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Revista Visão - Edição #107 (Maio/2015)

Graduação x Vagas: O mercado de trabalho regional está preparado para receber tantos formados? Entrevista: Conheça a história do professor e palestrante Érico Paes de Campos Festa do Pinhão: Saiba mais sobre os shows e atrações da 27ª edição do evento Voluntariado: Erci Luduvichack já viabilizou cerca de 300 cadeiras de rodas para os necessitados

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Entrevista: Conheça a história do professor e palestrante Érico Paes de Campos
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Pensando bem<br />

MARCO CORDEIRO<br />

marco@revistavisao.com.br<br />

O Príncipe nosso de cada dia<br />

58 59<br />

revista visão<br />

mai. 15<br />

Você já<br />

deve ter ouvido<br />

sobre<br />

Maquiavel, ao certo. É um desses<br />

clássicos da literatura que poucos leram<br />

e muitos repetem. Todo aquele<br />

que tem pretensões políticas e não<br />

leu “O Príncipe” deve preparar-se<br />

para o pior. Nicolau Maquiavel (Florença,<br />

1469-1527) foi um italiano,<br />

funcionário público que teve sua<br />

reputação questionada ao ser acusado<br />

de conspirar contra a autoridade<br />

máxima da época (século XV), Lourenço<br />

de Médici para ser mais preciso.<br />

Forçado a se refugiar para não<br />

ser preso, Maquiavel escreveu então<br />

sua obra máxima (quase única), O<br />

Príncipe, texto basilar da Política<br />

desde então, com poucas variantes<br />

nas suas ações pelo planeta.<br />

Bem, “O Príncipe” é um livro<br />

de autoajuda para governantes. O<br />

príncipe era qualquer autoridade<br />

constituída, desde um edil ao rei. O<br />

que importa na ética de Maquiavel<br />

é chegar ao poder, manter-se no<br />

poder e os cuidados para não perder<br />

o poder. Para Maquiavel, o homem<br />

é mau por essência e age por<br />

puro interesse, para atingir seus objetivos.<br />

Se para alcançar uma meta<br />

é necessário dizer-se bom, virtuoso,<br />

uma pessoa do bem, nada mais<br />

correto que o fazer. Se para eleger-<br />

-se é fundamental prometer ações<br />

impraticáveis, não tem problema.<br />

Elegeu-se? Sim. Então sua ação foi<br />

boa, mesmo que mentindo. Não se<br />

elegeu? Então foi mal, mesmo que<br />

tenha agido na mais absoluta virtude.<br />

Parece moderno o pensamento,<br />

mesmo que escrito há 500 anos?<br />

Ainda tem mais. Maquiavel recomenda<br />

que se faça o bem a conta<br />

gotas e o mal de uma só vez, pois<br />

o ser humano demora muito mais<br />

para esquecer um mal que um bem<br />

e o tal príncipe agindo bem de vez<br />

em quando, mas sendo pragmático<br />

(seja lá o que isso signifique) sempre<br />

é mais fácil conter as revoltas e<br />

manter-se no poder. E como tema<br />

central de sua obra, recomenda que<br />

o governante deva ser amado e temido,<br />

mas se tiver que escolher entre<br />

um deles, que seja temido, pois<br />

é mais difícil trair a quem se teme<br />

que a quem se ama.<br />

O primeiro método para<br />

estimar a inteligência<br />

de um governante é<br />

olhar os homens que<br />

estão a sua volta.<br />

Nicolau Maquiavel<br />

Há o mito que a épica frase “os<br />

fins justificam os meios” é de Maquiavel,<br />

mas é uma leitura um tanto<br />

distorcida de sua obra, que não quis<br />

dizer exatamente isso, mas algo parecido<br />

com “Atingidos tais fins, para<br />

que servem os meios então?” Perceba<br />

com nada mais atual na ação<br />

política que tal pensamento, pois<br />

a política, como já disse em outros<br />

momentos, não se trata de valores e<br />

ideias e sim pessoas e instrumentos.<br />

E vingando a ideia, os instrumentos<br />

são meramente descartáveis. Conhece<br />

algum “príncipe”?

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