Infinita - Jodi Meadows

Permaneci no corredor, observando o quadro da fênix e desejando ardentemente que
minha vida fosse diferente. Melhor. Queria ter uma vida inteira em companhia do
Sam e dos meus amigos, em companhia da música. Deveria ser assim, certo?
— Gostaria de ser uma fênix — falei para o corredor vazio.
Amanheceria dali a pouco. Bocejando, voltei para a biblioteca e descobri que todas
as luzes tinham sido desligadas, exceto uma. Vários tinham ido embora, mas alguns
cochilavam nas poltronas ou enrolados em cobertores nas pequenas alcovas. Sam estava
reclinado na poltrona que escolhera mais cedo, com um cobertor esticado sobre as
pernas.
Não vi Geral nem Orrin em lugar nenhum — eles deviam estar em algum outro
canto da biblioteca com o bebê —, e ninguém mais estava dormindo enroscado com
ninguém. Bom, se isso os deixaria constrangidos era problema deles. Sam havia
prometido dormir de conchinha comigo, e era isso o que ia acontecer. Nesse instante.
Depois de tirar os sapatos e pegar um cobertor sobressalente, desliguei a luz e
encontrei Sam no escuro. Ninguém disse nada quando o empurrei ligeiramente para o
lado e me aninhei junto a ele. Com os cobertores sobre a gente, ele passou um braço
em volta da minha cintura e nos ajeitamos até encontrarmos uma posição confortável.
— Lembra quando você disse que gostaria de se mudar para a biblioteca? —
murmurou ele em meu ouvido.
— Não foi isso o que eu quis dizer.
Ele beijou meu pescoço, os lábios quentes e possessivos.
— Aonde você foi?
— Fui dar uma olhada no quadro da fênix.
— Sarit foi atrás de você. — Ao ver que eu não dizia nada, acrescentou: — Ela
ajudou?
— Ela disse que vai ficar aqui com Armande. Que mudou de ideia.
— Sinto muito — murmurou Sam. — Ela disse por quê?
Fechei os olhos e entrelacei os dedos com os da mão boa dele.
— Contei a ela a verdade sobre as almasnovas. — Parte da verdade. Se eu tivesse
contado o resto, qual teria sido sua reação? A decisão dela reforçara minha própria
determinação em não dizer nada sobre a escolha feita pelas almas antigas.
— Ela merecia saber — retrucou Sam. Não consegui encontrar uma resposta que
não soasse egoísta ou lastimosa, portanto fiquei de boca fechada.
Escutei os outros se ajeitando em suas poltronas e um murmúrio abafado de vozes
do outro lado da parede de estantes. Enquanto os primeiros raios de luz penetravam a
biblioteca, peguei no sono, metade no colo do Sam e metade na poltrona. Não era
uma posição confortável, mas não me mexi. Precisava senti-lo junto de mim.