Revista Marcha News XXX

Meleca e André
por cavalo é antiga e o sangue é forte, grita alto nas veias.
Gustavo Sousa Lima Ribeiro de Oliveira, vulgo Meleca,
irmão do André, também é criador, figura conhecida
no Marchador, proprietário do Haras Ribeiro. O pai dos
meninos, Dr. Antônio, sempre os incentivou, mas apesar de
gostar muito de ca valo, não tinha tempo para cuidar da
parte burocrática da criação, como registros e controles.
Desta forma a criação era no improviso, até que, aos 14
anos, André solicitou ao pai para reativar o cadastro na
Associação Brasileira de Criadores do Cavalo Mangalarga
Marchador (ABCCMM) e como sabia que a profissão do
pai, a medicina, lhe tomava muito tempo, se comprometeu
a assumir o criatório. Mesmo compreendendo que era
muita responsabilidade para um adolescente, Dr. Antônio
acabou concordando, mas com uma condição, ele não
colocaria dinheiro no negócio. Criar cavalo não é simples,
quando a responsabilidade recai sobre um jovem é mais
complicado e sem investimento então... Apesar de todo
cenário desfavorável, André estava animado com a
possibilidade e começou a trabalhar colocando as éguas
que tinha em seu plantel com garanhões de qualidade
de outros criatórios e, quando os produtos nasciam,
eram divididos com os proprietários dos reprodutores.
Foi utilizando esta prática até que uma vez, Mário Lúcio
Borges, amigo, titular do Haras do Sonho, lhe ofereceu 50%
de um potro para André recriá-lo e este acabou virando o
primeiro reprodutor do criatório.
Começar tendo que superar tantos
obstáculos nos faz buscar um norte,
alguém que nos oriente, nos mostre
um caminho e foi no tio paterno,
José Arnaldo Ribeiro de Oliveira, que
André se inspirou. “Meu tio sempre
teve cavalos muito bem cuidados e
de muito boa procedência. Quando
eu era pequeno, sempre admirei
muito o modo como ele tratava os
animais. Algum tempo depois, meu
pai acabou adquirindo produtos
dessa tropa, o que me deixou ainda
mais animado e compromissado com a criação dos
animais”, conta o proprietário do Haras ARO. Quando
questionado sobre as dificuldades inicias, André chega
até a rir, afinal não foram poucas. “Dificuldades? Demais
(risos), técnicas, operacionais e financeiras”. Ele lembra
que, a primeira exposição que participou foi em 1991, na
“I Exposição Especializada de Oliveira-MG”. Na época, a
criação ficava em Carmópolis de Minas e todos os dias
ele tinha que pegar o ônibus até Oliveira, mas o mesmo
parava longe do parque de exposições e o restante
do trajeto tinha que ser feito a pé, “ tinha que andar
muito, eu cortava caminho pelo trilho do trem, mas
muito feliz porque ia ver meus cavalos na exposição”,
conta. Desta maneira a criação ia tomando corpo e
pessoas boas, capacitadas e importantes aparecendo
para agregar valor. Um deles, muito especial até hoje,
era Henrique Melo Machado, atual superintendente de
Registro Genealógico da ABCCMM, “era o técnico que
nos atendia e sempre nos ajudou a fazer o trabalho de
seleção dos nossos animais”, relembra André.
Sempre focado em tudo que era relacionado ao
campo, quando André prestou vestibular, é claro que
optou por um curso que o mantivesse próximo ao meio
rural e por isso escolheu a zootecnia, que foi cursada em
Alfenas/MG. Durante o curso, conheceu a Fazenda Santa
Elisa das Amoras e consequentemente seu proprietáro,
Paulo Henrique Vieira da Silveira, o nosso famoso Paulinho
Marcha News - Setembro - 2016 109