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Infinita - Jodi Meadows

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— O homem diante da casa da Stef. Você o matou?<br />

Os olhos do Sam estavam encobertos pelas sombras.<br />

— Isso a faria mudar de opinião a meu respeito?<br />

A reencarnação fazia com que matar alguém fosse algo meio sem sentido. A pessoa<br />

simplesmente renasceria, e buscaria vingança. Ninguém gostava de morrer, pois além<br />

de a morte ser dolorida, ela o obrigava a parar o que quer que estivesse fazendo —<br />

escrevendo romances, elaborando projetos ou explorando —, enquanto você esperava<br />

para renascer e se tornar adulto. De qualquer modo, a pessoa sempre voltava, pelo<br />

menos até recentemente.<br />

Segundo nosso amigo Cris, quando Janan ascendesse, ele não se daria ao trabalho<br />

de reencarnar mais ninguém. Isso significava que em três meses a morte passaria a ser<br />

definitiva. Ninguém que morresse agora reencarnaria novamente; não havia tempo<br />

para tanto. Se Mat estivesse morto no banheiro, estaria morto de fato.<br />

Se isso me faria mudar de opinião a respeito do Sam?<br />

— Não — murmurei. Eu tremia de frio da cabeça aos pés. — Sei que você só<br />

estava tentando me proteger.<br />

— Eu faria qualquer coisa para proteger você. — Ele me deu um beijo no rosto.<br />

— Vamos.<br />

Juntos, atravessamos a praça do mercado, perscrutando o entorno em busca de<br />

movimentos. O templo emitia um brilho feroz e o espaço, além de ser amplo, estava<br />

deserto. Cruzá-lo era praticamente como pedir que alguém atirasse na gente.<br />

Ainda assim, atravessamos a praça coberta de detritos sem maiores problemas.<br />

Nenhum ataque nem terremoto. Afora o eco dos nossos passos e o assobio do vento<br />

cortando as ruas, reinava o silêncio.<br />

Ao alcançarmos a entrada da biblioteca, Sam meteu a pistola debaixo do braço e<br />

abriu a porta. Com um último olhar por cima do ombro — a praça continuava deserta<br />

— passei por baixo do braço dele e entrei. Ele me seguiu, deixando que a porta<br />

batesse às nossas costas e nos envolvesse na mais completa escuridão.<br />

— Cuidado. — A voz dele soou alta em meio à quietude que nos cercava. — O<br />

terremoto pode ter mudado algumas coisas de lugar. Talvez haja livros pelo chão.<br />

Liguei um dos DCSs. A luz branca emitida por ele não iluminava muita coisa, mas<br />

bastou para que eu encontrasse um abajur com cúpula de vitral e o acendesse.<br />

O terremoto realmente tivera fortes efeitos sobre a biblioteca. Havia livros<br />

espalhados pelo chão. Estantes e cadeiras viradas. Uma lâmpada se espatifara ao bater no<br />

piso de madeira, deixando um rastro de cacos de vidro. Papéis cobriam toda e<br />

qualquer superfície como uma mortalha. Eu não conseguia ver os andares superiores

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