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Infinita - Jodi Meadows

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— Ela é a mais importante para mim. — Ele me beijou, apenas um leve roçar de<br />

lábios. — Depois que Li destruiu a partitura original, trabalhamos juntos para<br />

reescrevê-la.<br />

— Eu lembro. — Mal conseguia falar de tão emocionada. Sam fora preso, e Li<br />

havia jogado a partitura no fogo. Eu tentara salvá-la, mas a maior parte tinha virado<br />

cinzas. Depois que Sam fora finalmente exonerado e eu voltara a morar com ele,<br />

tínhamos passado um mês reescrevendo “Ana Incarnate”, a valsa que ele havia<br />

composto para mim. E não tínhamos parado por aí. Ele insistira que a transcrevêssemos<br />

para flauta também e, pouco depois, me presenteara com uma.<br />

— O que quer que aconteça, quero que pelo menos essa partitura sobreviva.<br />

Quero que as pessoas se lembrem do que tentamos fazer quando a escutarem, quer<br />

tenhamos sido bem-sucedidos ou não. E quero que elas saibam que sem Ana Incarnate,<br />

o plano de Janan teria sido levado a cabo sem resistência. Você abriu nossos olhos.<br />

Quero que esse legado continue.<br />

— Ah! — Eu mal conseguia respirar. Mais uma vez, Sam fazia de mim alguém mais<br />

importante do que eu realmente era. — Não sei o que dizer.<br />

Ele abriu um sorriso matreiro e deixou os dedos dançarem sobre as teclas.<br />

— Não precisa dizer nada. Apenas toque.<br />

A música fluiu pela sala como um rio contornando pedras e árvores. Enquanto Sam<br />

tocava melodias razoavelmente familiares e sussurros de algo novo, eu procurava<br />

acordes e outros acompanhamentos. Por duas vezes, o desespero cintilou na expressão<br />

dele. Seu piano se fora. A flauta, o violino, o clarinete: todos destruídos. Tínhamos<br />

empacotado minha flauta — ela iria aonde quer que fôs​semos —, porém a dor pela<br />

perda dos outros instrumentos ainda era como uma ferida aberta.<br />

Tocamos até o cair da noite, quando Stef desceu novamente. Preparamos um<br />

pequeno jantar de frango com legumes. Saboreei até a última migalha; aquela talvez<br />

fosse nossa última chance de aproveitar uma refeição quente e fresca.<br />

À meia-noite, nossos três DCSs biparam ao mesmo tempo, e me desvencilhei<br />

lentamente das mãos e pernas do Sam. Relaxados pela música, tínhamos pegado no<br />

sono no sofá, mas agora era hora de deixar tudo para trás. Nossa casa. Heart. Aquela<br />

relativa paz.<br />

Botei meu DCS no modo silencioso e verifiquei mais uma vez se a faca estava no<br />

bolso do casaco.

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