Sangue Latino - Revista Filme Cultura - via: Ed. Alápis
Filme Cultura é uma realização viabilizada pela parceria entre o Centro Técnico Audiovisual – CTAv/SAV/MinC e a Associação Amigos do Centro Técnico Audiovisual – AmiCTAv. Este projeto tem o patrocínio da Petrobras e utiliza os incentivos da Lei 8.313/91 (Lei Rouanet).
Filme Cultura é uma realização viabilizada pela
parceria entre o Centro Técnico Audiovisual – CTAv/SAV/MinC
e a Associação Amigos do Centro Técnico Audiovisual – AmiCTAv.
Este projeto tem o patrocínio da Petrobras e utiliza os incentivos da Lei 8.313/91 (Lei Rouanet).
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Na Argentina, no Brasil e no México, a década de 1910 foi marcada pela formação do mercado<br />
cinematográfico segundo os interesses do produto estrangeiro, notadamente o francês,<br />
o italiano e o norte-americano. Com as dificuldades advindas da I Guerra Mundial para os<br />
países europeus, os Estados Unidos tiveram a possibilidade histórica de se destacar na concorrência<br />
e tomar conta sozinhos de vastos territórios, em especial os da América Latina.<br />
O advento do som em fins da década de 1920 modificou o cinema em termos tecnológicos e<br />
estéticos, bem como provocou grande rebuliço nos mercados de língua não inglesa, pois se<br />
o público a princípio ia às salas para se maravilhar com a novidade, logo a seguir se cansava<br />
com o fato de não compreender os filmes, dado que os processos de tradução (legendagem<br />
ou dublagem) demoraram um par de anos para serem fixados.<br />
A situação de instabilidade no mercado parece ter sido fundamental para que os produtores<br />
latino-americanos se lançassem à concretização de projetos industriais de vulto. Inspirados<br />
no studio system, foram construídos estúdios, importados equipamentos e contratados<br />
técnicos e artistas, ou seja, houve muito capital investido em cinema na Argentina, no Brasil<br />
e no México ao longo dos primeiros anos da década de 1930.<br />
Como principais exemplos da animação que tomou conta das cinematografias latino-americanas,<br />
podemos mencionar na Argentina a criação da Argentina Sono Film – por D. Angel<br />
Mentasti, em 1931 – e da Lumiton – empreendimento iniciado em 1933 e comandado por<br />
César Guerrico, Enrique Susini e Luis Romero Carranza. No Brasil, no ano de 1930 foi fundada<br />
a Cinédia – de Adhemar Gonzaga – e em 1933, a Brasil Vita <strong>Filme</strong> – de Carmen Santos.<br />
Finalmente no México, pode-se anotar a fundação da México Films – por Jorge Stahl, em<br />
1933 – e da Clasa (Cinematográfica <strong>Latino</strong>americana S.A.) – um empreendimento apoiado<br />
por capital do Estado datado de 1935.<br />
Algumas das primeiras produções sonoras latino-americanas destas e de outras produtoras<br />
alcançaram enorme sucesso de público, no que pese a grande diferença de nível técnico<br />
em relação ao cinema norte-americano e do que os críticos da época identificavam como<br />
pobreza em termos estéticos e narrativos. Exemplos da aceitação do público nos primórdios<br />
do sonoro são películas como as portenhas Tango! (Luis Moglia Barth, 1933) e Los tres<br />
berretines (Enrique Susini, 1933); as brasileiras Coisas nossas (Wallace Downey, 1931) e<br />
Alô, alô, carnaval (Adhemar Gonzaga, 1936); as mexicanas Madre querida (Juan Orol, 1935)<br />
e Allá en el Rancho Grande (Fernando de Fuentes, 1936).<br />
Carmen Miranda<br />
Não deixa de ser interessante observar que nos três países a música popular teve grande<br />
importância na afirmação das respectivas cinematografias junto ao público. Os títulos de<br />
algumas obras já deixam entrever a centralidade do samba, do tango e de outros ritmos então<br />
populares. Muitas vezes os próprios cantores – como Mário Reis e Tito Guízar – e cantoras<br />
– como Ada Falcón, Azucena Maizani e Carmen Miranda – apareciam nas fitas interpretando<br />
seus grandes sucessos e servindo de chamariz para o público.<br />
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filmecultura 57 | outubro · novembro · dezembro 2012<br />
Dossiê SANGUE LATINO