cuspe
COLEÇÃO DIABO NA AULA | VOLUME 2 No registro do Houaiss encontramos sinonímia entre cuspe e perdigoto, mas nos códigos que regem a existência neste lugar de misérias há, entre eles, um abismo incontestável. O perdigoto, politicamente, está no campo da hipocrisia. São gotículas que saem das bocas dos moralistas enquanto eles proferem o avesso da escatologia e envenenam tudo quanto podem. A partir de Georges Bataille, epígrafe de Amanda Chraim, neste Cuspe encontramos textos que sugerem um jogo entre corpo, cena, escritura, presença-ausente e, como Drummond, “a falta que ama”. Amanda impõe, assim, o obsceno como exercício e vai ainda além ao articular uma espécie de gramática dos fluidos (uma política do cuspe, talvez?). Ela nos recupera o corpo como fonte essencial de erotismo, de desejo, de gozo: a capacidade que ele possui de se subverter e se libertar da “subjugada moral organizada”, como ela mesma escreve. Aqui, o cuspe desliza e se insinua também, ou sobretudo, pelas palavras: língua, sexo, raiva, diabo, desejo, lambança. É um livro molhado. Um livro molhado e político – e que haja muito leite mal para se jogar na cara dos caretas. Joice Nunes
COLEÇÃO DIABO NA AULA | VOLUME 2
No registro do Houaiss encontramos sinonímia entre cuspe e perdigoto, mas nos códigos que regem a existência neste lugar de misérias há, entre eles, um abismo incontestável. O perdigoto, politicamente, está no campo da hipocrisia. São gotículas que saem das bocas dos moralistas enquanto eles proferem o avesso da escatologia e envenenam tudo quanto podem.
A partir de Georges Bataille, epígrafe de Amanda Chraim, neste Cuspe encontramos textos que sugerem um jogo entre corpo, cena, escritura, presença-ausente e, como Drummond, “a falta que ama”. Amanda impõe, assim, o obsceno como exercício e vai ainda além ao articular uma espécie de gramática dos fluidos (uma política do cuspe, talvez?). Ela nos recupera o corpo como fonte essencial de erotismo, de desejo, de gozo: a capacidade que ele possui de se subverter e se libertar da “subjugada moral organizada”, como ela mesma escreve.
Aqui, o cuspe desliza e se insinua também, ou sobretudo, pelas palavras: língua, sexo, raiva, diabo, desejo, lambança. É um livro molhado. Um livro molhado e político – e que haja muito leite mal para se jogar na cara dos caretas.
Joice Nunes
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amanda
chraim
cuspe
No registro do Houaiss encontramos sinonímia
entre cuspe e perdigoto, mas nos códigos que
regem a existência neste lugar de misérias há,
entre eles, um abismo incontestável. O perdigoto,
politicamente, está no campo da hipocrisia. São
gotículas que saem das bocas dos moralistas
enquanto eles proferem o avesso da escatologia e
envenenam tudo quanto podem.
A partir de Georges Bataille, epígrafe de Amanda
Chraim, neste Cuspe encontramos textos que
sugerem um jogo entre corpo, cena, escritura,
presença-ausente e, como Drummond, “a falta
que ama”. Amanda impõe, assim, o obsceno
como exercício e vai ainda além ao articular uma
espécie de gramática dos fluidos (uma política
do cuspe, talvez?). Ela nos recupera o corpo
como fonte essencial de erotismo, de desejo, de
gozo: a capacidade que ele possui de se
subverter e se libertar da “subjugada moral
organizada”, como ela mesma escreve.
Aqui, o cuspe desliza e se insinua também, ou
sobretudo, pelas palavras: língua, sexo, raiva,
diabo, desejo, lambança. É um livro molhado. Um
livro molhado e político — e que haja muito leite
mal para se jogar na cara dos caretas.
JOICE NUNES
amanda
chraim
cuspe
Copyright © Amanda Chraim.
Todos os direitos desta edição reservados
à MV Serviços e Editora Ltda.
organização da coleção:
Carlos Augusto Lima
Manoel Ricardo de Lima
projeto gráfico
Patrícia Oliveira
cip-brasil. catalogação na publicação
sindicato nacional dos editores de livros, rj
Elaborado por Meri Gleice Rodrigues de Souza — crb 7/6439
C477c
Chraim, Amanda
Cuspe / Amanda Chraim. – 1. ed. – Rio de Janeiro:
Mórula, 2022.
48p. : il. ; 18,5 cm. (Diabo na aula ; 2)
isbn 978-65-81315-36-8
1. Poesia brasileira. I. Título.
22-80382 cdd: 869.1
cdu: 82-1(81)
Rua Teotônio Regadas 26 sala 904
20021_360 _ Lapa _ Rio de Janeiro _ RJ
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/morulaeditorial /morula_editorial
mas ela federia se não tivesse se
tornado antes objeto de nosso nojo?
georges bataille
de um estouro na terra
lampejo, furo de escuridão, transpondo
imobilidade, imagem de real, é isso que ficou
mansinho no ser que pariu, materna, parou
em jamais de assumir clímax, nó, beleza nem
existe essa construção sem que cesse, que blefe
jogada em desvelar os ritos, a constância, o
calendário nas chamas, horários pingando,
fezes, ritual desprevenido.
7
cuspe foi impresso pela gráfica meta para a editora
mórula em papel pólen soft 80g/m 2 , tipografia silva text
e wigrum, outubro de 2022, e escrito na ilha de santa
catarina entre silêncio e desentendimento:
desejo de letra.
AMANDA CHRAIM [Florianópolis, 1987]. É
professora, graduada em Letras e doutora
em Linguística Aplicada [UFSC] com
diversas publicações na área. Trabalha
também com revisão de textos e criação de
conteúdo. Cuspe é o seu primeiro livro entre
a narrativa e o poema.
a coleção diabo na aula vem de uma
expressão retirada do poema cultura
francesa, de drummond, “aluno de
moral-zero”, que presta sentido a
murilo, entre alfred jarry e brigitte
bardot. murilo bagunça a cena,
desmonta o mestre, este é o jogo: errar
e desobedecer generosamente toda e
qualquer moral, aprendizagem infinita
e impensada, “gestos impossíveis”.
ISBN 978658131536-8