Prêmio Brasil Fotografia 2014
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PRÊMIO BRASIL<br />
FOTOGRAFIA ENSAIO<br />
Sonia Guggisberg<br />
Samarina<br />
Samarina propõe um olhar crítico, não só de forma real, mas metaforicamente falando<br />
também. Parte de uma pesquisa sobre o redesenhar da cidade, usando as quedas de<br />
demolições como metáfora para falar do desmanche, não só da cidade e da memória do<br />
sujeito, mas do poder político e institucional.<br />
Samarina é um trabalho cujas imagens também foram captadas em uma demolição<br />
e que apresenta um caso específico: o fim de uma história familiar. Com cenas filmadas<br />
na demolição de galpões que fizeram parte da história da família, apresenta um<br />
final comum, quando se trata de uma cidade como São Paulo. As imagens em vídeo<br />
focalizam o movimento da fumaça, do pó provocado pelas quedas, o resto do resto, o<br />
último fragmento das quedas que flutua pelo ar. É uma passagem que mostra o fim,<br />
literalmente, não só de mais um imóvel na cidade, mas do desmanche de mais uma<br />
história que foi construída ali. São galpões que marcaram a ascensão financeira e a<br />
quebra da família com a morte do pai, em 1974.<br />
A sonorização de Samarina foi feita a partir de sons da demolição local, porém, ao<br />
fundo, escutam-se vozes de crianças gravadas nos anos 1970, que reproduzem músicas<br />
da época. Os sons das quedas das paredes e da estrutura do prédio são apresentados<br />
junto com essas vozes que cantam e tocam insistentemente um violão, enquanto o<br />
prédio se desmancha. Elas evocam a quebra dos sonhos infantis que definitivamente<br />
terminam. Uma das músicas reproduzidas chama-se Sá Marina, de 1967, famosa na voz<br />
de Wilson Simonal.<br />
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