Dr. Joseph Novak e seu grupo depesquisa na Universidade de Cornell. Eles foram propostos <strong>em</strong> 1972, no âmbito de uma pesquisalongitudinal sobre mudanças conceituais no ensino de ciências, que teve 12 anos de duração (Novak& Musonda, 1991). Naquela época, os MCs foram utilizados para representar visualmente asrelações conceituais estabelecidas por alunos ao longo da escolarização básica. Várias entrevistasclínicas gravadas com os alunos foram ouvidas pelos pesquisadores, que optaram por elaborar MCsao invés de transcrever o conteúdo na íntegra. A representação esqu<strong>em</strong>ática destes dados contribuiupara o melhor detalhamento das mudanças conceituais que ocorreram na estrutura cognitiva dosalunos (Novak & Musonda, 1991; Novak & Cañas, 2006, Novak & Cañas, 2010). Os MCs pod<strong>em</strong>ser definidos como um conjunto de conceitos imersos <strong>em</strong> uma rede de proposições. Elas sãoformadas por um conceito inicial, um conceito final e um termo de ligação (conceito inicial – termode ligação → conceito final). A necessidade de incluir um termo de ligação, que expressa relaçãoentre dois conceitos, torna os MCs mais poderosos do que os outros organizadores gráficos (Novak,1


Aprendizag<strong>em</strong> Significativa <strong>em</strong> Revista/Meaningful Learning Review – V3(1), pp. 1-11, 20132010). É fundamental estar ciente de os MCs são mais do que simples diagramas ou gráficos(Correia, 2012).Uma apreciação histórica dos últimos 40 anos permite selecionar os fatos mais relevantesque marcam a evolução do mapeamento conceitual. Na Tabela 1 são apresentados os aspectos quejustificam o aumento do interesse nessa técnica de representação visual do conhecimento,destacando sua utilização para estimular a aprendizag<strong>em</strong> significativa e processos colaborativos.Tabela 1. Principais eventos que contribuíram para a diss<strong>em</strong>inação do mapeamento conceitual comotécnica de representação gráfica do conhecimento.AnoEventoPrincipal contribuição para a diss<strong>em</strong>inaçãodos MCs1963 Proposição da Teoria da Assimilação pormeio da Aprendizag<strong>em</strong> e RetençãoSignificativas, por David AusubelFundamentação teórica sobre processoscognitivos da aprendizag<strong>em</strong>, que justifica aproposição dos MCs1972 Proposição dos MCs, por Joseph Novak Utilização de MCs manuscritos pararepresentar a rede conceitual dos alunos,expressa durante entrevistas clínicas1990 Publicação de um fascículo especial sobreMCs no periódico Journal of Research inScience Teaching1997 Lançamento da primeira versão do programaCmaptools, desenvolvido pela equipe doInstitute for Human and Machine Cognitioncoordenada por Alberto Cañas e JosephNovak2004 Realização da 1ª Conferência Internacionalsobre Mapeamento Conceitual <strong>em</strong> Pamplona(Espanha)Consolidação das pesquisas internacionaisdesenvolvidas com os MCs no âmbito doensino de ciênciasElaboração de MCs digitais, que facilitam eestimulam os processos de revisão ecolaboração entre vários mapeadoresIntensificação da colaboração entre ospesquisadores interessados no uso de MCspara fins educacionais e corporativos,visando à gestão da informação e/ou doconhecimentoA retrospectiva histórica inclui um evento que antecedeu à proposição dos MCs. Em 1963,David Ausubel propôs a Teoria da Assimilação por meio da Aprendizag<strong>em</strong> e da RetençãoSignificativas, como forma de compreender o processamento cognitivo que um indivíduo fazdurante o processo de aquisição de novas informações.A visão Ausubeliana do processo de aprendizag<strong>em</strong> era conhecida por Joseph Novak, quejustifica o uso de MCs como uma maneira de favorecer a aprendizag<strong>em</strong> significativa. Desta forma,é correto afirmar que a Teoria da Assimilação por meio da Aprendizag<strong>em</strong> e da RetençãoSignificativas foi o referencial teórico subjacente à proposição do mapeamento conceitual, queocorreu <strong>em</strong> 1972 (Novak, 2010; Novak & Cañas, 2006; Novak & Cañas, 2010; Ausubel, 2000). Amaioria dos MCs elaborados entre os anos 70 e a primeira metade da década de 90 erammanuscritos. A utilização de papéis com adesivo (post-it) para organizar espacialmente os conceitosdo MC é uma estratégia útil para obter um rascunho da estrutura <strong>em</strong> rede. Após essa etapa, o(s)mapeador(es) elabora(m) uma versão final no papel, incluindo os conceitos, as setas e os termos deligação. A aprendizag<strong>em</strong> é um processo contínuo e pode ser estimulada por meio da visualização de2


Aprendizag<strong>em</strong> Significativa <strong>em</strong> Revista/Meaningful Learning Review – V3(1), pp. 1-11, 2013organizadores gráficos. Por esses motivos, as etapas de revisão e alteração de MCs são desejáveis edev<strong>em</strong> ser frequentes. Isso impõe uma séria limitação aos MCs manuscritos, visto que é necessáriopassar o MC a limpo para incluir modificações que não sejam discretas.O interesse crescente pelos MCs, a despeito das dificuldades para alterá-los, foi reconhecidopela National Association for Research in Science Teaching dos EUA. Um fascículo especial sobreo mapeamento conceitual foi publicado <strong>em</strong> 1990 pelo periódico Journal of Research in ScienceTeaching. Os trabalhos lá registrados confirmam o potencial dos MCs <strong>em</strong> favorecer a aprendizag<strong>em</strong>significativa a partir de resultados obtidos no âmbito do ensino de ciências (Beyerbach & Smith,1990; Novak, 1990; Wandersee, 1990). Esse fato aumentou, ainda mais, o interesse pelos MCs esua utilização passou a extrapolar as disciplinas relacionadas com as ciências da natureza.A parceria entre Alberto Cañas e Joseph Novak resultou no desenvolvimento do programaCmaptools, que é gratuito e mantido até hoje pelo Institute for Human and Machine Cognition(IHMC). A primeira versão do Cmaptools foi lançada <strong>em</strong> 1997 e, desde então, a elaboração de MCsdigitais se tornou uma realidade. As principais contribuições do Cmaptools foram facilitar a ediçãode MCs, s<strong>em</strong> que isso implique <strong>em</strong> passar todo o MC a limpo, e permitir a construção colaborativade MCs de forma síncrona ou assíncrona, quando há acesso à Internet disponível para utilizar oprograma. Esses fatores combinados ampliaram, por mais uma vez, o interesse pelo mapeamentoconceitual. Atualmente, os MCs são utilizados como representações gráficas para a gestão dainformação e do conhecimento <strong>em</strong> sala de aula, <strong>em</strong> grupos de pesquisas e <strong>em</strong> corporações (Correia,2012; Moon et al., 2011), visto que a aprendizag<strong>em</strong> colaborativa e a aprendizag<strong>em</strong> por toda a vidanão se limitam mais à educação formal presencial (Visser & Visser-Valfrey, 2008).As conferências internacionais sobre mapeamento conceitual começaram a ser organizadas<strong>em</strong> 2004 e, desde então, a comunidade científica que se dedica ao t<strong>em</strong>a se reúne a cada 2 anos. Aconsolidação do interesse pelos MCs chegou ao âmbito da produção de conhecimento acadêmico,onde se verifica uma intensa troca de informações entre os especialistas que utilizam essa técnicanas mais diversas áreas do conhecimento (Novak & Cañas, 2010). Esse é um indicador de que omapeamento conceitual está atingindo a maturidade como um objeto de pesquisa que merece serinvestigado.Considerações teóricas sobre a aprendizag<strong>em</strong> significativaA Teoria da Assimilação através da Aprendizag<strong>em</strong> e da Retenção Significativas (Ausubel,2000; Moreira, 1999; Moreira, 2006; Moreira, 2011) e a Teoria Educacional de Novak (Novak,2010) são fundamentais para compreender o potencial dos MCs para estimular à aprendizag<strong>em</strong>significativa <strong>em</strong> detrimento da aprendizag<strong>em</strong> mecânica. A compreensão dessas teorias contribuipara evitar o uso ingênuo do mapeamento conceitual.A Teoria da Assimilação através da Aprendizag<strong>em</strong> e da Retenção Significativas refere-se àdescrição do processo de aprendizag<strong>em</strong>. Ele ocorre como um continuum entre a aprendizag<strong>em</strong>significativa e a aprendizag<strong>em</strong> mecânica (Ausubel, 2000; Mayer, 2002). A diferença crucial entre aaprendizag<strong>em</strong> significativa e a mecânica é a forma de relacionar as novas informações com osaspectos que cada indivíduo t<strong>em</strong> na sua estrutura cognitiva. As relações estabelecidas de formaarbitrária e literal resultam na ocorrência de aprendizag<strong>em</strong> mecânica, já as relações estabelecidas d<strong>em</strong>aneira não arbitrária e não literal resultam na aprendizag<strong>em</strong> significativa. O processo de retençãoque caracteriza a aprendizag<strong>em</strong> significativa é a obliteração, já na aprendizag<strong>em</strong> mecânica é oesquecimento. No primeiro caso, a nova informação é incorporada à rede conceitual preexistente e,como consequência, sua recuperação (l<strong>em</strong>brança) não fica comprometida com o passar do t<strong>em</strong>po.Além disso, a nova informação pode ser utilizada <strong>em</strong> contextos diferentes daquele <strong>em</strong> que se deu aaprendizag<strong>em</strong> (Ausubel, 2000).3


Aprendizag<strong>em</strong> Significativa <strong>em</strong> Revista/Meaningful Learning Review – V3(1), pp. 1-11, 2013inapropriada (I). Em contra partida, a mensag<strong>em</strong> da Figura 3d é conceitualmente correta. Essaproposição é classificada como apropriada (A).A apreciação conjunta das proposições da Figura 3 destaca dois aspectos: a) o papel dotermo de ligação para externalizar claramente as ideias; b) a possibilidade que o mapeador t<strong>em</strong> paraajustar finamente o sentido das mensagens das proposições. Todas essas discussões não sãopossíveis no caso dos mapas mentais. Eles não permit<strong>em</strong> esses ajustes na clareza e correçãoconceitual das mensagens, visto que não é preciso expressar as relações entre os conceitos (bastafazer associações). Essas características dev<strong>em</strong> ser consideradas para que seja selecionado o tipo deorganizador gráfico mais adequado para as atividades a ser<strong>em</strong> desenvolvidas <strong>em</strong> sala de aula.A identificação de LIPHs <strong>em</strong> MCs é simples, <strong>em</strong> virtude da presença de proposições. Novak(2002) sugere as LIPHs como ponto de partida adequado para promoção da aprendizag<strong>em</strong>significativa e também para que o professor considere intencionalmente essas estruturas noplanejamento das aulas. As LIPHs pod<strong>em</strong> ser o resultado da aprendizag<strong>em</strong> significativa e alterá-losé, portanto, uma tarefa difícil, pois os alunos dev<strong>em</strong> rever gradualmente as estruturas relevantes deseu próprio conhecimento e construir novas proposições. Se os alunos optar<strong>em</strong> por aprendermecanicamente <strong>em</strong> vez de significativamente para superar suas LIPHs, o conhecimento envolvidonão vai ser facilmente aplicado <strong>em</strong> outros contextos. Este conhecimento ficará restrito ao contextoutilizado durante o processo de aprendizag<strong>em</strong> (Novak, 2002). Um desafio educacional representadopor esta abordag<strong>em</strong> é convencer os alunos a optar<strong>em</strong> pela aprendizag<strong>em</strong> significativa, <strong>em</strong> vez damecânica. O feedback do professor durante o processo de aprendizag<strong>em</strong> t<strong>em</strong> papel fundamentalpara manter os alunos <strong>em</strong>penhados <strong>em</strong> aprender significativamente ao longo do curso, b<strong>em</strong> comopara desenvolver as suas capacidades de auto-regulação da aprendizag<strong>em</strong> (White & Frederiksen,1998).Mapas conceituais ilustrativos com Estruturas Hierárquicas Inapropriadas ou Limitadas(LIPHs)Os MCs ilustrativos foram elaborados por alunos na disciplina Ciências da Natureza (CN)<strong>em</strong> 2012 (Correia et al., 2010), oferecido pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades(Universidade de São Paulo). A disciplina CN está organizada de acordo com a Figura 4.Figura 4. Organização geral da disciplina Ciências da Natureza (CN), com destaque para o períodode intervenção na sala de aula (aulas 6-9).Um período de treinamento sobre mapeamento conceitual foi oferecido aos alunos duranteparte do t<strong>em</strong>po destinado às aulas 1-4 (Aguiar, Cicuto & Correia, 2013). As atividades detreinamento foram baseadas <strong>em</strong> quatro conceitos centrais:• Proposições (P) - Unidade s<strong>em</strong>ântica formada por conceito inicial + termo de ligação+conceito final.7


Aprendizag<strong>em</strong> Significativa <strong>em</strong> Revista/Meaningful Learning Review – V3(1), pp. 1-11, 2013• Pergunta focal (PF) - O objetivo final a ser abordado pela rede proposicional. Ele deve serreconhecido como o el<strong>em</strong>ento crítico para selecionar as proposições mais relevantes a fim degarantir a qualidade do MC.• Revisão continuada (RC) - Natureza dinâmica do MC. Os mapas conceituais não apresentamresposta certa, pelo contrário, deve ser continuamente revisados.• Hierarquia (H) - Ajuste fino da estrutura do MC. Esse conceito central ajuda a organizar osconceitos de acordo com sua abrangência e fazer um MC claro para o leitor.As mudanças climáticas foram cont<strong>em</strong>pladas nas aulas 6-9 da disciplina de CN, através dadiscussão dos seguintes t<strong>em</strong>as: ambiente, ciência e tecnologia (aula 6), ambiente e energia (aula 7),mudanças climáticas e a mídia (aula 8) dispersão de poluentes gasosos na atmosfera (aula 9). Aprova (P2) da disciplina (aula 10) envolveu a construção individual de um mapa conceitual comnove conceitos para abordar a seguinte questão focal: “Como o desenvolvimento científicotecnológicose relaciona com as mudanças climáticas?”. O conceito “crescimento populacional”foi indicado como conceito obrigatório a ser utilizado por todos os alunos.Na Figura 5 estão representados os três principais padrões de MCs identificados pelosautores: MCs com proposições limitadas (proposição com baixa clareza s<strong>em</strong>ântica), inadequadas(proposição com erro conceitual) e adequadas (proposições s<strong>em</strong> erro conceitual). Nossa intenção éapresentar como as LIPHs são externalizadas nos MC.(a)(b)8


Aprendizag<strong>em</strong> Significativa <strong>em</strong> Revista/Meaningful Learning Review – V3(1), pp. 1-11, 2013continuação da Figura 5(c)Figura 5. MCs ilustrativos contendo proposições (a) limitadas, (b) inapropriadas e (c) apropriadas.Legenda: linha vermelha (proposição limitada), linha azul (proposição inapropriada) e linha preta(proposição apropriada).O MC da Figura 5a apresentou limitações (L) na rede proposicional (ex.: crescimentopopulacional − aumento da frota de → automóveis; mobilização social − no cumprimento d<strong>em</strong>edidas na → políticas globais). Sua clareza s<strong>em</strong>ântica é limitada pela falta de verbo <strong>em</strong> algunstermos de ligação e também pela conjugação inadequada dos t<strong>em</strong>pos verbais. Por ex<strong>em</strong>plo, aproposição “crescimento populacional − aumento da frota de → automóveis” poderia ser alteradapara “crescimento populacional – gera o aumento da → frota de automóveis”. O processo detreinamento oferecido aos estudantes foi importante para permitir o uso proficiente dos MCs comouma ferramenta de ensino. Neste estudo, as limitações nas proposições são devido à compreensãolimitada sobre o t<strong>em</strong>a <strong>em</strong> discussão (mudanças climáticas) e não pela falta de treinamento do alunopara preparar bons MCs (Conradty & Bogner, 2010; Aguiar, Cicuto & Correia, 2013). Esse MC foielaborado na aula 10 e as atividades com MCs foram desenvolvidas sist<strong>em</strong>aticamente desde a aula 1da disciplina CN.O MC da Figura 5b apresentou uma proposição inapropriada (I) na rede proposicional. Aproposição I (que contém erro conceitual) envolveu os conceitos “<strong>em</strong>issão de O 2 ” e “efeito estufa”(<strong>em</strong>issão de O 2 − causou → efeito estufa). Nessa proposição o aluno confunde o gás oxigênio (O 2 )com o gás carbônico (CO 2 ). O CO 2 é responsável pela intensificação do efeito estufa e não o O 2.Apesar disso, as d<strong>em</strong>ais proposições são apropriadas (A). Destaca-se, assim, que a comparaçãoentre as proposições desse MC permitiu diferenciar as Estruturas Hierárquicas Inapropriadas ouLimitadas na rede proposicional (Novak, 2002).O MC da Figura 5c apresentou apenas proposições apropriadas (A). Nesse MC todas asproposições apresentam clareza s<strong>em</strong>ântica, ou seja, é possível discordar ou concordar da mensag<strong>em</strong>expressa na proposição. Além disso, não há erros conceituais nas relações estabelecidas. A correçãoconceitual das proposições só pode ser julgada quando elas apresentam clareza s<strong>em</strong>ântica. No caso9


Aprendizag<strong>em</strong> Significativa <strong>em</strong> Revista/Meaningful Learning Review – V3(1), pp. 1-11, 2013desse MC, a alta clareza s<strong>em</strong>ântica das proposições (com presença de verbos) permitiu verificar queo aluno apresentou bom entendimento sobre o t<strong>em</strong>as das mudanças climáticas.Considerações finaisA aprendizag<strong>em</strong> significativa não implica na ausência de erros conceituais. Tornar as LIPHsvisíveis pode ajudar os professores fornecer<strong>em</strong> feedbacks precisos para os estudantes, tornandoassim o os alunos comprometidos por aprender significativamente ao longo de todas as aulas dadisciplina. Neste contexto, os alunos tornam-se conscientes da utilidade dos MCs como uma formade aprender a aprender, e o engrandecimento desses indivíduos pode ser a conquista mais relevantedeste processo (Novak, 2002). Além disso, a identificação das LIPHs pode ajudar o professor arefletir sobre as suas opções instrucionais. Esse trabalho discute sobre a importância das LIPHs e, apartir dele, outros estudos dev<strong>em</strong> ser feitos a fim de investigar novas abordagens para estimular aexternalização das LIPHs e suas implicações para a aprendizag<strong>em</strong> significativa nos diferentes níveisde escolaridade.AgradecimentosOs autores agradec<strong>em</strong> às agências de fomento à pesquisa que financiam os trabalhos desenvolvidospelo nosso grupo de pesquisa (CNPq-486194/2011-6; CAPES-3555-09-7; FAPESP-2008/04709-6).ReferênciasAusubel, D. P. (2000). The acquisition and retention of knowledge: a cognitive view. Boston:Kluwer Acad<strong>em</strong>ic Publishers.Aguiar, J.G., Cicuto, C.A.T., & Correia, P.R.M. (2013). How can we prepare effective conceptmaps? Training procedures and assessment tools to evaluate mappers’ proficiency. Journal ofScience Education, no prelo.Beyerbach, B. A., & Smith, J. M. (1990). Using a computerized concept mapping program to assesspreservice teachers’ thinking about effective teaching. Journal of Research in Science Teaching, 27(10), 961-971.Conradty, C., & Bogner, F.X. (2010). Impl<strong>em</strong>entation of Concept Mapping to Novices: Reasons forErrors, a Matter of Technique or Content? Educational Studies, 36 (1), 47-58.Correia, P. R. M. (2012). The use of concept maps for knowledge manag<strong>em</strong>ent: from classrooms toresearch labs. Analytical and Bioanalytical Ch<strong>em</strong>istry, Heidelberg, 402 (6), 1979-1986.Correia, P. R. M., Valle, B. X., Dazzani, M., & Infante-Malachias, M. E. (2010). The importance ofscientific literacy in fostering education for sustainability: Theoretical considerations andpreliminary findings from a Brazilian experience. Journal of Cleaner Production, 18 (7), 678-685.Davies, M. (2011). Concept mapping, mind mapping and argument mapping: what are thedifferences and do they matter? Higher Education, 62 (3), 279-301.Mayer, R. E. (2002). Rote versus meaningful learning. Theory into practice, 41 (4), 226-232.Moon, B., Hoffman, R. R., Novak, J. D., & Cañas, A. J. (2011). Applied Concept Mapping:Capturing, Analyzing, and Organizing knowledge, CRC Press, Boca Raton.10


Aprendizag<strong>em</strong> Significativa <strong>em</strong> Revista/Meaningful Learning Review – V3(1), pp. 1-11, 2013Moreira, M. A. (1999). Aprendizag<strong>em</strong> significativa. Brasília: Editora da UnB.Moreira, M. A. (2006). A teoria da aprendizag<strong>em</strong> significativa e sua impl<strong>em</strong>entação <strong>em</strong> sala deaula. Brasília: Editora da UnB.Moreira, M. A. (2011). Why concepts, why meaningful learning, why collaborative activities andwhy concept maps? Aprendizag<strong>em</strong> Significativa <strong>em</strong> Revista/ Meaningful Learning Review, V1 (3),1-11.Novak, J. D. (1990). Concept mapping: A useful tool for science education, Journal of Research inScience Teaching, 27 (10), 937-949.Novak, J. D. (2010). Learning, creating, and using knowledge: concept maps as facilitative tools inschools and corporations, NY: Routledge.Novak, J. D. (2002). Meaningful learning: the essential factor for conceptual change in limited orinappropriate propositional hierarchies leading to <strong>em</strong>powerment of learners. Science Education, 86(4), 548-571.Novak, J. D., & Cañas, A. J. (2006). The Origins of the Concept Mapping Tool and the ContinuingEvolution of the Tool. Information Visualization Journal, 5 (3), 175-184.Novak, J. D., & Cañas, A. J. (2010). The Universality and Ubiquitousness of concept maps. In:Proceedings of the 4nd International Conference on Concept Mapping, Viña del Mar, Chile.Novak, J. D., & Musonda, D. (1991). A twelve-year longitudinal study of science concept learning.American Educational Research Journal, 28 (1), 117-153.Visser, J., & Visser-Valfrey, M. (2008). Learners in a changing learning landscape: reflectionsfrom a dialogue on new roles and expectations. Dordrecht: Springer.Wandersee, J. (1990). Concept mapping and the cartography of cognition, Journal of Research inScience Teaching, 27 (10), 923-936.White, B.Y., & Frederiksen, J.R. (1998). Inquiry, modeling, and metacognition: making scienceaccessible to all students. Cognition and Instruction, 16 (1), 3-118.Recebido <strong>em</strong>: 09.04.13Aceito <strong>em</strong>: 17.09.1311

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