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Revista GBC Brasil - Ed. 12

A revista oficial do Green Building Council Brasil, traz sempre informações e conteúdos sobre o mercado da construção sustentável

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net zero<br />

Por Paulo Dias<br />

À<br />

primeira vista, dar adeus<br />

à conta de luz ou de água<br />

parece um sonho distante.<br />

Mas essa já está sendo a<br />

realidade de cada vez mais<br />

edifícios no país. São os chamados<br />

Net Zero: edifícios<br />

inteligentes e eficientes que,<br />

graças a investimentos e visão de futuro, se<br />

tornaram autossustentáveis energética e/ou<br />

hidricamente. Engana-se quem pensa que<br />

esse é um processo viável apenas a edifícios.<br />

Os Net Zero têm se espalhado pelos mais diversos<br />

segmentos do mercado, se tornando<br />

mais acessíveis e economicamente atrativos<br />

inclusive para residências. Tanto é que o <strong>GBC</strong><br />

<strong>Brasil</strong>, atento à importância dessa iniciativa,<br />

se uniu a um programa global que visa zerar<br />

as emissões de carbono vindas do setor da<br />

construção civil. A organização, com o apoio<br />

do World Green Building Council e diversas<br />

outras instituições, pretende fazer com que todas<br />

as novas edificações e grandes reformas<br />

no país se tornem Net Zero, atingindo 100%<br />

desses segmentos até 2050 (saiba mais na<br />

página blog.gbcbrasil.org.br).<br />

Net Zero energia: o que é e<br />

como implantar<br />

É crescente o número de edifícios e residências<br />

brasileiros que estão descobrindo o quão<br />

vantajoso pode ser possuir um sistema local<br />

de geração de energia. Dados recentes da<br />

Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel),<br />

destacaram que cerca de 7,5 mil unidades<br />

brasileiras são abastecidas por microgeração<br />

de energia fotovoltaica. Isso representa um aumento<br />

de cerca de 300% em relação a 2015,<br />

quando o <strong>Brasil</strong> registrava cerca de 1,8 mil<br />

dessas instalações.<br />

Esse maior acesso à energia renovável é um<br />

dos impulsionadores ao aumento do número<br />

de Net Zero Energia no <strong>Brasil</strong>. Márcio Takata,<br />

engenheiro e diretor da Enova Solar, explica<br />

que Net Zero Energia é um “conceito utilizado<br />

para edifícios (casas, edifícios comerciais ou industriais)<br />

no qual o balanço energético é zero.<br />

Isso quer dizer que toda a energia que é consumida<br />

no local é também gerada no local”.<br />

Embora a energia solar seja o meio mais comumente<br />

usado pelos Net Zero brasileiros,ele<br />

não é o único. Márcio lembra que, além da<br />

energia solar, “também pode-se criar um sistema<br />

de geração eólica, utilizando microturbinas<br />

eólicas, ou até uma usina que utiliza biomassa”.<br />

Tudo depende do tipo de edifício e das<br />

necessidades de seus ocupantes.<br />

A Enova Solar, empresa da qual Márcio é engenheiro<br />

e diretor, está localizada num edifício<br />

Net Zero Energia. “Aqui instalamos medidas de<br />

eficiência energética. Boa parte da iluminação<br />

é led. Fizemos também algumas adequações<br />

na parte de geração, instalamos uma usina solar<br />

com uma potência total de 3,5 quilowatts e<br />

com isso conseguimos ter um abatimento global<br />

da energia. Somos uma empresa com 10<br />

pessoas trabalhando e pagamos apenas 25<br />

reais de conta, que é a tarifa mínima”, explica.<br />

Estudar cuidadosamente cada caso é a chave<br />

para desenvolver um bom projeto Net Zero.<br />

Engana-se quem pensa que apenas instalar<br />

um sistema fotovoltaico já garante o fim dos<br />

problemas com o uso de energia elétrica. A<br />

questão o uso inteligente e eficiente da energia<br />

gerada por esse sistema é a chave para<br />

o sucesso de um sistema in loco de geração.<br />

Guido Petinelli, diretor da Petinelli Consultoria,<br />

exemplifica esse aspecto da seguinte maneira:<br />

“Se o prédio consegue se tornar mais eficiente<br />

a ponto de gastar metade da energia<br />

que antes gastava, por exemplo, significa que<br />

será necessário instalar um sistema de painéis<br />

com metade da capacidade do que seria<br />

necessário sem a eficiência energética. Isso<br />

torna a viabilidade muito mais próxima da realidade<br />

dos edifícios”, explica.<br />

A Petinelli, escritório de engenharia sustentável<br />

com sede em Curitiba, Paraná, é um dos<br />

maiores escritórios com experiência em Net<br />

Zero no país. A Creche Hassis (SC), o edifício<br />

Eurobussiness (PR) e a sede da RAC Engenharia<br />

(PR) são apenas alguns exemplos de<br />

edifícios Net Zero desenvolvidos pelo escritório.<br />

Ambos são, além de Net Zero, certificados<br />

LEED Platinum.<br />

Quanto custa?<br />

Um dos maiores mitos que rondam a questão<br />

da geração de energia in loco é que os custos<br />

serão altíssimos e inviáveis. “Energia renovável<br />

é um investimento cada vez mais atrativo,<br />

mas a sociedade ainda tem o pré-conceito<br />

de que se trata de algo caríssimo. Mas não é!<br />

Pelo contrário, é uma solução que faz bastante<br />

sentido para muitos perfis de edifícios”, explica<br />

Márcio Takata, da Enova Solar.<br />

É difícil prever quanto custará um sistema de<br />

geração de energia, já que isso depende de<br />

muitos fatores como quantidade de energia<br />

que precisará ser gerada, espaço disponível<br />

para instalação da estação de geração e tipo<br />

de tecnologia escolhida. Mesmo assim, Márcio<br />

Takata faz uma estimativa de gastos, baseada<br />

em sua experiência à frente da Enova<br />

Solar, referência na construção desses sistemas:<br />

“O investimento varia bastante, mas digamos<br />

que será a partir de R$18 mil. Uma residência<br />

padrão vai investir mais ou menos isso.<br />

Mas, à medida que falamos de residências ou<br />

edifícios maiores, o valor vai aumentando. Um<br />

edifício comercial, por exemplo, vai precisar<br />

investir algo em torno de R$70 mil. Esse investimento<br />

não está tão relacionado ao tamanho<br />

do edifício, mas sim ao consumo de energia.<br />

revistagbcbrasil.com.br fev-mar/17<br />

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