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Djanira Ferreira Nunes<br />
de coisas que precisavam em casa. Vitor Platão,<br />
o pai, cara franzida, olhos no horizonte,<br />
mudo, angustiado, fumando. Malvina falando<br />
em dinheiro, que precisava tomar emprestado,<br />
que algum cristo deveria ser nomeado e assim<br />
com tantos malabarismos tirava dinheiro até<br />
do oco do pau!<br />
Tia Dalva sempre dizia em sua sabedoria:<br />
— A falta de dinheiro acaba até com o<br />
amor! Januário aprendera que o dinheiro apaziguara<br />
as querelas do lar, as pessoas ficavam<br />
amáveis. Sua mãe Malvina, língua grande de<br />
anuros, fazia muitas armações e armadilhas<br />
para seguir rumo à sua ambição de reinar em<br />
algum palacete. Camaleoa, comprando imóvel<br />
de mãos de familiares dava-se o direito de pagar<br />
como queria ou até mesmo de não pagar,<br />
deixando o outro no prejuízo! Ocorreu também<br />
que outro familiar ganhasse em sorteio<br />
uma vaca, mas não tendo onde colocar o animal,<br />
Malvina, que estava presente logo ofereceu<br />
o seu pasto e algum tempo depois dá o seu<br />
recado: — Pasto meu, sal meu, vaca minha!<br />
Assim, foi Januário aprendendo com sua mãe<br />
a arte da esperteza, da tapeação e do roubo.<br />
Bem mais tarde Januário manipula seus inte-<br />
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