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OPINIÃO<br />
Oportunidade com o Rota 2030<br />
Podemos eleger a eletrificação através do híbrido flex a etanol, criando um padrão mundial capaz<br />
de ser exportado para vários países<br />
PLINIO NASTARI (*)<br />
Está em avaliação pelo<br />
governo proposta de<br />
redução da alíquota do<br />
Imposto sobre Produtos<br />
Industrializados (IPI) sobre<br />
carros elétricos a bateria de<br />
25% para 7%. Este incentivo<br />
se somaria à já aplicada isenção<br />
do Imposto de Importação<br />
de 35%. A única justificativa<br />
possível é o modismo ou desejo<br />
de copiar o que é feito em<br />
outros países sem avaliar o<br />
impacto na economia e no<br />
meio ambiente.<br />
A proposta é um dos elementos<br />
do Rota2030, programa<br />
que deve substituir o Inovar-<br />
Auto, condenado na Organização<br />
Mundial do Comércio<br />
(OMC) por criar benefícios à<br />
indústria local.<br />
Se o critério for técnico devese<br />
reconhecer que o veículo<br />
atual utilizando combustível renovável<br />
é mais limpo do que o<br />
carro elétrico a bateria. Segundo<br />
a Associação Brasileira<br />
de Engenharia Automotiva<br />
(AEA),<br />
considerando a<br />
avaliação de<br />
ciclo de vida,<br />
um veículo leve<br />
convencional<br />
movido a<br />
etanol emite<br />
apenas 45 gramas<br />
(g) de<br />
CO 2 por km, e<br />
quando usa<br />
gasolina emite<br />
166 g.<br />
Considerando o mix de combustíveis<br />
no Brasil, a emissão<br />
média é de 129 g. O carro elétrico<br />
a bateria produzido na Europa<br />
emite 139 g. Portanto, o<br />
que o Brasil faz hoje com motores<br />
a combustão interna já é<br />
superior ao que a Europa e os<br />
EUA almejam alcançar com os<br />
carros elétricos a bateria.<br />
O recurso será muito melhor<br />
gasto se for oferecido para<br />
reduzir o consumo energético<br />
dos veículos que usam<br />
combustíveis renováveis<br />
De outro lado, há ganhos consideráveis<br />
ainda a serem implementados<br />
nos atuais veículos<br />
a combustão interna, e<br />
há a opção de incentivar os híbridos<br />
flex e os carros movidos<br />
a células combustível,<br />
que também são considerados<br />
elétricos e tem um consumo<br />
energético igualmente baixo. O<br />
híbrido flex usando etanol<br />
emite apenas 23 g, e a célula<br />
a combustível emite incríveis<br />
11 g.<br />
Fica claro que é preciso definir<br />
qual tipo de eletrificação o País<br />
almeja. Podemos eleger a eletrificação<br />
através do híbrido<br />
flex a etanol, criando um padrão<br />
mundial capaz de ser exportado<br />
para vários países.<br />
O carro elétrico a bateria depende<br />
de baterias fabricadas<br />
com lítio e cobalto, minerais<br />
escassos e de preços crescentes.<br />
O lítio é encontrado basicamente<br />
na China e no Chile,<br />
e já se discute limites de disponibilidade<br />
e a dependência<br />
sobre essas origens.<br />
O preço do cobalto<br />
mais do que dobrou<br />
em 2017<br />
para 75 mil<br />
US$ por tonelada,<br />
e se projeta<br />
que deva<br />
dobrar novamente<br />
nos próximos<br />
dois<br />
anos. Dois terços<br />
do cobalto<br />
são extraídos<br />
no Congo, onde<br />
a Anistia Internacional<br />
indica que milhares<br />
de crianças, algumas<br />
com 7 anos de idade, o extraem<br />
em condição de trabalho<br />
escravo e de risco.<br />
A bateria é cara, o seu descarte<br />
é poluente e sua vida útil<br />
é limitada, o que leva a um<br />
custo elevado de reposição,<br />
sendo por isso tecnologia a<br />
que poucos consumidores<br />
têm acesso. Além disso, depende<br />
de infraestrutura que<br />
não existe e precisa ser criada<br />
a alto custo.<br />
É exatamente para compensar<br />
esse custo que a redução do<br />
IPI é cogitada e a isenção do<br />
Imposto de Importação aplicada.<br />
Mas esses são incentivos<br />
na direção errada.<br />
O recurso será muito melhor<br />
gasto se for oferecido para reduzir<br />
o consumo energético<br />
dos veículos que usam combustíveis<br />
renováveis, para a<br />
promoção dos híbridos flex e,<br />
no futuro, da célula a combustível<br />
utilizando etanol, biodiesel<br />
e biometano. Já está<br />
instalada no Brasil a distribuição<br />
de etanol em quase 42<br />
mil postos de revenda, que<br />
equivalem a uma rede de<br />
energia solar disponibilizada<br />
na forma de líquido de alta<br />
densidade energética.<br />
O Congresso aprovou e o presidente<br />
Temer sancionou o<br />
RenovaBio, que tem como objetivo<br />
induzir ganhos de eficiência,<br />
e reconhecer a capacidade<br />
dos biocombustíveis<br />
reduzirem emissões de carbono.<br />
O Rota2030 é irmão<br />
siamês do RenovaBio, e pode<br />
criar um modelo de desenvolvimento<br />
que valorize a engenharia<br />
nacional.<br />
A indústria automotiva e a de<br />
combustíveis precisam de<br />
previsibilidade e estabilidade<br />
para realizar investimentos. A<br />
definição de uma visão integrada<br />
que valorize nossa capacitação<br />
nestes setores representa<br />
uma oportunidade<br />
histórica para o Brasil se consolidar<br />
como liderança ambiental<br />
e energética.<br />
(*) Ex-presidente do Conselho<br />
da Associação Brasileira<br />
de Engenharia Automotiva<br />
(AEA) e representante da sociedade<br />
civil no Conselho<br />
Nacional de Política Energética.<br />
2<br />
<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>
SAFRA <strong>2018</strong>/19<br />
Coopcana dá a largada<br />
No <strong>Paraná</strong>, a expectativa é repetir<br />
os números do período anterior,<br />
processando entre 36 a 37 milhões<br />
de toneladas de cana-de-açúcar<br />
MARLY AIRES<br />
Acolheita de cana-deaçúcar<br />
no <strong>Paraná</strong><br />
teve início no último<br />
dia 15 de fevereiro.<br />
A primeira usina a retomar as<br />
atividades foi a Coopcana, de<br />
Paraíso do Norte. A decisão<br />
da cooperativa de antecipar<br />
os trabalhos teve como objetivo<br />
aproveitar os preços<br />
atrativos de venda do etanol,<br />
estratégia que vem sendo<br />
adotada pela usina nos últimos<br />
anos.<br />
A perspectiva paranaense,<br />
entretanto, é que a maior<br />
parte das indústrias só esteja<br />
em operação na primeira<br />
quinzena de abril. Segundo o<br />
presidente da Alcopar, Miguel<br />
Tranin, as usinas paranaenses<br />
têm postergado a<br />
retomada da colheita nos últimos<br />
anos buscando corrigirem<br />
o ciclo do canavial,<br />
além da falta de cana bisada,<br />
que sobra de um ano para o<br />
outro no campo. Também,<br />
as chuvas mais intensas, um<br />
maior período de in-<br />
<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 3
SAFRA <strong>2018</strong>/19<br />
solação e as temperaturas<br />
mais altas aceleraram o<br />
crescimento da cana-de-açúcar,<br />
mas, diminuiu a concentração<br />
de açúcar neste momento.<br />
Para a safra <strong>2018</strong>/19, a expectativa,<br />
diz Tranin, é repetir<br />
os números da safra 2017/<br />
18 processando entre 36 a<br />
37 milhões de toneladas de<br />
cana-de-açúcar. O canavial<br />
continua envelhecido e o<br />
Mesmo estando ainda em entressafra<br />
no Centro Sul do<br />
país, no dia 16 de fevereiro,<br />
sete unidades estavam processando<br />
cana segundo a<br />
União da Indústria de Cana de<br />
Açúcar (Unica). Devido à boa<br />
oferta de cana bisada em<br />
parte da região, muitas usinas<br />
aproveitaram para começar<br />
mais cedo e os volumes de<br />
produção são relevantes para<br />
o período.<br />
As chuvas de final de ano fizeram<br />
com que muitas indústrias<br />
no Centro-Sul deixassem<br />
cana-de-açúcar no campo de<br />
um ano para o outro, volume<br />
estimado em 9 a 12 milhões/t,<br />
segundo as contas da Safras<br />
& Mercado. A oferta de etanol<br />
também está sendo reforçada<br />
pelas importações e pela produção<br />
de etanol a partir do<br />
milho.<br />
Com a demanda interna aquecida<br />
nos últimos meses (venda<br />
de etanol foi 8% maior na<br />
percentual de renovação<br />
ficou aquém do considerado<br />
ideal. Tranin comenta ainda<br />
que os canaviais paranaenses<br />
têm sofrido bastante<br />
com o avanço da mecanização<br />
da lavoura, prejudicando<br />
a produtividade. Mas,<br />
acredita que o problema<br />
deva ser resolvido assim que<br />
as antigas variedades forem<br />
sendo substituídas por outras<br />
mais adaptadas à mecanização<br />
e for usado os espaçamentos<br />
adequados,<br />
além da entrada de máquinas<br />
mais modernas com<br />
avanços tecnológicos.<br />
Em 2017, por conta do inverno<br />
mais seco, que acelerou<br />
a safra, os trabalhos encerraram<br />
mais cedo na maioria<br />
das usinas paranaenses,<br />
fechando o ano civil com o<br />
processamento de 36,483<br />
milhões de toneladas de cana-de-açúcar.<br />
Centro Sul começa mais cedo<br />
primeira quinzena de fevereiro<br />
ante igual período de 2017) e<br />
os preços favoráveis ao etanol<br />
na entressafra, respaldados<br />
pela alta do preço da gasolina<br />
nas bombas, o biocombustível<br />
tem oferecido às usinas melhor<br />
remuneração que o açúcar.<br />
Embora o mercado de etanol<br />
tenha se tornado mais atrativo<br />
para as usinas desde setembro,<br />
a tônica da safra 2017/18<br />
na região Centro-Sul ainda é<br />
Na Coopcana, as máquinas<br />
pararam dia 29 de novembro,<br />
possibilitando antecipar a manutenção.<br />
Foram industrializados<br />
na usina 3,16 milhões<br />
de toneladas de cana e produzidos<br />
132 mil toneladas de<br />
açúcar, 165,92 milhões de litros<br />
de etanol e 146.832 MW<br />
de energia elétrica fornecida à<br />
rede.<br />
Os investimentos feitos no<br />
plantio e cultivo, renovando<br />
mais açucareira porque as<br />
usinas começaram a temporada<br />
com alto volume de açúcar<br />
com preços já fixados. Por<br />
isso, a oferta brasileira de açúcar<br />
ainda foi elevada.<br />
Já com a perspectiva de uma<br />
safra mais "alcooleira" em<br />
<strong>2018</strong>/19, a expectativa dos<br />
executivos é de que o enxugamento<br />
da oferta brasileira de<br />
açúcar no mundo acabe sustentando<br />
os preços da commodity.<br />
os canaviais, além do clima<br />
favorável ao desenvolvimento<br />
da cultura, com bom volume<br />
de chuva e calor, levam a expectativa<br />
de que a safra<br />
<strong>2018</strong>/19 seja um pouco<br />
maior do que a do ano anterior<br />
na Coopcana. A usina<br />
tem trabalhado com a expectativa<br />
de colher 3,31 milhões<br />
de toneladas de cana e produzir<br />
135 mil toneladas de<br />
cana e 173 milhões de litros<br />
de etanol.<br />
Ainda é cedo para se concluir<br />
sobre alterações nos números<br />
estimados da safra <strong>2018</strong>/19,<br />
que por hora continuam, de<br />
acordo com a Unica, presos<br />
em 578 milhões de toneladas<br />
moídas, 31,5 milhões/t de açúcar<br />
- 41,7% da cana, o menor<br />
volume do alimento em três<br />
anos. Quanto ao etanol, análises<br />
medianas do mercado<br />
falam entre 27 a 30 bilhões de<br />
litros de etanol, sendo em torno<br />
de 17/18 bilhões de litros do<br />
combustível hidratado.<br />
4 <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>
INDÚSTRIA<br />
Santa Terezinha suspende<br />
atividades em Umuarama<br />
Plantio e tratos culturais das lavouras continuam e toda cana produzida<br />
será esmagada pela unidade de Ivaté, otimizando a indústria<br />
MARLY AIRES<br />
AUsina Santa Terezinha<br />
suspendeu as atividades<br />
de moagem de<br />
cana-de-açúcar de<br />
sua unidade em Umuarama -<br />
Costa Bioenergia, localizada no<br />
município com o mesmo nome,<br />
no <strong>Paraná</strong>. Com isso, já na<br />
safra <strong>2018</strong>/19, que começa<br />
em abril, a indústria deixa de<br />
operar. A retomada das operações<br />
está programada para<br />
2020.<br />
Neste período, toda a matériaprima<br />
disponível dessa unidade<br />
será processada na indústria<br />
da empresa localizada<br />
em Ivaté, que fica próxima,<br />
segundo informou a diretoria<br />
da Santa Terezinha.<br />
Também serão mantidos e<br />
respeitados os contratos junto<br />
aos parceiros da área agrícola.<br />
As atividades de plantio,<br />
tratos culturais e demais continuarão<br />
ocorrendo normalmente,<br />
já que o objetivo é reformar<br />
os canaviais para retomada<br />
da moagem no futuro.<br />
Aos colaboradores da unidade<br />
em Umuarama será oportunizado<br />
o remanejamento para<br />
as demais unidades, no sentido<br />
de minimizar, ao máximo,<br />
impactos econômicos e sociais.<br />
Segundo os diretores, em nota<br />
oficial, a medida foi tomada<br />
devido às bruscas alterações<br />
de mercado dos últimos anos,<br />
que têm afetado de diversas<br />
maneiras a produção de açúcar<br />
e etanol, se constituindo<br />
em uma das piores crises<br />
econômicas do setor sucroenergético<br />
dos últimos anos,<br />
que levou cerca de 80 unidades<br />
industriais em todo o Brasil<br />
a fecharem e que deixou<br />
outras tantas em sérias dificuldades<br />
econômicas.<br />
A unidade de Umuarama foi<br />
inaugurada em junho de<br />
2009, sendo concebida dentro<br />
do que há de mais moderno:<br />
é toda automatizada e<br />
eletrificada, além de adotar o<br />
conceito de empresa verde.<br />
Foi adquirida pela Santa Terezinha<br />
em 2013.<br />
A safra 2017/18 da unidade<br />
foi encerrada no final de novembro.<br />
A indústria gera mais<br />
de 900 empregos diretos.<br />
A Usina Santa Terezinha possui<br />
dez unidades produtivas<br />
no <strong>Paraná</strong> e uma no Mato<br />
Grosso do Sul, além do terminal<br />
logístico em Maringá e o<br />
terminal rodoferroviário em<br />
Paranaguá, sendo a sexta<br />
maior empresa do setor de<br />
açúcar e álcool do País e a<br />
maior do segmento açúcar e<br />
álcool do Sul do Brasil. Na<br />
safra 2017/18 também paralisou<br />
as atividades da unidade<br />
de São Tomé, transferindo<br />
toda a produção de cana-deaçúcar<br />
para as unidades de<br />
Tapejara e Rondon.<br />
Ainda é sócia da PASA – <strong>Paraná</strong><br />
Operações Portuárias,<br />
terminal de armazenagem e<br />
exportação de açúcar em Paranaguá;<br />
da CPA Armazéns<br />
Gerais, terminal de armazenagem<br />
e transbordo de líquidos<br />
e a granel, em Sarandi; da Álcool<br />
do <strong>Paraná</strong>, que administra<br />
o terminal público de exportação<br />
de etanol; e da<br />
CPLPAR, companhia constituída<br />
para construir o poliduto,<br />
visando escoar a produção de<br />
etanol do Estado até o Porto<br />
de Paranaguá, entre outros investimentos.<br />
A empresa conta com mais de<br />
16 mil colaboradores nos setores<br />
agrícola, industrial e administrativo.<br />
Na safra 2016/<br />
17, a usina esmagou cerca de<br />
18,1 milhões de toneladas de<br />
cana, produzindo 1,78 milhão<br />
de toneladas de açúcar - na<br />
sua totalidade destinadas à<br />
exportação -, 430 milhões de<br />
litros de etanol e 703 megawatts/hora<br />
de bioeletricidade,<br />
para consumo interno e comercialização<br />
na rede de<br />
transmissão de energia elétrica.<br />
<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 5
RENOVABIO<br />
O que vem por aí<br />
A ideia é que traga previsibilidade de como o setor vai se comportar ao longo dos<br />
próximos anos. Metas devem modular o grau de incentivo aos investimentos no período<br />
DA EQUIPE DE REDAÇÃO<br />
Oobjetivo da Política<br />
Nacional de Biocombustíveis<br />
(RenovaBio),<br />
sancionada<br />
em dezembro do ano passado<br />
pelo presidente Michel<br />
Temer, é bem claro: impulsionar<br />
o uso de combustíveis renováveis<br />
e ajudar na redução<br />
de emissões de gases do<br />
efeito estufa.<br />
E o setor de biocombustíveis<br />
aguarda a sua implementação<br />
como parte do processo de<br />
recuperação econômica do<br />
setor. A ideia é que o Renova-<br />
Bio traga previsibilidade de<br />
como o setor vai se comportar<br />
ao longo dos próximos<br />
anos e o setor privado está<br />
atento à definição das metas,<br />
que devem modular o grau de<br />
incentivo aos investimentos<br />
no período.<br />
Os efeitos positivos de sua<br />
implementação, entretanto,<br />
ainda devem demorar, acredita<br />
Miguel Tranin, presidente<br />
da Alcopar. O programa só<br />
começa a funcionar em 2020.<br />
“Há várias etapas a serem<br />
vencidas ainda”, diz.<br />
Com a publicação da minuta<br />
(que é o primeiro passo) com<br />
o modelo de governança do<br />
RenovaBio pelo governo federal,<br />
inicia-se a discussão junto<br />
à sociedade, com o parte do<br />
processo de regulamentação<br />
do programa do setor de biocombustíveis,<br />
conforme divulgado<br />
pelo Ministério de<br />
Minas e Energia.<br />
A partir da sanção foi definido<br />
um prazo de 180 dias para<br />
definições de metas nacionais<br />
de descarbonização e outros<br />
objetivos - como estabelecer<br />
o papel de ministérios, governo,<br />
setor de biocombustíveis,<br />
mercado de capitais e<br />
outros -, no funcionamento<br />
do programa.<br />
A definição das metas nacionais<br />
caberá ao Conselho Nacional<br />
de Política Energética<br />
(CNPE) e ao Comitê de Monitoramento<br />
de Mudanças Climáticas,<br />
afirmou Aurélio<br />
Amaral, diretor da Agência Nacional<br />
do Petróleo, Gás Natural<br />
e Biocombustíveis (ANP).<br />
As metas individuais, desdobradas<br />
a partir das metas nacionais,<br />
e que serão atribuídas<br />
a cada uma das mais de 230<br />
distribuidoras, só serão definidas<br />
pela Agência Nacional<br />
de Petróleo, Gás Natural e<br />
Biocombustíveis (ANP) em<br />
2019, segundo Amaral. A definição<br />
dessas metas deve<br />
levar em consideração fatores<br />
como a participação de mercado<br />
das empresas e os<br />
dados de movimentação de<br />
combustíveis.<br />
A agência já está se organizando<br />
para a regulamentação<br />
do RenovaBio. Neste semestre,<br />
a ANP pretende editar<br />
O prazo oficial para publicação<br />
do decreto com as<br />
discussões vai até 24 de<br />
junho, mas a expectativa,<br />
segundo Márcio Félix, secretário<br />
de Petróleo, Gás e<br />
Combustíveis Renováveis<br />
Desdobramento<br />
uma resolução que conterá os<br />
requisitos para o credenciamento<br />
das firmas inspetoras<br />
responsáveis pela certificação<br />
dos produtores de biocombustíveis,<br />
que emitirão os certificados<br />
de biocombustíveis<br />
(CBios).<br />
Uma segunda resolução, prevista<br />
para ser editada no segundo<br />
semestre, conterá as<br />
regras de comercialização dos<br />
CBios que serão atribuídos<br />
aos produtores de biocombustíveis<br />
pelas firmas e adquiridos<br />
pelos distribuidores de<br />
combustíveis para que elas alcancem<br />
as metas de emissão<br />
de gases de efeito estufa.<br />
do Ministério de Minas e<br />
Energia (MME), é que tudo<br />
fique pronto antes disso,<br />
porque o decreto é necessário<br />
para a criação das<br />
metas de descarbonização.<br />
O RenovaBio vai ao encontro<br />
do Acordo do Clima de<br />
Paris, que vale a partir de<br />
2020 e pelo qual o Brasil se<br />
comprometeu a cortar as<br />
emissões de gases causadores<br />
do efeito estufa em<br />
43% até 2030, tendo por<br />
base os volumes de 2005.<br />
Pelas estimativas do próprio<br />
governo, o programa<br />
pode gerar investimentos<br />
de 1,4 trilhão de reais e<br />
economia de 300 bilhões<br />
de litros em gasolina e diesel<br />
importados até 2030 -<br />
os derivados de petróleo<br />
seriam substituídos pelo<br />
combustível renovável produzido<br />
localmente.<br />
6<br />
<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>
PERSPECTIVAS<br />
É hora de estruturar para crescer<br />
Para Marcos Fava Neves, é preciso trabalhar alguns pontos da cadeia<br />
produtiva de cana e aproveitar o RenovaBio para ter sustentabilidade<br />
Com o RenovaBio, o<br />
PIB da cadeia produtiva<br />
do setor sucroenergético<br />
pode<br />
saltar dos atuais US$ 44 bilhões<br />
para US$ 74 bilhões<br />
em 2030, criando muitas<br />
oportunidades e transformando<br />
o Brasil numa das<br />
matrizes energéticas mais<br />
limpas do mundo, afirmou<br />
Marcos Fava Neves, professor<br />
de Planejamento na Faculdade<br />
de Economia, Administração<br />
e Contabilidade<br />
da Universidade de São Paulo<br />
(FEA/USP), campus de Ribeirão<br />
Preto, com base em<br />
estudo que conduziu para a<br />
Confederação Nacional da<br />
Indústria.<br />
No evento de fechamento<br />
dos quatro anos do projeto<br />
Caminhos da Cana, Marcos<br />
disse que o momento é de<br />
aproveitar a estratégia para<br />
voltar a crescer sustentavelmente.<br />
“É hora de estruturarmos<br />
as trilhas de crescimento<br />
do setor com os<br />
incentivos que virão sem repetir<br />
os erros de outros ciclos<br />
de crescimento”. E<br />
sugeriu alguns pontos de trabalho<br />
que deveriam movimentar<br />
a cadeia produtiva<br />
em <strong>2018</strong>.<br />
Entre eles está gestão por<br />
metro quadrado do canavial,<br />
aumentando a eficiência e<br />
matando o conceito de hectare,<br />
além da inovação de insumos<br />
usados na produção,<br />
do ferramental tecnológico e<br />
de digitalização. Enquanto<br />
outras culturas do agro tiveram<br />
grandes saltos de produtividade,<br />
a de cana continua<br />
a mesma dos últimos 15<br />
anos, citou.<br />
Organizar e integrar<br />
Fortalecer as organizações do<br />
setor é outro ponto considerado<br />
fundamental por Marcos<br />
Fava Neves, assim como<br />
criar a "mesa da cana", onde<br />
agentes de todos os elos da<br />
cadeia sentam periodicamente<br />
para discutir estratégias,<br />
estar atento aos problemas<br />
e ter força política lutando<br />
pelos pontos de convergência.<br />
Da mesma forma,<br />
é preciso integrar a pesquisa<br />
pública e privada, reduzindo<br />
as redundâncias e com foco<br />
em resultados, acrescentou.<br />
Entre várias outras sugestões,<br />
Marcos ainda citou a<br />
necessidade de fortalecer<br />
ainda mais a imagem de sustentabilidade<br />
da cana. “Apesar<br />
dos esforços todos, a comunicação<br />
do setor ainda deixa<br />
a desejar. Toda a carga geradora<br />
de empregos, impostos,<br />
inclusão econômica e social<br />
e todos os benefícios ambientais<br />
da cana ainda são pouco<br />
conhecidos pelos consumidores<br />
finais. É necessário<br />
usar mecanismos criativos<br />
das mídias digitais para inserir<br />
o conhecimento dos benefícios<br />
da cana na sociedade<br />
brasileira”, ressaltou.<br />
Professor diz que há ganhos ao associar cana com outras atividades<br />
Outro ponto defendido pelo<br />
professor é a gestão pela<br />
economia do compartilhamento<br />
de ativos e o melhor<br />
uso destes, seguindo a revolução<br />
ocorrida no ambiente<br />
de negócios. “Estas tecnologias<br />
rapidamente chegam à<br />
agricultura e com a aprovação<br />
da lei da terceirização no<br />
Brasil, temos grandes oportunidades<br />
para mudar já em<br />
<strong>2018</strong> as formas de fazer negócios,<br />
priorizando empresas<br />
especializadas em atividades<br />
produtivas diminuindo<br />
os ativos, reduzindo ociosidades<br />
e ganhando eficiência”,<br />
afirmou.<br />
Para Marcos, o mundo caminha<br />
para valorizar cada<br />
vez mais a economia circular,<br />
sustentável, em nível individual<br />
ou regional. “Existem<br />
grandes ganhos ao integrar<br />
a cana com outras atividades,<br />
como amendoim,<br />
soja, confinamento, aves e<br />
suínos, onde os resíduos de<br />
uma tornam-se insumos de<br />
outra, melhorando os resultados<br />
da região”.<br />
O professor também destacou<br />
que existe um grande<br />
espaço nas usinas para melhoria<br />
de processos e de<br />
equipamentos, entre outros,<br />
visando maior eficiência industrial<br />
e aproveitamento total<br />
dos produtos. Uma tese<br />
de doutorado na FEARP/USP<br />
analisou 33 usinas em cinco<br />
safras e mostrou que se as<br />
outras 32 tivessem o desempenho<br />
da melhor, teriam<br />
sido gerados R$ 2,6 bilhões<br />
a mais em produtos.<br />
<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 7
DOCE EQUILÍBRIO<br />
Taxação de bebidas açucaradas é<br />
ineficaz no combate à obesidade<br />
Cogitada como uma ação que pode melhorar a dieta da população, a medida<br />
não tem efetividade comprovada e pode até provocar um efeito reverso<br />
Aideia de taxar bebidas<br />
açucaradas<br />
tem ganhado espaço<br />
no Brasil. A<br />
proposta, apoiada na crença<br />
de que o açúcar está<br />
entre os principais responsáveis<br />
pelo aumento de<br />
peso em crianças e adultos,<br />
tem como argumento<br />
de defesa a melhora da<br />
dieta dos brasileiros e a diminuição<br />
do potencial risco<br />
de obesidade, problema<br />
que já atinge um em cada<br />
cinco brasileiros.<br />
A taxação, reivindicada por<br />
alguns como uma forma de<br />
incentivar a escolha de alimentos<br />
considerados mais<br />
saudáveis, aumentaria o<br />
preço de um produto com<br />
açúcar, inibindo a sua compra<br />
e, consequentemente,<br />
o consumo. Assim, os brasileiros<br />
ingeririam menos<br />
calorias por dia, o que, em<br />
tese, reduziria os alarmantes<br />
índices de doenças como<br />
a obesidade.<br />
Este efeito, porém, não foi<br />
observado em países que<br />
implementaram a legislação,<br />
provando que a medida<br />
não tem eficácia comprovada<br />
nesse quesito. Na<br />
verdade, o total de calorias<br />
ingeridas pareceu não mudar<br />
significativamente.<br />
Na Dinamarca, o chamado<br />
“imposto da gordura” foi<br />
revogado após um ano de<br />
duração, em 2011. Durante<br />
o período, 80% da população<br />
não mudaram seus hábitos<br />
de consumo e muitos<br />
Entenda a obesidade<br />
O conceito de obesidade é<br />
comumente definido como<br />
alimentação desequilibrada e<br />
excessiva. Aliada ao sedentarismo,<br />
gera desproporção entre<br />
a ingestão de calorias e<br />
seu gasto. Mas, além disso, o<br />
excesso de peso resulta de<br />
vários outros fatores: condições<br />
genéticas, endócrinas,<br />
estresse, problemas de sono<br />
e outros.<br />
A doença também é causada<br />
migraram para produtos<br />
mais baratos. Em casos<br />
extremos, parte dos consumidores<br />
passou a fazer<br />
compras nos países vizinhos.<br />
Em 2014, o México colocou<br />
a taxação em prática<br />
aumentando em 10% o<br />
valor dos gordurosos e<br />
açucarados. Nos primeiros<br />
anos, verificou-se uma leve<br />
queda nas vendas. Com o<br />
passar do tempo, entretanto,<br />
veio o efeito reverso:<br />
a procura por refrigerantes<br />
voltou a crescer e, embora<br />
o consumo diário de calorias<br />
tenha diminuído, em<br />
dois anos a média do Índice<br />
de Massa Corporal<br />
(IMC) da população continuou<br />
a aumentar.<br />
por particularidades comportamentais<br />
da cultura moderna.<br />
Segundo a nutricionista<br />
Marcia Daskal, o ritmo acelerado<br />
das grandes metrópoles<br />
tem relação direta com a alimentação.<br />
“Com pouco tempo<br />
para a refeição, a tendência<br />
é se alimentar fora de<br />
casa, já que é a opção mais<br />
rápida. Por consequência, o<br />
ato de comer se tornou um<br />
momento de pouca ou nenhuma<br />
atenção aos sinais do<br />
Nos países que<br />
implementaram a<br />
legislação, a<br />
medida não<br />
teve eficácia<br />
corpo, como o da saciedade”,<br />
comenta.<br />
Além disso, para o cardiologista<br />
e nutrólogo do Instituto<br />
Dante Pazzanese, Daniel Magnoni,<br />
a obesidade não<br />
8 <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>
está relacionada a um<br />
ingrediente específico. “O<br />
problema é profundo e as autoridades<br />
e profissionais de<br />
saúde devem entender que<br />
ações de educação não acontecem<br />
no curto prazo”.<br />
Hoje, visando um impacto<br />
imediato no balanço calórico,<br />
a população caminha para um<br />
estilo de vida insustentável,<br />
cortando alimentos considerados<br />
‘vilões’ sem pensar em<br />
uma mudança comportamental<br />
como um todo. Isto é muito<br />
sério”, destaca o médico.<br />
Segundo dados divulgados<br />
pelo último Vigitel, pesquisa<br />
realizada anualmente pelo Ministério<br />
da Saúde, já houve<br />
uma redução de 14% no consumo<br />
de refrigerantes e sucos<br />
artificiais em dez anos, resultado<br />
dos debates realizados<br />
na sociedade civil brasileira<br />
sobre qualidade de vida e<br />
como se alimentar melhor.<br />
Porém, nota-se que a população<br />
com sobrepeso continua<br />
a crescer no País.<br />
Impacto na escolha?<br />
“Isto mostra que a necessidade<br />
de mudar hábitos alimentares<br />
se dá por meio da<br />
educação nutricional. Ainda<br />
existe uma falta de conhecimento<br />
sobre escolhas conscientes<br />
que façam sentido<br />
dentro de cada estilo de vida,<br />
contemplando também a prática<br />
de atividades físicas”, comenta<br />
Marcia.<br />
Prática de<br />
atividades físicas<br />
é uma mudança<br />
de hábito<br />
fundamental<br />
Além de não estabelecer uma<br />
relação direta entre o preço<br />
do produto e a redução nos<br />
índices de obesidade, a taxação<br />
de bebidas açucaradas<br />
demonstra ser um caminho<br />
incerto para a melhora da<br />
saúde dos brasileiros, já que<br />
nenhuma solução isolada é<br />
eficaz a ponto de resolver a<br />
obesidade.<br />
Frente a isso, os especialistas<br />
concordam sobre a importância<br />
da implementação de medidas<br />
públicas que impulsionem<br />
uma mudança efetiva<br />
para hábitos mais saudáveis,<br />
levando em conta trabalhar a<br />
reeducação alimentar nas escolas<br />
e nos programas de<br />
saúde, além de combater o<br />
sedentarismo, reintegrando o<br />
cidadão no espaço urbano.<br />
Outra proposta que contribuiria<br />
para mudar o cenário atual<br />
é a orientação de profissionais<br />
da saúde e da educação<br />
sobre como repassar à sociedade<br />
informações valiosas<br />
para uma alimentação equilibrada,<br />
variada e, sobretudo,<br />
saudável.<br />
“São necessárias boas políticas<br />
de saúde pública, munindo<br />
os brasileiros de informação<br />
para que façam sozinhos<br />
as escolhas condizentes<br />
com o estilo de vida. É<br />
preciso lembrar que não<br />
existe nenhum alimento ‘vilão’<br />
ou proibido. Não basta taxar<br />
um ingrediente ou discriminálo,<br />
mas sim ampliar o debate<br />
para incluir quantidades adequadas<br />
e o seu consumo<br />
consciente”, aponta o cardiologista<br />
e nutrólogo do Instituto<br />
Dante Pazzanese, Daniel Magnoni.<br />
Conclusão dos especialistas:<br />
é preciso incentivar uma dieta<br />
balanceada, combinada com<br />
exercícios físicos e acompanhamento<br />
de outros fatores<br />
que podem influenciar altos<br />
índices de obesidade. Não<br />
basta, portanto, simplesmente<br />
excluir um ingrediente da<br />
sua dieta ou punir as pessoas<br />
que consomem alimentos<br />
com açúcar. O que importa é<br />
a forma e a quantidade com<br />
que cada ingrediente é consumido<br />
dentro do contexto cultural<br />
e social de cada brasileiro.<br />
Não existe nenhum alimento ‘vilão’ ou proibido,<br />
mas é preciso incentivar uma dieta balanceada<br />
<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 9
DOIS<br />
PONTOS<br />
Kits flex-fuel<br />
O kit que possibilita o uso de combustíveis com até 85%<br />
de etanol em carros a gasolina, aprovado recentemente<br />
na França, fará a demanda interna de etanol disparar no<br />
próximo ano, declararam produtores locais. Atualmente,<br />
o país consome em torno de 800 milhões de litros anuais<br />
de etanol, a maior parte derivada de beterraba-açucareira<br />
e grãos. O consumo deve aumentar em 22,5 milhões de<br />
litros.<br />
As importações de diesel do<br />
Brasil cresceram 63,6% em<br />
2017 ante o ano anterior para<br />
um recorde desde os<br />
anos 2000, em um ano marcado<br />
pela perda de participação<br />
de mercado da Petrobras,<br />
apontaram dados<br />
oficiais. As compras externas<br />
do combustível fóssil -<br />
que é o mais consumido no<br />
Diesel<br />
Brasil - somaram 81,486<br />
milhões de barris, segundo a<br />
Agência Nacional do Petróleo,<br />
Gás Natural e Biocombustíveis.<br />
As importações de<br />
gasolina A, no ano passado,<br />
por sua vez, cresceram<br />
53,4% ante 2016, para cerca<br />
de 28,232 milhões de barris,<br />
também uma máxima desde<br />
pelo menos os anos 2000.<br />
Menos açúcar<br />
As usinas do Centro-Sul do<br />
Brasil devem produzir 10%<br />
menos açúcar na safra <strong>2018</strong>/<br />
19, 42,4% da oferta de cana,<br />
em meio a preços pouco atrativos<br />
para o adoçante e estímulos<br />
à fabricação de etanol,<br />
projetou a INTL FCStone. Isso<br />
resultará em produção de<br />
32,4 milhões de toneladas.<br />
Enquanto os preços de gasolina<br />
mais elevados e o sistema<br />
de cotas e tributação<br />
sobre etanol importado dos<br />
Estados Unidos oferecem<br />
perspectivas positivas para os<br />
preços do biocombustível no<br />
Brasil, as cotações internacionais<br />
do açúcar bruto na<br />
Bolsa de Nova York têm oscilado<br />
próximo das mínimas<br />
dos últimos anos frente à<br />
perspectiva de superávit global<br />
do adoçante neste ano. A<br />
consultoria prevê que a produção<br />
total de etanol na região<br />
alcance 27,1 bilhões de<br />
litros, alta de 5,2%, sendo<br />
16,4 bilhões de hidratado e<br />
10,7 bilhões de anidro.<br />
Uma pesquisa da Associação<br />
Brasileira de Marketing Rural e<br />
Agronegócio, que antecipa o<br />
Censo Rural do IBGE mostra<br />
que a participação de mulheres<br />
na administração de propriedades<br />
rurais no Brasil passou<br />
de 10%, em 2013, para<br />
30% no ano passado. Uma em<br />
cada três propriedades rurais<br />
do País tem mulheres ocupando<br />
funções de comando –<br />
há cinco anos, eram 10%.<br />
China<br />
Mulheres<br />
Quando não são as principais<br />
responsáveis pelas propriedades,<br />
elas atuam como administradoras,<br />
dividem as atividades<br />
com um familiar ou estão<br />
sendo preparadas para assumir<br />
essas funções. Com o<br />
aumento do uso da tecnologia<br />
no campo, a força física deixou<br />
de ser uma barreira para<br />
muitas atividades. Elas também<br />
estão se preparando mais<br />
para assumir as funções. Uma<br />
A China, maior importador<br />
de açúcar do mundo, comprou<br />
2,29 milhões de toneladas da<br />
commodity em 2017, queda de<br />
25,2% em relação ao ano anterior<br />
e o menor volume desde<br />
2010. O recuo ocorreu na esteira<br />
de medidas adotadas por<br />
Pequim para proteger produtores<br />
locais de açúcar. Pequenos<br />
produtores de açúcar na América<br />
do Sul e no Sudeste Asiático<br />
aumentaram suas vendas<br />
à China em 2017, aproveitando-se<br />
de altas taxas aplicadas<br />
sobre importações brasileiras e<br />
tailandesas. O Brasil, o maior<br />
produtor e exportador de açúcar<br />
do mundo, não vendeu<br />
açúcar para a China em dezembro<br />
e exportou apenas<br />
790,37 mil toneladas em todo<br />
o ano de 2017, queda de<br />
60,3% em relação a 2016.<br />
Europa<br />
Quatro meses depois de ter<br />
suprimido seu regime de<br />
cotas de produção de açúcar<br />
e garantia de preços ao produtor,<br />
a União Europeia já<br />
prevê que vai importar menos<br />
e exportar bem mais a<br />
commodity do que sinalizavam<br />
suas estimativas iniciais.<br />
Estimativas preliminares<br />
apontam para 2,8 milhões de<br />
toneladas, ante 1,5 milhão de<br />
em cada quatro mulheres tem<br />
formação superior. Entre os<br />
homens, um em cada cinco.<br />
Também, a faixa etária média<br />
dos produtores rurais caiu<br />
entre 2013 e 2017. No ano<br />
passado, os agricultores e pecuaristas<br />
tinham, em média,<br />
46,5 anos. Em 2013, essa<br />
média era de 48 anos. É uma<br />
indicação de que os filhos de<br />
produtores estão permanecendo<br />
no campo.<br />
Índia<br />
A produção de açúcar na<br />
Índia deve crescer 33% no<br />
ano comercial 2017/18<br />
ante o ciclo anterior, para<br />
27 milhões de toneladas,<br />
dando ao segundo maior<br />
produtor mundial oferta<br />
suficiente para exportações.<br />
O país asiático deve<br />
consumir cerca de 25,75<br />
milhões de toneladas em<br />
2017/18.<br />
toneladas em anos anteriores.<br />
A expectativa é que a<br />
produção europeia de açúcar<br />
alcance 20,5 milhões de toneladas<br />
em <strong>2018</strong>, ante 16,8<br />
milhões no ano passado.<br />
10 <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>
O Brasil utiliza apenas 7,6%<br />
de seu território com lavouras,<br />
somando 63.994.479 hectares.<br />
Estudo da agência espacial<br />
dos Estados Unidos<br />
NASA confirma os números<br />
da Embrapa. O estudo da<br />
NASA demonstra que o Brasil<br />
protege e preserva a vegetação<br />
nativa em mais de 66%<br />
de seu território e cultiva apenas<br />
7,6% das terras. A Dinamarca<br />
cultiva 76,8%, dez vezes<br />
mais que o Brasil; a Irlanda,<br />
74,7%; os Países Baixos,<br />
66,2%; o Reino Unido<br />
63,9%; a Alemanha 56,9%. A<br />
Carinata<br />
Um novo produto está sendo<br />
estudado nos Estados Unidos<br />
para contribuir com o<br />
mercado de biocombustíveis:<br />
a chamada Carinata,<br />
uma oleaginosa produzida<br />
no inverno, parecida com a<br />
canola, que pode ser utilizada<br />
para produzir um biocombustível<br />
de alta qualidade<br />
e rações para gado.<br />
Tailândia<br />
Área<br />
Foto Valter Cunha<br />
área da Terra ocupada por lavouras<br />
é de 1,87 bilhão de<br />
hectares. A população mundial<br />
atingiu 7,6 bilhões em outubro<br />
passado, resultando que<br />
cada hectare, em média, alimentaria<br />
4 pessoas. Na realidade,<br />
a produtividade por<br />
hectare varia muito, assim<br />
como o tipo e a qualidade dos<br />
cultivos. A maior parte dos<br />
países utiliza entre 20% e 30%<br />
do território com agricultura.<br />
Os da União Europeia usam<br />
entre 45% e 65%. Os Estados<br />
Unidos, 18,3%; a China,<br />
17,7%; e a Índia, 60,5%.<br />
Máquinas agrícolas<br />
O faturamento da indústria<br />
de máquinas e implementos<br />
agrícolas alcançou R$ 13,5<br />
bilhões em 2017, incluindo<br />
vendas para o mercado interno<br />
e externo. Este montante<br />
é 7,2% superior em<br />
relação ao apurado em<br />
2016, conforme nota da Associação<br />
Brasileira da Indústria<br />
de Máquinas e Equipamentos.<br />
A receita das exportações<br />
do setor cresceu<br />
84,5% no período, para R$<br />
923,5 milhões, ante R$<br />
500,5 milhões ao fim de<br />
2016. As importações de<br />
máquinas para agricultura<br />
também aumentaram. O<br />
valor importado superou em<br />
10,6% o de 2016 e alcançou<br />
R$ 312,8 milhões.<br />
Selo<br />
No mapa, são 27 os estados<br />
do Brasil, considerando<br />
o Distrito Federal. Mas uma<br />
região nas fronteiras dos<br />
estados do <strong>Paraná</strong>, Mato<br />
Grosso do Sul, São Paulo,<br />
Minas Gerais e Goiás ganhou<br />
o status de “28º estado<br />
informal”. Surgido a<br />
partir do avanço da cultura<br />
de cana nas últimas décadas,<br />
esse novo “estado”<br />
tem 250 municípios e cinco<br />
milhões de trabalhadores.<br />
Tem dinâmica, leis e orçamento<br />
próprios, além de influência<br />
econômica e política,<br />
que garantem ao Brasil<br />
Pesquisa<br />
Uma equipe formada por pesquisadores<br />
do Brasil, Reino<br />
Unido e Estados Unidos identificou<br />
um gene envolvido na<br />
dureza das paredes celulares<br />
de vegetais. A supressão desse<br />
gene aumentou a liberação<br />
de açúcares em até 60%. Segundo<br />
os pesquisadores, para<br />
a produção de etanol de segunda<br />
geração, feito a partir<br />
da biomassa vegetal, a descoberta<br />
trata-se de um<br />
avanço importante que permitirá<br />
o desenvolvimento de<br />
plantas com paredes celulares<br />
mais fáceis de serem quebradas,<br />
aumentando a eficiência<br />
na produção do combustível.<br />
‘28º Estado’<br />
o posto de maior produtor<br />
de cana do mundo. Esta é a<br />
conclusão do pesquisador<br />
Ângelo Cavalcante, doutorando<br />
pelo Programa de<br />
Pós-Graduação em Geografia<br />
Humana da Faculdade<br />
de Filosofia, Letras e Ciências<br />
Humanas da USP. Segundo<br />
ele, trata-se de um<br />
“estado autônomo”, que,<br />
com a produção de energia<br />
elétrica, biomassa, etanol e<br />
açúcar, movimenta mais de<br />
R$ 100 bilhões ao ano. Região<br />
responde por mais de<br />
80% da produção canavieira<br />
do país.<br />
A Tailândia deve produzir recordes de cana e de açúcar na<br />
safra 2017/18, em meio a condições climáticas favoráveis<br />
no país, devendo ficar entre 11 milhões e 12 milhões de toneladas.<br />
Nos últimos dois anos, o segundo maior exportador<br />
global de açúcar sofreu com a pior seca em duas<br />
décadas, seguida de fortes chuvas que interromperam os<br />
trabalhos agrícolas em algumas regiões. O recorde anterior<br />
foi de 105 milhões de toneladas em 2014/15.<br />
Disputa<br />
O governo militar da Tailândia<br />
eliminou o controle dos preços<br />
domésticos do açúcar e<br />
da administração de vendas<br />
como parte de uma revisão<br />
regulamentar para evitar uma<br />
disputa comercial com o Brasil.<br />
Os movimentos foram delineados<br />
em uma série de<br />
documentos do governo. A<br />
partir de agora, os preços do<br />
açúcar se moverão de acordo<br />
com os preços do mercado.<br />
A Tailândia fornecia<br />
subsídios domésticos de 160<br />
bahts (5 dólares) por tonelada<br />
aos produtores de cana,<br />
estabelecia preços domésticos<br />
de açúcar entre 19 a<br />
22,50 bahts (0,6 a 0,7 dólar)<br />
por quilo e atribuía uma certa<br />
quantidade de açúcar para<br />
consumo doméstico enquanto<br />
exportava o resto.<br />
No início de ano, 60 usinas<br />
sucroenergéticas que produzem<br />
energia elétrica renovável<br />
e sustentável para o consumo<br />
próprio e para o Sistema<br />
Interligado Nacional<br />
passou a deter o Certificado<br />
Energia Verde, emitido pelo<br />
Programa de Certificação de<br />
Bioeletricidade. A iniciativa,<br />
lançada em 2015 pela Unica<br />
em cooperação com a Câmara<br />
de Comercialização de<br />
Energia Elétrica, tem o apoio<br />
A indústria de agrotóxicos está<br />
preocupada com a escassez<br />
de matéria-prima para a produção<br />
dos defensivos agrícolas.<br />
O cenário de oferta apertada<br />
decorre do endurecimento das<br />
Defensivos<br />
leis ambientais na China, maior<br />
produtora de matérias-primas<br />
para a indústria química, o que<br />
provoca o fechamento de fábricas<br />
e o aumento dos preços de<br />
princípios ativos nas indústrias<br />
da Associação Brasileira dos<br />
Comercializadores de Energia.<br />
O selo é a primeira certificação<br />
no Brasil focada na<br />
energia produzida a partir da<br />
cana.<br />
remanescentes. Diante disso, a<br />
expectativa de analistas é que<br />
os defensivos tenham aumento<br />
de no mínimo 30% este ano. O<br />
maior temor hoje é que haja<br />
falta de produtos.<br />
<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 11
APRENDIZES<br />
Santa Terezinha forma novas turmas<br />
O programa investe na formação<br />
cidadã e profissional e é realizado<br />
na empresa em parceria com o<br />
Senar desde 2010<br />
ASSESSORIA DE<br />
COMUNICAÇÃO<br />
Em 2017, a Usina<br />
Santa Terezinha investiu<br />
em doze turmas<br />
do Programa<br />
AAJ (Aprendizagem de Adolescentes<br />
e Jovens) em nove<br />
unidades da empresa, contribuindo<br />
com o desenvolvimento<br />
de habilidades aliado<br />
ao universo corporativo.<br />
O programa tem como propósito<br />
oportunizar o ingresso<br />
do jovem no mercado de<br />
trabalho e foi implantado pela<br />
primeira vez no <strong>Paraná</strong> na<br />
Usina Santa Terezinha - Unidade<br />
Ivaté, ainda em 2010.<br />
Desde então, tem multiplicado<br />
em muitas cidades do<br />
estado.<br />
Durante a qualificação, os<br />
aprendizes ainda têm a<br />
chance de desenvolver talentos,<br />
participar da rotina da<br />
Usina Santa Terezinha e adquirir<br />
conhecimentos que<br />
fazem a diferença no futuro<br />
pessoal e profissional. As<br />
unidades da Usina Santa Terezinha<br />
oferecem o AAJ para<br />
a formação em Mecânica de<br />
Manutenção de Tratores, realizado<br />
em parceria com o<br />
Senar (Serviço Nacional de<br />
Aprendizagem Rural) do <strong>Paraná</strong>.<br />
O programa é composto por<br />
três segmentos: Núcleo Básico<br />
- Desenvolvimento Comportamental,<br />
Núcleo Específico<br />
- Mecânica de Tratores e<br />
Prática profissional - Oficina<br />
Agrícola.<br />
Ao final do curso, que tem<br />
duração de um ano, os<br />
aprendizes recebem o certificado<br />
de conclusão em um<br />
evento de formatura e celebram<br />
a conquista ao lado de<br />
instrutores do Senar, familiares,<br />
colaboradores da usina<br />
e demais representantes de<br />
instituições parceiras.<br />
Realizado durante a semana,<br />
em período de contra turno<br />
escolar o AAJ atende jovens<br />
de 14 a 24 anos que estejam<br />
matriculados ou tenham<br />
concluído os ensinos fundamental<br />
e médio de forma regular.<br />
As aulas, que aliam<br />
teoria e prática, permitem a<br />
vivência do jovem no dia-adia<br />
do mundo profissional.<br />
12 <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>