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TURIMAGAZINE Nº 1 2017

Informação Turística de Cabo Verde

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3 <strong>TURIMAGAZINE</strong> - MARÇO <strong>2017</strong><br />

OPINIÃO<br />

ainda existe por cá. Escolhi algumas, as mais corriqueiras,<br />

para uma breve análise. Turismo de sol e praia tem de ser<br />

desenvolvido com turismo massificado.<br />

É preciso começar pela quantidade para depois se atingir a<br />

qualidade. Turismo de sol e praia é o futuro de Cabo Verde.<br />

O all-inclusive foi um mal necessário em Cabo Verde.<br />

Autênticas preciosidades! Principiemos pela primeira, apesar<br />

de todas estarem relativamente interligadas. Começa a<br />

fazer escola entre nós a ideia de que o produto turístico sol<br />

e praia tem de andar de mãos dadas com a massificação do<br />

turismo. Vamos, então, ver alguns exemplos para ver se é<br />

verdade.<br />

Em primeiro lugar, convém definir primeiro o que é turismo<br />

de massas. A democratização do fenómeno turístico,<br />

devido ao efeito combinado do abaixamento do custo<br />

das viagens com o aumento do nível de vida das pessoas<br />

nos países mais desenvolvidos, levou ao aparecimento da<br />

massificação das viagens e do turismo, antes privilégio das<br />

classes mais abastadas. Significa isto pessoas a viajarem em<br />

grandes números para grandes hotéis, com um mínimo de<br />

interacção com a realidade local.<br />

As empresas que se dedicam a este tipo de turismo escolhem<br />

como estratégia o que Michael Porter chamou de<br />

“estratégia de liderança de custos”, o que significa, de uma<br />

forma simplificada, apostar em custos baixos para poder<br />

praticar preços baixos. Permitam-me partilhar um quadro<br />

que uso com os meus alunos de Estratégia Empresarial,<br />

onde estão representadas as chamadas Estratégias Genéricas<br />

de Porter, aplicáveis a qualquer indústria, incluindo o<br />

sector das viagens e turismo.<br />

Sem sairmos de África, e olhando para realidades similares<br />

às nossas, comecemos pelos arquipélagos crioulos e<br />

independentes das Seychelles e das Maurícias. São destinos<br />

tropicais de sol e praia, mas não permitem (nem nunca<br />

permitiram) o turismo de massas. Como outras ilhas<br />

crioulas das Caraíbas, privilegiaram desde o início um turismo<br />

baseado numa estratégia de “foco” nos mercados de<br />

alta gama (upmarket).<br />

Seychelles says no to mass tourism, not now, not ever!<br />

(https://wolfganghthome.wordpress.com/2016/09/08/seychelles-says-no-to-mass-tourism-not-now-not-ever/)<br />

A internet é realmente uma ferramenta maravilhosa. Com<br />

um simples click, qualquer um tem acesso a esta extraordinária<br />

mensagem proferida no passado mês de Setembro<br />

por um pequeno país africano e crioulo, cujo turismo é liderado<br />

pelo poderoso ministro do Turismo e da Cultura,<br />

Alain St. Ange. Um homem com quem eu e os restantes<br />

membros da comitiva que foi às Seychelles tivemos o privilégio<br />

de privar e trabalhar, constatando a enorme paixão<br />

que este carismático ministro, que foi hoteleiro toda a vida,<br />

coloca no desempenho das suas altas funções.<br />

O turismo das Seychelles é baseado em sol e praia! Mas<br />

nunca teve nem terá turismo de massas!<br />

A nação cabo-verdiana gastou milhares de contos para ir<br />

estudar a experiência das ilhas Seychelles, consideradas um<br />

dos melhores exemplos de turismo sustentável do mundo.<br />

Levámos uma enorme delegação chefiada pelo nosso Presidente<br />

da República. Tivemos uma indescritível recepção,<br />

e os nossos primos crioulos colocaram ao nosso dispor, durante<br />

uma semana, todos os serviços ligados ao turismo e<br />

mostraram todos os segredos do seu sucesso.<br />

Vantagem competitiva<br />

Custos baixos<br />

Diferenciação<br />

Mercado amplo Liderança de custos Diferenciação<br />

Âmbito competitivo Mercado restrito Foco (Foco com custos<br />

baixos) (Foco com diferenciação)<br />

Como enquadraríamos o turismo de Cabo Verde neste<br />

quadro? Na Liderança de Custos, naturalmente. A diferenciação<br />

e o foco dão muito mais trabalho.<br />

Mas para desenvolver o turismo de sol e praia tem de ser<br />

assim? Vamos analisar outros arquipélagos que nos precederam<br />

no desenvolvimento turístico.<br />

O que é que aprendemos nas Seychelles que estamos a aplicar<br />

em Cabo Verde? Que eu saiba, nada! Pior, continuamos<br />

a seguir o caminho inverso do que vimos e devíamos ter<br />

aprendido.<br />

Mais uma vez, fazem-se viagens, gasta-se imenso dinheiro<br />

e depois não há o devido seguimento. Uma triste sina desta<br />

nação.

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