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Temor é de que haja aumento de custos<br />
De 2011 a 2014, o aumento dos valores cobrados pelos serviços acessórios foi de 320%,<br />
período em que a inflação acumulada somou apenas 20%<br />
Outro grande temor dos<br />
setores produtivos do <strong>Paraná</strong><br />
é de que haja uma elevação<br />
dos custos logísticos<br />
do Estado com forte impacto<br />
sobre o agronegócio,<br />
a competitividade das exportações<br />
brasileiras e a<br />
renda do produtor. “Devido<br />
ao peso do setor para<br />
a economia do Estado,<br />
uma elevação dos custos de<br />
produção, devido ao encarecimento<br />
da logística, certamente<br />
resultaria em prejuízos<br />
consideráveis, afetando<br />
a economia paranaense<br />
como um todo”,<br />
afirma Miguel Tranin, presidente<br />
da Alcopar.<br />
Ele diz que desde 2011 os<br />
valores cobrados pela ALL<br />
vêm sendo questionados<br />
junto a Agência Nacional<br />
de Transportes Terrestres<br />
(ANTT). Neste ano, atendendo<br />
a consulta pública<br />
realizada pela ANTT para<br />
alterar a regulamentação<br />
do setor ferroviário, a Alcopar,<br />
em parceria com outras<br />
entidades e grupos empresariais<br />
que participam da<br />
Associação Nacional dos<br />
Usuários de Transporte de<br />
Cargas (Anut), se mobilizaram<br />
para elaborar um<br />
documento com sugestões<br />
de mudanças. Uma das<br />
principais era revisar as tarifas<br />
teto estabelecidas para<br />
o setor, conforme prevê os<br />
contratos assinados com as<br />
concessionárias na época<br />
da privatização da RFFSA,<br />
na década de 1990.<br />
Para embasar essas sugestões,<br />
a Federação da Agricultura<br />
do Estado do <strong>Paraná</strong><br />
(Faep), com o apoio<br />
da Organização das Cooperativas<br />
do <strong>Paraná</strong> (Ocepar)<br />
e Alcopar desenvolveram<br />
um estudo inédito<br />
no Estado conduzido pelo<br />
Grupo de Pesquisa e Extensão<br />
em Logística Agroindustrial<br />
(Esalq-Log/<br />
USP), liderado pelo professor<br />
José Vicente Caixeta<br />
Filho. O objetivo era analisar<br />
as tarifas ferroviárias e<br />
rodoviárias para os diversos<br />
produtos do agronegócio<br />
do <strong>Paraná</strong>, comparando-as<br />
com o seu custo real.<br />
O estudo comparativo<br />
entre os preços mostrou,<br />
em 2012, que o frete rodoferroviário<br />
(caminhões e<br />
trem) no <strong>Paraná</strong> ficou 13%<br />
acima do rodoviário (exclusivo<br />
por caminhões).<br />
Além de ser menos poluente,<br />
estudos em todo<br />
mundo mostram que os<br />
preços do frete ferroviário<br />
deveriam ser de 10% a 20%<br />
menores que o rodoviário<br />
no Brasil, mas na prática,<br />
não é o que ocorre. Isso é<br />
possível porque a tarifa<br />
teto, instrumento de regulação<br />
criado para negociar<br />
o preço do frete, está muito<br />
acima dos valores de mercado,<br />
perdendo sua finalidade,<br />
explica Tranin.<br />
Na época, a Alcopar entrou<br />
com uma ação questionando<br />
junto a ANTT os<br />
valores praticados e desde<br />
então o processo de arrasta<br />
na Justiça. Com isso, os<br />
usuários da ferrovia viram<br />
surgir outra situação. Quando<br />
houve a publicação das<br />
resoluções sobre os diretos<br />
dos usuários, em 2011, a<br />
composição da receita da<br />
ALL era de 94% para o<br />
Respostas rápidas<br />
“Expectativa é por medidas estruturantes”, diz<br />
Miguel Tranin, presidente da Alcopar<br />
transporte e somente 6%<br />
para serviços acessórios, que<br />
são os referentes a transbordo,<br />
manobra e lavagem<br />
de vagões e outras operações.<br />
O presidente da Alcopar,<br />
Miguel Tranin, defende ainda<br />
respostas rápidas aos questionamentos<br />
feitos pelos usuários<br />
da ferrovia junto a<br />
ANTT. “As normas regulatórias<br />
hoje permitem prazos<br />
elásticos, com os processos se<br />
arrastando por anos, deixando<br />
os usuários reféns destes”.<br />
Já em 2014, do total arrecadado<br />
pela empresa, R$<br />
3,2 bilhões, 73% foi referente<br />
ao transporte ferroviário<br />
e 27% de receitas<br />
acessórias. “Isso mostra que<br />
o crescimento das receitas<br />
acessórias foi de 320%, ou<br />
4,2 vezes de 2011 a 2014,<br />
período em que a inflação<br />
acumulada somou apenas<br />
20%”, afirma Tranin.<br />
Para ele é preciso que as respostas<br />
sejam dadas em tempo<br />
mais curtos, adequados a realidade<br />
dos usuários, resolvendo<br />
os problemas dentro da<br />
safra. “A estrutura média das<br />
usinas é para um estoque de<br />
30 dias de produção nas unidades<br />
industriais. Passado<br />
isso, tem que escoar”, afirma.<br />
Cerca de 60% a 70% da produção<br />
brasileira atualmente é<br />
escoada por rodovias, 15% a<br />
25% por ferrovias e o restante<br />
por hidrovias e aviões, segundo<br />
dados da Federação da<br />
Agricultura do Estado do <strong>Paraná</strong><br />
(Faep). A mesma situação<br />
se repete no <strong>Paraná</strong>. Por<br />
conta disso e de toda a infraestrutura<br />
deficitária, o<br />
transporte é um dos componentes<br />
que mais pesa no custo<br />
de produção, tornando o<br />
Custo Brasil é um dos mais<br />
altos do mundo.<br />
<strong>Fevereiro</strong> <strong>2015</strong> - <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 15