You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
car: “sim, essas coisas curam, com elas aos poucos as<br />
pessoas saram!”; elas ensinavam suas palavras para<br />
treiná-las para seguir o mesmo caminho.<br />
As pessoas nascidas aqui n<strong>ã</strong>o foram criadas<br />
assim, por isso n<strong>ã</strong>o sabem; antigamente as m<strong>ã</strong>es<br />
treinavam mesmo as ilhas, andavam com elas e<br />
coletavam folhas; coletavam maokori sinakɨ e as<br />
ilhas pensavam: “huu! com essa planta se cura as<br />
pessoas?” ent<strong>ã</strong>o a m<strong>ã</strong>e amassava o caule e usava<br />
para amarrar ao redor das pernas; as ilhas pensavam:<br />
“ah tá! É assim que as pessoas fazem!” e depois<br />
seguia os passos de sua m<strong>ã</strong>e. Depois a ilha via raspar<br />
casca da árvore mahere mahi e pensava: “huu! n<strong>ã</strong>o é<br />
que as pessoas se curam com esta árvore?!”; ent<strong>ã</strong>o<br />
quando sua m<strong>ã</strong>e morria ela pensava, “a m<strong>ã</strong>e morreu,<br />
agora vou usar estas árvores depois dela!”. Assim,<br />
ainda que sua m<strong>ã</strong>e tivesse desaparecido, ela fazia as<br />
mesmas coisas, seguindo seus passos, e n<strong>ã</strong>o paravam<br />
de passar de umas às outras. As ilhas eram como as<br />
m<strong>ã</strong>es e seguiam seu caminhos.<br />
Minha própria m<strong>ã</strong>e coletava esses remédios<br />
e me dizia: “vou escolher com cuidado, n<strong>ã</strong>o vou dar<br />
depressa outra coisa que n<strong>ã</strong>o é, vou procurar devagar<br />
e achar!”. É assim que a m<strong>ã</strong>e fazia quando eu era<br />
criança e a acompanhava, ela procurava longamente,<br />
e se cansava, ent<strong>ã</strong>o ia para outro lugar da loresta e<br />
procurava de novo; eu perguntava ent<strong>ã</strong>o: “m<strong>ã</strong>e o que<br />
você procura?”, aí ela se cansava de novo de procurar<br />
e trocava mais uma vez de lugar, ela buscava de novo<br />
durante muito tempo e quando se cansava de procurar<br />
em v<strong>ã</strong>o em um lugar, ía para outro lugar da loresta e<br />
inalmente achava; ent<strong>ã</strong>o ela me dizia: “estas coisas<br />
aqui, s<strong>ã</strong>o riori wexikɨ!”. É assim que antigamente a<br />
gente mostrava de verdade os remédios! N<strong>ã</strong>o mostrava<br />
uns que eram parecidos, mostravam os que eram<br />
de verdade! Esses riori wexikɨ n<strong>ã</strong>o s<strong>ã</strong>o mesmo fáceis<br />
de achar, s<strong>ã</strong>o difíceis de reconhecer quando você n<strong>ã</strong>o<br />
conhece e procura sem saber, n<strong>ã</strong>o consegue pensar:<br />
“s<strong>ã</strong>o estes?”. Só alguém que os conhece, procurando<br />
muito, revirando folhas, consegue achar e trazê-lo.<br />
<strong>Hwërɨmamotima</strong> <strong>thë</strong> <strong>pë</strong> <strong>ã</strong> <strong>oni</strong><br />
Manual dos remédios tradicionais Yanomami<br />
20 21