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Libertat - previa v1

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momento, reprovação à ditadura militar. A canção repercutiu<br />

de tal forma que, até hoje, é considerada o<br />

maior símbolo da resistência ao governo militar. Já em<br />

1979, com a explosão do movimento pedindo anistia<br />

aos exilados políticos, o fim da tortura e a liberdade<br />

aos que ainda eram mantidos presos sobre o regime<br />

vigente, Elis Regina interpretou “O bêbado e o equilibrista”,<br />

música que, subjetivamente, manifestou todo<br />

um pensamento anti-ditatorial popular, em que, de<br />

forma metafórica, crítica tudo aquilo que o povo se<br />

opunha durante essa fase violenta da ditadura militar.<br />

Já nos anos 80, o mundo vivia uma série de guerras<br />

e conflitos, como a Guerra Fria e o conflito Israel<br />

x Palestina. Os Estados Unidos estiveram, indiretamente<br />

ou diretamente, comprometidos com vários<br />

conflitos na América Central e do Sul, com a intenção<br />

de se acabar com a disseminação do comunismo e<br />

por fim ao tráfico de drogas. Esse tema é tratado na<br />

música Bullet the Blue Sky, da banda U2, criticando<br />

a intervenção norte-americana em El Salvador. Bruce<br />

Springsteen também não deixou de poupar sua<br />

crítica ao povo norte-americano com seu álbum e<br />

música de mesmo nome, Born in the U.S.A., lançado<br />

em 1984, colocando em evidência os efeitos da guerra<br />

do Vietnã sobre a população dos Estados Unidos.<br />

Enquanto isso, o Brasil encontrava-se perdido<br />

pós ditadura militar, não tendo, teoricamente, mais<br />

porque lutar. A juventude da década de 80 se encontrava<br />

afogada no princípio “Drogas, sexo e Rock<br />

N Roll”, porém uma nova geração de músicos apareceu<br />

para reacender a chama ativista da população.<br />

Músicas como “Que país é esse? ”, 1987, do Legião<br />

Urbana e “Ideologia”, 1988, do Cazuza estremeceram<br />

a recém-formada estrutura social com letras<br />

ácidas e um tanto irônicas, além de influenciarem<br />

um novo estilo de música de protesto, com letras e<br />

temas atemporais, expressando uma realidade política<br />

que, para muitos, é uma situação contemporânea.<br />

Nos anos 90, em meio a um contexto de imperialismo<br />

capitalista na economia e ápice na desigualdade<br />

social, a música Killing in the Name, da banda<br />

Rage Against the Machine, discute o racismo nas<br />

instituições e polícia norte americana, que possuíam<br />

membros da Ku Klux Klan, grupo extremamente radical<br />

e racista, beneficiando os brancos na sociedade.<br />

A canção “Do the Evolution”, do Pearl Jam, também<br />

contextualiza a década de 90, representando um período<br />

de questionamentos com fortes mensagens que<br />

retratam toda a desgraça causada pela humanidade<br />

até os dias atuais, podendo ser visíveis tanto pela<br />

letra como pelo clipe, que fez um enorme sucesso.<br />

Seguindo o estilo de crítica atemporal iniciado na<br />

década anterior, a música brasileira dos anos 90 abriu<br />

espaço para o hip hop e o rap, abordando temas como<br />

desigualdade social, miséria e violência. O rapper Gabriel,<br />

“O pensador”, por exemplo, consolidou-se durante<br />

toda a década com músicas com temas fortes<br />

e contemporâneos, sendo uma das mais chocantes a<br />

canção “O resto do mundo”, em que, a partir de versos<br />

como “Eu queria morar numa favela/ meu sonho<br />

é morar numa favela” e “Eu não tenho nome/ Eu não<br />

tenho identidade/ Eu não tenho nem certeza se eu<br />

sou gente de verdade”, expressa a realidade da exclusão<br />

social na qual os mendigos se inserem, ao ponto<br />

desses terem como sonho a moradia em um local também,<br />

porém menos, excluído socialmente. Da mesma<br />

forma, a banda O Rappa, com a música “Minha alma”<br />

aborda o comodismo da sociedade frente a violência,<br />

o que pode ser facilmente visto nos versos “As grades<br />

do condomínio/ São para trazer proteção/ Mas<br />

também trazem a dúvida/ Se é você que está nessa<br />

prisão” e “ Pois paz sem voz/ não é paz, é medo”, em<br />

que o cantor critica e duvida da “paz” e da “segurança”<br />

que a sociedade tenta passar para a população.<br />

Todas estas músicas marcaram não só suas respectivas<br />

décadas, mas também a história. Porém a história<br />

não é contada somente dessa forma, ela é expressa de<br />

várias formas diferentes. Uma dessas formas é a apresentação<br />

”Décadas” realizada pelos alunos da segunda<br />

série. Este ano, “Décadas” ocorrerá no dia 24 de Junho,<br />

para a primeira série, e no dia 25 de Junho para os pais.<br />

Marco Polese<br />

Vanderson E. Pedroso<br />

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