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Hollywood90-Amostra

Amostra gratuita da ALMANAQUE21: Hollywood 90, revista digital que conta com 96 páginas escolhendo os 21 filmes essenciais produzidos nos EUA na década de 1990. Nesta edição grátis você confere o editorial e a crítica do filme "Matrix", além do teaser para o próximo número. Para comprar a revista completa, vá em www.almanaque21.com e adquira por apenas R$ 5,90.

Amostra gratuita da ALMANAQUE21: Hollywood 90, revista digital que conta com 96 páginas escolhendo os 21 filmes essenciais produzidos nos EUA na década de 1990. Nesta edição grátis você confere o editorial e a crítica do filme "Matrix", além do teaser para o próximo número. Para comprar a revista completa, vá em www.almanaque21.com e adquira por apenas R$ 5,90.

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H O L L Y W O O D 90<br />

Seja bem-vindo à segunda edição da<br />

ALMANAQUE21! Neste novo número, escolhemos<br />

mergulhar na produção cinematográfica<br />

realizada nos Estados Unidos, trazendo<br />

21 filmes essenciais originários da chamada<br />

Meca do cinema. Para uma visão mais<br />

apurada sobre o tema, decidimos manter o<br />

foco apenas na produção realizada durante<br />

a década de 1990, restringindo as escolhas<br />

em apenas um filme por diretor. Essa é a<br />

nossa HOLLYWOOD 90! Nas próximas páginas<br />

você vai encontrar críticas e curiosidades<br />

sobre comoventes dramas, divertidas comédias,<br />

produções independentes de baixo orçamento<br />

e grandes blockbusters. Foi difícil<br />

escolher apenas 21 filmes - como em qualquer<br />

listagem, muita coisa ficou de fora -<br />

mas acreditamos que elencamos os títulos<br />

de maior relevância da época. Esperamos<br />

que você curta e se divirta relembrando estes<br />

deliciosos filmes produzidos entre 1990 e<br />

1999. Boa leitura!<br />

RODRIGO DE OLIVEIRA<br />

ALMANAQUE21 é uma publicação bimestral e totalmente independente. A cada nova edição, buscaremos<br />

assuntos que despertem a atenção e a curiosidade do leitor, com críticas sobre filmes e séries que fizeram<br />

história. Contato: almanaquevinteeum@gmail.com | www.almanaque21.com | twitter.com/almanaque_21<br />

Editor-Chefe (textos e críticas): Rodrigo de Oliveira | Diagramação: Cindy Nunes Kucera | Fotos: divulgação<br />

Direitos reservados nos textos e críticas<br />

A L M A N A Q U E 2 1 - HOLLYWOOD 90 03


O<br />

que é Matrix? Essa pergunta misteriosa, estampada<br />

nos pôsteres e em letras garrafais nos<br />

trailers, aguçou a curiosidade dos espectadores<br />

no final da década de 1990. Curiosamente, um<br />

dos requisitos básicos para o elenco principal e para<br />

membros de alto escalão da equipe de filmagens era<br />

saber responder precisamente esta questão. O conceito,<br />

embora não tão complicado, colocou medo nos<br />

executivos da Warner Bros. A apreensão era de que<br />

o roteiro um tanto críptico, cheio de questões filosóficas,<br />

assinado por Larry e Andy Wachowski (hoje,<br />

Lana e Lily – as chamaremos assim no decorrer do<br />

texto) fosse difícil demais para a audiência. As bilheterias<br />

provaram o contrário. Com uma das maiores<br />

arrecadações do ano de 1999, Matrix se mostrou o<br />

filme certo na hora certa. Uma ficção científica de<br />

ação, com texto bem realizado, atores em plena forma<br />

e efeitos visuais nunca antes vistos. Ponto para<br />

as irmãs Wachowski, que conseguiram provar seu<br />

talento aos engravatados do estúdio para conceber o<br />

que seria sua obra-prima.<br />

O caminho que Matrix percorreu até seu lançamento<br />

não foi dos mais fáceis. Lana e Lilly não<br />

tinham muita experiência no cinema. Haviam assinado<br />

o roteiro de ação Assassinos (1995), com Sylvester<br />

Stallone e Antonio Banderas no elenco, e já estavam<br />

concebendo as fundações do texto de Matrix. O<br />

produtor Joel Silver, responsável por Assassinos,<br />

ficou muito interessado no script, mas não via como<br />

aquelas novatas poderiam assumir a direção de um<br />

longa-metragem daquele calibre sem terem realizado<br />

outro antes. Dificilmente elas conseguiriam financiamento<br />

ou o contrato com algum estúdio desta<br />

forma. Para sanar esta questão, as Wachowski realizaram<br />

o drama Ligadas pelo Desejo (1996), que serviria<br />

como uma amostra do que elas podiam fazer –<br />

quase como um cartão de visitas. Ainda assim, os<br />

planos para Matrix eram ambiciosos demais. O orçamento<br />

precisava ser robusto para que a visão das<br />

cineastas pudesse ser realizada a contento. Silver<br />

serviu como produtor, mas nem assim a Warner quis<br />

abrir a mão. Dos US$ 80 milhões requisitados, o<br />

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estúdio cedeu US$ 10 milhões. Em uma jogada muito<br />

arriscada, as diretoras pegaram o dinheiro e filmaram<br />

a primeira sequência do filme – Trinity fugindo<br />

dos agentes da Matrix – e mostraram para os engravatados.<br />

Sabiamente, a Warner resolveu atender as<br />

demandas orçamentárias e, com isso, conquistou um<br />

dos seus maiores sucessos na década.<br />

Na trama, Thomas Anderson (Keanu Reeves)<br />

é um homem dividido entre duas vidas. Em uma, ele<br />

é o funcionário relapso de uma grande corporação.<br />

Em outra, um hacker que atende pelo nome de Neo<br />

e que ganha uns trocados vendendo programas ilegais.<br />

Quando a misteriosa Trinity (Carrie-Anne Moss)<br />

entra em contato, pedindo que ele siga o “coelho<br />

branco”, Neo nem imagina que o “país das maravilhas”<br />

é o mundo em que vive, uma simulação feita<br />

por computadores que aprisiona e escraviza a raça<br />

humana há tempos. Quem lhe conta isso é o líder da<br />

resistência, o carismático Morpheus (Laurence Fishburne),<br />

que oferece a Neo a opção de continuar naquela<br />

simulação ou acordar daquele sonho e buscar<br />

a realidade. Para aquele homem, o “sim” do hacker<br />

para a segunda opção significa o mundo visto que<br />

ele acredita que Neo é o Escolhido - quem libertará<br />

a raça humana do jugo das máquinas. Elas são representadas<br />

na Matrix pelos famigerados agentes de<br />

terno e óculos escuros – o mais temível deles atende<br />

pelo nome de Smith (Hugo Weaving). Eles farão de<br />

tudo para eliminar a resistência. Enquanto isso, os<br />

parceiros de Neo farão o possível para treiná-lo a<br />

tempo do inevitável embate final.<br />

As referências à Alice no País das Maravilhas<br />

são diversas, ainda que não fiquem apenas nisso. As<br />

Wachowski utilizam a obra de Lewis Carroll como um<br />

norte, mas também bebem na fonte de William Gibson<br />

e seu clássico Neuromancer, utilizando conceitos<br />

e misturando as estéticas steampunk e cyberpunk<br />

para conceber sua obra. Esta mistura pós-moderna<br />

pode ser vista melhor representada na nave de<br />

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Wachowski e os anos 90<br />

Antes de Matrix, as irmãs Wachowski precisavam<br />

provar seu valor como diretoras para que pudessem assumir<br />

o comando do script que haviam assinado. Embora<br />

tenham desmentido que o produtor Joel Silver tenha<br />

algo a ver com isso, teria sido através da sugestão dele<br />

que elas perseguiriam a chance de assinar Ligadas pelo<br />

Desejo (1996), um drama com pegada policialesca, com<br />

protagonistas femininas envolvidas em um romance. Dizse,<br />

inclusive, que a temática<br />

lésbica afastou<br />

atrizes que pudessem<br />

se interessar em estrelar<br />

a história. Melhor<br />

para Jennifer Tilly e<br />

Gina Gershon, que encarnaram<br />

a dupla<br />

Cocky e Violet, duas<br />

mulheres que planejam<br />

roubar o dinheiro de<br />

um poderoso mafioso e<br />

deixar a culpa para<br />

Caesar (Joe Pantoliano),<br />

o namorado abusivo<br />

de Violet. O filme<br />

colocou definitivamente<br />

as irmãs Wachowski no radar, com prêmios no National<br />

Board of Review, no Festival de Estocolmo, no Fantasporto<br />

e indicações ao Saturn e ao Independent Spirit<br />

Awards. Não fosse o bom resultado desta obra, pouco<br />

provável que veríamos Matrix nos cinemas – não, ao<br />

menos, do jeito que o conhecemos.<br />

Morpheus, a Nabucodonosor, e nos próprios trajes dos<br />

personagens. Quem já conferiu os desenhos conceituais<br />

da produção, lançados em livros específicos do filme,<br />

encontra ainda mais referências a estes conceitos norteadores.<br />

Como qualquer boa ficção científica que se preze,<br />

a história contada pelas irmãs Wachowski, por mais fantástica<br />

que possa soar, ganha peso por nos colocar em<br />

um universo palpável. O pesadelo da humanidade e<br />

temática usada em diversas tramas de sci-fi é o poderio<br />

das máquinas sobre os humanos. Entendemos as nossas<br />

fraquezas e sabemos que em um mundo cada vez<br />

mais tecnológico e com potencial para avanços em inteligência<br />

artificial, a realidade apresentada por Matrix<br />

não é tão inconcebível. Por colocar o espectador a pensar<br />

sobre um futuro sombrio e de como nossas escolhas<br />

influenciam no porvir, o longa-metragem já ganha muitos<br />

pontos. Não são poucos os que pesam se tomariam<br />

a pílula azul (se mantendo na Matrix) ou a pílula vermelha<br />

(que liberta do mundo simulacro). A realidade não é<br />

nada glamorosa, como constatamos.<br />

Filmado na Austrália, Matrix contou com um elenco<br />

enxuto e muito bem treinado pelo diretor e coreógrafo<br />

de artes marciais Yuen Woo-ping. Ele relutou, aceitando<br />

o cargo apenas sob a condição de que tivesse, ao<br />

menos, quatro meses para treinar com os atores. Assim<br />

foi realizado e o resultado é visto na tela. Se Keanu Reeves,<br />

Laurence Fishburne, Carrie-Anne Moss e Hugo<br />

Weaving mostram com tranquilidade os intrincados golpes<br />

de seus personagens, tudo isso é graças ao intenso<br />

trabalho feito por Woo-ping. Há tempos um filme de<br />

Hollywood não apresentava cenas de luta tão bem coreografadas<br />

e visualmente interessantes quanto nesta<br />

produção das Wachowski. Isso, atrelado aos incríveis<br />

efeitos visuais, coloca Matrix em um outro patamar<br />

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cinematográfico. O hoje copiadíssimo bullet time, em<br />

que vemos em 360 graus Neo escapar dos disparos<br />

de bala do agente Smith, foi apenas uma das impressionantes<br />

invencionices da equipe das cineastas. Outro<br />

acerto tremendo é a separação entre o mundo<br />

real e a Matrix através da fotografia. Enquanto estamos<br />

dentro do mundo simulado, as cores sempre<br />

puxam para o verde. Enquanto isso, quando estamos<br />

fora do sistema, o azul é mais utilizado. Uma ótima<br />

forma de fazer com que o espectador se situe, mas<br />

também criando um visual único ao longa-metragem.<br />

Quanto ao elenco, o trio principal impressiona<br />

pela preparação física e convence dramaticamente.<br />

Keanu Reeves nunca foi uma unanimidade no que<br />

tange seu talento interpretativo, mas como Neo, o<br />

ator parece bastante confortável, muito focado em<br />

seu trabalho. Para construir este personagem, era<br />

necessário um misto de incerteza e ingenuidade, que<br />

dariam lugar para a autoconfiança que seria conquistada<br />

com o passar do tempo. Reeves acerta estas<br />

notas muito bem. Fishburne, por sua vez, recebe o<br />

papel de mentor, um homem de fé inabalável e certezas<br />

gravadas em pedra. Sua visão de mundo é suficiente<br />

para conquistar seus comandados, nos convencendo<br />

ao mesmo tempo de que o movimento<br />

correto é segui-lo. Enquanto isso, Moss faz muito<br />

mais do que apenas o interesse amoroso do protagonista,<br />

servindo como parceira de batalhas e uma espécie<br />

de submentora. Quem realmente se beneficiou<br />

com a participação neste filme, no entanto, foi Hugo<br />

Weaving. Trabalhando muito bem seu padrão de fala,<br />

como se sempre calculasse minuciosamente cada<br />

palavra proferida, o agente Smith tem total desprezo<br />

pela raça humana e sente-se enojado pelo contato<br />

com esta “praga”. Ator talentoso, Weaving aproveitou<br />

bem seu estrelato e conquistou espaço em grandes<br />

franquias como O Senhor dos Anéis e Capitão<br />

América, além de ter feito o personagem principal<br />

em V de Vingança (2005).<br />

Filosófico, tecnológico e com condução impecável,<br />

Matrix é um dos grandes filmes de ficção científica<br />

de todos os tempos. Embora tenha ganhado<br />

duas continuações muito abaixo do esperado, elas<br />

não conseguiram manchar a imagem do longa original,<br />

uma produção que retrabalha diversos conceitos<br />

interessantes entregando um produto final criativo e,<br />

até hoje, muito influente.<br />

MATRIX<br />

(The Matrix)<br />

EUA – 136 min – Ficção Científica/Ação<br />

Direção e Roteiro: Lana e Lilly Wachowski<br />

Com Keanu Reeves, Laurence Fishburne, Carrie-<br />

Anne Moss, John Pantoliano, Hugo Weaving, Gloria<br />

Foster, Marcus Chong<br />

Estreia EUA: 31 de março de 1999<br />

Estreia BRA: 21 de maio de 1999<br />

Orçamento: US$ 63 milhões<br />

Bilheteria USA: US$ 171 milhões<br />

Bilheteria Total: US$ 463 milhões<br />

Disponível em DVD e Blu-ray pela Warner Bros.<br />

Prêmios:<br />

Vencedor de 4 Oscar: Melhor Montagem, Som, Efeitos<br />

Sonoros e Efeitos Visuais;<br />

Vencedor de 2 BAFTA: Melhor Som e Efeitos Visuais;<br />

Indicado a mais 3 BAFTA: Melhor Fotografia, Desenho<br />

de Produção e Montagem;<br />

National Film Preservation Boad, 2012;<br />

Indicado ao Producers Guild Awards.<br />

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