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Escola

LIVROWEB_Juventudes-na-escola-sentidos-e-buscas

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A pesquisa 167<br />

melhor, mas com relação ao Brasil é o que eu falo galera: não adianta a gente ficar incomodado<br />

e não fazer nada ou então pensar que a gente está vivendo muito melhor, você quer comparar<br />

os tempos de hoje com o da escravidão? A gente vive muito mal, está ruim, mas pode mudar,<br />

vamos para os atos, para os protestos, cada um se expressa e faz a sua parte, eu sou muito a<br />

favor disso, para mim está ruim, mas eu tenho que fazer a minha parte, por isso é legal vocês<br />

estarem aqui nos ouvindo, é uma maneira de nos expressarmos, tem que mudar assim, fazendo<br />

as mudanças sem achar que hoje está melhor que ontem, que não vai fazer nada, que vai ficar<br />

assim para o resto da vida, se contentar em ganhar um salário mínimo e vai votar nessa mesma<br />

pessoa. Não, brother, faz uma mudança na sua casa, faz uma mudança em você para depois<br />

querer mudar o Brasil. Eu estou fazendo a minha parte, estou indo protestar (Debate Grupo<br />

Focal Ensino Médio, Rio de Janeiro).<br />

Neste subcapítulo, o debate sobre sentidos de conhecimentos, considerando fontes,<br />

em especial quando se apresenta como parâmetro a escola versus a rua, configura-se em<br />

mais um caminho para a questão-eixo da pesquisa: o que pensam os jovens sobre a escola,<br />

o que lhes motiva ficar.<br />

O acervo de narrativas díspares não permite traçar avaliações absolutas, mas sugere<br />

que as representações variam, possivelmente pelo tipo de modelação do conhecimento,<br />

do professor e do método de passar disciplinas de cada escola. Em muitos casos, tendese<br />

a posturas dicotômicas, nas quais há um privilégio do que se aprende na rua, pois tal<br />

caminho é pavimentado por experiências que ensinam a lidar com a vida, a respeitar<br />

diferenças, além de propiciar situações de prazer e diversão, e de colaborar no sentido da<br />

autonomia, sendo, portanto, mais referida à sociabilidade.<br />

Por outro lado, desvaloriza-se a escola, muitas vezes por raciocínio utilitário imediatista,<br />

por não reconhecer como seria possível traduzir o que se aprende na escola no mercado,<br />

na vida cotidiana. Outros, também por uma perspectiva dicotômica, demonizam<br />

a rua, como o lugar do perigo, onde se aprende o que é de ruim, a sedução pelas drogas<br />

e as más companhias. Mas há também ajuizamentos equilibrados que consideram que<br />

rua, casa e escola podem se complementar, pois colaboram com saberes diferenciados<br />

e importantes, admitindo, portanto, que socialização e sociabilidade se realizam em<br />

diferentes espaços.<br />

Em relação à escola, especificamente, as críticas se dão pelo tipo de ensino, considerado<br />

obsoleto para as necessidades contemporâneas dos jovens; disciplinas tidas como<br />

inúteis tanto para o presente como para o futuro; a não discussão de temas emergentes,<br />

em especial no plano da política, ou, por exemplo, sobre violência, drogas e sexualidade.<br />

Note-se que a escola não é destacada como um lugar que ensine os jovens a terem<br />

gosto pela leitura. Alguns indicam espontaneamente que outros meios, como amigos e a<br />

Internet, mais colaboraram.<br />

Das análises sobre cultura juvenil, pode-se destacar que muitos jovens não têm propriamente<br />

tempo livre. As mulheres jovens, casadas e/ou mães, usam tal tempo para cuidar<br />

de casa, do marido e dos filhos; já os rapazes, tanto da EJA como do PJU, com maior<br />

probabilidade empregam esse tempo para trabalhar e estudar. Ainda que usem muito a

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