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Jornal Paraná Fevereiro 2015

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Temor é de que haja aumento de custos<br />

De 2011 a 2014, o aumento dos valores cobrados pelos serviços acessórios foi de 320%,<br />

período em que a inflação acumulada somou apenas 20%<br />

Outro grande temor dos<br />

setores produtivos do <strong>Paraná</strong><br />

é de que haja uma elevação<br />

dos custos logísticos<br />

do Estado com forte impacto<br />

sobre o agronegócio,<br />

a competitividade das exportações<br />

brasileiras e a<br />

renda do produtor. “Devido<br />

ao peso do setor para<br />

a economia do Estado,<br />

uma elevação dos custos de<br />

produção, devido ao encarecimento<br />

da logística, certamente<br />

resultaria em prejuízos<br />

consideráveis, afetando<br />

a economia paranaense<br />

como um todo”,<br />

afirma Miguel Tranin, presidente<br />

da Alcopar.<br />

Ele diz que desde 2011 os<br />

valores cobrados pela ALL<br />

vêm sendo questionados<br />

junto a Agência Nacional<br />

de Transportes Terrestres<br />

(ANTT). Neste ano, atendendo<br />

a consulta pública<br />

realizada pela ANTT para<br />

alterar a regulamentação<br />

do setor ferroviário, a Alcopar,<br />

em parceria com outras<br />

entidades e grupos empresariais<br />

que participam da<br />

Associação Nacional dos<br />

Usuários de Transporte de<br />

Cargas (Anut), se mobilizaram<br />

para elaborar um<br />

documento com sugestões<br />

de mudanças. Uma das<br />

principais era revisar as tarifas<br />

teto estabelecidas para<br />

o setor, conforme prevê os<br />

contratos assinados com as<br />

concessionárias na época<br />

da privatização da RFFSA,<br />

na década de 1990.<br />

Para embasar essas sugestões,<br />

a Federação da Agricultura<br />

do Estado do <strong>Paraná</strong><br />

(Faep), com o apoio<br />

da Organização das Cooperativas<br />

do <strong>Paraná</strong> (Ocepar)<br />

e Alcopar desenvolveram<br />

um estudo inédito<br />

no Estado conduzido pelo<br />

Grupo de Pesquisa e Extensão<br />

em Logística Agroindustrial<br />

(Esalq-Log/<br />

USP), liderado pelo professor<br />

José Vicente Caixeta<br />

Filho. O objetivo era analisar<br />

as tarifas ferroviárias e<br />

rodoviárias para os diversos<br />

produtos do agronegócio<br />

do <strong>Paraná</strong>, comparando-as<br />

com o seu custo real.<br />

O estudo comparativo<br />

entre os preços mostrou,<br />

em 2012, que o frete rodoferroviário<br />

(caminhões e<br />

trem) no <strong>Paraná</strong> ficou 13%<br />

acima do rodoviário (exclusivo<br />

por caminhões).<br />

Além de ser menos poluente,<br />

estudos em todo<br />

mundo mostram que os<br />

preços do frete ferroviário<br />

deveriam ser de 10% a 20%<br />

menores que o rodoviário<br />

no Brasil, mas na prática,<br />

não é o que ocorre. Isso é<br />

possível porque a tarifa<br />

teto, instrumento de regulação<br />

criado para negociar<br />

o preço do frete, está muito<br />

acima dos valores de mercado,<br />

perdendo sua finalidade,<br />

explica Tranin.<br />

Na época, a Alcopar entrou<br />

com uma ação questionando<br />

junto a ANTT os<br />

valores praticados e desde<br />

então o processo de arrasta<br />

na Justiça. Com isso, os<br />

usuários da ferrovia viram<br />

surgir outra situação. Quando<br />

houve a publicação das<br />

resoluções sobre os diretos<br />

dos usuários, em 2011, a<br />

composição da receita da<br />

ALL era de 94% para o<br />

Respostas rápidas<br />

“Expectativa é por medidas estruturantes”, diz<br />

Miguel Tranin, presidente da Alcopar<br />

transporte e somente 6%<br />

para serviços acessórios, que<br />

são os referentes a transbordo,<br />

manobra e lavagem<br />

de vagões e outras operações.<br />

O presidente da Alcopar,<br />

Miguel Tranin, defende ainda<br />

respostas rápidas aos questionamentos<br />

feitos pelos usuários<br />

da ferrovia junto a<br />

ANTT. “As normas regulatórias<br />

hoje permitem prazos<br />

elásticos, com os processos se<br />

arrastando por anos, deixando<br />

os usuários reféns destes”.<br />

Já em 2014, do total arrecadado<br />

pela empresa, R$<br />

3,2 bilhões, 73% foi referente<br />

ao transporte ferroviário<br />

e 27% de receitas<br />

acessórias. “Isso mostra que<br />

o crescimento das receitas<br />

acessórias foi de 320%, ou<br />

4,2 vezes de 2011 a 2014,<br />

período em que a inflação<br />

acumulada somou apenas<br />

20%”, afirma Tranin.<br />

Para ele é preciso que as respostas<br />

sejam dadas em tempo<br />

mais curtos, adequados a realidade<br />

dos usuários, resolvendo<br />

os problemas dentro da<br />

safra. “A estrutura média das<br />

usinas é para um estoque de<br />

30 dias de produção nas unidades<br />

industriais. Passado<br />

isso, tem que escoar”, afirma.<br />

Cerca de 60% a 70% da produção<br />

brasileira atualmente é<br />

escoada por rodovias, 15% a<br />

25% por ferrovias e o restante<br />

por hidrovias e aviões, segundo<br />

dados da Federação da<br />

Agricultura do Estado do <strong>Paraná</strong><br />

(Faep). A mesma situação<br />

se repete no <strong>Paraná</strong>. Por<br />

conta disso e de toda a infraestrutura<br />

deficitária, o<br />

transporte é um dos componentes<br />

que mais pesa no custo<br />

de produção, tornando o<br />

Custo Brasil é um dos mais<br />

altos do mundo.<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2015</strong> - <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 15

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