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Jornal Paraná Março 2018

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OPINIÃO<br />

Oportunidade com o Rota 2030<br />

Podemos eleger a eletrificação através do híbrido flex a etanol, criando um padrão mundial capaz<br />

de ser exportado para vários países<br />

PLINIO NASTARI (*)<br />

Está em avaliação pelo<br />

governo proposta de<br />

redução da alíquota do<br />

Imposto sobre Produtos<br />

Industrializados (IPI) sobre<br />

carros elétricos a bateria de<br />

25% para 7%. Este incentivo<br />

se somaria à já aplicada isenção<br />

do Imposto de Importação<br />

de 35%. A única justificativa<br />

possível é o modismo ou desejo<br />

de copiar o que é feito em<br />

outros países sem avaliar o<br />

impacto na economia e no<br />

meio ambiente.<br />

A proposta é um dos elementos<br />

do Rota2030, programa<br />

que deve substituir o Inovar-<br />

Auto, condenado na Organização<br />

Mundial do Comércio<br />

(OMC) por criar benefícios à<br />

indústria local.<br />

Se o critério for técnico devese<br />

reconhecer que o veículo<br />

atual utilizando combustível renovável<br />

é mais limpo do que o<br />

carro elétrico a bateria. Segundo<br />

a Associação Brasileira<br />

de Engenharia Automotiva<br />

(AEA),<br />

considerando a<br />

avaliação de<br />

ciclo de vida,<br />

um veículo leve<br />

convencional<br />

movido a<br />

etanol emite<br />

apenas 45 gramas<br />

(g) de<br />

CO 2 por km, e<br />

quando usa<br />

gasolina emite<br />

166 g.<br />

Considerando o mix de combustíveis<br />

no Brasil, a emissão<br />

média é de 129 g. O carro elétrico<br />

a bateria produzido na Europa<br />

emite 139 g. Portanto, o<br />

que o Brasil faz hoje com motores<br />

a combustão interna já é<br />

superior ao que a Europa e os<br />

EUA almejam alcançar com os<br />

carros elétricos a bateria.<br />

O recurso será muito melhor<br />

gasto se for oferecido para<br />

reduzir o consumo energético<br />

dos veículos que usam<br />

combustíveis renováveis<br />

De outro lado, há ganhos consideráveis<br />

ainda a serem implementados<br />

nos atuais veículos<br />

a combustão interna, e<br />

há a opção de incentivar os híbridos<br />

flex e os carros movidos<br />

a células combustível,<br />

que também são considerados<br />

elétricos e tem um consumo<br />

energético igualmente baixo. O<br />

híbrido flex usando etanol<br />

emite apenas 23 g, e a célula<br />

a combustível emite incríveis<br />

11 g.<br />

Fica claro que é preciso definir<br />

qual tipo de eletrificação o País<br />

almeja. Podemos eleger a eletrificação<br />

através do híbrido<br />

flex a etanol, criando um padrão<br />

mundial capaz de ser exportado<br />

para vários países.<br />

O carro elétrico a bateria depende<br />

de baterias fabricadas<br />

com lítio e cobalto, minerais<br />

escassos e de preços crescentes.<br />

O lítio é encontrado basicamente<br />

na China e no Chile,<br />

e já se discute limites de disponibilidade<br />

e a dependência<br />

sobre essas origens.<br />

O preço do cobalto<br />

mais do que dobrou<br />

em 2017<br />

para 75 mil<br />

US$ por tonelada,<br />

e se projeta<br />

que deva<br />

dobrar novamente<br />

nos próximos<br />

dois<br />

anos. Dois terços<br />

do cobalto<br />

são extraídos<br />

no Congo, onde<br />

a Anistia Internacional<br />

indica que milhares<br />

de crianças, algumas<br />

com 7 anos de idade, o extraem<br />

em condição de trabalho<br />

escravo e de risco.<br />

A bateria é cara, o seu descarte<br />

é poluente e sua vida útil<br />

é limitada, o que leva a um<br />

custo elevado de reposição,<br />

sendo por isso tecnologia a<br />

que poucos consumidores<br />

têm acesso. Além disso, depende<br />

de infraestrutura que<br />

não existe e precisa ser criada<br />

a alto custo.<br />

É exatamente para compensar<br />

esse custo que a redução do<br />

IPI é cogitada e a isenção do<br />

Imposto de Importação aplicada.<br />

Mas esses são incentivos<br />

na direção errada.<br />

O recurso será muito melhor<br />

gasto se for oferecido para reduzir<br />

o consumo energético<br />

dos veículos que usam combustíveis<br />

renováveis, para a<br />

promoção dos híbridos flex e,<br />

no futuro, da célula a combustível<br />

utilizando etanol, biodiesel<br />

e biometano. Já está<br />

instalada no Brasil a distribuição<br />

de etanol em quase 42<br />

mil postos de revenda, que<br />

equivalem a uma rede de<br />

energia solar disponibilizada<br />

na forma de líquido de alta<br />

densidade energética.<br />

O Congresso aprovou e o presidente<br />

Temer sancionou o<br />

RenovaBio, que tem como objetivo<br />

induzir ganhos de eficiência,<br />

e reconhecer a capacidade<br />

dos biocombustíveis<br />

reduzirem emissões de carbono.<br />

O Rota2030 é irmão<br />

siamês do RenovaBio, e pode<br />

criar um modelo de desenvolvimento<br />

que valorize a engenharia<br />

nacional.<br />

A indústria automotiva e a de<br />

combustíveis precisam de<br />

previsibilidade e estabilidade<br />

para realizar investimentos. A<br />

definição de uma visão integrada<br />

que valorize nossa capacitação<br />

nestes setores representa<br />

uma oportunidade<br />

histórica para o Brasil se consolidar<br />

como liderança ambiental<br />

e energética.<br />

(*) Ex-presidente do Conselho<br />

da Associação Brasileira<br />

de Engenharia Automotiva<br />

(AEA) e representante da sociedade<br />

civil no Conselho<br />

Nacional de Política Energética.<br />

2<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>


SAFRA <strong>2018</strong>/19<br />

Coopcana dá a largada<br />

No <strong>Paraná</strong>, a expectativa é repetir<br />

os números do período anterior,<br />

processando entre 36 a 37 milhões<br />

de toneladas de cana-de-açúcar<br />

MARLY AIRES<br />

Acolheita de cana-deaçúcar<br />

no <strong>Paraná</strong><br />

teve início no último<br />

dia 15 de fevereiro.<br />

A primeira usina a retomar as<br />

atividades foi a Coopcana, de<br />

Paraíso do Norte. A decisão<br />

da cooperativa de antecipar<br />

os trabalhos teve como objetivo<br />

aproveitar os preços<br />

atrativos de venda do etanol,<br />

estratégia que vem sendo<br />

adotada pela usina nos últimos<br />

anos.<br />

A perspectiva paranaense,<br />

entretanto, é que a maior<br />

parte das indústrias só esteja<br />

em operação na primeira<br />

quinzena de abril. Segundo o<br />

presidente da Alcopar, Miguel<br />

Tranin, as usinas paranaenses<br />

têm postergado a<br />

retomada da colheita nos últimos<br />

anos buscando corrigirem<br />

o ciclo do canavial,<br />

além da falta de cana bisada,<br />

que sobra de um ano para o<br />

outro no campo. Também,<br />

as chuvas mais intensas, um<br />

maior período de in-<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 3


SAFRA <strong>2018</strong>/19<br />

solação e as temperaturas<br />

mais altas aceleraram o<br />

crescimento da cana-de-açúcar,<br />

mas, diminuiu a concentração<br />

de açúcar neste momento.<br />

Para a safra <strong>2018</strong>/19, a expectativa,<br />

diz Tranin, é repetir<br />

os números da safra 2017/<br />

18 processando entre 36 a<br />

37 milhões de toneladas de<br />

cana-de-açúcar. O canavial<br />

continua envelhecido e o<br />

Mesmo estando ainda em entressafra<br />

no Centro Sul do<br />

país, no dia 16 de fevereiro,<br />

sete unidades estavam processando<br />

cana segundo a<br />

União da Indústria de Cana de<br />

Açúcar (Unica). Devido à boa<br />

oferta de cana bisada em<br />

parte da região, muitas usinas<br />

aproveitaram para começar<br />

mais cedo e os volumes de<br />

produção são relevantes para<br />

o período.<br />

As chuvas de final de ano fizeram<br />

com que muitas indústrias<br />

no Centro-Sul deixassem<br />

cana-de-açúcar no campo de<br />

um ano para o outro, volume<br />

estimado em 9 a 12 milhões/t,<br />

segundo as contas da Safras<br />

& Mercado. A oferta de etanol<br />

também está sendo reforçada<br />

pelas importações e pela produção<br />

de etanol a partir do<br />

milho.<br />

Com a demanda interna aquecida<br />

nos últimos meses (venda<br />

de etanol foi 8% maior na<br />

percentual de renovação<br />

ficou aquém do considerado<br />

ideal. Tranin comenta ainda<br />

que os canaviais paranaenses<br />

têm sofrido bastante<br />

com o avanço da mecanização<br />

da lavoura, prejudicando<br />

a produtividade. Mas,<br />

acredita que o problema<br />

deva ser resolvido assim que<br />

as antigas variedades forem<br />

sendo substituídas por outras<br />

mais adaptadas à mecanização<br />

e for usado os espaçamentos<br />

adequados,<br />

além da entrada de máquinas<br />

mais modernas com<br />

avanços tecnológicos.<br />

Em 2017, por conta do inverno<br />

mais seco, que acelerou<br />

a safra, os trabalhos encerraram<br />

mais cedo na maioria<br />

das usinas paranaenses,<br />

fechando o ano civil com o<br />

processamento de 36,483<br />

milhões de toneladas de cana-de-açúcar.<br />

Centro Sul começa mais cedo<br />

primeira quinzena de fevereiro<br />

ante igual período de 2017) e<br />

os preços favoráveis ao etanol<br />

na entressafra, respaldados<br />

pela alta do preço da gasolina<br />

nas bombas, o biocombustível<br />

tem oferecido às usinas melhor<br />

remuneração que o açúcar.<br />

Embora o mercado de etanol<br />

tenha se tornado mais atrativo<br />

para as usinas desde setembro,<br />

a tônica da safra 2017/18<br />

na região Centro-Sul ainda é<br />

Na Coopcana, as máquinas<br />

pararam dia 29 de novembro,<br />

possibilitando antecipar a manutenção.<br />

Foram industrializados<br />

na usina 3,16 milhões<br />

de toneladas de cana e produzidos<br />

132 mil toneladas de<br />

açúcar, 165,92 milhões de litros<br />

de etanol e 146.832 MW<br />

de energia elétrica fornecida à<br />

rede.<br />

Os investimentos feitos no<br />

plantio e cultivo, renovando<br />

mais açucareira porque as<br />

usinas começaram a temporada<br />

com alto volume de açúcar<br />

com preços já fixados. Por<br />

isso, a oferta brasileira de açúcar<br />

ainda foi elevada.<br />

Já com a perspectiva de uma<br />

safra mais "alcooleira" em<br />

<strong>2018</strong>/19, a expectativa dos<br />

executivos é de que o enxugamento<br />

da oferta brasileira de<br />

açúcar no mundo acabe sustentando<br />

os preços da commodity.<br />

os canaviais, além do clima<br />

favorável ao desenvolvimento<br />

da cultura, com bom volume<br />

de chuva e calor, levam a expectativa<br />

de que a safra<br />

<strong>2018</strong>/19 seja um pouco<br />

maior do que a do ano anterior<br />

na Coopcana. A usina<br />

tem trabalhado com a expectativa<br />

de colher 3,31 milhões<br />

de toneladas de cana e produzir<br />

135 mil toneladas de<br />

cana e 173 milhões de litros<br />

de etanol.<br />

Ainda é cedo para se concluir<br />

sobre alterações nos números<br />

estimados da safra <strong>2018</strong>/19,<br />

que por hora continuam, de<br />

acordo com a Unica, presos<br />

em 578 milhões de toneladas<br />

moídas, 31,5 milhões/t de açúcar<br />

- 41,7% da cana, o menor<br />

volume do alimento em três<br />

anos. Quanto ao etanol, análises<br />

medianas do mercado<br />

falam entre 27 a 30 bilhões de<br />

litros de etanol, sendo em torno<br />

de 17/18 bilhões de litros do<br />

combustível hidratado.<br />

4 <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>


INDÚSTRIA<br />

Santa Terezinha suspende<br />

atividades em Umuarama<br />

Plantio e tratos culturais das lavouras continuam e toda cana produzida<br />

será esmagada pela unidade de Ivaté, otimizando a indústria<br />

MARLY AIRES<br />

AUsina Santa Terezinha<br />

suspendeu as atividades<br />

de moagem de<br />

cana-de-açúcar de<br />

sua unidade em Umuarama -<br />

Costa Bioenergia, localizada no<br />

município com o mesmo nome,<br />

no <strong>Paraná</strong>. Com isso, já na<br />

safra <strong>2018</strong>/19, que começa<br />

em abril, a indústria deixa de<br />

operar. A retomada das operações<br />

está programada para<br />

2020.<br />

Neste período, toda a matériaprima<br />

disponível dessa unidade<br />

será processada na indústria<br />

da empresa localizada<br />

em Ivaté, que fica próxima,<br />

segundo informou a diretoria<br />

da Santa Terezinha.<br />

Também serão mantidos e<br />

respeitados os contratos junto<br />

aos parceiros da área agrícola.<br />

As atividades de plantio,<br />

tratos culturais e demais continuarão<br />

ocorrendo normalmente,<br />

já que o objetivo é reformar<br />

os canaviais para retomada<br />

da moagem no futuro.<br />

Aos colaboradores da unidade<br />

em Umuarama será oportunizado<br />

o remanejamento para<br />

as demais unidades, no sentido<br />

de minimizar, ao máximo,<br />

impactos econômicos e sociais.<br />

Segundo os diretores, em nota<br />

oficial, a medida foi tomada<br />

devido às bruscas alterações<br />

de mercado dos últimos anos,<br />

que têm afetado de diversas<br />

maneiras a produção de açúcar<br />

e etanol, se constituindo<br />

em uma das piores crises<br />

econômicas do setor sucroenergético<br />

dos últimos anos,<br />

que levou cerca de 80 unidades<br />

industriais em todo o Brasil<br />

a fecharem e que deixou<br />

outras tantas em sérias dificuldades<br />

econômicas.<br />

A unidade de Umuarama foi<br />

inaugurada em junho de<br />

2009, sendo concebida dentro<br />

do que há de mais moderno:<br />

é toda automatizada e<br />

eletrificada, além de adotar o<br />

conceito de empresa verde.<br />

Foi adquirida pela Santa Terezinha<br />

em 2013.<br />

A safra 2017/18 da unidade<br />

foi encerrada no final de novembro.<br />

A indústria gera mais<br />

de 900 empregos diretos.<br />

A Usina Santa Terezinha possui<br />

dez unidades produtivas<br />

no <strong>Paraná</strong> e uma no Mato<br />

Grosso do Sul, além do terminal<br />

logístico em Maringá e o<br />

terminal rodoferroviário em<br />

Paranaguá, sendo a sexta<br />

maior empresa do setor de<br />

açúcar e álcool do País e a<br />

maior do segmento açúcar e<br />

álcool do Sul do Brasil. Na<br />

safra 2017/18 também paralisou<br />

as atividades da unidade<br />

de São Tomé, transferindo<br />

toda a produção de cana-deaçúcar<br />

para as unidades de<br />

Tapejara e Rondon.<br />

Ainda é sócia da PASA – <strong>Paraná</strong><br />

Operações Portuárias,<br />

terminal de armazenagem e<br />

exportação de açúcar em Paranaguá;<br />

da CPA Armazéns<br />

Gerais, terminal de armazenagem<br />

e transbordo de líquidos<br />

e a granel, em Sarandi; da Álcool<br />

do <strong>Paraná</strong>, que administra<br />

o terminal público de exportação<br />

de etanol; e da<br />

CPLPAR, companhia constituída<br />

para construir o poliduto,<br />

visando escoar a produção de<br />

etanol do Estado até o Porto<br />

de Paranaguá, entre outros investimentos.<br />

A empresa conta com mais de<br />

16 mil colaboradores nos setores<br />

agrícola, industrial e administrativo.<br />

Na safra 2016/<br />

17, a usina esmagou cerca de<br />

18,1 milhões de toneladas de<br />

cana, produzindo 1,78 milhão<br />

de toneladas de açúcar - na<br />

sua totalidade destinadas à<br />

exportação -, 430 milhões de<br />

litros de etanol e 703 megawatts/hora<br />

de bioeletricidade,<br />

para consumo interno e comercialização<br />

na rede de<br />

transmissão de energia elétrica.<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 5


RENOVABIO<br />

O que vem por aí<br />

A ideia é que traga previsibilidade de como o setor vai se comportar ao longo dos<br />

próximos anos. Metas devem modular o grau de incentivo aos investimentos no período<br />

DA EQUIPE DE REDAÇÃO<br />

Oobjetivo da Política<br />

Nacional de Biocombustíveis<br />

(RenovaBio),<br />

sancionada<br />

em dezembro do ano passado<br />

pelo presidente Michel<br />

Temer, é bem claro: impulsionar<br />

o uso de combustíveis renováveis<br />

e ajudar na redução<br />

de emissões de gases do<br />

efeito estufa.<br />

E o setor de biocombustíveis<br />

aguarda a sua implementação<br />

como parte do processo de<br />

recuperação econômica do<br />

setor. A ideia é que o Renova-<br />

Bio traga previsibilidade de<br />

como o setor vai se comportar<br />

ao longo dos próximos<br />

anos e o setor privado está<br />

atento à definição das metas,<br />

que devem modular o grau de<br />

incentivo aos investimentos<br />

no período.<br />

Os efeitos positivos de sua<br />

implementação, entretanto,<br />

ainda devem demorar, acredita<br />

Miguel Tranin, presidente<br />

da Alcopar. O programa só<br />

começa a funcionar em 2020.<br />

“Há várias etapas a serem<br />

vencidas ainda”, diz.<br />

Com a publicação da minuta<br />

(que é o primeiro passo) com<br />

o modelo de governança do<br />

RenovaBio pelo governo federal,<br />

inicia-se a discussão junto<br />

à sociedade, com o parte do<br />

processo de regulamentação<br />

do programa do setor de biocombustíveis,<br />

conforme divulgado<br />

pelo Ministério de<br />

Minas e Energia.<br />

A partir da sanção foi definido<br />

um prazo de 180 dias para<br />

definições de metas nacionais<br />

de descarbonização e outros<br />

objetivos - como estabelecer<br />

o papel de ministérios, governo,<br />

setor de biocombustíveis,<br />

mercado de capitais e<br />

outros -, no funcionamento<br />

do programa.<br />

A definição das metas nacionais<br />

caberá ao Conselho Nacional<br />

de Política Energética<br />

(CNPE) e ao Comitê de Monitoramento<br />

de Mudanças Climáticas,<br />

afirmou Aurélio<br />

Amaral, diretor da Agência Nacional<br />

do Petróleo, Gás Natural<br />

e Biocombustíveis (ANP).<br />

As metas individuais, desdobradas<br />

a partir das metas nacionais,<br />

e que serão atribuídas<br />

a cada uma das mais de 230<br />

distribuidoras, só serão definidas<br />

pela Agência Nacional<br />

de Petróleo, Gás Natural e<br />

Biocombustíveis (ANP) em<br />

2019, segundo Amaral. A definição<br />

dessas metas deve<br />

levar em consideração fatores<br />

como a participação de mercado<br />

das empresas e os<br />

dados de movimentação de<br />

combustíveis.<br />

A agência já está se organizando<br />

para a regulamentação<br />

do RenovaBio. Neste semestre,<br />

a ANP pretende editar<br />

O prazo oficial para publicação<br />

do decreto com as<br />

discussões vai até 24 de<br />

junho, mas a expectativa,<br />

segundo Márcio Félix, secretário<br />

de Petróleo, Gás e<br />

Combustíveis Renováveis<br />

Desdobramento<br />

uma resolução que conterá os<br />

requisitos para o credenciamento<br />

das firmas inspetoras<br />

responsáveis pela certificação<br />

dos produtores de biocombustíveis,<br />

que emitirão os certificados<br />

de biocombustíveis<br />

(CBios).<br />

Uma segunda resolução, prevista<br />

para ser editada no segundo<br />

semestre, conterá as<br />

regras de comercialização dos<br />

CBios que serão atribuídos<br />

aos produtores de biocombustíveis<br />

pelas firmas e adquiridos<br />

pelos distribuidores de<br />

combustíveis para que elas alcancem<br />

as metas de emissão<br />

de gases de efeito estufa.<br />

do Ministério de Minas e<br />

Energia (MME), é que tudo<br />

fique pronto antes disso,<br />

porque o decreto é necessário<br />

para a criação das<br />

metas de descarbonização.<br />

O RenovaBio vai ao encontro<br />

do Acordo do Clima de<br />

Paris, que vale a partir de<br />

2020 e pelo qual o Brasil se<br />

comprometeu a cortar as<br />

emissões de gases causadores<br />

do efeito estufa em<br />

43% até 2030, tendo por<br />

base os volumes de 2005.<br />

Pelas estimativas do próprio<br />

governo, o programa<br />

pode gerar investimentos<br />

de 1,4 trilhão de reais e<br />

economia de 300 bilhões<br />

de litros em gasolina e diesel<br />

importados até 2030 -<br />

os derivados de petróleo<br />

seriam substituídos pelo<br />

combustível renovável produzido<br />

localmente.<br />

6<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>


PERSPECTIVAS<br />

É hora de estruturar para crescer<br />

Para Marcos Fava Neves, é preciso trabalhar alguns pontos da cadeia<br />

produtiva de cana e aproveitar o RenovaBio para ter sustentabilidade<br />

Com o RenovaBio, o<br />

PIB da cadeia produtiva<br />

do setor sucroenergético<br />

pode<br />

saltar dos atuais US$ 44 bilhões<br />

para US$ 74 bilhões<br />

em 2030, criando muitas<br />

oportunidades e transformando<br />

o Brasil numa das<br />

matrizes energéticas mais<br />

limpas do mundo, afirmou<br />

Marcos Fava Neves, professor<br />

de Planejamento na Faculdade<br />

de Economia, Administração<br />

e Contabilidade<br />

da Universidade de São Paulo<br />

(FEA/USP), campus de Ribeirão<br />

Preto, com base em<br />

estudo que conduziu para a<br />

Confederação Nacional da<br />

Indústria.<br />

No evento de fechamento<br />

dos quatro anos do projeto<br />

Caminhos da Cana, Marcos<br />

disse que o momento é de<br />

aproveitar a estratégia para<br />

voltar a crescer sustentavelmente.<br />

“É hora de estruturarmos<br />

as trilhas de crescimento<br />

do setor com os<br />

incentivos que virão sem repetir<br />

os erros de outros ciclos<br />

de crescimento”. E<br />

sugeriu alguns pontos de trabalho<br />

que deveriam movimentar<br />

a cadeia produtiva<br />

em <strong>2018</strong>.<br />

Entre eles está gestão por<br />

metro quadrado do canavial,<br />

aumentando a eficiência e<br />

matando o conceito de hectare,<br />

além da inovação de insumos<br />

usados na produção,<br />

do ferramental tecnológico e<br />

de digitalização. Enquanto<br />

outras culturas do agro tiveram<br />

grandes saltos de produtividade,<br />

a de cana continua<br />

a mesma dos últimos 15<br />

anos, citou.<br />

Organizar e integrar<br />

Fortalecer as organizações do<br />

setor é outro ponto considerado<br />

fundamental por Marcos<br />

Fava Neves, assim como<br />

criar a "mesa da cana", onde<br />

agentes de todos os elos da<br />

cadeia sentam periodicamente<br />

para discutir estratégias,<br />

estar atento aos problemas<br />

e ter força política lutando<br />

pelos pontos de convergência.<br />

Da mesma forma,<br />

é preciso integrar a pesquisa<br />

pública e privada, reduzindo<br />

as redundâncias e com foco<br />

em resultados, acrescentou.<br />

Entre várias outras sugestões,<br />

Marcos ainda citou a<br />

necessidade de fortalecer<br />

ainda mais a imagem de sustentabilidade<br />

da cana. “Apesar<br />

dos esforços todos, a comunicação<br />

do setor ainda deixa<br />

a desejar. Toda a carga geradora<br />

de empregos, impostos,<br />

inclusão econômica e social<br />

e todos os benefícios ambientais<br />

da cana ainda são pouco<br />

conhecidos pelos consumidores<br />

finais. É necessário<br />

usar mecanismos criativos<br />

das mídias digitais para inserir<br />

o conhecimento dos benefícios<br />

da cana na sociedade<br />

brasileira”, ressaltou.<br />

Professor diz que há ganhos ao associar cana com outras atividades<br />

Outro ponto defendido pelo<br />

professor é a gestão pela<br />

economia do compartilhamento<br />

de ativos e o melhor<br />

uso destes, seguindo a revolução<br />

ocorrida no ambiente<br />

de negócios. “Estas tecnologias<br />

rapidamente chegam à<br />

agricultura e com a aprovação<br />

da lei da terceirização no<br />

Brasil, temos grandes oportunidades<br />

para mudar já em<br />

<strong>2018</strong> as formas de fazer negócios,<br />

priorizando empresas<br />

especializadas em atividades<br />

produtivas diminuindo<br />

os ativos, reduzindo ociosidades<br />

e ganhando eficiência”,<br />

afirmou.<br />

Para Marcos, o mundo caminha<br />

para valorizar cada<br />

vez mais a economia circular,<br />

sustentável, em nível individual<br />

ou regional. “Existem<br />

grandes ganhos ao integrar<br />

a cana com outras atividades,<br />

como amendoim,<br />

soja, confinamento, aves e<br />

suínos, onde os resíduos de<br />

uma tornam-se insumos de<br />

outra, melhorando os resultados<br />

da região”.<br />

O professor também destacou<br />

que existe um grande<br />

espaço nas usinas para melhoria<br />

de processos e de<br />

equipamentos, entre outros,<br />

visando maior eficiência industrial<br />

e aproveitamento total<br />

dos produtos. Uma tese<br />

de doutorado na FEARP/USP<br />

analisou 33 usinas em cinco<br />

safras e mostrou que se as<br />

outras 32 tivessem o desempenho<br />

da melhor, teriam<br />

sido gerados R$ 2,6 bilhões<br />

a mais em produtos.<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 7


DOCE EQUILÍBRIO<br />

Taxação de bebidas açucaradas é<br />

ineficaz no combate à obesidade<br />

Cogitada como uma ação que pode melhorar a dieta da população, a medida<br />

não tem efetividade comprovada e pode até provocar um efeito reverso<br />

Aideia de taxar bebidas<br />

açucaradas<br />

tem ganhado espaço<br />

no Brasil. A<br />

proposta, apoiada na crença<br />

de que o açúcar está<br />

entre os principais responsáveis<br />

pelo aumento de<br />

peso em crianças e adultos,<br />

tem como argumento<br />

de defesa a melhora da<br />

dieta dos brasileiros e a diminuição<br />

do potencial risco<br />

de obesidade, problema<br />

que já atinge um em cada<br />

cinco brasileiros.<br />

A taxação, reivindicada por<br />

alguns como uma forma de<br />

incentivar a escolha de alimentos<br />

considerados mais<br />

saudáveis, aumentaria o<br />

preço de um produto com<br />

açúcar, inibindo a sua compra<br />

e, consequentemente,<br />

o consumo. Assim, os brasileiros<br />

ingeririam menos<br />

calorias por dia, o que, em<br />

tese, reduziria os alarmantes<br />

índices de doenças como<br />

a obesidade.<br />

Este efeito, porém, não foi<br />

observado em países que<br />

implementaram a legislação,<br />

provando que a medida<br />

não tem eficácia comprovada<br />

nesse quesito. Na<br />

verdade, o total de calorias<br />

ingeridas pareceu não mudar<br />

significativamente.<br />

Na Dinamarca, o chamado<br />

“imposto da gordura” foi<br />

revogado após um ano de<br />

duração, em 2011. Durante<br />

o período, 80% da população<br />

não mudaram seus hábitos<br />

de consumo e muitos<br />

Entenda a obesidade<br />

O conceito de obesidade é<br />

comumente definido como<br />

alimentação desequilibrada e<br />

excessiva. Aliada ao sedentarismo,<br />

gera desproporção entre<br />

a ingestão de calorias e<br />

seu gasto. Mas, além disso, o<br />

excesso de peso resulta de<br />

vários outros fatores: condições<br />

genéticas, endócrinas,<br />

estresse, problemas de sono<br />

e outros.<br />

A doença também é causada<br />

migraram para produtos<br />

mais baratos. Em casos<br />

extremos, parte dos consumidores<br />

passou a fazer<br />

compras nos países vizinhos.<br />

Em 2014, o México colocou<br />

a taxação em prática<br />

aumentando em 10% o<br />

valor dos gordurosos e<br />

açucarados. Nos primeiros<br />

anos, verificou-se uma leve<br />

queda nas vendas. Com o<br />

passar do tempo, entretanto,<br />

veio o efeito reverso:<br />

a procura por refrigerantes<br />

voltou a crescer e, embora<br />

o consumo diário de calorias<br />

tenha diminuído, em<br />

dois anos a média do Índice<br />

de Massa Corporal<br />

(IMC) da população continuou<br />

a aumentar.<br />

por particularidades comportamentais<br />

da cultura moderna.<br />

Segundo a nutricionista<br />

Marcia Daskal, o ritmo acelerado<br />

das grandes metrópoles<br />

tem relação direta com a alimentação.<br />

“Com pouco tempo<br />

para a refeição, a tendência<br />

é se alimentar fora de<br />

casa, já que é a opção mais<br />

rápida. Por consequência, o<br />

ato de comer se tornou um<br />

momento de pouca ou nenhuma<br />

atenção aos sinais do<br />

Nos países que<br />

implementaram a<br />

legislação, a<br />

medida não<br />

teve eficácia<br />

corpo, como o da saciedade”,<br />

comenta.<br />

Além disso, para o cardiologista<br />

e nutrólogo do Instituto<br />

Dante Pazzanese, Daniel Magnoni,<br />

a obesidade não<br />

8 <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>


está relacionada a um<br />

ingrediente específico. “O<br />

problema é profundo e as autoridades<br />

e profissionais de<br />

saúde devem entender que<br />

ações de educação não acontecem<br />

no curto prazo”.<br />

Hoje, visando um impacto<br />

imediato no balanço calórico,<br />

a população caminha para um<br />

estilo de vida insustentável,<br />

cortando alimentos considerados<br />

‘vilões’ sem pensar em<br />

uma mudança comportamental<br />

como um todo. Isto é muito<br />

sério”, destaca o médico.<br />

Segundo dados divulgados<br />

pelo último Vigitel, pesquisa<br />

realizada anualmente pelo Ministério<br />

da Saúde, já houve<br />

uma redução de 14% no consumo<br />

de refrigerantes e sucos<br />

artificiais em dez anos, resultado<br />

dos debates realizados<br />

na sociedade civil brasileira<br />

sobre qualidade de vida e<br />

como se alimentar melhor.<br />

Porém, nota-se que a população<br />

com sobrepeso continua<br />

a crescer no País.<br />

Impacto na escolha?<br />

“Isto mostra que a necessidade<br />

de mudar hábitos alimentares<br />

se dá por meio da<br />

educação nutricional. Ainda<br />

existe uma falta de conhecimento<br />

sobre escolhas conscientes<br />

que façam sentido<br />

dentro de cada estilo de vida,<br />

contemplando também a prática<br />

de atividades físicas”, comenta<br />

Marcia.<br />

Prática de<br />

atividades físicas<br />

é uma mudança<br />

de hábito<br />

fundamental<br />

Além de não estabelecer uma<br />

relação direta entre o preço<br />

do produto e a redução nos<br />

índices de obesidade, a taxação<br />

de bebidas açucaradas<br />

demonstra ser um caminho<br />

incerto para a melhora da<br />

saúde dos brasileiros, já que<br />

nenhuma solução isolada é<br />

eficaz a ponto de resolver a<br />

obesidade.<br />

Frente a isso, os especialistas<br />

concordam sobre a importância<br />

da implementação de medidas<br />

públicas que impulsionem<br />

uma mudança efetiva<br />

para hábitos mais saudáveis,<br />

levando em conta trabalhar a<br />

reeducação alimentar nas escolas<br />

e nos programas de<br />

saúde, além de combater o<br />

sedentarismo, reintegrando o<br />

cidadão no espaço urbano.<br />

Outra proposta que contribuiria<br />

para mudar o cenário atual<br />

é a orientação de profissionais<br />

da saúde e da educação<br />

sobre como repassar à sociedade<br />

informações valiosas<br />

para uma alimentação equilibrada,<br />

variada e, sobretudo,<br />

saudável.<br />

“São necessárias boas políticas<br />

de saúde pública, munindo<br />

os brasileiros de informação<br />

para que façam sozinhos<br />

as escolhas condizentes<br />

com o estilo de vida. É<br />

preciso lembrar que não<br />

existe nenhum alimento ‘vilão’<br />

ou proibido. Não basta taxar<br />

um ingrediente ou discriminálo,<br />

mas sim ampliar o debate<br />

para incluir quantidades adequadas<br />

e o seu consumo<br />

consciente”, aponta o cardiologista<br />

e nutrólogo do Instituto<br />

Dante Pazzanese, Daniel Magnoni.<br />

Conclusão dos especialistas:<br />

é preciso incentivar uma dieta<br />

balanceada, combinada com<br />

exercícios físicos e acompanhamento<br />

de outros fatores<br />

que podem influenciar altos<br />

índices de obesidade. Não<br />

basta, portanto, simplesmente<br />

excluir um ingrediente da<br />

sua dieta ou punir as pessoas<br />

que consomem alimentos<br />

com açúcar. O que importa é<br />

a forma e a quantidade com<br />

que cada ingrediente é consumido<br />

dentro do contexto cultural<br />

e social de cada brasileiro.<br />

Não existe nenhum alimento ‘vilão’ ou proibido,<br />

mas é preciso incentivar uma dieta balanceada<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 9


DOIS<br />

PONTOS<br />

Kits flex-fuel<br />

O kit que possibilita o uso de combustíveis com até 85%<br />

de etanol em carros a gasolina, aprovado recentemente<br />

na França, fará a demanda interna de etanol disparar no<br />

próximo ano, declararam produtores locais. Atualmente,<br />

o país consome em torno de 800 milhões de litros anuais<br />

de etanol, a maior parte derivada de beterraba-açucareira<br />

e grãos. O consumo deve aumentar em 22,5 milhões de<br />

litros.<br />

As importações de diesel do<br />

Brasil cresceram 63,6% em<br />

2017 ante o ano anterior para<br />

um recorde desde os<br />

anos 2000, em um ano marcado<br />

pela perda de participação<br />

de mercado da Petrobras,<br />

apontaram dados<br />

oficiais. As compras externas<br />

do combustível fóssil -<br />

que é o mais consumido no<br />

Diesel<br />

Brasil - somaram 81,486<br />

milhões de barris, segundo a<br />

Agência Nacional do Petróleo,<br />

Gás Natural e Biocombustíveis.<br />

As importações de<br />

gasolina A, no ano passado,<br />

por sua vez, cresceram<br />

53,4% ante 2016, para cerca<br />

de 28,232 milhões de barris,<br />

também uma máxima desde<br />

pelo menos os anos 2000.<br />

Menos açúcar<br />

As usinas do Centro-Sul do<br />

Brasil devem produzir 10%<br />

menos açúcar na safra <strong>2018</strong>/<br />

19, 42,4% da oferta de cana,<br />

em meio a preços pouco atrativos<br />

para o adoçante e estímulos<br />

à fabricação de etanol,<br />

projetou a INTL FCStone. Isso<br />

resultará em produção de<br />

32,4 milhões de toneladas.<br />

Enquanto os preços de gasolina<br />

mais elevados e o sistema<br />

de cotas e tributação<br />

sobre etanol importado dos<br />

Estados Unidos oferecem<br />

perspectivas positivas para os<br />

preços do biocombustível no<br />

Brasil, as cotações internacionais<br />

do açúcar bruto na<br />

Bolsa de Nova York têm oscilado<br />

próximo das mínimas<br />

dos últimos anos frente à<br />

perspectiva de superávit global<br />

do adoçante neste ano. A<br />

consultoria prevê que a produção<br />

total de etanol na região<br />

alcance 27,1 bilhões de<br />

litros, alta de 5,2%, sendo<br />

16,4 bilhões de hidratado e<br />

10,7 bilhões de anidro.<br />

Uma pesquisa da Associação<br />

Brasileira de Marketing Rural e<br />

Agronegócio, que antecipa o<br />

Censo Rural do IBGE mostra<br />

que a participação de mulheres<br />

na administração de propriedades<br />

rurais no Brasil passou<br />

de 10%, em 2013, para<br />

30% no ano passado. Uma em<br />

cada três propriedades rurais<br />

do País tem mulheres ocupando<br />

funções de comando –<br />

há cinco anos, eram 10%.<br />

China<br />

Mulheres<br />

Quando não são as principais<br />

responsáveis pelas propriedades,<br />

elas atuam como administradoras,<br />

dividem as atividades<br />

com um familiar ou estão<br />

sendo preparadas para assumir<br />

essas funções. Com o<br />

aumento do uso da tecnologia<br />

no campo, a força física deixou<br />

de ser uma barreira para<br />

muitas atividades. Elas também<br />

estão se preparando mais<br />

para assumir as funções. Uma<br />

A China, maior importador<br />

de açúcar do mundo, comprou<br />

2,29 milhões de toneladas da<br />

commodity em 2017, queda de<br />

25,2% em relação ao ano anterior<br />

e o menor volume desde<br />

2010. O recuo ocorreu na esteira<br />

de medidas adotadas por<br />

Pequim para proteger produtores<br />

locais de açúcar. Pequenos<br />

produtores de açúcar na América<br />

do Sul e no Sudeste Asiático<br />

aumentaram suas vendas<br />

à China em 2017, aproveitando-se<br />

de altas taxas aplicadas<br />

sobre importações brasileiras e<br />

tailandesas. O Brasil, o maior<br />

produtor e exportador de açúcar<br />

do mundo, não vendeu<br />

açúcar para a China em dezembro<br />

e exportou apenas<br />

790,37 mil toneladas em todo<br />

o ano de 2017, queda de<br />

60,3% em relação a 2016.<br />

Europa<br />

Quatro meses depois de ter<br />

suprimido seu regime de<br />

cotas de produção de açúcar<br />

e garantia de preços ao produtor,<br />

a União Europeia já<br />

prevê que vai importar menos<br />

e exportar bem mais a<br />

commodity do que sinalizavam<br />

suas estimativas iniciais.<br />

Estimativas preliminares<br />

apontam para 2,8 milhões de<br />

toneladas, ante 1,5 milhão de<br />

em cada quatro mulheres tem<br />

formação superior. Entre os<br />

homens, um em cada cinco.<br />

Também, a faixa etária média<br />

dos produtores rurais caiu<br />

entre 2013 e 2017. No ano<br />

passado, os agricultores e pecuaristas<br />

tinham, em média,<br />

46,5 anos. Em 2013, essa<br />

média era de 48 anos. É uma<br />

indicação de que os filhos de<br />

produtores estão permanecendo<br />

no campo.<br />

Índia<br />

A produção de açúcar na<br />

Índia deve crescer 33% no<br />

ano comercial 2017/18<br />

ante o ciclo anterior, para<br />

27 milhões de toneladas,<br />

dando ao segundo maior<br />

produtor mundial oferta<br />

suficiente para exportações.<br />

O país asiático deve<br />

consumir cerca de 25,75<br />

milhões de toneladas em<br />

2017/18.<br />

toneladas em anos anteriores.<br />

A expectativa é que a<br />

produção europeia de açúcar<br />

alcance 20,5 milhões de toneladas<br />

em <strong>2018</strong>, ante 16,8<br />

milhões no ano passado.<br />

10 <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>


O Brasil utiliza apenas 7,6%<br />

de seu território com lavouras,<br />

somando 63.994.479 hectares.<br />

Estudo da agência espacial<br />

dos Estados Unidos<br />

NASA confirma os números<br />

da Embrapa. O estudo da<br />

NASA demonstra que o Brasil<br />

protege e preserva a vegetação<br />

nativa em mais de 66%<br />

de seu território e cultiva apenas<br />

7,6% das terras. A Dinamarca<br />

cultiva 76,8%, dez vezes<br />

mais que o Brasil; a Irlanda,<br />

74,7%; os Países Baixos,<br />

66,2%; o Reino Unido<br />

63,9%; a Alemanha 56,9%. A<br />

Carinata<br />

Um novo produto está sendo<br />

estudado nos Estados Unidos<br />

para contribuir com o<br />

mercado de biocombustíveis:<br />

a chamada Carinata,<br />

uma oleaginosa produzida<br />

no inverno, parecida com a<br />

canola, que pode ser utilizada<br />

para produzir um biocombustível<br />

de alta qualidade<br />

e rações para gado.<br />

Tailândia<br />

Área<br />

Foto Valter Cunha<br />

área da Terra ocupada por lavouras<br />

é de 1,87 bilhão de<br />

hectares. A população mundial<br />

atingiu 7,6 bilhões em outubro<br />

passado, resultando que<br />

cada hectare, em média, alimentaria<br />

4 pessoas. Na realidade,<br />

a produtividade por<br />

hectare varia muito, assim<br />

como o tipo e a qualidade dos<br />

cultivos. A maior parte dos<br />

países utiliza entre 20% e 30%<br />

do território com agricultura.<br />

Os da União Europeia usam<br />

entre 45% e 65%. Os Estados<br />

Unidos, 18,3%; a China,<br />

17,7%; e a Índia, 60,5%.<br />

Máquinas agrícolas<br />

O faturamento da indústria<br />

de máquinas e implementos<br />

agrícolas alcançou R$ 13,5<br />

bilhões em 2017, incluindo<br />

vendas para o mercado interno<br />

e externo. Este montante<br />

é 7,2% superior em<br />

relação ao apurado em<br />

2016, conforme nota da Associação<br />

Brasileira da Indústria<br />

de Máquinas e Equipamentos.<br />

A receita das exportações<br />

do setor cresceu<br />

84,5% no período, para R$<br />

923,5 milhões, ante R$<br />

500,5 milhões ao fim de<br />

2016. As importações de<br />

máquinas para agricultura<br />

também aumentaram. O<br />

valor importado superou em<br />

10,6% o de 2016 e alcançou<br />

R$ 312,8 milhões.<br />

Selo<br />

No mapa, são 27 os estados<br />

do Brasil, considerando<br />

o Distrito Federal. Mas uma<br />

região nas fronteiras dos<br />

estados do <strong>Paraná</strong>, Mato<br />

Grosso do Sul, São Paulo,<br />

Minas Gerais e Goiás ganhou<br />

o status de “28º estado<br />

informal”. Surgido a<br />

partir do avanço da cultura<br />

de cana nas últimas décadas,<br />

esse novo “estado”<br />

tem 250 municípios e cinco<br />

milhões de trabalhadores.<br />

Tem dinâmica, leis e orçamento<br />

próprios, além de influência<br />

econômica e política,<br />

que garantem ao Brasil<br />

Pesquisa<br />

Uma equipe formada por pesquisadores<br />

do Brasil, Reino<br />

Unido e Estados Unidos identificou<br />

um gene envolvido na<br />

dureza das paredes celulares<br />

de vegetais. A supressão desse<br />

gene aumentou a liberação<br />

de açúcares em até 60%. Segundo<br />

os pesquisadores, para<br />

a produção de etanol de segunda<br />

geração, feito a partir<br />

da biomassa vegetal, a descoberta<br />

trata-se de um<br />

avanço importante que permitirá<br />

o desenvolvimento de<br />

plantas com paredes celulares<br />

mais fáceis de serem quebradas,<br />

aumentando a eficiência<br />

na produção do combustível.<br />

‘28º Estado’<br />

o posto de maior produtor<br />

de cana do mundo. Esta é a<br />

conclusão do pesquisador<br />

Ângelo Cavalcante, doutorando<br />

pelo Programa de<br />

Pós-Graduação em Geografia<br />

Humana da Faculdade<br />

de Filosofia, Letras e Ciências<br />

Humanas da USP. Segundo<br />

ele, trata-se de um<br />

“estado autônomo”, que,<br />

com a produção de energia<br />

elétrica, biomassa, etanol e<br />

açúcar, movimenta mais de<br />

R$ 100 bilhões ao ano. Região<br />

responde por mais de<br />

80% da produção canavieira<br />

do país.<br />

A Tailândia deve produzir recordes de cana e de açúcar na<br />

safra 2017/18, em meio a condições climáticas favoráveis<br />

no país, devendo ficar entre 11 milhões e 12 milhões de toneladas.<br />

Nos últimos dois anos, o segundo maior exportador<br />

global de açúcar sofreu com a pior seca em duas<br />

décadas, seguida de fortes chuvas que interromperam os<br />

trabalhos agrícolas em algumas regiões. O recorde anterior<br />

foi de 105 milhões de toneladas em 2014/15.<br />

Disputa<br />

O governo militar da Tailândia<br />

eliminou o controle dos preços<br />

domésticos do açúcar e<br />

da administração de vendas<br />

como parte de uma revisão<br />

regulamentar para evitar uma<br />

disputa comercial com o Brasil.<br />

Os movimentos foram delineados<br />

em uma série de<br />

documentos do governo. A<br />

partir de agora, os preços do<br />

açúcar se moverão de acordo<br />

com os preços do mercado.<br />

A Tailândia fornecia<br />

subsídios domésticos de 160<br />

bahts (5 dólares) por tonelada<br />

aos produtores de cana,<br />

estabelecia preços domésticos<br />

de açúcar entre 19 a<br />

22,50 bahts (0,6 a 0,7 dólar)<br />

por quilo e atribuía uma certa<br />

quantidade de açúcar para<br />

consumo doméstico enquanto<br />

exportava o resto.<br />

No início de ano, 60 usinas<br />

sucroenergéticas que produzem<br />

energia elétrica renovável<br />

e sustentável para o consumo<br />

próprio e para o Sistema<br />

Interligado Nacional<br />

passou a deter o Certificado<br />

Energia Verde, emitido pelo<br />

Programa de Certificação de<br />

Bioeletricidade. A iniciativa,<br />

lançada em 2015 pela Unica<br />

em cooperação com a Câmara<br />

de Comercialização de<br />

Energia Elétrica, tem o apoio<br />

A indústria de agrotóxicos está<br />

preocupada com a escassez<br />

de matéria-prima para a produção<br />

dos defensivos agrícolas.<br />

O cenário de oferta apertada<br />

decorre do endurecimento das<br />

Defensivos<br />

leis ambientais na China, maior<br />

produtora de matérias-primas<br />

para a indústria química, o que<br />

provoca o fechamento de fábricas<br />

e o aumento dos preços de<br />

princípios ativos nas indústrias<br />

da Associação Brasileira dos<br />

Comercializadores de Energia.<br />

O selo é a primeira certificação<br />

no Brasil focada na<br />

energia produzida a partir da<br />

cana.<br />

remanescentes. Diante disso, a<br />

expectativa de analistas é que<br />

os defensivos tenham aumento<br />

de no mínimo 30% este ano. O<br />

maior temor hoje é que haja<br />

falta de produtos.<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 11


APRENDIZES<br />

Santa Terezinha forma novas turmas<br />

O programa investe na formação<br />

cidadã e profissional e é realizado<br />

na empresa em parceria com o<br />

Senar desde 2010<br />

ASSESSORIA DE<br />

COMUNICAÇÃO<br />

Em 2017, a Usina<br />

Santa Terezinha investiu<br />

em doze turmas<br />

do Programa<br />

AAJ (Aprendizagem de Adolescentes<br />

e Jovens) em nove<br />

unidades da empresa, contribuindo<br />

com o desenvolvimento<br />

de habilidades aliado<br />

ao universo corporativo.<br />

O programa tem como propósito<br />

oportunizar o ingresso<br />

do jovem no mercado de<br />

trabalho e foi implantado pela<br />

primeira vez no <strong>Paraná</strong> na<br />

Usina Santa Terezinha - Unidade<br />

Ivaté, ainda em 2010.<br />

Desde então, tem multiplicado<br />

em muitas cidades do<br />

estado.<br />

Durante a qualificação, os<br />

aprendizes ainda têm a<br />

chance de desenvolver talentos,<br />

participar da rotina da<br />

Usina Santa Terezinha e adquirir<br />

conhecimentos que<br />

fazem a diferença no futuro<br />

pessoal e profissional. As<br />

unidades da Usina Santa Terezinha<br />

oferecem o AAJ para<br />

a formação em Mecânica de<br />

Manutenção de Tratores, realizado<br />

em parceria com o<br />

Senar (Serviço Nacional de<br />

Aprendizagem Rural) do <strong>Paraná</strong>.<br />

O programa é composto por<br />

três segmentos: Núcleo Básico<br />

- Desenvolvimento Comportamental,<br />

Núcleo Específico<br />

- Mecânica de Tratores e<br />

Prática profissional - Oficina<br />

Agrícola.<br />

Ao final do curso, que tem<br />

duração de um ano, os<br />

aprendizes recebem o certificado<br />

de conclusão em um<br />

evento de formatura e celebram<br />

a conquista ao lado de<br />

instrutores do Senar, familiares,<br />

colaboradores da usina<br />

e demais representantes de<br />

instituições parceiras.<br />

Realizado durante a semana,<br />

em período de contra turno<br />

escolar o AAJ atende jovens<br />

de 14 a 24 anos que estejam<br />

matriculados ou tenham<br />

concluído os ensinos fundamental<br />

e médio de forma regular.<br />

As aulas, que aliam<br />

teoria e prática, permitem a<br />

vivência do jovem no dia-adia<br />

do mundo profissional.<br />

12 <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>

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