Natalia Correia

Os documentos apresentados ao longo do texto sobre a vida
e obra de Natália Correia, retirados do seu arquivo pessoal e
do de Dórdio Guimarães, são relevantes para a forma como
estes testemunham a multiplicidade dos campos de actuação
da escritora micaelense. Encontram-se, no entanto, temáticas e
períodos cronológicos cuja expressividade em volume e relevância
é nitidamente superior a outras.
Nos arquivos pessoais existe, normalmente, uma discrepância
na distribuição documental, seja por assuntos, períodos e mesmo
tipologias. Isto deve-se aos documentos serem resultado de um
processo de acumulação, sujeito a uma selecção de documentos
feita segundo critérios subjetivos do seu titular, ou de outros
agentes que possam interferir na organização ou reordenamento
das massas acumuladas. Por outro lado, são também afectados por
perdas acidentais ou processos de expurgo, voluntários ou não,
de determinados períodos de actuação ou de certas dimensões
da vida do titular.
Por exemplo, no arquivo de Natália Correia é perceptível a
reduzida relevância dos testemunhos da sua vida amorosa, o que
sugere uma intenção de elidir esta faceta mais pessoal da sua
vivência, sendo disso ilustrativo as revelações de Branca Miranda
Rodrigues, amiga pessoal de Natália Correia, após a sua morte, ao
lembrar o cuidado da amiga em destruir as cartas que o seu primo
José António lhe envia do Ultramar. O mesmo acontece em relação
a Álvaro dos Santos Dias Pereira ou com William Creighton Hylen.
À exceção de duas provas fotográficas da jovem Natália com
dedicatória para o primeiro, da reportagem fotográfica da lua-de-
-mel em Tânger e de algumas provas legendadas pelo segundo,
são praticamente inexistentes os testemunhos da passagem
destes dois homens pela vida de Natália Correia.
24 - [Certificado de casamento de Natália Correia com William Creighton Hyler],
Tânger 1949, dat.
BPARPD/NC - 9633
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