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Corre1prova

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CORRIDA | CICLISMO | TRIATLO<br />

Nº 1 | Janeiro Fevereiro | 2014<br />

Onde você treina?<br />

Especialistas apontam prós e<br />

contras dos espaços usados para a<br />

prática da corrida<br />

Na Elite<br />

Emerson Iser Bem relembra o dia<br />

em que deixou Paul Tergat no<br />

chinelo<br />

Acerte a magrela<br />

A fim de começar a pedalar? Saiba<br />

qual é a bike ideal para você<br />

PROVA CORRE! 1 - PDF<br />

Carol Stolf<br />

Pirados por corrida<br />

O piracicabano está cada vez mais apaixonado pelas corridas de rua;<br />

em quatro anos, número de provas dobrou


Editorial<br />

Informação com responsabilidade<br />

É com muita alegria e energia que “colocamos na pista” esta primeira edição da<br />

revista Corre!, uma publicação voltada exclusivamente a praticantes de corrida de<br />

rua, ciclismo e triatlo de Piracicaba.<br />

A expectativa é grande, assim como foi a batalha para se chegar até aqui.<br />

Piracicaba merecia há tempos uma publicação voltada ao tema. A corrida de<br />

rua, especialmente, teve um crescimento notório em nossa cidade. O número de<br />

participantes nas competições refletem esse cenário.<br />

Contudo cabe lembrarmos dos precursores desse novo momento da corrida, de<br />

uma geração de atletas que nos idos dos anos 1960 e 1970 levou o nome de<br />

Piracicaba a tantas competições pelo país. Mais do que representar uma nova<br />

onda, a revista Corre! é uma reverência a todos aqueles que contribuiram para o<br />

crescimento do atletismo de nossa cidade.<br />

O desenvolvimento desta revista, da ideia inicial até este primeiro número,<br />

foi baseado na opinião de gente profundamente ligada ao esporte da cidade:<br />

profissionais de assessorias esportivas, médicos, professores de educação física,<br />

atletas amadores e profissionais. A cada um deles, deixamos aqui nosso sincero<br />

muito obrigado.<br />

Suas ideias e impressões tornaram ainda mais sólida nossa linha editorial, que<br />

segue uma regra fundamental: produzir informação com responsabilidade.<br />

Nesta edição, buscamos responder a uma pergunta simples: por que a corrida<br />

de rua em Piracicaba teve um crescimento tão expressivo nos últimos anos?<br />

Nas entrevistas, o juiz José Fernando Seifarth conta sobre seu dia-a-dia entre<br />

processos, a paixão pelo jazz e, claro, a corrida. Emerson Iser Bem, campeão da<br />

São Silvestre em 1997, conta como deixou Paul Tergat comendo poeira naquela<br />

edição, e Lauter Nogueira, comentarista de esportes da Rede Globo e do SportTV,<br />

prevê os pesadelos das Olimpíadas de 2016 no Rio.<br />

A largada foi dada. Convidamos você a ser nosso companheiro neste trajeto.<br />

EXPEDIENTE<br />

Publicação bimestral<br />

RC3 Editora - Eireli – ME<br />

CNPJ: 19.032.568/0001-121<br />

Rua Marechal Deodoro, 1.341<br />

CEP 13416-580 - Piracicaba – SP<br />

www.revistacorre.com.br<br />

REDAÇÃO<br />

Eleni Destro (MTb 41.152 – SP)<br />

eleni@revistacorre.com.br<br />

19 3374-1297<br />

Matheus Souza<br />

matheus@revistacorre.com.br<br />

EDIÇÃO E PRODUÇÃO<br />

GRÁFICA<br />

Castel Design<br />

arte@revistacorre.com.br<br />

19 99112-0021<br />

CAPA<br />

Atleta: Carol Stolf<br />

Foto: Paulo Altafin<br />

FOTOGRAFIA<br />

Rodrigo Gosser<br />

iefoto@hotmail.com<br />

COLABORARAM NESTA<br />

EDIÇÃO<br />

Joílson Ferreira (Jabá)<br />

Daniela Mendes Tobaja<br />

Alan Schlossman<br />

John Willians<br />

COMERCIAL<br />

Luis Castel<br />

comercial@revistacorre.com.br<br />

19 3374-3673<br />

Informes publicitários e anúncios são de<br />

inteira responsabilidade dos anunciantes.<br />

A revista Corre! apenas os reproduz<br />

em seus espaços publicitários. Artigos<br />

assinados são de responsabilidade de<br />

seus autores. A opinião dos<br />

colaboradores e entrevistados não é,<br />

necessariamente, a opinião da revista.<br />

TIRAGEM<br />

3.000 exemplares<br />

DISTRIBUIÇÃO<br />

Gratuita, exclusiva e dirigida para<br />

Piracicaba e cidades vizinhas


4 | Corre!<br />

capa<br />

Todos<br />

na rua:<br />

corrida vira<br />

febre em<br />

Piracicaba<br />

4ª Corrida Turística de Piracicaba,<br />

organizada pela Chelso<br />

Foto: Antonio Estevam<br />

Reportagem Eleni Destro<br />

Fotos Rodrigo Gosser<br />

Provas da modalidade que mais<br />

conquista os piracicabanos dobraram<br />

em cinco anos; a busca pela qualidade<br />

de vida é apenas um dos motivos que<br />

levam tanta gente à prática<br />

Desafio, vício, saúde, paixão, realização, prazer,<br />

diversão, vida. Essas foram as definições dos<br />

entrevistados nesta reportagem ao descreverem<br />

a importância da corrida em suas vidas. Essa<br />

febre ganha cada vez mais adeptos, sem<br />

distinção de idade ou sexo. O boom do esporte<br />

em Piracicaba é visível pelo número de inscritos<br />

em cada prova. Tem até fila de espera!<br />

O crescimento da modalidade é embasado por<br />

números. Em Piracicaba, em 2008, 4 corridas<br />

faziam parte do calendário oficial. Hoje são 8.<br />

Um aumento de 100% em cinco anos.<br />

Em 2010, no Estado de São Paulo, foram<br />

registradas 374 provas contra 301 em 2009,<br />

segundo a Federação Paulista de Atletismo<br />

(FPA), que regulamentou 287 delas.


6 | Corre!<br />

Corre! | 7<br />

“As corridas são uma<br />

grande festa, onde<br />

todos se encontram,<br />

de bem com a vida, por<br />

isso virou paixão”<br />

Guilherme Celso - Chelso<br />

Oficialmente, 416.210 corredores participaram<br />

dessas provas. Isso levou a corrida ao posto de<br />

segundo esporte mais praticado no país.<br />

A Chelso é responsável pela organização de<br />

três das oito provas do calendário oficial de<br />

Piracicaba. Para Guilherme Celso, um dos sócios<br />

da empresa Chelso, o crescimento se dá pelo<br />

fato do caráter democrático do esporte, já que<br />

pode ser praticado sozinho ou em grupo. “A<br />

cada ano, o que fica mais pautado na vida de<br />

cada um é a qualidade de vida e a corrida é o<br />

esporte ideal para se conquistar isso. As corridas<br />

são uma grande festa, onde todos se encontram,<br />

de bem com a vida, por isso virou paixão”,<br />

afirmou.<br />

Um dos dinossauros da modalidade em<br />

Piracicaba é Nilton Cardoso, também sócio da<br />

Chelso. Ele começou a organizar provas há cerca<br />

de 15 anos, na raça, com a NC Promoc, que se<br />

fundiu à Goya, de Celso, e virou a Chelso.<br />

“Não são os organizadores que estão levando os<br />

atletas às corridas. Os atletas, pessoas normais,<br />

pedem a realização de provas”, pontua. Para ele,<br />

o esporte é uma tendência, facilitada pelo baixo<br />

custo. “É o esporte mais barato que existe.<br />

É claro que dentro disso existe um investimento<br />

elitizado. Querem uma assessoria, kits, procuram<br />

provas internacionais”.<br />

Gabriela Pacífico, diretora da Gaia Esportes,<br />

conta que em 2009, na primeira edição<br />

da Corrida Ilumina organizada pela Gaia,<br />

participaram cerca de 500 corredores. Neste<br />

ano, na sexta edição, foram nada menos que<br />

1.500 inscritos e mais de 200 vagas de reserva.<br />

“Muitos que caminhavam passaram a correr<br />

e pelos sobrenomes percebemos que levam<br />

marido, filho, esposa para as provas”, observou<br />

Gabriela. Realizada no dia 10 de novembro, a<br />

Corrida Ilumina, que tem o objetivo de alertar<br />

sobre a prevenção do câncer e a inclusão, foi<br />

um sucesso. Este ano a Gaia organizou cinco<br />

corridas na cidade e prepara uma prova especial<br />

e inédita em Piracicaba, com 12 horas de<br />

duração.<br />

A Corrida Ilumina, realizada no dia 10 de novembro de 2013, teve recorde de inscrições, com 1.500 atletas<br />

Foto: arquivo Gaia<br />

POLO<br />

A exigência dos atletas é o grande desafio das<br />

empresas organizadoras, que precisam fazer<br />

com que a próxima corrida seja mais atraente<br />

que a anterior. Isso se dá na escolha de novos<br />

percursos e até na montagem dos kits, que viram<br />

itens de coleção para os corredores, além de<br />

ser vitrine para os patrocinadores, que também<br />

exigem perfeição para atrelar o nome de sua<br />

empresa às provas.<br />

E graças ao trabalho das empresas<br />

organizadoras, Piracicaba pode ser considerada<br />

hoje um polo da corrida de rua na região.<br />

“Piracicaba pode ser considerada um polo<br />

porque oferece corridas de qualidade que antes<br />

só em Campinas aconteciam”, conta Gabriela.<br />

Três cidades da região terão provas organizadas<br />

pela Gaia de Gabriela Pacífico em 2014. É<br />

experiência piracicabana na indústria da corrida<br />

exportada para a região.


8 | Corre!<br />

Corre! | 9<br />

CORAÇÃO<br />

Tá. Esporte democrático, com investimento<br />

pequeno, pode ser praticado em qualquer lugar<br />

etc etc. Mas se você também já se apaixonou<br />

pela corrida ao ler esta reportagem saiba que é<br />

preciso se informar muito bem antes de calçar<br />

os tênis. O cardiologista Luis Fernando Barone,<br />

da Clínica VittaCor, avisa que a avaliação física é<br />

essencial antes de sair correndo. Uma consulta<br />

médica e a realização de alguns exames, como<br />

o eletrocardiograma, são indicados. Na triagem<br />

para os exames são analisados os fatores de<br />

risco para as doenças do coração, entre eles<br />

idade, sexo, tabagismo, diabetes, colesterol,<br />

herança genética, obesidade.<br />

O teste cardiopulmonar da VittaCor é muito<br />

procurado pelos atletas amadores, para utilização<br />

de planilhas de treinamento individuais. Com ele,<br />

é possível obter informações importantes e, além<br />

de praticar a corrida com segurança, melhorar a<br />

performance.<br />

Barone é referência na área em Piracicaba porque<br />

dá o exemplo. Começou a correr há cerca de 15<br />

anos e não parou mais. Hoje são sete maratonas<br />

no histórico, que deixam o doutor orgulhoso,<br />

entre elas a de Nova York, Chicago e Lisboa.<br />

“Escolhi a corrida porque poderia praticar em<br />

qualquer lugar, a qualquer hora e em qualquer<br />

clima. Os benefícios são a curto prazo. Em três<br />

ou quatro meses já dá para sentir a melhora”.<br />

E os benefícios são muitos. Barone cita a redução<br />

de peso, da pressão arterial, glicemia, triglicérides<br />

e aumento do HDL, o tal do bom colesterol. “Há<br />

também a liberação de substâncias que dão bemestar,<br />

como a serotonina e a adrenalina”, observa<br />

Barone. “Também melhora a auto-estima,<br />

o sono e a vida sexual”.<br />

PROVAS DO<br />

CALENDÁRIO OFICIAL<br />

2008<br />

Corrida Cidade de Piracicaba<br />

Corrida Noturna da Pizzaria Micheluccio<br />

Corrida Ilumina<br />

Corrida São Nicolau<br />

Fonte: Chelso<br />

2013<br />

Maratona de Revezamento JP<br />

Corrida Jequitibá<br />

Corrida Turística de Piracicaba<br />

Corrida Cidade de Piracicaba<br />

Corrida Gazeta de Piracicaba<br />

Corrida Trifato e Shopping Piracicaba<br />

Corrida Special Run<br />

Corrida Ilumina<br />

COM MODERAÇÃO<br />

“A palavra-chave é moderação”, alerta a<br />

personal trainer Luciana Maluf Chain de<br />

Oliveira. Luciana ressalta os benefícios da<br />

corrida, mas reforça que para que seja uma<br />

atividade física sustentável e duradoura,<br />

é preciso estar atento à maneira como<br />

ela está sendo desenvolvida e praticada.<br />

“Comparando o treinamento da corrida<br />

com uma construção, iniciamos os treinos<br />

desenvolvendo uma base sólida e resistente<br />

por meio do fortalecimento muscular. A cada<br />

treino, aplicam-se incrementos lentos de<br />

minutos de corrida, para que seu organismo<br />

(músculos, articulações e ligamentos) possa<br />

se adaptar àquele novo gesto mecânico”,<br />

observa.<br />

Foto: Shutterstock<br />

A disciplina é essencial para a evolução e para a sustentação<br />

dos resultados obtidos. Ela também alerta que é bom evitar<br />

comparações com outras pessoas, até que se tenha atingido<br />

um bom volume de treino e tempo de corrida. “Nesta etapa, o<br />

pensamento não deve focar em participação em provas”, diz.<br />

Trabalhar velocidades e treinos intervalados deve ser o próximo<br />

passo, junto com o fortalecimento muscular e alongamento, para<br />

daí, sim, chegar às provas.<br />

O próximo passo é começar a “subir as paredes da construção”,<br />

trabalhando mais com velocidades e treinos intervalados, ao<br />

mesmo tempo com o trabalho de fortalecimento muscular<br />

e alongamentos. “A partir daí, a participação em provas de<br />

corrida de rua, na praia, com os amigos, torna-se interessante e<br />

motivadora”, afirmou Luciana.<br />

Para correr bem e correr sempre<br />

• Estabeleça metas que tenha condição de cumprir, sem<br />

se desesperar<br />

• Não queira superar sempre seus limites de tempo e<br />

quilometragem: isso lhe trará prejuízos a longo prazo,<br />

como lesões<br />

• Não tenha pressa na evolução do seu treino. Os<br />

aumentos de intensidade e quilometragem devem ser<br />

introduzidos em doses baixas, sustentando cada etapa<br />

conquistada<br />

• Não inicie um programa de treino hoje, pensando que<br />

daqui a dois ou três meses estará participando de<br />

provas de 5 e 10km. Vá com calma!<br />

• Não deixe de fazer exercícios de fortalecimento<br />

muscular, principalmente para posteriores de coxa,<br />

glúteos e musculatura do core, os músculos internos<br />

do abdômem. Alongamentos pós-treinos também são<br />

essenciais<br />

• Desconfortos articular e muscular constantes podem<br />

ser sinal de alguma lesão se instalando. Cuide para<br />

que isso não evolua<br />

• Cuidado com treinos tirados de aplicativos e revistas.<br />

Nem sempre ele está adaptado para seu organismo<br />

• Procure um profissional capacitado que possa<br />

lhe transmitir todas as informações e cuidados<br />

necessários para que a corrida faça parte da sua vida<br />

por muitos anos<br />

• Pense: você que hoje tem 30-40-50 anos e quer<br />

correr pelo menos até os 80, se abusar e se desgastar<br />

demais, não vai longe. Portanto, moderação!<br />

SAMURAIS<br />

Um de seus alunos classificou<br />

seus treinos como “dignos<br />

de samurais”. Seriedade<br />

e disciplina são duas das<br />

principais características<br />

do personal trainer Rodrigo<br />

Murakami, especialista em<br />

fisiologia do exercício, que<br />

bota muita gente pra correr na<br />

cidade.<br />

O trabalho de Murakami<br />

consiste em “criar um ambiente<br />

de sucesso”, como ele define,<br />

para que o aluno alcance seus<br />

objetivos. Para isso, Murakami<br />

estuda a parte física do aluno,<br />

com análise da biomecânica<br />

e da condição muscular,<br />

para daí potencializar o tipo<br />

de treino. Mas não para por<br />

aí. Ele também recomenda<br />

nutricionista, observa os<br />

horários e local ideais para os<br />

treinos, as roupas adequadas<br />

(de acordo com o horário<br />

e local), o tipo de monitor<br />

cardíaco que vai atender àquele<br />

aluno, além de tênis adequado.<br />

A assessoria é completa.<br />

A visão romântica de que para<br />

correr basta calçar um par de<br />

tênis e sair em disparada cai<br />

por terra em poucos segundos<br />

de conversa com o treinador.<br />

A lista de recomendações<br />

de Murakami inclui, além de<br />

sua assessoria, consultas ao<br />

cardiologista e nutricionista,<br />

e investimento em monitor<br />

cardíaco e suplementos, entre<br />

outras, que chega a um valor<br />

de pouco mais de R$ 2.000, no<br />

Fonte: Luciana Maluf Chain de Oliveira, personal trainer


10 | Corre!<br />

personas<br />

Corre! | 11<br />

início. “Para manter o treino será preciso<br />

investir na assessoria, suplementação e<br />

troca de tênis de seis em seis meses”,<br />

avisa.<br />

Quer começar a correr?<br />

Saiba qual será seu investimento inicial<br />

Assessoria de corrida – De R$ 150 a R$ 400<br />

Consulta com cardiologista – De R$ 200 a R$ 400<br />

Consulta com nutricionista – De R$ 150 a R$ 250<br />

Monitor cardíaco – R$ 800<br />

Suplementação – R$ 320<br />

Fonte: Rodrigo Murakami – Atividade Física Personalizada<br />

FOCO, FOCO!<br />

Empresários, executivos, estudantes<br />

com ensino superior, bem-sucedidos,<br />

disciplinados e com idade a partir de 35<br />

anos. Esse é o perfil básico das pessoas<br />

que procuram sua assessoria esportiva<br />

para começar a correr. “Quem me<br />

procura quer um tempo para cuidar de<br />

si mesmo. É dedicado e foca 100% para ter o<br />

resultado”, completou. E os objetivos também<br />

são variados, que podem ser desde a busca pelo<br />

emagrecimento, para melhorar o tempo, realizar<br />

o sonho de correr10 km ou uma maratona.<br />

E o mestre dá o exemplo. Em três anos foram<br />

três maratonas: em 2013, no deserto do<br />

Atacama, Chile; em 2012 ficou em 3º lugar em<br />

sua categoria em prova em Assunção, Paraguai,<br />

e em 2011 alcançou a segunda colocação em<br />

Punta Del Este, Uruguai.<br />

EXEMPLO<br />

“Meu pai tem uma série de problemas cardíacos<br />

e quando descobriu essas doenças seus<br />

médicos recomendaram que ele praticasse<br />

esportes. Então durante anos via meu pai correr<br />

enlouquecidamente para se preparar e participar<br />

de provas e sempre achei interessante. Mas<br />

comecei a correr em 2000. No começo senti<br />

muita dificuldade, pois nunca tinha corrido<br />

O personal Rodrigo Murakami e a aluna Maria Amorim<br />

antes. Aliás, muito pelo contrário, sempre fui<br />

muito sedentária. Mas quando fui melhorando<br />

minha performance e participando de provas me<br />

apaixonei. Nos dias que corro fico mais calma e<br />

mais feliz. E com essa rotina de exercícios e um<br />

acompanhamento de uma nutricionista perdi 10<br />

quilos e nunca estive tão saudável.”<br />

Maria Amorim Queen, 39, formada em sociologia<br />

VIDA NOVA<br />

“Comecei a correr em 2012. Fiz um transplante<br />

renal em 2006 e fiquei praticamente seis anos<br />

preocupado com a saúde, medindo as ações<br />

para não ter rejeição do órgão. Em dezembro<br />

de 2011 vi uma reportagem de um atleta<br />

transplantado, Haroldo Costa, conversando com<br />

o Guga (Gustavo Kuerten, tenista). Na época<br />

ele fazia hemodiálise e assistia o Guga jogando.<br />

E começou a praticar tênis e a participar dos<br />

Jogos Mundiais dos Transplantados. Eu não<br />

Dinael Wolf<br />

conhecia os jogos e disse: vou participar.<br />

Foi como criar uma meta, um sonho. Fui<br />

correr. Pensei: há outros objetivos, que<br />

é incentivar a doação de órgãos, mas eu<br />

quero ser competitivo também. Aí conheci o<br />

Rodrigo Murakami e comecei a praticar com<br />

acompanhamento específico em fevereiro<br />

de 2012. No período de um ano emagreci 15<br />

quilos. Coloquei a meta de participar dos Jogos<br />

de 2013, na África dos Sul, e fomos trabalhando<br />

juntos. No fim de outubro, nos Jogos Latino<br />

Americanos dos Transplantados, participei<br />

de corridas de 200m, 400m, 800m, 1.500m e<br />

5.000m e peguei dois segundos lugares. Nos<br />

países onde acontecem os Jogos Mundiais,<br />

aumenta em torno de 25% a 30% o número de<br />

pessoas que querem fazer a doação<br />

de órgãos.<br />

No final de julho tive a oportunidade de<br />

participar dos Jogos Mundiais da África,<br />

onde havia 2.000 pessoas.<br />

Tive interação com pessoas do mundo<br />

inteiro, que mostraram que é possível levar uma<br />

vida normal após o transplante. A corrida é uma<br />

oportunidade de celebrar a vida após<br />

o transplante e divulgar a importância da<br />

doação de órgãos.”<br />

Dinael Wolf, 42, engenheiro eletrônico<br />

EM FAMÍLIA<br />

“Comecei a correr em maio de 2010.<br />

Foi algo inusitado. Estava fazendo uma<br />

caminhada na Esalq quando um senhor de uns<br />

70 anos passou correndo. Mal terminei a minha<br />

volta e ele me passou pela segunda vez.<br />

Margato: torcida em família<br />

Aquilo mexeu comigo. Olhei para os lados<br />

para ver se ninguém estava me vendo e<br />

arrisquei os primeiros passos. Escolhi a<br />

corrida porque é um esporte desafiador e<br />

que depende somente de mim.<br />

O mais importante é curtir o envolvimento<br />

e ter o apoio da minha família. A partir<br />

do momento em que me dediquei<br />

completamente à corrida, toda a minha<br />

família passou a viver intensamente um<br />

novo estilo de vida, mais saudável e<br />

com muito mais Deus em suas mentes e<br />

corações. Não que antes era diferente, mas<br />

todos, inclusive eu, percebemos de uma<br />

forma real, que na vida são os momentos<br />

presentes e não uma linha de chegada ou<br />

um objetivo futuro que faz você ser mais<br />

feliz ou realizado.”<br />

Percival Margato Junior, empresário<br />

Foto: Acervo pessoal


12 | Corre!<br />

MAIS SAÚDE<br />

“Cheguei à corrida por causa da<br />

saúde mesmo. Era obeso, tinha<br />

colesterol alto, pressão alta. E meu<br />

cardiologista, que também corre,<br />

o doutor (Luís Fernando) Barone,<br />

me recomendou a corrida.<br />

Comecei a correr com assessoria.<br />

No começou foi por causa da<br />

saúde, mas aí gostei, viciei e<br />

comecei a fazer por prazer. Antes<br />

da corrida pesava mais de 100kg<br />

e hoje peso 75 kg. Perdi mais ou<br />

menos 30 kg correndo, em cerca<br />

de 1 ano e meio.<br />

Vanger da Rocha<br />

Para mim foi muito bom por<br />

questões de saúde e de prazer porque você<br />

acaba conhecendo muita gente. A corrida<br />

proporciona isso também: fazer novas amizades.<br />

Sempre fazia exames de rotina e em uma<br />

determinada época meus exames estavam todos<br />

alterados. Era sedentário. E meu cardiologista<br />

me alertou, me sugeriu o esporte para regular<br />

tudo, pressão, triglicérides. Comecei<br />

pedalando e depois passei para a<br />

caminhada e para a corrida. Não<br />

tinha noção nenhuma, mas por meio<br />

da assessoria comecei fazendo a<br />

coisa direito e nunca me machuquei.<br />

Hoje já corro distâncias bem longas.<br />

Fiz a Maratona do Rio, em julho.<br />

Programo viagem junto com as<br />

corridas e levo a família. Virou um<br />

prazer, um hobby”.<br />

Vanger da Rocha, 37, funcionário do Ministério<br />

Público Federal<br />

AUTOCONHECIMENTO<br />

“Comecei a correr aos 19 anos, em Três Lagoas,<br />

Mato Grosso do Sul, incentivada pelo meu<br />

namorado na época, que hoje é meu marido:<br />

Mestre Marcos... O via ouvindo música, trilhando<br />

caminhos novos, parecia se divertir muito. Foi<br />

quando parei de esperá-lo e resolvi acompanhá-lo!<br />

No começo andava e corria,<br />

e aos poucos fui melhorando<br />

e aumentando meu fôlego.<br />

Hoje tenho que conciliar meu<br />

trabalho, casa, filhos e tudo<br />

mais com os treinos e provas.<br />

Virou hábito, necessidade,<br />

aprendi a vencer desafios,<br />

conhecer meu corpo e aprender<br />

com os muitos amigos que<br />

conheci. Os troféus e o<br />

patrocínio da assessoria de<br />

corrida EPJ vieram sem que<br />

eu percebesse, mas foi tanta<br />

felicidade que resolvi treinar<br />

mais para ´vencer` e tornar a<br />

vida mais bonita em todos os<br />

sentidos!!!”<br />

Carol Stolf<br />

Foto: Paulo Altafin<br />

Carol Stolf, 35, designer de acessórios<br />

fica a dica<br />

Cheia de<br />

encantos<br />

Correr junto aos cartõespostais<br />

de Piracicaba<br />

não tem preço; saiba<br />

as vantagens e<br />

desvantagens dos locais<br />

mais procurados para a<br />

prática do esporte<br />

Sombra, beleza e<br />

ineditismo são algumas<br />

características apontadas<br />

por corredores sobre a Esalq;<br />

asfalto com inclinações<br />

laterais é ponto negativo<br />

Reportagem Matheus Souza<br />

Fotos Rodrigo Gosser<br />

Vai correr hoje? Calce os tênis, escolha seu lugar favorito e<br />

aproveite. Em Piracicaba, opções não faltam para quem deseja<br />

dar suas passadas, seja num treino de alto rendimento ou numa<br />

caminhada despretensiosa de fim de tarde.<br />

As ruas do campus da Esalq (Escola Superior de Agricultura<br />

Luiz de Queiroz), a área de lazer do Parque da Rua do Porto e a<br />

avenida Cruzeiro do Sul são alguns dos “picos” mais procurados<br />

para a prática da corrida e da caminhada em Piracicaba. Pistas<br />

localizadas na região do Piracicamirim, Estação da Paulista<br />

e Cecap, sem contar as avenidas Independência e Carlos<br />

Botelho, também reúnem todos os dias um público bastante<br />

diversificado.<br />

Cada um desses locais, porém, conta com características<br />

específicas, com detalhes que merecem ser considerados<br />

para se obter prazer na prática do exercício. Pensando nisso, a<br />

revista Corre! conversou com um especialista em treinamento e


14 | Corre!<br />

Corre! | 15<br />

corredores, que passaram as suas impressões.<br />

“Em Piracicaba existem lugares que não<br />

acabam mais para se correr, mas é importante<br />

preocupar-se sempre com o piso para evitar<br />

lesões ao máximo”. Esse é o principal conselho<br />

de Alan Schmidt, professor de educação física e<br />

personal trainer da Bio Eco Esportes.<br />

“As pistas localizadas na área de lazer da Rua<br />

do Porto e na avenida Cruzeiro do Sul são<br />

locais que contam com marcações regulares<br />

das distâncias. O Parque da Rua do Porto, além<br />

das demarcações, conta também com um<br />

trajeto bastante plano. Já a Esalq possui pistas<br />

mais inclinadas em ambos os lados para o<br />

escoamento da água da chuva”, disse ele.<br />

ATENÇÃO COM AS LESÕES<br />

De acordo com Schmidt, deve-se tomar cuidado<br />

com alguns percursos realizados dentro do<br />

campus da universidade da USP. “É comum<br />

ouvir queixas relativas a dores nas panturrilhas,<br />

joelho, tornozelo ou quadril, causadas<br />

justamente por causa dessas inclinações de<br />

quem corre somente na Esalq, principalmente<br />

na área do círculo central (em frente ao prédio<br />

principal)”, explicou, lembrando que outros<br />

locais da universidade contam com trechos bem<br />

mais planos.<br />

Alan indicou pistas como a do Piracicamirim<br />

e da Estação da Paulista também como boas<br />

opções para treinos. “É tudo uma questão de se<br />

pensar no tipo de treino que você vai aplicar no<br />

aluno. A pista do Piracicamirim conta com 500<br />

metros demarcados. O trajeto da Estação da<br />

Paulista, além de ser demarcado, tem também<br />

um pouco de subida”, disse.<br />

PARA CORRER ALÉM DA CIDADE<br />

O técnico da Bio Eco Esportes também<br />

apontou trajetos localizados fora do eixo Esalq-<br />

Rua do Porto. “Eu gosto muito de algumas<br />

rampas-chave que existem na cidade, como as<br />

do bairro Monte Alegre. Lá existe um trajeto<br />

com muitas subidas. A própria rodovia Luiz<br />

de Queiroz (SP-308) também conta com um<br />

trecho de cerca de 3 km só de subida”, apontou<br />

Schmidt, sempre lembrando da questão<br />

do piso.<br />

O personal trainer Alan Schmidt destaca o trajeto<br />

plano da pista do Parque da Rua do Porto<br />

Pista do Piracicamirim tem<br />

500 metros bem demarcados<br />

BOM, PERO NO MUCHO<br />

Apesar de avaliar de forma positiva uma boa<br />

parcela das áreas para a prática da corrida,<br />

Alan apontou algumas questões que ainda<br />

deixam bastante a desejar em Piracicaba.<br />

Desrespeito por parte de motoristas, calçadas<br />

irregulares e asfalto em péssimas condições em<br />

algumas vias ainda indicam um longo caminho<br />

de modernizações e uma maior tomada de<br />

consciência por parte dos cidadãos.<br />

“Isso não é relativo apenas para quem corre,<br />

mas também para quem pedala. Não existe um<br />

favorecimento a quem quer correr ou pedalar<br />

pela cidade. Não vemos respeito por parte<br />

de motoristas. Temos tantas pessoas aqui na<br />

cidade que desejariam se deslocar de casa ao<br />

trabalho, ou vice-versa, correndo ou pedalando,<br />

mas que por conta da estrutura viária atual<br />

simplesmente não podem. Muitas ruas estão<br />

sem as mínimas condições de qualidade do<br />

asfalto, cheias de buracos e ondulações. Para<br />

quem corre, por exemplo, as calçadas são<br />

completamente irregulares, sem qualquer tipo de<br />

padrão. Imagine isso para os cadeirantes? Uma<br />

pessoa que usa cadeira de rodas, por exemplo,<br />

simplesmente não pode praticar corrida em<br />

Piracicaba. É praticamente impossível com a<br />

estrutura viária que temos hoje”, disse Schmidt.<br />

Opinião de corredor<br />

Área de Lazer (Parque da Rua do Porto)<br />

“A passarela cimentada e a trilha na grama oferecem um<br />

ótimo local de treino. Estacionamento fácil (menos aos<br />

domingos), sombra, diversos pontos com água e uma<br />

relativa sensação de segurança (conta com uma base da<br />

Guarda Civil). É bastante arborizado e tem ainda um lago<br />

muito bonito, que em dias muito secos ajuda os corredores<br />

mantendo a umidade do ar mais alta no local.”<br />

Nilson César de Souza, 36, publicitário, treina 3 vezes por semana<br />

Campus da Esalq<br />

“Para mim, a Esalq é um dos lugares mais gostosos para se<br />

correr em Piracicaba. Gosto da paisagem, da brisa fresca e<br />

dos lugares diferentes. São muitos os trajetos alternativos,<br />

não fica um treino repetitivo. Para correr 10 km na Esalq<br />

você não precisa passar pelo mesmo lugar, como é o caso<br />

da Área de Lazer, por exemplo. Sem contar que as ruas da<br />

Esalq são amplas, o pessoal que caminha não atrapalha<br />

quem corre e vice-versa.”<br />

Márcio Mendes, 43, empresário, treina 4 vezes por semana<br />

Avenida Cruzeiro do Sul (Nova Piracicaba)<br />

“Lá existe uma pista de terra, mais exigente pela falta<br />

de tração, e que absorve os impactos. É bem servida de<br />

bebedouros, seu percurso é plano e com bastante sombra.<br />

Só fica uma ressalva para alguns casos de assaltos em<br />

horários de pouca circulação e para a presença de pedras e<br />

raízes pelo trajeto que podem causar acidentes”.<br />

Marcos Borges, engenheiro mecânico, treina 3 vezes por semana<br />

Pista da Estação da Paulista<br />

“Moro há cinco meses em Piracicaba, e gosto bastante<br />

do lugar por ser próximo à minha casa e também por ter<br />

um clima tranqüilo, bem família mesmo, com um piso<br />

adequado, plano. Acho que poderia apenas melhorar um<br />

pouco na questão da segurança. Não vejo muitos guardas<br />

pelo local”.<br />

Edson Bruno Oliveira Menezes, 27, professor de educação física<br />

Na Estação da Paulista, a subida<br />

favorece treinos mais específicos


16 | Corre!<br />

personal<br />

Foto: Rodrigo Gosser<br />

“Um personal<br />

trainer certamente<br />

deixará seus<br />

treinos mais<br />

prazerosos,<br />

produtivos e<br />

seguros.”<br />

O personal e os treinos de corrida<br />

As pessoas estão cada vez mais tomando consciência da importância<br />

de se realizar exercícios físicos regularmente na busca por uma<br />

boa qualidade de vida, e não somente para obter melhorias em sua<br />

aparência. Sou frequentador dos parques de Piracicaba, em especial<br />

a Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz/USP), e tenho<br />

constatado o crescente número de pessoas de todas as idades<br />

praticando caminhada ou corrida, o que mostra que esse esporte tem<br />

se destacado.<br />

Mas quais as vantagens de se praticar corrida? Eu digo que muitas são as vantagens,<br />

como a queima de gordura, a aceleração do metabolismo, a melhora da memória e<br />

atividades cognitivas, a melhora na quantidade e qualidade do sono, o fortalecimento<br />

do sistema imunológico e do coração. Mas acima de tudo, ressalto a realização<br />

pessoal, o prazer e a sensação de liberdade que a corrida lhe dá.<br />

Além desses benefícios diretos, ressalto que quando uma pessoa se compromete a<br />

participar de uma corrida de rua e inicia seus treinos, inevitavelmente, ela melhorará<br />

seus hábitos alimentares, sua vida social e seu comprometimento com as atividades<br />

físicas, tudo para atingir seu objetivo: terminar a corrida, comemorar e começar<br />

a pensar no seu próximo desafio. Os 5 km que antes pareciam impossíveis são<br />

superados. Os 10 km chegam e são superados, e quando menos se espera, uma<br />

maratona é vencida!<br />

Mas fique atento: para desfrutar de todos esses benefícios e atingir seus objetivos<br />

pessoais sem sofrer lesões, não se esqueça de buscar a orientação de um profissional<br />

que saiba trabalhar e respeitar a sua individualidade: o personal trainer.<br />

O personal trainer irá desenvolver um programa de treinamento que buscará a<br />

manutenção do equilíbrio físico, psíquico, mental, emocional e social, contribuindo com<br />

a sua qualidade de vida. Esse profissional irá conduzi-lo no caminho da educação para a<br />

saúde.<br />

Uma grande vantagem de se ter um personal trainer é que ele poderá programar seus<br />

treinos de corrida ao ar livre, em academias ou em sua própria casa, caso você possua<br />

uma esteira. Dessa forma, dias de chuva e frio não serão mais empecilhos ao seu<br />

treino. Além disso, o profissional certamente lhe indicará treinamentos complementares<br />

como musculação e ciclismo, visando melhorar o seu desempenho nas corridas.<br />

Portanto, independentemente de seu objetivo, corridas de 5 km e 10 km, meiamaratona,<br />

maratona, ultramaratona, a orientação de um personal trainer certamente<br />

deixará seus treinos mais prazerosos, produtivos e seguros. O personal tem formação<br />

e competência suficientes para que você confie em seu trabalho para desenvolver um<br />

treinamento individualizado e produtivo.<br />

Joilson da Silva Ferreira, o Jabá, é professor de educação física, pós-graduado<br />

em exercícios físicos para reabilitação cardíaca e grupos específicos


18 | Corre!<br />

internacional Corre! | 19<br />

Gringo<br />

na pista<br />

Reportagem Eleni Destro<br />

Fotos Rodrigo Gosser<br />

O treinador e preparador<br />

físico norte-americano John<br />

Williams fala à Corre! sobre<br />

seu trabalho com atletas de<br />

Piracicaba<br />

O coach americano John Williams e atletas<br />

da Selam na pista do Sesi Piracicaba<br />

Piracicaba recebeu a visita do treinador<br />

americano John Baker Williams duas vezes<br />

neste ano. A fera do treinamento esportivo<br />

esteve na cidade em julho, para ministrar um<br />

workshop na Unimep (Universidade Metodista<br />

de Piracicaba), e em outubro, para acompanhar<br />

de perto a performance dos atletas da Noiva<br />

da Colina nos 77º Jogos Abertos, em Mogi das<br />

Cruzes. A cidade ficou em terceiro lugar na<br />

competição.<br />

John mantém em Atlanta, EUA, o centro de<br />

treinamento Unlocked Fitness, onde faz um<br />

trabalho de alto rendimento e reabilitação de<br />

atletas amadores e profissionais, no qual se<br />

aplicam conceitos inovadores para promover<br />

melhoras significativas em força, velocidade,<br />

agilidade e flexibilidade. Nos Abertos, ele<br />

deu suporte, principalmente, ao atletismo<br />

piracicabano.<br />

John veio ao Brasil a convite da triatleta Nise<br />

Lanna, também uma super incentivadora do<br />

atletismo piracicabano. E essa parceria, que<br />

também envolve a Prefeitura de Piracicaba, por<br />

meio da Selam (Secretaria Municipal de Lazer,<br />

Esportes e Atividades Motoras), deve render<br />

bons frutos: “A ideia é criar um intercâmbio<br />

entre Brasil e EUA. Conseguir patrocínio para<br />

levar nossos atletas para lá e trazer atletas<br />

americanos para Piracicaba”, contou Nise.<br />

Em entrevista exclusiva à revista Corre!, John<br />

falou sobre seu trabalho, que privilegia o ser<br />

humano em primeiro lugar, a confiança em si<br />

mesmo em busca de altos rendimentos. Confira<br />

os principais trechos. Nesta edição você<br />

também encontra um artigo em que John fala<br />

de suas impressões sobre o que viu e viveu por<br />

aqui. Boa leitura!


20 | Corre!<br />

O meu trabalho é<br />

baseado em melhorar<br />

“a performance humana.<br />

Corre! - Fale pra gente sobre o<br />

trabalho que você desenvolveu<br />

em Piracicaba.<br />

John Wiliams - Um dos<br />

objetivos principais foi trazer<br />

uma tecnologia de treino para<br />

Piracicaba e para o país. O<br />

que eu encontrei no Brasil da<br />

primeira vez que vim, em julho,<br />

foi uma receptividade muito<br />

grande às novas técnicas,<br />

novas tecnologias e métodos<br />

de treino. Em julho, fiz um<br />

workshop na Unimep e visitei<br />

centros de treinamento em<br />

São Paulo, Campinas e na<br />

região de Piracicaba. Fiquei<br />

muito animado com o que<br />

vi. Piracicaba e o Brasil estão<br />

prontos para dar um novo<br />

passo no esporte profissional.<br />

C! – Como é esse treinamento<br />

que visa melhorar força,<br />

agilidade, flexibilidade e<br />

velocidade com risco mínimo?<br />

JW - Cada uma dessas<br />

qualidades requer habilidades<br />

e técnicas específicas de<br />

treino para serem alcançadas.<br />

O trabalho é baseado<br />

primeiramente em uma<br />

organização de como o atleta<br />

deve fazer para adquirir cada<br />

“<br />

uma delas. Se você puder<br />

manter essas qualidades<br />

em um atleta, obviamente a<br />

performance dele vai aumentar.<br />

Ao mesmo tempo faço um<br />

trabalho para evitar lesões.<br />

C! – Quais atletas conhecidos<br />

você já treinou?<br />

JW - Entre os grandes nomes<br />

que treinei estão o atleta de<br />

salto em distância Dwight<br />

Phillips (medalhista de ouro nos<br />

Jogos Olímpicos de Atenas,<br />

em 2004, e campeão mundial<br />

por quatro vezes, que está se<br />

aposentando este ano); Carina<br />

Moreno, atleta olímpica de<br />

boxe, da Califórnia; Mike Hazle,<br />

lançador de dardo; a tenista<br />

Naiara Junior, e Nicole Davis,<br />

que está se preparando para as<br />

Olimpíadas (Nicole acompanhou<br />

John na viagem a Piracicaba).<br />

C! – Qual a diferença entre<br />

treinar um corredor e um<br />

tenista, por exemplo?<br />

JW – O meu trabalho é baseado<br />

em melhorar a performance<br />

humana. Nesse sentido, cada<br />

esporte vai requerer habilidades<br />

diferentes e técnicas diferentes,<br />

mas ainda assim estou<br />

trabalhando com performance.<br />

Apesar dos aspectos técnicos<br />

não recaírem sobre mim,<br />

mas sobre cada indivíduo,<br />

trabalhar muito bem e conhecer<br />

o atleta é um dos requisitos<br />

para conquistar a melhoria da<br />

performance. Infelizmente, nos<br />

EUA muitos treinadores de<br />

elite não vêem esse trabalho<br />

como uma parceria, mas<br />

como competição. Acredito<br />

que é muito importante<br />

estar próximo do seu<br />

atleta, identificando<br />

as deficiências dele e<br />

trazendo um trabalho<br />

de diagnóstico dessas<br />

deficiências e a solução<br />

de cada uma delas. Existem<br />

esses dois polos que devem<br />

ser considerados: aquele<br />

profissional que vai fornecer<br />

para o atleta os aspectos<br />

técnicos e aquele que fornece<br />

o bem-estar e a saúde. Na<br />

minha concepção, esses dois<br />

polos deveriam estar contidos<br />

em um único trabalho, que é o<br />

que venho tentando fazer. Uma<br />

coisa que me deixou muito feliz<br />

em Piracicaba é que percebi<br />

o quão abertos os treinadores<br />

estão para entender essa<br />

concepção e procurar praticar<br />

isso no seu trabalho.<br />

C! – A reportagem da Corre! imaginava<br />

que você fosse um cara mais velho, mais<br />

experiente. Conte um pouco sobre sua<br />

carreira e o que o levou a se tornar um<br />

treinador ainda tão jovem.<br />

Corre! | 21<br />

JW – Estou muito feliz em desapontá-los pela<br />

questão da idade (risos). Tenho 41 anos agora.<br />

Estive envolvido com o atletismo por muitos<br />

anos da minha vida e depois com basquete,<br />

futebol americano, caratê, taekwondo, aikido e<br />

motociclismo, profissionalmente.<br />

Afastei-me da carreira de atleta profissional<br />

quando decidi me dedicar aos outros, ajudar<br />

os atletas em início de carreira a serem bemsucedidos.<br />

Conviver com todos os esportes,<br />

conhecer as características de cada um trouxe<br />

essa consciência de que melhorar cada<br />

componente individualmente vai melhorar o<br />

conjunto.<br />

Os jovens treinadores deveriam, sim, criar<br />

controvérsias dentro do que é a performance<br />

humana. Chegamos a um patamar no qual as<br />

pessoas estão usando muito suplemento para<br />

conquistar músculo, performance, rendimento,<br />

coisas funcionais. Acho que não é preciso.<br />

No momento em que um jovem treinador,<br />

com cabeça aberta, começa a tomar para si o<br />

desafio, ir a fundo para ver o que há dentro do<br />

atleta, ele pode explorar um universo inteiro.<br />

C! – A corrida está virando uma febre. No<br />

Brasil, em Piracicaba... Isso é uma tendência<br />

mundial?<br />

JW – Este não é um fenômeno novo. É um<br />

fenômeno que está voltando. Nos anos 1970<br />

houve uma febre muito grande, quando a Nike<br />

deu um salto quântico por causa da corrida.<br />

É um esporte acessível à maioria das pessoas<br />

e não requer um alto nível de conhecimento<br />

técnico. É socialmente bacana porque não<br />

requer muito dinheiro para praticar, poucos<br />

equipamentos e não precisa de academia.<br />

Onde você estiver você pode praticar.


22 | Corre!<br />

nutrição<br />

Técnica inovadora<br />

Não é só a filosofia de<br />

treinamento de John Williams<br />

que faz seu trabalho ser<br />

diferente. A tecnologia<br />

também é sua aliada e está<br />

representada em um aparelho<br />

de eletroestimulação dos<br />

músculos chamado i Myo<br />

Pro. A técnica já é bastante<br />

conhecida na reabilitação<br />

de lesões, mas agora foi<br />

protocolada por John de<br />

maneira a permitir ao atleta<br />

não só a prevenção de lesões,<br />

mas também o aumento da<br />

força, resistência e potência.<br />

O i Myo Pro é distribuído nos<br />

EUA pela Axon Technology<br />

Group. Com esta tecnologia,<br />

o atleta pode treinar enquanto<br />

recebe a eletroestimulação,<br />

o que potencializa o ganho<br />

de força e resistência, se<br />

comparados a um treino<br />

comum. O aparelho tem<br />

programas de reabilitação<br />

e analgesia, muito utilizados<br />

pela fisioterapia esportiva,<br />

também compilados em<br />

protocolos específicos. Nos<br />

programas de recuperação<br />

muscular, os benefícios são<br />

ainda mais visíveis, onde<br />

a musculatura trabalhada<br />

em treinos intensos recebe<br />

correntes desenhadas para<br />

o relaxamento muscular, a<br />

recuperação das fibras e a<br />

eliminação mais rápida das<br />

toxinas acumuladas.<br />

Foto: Rodrigo Gosser<br />

“No dia da<br />

prova, faça<br />

um bom e<br />

completo café<br />

da manhã duas<br />

ou três horas<br />

antes.”<br />

Dicas para entender seu corpo<br />

A participação em corridas de rua vem aumentando<br />

significativamente nos últimos anos. Além dos benefícios para a<br />

saúde, a prática desse esporte não requer altos custos, o que a<br />

torna atraente para muitos praticantes. As provas variam de 5, 10,<br />

21 e 42 quilômetros e todas elas requerem um cuidado extra com a<br />

alimentação e orientações mais específicas.<br />

Comer adequadamente nos dias que antecedem a prova é muito<br />

importante, porém, não é determinante para um bom rendimento<br />

esportivo, mas sim para o estado nutricional do nosso corpo. Alguns<br />

exemplos simples, no dia a dia, podem lhe ajudar a saber se sua<br />

alimentação está adequada ou não para seu corpo. A presença de um<br />

ou mais sintomas pode ser uma provável deficiência alimentar. Entre os exemplos estão<br />

câimbras, urina noturna, diarreia ou fezes sem formato uniforme e manchas brancas<br />

nas unhas.<br />

Em contrapartida, muitas vezes a alimentação está correta, porém, a absorção não<br />

está sendo adequada por algum motivo ou o gasto de determinado nutriente está<br />

aumentado. Isso pode ocorrer em casos de estresse; pouco sono ou sono leve;<br />

em casos de rinite, sinusite, dermatites, amigdalite entre outras manifestações do<br />

sistema imunológico; presença de luzes no cabelo e o uso de medicamentos (inclusive<br />

anticoncepcionais).<br />

O nosso corpo é muito complexo e não se resume em macronutrientes: carboidrato,<br />

proteína e gordura. Não se resume em apenas se alimentar. Temos que ingerir, digerir,<br />

absorver e utilizar. Além disso, somos diferentes uns dos outros, portanto, com<br />

necessidades únicas. Um alimento que faz bem para um, não necessariamente fará<br />

bem para o outro.<br />

De uma forma geral, nos dias que antecedem a prova consuma muitas frutas, verduras,<br />

carboidratos integrais e lembre-se sempre de tomar água, mesmo quando não estiver<br />

com sede.<br />

No dia da prova, faça um bom e completo café da manhã duas ou três horas antes,<br />

consumindo, além de frutas e carboidratos integrais, proteínas de rápida absorção.<br />

Nunca teste nenhum alimento ou suplemento no dia da prova.<br />

Ingira mais um pouco de carboidrato entre 30 e 40 minutos antes da prova se sentir<br />

que está ansioso.<br />

Durante a prova, mesmo nas consideradas curtas (até uma hora) é muito importante<br />

repor líquidos. Isotônicos ou carboidratos são mais recomendados após uma hora ou<br />

para atletas de alto rendimento.<br />

Logo após a prova, a hidratação continua sendo primordial e uma sugestão é a água<br />

de coco. Um pouco depois procure fazer uma refeição completa. Lembre-se que a<br />

sua recuperação é feita nas próximas quatro horas, portanto, não coma e depois fique<br />

um longo período em jejum. E não é porque seu gasto calórico foi alto que você está<br />

liberado para comer açúcar, frituras ou refrigerantes. Neste momento o seu corpo, que<br />

foi muito exigido, precisa da sua ajuda para se recuperar e não somar mais deficiências<br />

nutricionais.<br />

Boa prova!<br />

Daniela Mendes Tobaja é nutricionista esportiva e funcional


24 | Corre!<br />

Corre! | 25<br />

Foto: Shutterstock<br />

Reportagem Matheus Souza<br />

Ilustração Tomás Simoni<br />

Pra dentro<br />

ou pra fora?<br />

A escolha de um tênis adequado ao tipo<br />

de pisada é tarefa costumeira para muitos<br />

corredores. Identificar o tipo de pisada é algo tão<br />

importante atualmente quanto saber o tamanho<br />

do calçado. As marcas, por sua vez, nunca<br />

investiram tanto em tecnologia (e marketing) dos<br />

seus produtos. Mas até que ponto eles ajudam<br />

na melhora do desempenho e do conforto?<br />

O especialista em medicina esportiva e diretor<br />

da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício<br />

e do Esporte (SBMEE), Ivan Pacheco, analisa o<br />

tema com cautela. “As pessoas possuem pisadas<br />

diferentes e este universo é tão grande que<br />

seria impossível fabricar tênis para cada uma.<br />

Mas, basicamente, foram reunidos pela indústria<br />

em três grandes grupos - neutro, pronado<br />

e supinado. Já foi um grande avanço, essa<br />

especificidade ajudou imensamente. O problema<br />

é o exagero e os erros de interpretação que<br />

estão causando”, disse ele.<br />

Para o fisioterapeuta Lucas Vitorino, de<br />

Piracicaba, a discussão vai além de se identificar<br />

se o pé é neutro, pronado ou supinado. Para ele,<br />

a análise isolada da pisada pode causar impactos<br />

em outras áreas do organismo. “É preciso saber<br />

se esse pé, biomecanicamente, possui harmonia<br />

com outras estruturas do corpo. Deve-se avaliar<br />

o organismo como um todo para observar se<br />

a pisada influencia a postura”, explicou. “Há<br />

casos onde um pé é supinado e o outro neutro.<br />

Ou ainda, um pé pode ser mais pronado que o<br />

outro. Se apenas a pisada é corrigida, podem<br />

Os tênis indicados para cada pisada são<br />

a bola da vez. Até onde eles ajudam?<br />

ocorrer lesões nos joelhos, quadril ou coluna”,<br />

disse.<br />

O diretor da SBMEE concorda em parte com<br />

a questão. “Corrigir algo que está errado,<br />

e feito cuidadosamente, não é para trazer<br />

problemas. Mas isto ocorre porque há um<br />

exagero na busca destas correções, até um<br />

exagero mercadológico. Estatisticamente, nem<br />

todas as pisadas estão dentro da linha mediana<br />

e nem por isso devemos considerar como<br />

anormal”, disse. “Um pequeno desvio de um<br />

hálux (osso que compõe o dedão do pé), por<br />

exemplo, pode causar dor em um corredor, e<br />

não trazer nenhum problema em outro. Estamos<br />

esquecendo a individualidade biológica de cada<br />

um”, concluiu Pacheco.<br />

ATENÇÃO NA HORA DA COMPRA<br />

Coloridos, com sistemas de amortecimento<br />

em gel, com ar, com placas de plástico ou<br />

mesmo os minimalistas, sem qualquer tipo de<br />

amortecimento. Opções de tênis hoje não faltam<br />

para quem deseja “soltar a chinela” nos treinos.<br />

Porém, a atenção a detalhes básicos é muitas<br />

vezes passada despercebida – e não apenas<br />

pelo consumidor-corredor. “Muitas pessoas<br />

que giram ao redor de um corredor não foram<br />

treinadas para entender estas diferenças, desde<br />

alguns médicos e treinadores, passando pelos<br />

próprios corredores, até alguns vendedores”,<br />

explica Pacheco. “Já atendi no consultório<br />

pessoas que possuíam pés pronados e que<br />

tinham comprado tênis para pés supinados.<br />

Há uma necessidade de um maior treinamento<br />

nesta área”.<br />

Proprietária de uma loja especializada em tênis<br />

para corrida de Piracicaba, Ariane Belardin


26 | Corre!<br />

Corre! | 27<br />

“Nós conduzimos nossas pesquisas<br />

baseados em dados de biomecânica,<br />

anatomia, materiais e pela própria<br />

experiência e pontos de vista dos<br />

corredores”<br />

Tomoyuki Yonekawa, gerente global da Mizuno<br />

Fotos: Divulgação<br />

destaca a mudança no perfil dos<br />

consumidores com o passar dos anos.<br />

“O relacionamento com os tênis era uma coisa<br />

mais ligada às academias. Muitos clientes<br />

chegavam até aqui e se impressionavam com a<br />

variedade de tênis coloridos.<br />

Hoje esse cenário mudou, e a corrida talvez seja<br />

o principal fator. O público hoje está muito mais<br />

informado”, disse ela.<br />

CONCORRÊNCIA SAUDÁVEL<br />

O médico Ivan Pacheco destaca a preocupação<br />

da indústria em produzir tênis tecnologicamente<br />

perfeitos.<br />

Revista Corre! - A partir de quais<br />

necessidades as fabricantes de tênis<br />

passaram a desenvolver calçados<br />

específicos para cada pisada?<br />

Ivan Pacheco - A partir do momento em<br />

que o esporte se tornou mais exigente,<br />

o número de praticantes aumentou<br />

significativamente e a biomecânica<br />

foi introduzida na indústria. Nenhum<br />

dos fabricantes gostaria de ter sua<br />

marca associada a um aumento de<br />

problemas musculoesqueléticos e<br />

concorrência trouxe esse benefício.<br />

Hoje as indústrias gastam fortunas em<br />

pesquisas e isso nos beneficia.<br />

a<br />

Pronada<br />

Há uma rotação interna<br />

excessiva do pé e do<br />

tornozelo. Desta forma,<br />

mais tensão é posta<br />

na estrutura do pé, o<br />

que pode desalinhar o<br />

tornozelo, os joelhos<br />

e os quadris.<br />

Supinada<br />

É o oposto da pronação<br />

e descreve uma situação<br />

em que o pé rola para o<br />

lado de fora. As forças<br />

durante o ciclo da<br />

pisada não são<br />

distribuídas<br />

igualmente pelo pé,<br />

que possui o arco<br />

alto e não tem sua<br />

mobilidade afetada.<br />

Neutra<br />

A pisada neutra é o tipo<br />

ideal de pisada, já que<br />

equilibra pronação e<br />

supinação e cria uma<br />

absorção de choque<br />

eficiente na fase de<br />

apoio da pisada.<br />

O arco do pé tem altura<br />

média e o calcanhar<br />

permanece em<br />

posição vertical<br />

com relação<br />

ao solo.<br />

C! - Um tênis pode corrigir a<br />

pisada de um corredor?<br />

IP – Pode, sim. Uma pessoa<br />

que possui um pé plano valgo<br />

(pronado), por exemplo, irá<br />

melhorar com um tênis com<br />

suporte do arco medial do pé,<br />

um contraforte firme e uma<br />

elevação da borda interna do<br />

calcâneo. Esta é a proposta<br />

do tênis para pé pronado. Isso<br />

pode ser corrigido também<br />

com a confecção de palmilhas.<br />

C! - O que um corredor deveria<br />

considerar na compra de um<br />

tênis?<br />

IP - Procurar determinar<br />

primeiramente que tipo<br />

de uso vai fazer do seu<br />

tênis. Se for para caminhar<br />

e não tiver problemas<br />

musculoesqueléticos, não<br />

precisa de um “supertênis”<br />

com a melhor absorção<br />

de impacto. O impacto da<br />

caminhada é fisiológico e não<br />

precisa ser absorvido.<br />

Se ele possui histórico de<br />

dores articulares, artroses,<br />

ou desvio de eixos nos<br />

membros inferiores, já é outra<br />

questão e a compra do tênis<br />

deve ser combinada com um<br />

ortopedista. Já para corrida, o<br />

tênis deve ter mais absorção de<br />

impacto. Ainda existem regras<br />

para seguir na hora da compra<br />

de um calçado e que serve<br />

para um tênis também, por<br />

MERCADO DE TÊNIS<br />

O mercado de tênis de corrida vai muito bem, obrigado.<br />

Uma pesquisa divulgada este ano pelo instituto de<br />

pesquisas alemão GfK sobre a venda de calçados<br />

esportivos no Brasil aponta que as corridas de rua<br />

movimentam cerca de R$ 3 bilhões ao ano no país,<br />

com uma taxa de crescimento médio de 20% ao ano.<br />

No Brasil, 67% das vendas de tênis em 2012 foram<br />

compreendidas pelas marcas consideradas globais. Em<br />

2011, esse percentual equivalia a 64,5%.<br />

exemplo, sempre experimentar<br />

os dois pés (como disse, os<br />

nossos pés não são iguais),<br />

comprar no final do dia, que é<br />

quando os nossos pés estão<br />

inchados entre outras.<br />

C! - A questão da quantidade<br />

de quilômetros “rodados” por<br />

um tênis é fator preponderante<br />

para determinar sua<br />

durabilidade?<br />

IP - Sim, um tênis pode<br />

estar em muito bom estado,<br />

aparentemente, mas a<br />

capacidade de absorção de<br />

choque do solado pode ter<br />

diminuído enormemente.<br />

Os materiais vão entrando<br />

em um desgaste na sua<br />

propriedade mecânica e isto<br />

deve ser considerado. Com<br />

aproximadamente 500 km o<br />

solado de um tênis pode ter<br />

perdido em torno de 50% da<br />

sua capacidade de absorção<br />

de impacto e estar perfeito<br />

visualmente. Isto varia de tênis<br />

para tênis e também depende<br />

do uso que foi feito com ele.


28 | Corre!<br />

Corre! | 29<br />

COM A PALAVRA,<br />

AS FABRICANTES<br />

Sediada na cidade japonesa<br />

de Osaka, a Mizuno passou a<br />

direcionar o desenvolvimento<br />

de tênis específicos para<br />

cada tipo de pisada a partir<br />

de 2001. De acordo com o<br />

gerente global de calçados<br />

voltados à corrida, Tomoyuki<br />

Yonekawa, os tênis da marca<br />

japonesa são desenvolvidos<br />

a partir de diversos estudos.<br />

“Nós conduzimos nossas<br />

pesquisas baseados em dados<br />

de biomecânica, anatomia,<br />

materiais e pela própria<br />

experiência e pontos de vista<br />

dos corredores”, disse ele.<br />

Sobre os tênis direcionados a<br />

cada tipo de pisada, Yonekawa<br />

concorda com a questão<br />

das particularidades de cada<br />

corredor, porém, não deixa<br />

de salientar que determinadas<br />

padronizações são necessárias.<br />

“Para conduzir um negócio,<br />

é preciso estabelecer alguns<br />

padrões. Estamos sempre<br />

em busca da criação de<br />

calçados que trabalhem com o<br />

máximo de harmonia possível<br />

com o corpo e os esportes<br />

de alta performance”. Para<br />

produtos muito específicos,<br />

a Mizuno conta, apenas no<br />

Japão, com um serviço de<br />

personalização, onde o calçado<br />

é dimensionado a partir de um<br />

molde sobre o pé do corredor.<br />

Para a também japonesa<br />

Asics, as particularidades de<br />

cada pessoa são encaradas<br />

como um ponto-chave para<br />

o desenvolvimento de seus<br />

produtos. “Os calçados<br />

desenvolvidos para cada tipo<br />

de pisada atendem à maioria<br />

das pessoas, que de alguma<br />

maneira estão inseridas nestes<br />

três grupos. Por isso sempre<br />

recomendamos que o corredor<br />

procure um médico antes<br />

de iniciar a prática”, disse a<br />

marca.<br />

Solidariedade<br />

no pódio<br />

As provas de rua são marcadas pelo altoastral,<br />

gente bonita, garra e espírito de<br />

equipe. A Corrida Ilumina, que teve sua 6ª<br />

edição em novembro passado, tem tudo isso<br />

O largo dos Pescadores foi o<br />

ponto de largada da 6ª Corrida<br />

Ilumina, no dia 10 de novembro,<br />

que carrega a bandeira da<br />

prevenção ao câncer<br />

e outros atrativos que a tornam diferente:<br />

a solidariedade – é 100% beneficente - e o<br />

compromisso com a inclusão. A prova bateu<br />

recorde de inscritos, com 1.500 corredores, e<br />

foi organizada pela Gaia Esportes.<br />

A Associação Ilumina faz um trabalho<br />

voluntário muito bacana para a prevenção<br />

do câncer e o tratamento de pacientes com a<br />

Reportagem Eleni Destro<br />

Fotos Rodrigo Gosser<br />

doença em Piracicaba.<br />

Vestindo camisas nas cores rosa e azul, para


30 | Corre!<br />

pegar carona nas campanhas<br />

Outubro Rosa e Novembro<br />

Azul, a galera partiu do largo<br />

dos Pescadores para cumprir<br />

as distâncias de 5km e 10km.<br />

Gabriela Pacífico, diretora<br />

da Gaia, contou que foram<br />

15 equipes participantes,<br />

entre assessorias, academias<br />

e empresas. Vale destacar<br />

que o trabalho da Gaia é<br />

voluntário e envolveu uma<br />

equipe de 20 pessoas. “É<br />

muito gratificante poder fazer<br />

o que mais gostamos para<br />

uma associação cujo trabalho<br />

é sério, reconhecido e formado<br />

por pessoas que realmente se<br />

preocupam com o próximo,<br />

como é a Associação Ilumina”,<br />

disse Gabriela.<br />

BLIND RUNNER<br />

No histórico da Corrida Ilumina<br />

está a missão de chamar a<br />

atenção para a prevenção ao<br />

câncer. Mas a coisa tomou<br />

proporções maiores e a prova<br />

hoje é uma grande festa<br />

voltada, também, à inclusão<br />

de deficientes visuais e<br />

físicos. O modelo foi copiado<br />

– e adaptado - pelo médico<br />

Rodrigo Reis, atual presidente<br />

da associação, após participar<br />

das provas da São Silvestre,<br />

no Rio de Janeiro. “Como não<br />

tínhamos cegos suficientes,<br />

tivemos a ideia de recrutar<br />

corredores, que passaram a<br />

usar vendas nos olhos. Chamo<br />

a técnica de Blind Runner.<br />

Quem sabe Piracicaba não está<br />

criando uma nova modalidade<br />

de corrida?”, empolga-se.<br />

Para a diretora clínica da<br />

Ilumina, a médica Adriana<br />

Brasil, o exercício físico é<br />

benéfico para todos, inclusive<br />

para os pacientes com<br />

câncer. “É uma bandeira que<br />

carregamos há seis anos”.<br />

Tanto Reis quanto Adriana<br />

dão o exemplo: deixam seus<br />

jalecos, calçam seus tênis e<br />

estão em todas as provas!<br />

EXEMPLO<br />

O aposentado José Moacir<br />

Martim, que é atendido pela<br />

Ilumina, faz a caminhada desde<br />

a primeira edição da corrida<br />

e é um exemplo para quem<br />

ainda não começou a praticar<br />

uma atividade física: passou<br />

por três cirurgias, mas não<br />

perdeu o pique. Ele teve câncer<br />

na laringe, que comprometeu<br />

parte de sua língua e epiglote,<br />

dificultando sua fala e<br />

deglutição. Agora ele está bem<br />

e faz acompanhamento, com<br />

exames a cada seis meses.<br />

“Convido todos a praticar<br />

esportes e conhecer o trabalho<br />

da Ilumina, que é maravilhoso”,<br />

diz.<br />

A ASSOCIAÇÃO<br />

A Ilumina tem quatro médicos,<br />

fisioterapeutas, psicólogos,<br />

nutricionistas e fonoaudiólogos,<br />

que fazem trabalho voluntário.<br />

Em 2012 foram mais de 1.300<br />

consultas realizadas.<br />

A sede da Associação Ilumina<br />

fica na avenida Independência,<br />

171, próximo do Teatro Dr.<br />

Losso Netto, telefone 3375-<br />

0140. Site: www.ilumina.org.br.<br />

6ª Corrida Ilumina<br />

Resultados<br />

5 km - Masculino<br />

1º lugar – Gustavo Pereira (Triaction Assessoria) – 15`37``<br />

2º lugar – Adelmo da Silva (Tridici Academia) – 16`30``<br />

3º lugar – Marcos Pavan (Academia Bioritmo) – 16`55``<br />

5 km - Feminino<br />

1º lugar – Juliana de Campos Moura (Fit Me) – 20`16``<br />

2º lugar – Cecilia Buck (Core Esportes) – 22`08``<br />

3º lugar – Carol Stolf (EPJ Corrida) – 23`16´´<br />

10 km - Masculino<br />

1º lugar – Leonardo Genu (Core Esportes) – 32`37``<br />

2º lugar – André Roberto de Souza – (Acad. Bioritmo) – 34`47``<br />

3º lugar – Miguel Magdaleno (Bombeiros) – 36`22``<br />

10 km - Feminino<br />

1º lugar – Corina Godoy Bonfanti (Pink Cheeks) – 44`19``<br />

2º lugar – Kátia Lira (CCC Piracicaba) – 45`52``<br />

José Moacir Martim<br />

José Moacir Martim


32 | Corre!<br />

perfil<br />

Corre! | 33<br />

Processos,<br />

jazz<br />

e pé na estrada<br />

Reportagem Eleni Destro<br />

Foto Rodrigo Gosser<br />

Um juiz apaixonado por jazz, que<br />

adora ouvir country music quando<br />

vai correr. José Fernando Seifarth<br />

de Freitas, juiz da 3ª Vara da<br />

Família de Piracicaba e músico<br />

do Hot Club de Piracicaba e<br />

do Hot Jazz Club, adotou a<br />

música e o esporte como<br />

meios para fugir do<br />

estresse da profissão e já<br />

acumula uma maratona<br />

em seu currículo.<br />

Mas o caminho para chegar<br />

até aqui não foi nada fácil.<br />

Foi preciso um conselho<br />

médico para dar a largada<br />

a uma nova vida.<br />

“Me formei em Direito<br />

O juiz José Fernando<br />

Seifarth de Freitas<br />

se divide entre a<br />

profissão e suas<br />

duas paixões: a<br />

música e a corrida<br />

em 1991 e ingressei na magistratura em 1993.<br />

Depois disso, infelizmente, me tornei uma pessoa<br />

sedentária. Fiquei mais ou menos dois anos sem<br />

praticar esporte”. O juiz, natural de São Paulo,<br />

iniciou a carreira em Pirassununga.<br />

O resultado? Quilos e quilos a mais e dificuldade<br />

para dormir. Procurou um acupunturista, que<br />

recomendou imediatamente a volta ao esporte e<br />

à música. Já em Piracicaba, conheceu a personal<br />

trainer Luciana Chain, que o introduziu na corrida.<br />

“Foi graças a Luciana que entrei nesse mundo<br />

das maratonas. Ela treinou uma equipe que saiu<br />

do zero para fazer uma prova de revezamento,<br />

que foi a do Pão de Açúcar, e depois<br />

para fazer a meia maratona de<br />

Buenos Aires. Me lembro como se<br />

fosse hoje, o primeiro dia em que fui<br />

na academia, caminhei 10 minutos<br />

e comecei a passar mal. Depois<br />

fui treinando e comecei a fazer as<br />

provas”, orgulha-se.<br />

DESAFIO<br />

Um dos grandes desafios foi treinar para a<br />

maratona de Chicago, uma das medalhas de sua<br />

coleção que ele mais se orgulha em mostrar.<br />

“Tinha etapas de treinamento de 30 km. Tive de<br />

achar 30 km em Piracicaba, na Esalq, avenida<br />

Independência, Dr. Paulo de Moraes, Cruzeiro do<br />

“Se eu corro<br />

logo cedo sinto<br />

que meu dia tem<br />

um rendimento<br />

muito maior<br />

”<br />

José Fernando Seifarth tem no currículo a maratona de Chicago<br />

Sul, Parque da Rua do Porto... Fazer maratona<br />

sem treinar é um risco à saúde muito sério.<br />

Comecei a treinar um ano antes”, conta. E na<br />

retaguarda, além do personal Eduardo Furlan, Zé<br />

Fernando, como é conhecido, teve orientação de<br />

uma nutricionista, fisioterapeuta e fez pilates.<br />

“Vejo que todo mundo quer começar<br />

a correr. É uma mania saudável. Mas<br />

Foto: acervo<br />

algumas pessoas têm a preocupação<br />

de procurar um treinador, uma<br />

academia, outros simplesmente<br />

compram os tênis e saem correndo<br />

na rua. É importante ter um<br />

profissional”, alerta.<br />

O ingresso na corrida aconteceu há oito anos e,<br />

já de cara, Zé Fernando deu adeus a nada mais<br />

nada menos que 15 quilos e ao estresse comum<br />

à profissão. “Se eu faço atividade física logo<br />

cedo, meu dia é diferente. Se eu corro logo cedo<br />

eu sinto que meu dia tem um rendimento muito<br />

maior do que o dia que eu não corro. Hoje não<br />

me imagino mais vivendo sem corrida.”


34 | Corre!<br />

na elite<br />

“Não te entregue<br />

nem que te caia<br />

as calças, tchê!”<br />

Reportagem Matheus Souza<br />

Fotos Rodrigo Gosser<br />

Em Piracicaba para<br />

ministrar palestra no Sesc,<br />

Emerson Iser Bem falou à<br />

Corre! sobre sua carreira<br />

no atletismo e também da<br />

emblemática vitória em<br />

cima de Paul Tergat na São<br />

Silvestre de 1997<br />

Nascido na pequena Santo Antônio do Sudoeste, na<br />

divisa do Paraná com a Argentina, Emerson Iser Bem, 40,<br />

pertence a uma das mais brilhantes gerações do atletismo<br />

brasileiro. Durante os anos 90, Iser Bem destacou-se em<br />

provas na Europa e na Ásia, onde conquistou o recorde<br />

brasileiro juvenil nos 5.000 metros em 1992, na Coréia do<br />

Sul.<br />

O auge veio em 1997, quando venceu a Corrida<br />

Internacional de São Silvestre e juntou-se a um seleto<br />

grupo de brasileiros que conquistaram o título da prova -<br />

Marílson Gomes dos Santos (2010, 2005 e 2003), Franck<br />

Caldeira (2006) e Ronaldo da Costa (1994). Na ocasião,<br />

Iser Bem bateu, em plena subida da avenida Brigadeiro<br />

Luís Antônio, nada mais nada menos do que o queniano<br />

Paul Tergat, maior campeão da prova com cinco títulos.<br />

Nesta entrevista, realizada durante uma palestra para<br />

corredores no Sesc Piracicaba, em outubro, Iser Bem<br />

falou à Revista Corre! sobre a carreira, a corrida de rua<br />

no Brasil e sua filosofia de trabalho como atleta. Corre! -<br />

Como você começou a praticar corrida?<br />

Iser Bem - Em Santo Antônio existe uma corrida que vai<br />

até a cidade vizinha, na Argentina, e volta. É uma corrida<br />

internacional e que tem 7 km de distância (risos). Um dia<br />

fui até a cidade vender a produção do sítio e vi a corrida.<br />

Pensei: “nossa, que legal, ano que vem vou participar também”.<br />

Isso foi em 1987. Disse para meu professor na escola que eu<br />

gostaria de participar. Ele me deu umas dicas e passei a treinar.<br />

Fiquei um ano nisso.<br />

C! - E como foi a experiência de sua primeira competição?<br />

IB - Na época, o Paraná tinha alguns dos melhores corredores<br />

do Brasil, como o Osvaldo de Jesus e Gentil<br />

Custódio. Eu saí na largada com eles, consegui<br />

acompanhá-los até a divisa com a Argentina,<br />

depois não aguentei mais. Quando eu fui<br />

levantar para ir embora... meu Deus do céu!<br />

Durante uma semana parecia que eu não tinha<br />

joelho, fiquei cheio de dores, todo duro.<br />

C! - E você não desistiu após sua primeira<br />

Emerson Iser Bem:<br />

“Correr na rua hoje é diferente da<br />

minha época, que era uma coisa<br />

exótica. Você ia correr na rua e<br />

era motivo de piada”<br />

prova...<br />

IB - No ano seguinte, eles fizeram uma categoria<br />

diferente, de corredores mais jovens, que saía da<br />

Argentina. Deu a largada e eu saí correndo como<br />

um boi desembestado. Tinha um amigo que<br />

foi ao meu lado de moto o tempo inteiro, e eu<br />

liderando a prova. Vez ou outra encostava um, e<br />

eu esticava. Esse meu amigo ficava do meu lado<br />

dizendo “não te entregue, não entregue nem que


36 | Corre!<br />

Corre! | 37<br />

te caia as calças, tchê!” (risos).<br />

Com isso conquistei minha<br />

primeira vitória.<br />

C! - E como sua carreira se<br />

desenvolveu a partir daí?<br />

IB - Uma mudança significativa<br />

na minha vida ocorreu após<br />

minha participação nos Jogos<br />

da Juventude do Paraná.<br />

Para os que se destacavam, o<br />

governo do estado concedia<br />

uma bolsa de meio salário<br />

mínimo. Chegamos nos<br />

Jogos, mas nem eu nem meu<br />

professor entendíamos de<br />

competições. A gente chegou,<br />

passamos a ver os caras<br />

correr na pista e ficamos com<br />

várias dúvidas. Fui conversar<br />

com um fiscal, o Martinho<br />

(Martinho Nobre dos Santos),<br />

que hoje é superintendente<br />

da Confederação Brasileira de<br />

Atletismo, e perguntei se os 5<br />

mil metros eram disputados na<br />

pista. Ele me respondeu que<br />

sim. “E por que os caras dos<br />

800 metros estão deixando os<br />

outros passarem?”, perguntei<br />

pra ele. “Ah, hoje não vale, o<br />

que vale é só amanhã”, ele me<br />

respondeu. Então eu corri os<br />

5 mil e venci a prova, e depois<br />

da chegada eu me virei para<br />

o Everaldo de Jesus, filho do<br />

Osvaldo de Jesus - ele era o<br />

melhor corredor do Paraná<br />

naquela época - e perguntei<br />

pra ele: “Viu, mas que horas<br />

é a final, amanhã?” (risos)...<br />

Ele sempre achou que eu era<br />

arrogante, mas na verdade<br />

eu era caipira mesmo, não<br />

entendia nada daquelas provas.<br />

C! - Como você analisa hoje a<br />

sua geração de corredores?<br />

IB - Nos anos 90 o atletismo<br />

brasileiro de fundo foi<br />

excepcional. A prova disso<br />

está nos rankings. Se pegar o<br />

ranking de 10 mil metros tem<br />

o Marílson (Gomes da Costa),<br />

que na minha opinião foi ou<br />

ainda é o melhor brasileiro<br />

que já existiu na modalidade.<br />

Ele é o primeiro no ranking.<br />

Agora, quantas marcas foram<br />

feitas após o ano 2000? Você<br />

vê que são pouquíssimas,<br />

pouquíssima gente fez marcas<br />

para entrar nas 20 melhores<br />

de todos os tempos no Brasil<br />

depois do ano 2000.<br />

C! - A corrida de rua no Brasil,<br />

por outro lado, é a bola da<br />

vez. Como você enxerga esse<br />

crescimento?<br />

IB - A mídia contribui muito<br />

com esse tema abordando<br />

cada vez mais a questão da<br />

importância de se fazer uma<br />

atividade física. Esse é um<br />

ponto. Correr na rua hoje é<br />

diferente da minha época, que<br />

era uma coisa exótica. Você ia<br />

correr na rua e era motivo de<br />

piada. Hoje não, correr é “uma<br />

coisa legal”.<br />

A corrida cresce pela<br />

praticidade, ela pode ser<br />

encaixada em diferentes<br />

horários. Tem gente que não<br />

suporta ficar olhando para<br />

o fundo de uma piscina ou<br />

trancado em uma academia.<br />

A corrida você pode fazer<br />

ao ar livre. Do ponto de<br />

vista fisiológico ela também<br />

favorece. A corrida parece<br />

ter uma resposta fisiológica<br />

melhor. E aí você tem outra<br />

coisa que é a questão é dos<br />

eventos, que é a coisa de<br />

participar de um encontro<br />

social, de participar de uma<br />

corrida junto a um monte de<br />

gente.<br />

C! - Você foi campeão da São<br />

Silvestre em 1997. Como foi<br />

aquela prova?<br />

IB - A São Silvestre é uma<br />

prova que só vale a pena se<br />

você estiver entre os cinco<br />

primeiros. Naquele ano havia<br />

18 quenianos, entre eles o<br />

Paul Tergat, o sul-africano<br />

Hendrick Raamala e o Silvio<br />

Guerra, que talvez tenha sido<br />

o que mais subiu no pódio da<br />

SS, e o próprio Vanderlei. Eu<br />

morava aqui em Piracicaba<br />

na época, e eu precisava de<br />

dinheiro, aluguel dois meses<br />

atrasado, essas coisas. Em<br />

1995 participei pela primeira<br />

vez, e fui 50º. Em 1996 eu<br />

parei no quinto quilômetro<br />

e em 1997 eu simplesmente<br />

queria ver em qual colocação<br />

eu chegaria, queria ficar pelo<br />

menos entre os dez. Foi assim<br />

que eu fui pra lá. Estava tão<br />

tranqüilo, tão relaxado em<br />

relação ao compromisso com a<br />

prova... deixávamos os carros<br />

estacionados no subsolo do<br />

Sesi e eu dobrei um papelão<br />

ao lado do carro e dormi<br />

profundamente. Só acordei a<br />

tempo de ver a final da prova<br />

feminina em uma televisão do<br />

guarda do prédio.<br />

C! - A definição da prova<br />

aconteceu na subida da<br />

Brigadeiro, não foi?<br />

IB - Aconteceu uma coisa<br />

curiosa no decorrer da<br />

prova. Eu treinava junto com<br />

o Vanderlei, em Campos<br />

do Jordão, e isso só tinha<br />

acontecido uma única vez,<br />

que foi a de ganhar do<br />

Vanderlei numa subida durante<br />

um dos treinos. Quando a<br />

gente chegou na subida da<br />

Brigadeiro, começamos a “dar<br />

uma esticada” do restante<br />

do grupo. O Tergat liderava<br />

um pouco mais à frente, eu<br />

estava junto com o Raamala<br />

e o Vanderlei tinha ficado um<br />

pouco para trás. O Tergat, uma<br />

hora, deu uma esticada e fugiu.<br />

Eu pensei: ‘Bom, do Tergat<br />

eu não ganho mesmo, mas<br />

para o resto que está aqui sou<br />

páreo’. No começo da subida<br />

o Raamala de uma paulada.<br />

Fui com ele, não deixei soltar.<br />

Ele diminuiu, eu acompanhei,<br />

e ele deu a segunda paulada.<br />

Foi aí que entrou a cabeça.<br />

Pensei: ‘Ele vai soltar de novo,<br />

mas eu não’. Com 13 km de<br />

prova eu já estava arrebentado.<br />

No meio daquela paulada, ele<br />

soltou de novo, aí eu não soltei<br />

mais e passei para a segunda<br />

colocação.<br />

C! - Só faltava o Paul Tergat...<br />

IB - Minha meta já tinha sido<br />

atingida. Só que o primeiro<br />

brasileiro ganhava um carro.<br />

E eu pensei: ´Vou ganhar do<br />

Vanderlei’. Fiquei preocupado<br />

com ele. Eu fazendo contagem<br />

regressiva, contando os minutos<br />

para o fim da prova. Num<br />

dado momento, vi que eu não<br />

podia soltar mais. E fui nessa,<br />

até que cheguei no Paul Tergat,<br />

já perto da (avenida) Paulista.<br />

Imaginei que ao entrar na Paulista<br />

ele iria dar uma pancada.<br />

Pensei: ‘Se ele der uma pancada<br />

eu também dou, vou sair na<br />

foto com ele na chegada’. Na<br />

virada da Paulista eu acelerei o<br />

meu máximo. Isso vem de uma<br />

filosofia que eu tinha. Será que<br />

no ano seguinte eu estaria tão<br />

bem que voltaria a correr a SS<br />

disputando o título no final? E<br />

a maioria das minhas marcas e<br />

das minhas vitórias eu obtive<br />

com esse pensamento. Aquele<br />

era um momento único, não<br />

podia amarelar. A história era<br />

agora, depois o que passou,<br />

passou. Talvez não tivesse<br />

outra oportunidade como<br />

aquela. E dei aquele tiro. Só<br />

acreditei que estava ganhando<br />

de fato quando cruzei a linha<br />

de chegada.<br />

C! - Você parou de correr em<br />

2005. Como convive com todo<br />

esse legado?<br />

IB - Eu parei relativamente<br />

cedo, com 34, 35 anos, e convivo<br />

muito bem com meu passado<br />

de atleta. Não fico naquelas<br />

de ‘poxa, mas eu poderia ter<br />

feito uma marca melhor nos<br />

10 mil de pista’. Não me incomoda<br />

isso. Minhas marcas de<br />

5 mil foram muito boas, meiamaratonas<br />

também, provas de<br />

cross country sempre corri super<br />

bem. Acho que fui o único<br />

brasileiro a ganhar uma prova<br />

de um GP de Cross Country<br />

(em Amendoeiras, Portugal,<br />

em 1996). Convivo muito bem<br />

com isso, pois quando eu tive<br />

as oportunidades eu não deixei<br />

passar. De onde vim para o<br />

que eu consegui fazer, foi<br />

ótimo. Quando as pessoas me<br />

viam competir (na São Silvestre<br />

em 1997) na avenida Paulista,<br />

eu não era um cara conhecido.<br />

As pessoas não gritavam<br />

‘vai Emerson’, mas ‘vai Brasil’.<br />

A minha adrenalina foi outra.<br />

Naquela hora, não me senti o<br />

Emerson. Me senti o Brasil.


38 | Corre!<br />

saúde na elite 2 Corre! | 39<br />

Foto: Matheus Souza<br />

Longe das lesões<br />

“A dor<br />

geralmente é<br />

o primeiro<br />

sinal e sintoma<br />

de que algo<br />

está errado”<br />

Vamos começar nosso bate-papo tentando de forma simples<br />

orientar e tirar dúvidas, tanto de atletas iniciantes quanto dos mais<br />

avançados, sobre os principais cuidados que devemos ter no início<br />

dos treinamentos, início de temporadas ou quando mudamos o<br />

foco e tentamos evoluir e melhorar nosso desempenho, evitando<br />

assim as dores e lesões que tão forçadamente nos afastam dos nossos treinos.<br />

Tendinites, canelites, síndrome do trato iliotibial, fascite plantar, fratura de estresse,<br />

distensão muscular, ruptura muscular, mialgias, câimbras, síndrome do piriforme...<br />

quem nunca ouviu falar nestas e tantas outras “ites”, ou já não teve que parar de<br />

treinar para tratar de alguma delas?<br />

Neste primeiro artigo gostaria de focar que mais importante do que conhecermos as<br />

principais lesões que podemos ter quando nos exercitamos é sabermos como agir,<br />

em especial na prevenção, e se necessário, na busca por tratamento.<br />

A prevenção é o principal foco. Realizar um treinamento assistido por um educador<br />

físico, com progressividade, realizar alongamentos e fortalecimento dos grupos<br />

musculares que serão exigidos, sempre realizar uma avaliação cardiológica prétreinos,<br />

ter os materiais esportivos em ordem (tênis correto, bicicleta com bike fit,<br />

roupas adequadas), respeitar as planilhas e descansos previstos, cuidados com<br />

sobrepeso e atividade com carga axial excessiva, são os pontos mais importantes<br />

para se evitar qualquer tipo de lesão.<br />

E nunca ignorar os avisos que nosso organismo nos dá.<br />

A dor geralmente é o primeiro sinal e sintoma de que algo está errado, a partir<br />

daí fica o medo e a incerteza de todo atleta, o conhecido será que? Lógico, temos<br />

muitas variáveis daí pra frente, mas o essencial é nos atermos inicialmente ao bom<br />

senso. A dor é persistente? Ao final da atividade ela some? Continua nas atividades<br />

diárias? É suportável ou não? Essa avaliação pessoal (individual) é necessária para<br />

se saber quando procurar ajuda.<br />

Futuramente vamos aprofundar os assuntos um pouco mais.<br />

Bons treinos!<br />

Alan Schlossman é ortopedista<br />

Em entrevista à Corre!, Lauter<br />

Nogueira falou, sem papas na<br />

língua, sobre os rumos do esporte<br />

no Brasil e seus dirigentes<br />

Lauter,<br />

o crítico<br />

Reportagem Matheus Souza<br />

Fotos Rodrigo Gosser<br />

Ele optou pela engenharia, mas logo após<br />

concluir o curso viu que aquela não era a sua<br />

praia e se matriculou em uma faculdade de<br />

educação física. A escolha deu certo. Aos<br />

55 anos, 30 deles dedicados ao esporte, o<br />

carioquíssimo Lauter Nogueira é uma das<br />

principais referências em treinamento esportivo<br />

no Brasil. Comentarista e consultor técnico de<br />

esportes da Rede Globo e do Canal Sportv,<br />

Lauter já foi diretor técnico da Confederação<br />

Lauter Nogueira ministrou a Clínica Vecol para<br />

Corredores, nos dias 23 e 24 de novembro<br />

Brasileira de Triatlo e hoje é consultor da Adidas<br />

no Brasil. Lauter esteve em Piracicaba nos dias<br />

23 e 24 de novembro, onde ministrou a Clínica<br />

Vecol para Corredores. O alto nível do público,<br />

elogiado pelo palestrante, reuniu treinadores<br />

de academias, assessorias esportivas de<br />

Piracicaba e até de outros Estados. A evolução<br />

da corrida no Brasil e aspectos do treinamento<br />

desportivo permearam as discussões, que<br />

foram marcadas pela intensa troca de ideias<br />

entre palestrante e espectadores. A iniciativa<br />

foi da MBM, Vecol e Chelso Sports & Business.<br />

A revista Corre! esteve por lá e conversou<br />

com Lauter sobre corrida e corredores, a atual<br />

situação do atletismo brasileiro e os rumos da<br />

organização dos Jogos Olímpicos no Rio, em<br />

2016.


40 | Corre!<br />

Corre! | 41<br />

Corre! - Durante sua clínica,<br />

você mencionou algumas<br />

vezes a questão do novo<br />

corredor. Como você o define?<br />

Lauter Nogueira - Nós estamos<br />

na quinta onda da corrida hoje,<br />

desde a primeira, no final dos<br />

anos 70. A partir da terceira<br />

onda levamos um susto.<br />

Começou a brotar corredores<br />

do chão. Entre a quarta e a<br />

quinta onda já eram mais de<br />

quatro milhões de pessoas que<br />

corriam. Hoje, perto de cinco<br />

milhões. O novo corredor é um<br />

ser completamente diferente<br />

do antigo corredor, a ponto<br />

deles, quando se encontram,<br />

se acharem pitorescos<br />

reciprocamente.<br />

O antigo corredor era da classe<br />

C, com um pouco da classe B.<br />

A classe média alta passou a se<br />

apaixonar pela corrida no início<br />

da década de 80. O corredor<br />

classe média alta era a minoria<br />

da minoria, e de repente agora<br />

nós vemos aí a classe B. A<br />

classe C entrou depois nessa<br />

onda da corrida, talvez por<br />

conta dessa efêmera melhora<br />

econômica, essa entrada no<br />

mundo consumista.<br />

C! - Essa mudança no perfil<br />

provocou mudanças no<br />

esporte?<br />

LN - Mudou um pouco o jeito<br />

de correr. Mais gente corre<br />

com menos qualidade. O novo<br />

corredor, quase 80% dos<br />

novos corredores, não gosta de<br />

correr. Ele gosta de comunicar<br />

que corre, gosta de se passar<br />

por corredor e do ambiente de<br />

corrida. Gosta de passar para o<br />

mundo a seguinte informação:<br />

eu sou vigoroso, elétrico,<br />

moderno, gosto muito da<br />

minha saúde e sou corredor.<br />

A clínica reuniu treinadores de<br />

academias, assessorias esportivas de<br />

Piracicaba e até de outros Estados<br />

C! - Por quais motivos ele<br />

começa a correr?<br />

LN - O cara começa a correr<br />

pelos mais variados motivos,<br />

menos pelo motivo de gostar<br />

de correr. Ele começa a correr<br />

por conta da saúde, para<br />

emagrecer, para engordar, para<br />

fugir da solidão, para correr<br />

atrás de uma nova mulher ou<br />

de um novo homem, fugir da<br />

antiga mulher ou do antigo<br />

homem, se aproximar do<br />

patrão que corre, para cultivar<br />

relacionamento pessoal ou<br />

profissional. Por que a corrida<br />

é uma festa. Só que aí, lá na<br />

frente, o cara acorda um dia e<br />

fala “olha só, eu gosto disso<br />

mesmo!”. O fato de ele não<br />

conseguir viver sem aquilo não<br />

significa que ele goste. Correr<br />

gera uma liberação maior de<br />

serotonina, uma substância<br />

responsável pelo prazer. E o<br />

cara acaba se viciando nisso.<br />

Ele não corre pelo prazer, pelo<br />

gostar de correr.<br />

C! - Como você analisa a<br />

atual situação do atletismo<br />

brasileiro? Parece que não<br />

tivemos uma renovação de<br />

nossos atletas de fundo...<br />

LN - É isso mesmo. Os<br />

nossos jovens fundistas saem<br />

rapidamente da pista e vão<br />

para a rua. Se você quiser ser<br />

um grande maratonista você<br />

deve ser um grande fundista<br />

antes. Eles saem precocemente<br />

da pista. O Marílson, último<br />

campeão da São Silvestre<br />

(2010), por exemplo, é fora<br />

de série, é único. Mas ele<br />

nunca abriu mão das pistas, é<br />

recordista sul-americano dos<br />

10 mil e dos 5 mil metros.<br />

C! - E como isso influi nos<br />

Jogos Olímpicos do Rio de<br />

Janeiro, em 2016?<br />

LN - A nossa realidade de<br />

agora vai ser exatamente a<br />

realidade de 2016. Acabou.<br />

São necessários de oito a onze<br />

anos para se fazer um atleta<br />

olímpico. Para você ter um<br />

finalista olímpico você precisa<br />

ter 50 atletas olímpicos da<br />

mesma modalidade. Para ter<br />

um medalhista, você precisa<br />

ter pelo menos dez finalistas<br />

naquela mesma modalidade.<br />

C! - Como você vê a realização<br />

dos Jogos aqui no Brasil?<br />

LN - Existem muitas<br />

discussões, pena que será<br />

um pesadelo. São os Jogos<br />

Olímpicos mais caros de todos<br />

os tempos. São R$ 100 bilhões<br />

de nossa conta a pagar.<br />

Cem bilhões que nós vamos<br />

pagar. Você quer ver dados<br />

mais interessantes?<br />

O Brasil vai gastar nesse<br />

quadriênio olímpico de 2012-<br />

2016 algo em torno de R$ 7,9<br />

bilhões em treinamento com as<br />

nossas equipes olímpicas.<br />

A Grã-Bretanha vai gastar<br />

metade disso.<br />

C! - Qual é a mágica?<br />

LN - A mágica é competência,<br />

menos roubo.<br />

O custo Brasil continua cada<br />

vez maior. No ciclo olímpico<br />

2009-2012 o Brasil gastou com<br />

suas equipes R$ 2,8 bilhões. A<br />

Grã-Bretanha, que se tornou<br />

a terceira potência do esporte<br />

no mundo, gastou menos da<br />

metade, R$ 980 milhões. Não<br />

há necessidade de se gastar<br />

mais dinheiro com esporte.<br />

Gente, espera aí, as pessoas<br />

continuam morrendo nas filas<br />

dos hospitais públicos! O que<br />

se gasta com educação no<br />

Brasil é muito pouco e ainda<br />

se gasta mal, nós nos damos<br />

ao luxo de gastarmos mal. É<br />

ridículo. Essa palhaçada de<br />

“precisamos de mais verba para<br />

o esporte”... Não precisamos.<br />

Temos que devolver dinheiro<br />

para um governo competente<br />

gastar em outras áreas. O<br />

Comitê Olímpico Brasileiro, com<br />

aquela sede suntuosa que mais<br />

parece uma Igreja Universal<br />

do Reino de Deus na Barra da<br />

Tijuca, que conta com aquele<br />

nefasto senhor presidente do<br />

COB (Carlos Arthur Nuzman),<br />

perenizado no cargo...<br />

C! - Sem contar os dirigentes<br />

que há muito tempo ocupam<br />

os mesmos cargos...<br />

LN - No Prêmio Brasil Olímpico,<br />

há uns três anos, (eu estava)<br />

numa roda de dirigentes<br />

esportivos, todos com pelo<br />

menos três mandatos nas<br />

costas, e o Nuzman me<br />

perguntou: vem cá, o que<br />

você acha do andamento do<br />

esporte brasileiro nas mãos<br />

de gente tão competente? Eu<br />

respondi: olha, podem até ser<br />

competentes. Mas acho que<br />

dirigente esportivo tinha que ser<br />

igual fralda de bebê. Trocado<br />

constantemente e normalmente<br />

pelo mesmo motivo das fraldas.<br />

Agora, com uma lei negociada<br />

a duras penas, vão deixar (os<br />

dirigentes) mais um mandato<br />

para depois alguém chegar e<br />

dizer “gente, um abraço”. Lá<br />

tem gente com cinco mandatos.<br />

C! - O próprio presidente da<br />

Confederação Brasileira de<br />

Atletismo...<br />

LN - O Gesta (Roberto Gesta<br />

de Melo, presidente da CBAt<br />

de 1987 até março deste<br />

ano). Era presidente desde<br />

1980 e poucos. O Gesta virou<br />

indigesta.


42 | Corre!<br />

bike<br />

Na pista<br />

de Limeira<br />

A rodovia que liga<br />

Piracicaba a Limeira<br />

é destino de muitos<br />

ciclistas da cidade, de<br />

amadores a profissionais<br />

Reportagem Matheus Souza<br />

Fotos Rodrigo Gosser<br />

A rodovia SP-147, que<br />

liga Piracicaba a Limeira,<br />

é praticamente o “quintal”<br />

de muitos ciclistas de<br />

Piracicaba. Com cerca<br />

de 30 quilômetros de<br />

extensão, a via oferece<br />

diversas possibilidades<br />

para a prática do esporte.<br />

O personal trainer<br />

Alexandre Biral, praticante<br />

de ciclismo de estrada e<br />

de mountain bike desde<br />

2007, apontou algumas<br />

particularidades do local.<br />

“É uma pista de fácil<br />

acesso. O trajeto tem<br />

muitos pontos de retorno e é<br />

relativamente bem conservado.<br />

A partir dela podemos chegar<br />

na rodovia dos Bandeirantes,<br />

que é a melhor pista da região<br />

para pedalar”, completou Biral.<br />

Ciclista profissional com<br />

participações nos Jogos<br />

Panamericanos de Santo<br />

Domingo (2003) e do Rio de<br />

Janeiro (2007), representando a<br />

Seleção Brasileira de Ciclismo,<br />

o piracicabano Marcos Novello,<br />

da equipe Memorial Santos,<br />

também usa a rodovia como<br />

local para seus treinos. “Mesmo<br />

não sendo uma estrada<br />

difícil quanto ao relevo, ela<br />

oferece boas possibilidades<br />

para treinamento, pois muito<br />

do desempenho deve-se à<br />

intensidade e não só a variação<br />

topográfica”, disse ele.<br />

Ele, no entanto, aponta<br />

algumas mudanças (negativas)<br />

em relação aos riscos<br />

existentes ao se pedalar por<br />

lá. “O movimento de veículos<br />

aumentou devido à implantação<br />

Marcos Novello, ciclista piracicabano, tem dois<br />

Jogos Panamericanos no currículo<br />

de condomínios, empresas e<br />

faculdades.<br />

A qualidade do asfalto, que já<br />

não é mais a mesma depois de<br />

tantas recapagens e o excesso<br />

de sujeira no acostamento<br />

fizeram também com que<br />

ela perdesse muito de suas<br />

qualidades iniciais”, completou.<br />

Os pontos positivos do traçado<br />

da pista são quase que uma<br />

unanimidade entre ciclistas<br />

ouvidos pela Corre!. Para o<br />

triatleta Felipe Sgrignero, 29,<br />

no entanto, além da sujeira,<br />

o problema também está<br />

relacionado à segurança – e não<br />

necessariamente aquela ligada<br />

ao perigo dos veículos. “Um<br />

atleta da assessoria esportiva<br />

em que trabalho quase teve<br />

sua bicicleta roubada. Chegou<br />

a levar pauladas de um dos<br />

ladrões, mas conseguiu<br />

escapar”, disse ele, se referindo<br />

ao trecho próximo à Isca<br />

Faculdades, em Limeira.<br />

Corre! | 43<br />

A CONCESSIONÁRIA<br />

A Intervias, que administra a<br />

SP-147, disse que “não tem<br />

poder” para oferecer mais<br />

segurança aos ciclistas que<br />

diariamente passam pelo<br />

local. “É uma prática não<br />

recomendada por nenhuma<br />

concessionária de rodovia,<br />

inclusive a Intervias, pois<br />

as rodovias são feitas para<br />

veículos automotores”, disse a<br />

companhia, por meio de nota.<br />

“Não é possível coibir esta<br />

prática, embora todos saibam<br />

dos riscos e que o acostamento<br />

das rodovias deve ser utilizado<br />

apenas em situações de<br />

emergência”.<br />

O QUE DIZ A LEI<br />

Embora a circulação de<br />

veículos pelo acostamento<br />

seja prática proibida, restrita<br />

apenas a situações de<br />

emergência, o CTB (Código de<br />

Trânsito Brasileiro) não proíbe<br />

a circulação de bicicletas por<br />

esses locais mesmo sem a<br />

presença do acostamento. Em<br />

seu artigo 58, a lei especifica<br />

que “nas vias urbanas e nas<br />

rurais de pista dupla (entendase<br />

rodovias), a circulação<br />

de bicicletas deverá ocorrer,<br />

quando não houver ciclovia,<br />

ciclofaixa, ou acostamento,<br />

ou quando não for possível a<br />

utilização destes, nos bordos<br />

da pista de rolamento, no<br />

mesmo sentido de circulação<br />

regulamentado para a via, com<br />

preferência sobre os veículos<br />

automotores”.


44 | Corre!<br />

Reportagem Matheus Souza<br />

Fotos Rodrigo Gosser e Divulgação<br />

O mercado conta hoje com diversas opções de<br />

bicicletas, com modelos para todos os gostos –<br />

e bolsos. Seja ele voltado para a cidade, pistas<br />

ou estradas de terra, cada modelo conta com<br />

características próprias. A escolha do modelo<br />

correto, adequado ao tamanho do ciclista e ao<br />

tipo de atividade, faz a diferença a quem deseja<br />

manter “um casamento duradouro” com a<br />

bicicleta.<br />

Willians Bressan,<br />

da Espaço da Bike<br />

O conselho é de Willians Bressan, que há<br />

cinco anos está à frente da Espaço da Bike, em<br />

Piracicaba. “Quando a pessoa decide entrar no<br />

ciclismo, é importante definir acima de tudo qual<br />

é o seu perfil, o que ela pretende com a bicicleta,<br />

se pedalar na estrada ou na terra”, diz ele.<br />

Outro ponto importantíssimo – e muitas vezes<br />

Acerte na<br />

magrela<br />

ignorado – é buscar uma bike que se ajusta<br />

perfeitamente à altura do futuro ciclista.<br />

“É super importante saber o tamanho do quadro.<br />

Às vezes a pessoa chega muito preocupada<br />

em relação ao grupo de peças, configurações,<br />

mas o tamanho do quadro é essencial para ter<br />

uma pedalada com conforto”, afirma. “Costumo<br />

associar isso com o tênis. Existe o número<br />

certo para você calçar e a bicicleta tem o<br />

número certo do quadro para se pedalar”,<br />

completou.<br />

Para Willians, a questão da falta de uma<br />

“cultura da bicicleta” no Brasil pesa<br />

para quem deseja iniciar no esporte. “A<br />

pessoa que não está envolvida com o<br />

ciclismo imagina um modelo daqueles de<br />

magazines, de R$ 200, R$ 300”, aponta.<br />

O empresário Gustavo Briones, 37,<br />

fazia parte do time dos “ciclistas de fim<br />

de semana” antes de entrar de vez no<br />

mundo da bicicleta. “Para se ter uma<br />

idéia, eu saía para pedalar sem uma<br />

câmara de reserva, nem remendo em<br />

caso de pneu furado”, contou ele. Há<br />

dois anos, Briones conheceu um grupo de<br />

ciclistas, e resolveu encarar o desafio, contando<br />

com as dicas de integrantes mais velhos desde<br />

o primeiro dia de pedal. “Foi paixão imediata.<br />

Desse dia em diante não parei mais”.<br />

A bicicleta de Gustavo do início dos pedais foi<br />

trocada por uma de passeio logo de cara. Apesar<br />

A compra da primeira bicicleta é<br />

fundamental para garantir uma relação<br />

duradoura com o esporte. Saiba quais<br />

são os principais pontos que devem ser<br />

considerados na hora de adquirir a sua<br />

de mais adequada aos passeios, ele ainda<br />

percebeu que faltava “um algo a mais” em<br />

suas pedaladas. “O problema é que eu queria<br />

terra! Quando eu comprei a bike correta<br />

para terra, os pedais começaram a ficar mais<br />

longos e os passeios mais radicais”, disse<br />

ele. Após um ano junto ao grupo, os pedais<br />

ficaram tão frequentes que hoje ele percorre<br />

sem dificuldades 70 quilômetros na terra em<br />

apenas um dia.<br />

Não demorou muito e a bike aro 26 foi<br />

trocada por uma 29. “A mudança do<br />

pedal é muito grande, é uma bike muito<br />

mais agressiva. Hoje, eu e minha esposa<br />

aproveitamos muito mais os pedais,<br />

podendo fazer trilhas de diferentes graus<br />

de dificuldade, sem a preocupação com o<br />

equipamento”.<br />

Foto: acervo pessoal<br />

Gustavo Briones demorou para acertar o modelo correto de bike,<br />

quando conseguiu, pedalar ficou muito mais prazeroso<br />

Qual é a sua? Escolha uma bicicleta adequada à sua atividade<br />

Mountain<br />

bike<br />

(ou MTBs)<br />

As mountain bikes são projetadas para uso em estradas de terra.<br />

Uma MTB robusta agüenta trancos e barrancos com facilidade em<br />

incursões fora de estrada, apesar de seu uso ser comum na cidade.<br />

Speed<br />

Bicicletas de estrada, as speeds têm apenas um destino: vias<br />

pavimentadas. O pneu estreito garante uma rodagem fluida, o que<br />

requer atenção no trânsito. Seu uso pode gerar certo desconforto<br />

em iniciantes pela posição mais deitada do ciclista.<br />

Touring<br />

Corre! | 45<br />

Basicamente, são um misto de MTBs e speeds. A posição de<br />

pilotagem é mais elevada, oferecendo maior conforto. Os pneus,<br />

porém, são mais estreitos para garantir uma rodagem mais eficiente<br />

do que os pneus cravudos das mountain bikes.<br />

Tamanho do quadro: equivale basicamente à medida<br />

do tubo que liga o movimento central ao selim. Geralmente, as<br />

mountain bikes têm essa medida expressa em polegadas (54’’,<br />

56’’, 58’’) e as voltadas para ciclismo de estrada por letras (M,<br />

L, LX).<br />

Não saia a pé: seja na ciclovia da avenida Alidor Pecorari<br />

ou no Deserto do Atacama, não importa, leve consigo uma câmara<br />

de ar reserva, um kit de remendo para furos, espátula para remover<br />

o pneu e uma bomba de ar. Nada é mais frustrante que um pneu<br />

furado sem conserto – principalmente se você estiver sozinho, a<br />

quilômetros de casa.<br />

Use capacete, use capacete e use capacete: o ciclismo<br />

é considerado um dos esportes mais perigosos do mundo (sim!).<br />

Portanto, não vacile. Use o capacete, seja em pedais longos ou curtos.


46 | Corre!<br />

Corre! | 47<br />

Sem<br />

barreiras<br />

Reportagem Eleni Destro<br />

Fotos Rodrigo Gosser<br />

Nada pode atrapalhar<br />

seu treino, então, se não<br />

puder ir para a rua, para o<br />

parque, se jogue na esteira,<br />

divirta-se e perca muitas<br />

calorias na corrida indoor<br />

É possível perder até 1.000<br />

calorias em uma aula de corrida<br />

Nem chuva, sol forte ou insegurança. Nada desses fatores vão<br />

atrapalhar seu treino se você se tornar adepto da corrida indoor,<br />

modalidade que vem fazendo sucesso nas academias. Ok. Muita<br />

gente acha que é chato correr na esteira, olhando sempre para a<br />

mesma paisagem, mas a prática tem muitas vantagens.<br />

Uma delas é o risco menor de ter uma lesão. E essa palavra dá<br />

arrepios nos corredores viciadões. É também uma opção para<br />

quem quer começar no esporte antes de ganhar as ruas.<br />

Na academia Bio Ritmo, a modalidade ganhou o nome de Bio<br />

Running. O professor Jefferson Aragão destaca que o piso de<br />

borracha da esteira é um dos mais seguros. Em primeiro lugar na<br />

escala de perigo está o de concreto e, além do de borracha,<br />

a grama e o saibro também são opções seguras.<br />

Outro ponto positivo destacado pelo também professor da<br />

Bio Ritmo Ramac Poppin, é o acompanhamento dos profissionais<br />

que ficam de olho em cada movimento do aluno.<br />

“Nós acompanhamos e orientamos para corrigir a passada, por<br />

exemplo. Damos o suporte correto”, avisa.<br />

ADEUS, CALORIAS!<br />

A busca pela corrida indoor<br />

tem finalidades diversas, como<br />

garantir condicionamento<br />

físico para a prática de outros<br />

esportes, como o futebol, por<br />

exemplo, e preparar para as<br />

provas de rua e emagrecer.<br />

Acredite: o aluno pode<br />

perder de 400 a 1.000 calorias<br />

por aula, que dura entre 45<br />

minutos e uma hora!<br />

Cada aula é diferente da outra,<br />

garantem os professores,<br />

então o corredor indoor pode<br />

ficar tranqüilo se o medo for o<br />

tédio. “Baseado na frequência<br />

cardíaca de cada um, os<br />

profissionais dão o estímulo e<br />

a pessoa tem a percepção ideal<br />

para aquele estímulo”, afirma<br />

Poppin. “Enquanto na rua você<br />

utiliza apenas uma capacidade,<br />

na corrida indoor você tem<br />

várias capacidades estimuladas<br />

e tem sensações diferentes”,<br />

explica.<br />

Poppin e Aragão aconselham,<br />

no início, a praticar a corrida<br />

indoor três vezes por semana,<br />

depois, dia sim dia não. “O<br />

corpo é adaptável e você pode<br />

praticar a corrida todo dia,<br />

sempre variando”, observa<br />

Aragão.<br />

VICIADOS<br />

O eletricista Ivan Ricardo<br />

Regonha, 34, experimentou<br />

a corrida indoor a primeira<br />

vez e nunca mais parou. Ele<br />

frequenta as aulas de Bio<br />

Running desde o começo.<br />

“O incentivo do profissional<br />

ajuda muito e o tempo passa<br />

rápido!”, garante o atleta.<br />

A aposentada Nederli Teresinha<br />

Zulini Tessecino, 54, corre nas<br />

ruas e também nas esteiras<br />

e vê vantagens nas duas<br />

modalidades. Ela corre ao<br />

menos duas vezes por semana<br />

na esteira e também participa<br />

de competições de rua.<br />

“Correr elimina o estresse, dá<br />

disposição”, enumera.<br />

A CAMPO<br />

Os alunos da Bio correm nas<br />

esteiras, mas não dispensam<br />

uma boa corrida de rua e toda<br />

a sua movimentação. Dessa<br />

forma, a academia oferece<br />

Ivan Ricardo Regonha só corre na esteira: sem tédio<br />

Aula de Bio Running na Bio Ritmo<br />

suporte nas competições<br />

de rua para seus atletas em<br />

tendas, com suplementação,<br />

exercícios de alongamento<br />

e dicas de estratégia. A Bio<br />

também tem uma equipe de<br />

corredores profissionais.<br />

Nederli Tessecino é adepta da esteira<br />

e das provas de rua<br />

Na Bio Ritmo as aulas de<br />

Bio Running acontecem de<br />

segunda e quarta, às 21h,<br />

e sexta, às 20h; às terças e<br />

quintas, às 9h. A academia<br />

fica na rua Visconde do<br />

Rio Branco, 583, Bairro<br />

Alto, tel.: (19) 3375-7003.<br />

www.bioritmo.com.br.


48 | Corre!<br />

moda<br />

Top Vestem<br />

Em cirrê, este top tem<br />

o desenho cruzado nas<br />

costas, o que oferece<br />

maior conforto e segurança<br />

na hora dos exercícios.<br />

(mundonutrifit.com.br/loja)<br />

Beautiful<br />

Que você corre atrás de qualidade de vida isso<br />

a gente já sabe. Mas já que vai correr, é melhor<br />

and<br />

ir linda. Confira dicas de roupas criadas com<br />

fast<br />

tecidos inteligentes e design diferenciado.<br />

Saia Caju Brasil<br />

Em suplex light, tecido mais leve,<br />

proporciona design moderno. A<br />

elasticidade é equilibrada com<br />

maciez única, conforto térmico e<br />

propriedade easy care. (facebook.<br />

com/Body.Sport.boutique)<br />

Top Rosa Neon<br />

Em suplex, fio de poliamida, que dá um toque<br />

natural à peça, proporciona fácil transpiração,<br />

não encolhe e não amassa. (facebook.com/<br />

Body.Sport.boutique)<br />

Top Cruzado<br />

Supernova<br />

Este top ajuda a manter o foco e<br />

o conforto na hora do treino ou<br />

durante as provas mais longas.<br />

Com ventilação Climacool,<br />

que mantém o corpo seco e<br />

confortável. (adidas.com.br)<br />

Shorts aSMC Perf Run Prt<br />

Também da Adidas by Stella McCartney, este short<br />

tem fivelas ajustáveis nas laterais para cobertura<br />

personalizada. Bolso com zíper protege pequenos<br />

objetos. (adidas.com.br)<br />

Camiseta Nike<br />

Blockstripe<br />

Feita em tecido leve com estampa<br />

moderna, esta peça confere<br />

um estilo atlético e um ajuste<br />

extremamente confortável. O<br />

ajusteacinturado contorna o corpo.<br />

(nike.com/br)<br />

Calça Rola Moça<br />

O tecido emana tem propriedades<br />

terapêuticas para tratar celulite, gordura<br />

localizada e combater a fadiga muscular.<br />

Modelo dá sustentação e a cintura alta<br />

disfarça as gordurinhas. (facebook.com/<br />

Body.Sport.boutique)<br />

Camiseta Live!<br />

Em poliamida, tecido tecnológico que<br />

facilita a transpiração. O modelo batinha<br />

deixa a atleta sempre elegante e<br />

confortável. (mundonutrifit.com.br/loja)<br />

Regata Caju<br />

Brasil<br />

Em malha Menegotti,<br />

esta regata tem um tapabumbum<br />

que garante<br />

o conforto na hora de<br />

realizar os exercícios e<br />

dar aquela corridinha.<br />

(facebook.com/Body.<br />

Sport.boutique)<br />

Corre! | 49<br />

Saia New<br />

Border Nike<br />

Feita para praticar<br />

tênis, esta saia caiu no<br />

gosto das meninas para<br />

academia e corrida. O<br />

short de compressão<br />

evita o suor e garante a<br />

liberdade de movimento e<br />

apoio. (nike.com/br)<br />

Short Alto Giro Glam<br />

O tecido em suplex tem proteção contra<br />

raios ultravioletas, ideal para quem corre<br />

até mesmo sob<br />

altas temperaturas.<br />

O bolso ajuda na<br />

hora de guardar<br />

pequenos objetos.<br />

(mundonutrifit.<br />

Shorts Nike Vintage Fleece Tempo<br />

Em algodão francês, o shorts é confortável e clássico. Com cintura elástica com<br />

cordão para ajuste firme é perfeito para treinar e correr provas. (nike.com/br)<br />

Saia<br />

Labellamafia<br />

Em suplex, esta saia vem<br />

com shortinho embutido<br />

e bolso com zíper. O corte<br />

em bico confere charme ao<br />

modelo, que pode ser usado<br />

durante as corridas ou na<br />

academia. (mundonutrifit.<br />

com.br/loja)


coach<br />

Um país diferente<br />

Quando fui convidado a participar dos Jogos Abertos junto com a equipe de<br />

Piracicaba fiquei emocionado. Devo admitir que, apesar de ter sido chamado<br />

para treinar, apoiar ou simplesmente assistir a muitas das competições,<br />

percebi claramente que estava vivendo algo diferente.<br />

No primeiro dia de minha participação nos Jogos fiquei durante todo o<br />

tempo junto ao alojamento dos atletas de Piracicaba em Mogi.<br />

As treinadoras Maria Teresa Ferreira e Mazé montaram uma equipe de<br />

atletas motivados, com “fome” de competir.<br />

1<br />

3<br />

“Passei a<br />

me usar,<br />

como um trunfo<br />

para a equipe<br />

tirar proveito<br />

do meu<br />

envolvimento.”<br />

Como eu só tinha conhecido alguns integrantes da equipe anteriormente,<br />

eu não tinha certeza do que dizer a eles. Tornou-se evidente, porém, que<br />

apesar de tudo o que eles queriam alcançar – e muitos expressavam a esperança de um dia<br />

tornarem-se profissionais – não existia ali um alto nível de intensidade como aquele que nos<br />

acostumamos a ver em atletas de elite. Quando você possui um olhar crítico sobre isso você<br />

pode injetar uma pressão a mais no atleta, e tenho certeza que eles entenderam que eu estava<br />

lá para ajudar.<br />

Passei a me usar como um trunfo para a equipe tirar proveito do meu envolvimento. Nas<br />

conversas que tive com os atletas, perguntei a eles sobre seus sonhos, questionei seus<br />

comportamentos e, enfim, perguntei a eles qual era o seu desejo. Os diálogos foram bem<br />

recebidos e as respostas foram ótimas. Tivemos um grande caminho a percorrer, e percebi que<br />

eles estavam na direção para boas performances.<br />

Também pude observar o trabalho de fisioterapia da Unimep (Universidade Metodista de<br />

Piracicaba) nos Jogos para auxiliar os competidores de Piracicaba. O líder da equipe, o professor<br />

de fisioterapia (e muito gente boa) Sérgio Borin me convidou para conhecer os integrantes do<br />

grupo de fisioterapeutas e mostrar-lhes algumas das técnicas avançadas de recuperação física<br />

que uso em meus atletas.<br />

4 5 6<br />

2<br />

Passei um dia inteiro no local das competições de atletismo, ajudando os atletas a se recuperar<br />

entre uma prova e outra. Fiquei muito satisfeito com o resultado em todos os dias. Gostei das<br />

atuações que a equipe foi capaz de produzir, mas não pude deixar de notar a falta de algumas<br />

coisas básicas e, aparentemente, simples que nos acostumamos a ver em competições aqui<br />

nos EUA, como água prontamente disponível aos competidores, por exemplo, durante as<br />

provas. Foi uma surpresa, mas aprendi há muitos anos que qualquer mudança, seja ela grande<br />

ou pequena, leva tempo, e o melhor caminho é ajudar a oferecer soluções, e não apenas<br />

reclamar.<br />

7<br />

8<br />

9<br />

A equipe de atletismo teve uma grande evolução no último dia de competições e faturou quatro<br />

medalhas de ouro, 10 de prata e outras seis de bronze. Na verdade, percebi que o atletismo de<br />

Piracicaba foi tão bem durante as competições que acabou gerando até mesmo certa polêmica<br />

entre concorrentes de outras cidades. Pelo que eu pude conversar com vários integrantes do<br />

atletismo, os resultados foram a resposta obtida por meio de mudanças feitas nos programas de treinamento ocorridas no último ano.<br />

Em resumo, todo o evento foi, para mim, uma oportunidade fantástica de ter contato com as maravilhosas pessoas do Brasil. Para finalizar,<br />

gostaria de dizer que sou muito grato a todos que me acolheram e ofereceram seu apoio. Foi um período excelente e uma experiência<br />

enriquecedora. Deixo aqui também meu obrigado à Revista Corre! pela oportunidade de compartilhar minhas experiências.<br />

Até a próxima!<br />

John Williams vive em Atlanta, EUA, onde é treinador e preparador físico<br />

10 11 12<br />

1. Equipe EPJ (Corrida Ilumina); 2. Ana Paula Galvão, Luciana Stolf e Ariane Belardin (3a Special Run); 3. Marcos, Carol Stolf e filhos (Corrida Ilumina); 4. Allan Schimidt, Luana e Angel<br />

Cursio; 5. Murakami Team (Corrida Ilumina); 6. Pódio Feminino Geral 10K Special Run ; 7. Equipe Bio Eco Esportes; 8. João Hellmeister, Dra. Adriana Brasil e filhos; 9. Equipe Corpo & Vida;<br />

10. José Fernando e Legal; 11. Equipe Corpore e 12. Reinaldo Belardin e Rodrigo Santos. (Fotos da Corrida Ilumina: Rodrigo Gosser e Eleni Destro / Fotos 2,6 e 12: Arquivo InterTennis)

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