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A Comunicação do oprimido e outros ensaios

O livro reúne 11 ensaios de Eduardo G. Coutinho, doutor em Comunicação e Cultura e professor da UFRJ. Coutinho propõe uma reflexão que, baseada em autores como Antonio Gramsci e György Lukács, aponta para o papel da cultura popular nas disputas de classe pela hegemonia. Como aponta Muniz Sodré, na quarta capa: “Talvez por excesso de ‘culturalismo’, a maior parte da crítica atual de cultura ressente-se da ausência de política no sentido pleno da palavra. Os textos de Eduardo Granja Coutinho neste volume trafegam ao contrário da maré, buscando por trás das enganosas transparências elementos ideológicos para um acerto de contas com o sentido e com a História. E isto se cumpre em português claro, sem cambalacho, numa relação de alegre respeito para com a língua”.

O livro reúne 11 ensaios de Eduardo G. Coutinho, doutor em Comunicação e Cultura e professor da UFRJ. Coutinho propõe uma reflexão que, baseada em autores como Antonio Gramsci e György Lukács, aponta para o papel da cultura popular nas disputas de classe pela hegemonia.

Como aponta Muniz Sodré, na quarta capa: “Talvez por excesso de ‘culturalismo’, a maior parte da crítica atual de cultura ressente-se da ausência de política no sentido pleno da palavra. Os textos de Eduardo Granja Coutinho neste volume trafegam ao contrário da maré, buscando por trás das enganosas transparências elementos ideológicos para um acerto de contas com o sentido e com a História. E isto se cumpre em português claro, sem cambalacho, numa relação de alegre respeito para com a língua”.

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Eduar<strong>do</strong> Granja Coutinho<br />

A COMUNICAÇÃO DO OPRIMIDO<br />

E OUTROS ENSAIOS


A COMUNICAÇÃO DO OPRIMIDO<br />

E OUTROS ENSAIOS


Eduar<strong>do</strong> Granja Coutinho<br />

A COMUNICAÇÃO DO OPRIMIDO<br />

E OUTROS ENSAIOS


Copyright © Eduar<strong>do</strong> Granja Coutinho.<br />

To<strong>do</strong>s os direitos desta edição reserva<strong>do</strong>s<br />

à MV Serviços e Editora Ltda.<br />

revisão<br />

Rogério Amorim<br />

Suzana Corrêa<br />

cip-brasil. catalogação na publicação<br />

sindicato nacional <strong>do</strong>s editores de livros, rj<br />

C895c Coutinho, Eduar<strong>do</strong> Granja, 1967-<br />

A comunicação <strong>do</strong> oprimi<strong>do</strong> e <strong>outros</strong> <strong>ensaios</strong> /<br />

Eduar<strong>do</strong> Granja Coutinho. – 1. ed. – Rio de Janeiro :<br />

Mórula, 2014.<br />

180 p. ; 21 cm.<br />

inclui bibliografia<br />

iSBN 978-85-65679-25-1<br />

1. Ciência política. 2. Filosofia. 3. Marxismo.<br />

I. Título.<br />

14-13822 CDD: 320<br />

CDU: 32<br />

R. Teotonio Regadas 26, 904 – Lapa – Rio de Janeiro<br />

www.morula.com.br | contato@morula.com.br


À memória de Carlos Nelson Coutinho.


Sei que há um trabalho fundamental a ser feito em<br />

relação à hegemonia cultural. Acredito que o sistema<br />

de significa<strong>do</strong>s e valores que a sociedade capitalista<br />

gera tem de ser derrota<strong>do</strong> no geral e no detalhe por<br />

meio de um trabalho intelectual e educacional.<br />

[ Raymond Williams ]<br />

Porque os jornais noticiam tu<strong>do</strong>, tu<strong>do</strong> menos uma<br />

coisa tão banal de que ninguém se lembra: a vida...<br />

[ Rubem Braga ]


SUMÁRIO<br />

prefácio 11<br />

Gramsci: a comunicação como política 13<br />

A comunicação <strong>do</strong> oprimi<strong>do</strong>: malandragem,<br />

marginalidade e contra-hegemonia 27<br />

Hegemonia e linguagem:<br />

clichês midiáticos e filosofia das massas 41<br />

Muniz Sodré: alegria, hegemonia e Arkhé 55<br />

Carlos Nelson Coutinho<br />

e a “questão cultural” no Brasil 69<br />

Contrarrevolução impressa:<br />

jornalismo, reificação e hegemonia 85<br />

“Cambalache”:<br />

o colapso da civilização burguesa 101<br />

Ecos <strong>do</strong> Golpe no mun<strong>do</strong> da cultura 119<br />

A ideologia da imparcialidade:<br />

considerações sobre o governo Chávez<br />

e a liberdade de expressão 133<br />

Processos contra-hegemônicos<br />

na imprensa carioca (1889-1930) 137<br />

Imprensa e hegemonia na Primeira República:<br />

o contraponto dissonante de José Oiticica 159


Prefácio<br />

Ten<strong>do</strong> como referência a problemática gramsciana das relações entre comunicação,<br />

hegemonia e contra-hegemonia, os <strong>ensaios</strong> que compõem esta coletânea<br />

são atravessa<strong>do</strong>s por uma questão teórica que possui, a meu ver, enorme<br />

relevância político-prática: “O que se pode contrapor, por parte de uma classe<br />

inova<strong>do</strong>ra a esse complexo formidável de trincheiras e fortificações [que garantem<br />

a hegemonia político-cultural] da classe <strong>do</strong>minante?” É o próprio Gramsci<br />

quem responde: “O espírito de cisão, a conquista progressiva da consciência da<br />

própria personalidade histórica” (1999, v. 2, p. 79). É preciso que as grandes massas<br />

se destaquem das ideologias tradicionais, deixem de acreditar no que antes<br />

acreditavam, superem o sistema de significa<strong>do</strong>s e valores gera<strong>do</strong>s pela sociedade<br />

capitalista, organizem uma nova cultura. Daí a importância de se analisar dialeticamente<br />

a hegemonia burguesa – a poderosa resistência daquelas trincheiras<br />

ideológicas que asseguram a <strong>do</strong>minação <strong>do</strong> capital – sem perder de vista os processos<br />

culturais e comunicacionais de contestação e resistência: as formas de<br />

comunicação <strong>do</strong>s grupos sociais oprimi<strong>do</strong>s.<br />

A despeito de sua diversidade temática, os artigos aqui reuni<strong>do</strong>s possuem,<br />

assim, uma clara unidade teórico-meto<strong>do</strong>lógica. Em to<strong>do</strong>s eles está presente a<br />

questão da cultura/comunicação como uma instância da luta política ou, para<br />

utilizarmos a conhecida expressão de Bakhtin, um “terreno da luta de classes”.<br />

Destes onze <strong>ensaios</strong>, escritos entre 2008 e 2014, três são originais e os<br />

demais estão sen<strong>do</strong> publica<strong>do</strong>s aqui com ligeiras modificações 1 . O artigo<br />

introdutório, no qual procuro abordar a importância de Antonio Gramsci<br />

para o campo da comunicação, fornece o enquadramento conceitual para<br />

os demais textos, que foram reuni<strong>do</strong>s segun<strong>do</strong> quatro eixos temáticos principais:<br />

1) a comunicação popular – música, linguagem oral, mídia comunitária<br />

etc. – em sua relação com a cultura hegemônica; 2) a questão cultural na<br />

obra de <strong>do</strong>is pensa<strong>do</strong>res brasileiros, os baianos Muniz Sodré e Carlos Nelson<br />

Coutinho; 3) a questão lukacsiana da reificação da cultura, relacionada à<br />

problemática da hegemonia; 4) processos hegemônicos e contra-hegemônicos<br />

na imprensa brasileira e latino-americana.<br />

1<br />

Ver nota bibliográfica.<br />

11


Parafrasean<strong>do</strong> Gramsci, diríamos que, no fun<strong>do</strong>, para quem observar<br />

bem, entre esses quatro temas existe homogeneidade: “o espírito popular<br />

cria<strong>do</strong>r, em suas diversas fases e graus de desenvolvimento, está na base<br />

deles em igual medida” (Gramsci, 2005, p. 128). A música popular, a expressão<br />

oral, as conversas de botequim, os gritos <strong>do</strong>s manifestantes nas praças<br />

públicas, a imprensa partidária e sindical, a mídia pública, a crônica, a alta<br />

literatura, os <strong>ensaios</strong> de teoria crítica, todas essas formas de comunicação<br />

são aqui analisadas como falas históricas alternativas que expressam diferentes<br />

momentos desse “espírito popular cria<strong>do</strong>r”. E eis que, para Gramsci, o<br />

espírito cria<strong>do</strong>r não é outro senão o “espírito de cisão”. A contra-hegemonia<br />

aparece, assim, como um processo cultural que envolve cisão (negação),<br />

mas também criação, renovação das formas culturais <strong>do</strong> passa<strong>do</strong>; processo<br />

no qual a comunicação popular rompe com o sistema simbólico <strong>do</strong>minante,<br />

ao mesmo tempo em que recria e reelabora os signos da tradição em um<br />

senti<strong>do</strong> contrário ao das classes dirigentes.<br />

Por fim, gostaria de ressaltar que, ao dedicar essa coletânea à memória de<br />

Carlos Nelson Coutinho, não estou apenas prestan<strong>do</strong> uma homenagem ao meu<br />

mestre e amigo, mas reconhecen<strong>do</strong> que to<strong>do</strong>s esses <strong>ensaios</strong>, inspira<strong>do</strong>s fundamentalmente<br />

em Antonio Gramsci, mas também em György Lukács, são um<br />

diálogo tácito com Carlos Nelson, pensa<strong>do</strong>r que, na contracorrente <strong>do</strong> pós-modernismo,<br />

<strong>do</strong> produtivismo acadêmico, da miséria da razão, contribuiu decisivamente<br />

para manter viva a chama <strong>do</strong> pensamento dialético entre nós.<br />

eduar<strong>do</strong> granja coutinho<br />

Rio de Janeiro, maio de 2014.<br />

12


1ª eDIção julho 2014<br />

IMPReSSão colORSet<br />

Papel capa cartão supremo 300g/m 2<br />

papel miolO Pólen soft 80g/m 2<br />

tipografia typestar e dante


Talvez por excesso de “culturalismo”,<br />

a maior parte da crítica atual de cultura<br />

ressente-se da ausência de política no<br />

senti<strong>do</strong> pleno da palavra. Sem o<br />

embasamento da luta histórica pela<br />

representação, assemelha-se a uma moeda<br />

sem lastro, de curso força<strong>do</strong> pela<br />

reprodução acadêmica pautada por moldes<br />

neoliberais. Os textos de Eduar<strong>do</strong> Granja<br />

Coutinho neste volume trafegam ao<br />

contrário da maré, buscan<strong>do</strong> por trás<br />

das enganosas transparências elementos<br />

ideológicos para um acerto de contas<br />

com o senti<strong>do</strong> e com a História. E isto<br />

se cumpre em português claro, sem<br />

cambalacho, numa relação de alegre<br />

respeito para com a língua.<br />

MUNIZ SODRÉ<br />

9 78 8 5 6 5 6 7 9 2 5 1<br />

ISBN 978856567925-1<br />

www.morula.com.br<br />

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