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A VINGANÇA DA LUA<br />
Pedro sentiu então os olhos marejarem <strong>de</strong> dor, uma dor<br />
que os flagelos a ele impostos através da violência não foram<br />
capazes <strong>de</strong> formar. Sentia no peito a dor da impotência, da sua<br />
impotência em relação a aquela pessoa que amava e que jurou<br />
proteger.<br />
Foi quando a raiva começou, sentia finalmente seu coração<br />
ar<strong>de</strong>r.<br />
O bandido notou que o homem caído se mexia muito, e<br />
um brilho no pescoço da vítima chamou sua atenção. Puxou com<br />
força o medalhão <strong>de</strong> metal antigo, inspecionando–o com curiosida<strong>de</strong>.<br />
Possuía inscrições em uma língua a muito esquecida, mas<br />
a fragilida<strong>de</strong> do material <strong>de</strong>cepcionou o miserável que esperava<br />
lucrar com a venda do artefato.<br />
– Lixo sem valor! Gritou o brutamonte enquanto arremessava<br />
o amuleto protetor <strong>de</strong> Pedro em meio às águas agitadas do<br />
mar.<br />
Ainda irado, numa gargalhada <strong>de</strong>moníaca transferiu o<br />
golpe certeiro, <strong>de</strong> misericórdia, se é que po<strong>de</strong> ser usado este termo.<br />
Mas o fato é que com a violência do golpe o crânio do pobre<br />
Pedro Servo o homem humil<strong>de</strong> <strong>de</strong> que todos gostavam, quebrou!<br />
Ana gritou se <strong>de</strong>svencilhando do bandido que a segurava.<br />
Correu caindo <strong>de</strong> joelhos ao lado <strong>de</strong> seu marido, via que nos olhos<br />
estatelados <strong>de</strong> Pedro lagrimas ainda teimavam em escorrer em<br />
meio à face afundada.<br />
Os bandidos olhavam ao redor, verificando possíveis testemunhas<br />
se os gritos da mulher tinham sido escutados por alguém.<br />
Agarram-na pelos braços arrastando–a para longe do moribundo,<br />
ela tentava <strong>de</strong> todas as formas se <strong>de</strong>svencilhar dos bandidos, mas<br />
não conseguia.<br />
Vendo a cena a Lua parecendo ficar triste sumiu <strong>de</strong> vez<br />
por entre nuvens, <strong>de</strong>ixando a <strong>de</strong>solação completa daquela noite<br />
maldita, <strong>de</strong>ixando sozinha a pobre Ana para o seu triste fim.<br />
***<br />
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