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mundodaadministracao.com.br<br />
3
SUMÁRIO<br />
eNtrevista aMÉriCO<br />
MatieLLO<br />
16 - Confira essa espetacular<br />
entrevista com o vice presidente de<br />
Campus e Graduação do Grupo<br />
Kroton. Conheça o que Américo<br />
quanto gestor pensa na relação<br />
Educação para o Mundo.<br />
sUsteNtaBiLiDaDe<br />
66 iMPerMaNÊNCia<br />
O homem como hospedeiro<br />
da Terra tem descuidado<br />
muito deste lugar.<br />
Carreira<br />
27 - Carreiras criativas<br />
“Você não precisa seguir os<br />
passos de ninguém. Seu caminho<br />
será traçado ao caminhar”.<br />
iNOvaÇÃO<br />
9 - O incomôdo da<br />
borra de café<br />
A inovação é fundamental<br />
para a sobrevivência da<br />
Empresa.<br />
ORGANIZAÇÕES<br />
11 - Você sabe quem<br />
é seu concorrente?<br />
Você saberia fazer<br />
um mapeamento dos<br />
concorrentes do seu negócio<br />
hoje?<br />
TECNOLOGIA<br />
29 - Parque<br />
Tecnologico / Porto<br />
Digital<br />
O Vale dos Silicios Brasileiro<br />
transformação de uma nova<br />
economia.<br />
tUrisMO<br />
32 - turismo como<br />
atividade de vida.<br />
O Turismo não é diferente<br />
de outras áreas econômicas,<br />
pois também possui<br />
segmentações de mercado,<br />
e é dessa forma que se dá a<br />
organização da atividade.<br />
eMPreeNDeDOrisMO<br />
57 - Gastronomia,<br />
talento e visão,<br />
uma receita<br />
Empreendedora<br />
Será que talento na cozinha<br />
é o bastante para que o<br />
negócio na gastronomia dê<br />
certo?<br />
4 mundodaadministracao.com.br
JUNHO/JULHO<br />
36 - 55 DOssiÊ / INOVAÇÃO EM TEMPOS DE DESCONTINUI<strong>DA</strong>DE<br />
O Dossiê desta primeira edição da Revista<br />
Mundo da Administração apresenta uma história<br />
instigante de garra, reinvenção e inovação que teve<br />
início há 54 anos, superou uma série de concorrentes,<br />
ganhou destaque e se tornou referência regional na<br />
produção de bebidas no Estado do Mato Grosso.<br />
Refrigerantes Marajá é uma empresa inserida<br />
na história mato-grossense há mais de meio século. Foi<br />
fundada em Rondonópolis em 1963 pelo seu Djalma<br />
Pimenta, uma pequena fábrica, mas já com um nome<br />
pomposo. “Marajá” se referia ao bairro em que ela<br />
foi instalada inicialmente. Posteriormente sediada em<br />
Várzea Grande, a partir de 1982, após aquisição pela<br />
família Bruehmueller.<br />
+ CULtUra<br />
• Destaque<br />
• Dicas de livros<br />
• variados assuntos<br />
Aqui você tem indicação<br />
dos melhores Filmes e<br />
Sereados<br />
Fique atento!<br />
resUMO CieNtiFÍCO<br />
68 Ética na administração<br />
pública<br />
Ética é um assunto que exige<br />
sensibilidade sociológica e,<br />
principalmente, seriedade. Esse<br />
fato nos traz questionamentos,<br />
bem como a necessidade de se<br />
verificar os padrões de ética<br />
existentes na Administração<br />
Pública. Diante desse contexto,<br />
surge o seguinte questionamento:<br />
qual o grau de importância da<br />
ética na Administração Pública?<br />
PSICOLOGIAS<br />
20 - Onde está a inovação?<br />
Do começo humano à<br />
conexão da Alma - Ser<br />
apenas você.<br />
mundodaadministracao.com.br<br />
5
NÃO ESTAMOS SÓS<br />
Qual a missão de um Administrador? Ter seu CRA<br />
ou é mais importante e abrangente que isso?<br />
Evidente que sim!<br />
Fato que ter um CRA, com papel moeda mostra<br />
um progresso e ao mesmo tempo uma ação retrogada.<br />
Retrogada pelo fato que tudo se concentra numa<br />
análise dos dados contidos na carteirinha para que o<br />
administrador possa sair vangloriando seu título.<br />
Estupendo, mas o Administrador não se resume<br />
num registro, mas sim naquilo que ele pode afetar<br />
diretamente na transformação social de uma comunidade.<br />
tudo aquilo que ele pode trazer de beneficio, inivação e<br />
sobre tudo união principalmente entre sua profissão.<br />
Mensionando o grande mestre do modernismo<br />
Peter Drucker, mesmo vivendo em uma época de<br />
descontinuidade é necessário ter uma relação sincrona<br />
pois somente pelo amparato da individualidade é que<br />
encontramos a união dos seres. Individualidade não é<br />
individualismo, mas sim preservação e transformação.<br />
Quando se respeita o individualidade esta-se respeitando<br />
o ser que existe dentro de cada espressão humana, e nesse<br />
ponto o processo sicrono consegue alinhar respeito e<br />
amor ao proximo, independente de qual profissão seja.<br />
Descontinuidade é com certeza uma era de<br />
possibilidades e cabe prinicpalmene aos Administradores<br />
compreender que não é um conhecimento que o faz ser<br />
um profissional e nem mesmo uma carteirinha. Mas,<br />
com certeza é navegar entre processos descontinuos<br />
visando sempre agregar e unir-se no mesmo sentido<br />
em que aembarcação está seguindo, (ação), porém<br />
sempre garantido sua individualidade para que no<br />
processo de descontinuidade todas as possibilidades<br />
possaam ser almejadas e respeitadas mesmo pelas suas<br />
divergencias.<br />
O objetivo desta revista é unir conhecimento,<br />
informação e prática, é adedanhar o serne do Mundo da<br />
Administração e compreender que todas as profissiões<br />
tem seu presente valor, mas necessitam de dois pilares.<br />
Pessoas e Adminisração. Ou se preferirem pode pegar um<br />
dedinhos da administração e dizer Pessoas e Gestão.<br />
Fraterno abraço!<br />
Leandro Doorneles<br />
Diretor editorial: Leandro A Doorneles<br />
Diretor Comercial: Lucas Budoia<br />
Diretor de Marketing: Neliton Gois<br />
Gerente de conteúdo: Leandro A Doorneles<br />
Análise de produção editorial: Jair Donato<br />
Editoração eletronica: Leandro A Doorneles<br />
Artes / Capa: Neliton Gois<br />
Logistica: Lucas Mattos<br />
Publicidade: Neliton Gois<br />
Edição:1<br />
Revisão: Telma Cheida Mello<br />
Jornalista Responsavel: Jair Donato Lima<br />
Imagens: Bando de dados revista / internet<br />
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Prazo 12 meses.<br />
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da Administração<br />
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Revista Mundo da Administração é uma<br />
publicação bimestral da Umanos Editora<br />
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O conteudo dos artigos é de responsabilidade dos<br />
autores.<br />
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magnim ipismolorem dunt lor sis nosto erostio consenie facil in essim volorem il, senis
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O iNCOMÔDO<br />
Da BOrra De<br />
A salvação da lavoura?<br />
CaFÉ<br />
O agronegócio está sendo a salvação da lavoura<br />
da economia nacional.<br />
Uma característica da inovação é que não<br />
se cria a partir de um princípio, mas,<br />
cria-se um princípio a partir de uma<br />
necessidade. Moldável por finalidades coletivas<br />
e outros em normas individuais, mas sempre para<br />
sanar um vácuo que espreme a anciã da liberdade<br />
de um incômodo. Nasce então a INOVAÇÃO.<br />
A administração tem como papel ser o<br />
berço que aconchega a inovação e compreende<br />
os fatores principais para o desenvolvimento das<br />
características libertadoras e esquadrinha normas<br />
de entendimento do princípio de eficácia<br />
no desenvolvimento sócio organizacional e<br />
psicossocial.<br />
Caráter é uma<br />
palavra essencial para a<br />
INOVAÇÃO, visto que ela<br />
abrange áreas fundamentais<br />
da administração de<br />
empresas. Foi por este<br />
caminho que hoje o coador<br />
Melitta é consumido no<br />
mundo inteiro, foi pelo<br />
incômodo e pela necessidade de se tomar um<br />
café sem borrão que a senhora Melitta Benz no<br />
ano de 1908, com um martelo e prego, fez furos<br />
numa panela cilíndrica de latão, forrou o fundo<br />
com um círculo de papel mata-borrão, tirado do<br />
caderno de seu filho mais velho. Colocou o Pó<br />
de café, água fervida por cima e pronto, estava<br />
criado o primeiro filtro Melitta. Naquela época<br />
era preciso esperar a borra assentar para tomar o<br />
café e mesmo assim ingeriam borras não ficando<br />
todas no fundo da xícara.<br />
Esse incômodo fora resolvido com uma<br />
simples observação do óbvio. A senhora Mellita<br />
Bens apresentou a INOVAÇÃO e colocou-a no<br />
berço da administração, fato este que tornou hoje<br />
o coador Mellita a maior marca de coares de café<br />
do planeta.<br />
“Uma boa inovação<br />
nasce da necessidade de<br />
seus Clientes”.<br />
Assim pensa o diretor<br />
de Administração<br />
de Empresas da<br />
Universidade de<br />
Cuiabá- UNIC/Kroton.<br />
LUIZ NESPOLO<br />
CriativiDaDe<br />
8 mundodaadministracao.com.br
iNOvaÇÃO<br />
A<br />
inovação<br />
é<br />
fundamental para<br />
a sobrevivência<br />
da Empresa, tanto que<br />
ela está presente quando<br />
a teoria da administração fala das quatro Áreas<br />
Fundamentais de uma organização.<br />
se no ápice são reinventados, veja curva do ciclo<br />
de vida alongado por inovação no gráfico abaixo:<br />
Essas quatro áreas fundamentais são:<br />
1.<br />
2.<br />
3.<br />
4.<br />
Operações ( trata da Engenharia, do<br />
Planejamento e Execução da Produção,<br />
Manutenção, Suprimentos, Armazenamento<br />
e Logística da Distribuição).<br />
Marketing ( trata da propaganda e vendas).<br />
Administrativa/Financeira ( trata da<br />
Contabilidade, Finanças, Administração de<br />
Recursos Humanos).<br />
Planejamento & Desenvolvimento ( trata da<br />
inovação, invenção e mudanças). Não precisa,<br />
necessariamente, ser uma área. Muitas<br />
vezes está associada à área de Marketing ou<br />
Operações.<br />
Falaremos hoje desta área, pois se trata de<br />
uma das mais importantes áreas de uma Empresa.<br />
Ela interage com o ambiente de mudanças em que<br />
se encontram as Organizações. De forma proativa<br />
faz invenções (algo inédito, sem similares de<br />
anterioridade), que antecipam as necessidades<br />
presentes e futuras de seus clientes ou provoca a<br />
inovação (algo que já possui anterioridade), ou<br />
seja, é a melhoria da invenção já existente.<br />
Esta área é que faz com que as<br />
Organizações Empresariais, que são Pessoas<br />
Jurídicas imitando as pessoas físicas e seus<br />
produtos, são também finitos e possuem ciclo<br />
de vida (nascem, crescem, chegam ao ápice,<br />
decrescem e morrem). Porém podem ser alongados<br />
Podemos aqui elencar vários exemplos<br />
de empresas ou produtos que sucumbiram ou<br />
minimizaram-se por não se reinventarem (xerox,<br />
filme para máquina fotográfica e junto a famosa<br />
Kodak, etc,).<br />
Automóveis são os maiores exemplos de<br />
necessidade de inovação constante, cada vez mais<br />
cedo são lançados os modelos do ano seguinte.<br />
Quando os modelos param de inovar<br />
entram rapidamente na curva de decréscimo<br />
de venda, minimização de Market share e/ou<br />
extinção. Veja o exemplo do Fiat Uno, teimou em<br />
se manter o quarto líder de venda e despencou<br />
nas vendas por inovar pouco ao longo do tempo.<br />
Podemos também citar o KA da Ford, que<br />
não possui mais nem traços de seu modelo inicial.<br />
São muitos e muitos exemplos que deixaremos<br />
para o leitor se divertir com as observações.<br />
Porém temos exemplos positivos de<br />
reinvenção: as lâminas de aço de barbear, as<br />
mesmas que nossos avós utilizavam e que tiravam<br />
pedaços de couro junto com a barba. Foram<br />
praticamente substituídas pelos barbeadores<br />
elétricos, porém, com uma propaganda ousada e<br />
inovadora, mostrando a inovação de fazer a barba<br />
mundodaadministracao.com.br<br />
9
com duas lâminas, em que a primeira fazia tchã<br />
a segunda tchu e tchã...tchã...tchã...tchã, (quem<br />
tem mais de 40 anos deve se lembrar bem desta<br />
propaganda), aliada à inovação de usar duas<br />
lâminas, fez com que as pessoas, (eu também),<br />
deixassem o barbeador de lado e, a partir daí,<br />
a arca Gillete nunca mais deixou de competir<br />
consigo mesma. Hoje temos aparelhos de barbear<br />
ofertado de todas as cores e para todos os gostos,<br />
inclusive alguns com mais de cinco lâminas e<br />
fitas lubrificantes.<br />
O que realmente dá certo em inovação? O<br />
principal é, em primeiro lugar, ter ou propiciar um<br />
ambiente que permita o florescimento de ideias<br />
inovadoras, ou seja, que incentive as equipes a se<br />
sentirem empoderadas (Empowerment), a agirem<br />
como donos, pois o dono está atento aos anseios<br />
e manifestações de seus clientes e trata de buscar<br />
forma de atendê-los.<br />
Para isto pode-se motivar com premiação<br />
as ideias mais agregadoras em forma de diversas<br />
campanhas, fomentando itens de avaliação das<br />
reas pelo número e qualidade de sugestões de<br />
melhorias implantadas.<br />
Em segundo lugar,todos da organização<br />
têm que desenvolver o hábito de ouvir o cliente,<br />
pois ele sugere muito e, para descobrirmos seus<br />
anseios, devemos estimular as pessoas do front<br />
office e back office a sempre perguntarem aos seus<br />
clientes no que podem ajudar ou qual a solução<br />
que ele está precisando para seus problemas.<br />
Não podemos esquecer que uma<br />
Organização só existe para atender necessidades<br />
das pessoas e das organizações. Se as necessidades<br />
de nossos clientes mudam e não inovamos nossos<br />
sistemas e produtos para produzir soluções<br />
de qualidade para as suas necessidades, então<br />
estamos aos poucos perdendo espaço para os<br />
novos entrantes ou aos players mais antigos,<br />
mas que estão mais antenados na mudança de<br />
cenário.<br />
E que se ela deixar de atender vai acabar<br />
deixando de existir.<br />
Enfim uma boa inovação nasce da<br />
necessidade de seus clientes e se ela for<br />
desenvolvida com a participação deles, melhores<br />
serão suas chances de sucesso, pois o que serve<br />
para um cliente certamente atende a vários outros<br />
concorrentes no Mercado.<br />
Ao contrário, se desenvolvermos e<br />
inovarmos desfocados das necessidades dos<br />
clientes podemos até estar inovando, mas sem<br />
aplicações práticas.<br />
Em síntese, em momentos de crise,<br />
busque transformar a palavra “crise” retirando<br />
o “s” e mudando para “crie” e ao criar não<br />
esqueça de patentear, principalmente se for algo<br />
sem anterioridade e que pode configurar num<br />
ganho de mercado que só você pode explorar<br />
por determinado período, garantido pela lei<br />
de patentes e pelo INPI (Instituto Nacional de<br />
Propriedade Industrial).<br />
10 mundodaadministracao.com.br
ENTREVISTA<br />
vOCÊ saBe QUeM É seU<br />
CONCORRENTE?<br />
Você saberia fazer um mapeamento<br />
dos concorrentes do seu negócio<br />
hoje? Pode afirmar o local em<br />
que estão instalados? Quem são<br />
eles? Estão no mesmo segmento que o seu?<br />
O que eles negociam que possa inviabilizar o<br />
seu negócio? Talvez sejam essas as perguntas<br />
mais intrigantes quando se trata do mundo<br />
dos negócios. Seja qual for sua atuação<br />
no mercado, é inegável que você se situa<br />
numa velocidade incomparável ao século<br />
XX. E ainda tem que lidar com informações<br />
e conhecimentos altamente perecíveis.<br />
O que mudou no mundo foi o conceito de<br />
concorrência. Hoje, na era em que o consumidor<br />
praticamente não compra mais produtos, pois<br />
ele compra serviços, o diferencial está na<br />
agilidade e nas novas formas de atender as<br />
necessidades dele. Nada mais importa ao cliente!<br />
A equipe Mundo da Administração<br />
conversou com o jornalista Jair Donato,<br />
diretor da DomNato Consultoria, professor<br />
universitário e consultor na área de<br />
desenvolvimento de pessoas, sobre a revolução<br />
no mundo dos negócios e a nova realidade das<br />
organizações.<br />
mundodaadministracao.com.br 11
Mundo da ADM: Dentre todas as mudanças<br />
ocorrida nas últimas décadas, o que mais tem<br />
afetado as organizações?<br />
Jair Donato - Dentre uma multiplicidade<br />
de mudanças, algumas se destacam. Uma<br />
delas é a não segmentação de mercado.<br />
Imagine agora, quem seria uma forte<br />
concorrente de uma empresa aérea, há 20<br />
anos? Certamente poderia vir à sua cabeça<br />
respostas cartesianas como aeronaves mais<br />
sofisticadas ou qualquer outro meio de<br />
transporte rápido, aumento da frota terrestre,<br />
enfim. Grande engano! Houve uma mudança<br />
de paradigma. Foi a teleconferência que,<br />
seguida das telepresenças, em tempos<br />
de holograma que fez com que muitos<br />
executivos trocassem antigas estratégias<br />
pelas soluções via internet.<br />
É isso aí, os equipamentos multimídias<br />
passaram a concorrer diretamente com<br />
as aeronaves. Quem diria! Centenas<br />
de executivos simplesmente trocaram<br />
viagens distantes, às vezes enfadonhas,<br />
por reuniões interativas, via satélite. E,<br />
com menor risco e maior economia para as<br />
empresas, atualmente na cifra de milhões<br />
em dólares anualmente. Contratações,<br />
demissões, promoções e negócios vultosos<br />
são realizados virtualmente, o que gera<br />
economia na casa dos bilhões de cifras<br />
anuais. Essa é uma característica do mundo<br />
em que aumenta cada vez mais a intimidade<br />
com a tecnologia, frente à eminente gestão<br />
da geração Z.<br />
Essa característica de não segmentação<br />
atinge a todos no mercado de trabalho.<br />
No shopping center, o concorrente de<br />
uma empresa de roupas no passado era<br />
outra loja de vestimentas e afins. Hoje,<br />
pode ser a loja de eletrônicos ao lado e<br />
todos os estabelecimentos que tiverem<br />
preços semelhantes ao seu, por exemplo.<br />
Praticamente tudo fora da empresa pode<br />
ser concorrência, especialmente a rapidez<br />
e a agilidade efetiva no atendimento.<br />
Além disso, a velocidade é outra mudança<br />
que se acelerou nas últimas décadas. As<br />
informações estão em tempo real, ninguém<br />
quer ler mais um jornal de ontem, e o<br />
profissional precisa se manter antenado<br />
sobre as mudanças. Embora precise saber<br />
administrar isso também, senão até pode<br />
perder o equilíbrio.<br />
Mundo da aDM - Quais outras<br />
características marcam esta nova realidade?<br />
12 mundodaadministracao.com.br
Jair Donato – A concorrência também<br />
já deixou de ser geográfica. No passado,<br />
o concorrente era aquele que abria um<br />
estabelecimento na frente do outro, ao<br />
lado ou localizado na rua de trás. Agora,<br />
o concorrente é virtual, ele pode estar<br />
do outro lado do mundo. Em apenas um<br />
clique o cliente troca um pelo outro. Nesse<br />
contexto, a fidelidade é coisa cada vez mais<br />
séria e criteriosa. Mas, esse é um fator<br />
positivo quando se trata de investir mais nos<br />
serviços, principalmente no atendimento,<br />
para manter o cliente por perto. Pois agora<br />
ele viaja na hora que desejar e para qualquer<br />
lugar em apenas poucos cliques. E o aspecto<br />
bom disso é que você pode disponibilizar<br />
seus serviços e concorrer com o mundo<br />
inteiro.<br />
E mais, uma grande empresa também não<br />
está mais atrelada a uma enorme estrutura<br />
física. Atualmente, existem corporações<br />
flexíveis com faturamentos espetaculosos,<br />
com sede em cubículos físicos e um número<br />
ínfimo de funcionários. Grandes empresas<br />
já não são sinônimas de volume de matéria<br />
prima e de espaço físico. Não é medida só<br />
por área construída, número da frota de<br />
veículos, tampouco por enormes quadros<br />
de funcionários. Essa foi a mudança do<br />
paradigma da tangibilidade.<br />
Mundo da ADM - E como sobressair-se no<br />
mundo dos negócios mediante essas mudanças<br />
bruscas, que provavelmente não incomodavam<br />
os negócios no século passado?<br />
Jair Donato - Um caminho seguro, no<br />
contexto cada vez mais instável em que<br />
vivemos, talvez seja recorrer à teoria de<br />
Charles Darwin. Ele atestou que “Não é a<br />
mais forte nem a maior das espécies a que<br />
sobrevive na natureza. Mas sim aquela<br />
que mais se adapta às mudanças”. Temos<br />
o exemplo das baratas que estão em toda<br />
parte, sabe por quê? Elas resistiram às<br />
transformações, no decorrer do tempo,<br />
desde há milhões de anos, e continuarão<br />
existindo, mesmo diante das alterações<br />
climáticas. E os dinossauros, cadê eles? Por<br />
que sumiram todos? Afinal, eram tão fortes<br />
e enormes. Mas, certamente pouco móveis<br />
e ágeis. Faltou adaptabilidade. Esse é o<br />
caminho: adaptação, inovação, eliminação<br />
das zonas de resistências frente aos novos<br />
paradigmas.<br />
Talvez as melhores lições que os gestores<br />
podem tirar da constatação darwinista sejam<br />
mundodaadministracao.com.br<br />
13
a flexibilidade e a adaptabilidade. Para<br />
quem ainda não sabe o significado destas<br />
palavras, basta entender que o contrário<br />
delas pode significar o desaparecimento<br />
do profissional ou da empresa no mercado<br />
atual, altamente competitivo. Trata-se de<br />
características comportamentais, que um<br />
século após a Era da administração de Taylor,<br />
são cruciais para manter a empregabilidade<br />
e o empreendedorismo.<br />
Tampouco esqueça valores primordiais<br />
como a ética, a transparência e a lealdade.<br />
Isso é o que gera confiança, a dimensão<br />
fundamental para que se estabeleça a<br />
fidelidade. Nesse cenário de mutação<br />
contínua, quase tudo pode ser negociável,<br />
menos a ética, a transparência, o caráter<br />
ou a reputação da sua organização, e o seu<br />
também. Afora isso, mude tudo o que for<br />
necessário, pois sempre é tempo.<br />
Mundo da ADM - Você destacou os<br />
principais fatores que marcam o atual mundo<br />
corporativo, como a não segmentação, a<br />
velocidade, a troca das referências geográfica<br />
e física pela virtualidade e o cwzontexto global.<br />
Deixe uma mensagem para o nosso leitor<br />
sobre a atuação neste mundo de concorrência,<br />
mas também de possibilidades e grandes<br />
oportunidades.<br />
Jair Donato - Claro. A melhor saída para<br />
essa situação talvez seja considerar todos<br />
os segmentos como aliados, estabelecer<br />
parcerias e investir no marketing de<br />
relacionamento, por excelência. Aristóteles<br />
dizia que a excelência não é um feito,<br />
e sim um hábito. Essa é a importância<br />
da efetividade no exímio tratamento ao<br />
cliente. Hoje, no mercado, não é o mais<br />
forte que vence o mais fraco, nem o maior<br />
que se sobrepõe ao menor; é o mais veloz<br />
que ultrapassa o mais lento. Agora, pense<br />
de outra forma também. O concorrente<br />
pode não ser o outro. Pode ser você mesmo.<br />
Portanto, inove, mude, flexibilize. Mudar<br />
é bom, transforma, é coisa de gente que<br />
empreende com visão de futuro.<br />
Quem atua no mercado deve lembrar sempre<br />
que mudar é preciso, e de maneira contínua.<br />
Porém, não abra mão de ser estratégico<br />
frente a toda e qualquer mudança proposta.<br />
Jair Donato é Jornalista, especialista em Gestão de<br />
Pessoas e Qualidade de Vida (MBA). Mestrando em Ensino e<br />
cursa Psicologia. Atua como consultor de Desenvolvimento<br />
de Pessoas e palestrante há mais de quinze anos. Há 11<br />
anos é professor universitário dos cursos de graduação e<br />
pós graduação (UNIC/Kroton e FGV). Vice-presidente<br />
do Conselho de Curadores da Associação Colônia Vó<br />
Durcelina. Organizador e coautor do livro “PESSOAS –<br />
Foco & Desenvolvimento”. Articulista do jornal A Gazeta<br />
de Cuiabá, para o qual escreve semanalmente. Parte dos<br />
artigos publicados na mídia está no Blog: http://www.<br />
jairdonato.blogspot.com.br<br />
“<br />
O concorrente<br />
pode não<br />
ser o outro.<br />
Pode ser<br />
”<br />
você mesmo<br />
14 mundodaadministracao.com.br
Recentemente foi lançado na cidade<br />
de Cuiabá MT o livro PessOas<br />
– FOCO & DeseNvOLviMeNtO,<br />
em que Jair Donato é organizador e<br />
também coautor.<br />
Entre ele está mais 20 coautores,<br />
desde mestres e doutores que<br />
exteriorizam para o papel<br />
experiências de mercado práticas<br />
e vivências tanto do mundo da<br />
administração quanto da educação.<br />
Cada texto tem sua sutiliza e<br />
acompanhado de uma clareza taxativa<br />
que leva ao leitor uma afabilidade de<br />
conhecimento sobre o processo de<br />
gerir pessoas .<br />
Será que as pessoas e as organizações estão preparadas para as mudanças no atual contexto descontínuo<br />
da humanidade? Depressão, como lidar com ela no trabalho? Como desenvolver competências<br />
em liderança, projetos, qualidade, gestão de conflitos, finanças, carreira e empoderamento?<br />
Descubra o que fazer para despertar a força da motivação e do empreendedorismo no mercado de<br />
trabalho, na carreira e na vida.<br />
serviÇO UMaNOs eDitOra<br />
PESSOAS – Foco & Desenvolvimento<br />
Páginas: 300 / Edição : 1ª<br />
Formato: 15,5×23 / Peso: 0,5 Kg<br />
Acabamento: Brochura<br />
ISBN: 978-85-66268-05-8<br />
mundodaadministracao.com.br 15
eNtrevista<br />
aMÉriCO MatieLLO<br />
Vice-Presidente de Graduação Presencial e Campus Grupo Kroton<br />
Américo Matiello, tem 47 anos,<br />
brasileiro e pai de dois filhos. Possui uma extensa<br />
formação acadêmica.<br />
Engenheiro Elétrico pela Escola de<br />
Engenharia Mauá e Mestre em Administração<br />
pela FGV com créditos na NYU (New York<br />
University.<br />
Com 25 anos de trajetória profissional,<br />
sendo oito anos em empresas multinacionais<br />
(incluindo 1 ano de experiência internacional)<br />
e 16 anos em educação. È egresso do Grupo<br />
Kroton há três anos.<br />
É<br />
fundamental a sociedade preservar pelo<br />
principio de uma educação que vise<br />
a continuidade de uma administração<br />
eficaz, que prese pelo processo de pessoas e pela<br />
maximização tanto do lucro como da qualidade.<br />
O Vice-Presidente de graduação e campus<br />
do Grupo Kroton, recebeu o jornalista Jair<br />
Donato e explanou sobre o mundo da educação e<br />
os passos intimos que ligam-na à Administração.<br />
Segue a entrevista<br />
NO <strong>MUNDO</strong><br />
Segue a entrevista<br />
D<br />
A Kroton Educacional<br />
é uma das maiores organizações educacionais<br />
privadas do Brasil e do mundo, com uma trajetória<br />
de mais de 45 anos na prestação de serviços no<br />
Ensino Básico e de mais de 10 anos no Ensino<br />
Superior. Em 2010, a Kroton adquiriu o Grupo<br />
IUNI Educacional, instituição que também atuava<br />
na graduação e pós-graduação presencial; em<br />
2011, o destaque foi a aquisição da Universidade<br />
Norte do Paraná (Unopar), a maior instituição de<br />
Educação à Distância do país. Para coroar esse<br />
ritmo intenso de aquisições, em 2013, a Kroton<br />
realizou o maior movimento de sua história:<br />
anunciou a fusão com a Anhanguera e, com<br />
isso, consolidou a sua liderança tanto no ensino<br />
Presencial como na Educação a Distância.<br />
Após a fusão com a Anhanguera, a Kroton<br />
passou a contar com 125 unidades de Ensino<br />
Superior, presentes em 18 estados e 83 cidades<br />
brasileiras, além de 726 Polos de Graduação<br />
EAD credenciados pelo MEC localizados em<br />
todos os estados brasileiros e também no Distrito<br />
Federal. A Companhia ainda conta, na Educação<br />
Básica, com mais de 870 escolas associadas em<br />
todo o território nacional. Por fim, a fusão com<br />
16 mundodaadministracao.com.br
oton<br />
Você possui uma experiência profissional<br />
em grandes empresas, além de especialização<br />
fora do País. Conte-nos sobre sua trajetória<br />
antes de fazer parte do time Kroton. E como<br />
se inseriu no grupo?<br />
Américo Matiello: Ainda durante os<br />
semestres finais de graduação coloquei<br />
como meta de carreira ter uma experiência<br />
internacional, por acreditar que aceleraria<br />
meu crescimento pessoal e profissional.<br />
Daí a opção por iniciar com estágio em<br />
uma empresa multinacional (ABB). Após<br />
três anos consegui atingir o objetivo ao<br />
trabalhar na Suécia. Posteriormente tive<br />
também uma 2ª experiência internacional<br />
nos EUA, já com mais experiência, em<br />
2000. O ano de 2002 marcou uma mudança<br />
importante na minha carreira, pois naquele<br />
momento eu não estava feliz ao atuar em<br />
grandes empresas e decidi empreender em<br />
empresas menores, com grande potencial de<br />
crescimento. Tive a felicidade de ingressar<br />
em uma instituição de educação superior<br />
em São Paulo (IBTA), focada em ensino<br />
superior, na época com pouco mais de 200<br />
alunos de graduação. Daí para frente toda<br />
minha carreira foi em educação superior<br />
(exceto no ano de 2012). Hoje posso<br />
afirmar, sem dúvida alguma, que sou um<br />
profissional extremamente realizado, pois<br />
sou um apaixonado pelo setor de educação<br />
e muito feliz na posição que ocupo.<br />
Como é atuar na linha estratégica do maior<br />
grupo educacional do mundo?<br />
Américo Matiello: A responsabilidade é<br />
grande. Atualmente um em cada oito alunos<br />
no Brasil estudam na Kroton. Proporcionar<br />
um ensino de qualidade é tão importante<br />
para garantir bons resultados para a Kroton<br />
quanto para ajudar o Brasil a se desenvolver.<br />
Temos um time de primeira linha que tem<br />
obtido excelentes resultados até aqui, e<br />
temos metas de melhorar ainda mais nossa<br />
qualidade e eficiência.<br />
Da eDUCaÇÃO<br />
a Anhanguera adicionou ao<br />
portfolio mais de 400 polos de<br />
cursos livres e preparatórios.<br />
Como investimento social, a<br />
Companhia mantém a Fundação<br />
Pitágoras, uma organização<br />
sem fins lucrativos, que<br />
viabiliza projetos educacionais<br />
em instituições públicas e<br />
privadas. O objetivo é transferir<br />
tecnologia de gestão e capacitar<br />
os profissionais para melhorar<br />
o desempenho dos alunos da<br />
Educação Infantil e do Ensino<br />
Fundamental. Adicionalmente,<br />
a Companhia possui projetos<br />
de responsabilidade social em<br />
todas as suas unidades de Ensino<br />
Presencial que no último ano<br />
realizaram mais de 1 milhão de<br />
atendimentos, principalmente<br />
nas áreas de saúde e Bem-estar.<br />
Após a fusão com a Anhanguera,<br />
a Companhia incorporou a<br />
sua área de Responsabilidade<br />
Social que, em 2013, foi<br />
responsável por coordenar mais<br />
de 1,6 milhão de atendimentos<br />
por meio de mais de 1.250<br />
projetos. Entre as principais<br />
iniciativas entre os projetos<br />
de responsabilidade social<br />
e ambiental da Anhanguera,<br />
podemos destacar o Trote<br />
Solidário, a Semana de Ensino<br />
Responsável e Semana Global<br />
de Empreendedorismo.<br />
Fonte: http://www.kroton.com.br/<br />
mundodaadministracao.com.br 17
Vice-P<br />
Qual é a visão do Grupo Kroton para os<br />
próximos anos?<br />
Américo Matiello: De forma sucinta,<br />
diria que é aumentar cada vez mais a<br />
qualidade do ensino e, consequentemente,<br />
a empregabilidade dos nossos alunos, e<br />
crescer, tanto de forma orgânica quanto<br />
através de aquisições. Ainda existe espaço<br />
para consolidações no setor, o Brasil é um<br />
país continental e a graduação presencial<br />
da Kroton, apesar do volume elevado de<br />
alunos, possui aproximadamente 10% de<br />
market share somente.<br />
Na sua visão, quais são os atributos<br />
necessários para que o executivo trilhe pelo<br />
caminho da liderança?<br />
Américo Matiello: Além das competências<br />
técnicas e conhecimento profundo do<br />
negócio, acredito que Ética, Respeito às<br />
Pessoas, Foco em Execução e “Espírito<br />
de Dono” são fatores de sucesso. Atuar<br />
sempre como se você fosse o sócio/dono da<br />
operação, o tempo todo.<br />
Você esteve em julho deste ano no Encontro<br />
Fala Liderança, em Cuiabá. Essa é uma viagem<br />
que você faz pelo País, oportunidade em que<br />
se reúne com um grupo de colaboradores<br />
escolhido por sorteio nas unidades Kroton pelo<br />
Brasil. Conte um pouco sobre essa experiência<br />
e o que agrega para a linha estratégica, sair do<br />
escritório para ouvir esses colaboradores das<br />
unidades:<br />
Américo Matiello: Momentos como<br />
esses são muito relevantes. Podemos ouvir<br />
e sentir de perto o que acontece no dia a<br />
dia da operação, e pensar em formas de<br />
melhorar. O papel do líder é garantir que<br />
as unidades tenham todas as condições<br />
para executar suas atividades de forma<br />
primorosa, nós servimos as unidades e não<br />
o contrário. Nada mais natural que haja esta<br />
proximidade.<br />
Qual é a visão do Grupo Kroton sobre<br />
educação na atualidade?<br />
Américo Matiello: Temos uma visão clara<br />
do enorme potencial que o segmento de<br />
educação superior tem no Brasil. Hoje em<br />
dia somente um em cada seis jovens de<br />
18 a 24 anos está matriculado no ensino<br />
superior, sendo que em algumas regiões<br />
este indicador chega a ser de um em cada<br />
10. A meta do governo é chegarmos em uma<br />
relação de um em cada três em 2024, o que<br />
nos colocaria em um nível mais próximo dos<br />
demais países em desenvolvimento. Não<br />
temos dúvida de que o mercado irá crescer,<br />
e nosso objetivo é termos o melhor modelo<br />
acadêmico de ensino, daí os investimentos<br />
significativos que temos feito no KLS 2.0.<br />
Educação de qualidade para uma grande<br />
quantidade de alunos é nosso desafio.<br />
Qual é o comprometimento do Kroton com<br />
investimento nos profissionais educadores?<br />
Américo Matiello: Muito grande. Costumo<br />
dizer que “somos uma empresa de gente,<br />
que forma gente”. Nosso negócio envolve<br />
pessoas em todos os sentidos. Ter um time<br />
bem preparado é fundamental. Dentro deste<br />
contexto a UK – Universidade Kroton – tem<br />
um papel relevante para apoiar as iniciativas<br />
de capacitação constante do nosso quadro<br />
de colaboradores.<br />
O que você tem a dizer para o jovem que<br />
está à procura de uma instituição de ensino,<br />
que deseja ter uma formação superior e se<br />
inserir no mercado profissional?<br />
18 mundodaadministracao.com.br
aMÉriCO MatieLLO<br />
Vice-Presidente de Graduação Presencial e Campus Grupo Kroton eNtrevista<br />
Américo Matiello: Que escolha uma área<br />
para a qual tenha afinidade para que seja<br />
feliz profissionalmente, e seja perseverante<br />
e não desista da sua graduação. O mercado<br />
valoriza muito o diploma, na média um<br />
profissional com formação superior possui<br />
uma remuneração 2,5x maior quando<br />
comparado a quem não tem. O Brasil<br />
precisa de mão de obra qualificada para<br />
crescer, temos uma das menores taxas de<br />
formandos da América Latina e do mundo,<br />
o que gera uma oportunidade muito grande<br />
para os jovens.<br />
Como você vê o desenvolvimento de<br />
competências na relação com o mercado de<br />
trabalho? O Brasil é um país competente?<br />
Américo Matiello: Como toda nação,<br />
o Brasil possui muitos profissionais<br />
competentes em diversas áreas. Claro<br />
que sempre temos espaço para melhorar,<br />
mas minha visão é que o problema não<br />
é qualidade e sim volume, muito baixo<br />
considerando o tamanho da nação, conforme<br />
mencionado anteriormente. Brasil tem<br />
uma dependência grande do segmento de<br />
commodities, e enxergo potencial futuro<br />
para atuação em setores mais tecnológicos<br />
e inovadores. Para tanto, precisamos de<br />
pessoas qualificadas, e este é nosso papel:<br />
preparar os jovens para atuarem nestes e<br />
em outros segmentos.<br />
Unopar. Acreditamos que a estratégia de<br />
marcas regionais fortes faz muito sentido<br />
considerando as dimensões geográficas do<br />
nosso país. Sobre Unic, sem dúvida é uma<br />
instituição muito relevante para a Kroton,<br />
com mais de 45 mil alunos, receitas e<br />
margens elevadas. Certamente atingiu<br />
este nível pela sua excelência acadêmica.<br />
Como exemplo concreto, três cursos da<br />
Unic ocupam atualmente o ranking entre<br />
os 10 melhores do Brasil pelo critério do<br />
CPC: Medicina Veterinária, Odontologia e<br />
Psicologia. É uma marca que nos enche de<br />
orgulho.<br />
Jair Donato<br />
Jornalista responsável – Revista Mundo da<br />
Administração<br />
Qual sua avaliação sobre o desempenho da<br />
Universidade de Cuiabá, uma das instituições<br />
de destaque para o Grupo Kroton?<br />
Américo Matiello: Temos hoje mais de<br />
440 mil alunos de graduação presencial<br />
no Brasil, que estudam em 120 campi<br />
através de 7 “marcas” – Anhanguera,<br />
Fama, Pitágoras, Unic, Uniderp, Unime e<br />
mundodaadministracao.com.br<br />
19
Psicologias<br />
ONDE ESTÁ A<br />
INOVAÇÃO…<br />
DO COMEÇO HUMANO À<br />
CONEXAO <strong>DA</strong> ALMA – SER APENAS VOCÊ<br />
Esse quebra-cabeça é um dos maiores<br />
em torno da nossa espécie. Em um<br />
planeta que abrigou diferentes tipos<br />
de seres humanos, incluindo os<br />
neandertais e os “hobbits” de Flores (Indonésia),<br />
apenas um sobreviveu até hoje: Homo sapiens.<br />
Nosso status “solo” atual na Terra é, portanto,<br />
uma esquisitice evolucionária – embora não<br />
esteja claro quando nossa espécie tornou-se a<br />
única mestre da Terra, também não está claro<br />
porque sobreviveram quando todas as outras<br />
versões da humanidade morreram. Será que<br />
matamos nossos concorrentes, ou foram os<br />
outros apenas mal adaptados e incapazes de<br />
reagir às flutuações climáticas extremas que<br />
então afligiram o planeta?<br />
em corpo e tamanho do cérebro de humanos<br />
modernos.<br />
Figura 01 - Recriação feita por artista mostra como seriam os<br />
habitantes de Sima de los Huesos... Região que também habitavam<br />
os Neandertais.<br />
Como foi que iniciamos a nova ação<br />
humana na galáxia?<br />
Quem somos de fato?<br />
Para onde iremos?<br />
Estas questões fundamentais foram<br />
discutidas em junho de 2013 numa conferência<br />
no Museu Britânico, em Londres, chamada<br />
“Quando a Europa estava coberta por gelo e<br />
cinzas”. Na reunião, os cientistas revelaram os<br />
resultados de um programa de pesquisa de cinco<br />
anos utilizando técnicas de datação modernas<br />
para responder a esses quebra-cabeças.<br />
Em particular, os pesquisadores focaram<br />
os neandertais, uma espécie muito parecida<br />
Figura 02 - Recontrução facial de um Homo neanderthalensis<br />
(Smithsonian Museum of Natural History)<br />
Figura 03 - Crânio de homem<br />
de Neandertal, descoberto em<br />
1908 em La Chapelle-aux-<br />
Saints (França)<br />
20 mundodaadministracao.com.br
Em particular, os<br />
O homem de<br />
pesquisadores focaram os<br />
Neandertal (Homo<br />
neandertais, uma espécie<br />
neanderthalensis<br />
muito parecida em corpo<br />
na nomenclatura<br />
e tamanho do cérebro de<br />
binomial) é<br />
humanos modernos. Eles já<br />
uma espécie<br />
dominaram a Europa, mas<br />
humana extinta.<br />
desapareceram depois de<br />
Alguns autores<br />
que os humanos modernos<br />
consideram-no<br />
chegaram partindo de nossa<br />
como subespécie<br />
pátria Africana há cerca<br />
do Homo<br />
de 60.000 anos atrás. A<br />
sapiens, o homem<br />
pergunta é: por quê?<br />
moderno, com<br />
“Um dos grandes<br />
o qual conviveu<br />
problemas em entender o<br />
(Homo sapiens<br />
que aconteceu quando os<br />
neanderthalensis<br />
humanos modernos surgiram<br />
e Homo sapiens<br />
na Europa tem preocupado<br />
sapiens,<br />
as datas para a nossa<br />
respectivamente)<br />
chegada“, disse o professor<br />
Chris Stringer, do Museu<br />
de História Natural, em Londres.<br />
“Antigamente<br />
pensava-se que surgiram na Europa cerca de<br />
35.000 anos atrás, e que coexistiram com os<br />
Neandertais há milhares de anos depois.<br />
Eles podem ter sobrevivido – inclusive<br />
em cavernas em Gibraltar – até 28 mil anos atrás.<br />
Nisso, creditava-se.”<br />
Em outras palavras, houve uma longa e<br />
gradual troca por seres humanos modernos – uma<br />
ideia que esteve susceptível de ser demolida na<br />
conferência de 2013, disse Stringer.<br />
Os resultados do programa de pesquisa<br />
de cinco anos, RESET (Response of humans to<br />
abrupt Environmental Transitions), mostrou que<br />
os seres humanos modernos chegaram muito<br />
mais cedo do que o estimado anteriormente e<br />
que os neandertais se foram mais cedo do que<br />
pensávamos.<br />
Datações cuidadosas de descobertas em<br />
toda a Europa sugerem que o Homo sapiens<br />
poderia ter alcançado a Europa há 45 mil anos<br />
atrás.<br />
Cinco mil anos depois, os neandertais<br />
tinham desaparecido.<br />
“Pesquisas anteriores em sítios de<br />
Neanderthal, que sugerem que eles eram mais<br />
jovens que 40.000 anos de idade, parecem estar<br />
erradas“, disse Stringer. “Essa é uma descoberta<br />
chave que foi discutida na<br />
Usando a tecnologia<br />
conferência.”<br />
de radiocarbono<br />
para vestígios que têm 40 mil anos de idade<br />
sempre foi complicado. Carbono radioativo<br />
decai de forma relativamente rápida e, depois<br />
de 40 mil anos, haverá apenas uma pequena<br />
quantidade deixada em uma amostra para<br />
medir. O menor pedaço de contaminante pode<br />
estragar esforços de datação.<br />
No entanto, os cientistas têm a intenção<br />
de contornar esses problemas. Na Universidade<br />
de Oxford, cientistas liderados por Tom Higham<br />
desenvolveram novos métodos para remover<br />
contaminação e têm sido capazes de fazer a<br />
datação de radiocarbono muito mais precisa<br />
para este período.<br />
Além disso, pesquisadores do RESET<br />
usaram evidência de uma erupção devastadora<br />
do vulcão Campi Flegrei, a oeste de Nápoles,<br />
39 mil anos atrás.<br />
Estudos recentes têm mostrado que<br />
esta erupção foi muito mais destrutiva do<br />
que se acreditava anteriormente. Mais de 60<br />
metros cúbicos de cinzas foram expelidos na<br />
atmosfera e cobriram uma vasta área da Europa<br />
Oriental, Norte da África e Ásia ocidental. Essa<br />
camada dá aos cientistas um meio preciso de<br />
datação para esse período e, combinado com a<br />
nova datação por radiocarbono, mostra que não<br />
parece haver nenhum sítio de Neanderthal em<br />
qualquer lugar na Europa há 39 mil anos atrás,<br />
10 mil anos mais cedo do que as estimativas<br />
anteriores. É uma mudança significativa em<br />
nosso pensamento sobre os nossos primos<br />
evolutivos mais próximos.<br />
mundodaadministracao.com.br 21
Alguns pesquisadores sugeriram até<br />
que Campi Flegrei – a maior erupção vulcânica<br />
na Europa por mais de 200.000 anos – teria<br />
produzido um impacto catastrófico. Plumas<br />
enormes de cinzas teriam apagado o sol durante<br />
meses ou possivelmente anos, e fez com que as<br />
temperaturas despencassem.<br />
Emissões de dióxido de enxofre, flúor<br />
e cloro teriam gerado quedas intensas de chuva<br />
ácida. Os neandertais podem simplesmente ter<br />
tremido e sufocado até a morte.<br />
A erupção Campi Flegrei não só nos dá<br />
uma data para o desaparecimento dos neandertais,<br />
como pode fornecer-nos a causa de sua extinção,<br />
embora Stringer apresente uma nota de cautela.<br />
“Alguns pesquisadores acreditam que há uma<br />
relação entre a erupção e o desaparecimento<br />
dos neandertais. Mas eu duvido“, disse ele. “A<br />
partir da nova datação por radiocarbono e do<br />
trabalho realizado por cientistas do RESET,<br />
parece que os neandertais provavelmente já<br />
tinham desaparecido. Alguns podem ainda ter<br />
andado por aí, é claro, e Campi Flegrei pode<br />
ter entregue o golpe de misericórdia. Mas seria<br />
errado pensar que a erupção foi a principal<br />
causa da morte do homem de Neandertal.”<br />
Então, o que matou os neandertais? Dada a<br />
velocidade com que eles parecem ter desaparecido<br />
do planeta após os seres humanos modernos,<br />
distribuídos para fora da África, é provável que o<br />
Homo sapiens teve um papel fundamental na sua<br />
morte.<br />
Isso não significa que ele o perseguiu e<br />
matou – um cenário improvável dado seus físicos<br />
musculares. No entanto, pode ter sido mais bem<br />
sucedido na competição por recursos, como<br />
pesquisas recentes têm sugerido.<br />
Eiluned Pearce e robin Dunbar,<br />
da Universidade de Oxford, trabalharam<br />
recentemente com Stringer e compararam os<br />
crânios de 32 Homo sapiens e 13 neandertais,<br />
descobrindo que o último teve órbitas que eram<br />
significativamente maiores.<br />
Estes olhos maiores eram uma adaptação<br />
para as noites, e invernos longos e escuros da<br />
Europa, e teria exigido áreas de processamento<br />
visual muito maior em crânios Neanderthal.<br />
Por outro lado, os seres humanos<br />
modernos, da ensolarada África, não tinham<br />
necessidade dessa adaptação e em vez disso,<br />
evoluíram lobos frontais, que são associados<br />
com o processamento de alto nível. “Mais do<br />
cérebro Neanderthal parece ter sido dedicado<br />
à visão e controle do corpo, deixando menos<br />
cérebro para lidar com outras funções, como<br />
as redes sociais“,<br />
Pearce disse à BBC News.<br />
Este ponto é enfatizado por<br />
Stringer.<br />
Para ele:<br />
“Cérebros neandertais eram tão<br />
grandes como os humanos modernos, mas<br />
também tinham corpos maiores. Mais de suas<br />
células cerebrais teriam sido necessárias para<br />
controlar esses corpos maiores, além dos bits<br />
adicionais de córtex necessários para a sua<br />
visão avançada que signifi ca que eles tinham<br />
menos poder de cérebro disponível para eles<br />
em comparação com os humanos modernos“.<br />
Assim, nossos ancestrais possuíam<br />
um talento cerebral pouco maior, apesar de<br />
seus cérebros não serem maiores do que os<br />
neandertais.<br />
Como eles usaram o poder do cérebro<br />
extra é um pouco mais complicado de avaliar,<br />
embora a maioria dos cientistas acreditem que<br />
mantiveram longas e complexas redes sociais.<br />
Desenvolver a capacidade de falar uma<br />
linguagem complexa teria sido um resultado<br />
direto, por exemplo.<br />
Ter extensas redes de clãs teria sido uma<br />
vantagem considerável na Europa, que estava,<br />
então, caindo em uma nova era do gelo.<br />
Quando as coisas ficavam difíceis para<br />
um grupo, a ajuda poderia vir de outro.<br />
22 mundodaadministracao.com.br
Neandertais teriam menos backup. Este<br />
ponto é apoiado por estudos dos instrumentos<br />
das pedras utilizadas pelo Neanderthal.<br />
Estes raramente são encontrados mais de<br />
30 quilômetros de sua fonte. Em contraste,<br />
os humanos modernos estavam executando<br />
operações de transporte por 640 quilômetros.<br />
A vida cultural tornou-se cada vez mais<br />
importante para os seres humanos. Uma<br />
pesquisa por Tanya Smith, da Universidade de<br />
Harvard, revelou recentemente que a infância<br />
dos humanos modernos tornou-se mais longa<br />
do que a dos neandertais.<br />
Ao estudar os dentes de crianças de<br />
Neandertal, ela descobriu que eles cresceram<br />
muito mais rapidamente do que as das crianças<br />
humanas modernas.<br />
O crescimento dos dentes está ligado<br />
ao desenvolvimento global e mostra que os<br />
neandertais devem ter tido uma oportunidade<br />
muito reduzida de aprender com os seus pais e<br />
os membros do clã.<br />
“Passamos de uma estratégia primitiva de “live<br />
fast, die young” para uma estratégia “live slow,<br />
die old” que ajudou a tornar o ser humano<br />
um dos organismos mais bem sucedidos do<br />
planeta”, disse smith.<br />
Assim, os neandertais – que já viviam em<br />
pequenas populações esparsas, em toda a Europa<br />
– eram fundamentalmente mal equipados para<br />
lidar com os recém-chegados que vieram de<br />
África.<br />
“Pode não ter sido a única causa de<br />
extinção Neanderthal“, disse Stringer.<br />
“Eles podem ter desaparecido em<br />
regiões diferentes, por diferentes<br />
razões, mas a causa de fundo é clara.<br />
Eles não tinham os números.””<br />
AS DUAS<br />
Os neandertais e os humanos modernos,<br />
acredita-se, evoluíram de um ancestral<br />
comum, o Homo heidelbergensis, cerca<br />
de 400.000 anos atrás. O Homo heidelbergensis<br />
habitou a Europa, África e Ásia.<br />
Acredita-se que a espécie deu origem ao<br />
Homo neanderthalensins na Europa, e ao Homo<br />
sapiens na África. Os neandertais tinham mais<br />
massa muscular e eram mais largos do que os<br />
seres humanos modernos, uma adaptação ao<br />
ambiente mais frio da Europa. O Homo sapiens<br />
foi mais capaz de perder o calor do corpo, uma<br />
resposta essencial para as condições na África.<br />
O Homo sapiens começou a desenvolver<br />
habilidades artísticas e uma capacidade para o<br />
pensamento simbólico.<br />
Cerca de 60.000 anos atrás, os humanos<br />
modernos migraram da África para a Ásia e<br />
Europa. Não se sabe quando conheceram os<br />
neandertais, mas pelo menos uma vez, em um<br />
único local, houve um resultado positivo – a<br />
evidência genética sugere que algum cruzamento<br />
ocorreu entre as duas espécies. Como resultado,<br />
os pequenos fragmentos de DNA neandertal<br />
vivem em nossos genes.<br />
mundodaadministracao.com.br<br />
23
Onde quero chegar com essas<br />
informações?<br />
Desejo levar você, nosso leitor, a<br />
viajar pelo tempo e se questionar sobre sua<br />
importância nessa complexa sociedade em<br />
que estamos inseridos.<br />
Na maioria das vezes nossos olhos<br />
percebem negatividade, cenas de violência<br />
e agressão, morte ao acaso, fome, solidão e<br />
sofrimento emocional.<br />
Venho aqui para te contar que há uma<br />
maneira de transformar a negatividade em<br />
positividade. COMO?<br />
No seu interior, existe uma energia, uma<br />
força vital que precisa ser acessada, experimentada<br />
e degustada. Ao sentir sua potencialidade e talento<br />
para amar a si mesmo, com seu passado histórico<br />
de lutas, vitórias, perdas, fracassos e erros,<br />
aceitando que tudo foi e é aprendizado, essa energia<br />
passa a fluir naturalmente e conscientemente, ou<br />
seja, você passa a observar mais, ouvir mais e<br />
responder com a alma e não apenas responder<br />
uma pergunta, mas sentir a outra pessoa, acessála<br />
e aceitá-la com sua história também – isso é o<br />
amor autêntico.<br />
Dessa maneira você terá mais tempo...<br />
tempo para abraçar, tocar e observar o quanto o<br />
mundo precisa de pessoas como você, nas mais<br />
simples atitudes até as mais complexas como o<br />
perdão. Comece perdoando a si, sendo grato pela<br />
sua história, sua evolução e ressignificação – aí,<br />
então, meu caro e querido leitor, você estará no<br />
ápice da inovação, o sucesso estará estampado no<br />
seu olhar e aquilo que tocar será leve, assertivo e<br />
terá resultados incríveis.<br />
Podemos dizer não à evolução tecnológica<br />
selvagem que vivemos, de humanos – zumbis –<br />
paralisados e escravizados pela inovação bruta e<br />
fria, desumana e destrutiva.<br />
Podemos usar a inovação em descobrir<br />
quem somos, o que de fato gostamos, desejamos<br />
e aceitamos em nós.<br />
À medida que nos descobrimos, passamos<br />
a evoluir e deixar fluir nossa essência, nosso<br />
olhar muda, nos tornamos leves, os problemas<br />
continuam existindo, eles não mudam, o que<br />
muda é a nossa maneira de enfrentar e resolver<br />
conflitos, ou seja, o que muda é a sua crença sobre<br />
si mesmo, o mundo que te cerca e as pessoas com<br />
quem convive.<br />
A mudança está em você, experimente<br />
sempre.<br />
Darwin mostrou que não é<br />
o maior ou mais forte que<br />
sobrevive, mas quem se adapta<br />
melhor.<br />
Texto escrito por: Angelita P Wilk<br />
Doutora em Psicologia Clínica<br />
REFERENCIA BIBLIOGRAFICA:<br />
PETER Andrews, The Complete World of Human, 2 ed.<br />
London is the former Head of Human Origins at the Natural<br />
History Museum, London.Thames&Hudson, 2012.<br />
YALOM, IRVIN D., Os desafios da terapia, Rio de<br />
Janeiro, Ediouro, 2006.<br />
24 mundodaadministracao.com.br
mundodaadministracao.com.br 25
Carreiras<br />
“Você não precisa seg<br />
Seu caminho será traç<br />
Sem dúvida a maior dúvida<br />
de um profissional recémformado<br />
ou mesmo daquele<br />
que pleiteia uma determinada<br />
posição e querer voar para<br />
novos horizontes é sobre o<br />
destino de sua carreira.<br />
O estado psicológico é catastrófico quando<br />
surgem pensamentos tais como: qual a melhor<br />
forma e maneira de se enquadrar no mercado<br />
de trabalho para obter uma carreira que melhor<br />
satisfaça todos os anseios tanto materiais como<br />
sociais?<br />
Surgem muitas questões e direcionamentos<br />
mal compreendidos na administração da carreira<br />
o que faz com que muitos talentosos profissionais<br />
busquem rumos desvantajosos por não entenderem<br />
exatamente o nível de uma carreira de sucesso<br />
e os elementos cruciais para que ela possa se<br />
desenvolver.<br />
Mas, aqui está o ponto. Existem inúmeras<br />
formas de conquistar uma boa carreira e ser<br />
bem sucedido, principalmente quando se opta<br />
por criar vínculos criativos em todos os pontos<br />
que interligam o profissional com o mercado de<br />
trabalho.<br />
A criatividade é um cerne<br />
capaz de moldar conjuntos estruturados no<br />
individuo e proporcionar-lhe condições supremas<br />
para desenvolver tanto as habilidades quanto as<br />
competências.<br />
26 mundodaadministracao.com.br
sa seguir os passos de ninguém.<br />
rá traçado ao caminhar”.<br />
Carreiras criativas<br />
*Por Jorge Mauricio<br />
Gestão de carreira virou tema da<br />
moda. De repente começaram<br />
a surgir os “gurus” da área, os<br />
coaches de carreira (sou um deles!)<br />
e pessoas das mais diferentes<br />
idades, dos 14 aos 70 anos, começaram a discutir<br />
o assunto. E isso é ótimo!<br />
Todo este envolvimento com o tema devese<br />
a vários fatores. Um deles é a percepção de<br />
que ter hoje uma trajetória profissional dinâmica<br />
é praticamente inevitável. Há algumas décadas<br />
isto seria inédito.<br />
Havia uma pré-determinação sobre<br />
o caminho a seguir que, uma vez escolhido,<br />
dificilmente era abandonado. Filho de sapateiro<br />
teria uma série de estímulos para também ser<br />
sapateiro e provavelmente não se desviaria desse<br />
caminho por toda a vida.<br />
Os empregos eram mais previsíveis e o<br />
que se esperava do empregado também. Muitos<br />
dos que nos antecederam passaram a vida inteira<br />
fazendo a mesma coisa na mesma sala ou oficina<br />
da empresa que os contratou.<br />
A lógica reinante era: arranje um emprego<br />
para toda a vida que tudo estará resolvido.<br />
Trabalho era visto apenas como fonte de sustento,<br />
e pensar em vocação não era tão importante.<br />
O mundo mudava de forma menos abrupta<br />
e não era necessário tanto jogo de cintura para<br />
se adaptar cada vez mais rápido aos diferentes<br />
cenários. A visão de carreira profissional era,<br />
portanto, bem diferente da que se tem hoje.<br />
‘A própria ideia de separação entre vida<br />
pessoal e vida profissional foi sendo substituída<br />
por “vida holística”, onde tudo influencia tudo.<br />
A carreira se incorporou à vida e ganhamos<br />
a percepção da dificuldade de dissociá-las: vida<br />
pessoal interfere no trabalho e vice versa. Quer<br />
ver? Imaginemos que você trabalha de 2ª a 6ª<br />
feira em horário comercial. Sábado e domingo é<br />
só lazer.<br />
Na segunda feira pela manhã, ao chegar<br />
ao trabalho e encontrar os colegas, qual será a<br />
pergunta mais ouvida por você? Claro! “Como<br />
foi o seu fim de semana?” E aí você trabalha o dia<br />
inteiro e, à noite, jantando em casa com a família,<br />
ouve: “Como foi seu dia de trabalho?”.<br />
Cuidar da carreira de forma criativa<br />
é lembrar sempre que ela não pode ser vista<br />
de forma unitária. É parte de um todo maior e<br />
influencia e é influenciada por esse todo.<br />
Uma boa maneira de testar individualmente<br />
essas influências é fazer um exercício chamado<br />
“Roda da Vida”. Utilizo-o bastante em atividades<br />
de coaching de carreira porque ele possibilita uma<br />
autoavaliação mais abrangente sobre seus valores<br />
e como você está cuidando deles no dia a dia.<br />
Faça uma pesquisa na internet e você encontrará<br />
os detalhes e variáveis desse exercício.<br />
Lembro-me de que o apliquei, há alguns<br />
anos, com um bem sucedido executivo de<br />
uma multinacional. Utilizei a expressão “bem<br />
sucedido” de forma proposital, pois, mesmo<br />
com tanta mudança, a Sociedade ainda vincula<br />
de forma bastante forte o sucesso pessoal com os<br />
ganhos materiais.<br />
“Bem sucedido” é quem dirige o melhor carro,<br />
mora no melhor apartamento, usa as roupas mais<br />
caras. Tem uma carreira brilhante, ganha muito<br />
dinheiro e causa inveja à maioria das pessoas.<br />
Será mesmo esse o perfil do bem sucedido do<br />
século XXI? Não necessariamente!<br />
Foi o que descobriu esse executivo que citei.<br />
Depois de algumas reflexões ele percebeu<br />
que, apesar do sucesso profissional, todos<br />
mundodaadministracao.com.br 27<br />
Carreiras
Carreiras<br />
os demais aspectos da sua vida estavam<br />
negligenciados e iam de mal a pior. Relações<br />
Foto da esquerda: Vale do Silicio - Pequena parte do Vale do Silício<br />
(em inglês: Silicon Valley), na Califórnia, Estados Unidos.<br />
afetivas aos pedaços, filhos em desarmonia,<br />
dependente de remédios, saúde emocional<br />
em baixa, amigos distantes e espiritualidade<br />
zero, entre outras mazelas.<br />
Ao final de nossa conversa ele me<br />
surpreendeu dizendo: “É, sou mesmo um fracasso.<br />
Andando de BMW, mas um fracasso.”.<br />
Perceba que cuidar de sua carreira de<br />
forma criativa e inovadora exige de você um<br />
autoconhecimento bem sólido e uma constante<br />
autoanálise de todos os influenciadores.<br />
Exige também que você a considere como<br />
um investimento, um patrimônio que precisa ser<br />
tratado com carinho. Que você é o piloto e tem o<br />
direito de direcioná-la para onde preferir. O plano<br />
de voo é seu! E que sua vocação não pode ser<br />
deixada para trás.<br />
Você não precisa seguir os passos<br />
de ninguém. Seu caminho será traçado ao<br />
caminhar.<br />
Não se apegue ao rol das profissões ditas<br />
tradicionais e procure inovar nas possibilidades<br />
de escolha. Quer ser Administrador? Ótimo.<br />
Quer ser Youtuber? Ótimo também.<br />
Conheço uma pessoa que deixou um emprego de<br />
certa estabilidade, salário certo, ticket refeição e<br />
outros benefícios pela liberdade de trabalhar no<br />
que o deixava feliz.<br />
Com o dinheiro da rescisão, comprou<br />
cadeiras de praia, sombreiros e montou seu<br />
negócio de aluguel desses produtos na praia do<br />
Leme, no Rio de Janeiro.<br />
Vive feliz. A decisão foi fruto de muita<br />
reflexão e desejo de mudança.<br />
E coragem para tomada de decisão.<br />
Concluindo, quero deixar com você o<br />
tripé da carreira dos sonhos: eu<br />
sei, eu gosto e tem mercado.<br />
Caso encontre um trabalho que<br />
saiba fazer bem feito, que te dê<br />
prazer pessoal e possibilite o<br />
sustento, agarre-o com força.<br />
Você encontrou o paraíso na<br />
Terra.<br />
“<br />
Você não precisa<br />
seguir os passos<br />
de ninguém. Seu<br />
caminho será<br />
traçado ao caminhar.<br />
”<br />
Jorge Mauricio de Castro é Diretor da JMC Consultoria e<br />
Educação Corporativa. Mestre em Gestão de Empresas,<br />
atuou por muitos anos como executivo de RH em diversas<br />
empresas. Autor de seis livros, dedica-se, hoje, à consultoria<br />
organizacional e realiza palestras por todo o País. Contatos<br />
pelo e-mail jmc.consultoria@gmail.com<br />
28 mundodaadministracao.com.br
Parques Tecnológicos<br />
PORTO DIGITAL<br />
PORTO DIGITAL - UF PERNAMBUCO - RECIFE - Considerado um dos Vales do silicio brasileiro<br />
O<br />
Imperio da tecnológia, não informações visando elevação de padrões dos<br />
está mais restrito numa caixa Parques Tecnologicos.<br />
chamada Estados Unidos O surgimentos desses parques, se da<br />
da America, mas, ganha pela necessidade de identificar oportunidades e<br />
proproções latino americanas promover atividades de estímulo à inovação e ao<br />
e cria sedimentações mundiais empreendedorismo demostrando que é urgente<br />
elevando o nivel das necessidades administrativas fazer florescer o ecossistema empreendedor<br />
e a prática das tecnicas fundidas desde o brasileiro.<br />
pionerismo de Frederick Winslow Taylor.<br />
E, está dando certo.<br />
Taylor propoem claramente o aspecto Em alguns desses Parques Tecnologicos,<br />
da necessidade de criar padrões de desempenho situados mais diretamente no Estado do Rio<br />
e efeciencia desde o objetivo de orientação de Janeiro, São Paulo e Pernambuco, já estão<br />
nas tomadas de decisões mais concientes que presentes empresas como Samsung, IBM,<br />
impactam diretamente no processo cientifico de Compaq e Hewlett-Packard (HP) entre outas.<br />
um sistema produtivo e tecnológico.<br />
Além de ter como egressos diretos, profissionais<br />
Neste ponto vemos nascer grandes em física, química, engenharia elétrica, ciências<br />
empreendimentos e, empresas preocupadas em da computação, matemática, engenharia química,<br />
compreender processos cientificos por bases etc. Outro fato de ponto estrátegico é que uma<br />
tecnologicas que visam o desenvolvimento social e série de empresas de alta tecnologia começaram<br />
estatal que estão inseridas. Algumas pelo processo a estabelecer as suas plantas industriais e<br />
de emcubações desenvolverem mecanismos laboratórios de P&D nas proximidades, como<br />
facilitadores para o agrupamentos de novas a IBM. (International Business Machines), o<br />
mundodaadministracao.com.br 29<br />
PARQUE TECNOLÓGICOS
PARQUE TECNOLÓGICOS<br />
imprerio da informatica.<br />
O Vale dos Silicio brasileiro conta com<br />
um amparato de primeiro mundo e interação<br />
direta com as prefeituras.<br />
Os Vales dos Silicios brasileiro não possuem<br />
apenas uma legislação comumente empresarial,<br />
mas também social e desperta o interesse das<br />
prefeituras em apoiar projetos que irão beneficiar<br />
a comunidade como um todo.<br />
Criam relações diretas com prefeitos e com<br />
bases politicas que prezam para o desenvolvimento<br />
tecnlogico e economico do País, provando que o<br />
Brasil tem condições de gerir, gerar e produzir o<br />
que liga California, o sul da Área da baía de São<br />
Francisco, Palo Alto e Santa Clara, estendendose<br />
até os subúrbios de São José.<br />
No Brasil o cenário já toma outra<br />
proporção, fala-se em Vales por considerar a<br />
insersão desses Parques Tecnologicos em regiões<br />
distintas com culturas diferentes, mas atuando<br />
com a mesma finalidade, o desenvolvimento do<br />
empreendedorismo tecnológico.<br />
Os Vales dos Silicios brasileiro estão<br />
situados nas seguintes cidades: Recife - como<br />
Porto Digital , o Parque Tecnológico do Rio - RJ,<br />
Porto Alegre - com o Tecnopuc, além do Parque<br />
empreendedorismo tecnologico.<br />
Nesse intuito prefeituras iinvestem em<br />
entender o funcionamento e niveis estratégicos<br />
no grande Pai de todos, o Vale do Silicio, situado<br />
evidentemente no Estado da Califormia - EUA ,<br />
com uma extensão de perder de vista e propriciar<br />
prazeres aos recem chegados no mercado. Um<br />
Imperio do empreendedorismo paternal, que leva<br />
a qualquer um querer desenvolver sua carreira<br />
nesse grande Parque dos parques. O Grande Vale<br />
do Silicio (Silicon Vally) está sobre uma extenção<br />
Tecnológico de São José dos Campos, Sapiens<br />
Parque, em Florianópolis e por consequinte no<br />
estado de São Paulo na cidade de Campinas o<br />
polo tecnológico que conta com empresas de alta<br />
tecnologia e universidade, no caso a universidade<br />
Estadual de Campinas. Também em Santa Rita do<br />
Sapucai - Vale da Eletronica, e San Pedro Valley -<br />
Belo Horizonte.<br />
O Brasil possui um mapa capaz de<br />
dericionar uma econonomia mais limpa e centrada<br />
não somente pelo podério do dinheiro e, sim com<br />
30 mundodaadministracao.com.br
ases no crescimento do empreendedorismo novo<br />
e inovado das tecnologias brasileiras.<br />
Muda-se nomes, padrões e equações que<br />
evidenciam o crescimentos das empresas, tanto<br />
das que ainda estão como embrioes, surgem<br />
startapus em diversos seguimentos, porem, as<br />
bases primarias de uma excelente administração<br />
vai estar presente, independente dos prospectos<br />
cientificos utilizados nos polos tecnologicos.<br />
Todo o processo cientifico ou não de uma<br />
instituição organizacional está diretamente ligado<br />
aos principios administrativos tão sabiamente<br />
elencados por Henri Fayou no livro Processo<br />
existe um interesse de politicas direcinadas<br />
primeiro ao grande Pai dos silicios (Vale do Silicio<br />
- EUA) visando assim proporcionar as empresas<br />
brasileiras o aprendizado metódico desses<br />
processos criados por r Fayou. Afinal tecnologia<br />
é adminiinistrar e administrar é ciència.<br />
Por fim. Que surjam novos e novos<br />
empreendedores, assim o Brasil passa a ser u<br />
economico. Brasil, do In-natura ao Tecnologico<br />
ou podemos chamar de Tecnoinnatu.<br />
Administrativo.<br />
Nenhum ato ou força de empreender<br />
seja com niveis tecnologicos, seja com o grande<br />
alvoroço do crescimento industrial, seja das<br />
novas tecnologias voltadas para a agricultura,<br />
para a formação de facilitadores no ramo das<br />
ciencias medicas, psicologicas e tecnologicas,<br />
sempre vão precisar parar, inspirar e expirar<br />
para compreender as bases definidas por Fayou,<br />
que é o Planejamento, Organização, Comando,<br />
Coordenação e Controle. Por esse motivo que<br />
FOTO: Porto Digital, Brasil<br />
Gustavo Amorim / Flickr CC<br />
Vista do Porto Digital, em Recife<br />
AVENTURE-SE +<br />
Os Portos digitais estão ganhando o Mundo, estigue sua<br />
pesquisa, entre os aqui apresentados, existem inumeros<br />
outros grandes polos digitiais, grandes Vales dos Silicios<br />
esperando por você!<br />
mundodaadministracao.com.br 31<br />
PAQUE TECNOLÓGICOS
O SEGMENTO<br />
TURÍSTICO<br />
Sabe-se que o Turismo é uma<br />
atividade econômica que gera<br />
números significativos de empregos<br />
nas grandes cidades e até nas vilas<br />
ribeiras, pelo mundo afora.<br />
O Turismo não é diferente de outras áreas<br />
econômicas, pois também possui segmentações de<br />
mercado, e é dessa forma que se dá a organização<br />
da atividade.<br />
A OMT – Organização Mundial<br />
do Turismo é a principal organização que<br />
regulamenta a atividade a fim de desenvolver<br />
e promover o Turismo de forma responsável,<br />
durável e acessível a todos.<br />
O turismo brasileiro conta com o apoio do<br />
Ministério do Turismo para fomentar a atividade<br />
no país.<br />
Só é considerada turista a pessoa que<br />
permanecer por mais de 24 horas em uma<br />
localidade que não seja onde reside e consumir<br />
produtos e serviços locais. O turista é o real<br />
agente transformador nos destinos turísticos.<br />
O mercado turístico gera bilhões de<br />
dólares todos os anos no mundo todo. O que faz<br />
estabelecer as segmentações turísticas são as<br />
motivações de um indivíduo ou grupo quando<br />
definem para onde e como viajar, podendo ser a<br />
negócios, compras, saúde, interesse pedagógico<br />
entre outras motivações. São mais de 70<br />
segmentos que as motivações estabelecem.<br />
Segundo o portal do Ministério do<br />
Turismo , o Brasil é a 10ª maior economia do<br />
turismo no mundo, com capacidade de reduzir as<br />
desigualdades regionais, gerando 3,7% do PIB<br />
brasileiro.<br />
O artesanato no turismo movimenta R$40<br />
bilhões de reais por ano. O 3º maior mercado<br />
regional de aviação do mundo é brasileiro, pelo<br />
simples fato de o avião ser o principal meio de<br />
transporte escolhido para viagens nacionais e<br />
internacionais.<br />
O turismo não é diferente de outras áreas<br />
econômicas, pois também possui segmentações<br />
de mercado de forma a satisfazer os turistas. A<br />
segmentação de mercado está presente em várias<br />
áreas administrativas da sociedade e grupos<br />
sociais.<br />
TURISMO RELIGIOSO<br />
No Brasil o Turismo Religioso é forte pela<br />
devoção de seu povo; a religiosidade é<br />
uma marca do povo brasileiro. Um dos<br />
destinos mais procurados é Aparecida do Norte,<br />
que possui o maior templo católico do país,<br />
atraindo, em média, 12 milhões de visitantes por<br />
ano.<br />
Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida.<br />
Foto: Divulgação/Embratur.<br />
32 mundodaadministracao.com.br
“Todos os anos, o turismo religioso<br />
movimenta milhões de viajantes no Brasil.<br />
Nosso papel é transformar este fluxo de<br />
pessoas em um produto turístico sustentável,<br />
com benefício não só para os empresários,<br />
mas também para as comunidades locais”,<br />
disse o ministro interino do Turismo,<br />
Alberto Alves.<br />
A Basílica tem capacidade para até 35 mil<br />
pessoas nas missas celebradas e na parte externa<br />
até 300 mil pessoas.<br />
O ápice desse destino se dá no mês de<br />
outubro, devido ao feriado da padroeira do<br />
Brasil. Essa é uma das maiores festas religiosas<br />
brasileiras, no ano de 2016 foram 10 dias de<br />
festa.<br />
Além da festa da padroeira, no Brasil<br />
ainda acontece, em Juazeiro do Norte (CE),<br />
a romaria que atrai cerca de dois milhões de<br />
devotos de Padre Cícero todos os anos. Em Belém<br />
(PA), o Círio de Nazaré é uma das maiores festas<br />
religiosas do mundo, reúne mais de dois milhões<br />
de fiéis no segundo domingo de outubro, todos os<br />
anos.<br />
Além dos destinos católicos, outros<br />
destinos procurados são: em Cotia (SP) o templo<br />
Budista Zulai e o Odsal Ling em Três Coroas (RS)<br />
que, juntos, recebem mais de 150 mil turistas ao<br />
ano.<br />
Em Foz do Iguaçu, a Mesquita Al-Khatab<br />
é o terceiro produto turístico mais visitado,<br />
antecedendo apenas as Cataratas do Iguaçu<br />
e a Usina de Itaipu, com uma média de 60 mil<br />
visitantes por ano.<br />
Os turistas dessa segmentação são movidos<br />
pela sua fé, para os diversos destinos religiosos no<br />
Brasil. São pessoas das mais variadas religiões,<br />
com vontade e disponibilidade financeira para<br />
conhecer os principais destinos religiosos no<br />
mundo. É um turista que gosta de planejar suas<br />
viagens com antecedência. Dessa forma, quando<br />
chegar a data prevista de embarque, viajará sem<br />
contas pendentes e ainda terá reservas financeiras<br />
para presentes e passeios extras.<br />
TURISMO<br />
COMTEMPLATIVO<br />
O<br />
Pantanal mato-grossense, a maior planície<br />
alagada dos continentes, com fauna que<br />
se adapta às mudanças do ciclo das águas<br />
com cheias e vazantes, atrai, principalmente, o<br />
segmento turístico chamado de Contemplação.<br />
Pantana Matogrossense<br />
Foto: Edir Alves da Silva<br />
O pantanal é considerado o maior zoológico<br />
a céu aberto do mundo, pela sua diversidade na<br />
fauna, gerando uma receita considerável para as<br />
localidades de acesso ao destino pantaneiro.<br />
O turista que decide fazer esse tipo de<br />
viagem está disposto a ficar horas a observar<br />
revoadas de pássaros, a fazer focagem noturna a<br />
fim de contemplar a beleza das onças pintadas.<br />
Os milhares de jacarés às margens das<br />
estradas e nos corixos também são atrativos para<br />
os turistas, uma vez que os animais não estão em<br />
cativeiro.<br />
TURISMO HISTÓRICO<br />
O<br />
Turismo Histórico tem como forte<br />
atrativo a cidade de Ouro Preto no<br />
estado das Minas Gerais. Personalidades<br />
mundodaadministracao.com.br<br />
33
ilustres por ali passaram e ainda na atualidade<br />
atrai muitas pessoas, pelos fatos históricos que<br />
ali aconteceram.<br />
Foto: Parada do Orgulho LGTB na cidade de São Paulo<br />
Fonte: Ouro Preto. Foto: Embratur<br />
Cidade onde teve início o período imperial<br />
brasileiro, é considerada Patrimônio Mundial da<br />
Unesco, possui uma arquitetura colonial, rodeada<br />
por um relevo montanhoso e aglomera inúmeras<br />
igrejas e museus, como o da Inconfidência<br />
Mineira.<br />
A caminhada nas ruas antigas faz a<br />
imaginação do turista viajar no tempo, pois<br />
a todo momento se depara com monumentos<br />
barrocos e rococós dotados de obras do escultor<br />
Antônio Francisco Lisboa, mais conhecido como<br />
‘Aleijadinho’.<br />
TURISMO LGBT<br />
A<br />
cidade de São Paulo, todos os anos, atrai<br />
milhões de turistas para um segmento<br />
ainda pouco explorado no Brasil: o<br />
turismo LGBT, que vem crescendo a cada ano na<br />
cidade devido à Parada da diversidade do orgulho<br />
LGBT.<br />
No período do evento o comércio se<br />
preparada para receber esse público, que aquece<br />
as vendas mais que no Natal. No ano de 2016<br />
foram mais de dois milhões de pessoas em seis<br />
horas de evento.<br />
No Brasil, além de São Paulo, outras<br />
cidades são consideradas Gay- Friendly, são<br />
cidades preparadas para atender esse público,<br />
ainda que não seja um dos principais destinos<br />
brasileiros a exemplo Juiz de Fora (MG),<br />
Florianópolis (SC), Salvador (BA) entre outras.<br />
Esse turista tem como forte motivação<br />
turística os eventos realizados paralelamente<br />
ao manifesto na Avenida Paulista, são eventos<br />
segmentados.<br />
O que esperam é apenas um bom<br />
atendimento e serem respeitados pelos prestadores<br />
de serviço de cada destino.<br />
TURISMO RURAL<br />
O<br />
turismo brasileiro também se desenvolve<br />
nas pequenas cidades, com o turismo<br />
rural, sendo ele o elemento mantenedor<br />
de muitas famílias no interior do país. As famílias<br />
adaptam suas casas para receber turistas para<br />
tomar café da manhã ou almoçar.<br />
Hospedam em quartos mais rústicos que<br />
os dos hotéis convencionais. São destinos mais<br />
campestres que nas grandes cidades, como o<br />
próprio nome já diz - Turismo Rural.<br />
O Turista desse segmento almeja descanso,<br />
ar puro, contato com a natureza e uma fuga da<br />
rotina das grandes cidades. Na maioria possuem<br />
34 mundodaadministracao.com.br
Brasil - Morrão Chapada do Diamantina<br />
passeios a cavalo, de barco, trilhas, são roteiros mais<br />
próximos do homem do campo, ideal para famílias.<br />
Para cada tipo de turismo existe<br />
um tipo de turista. Basta cada prestador de serviço<br />
se capacitar para recebê-lo bem, pois o melhor<br />
marketing para um destino turístico é a propaganda<br />
boca a boca. A satisfação dos turistas é<br />
a certeza de que atrairá mais pessoas para sua<br />
empresa.<br />
As grandes agências de viagens são as<br />
grandes interlocutoras entre destinos turísticos e<br />
turistas.<br />
Pode-se usufruir de bons serviços<br />
turísticos pagando pouco, desde o transporte até<br />
souvenir para a família e amigos.<br />
Defina sua próxima viagem com ajuda de<br />
agentes de viagens, que farão o planejamento de<br />
roteiro e serviço do destino escolhido, com<br />
confiabilidade e segurança.<br />
Planeje, economize e viaje. Essas são<br />
nossas dicas para você fazer uma boa viajem de<br />
forma segura.<br />
Conheça primeiro o Brasil, possuímos<br />
destinos belíssimos e de baixo custo, procure o<br />
seu agente de viagens.<br />
Foto: Turismo Rural<br />
Texto de: Neliton Gois -Graduado em Turismo e<br />
Especialista em Docencia do Ensino superior<br />
mundodaadministracao.com.br<br />
35
iNOvaÇÃO eM teMPOs De DesCONtiNUiDaDe<br />
1 - Peter Drucker, alertou para o fato de que<br />
“o desafio mais importante de nossos dias é o<br />
encerramento de uma época de continuidade<br />
UM CASO DE INOVAÇÃO NO ESTADO DO MATO GROSSO<br />
2 - Confira o que a diretora da Refrigerantes Marajá, Ulana<br />
Bruehmueller, afirma sobre o perfil ideal para uma empresa familiar<br />
crescer no mundo dos negócios, com sucesso.<br />
a eMPresa NO CONteXtO Da sUsteNtaBiLiDaDe<br />
3 - Ulana Bruehmueller - O histórico da Refrigerantes Marajá foi marcado nas últimas<br />
décadas pelo contexto da Responsabilidade Sócio Ambiental. Por ter a compreensão de que a maior<br />
fornecedora dela é a natureza.<br />
36
DOOSSIÊ<br />
UMa visÃO Da DiretOria FiNaNCeira COM eXPeriÊNCia<br />
Na Área COMerCiaL<br />
4 - Quanto mais sistêmica for a visão<br />
sobre o negócio, melhor.<br />
UM PerFiL De eXPeriÊNCia<br />
5<br />
5- Sobre a trajetória na<br />
empresa, orgulhosamente<br />
e com uma memória<br />
impecável, Francisco relata<br />
que nos primeiros dias,<br />
eram três caminhõezinhos,<br />
e que todos estavam<br />
ansiosos para saírem,<br />
venderem e verem quem<br />
vendia mais.<br />
6 - vaLe aPeNa UM<br />
HISTÓRIA QUE FAZ A<br />
DiFereNÇa<br />
mundodaadministracao.com.br 37
DOOSSIÊ<br />
INOVAÇÃO EM<br />
TEMPOS DE<br />
DESCONTINUI<strong>DA</strong>DE<br />
As últimas décadas foram<br />
marcadas não apenas pelas<br />
mudanças, mas também<br />
pela velocidade em que elas<br />
ocorreram. São profundas<br />
as transformações, tanto nas áreas social,<br />
organizacional, política, cultural, como<br />
nas relações interpessoais e na tecnologia.<br />
Inovação e criatividade têm sido os pilares<br />
mais aplicados no mundo dos negócios para<br />
que empresas do pequeno ao grande porte<br />
possam permanecer no mercado, como<br />
casos de reposicionamento, competitividade,<br />
superação e resiliência.<br />
O cenário vivido por quem empreende<br />
tem sido o de constantes adaptações.<br />
Flexibilidade é a principal habilidade<br />
para a permanência num mundo em que a<br />
concorrência já não é apenas local, e, sim,<br />
global, além de não segmentada, exposta a<br />
uma similaridade de preço e qualidade dos<br />
produtos e serviços. Como sobreviver a tudo<br />
isso?<br />
Nos últimos tempos, o pai da<br />
administração moderna, Peter Drucker,<br />
alertou para o fato de que “o desafio mais<br />
importante de nossos dias é o encerramento<br />
de uma época de continuidade - época em<br />
que cada passo fazia prever o passo seguinte<br />
1 2<br />
1<br />
3 2<br />
4<br />
5 3 6<br />
- e o advento de uma era de descontinuidade,<br />
em que o imprevisível é o pão de cada dia<br />
para os homens, para as organizações e<br />
para a humanidade”. O pensamento desse<br />
homem é crucial na era em que se valoriza<br />
a conectividade e o aumento da expetativa<br />
dos consumidores.<br />
Numa visão voltada para o<br />
marketing, uma das referências mundiais na<br />
área preceitua que um produto, serviço ou as<br />
ofertas só alcançarão êxito se proporcionarem<br />
a percepção de valor e satisfação ao cliente.<br />
O poder de decisão, diferente do início do<br />
século XX, está com ele. É o cliente quem<br />
escolhe dentre as diferentes ofertas, com<br />
base naquilo que parece proporcionar o<br />
maior valor a ele.<br />
A Revista Mundo da Administração<br />
escolheu dentre uma série de casos de<br />
empreendimentos de sucesso que estão<br />
ativamente no mercado global da atualidade,<br />
uma empresa que surgiu há mais de cinco<br />
décadas, que driblou concorrentes, é<br />
destaque nacional e exporta o que produz.<br />
Um caso de inovação e criatividade geridas<br />
por uma administração familiar.<br />
Afinal, uma gestão por excelência<br />
nesta era de ruptura exige novas configurações<br />
no que concerne à estrutura, aos processos e<br />
aos comportamentos dentro das organizações.<br />
Mais do que preparo técnico, visão,<br />
empreendedorismo, ousadia e investimento<br />
são necessários. O caso apresentado neste<br />
dossiê não é uma garantia de sucesso por já<br />
estar há muito tempo no mercado, mas por<br />
ter se adaptado às mudanças na velocidade<br />
em que elas ocorrem. Você poderá pesquisar<br />
sobre histórias de outros grandes negócios,<br />
até mais recentes, e que não sobreviveram à<br />
5<br />
38 mundodaadministracao.com.br
perecibilidade constante do mercado.<br />
Inovação e criatividade não são dimensões<br />
ligadas apenas à tecnologia a processos. Nesse<br />
contexto de mudanças, as relações com as<br />
variáveis humanas e organizacionais são<br />
cruciais. E em vez de tecer uma abordagem<br />
sobre o que seja inovação e criatividade, o<br />
que pode ser facilmente encontrado em livros<br />
com essa temática, vamos a uma história que<br />
vivencia essa prática há décadas.<br />
UM CASO DE<br />
INOVAÇÃO NO<br />
ESTADO DO<br />
MATO GROSSO<br />
1<br />
2<br />
3 4<br />
5 6<br />
O<br />
Dossiê desta primeira edição da<br />
Revista Mundo da Administração<br />
apresenta uma história instigante<br />
de garra, reinvenção e inovação<br />
que teve início há 54 anos,<br />
superou uma série de concorrentes, ganhou<br />
destaque e se tornou referência regional na<br />
produção de bebidas no Estado do Mato<br />
Grosso.<br />
Confira o que a diretora da Refrigerantes<br />
Marajá, Ulana Bruehmueller, afirma sobre o perfil<br />
ideal para uma empresa familiar crescer no mundo<br />
dos negócios, com sucesso. Criatividade ou<br />
inovação? O que ela pensa sobre essas práticas para<br />
o sucesso no mundo dos negócios? E ainda, uma<br />
mensagem provocativa aos jovens que desejam<br />
investir na profissão. Também conversamos com<br />
o diretor Edson Bruehmueller que falou sobre a<br />
projeção do segmento dos refrigerantes para os<br />
próximos vinte anos. Batemos ainda um papo<br />
com o Francisco, funcionário mais antigo, que<br />
ainda trabalha na empresa.<br />
Refrigerantes Marajá é uma empresa<br />
inserida na história mato-grossense há mais de meio<br />
mundodaadministracao.com.br 39
século. Foi fundada<br />
em Rondonópolis em<br />
1963 pelo seu Djalma<br />
Pimenta, uma pequena<br />
fábrica, mas já com<br />
um nome pomposo.<br />
“Marajá” se referia ao<br />
bairro em que ela foi<br />
instalada inicialmente.<br />
Posteriormente sediada<br />
em Várzea Grande,<br />
a partir de 1982, após aquisição<br />
pela família Bruehmueller. Senhor<br />
Felippe (in memorian), desbravador,<br />
e o Claudio, filho primogênito de<br />
liderança empreendedora, iniciaram o<br />
grande desafio de ampliar o valor da<br />
marca e ganhar o mercado, intento bem<br />
sucedido que trouxe nos anos seguintes<br />
a inserção dos demais membros da<br />
família para a gestão do negócio,<br />
os irmãos Lílian, Edson, Beatriz e<br />
Ulana Bruehmueller, atual diretorapresidente.<br />
A empresa expandiu e com a<br />
ampliação dos negócios foi inaugurado,<br />
em 1998, um parque industrial com área<br />
de 50.000 m². A área construída ocupou<br />
o total de 20.000 m², com equipamentos<br />
modernos, dispostos em quatro linhas de produção<br />
com embalagens PET, lata e retornáveis. A<br />
capacidade produtiva passou para 40.000 litros<br />
de bebidas por hora. Após 2005, o regime jurídico<br />
passou de limitada para Sociedade Anônima, e a<br />
denominação passou para Refrigerantes Marajá<br />
S/A.<br />
A fábrica atualmente possui um vasto mix<br />
de produtos, refrigerantes, sucos, energéticos,<br />
bebidas mistas, água de coco e água mineral<br />
da própria marca, dentre sabores e embalagens<br />
de vários tamanhos. Além de envazar produtos<br />
representados por ela como o suco Sunkist, a<br />
empresa ainda<br />
Varzea Grande - MT<br />
Foto: Atual<br />
Rondonopolis - MT<br />
Foto: Atual<br />
detém a marca Brunado, que distribui<br />
água mineral, envazada no município<br />
de Jaciara. Dentre os 25.000 pontos<br />
de venda existentes em Mato Grosso,<br />
em média, a Marajá atende em torno de 75%<br />
desse potencial.<br />
Excelência através da qualidade e da<br />
inovação dos produtos e serviços tem sido o<br />
objetivo da marca Marajá. Esse registro é o<br />
destaque dela no mercado, hoje presente nos<br />
estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul,<br />
Rondônia, Acre, Amazonas e também exporta<br />
para a Bolívia. Para manter o padrão de melhoria<br />
contínua e inovação, os colaboradores são<br />
capacitados nos programas de Boas Práticas de<br />
Fabricação (BPF) e, para garantia da segurança<br />
no que fabrica, mantém a Análise de Perigos e<br />
Pontos Críticos de Controle (APPCC).<br />
40 mundodaadministracao.com.br
No processo de inovação, a Refrigerantes<br />
Marajá treina e capacita os colaboradores para<br />
o atendimento aos princípios da garantia e da<br />
segurança alimentar aos consumidores. Ela<br />
possui a cultura de investir na utilização de<br />
matérias primas e aditivos de fornecedores com<br />
qualificação que atendem normas, estatutos e<br />
regulamentos da Legislação Brasileira.<br />
Como resultados, desenvolve a prática<br />
de uma gestão profissional para promoção do<br />
desenvolvimento econômico sustentável e a<br />
melhoria contínua, através da transparência no<br />
exercício da gestão, da prestação de contas integral<br />
pelos administradores e da responsabilidade<br />
corporativa, trabalhando para o melhor resultado<br />
para a empresa e pela sua longevidade.<br />
DOOSSIÊ<br />
A EMPRESA<br />
NO CONTEXTO <strong>DA</strong><br />
1 2<br />
SUSTENTABILI<strong>DA</strong>DE<br />
O<br />
histórico da Refrigerantes Marajá<br />
foi marcado nas últimas décadas<br />
pelo contexto da Responsabilidade<br />
Sócio Ambiental.<br />
Por ter a compreensão de que a maior<br />
fornecedora dela é a natureza, a gestão da empresa<br />
tem o comprometimento com a conservação<br />
e igualmente com o respeito à diversidade<br />
sociocultural através de ações que promovem o<br />
crescimento das comunidades de entorno ao pátio<br />
fabril.<br />
Por isso, a empresa investe em adoção de práticas sustentáveis; gerencia os resíduos gerados<br />
pela indústria mediante a legislação vigente; desenvolve programas de uso racional da água e da<br />
energia elétrica e investe na temática sobre educação ambiental voltada para o público interno, com<br />
as comunidades adjacentes e a sociedade em geral.<br />
Também contribui com programas educacionais para crianças, jovens e adultos, através do<br />
acesso digital e outras maneiras de aprendizado com foco na inclusão social e formação de cidadãos<br />
conscientes de seus deveres e responsabilidades. Confira alguns dos programas implantados pela<br />
Marajá:<br />
CENTRO DE INCLUSÃO DIGITAL - Espaço disponibilizado para preparar, qualificar e ampliar<br />
o conhecimento da população através da informática para encaminhamento ao mercado de trabalho,<br />
3 4 56<br />
mundodaadministracao.com.br 41
disseminando a disponibilidade da tecnologia e<br />
acesso aos conhecimentos básicos em informática.<br />
Desde o ano de 2012, com mais de 250 mil<br />
acessos à internet, mais de 5.800 pessoas tiveram<br />
essa oportunidade.<br />
PROGRAMA DE VISITAS À FÁBRICA<br />
- Desde 2007 a indústria recebe visitas<br />
diariamente de estudantes, universitários, grupo<br />
de jovens e idosos para conhecerem os processos<br />
produtivos e os Projetos Sociais desenvolvidos<br />
por ela. O objetivo é estimular as gerações para<br />
comportamentos motivados na relação com o<br />
meio ambiente e práticas de voluntariado. Apenas<br />
no período de 2010 a 2015, 15 mil visitantes<br />
passaram por essa experiência.<br />
CAMPANHA OUTUBRO ROSA - Em 2016 a<br />
Marajá aderiu à campanha<br />
em prol da sensibilização<br />
sobre prevenção ao câncer<br />
de mama. Na ocasião as<br />
mulheres que trabalham na<br />
empresa e as esposas dos<br />
colaboradores receberam<br />
a visita da médica<br />
Ritamaris de Arruda Regis<br />
Borges, especialista em<br />
Radiologia e Diagnóstico<br />
por Imagem. Em parceria<br />
com o MTMamma, na<br />
ocasião foi realizada uma<br />
palestra sobre prevenção<br />
e diagnóstico do câncer<br />
de mama.<br />
As participantes puderam conhecer de<br />
perto histórias desafiadoras de vida de mulheres<br />
que passaram pelo câncer e que hoje inspiram<br />
vidas através de uma trajetória militante.<br />
INDÚSTRIA DO CONHECIMENTO - Foram<br />
mais de 19 mil visitantes beneficiados no período<br />
entre 2012 e 2015 por esse programa que acontece<br />
em parceria com o SESI. Há uma unidade interna<br />
do SESI Indústria do Conhecimento dentro da<br />
fábrica que contém biblioteca, DVD teca, CD<br />
teca, gibi teca e Internet, onde os usuários têm<br />
a oportunidade de acesso à informação e a uma<br />
gama de conhecimento. Trata-se de um centro<br />
multimídia estruturado para atender lacunas<br />
na promoção do acesso à informação e ao<br />
conhecimento, estimulando práticas de leitura e<br />
pesquisa. São mais de 1.300 títulos à disposição<br />
dos usuários, cujo público-alvo é a comunidade do<br />
entorno e os profissionais da Marajá. A biblioteca<br />
está à disposição de segunda a sexta-feira, das 08<br />
horas às 17 horas.<br />
Numa visita ao parque industrial em<br />
Várzea Grande, a equipe da Revista Mundo da<br />
Administração conversou inicialmente com Ulana<br />
Maria Bruehmueller Borges, diretora geral.<br />
Conheça a trajetória de uma<br />
mulher centrada, atenciosa,<br />
que concilia as atividades de<br />
empresária com a de ser mãe<br />
e avó. É uma investidora na<br />
própria carreira profissional,<br />
além de possuir um admirável<br />
perfil de gestão humanista.<br />
Com larga experiência no<br />
trato com as pessoas, por<br />
ter atuado durante anos na<br />
área comercial, Ulana gere<br />
bem o espaço em que o<br />
relacionamento com o cliente<br />
é marcado pela flexibilidade,<br />
parceria, empatia e consideração. Ela acredita no<br />
sucesso da empresa familiar. A prova disso é que<br />
ela dirige um empreendimento que há décadas foi<br />
iniciado por seu pai e seus irmãos.<br />
Além da responsabilidade de administrar<br />
uma empresa com quase duzentos colaboradores<br />
e a relação com distribuidores e fornecedores, ela<br />
preside o Conselho Regional de Responsabilidade<br />
Social (CORES), da Federação das Indústrias<br />
42 mundodaadministracao.com.br
do Estado do Mato Grosso - FIEMT. O CORES<br />
é formado por empresários industriais e por<br />
representantes de entidades. O objetivo é mapear,<br />
elaborar e realizar debates, ações, estratégias<br />
e eventos que propiciem otimização do uso<br />
de recursos financeiros, talentos humanos e<br />
competências de gestão entre o setor empresarial<br />
e o terceiro setor para potencializar o impacto das<br />
iniciativas de Responsabilidade Social e, assim,<br />
estimular a realização de parceria com setores<br />
públicos e privados para o desenvolvimento de<br />
projetos e ações de Responsabilidade Social<br />
junto à sociedade mato-grossense. O trabalho de<br />
combate à corrupção também é um valor que está<br />
na missão do conselho.<br />
Neste ano de 2017, a presidente Ulana<br />
disse que está sendo programada a realização<br />
de um Workshop para que, dentro do universo<br />
das empresas no Estado, seja fomentada a<br />
promoção de ações de responsabilidade social.<br />
Segundo ela, atualmente essa é uma realidade<br />
praticada pelas grandes empresas: umas possuem<br />
fundações, associações, institutos, enquanto<br />
outras, no mínimo, instalam setores internos de<br />
responsabilidade social para promover atividades<br />
afins. Há ainda algumas que desenvolvem ações,<br />
mas não divulgam.<br />
A ideia proposta aos empresários é<br />
programar ações que trabalhem o marketing<br />
sustentável, fazer com que cada um pense sobre o<br />
que pode desenvolver dentro daquilo que impacta<br />
o próprio negócio.<br />
ENTREVISTA<br />
Refrigerantes Marajá é uma história<br />
de...?<br />
ULANA: De bastante trabalho. É uma<br />
história de dedicação da vida de muita<br />
gente. Vejo muitas pessoas, não só os<br />
fundadores, mas também colaboradores<br />
que estão conosco aqui, que para eles<br />
tem sido o primeiro e único trabalho.<br />
Um grande exemplo, o Silvio (que faz<br />
parte da empresa desde Rondonópolis),<br />
e está pleiteando aposentadoria, é o<br />
único registro na carteira profissional<br />
dele. A empresa se traduz muito<br />
nisso, é uma história de muitas vidas,<br />
dedicação, trabalho, crescimento das<br />
pessoas e participação na história do<br />
Estado do Mato Grosso.<br />
Sua primeira formação acadêmica<br />
foi no curso de Serviço Social. E durante<br />
muitos anos você atuou na área comercial<br />
da empresa. Quais as competências que<br />
mundodaadministracao.com.br 43
ENTREVISTA<br />
você teve que desenvolver para atuar e chegar<br />
até hoje como administradora da Refrigerantes<br />
Marajá?<br />
ULANA: Foi o Serviço Social que me trouxe<br />
essa habilidade de lidar com as pessoas.<br />
Através do Serviço Social eu desenvolvi<br />
a flexibilidade para lidar junto com as<br />
pessoas, saber o momento de avançar ou de<br />
recuar. Então essa bagagem eu trouxe de lá.<br />
Daí eu tive que desenvolver, lógico, a parte<br />
comercial mesmo, o que exige o trato com<br />
pessoas da mesma forma. Venho de uma<br />
família comercial.<br />
Quando a gente vai buscar nossa<br />
origem, percebemos que fomos criados<br />
dentro de um contexto comercial desde<br />
quando éramos pequenininhos, quando eu<br />
e meus irmãos tínhamos que aprender a<br />
vender bichinho de pelúcia, então a gente<br />
já vem com esse marco na história. Mas eu<br />
tive que desenvolver mais isso. E depois,<br />
quanto a minha trajetória na empresa,<br />
primeiro foi dentro do comercial, depois<br />
eu tive que me desenvolver no contexto da<br />
indústria.<br />
Então você precisa ter algum<br />
conhecimento, não precisa ser tão<br />
específico, mas sobre produtos, produção e<br />
principalmente identificadores de eficiência<br />
para fazer análise. E há também a parte de<br />
análise contábil e financeira, algo que eu<br />
não tinha no início. Mas tudo isso foi se<br />
tornando crescente.<br />
Hoje, como administradora da Marajá,<br />
quais os principais desafios que você<br />
encontra?<br />
ULANA: São as relações com os órgãos<br />
governamentais, isso eu considero um<br />
grande desafio. Porque a cada dia você é<br />
surpreendido por uma norma ou uma lei<br />
diferente. É uma quantidade exagerada<br />
de obrigações que a empresa tem. Muitas<br />
vezes a gente perde muito do nosso<br />
tempo que poderia ser dedicado para<br />
desenvolver estratégias e administrar<br />
melhor internamente, em função da lida<br />
com contextos fora da empresa. Então, eu<br />
vejo isso como um grande desafio.<br />
Não é concorrência o maior<br />
desafio, mas é a interferência externa nesse<br />
sentido, e cada dia é uma coisa diferente.<br />
Aqui na Marajá, nós tentamos segurar o<br />
máximo para não ter demissões, estamos<br />
segurando ainda. Mas, há pouco respaldo<br />
por parte do governo.<br />
Você pode traçar um perfil para que uma<br />
empresa familiar chegue ao profissionalismo?<br />
Que caminho seria esse?<br />
ULANA: Tratar todas as questões com<br />
responsabilidade. Independente de serem<br />
da família ou não, as pessoas precisam<br />
ter competência em relação àquilo que<br />
fazem. Acho que esse é um segredo que a<br />
gente conseguiu levar muito bem. Claudio<br />
(Presidente do Grupo) conseguiu traçar<br />
isso, ele implantou uma cultura dentro da<br />
empresa, de ter competência para o cargo,<br />
independente de ser da família ou não e<br />
tratar as coisas da empresa como se deve.<br />
Ele implantou essa concepção de<br />
uma maneira que hoje é respeitada como<br />
uma coisa natural. Isso é muito importante.<br />
Aqui, não se tira um pacote de refrigerantes<br />
da empresa sem tirar nota fiscal e ser<br />
faturado, por quem quer que seja. Então, as<br />
coisas da empresa são da empresa, não são<br />
dos sócios. E tudo isso sem melindres. Esse<br />
é o segredo. Aí dá certo.<br />
Na sua visão, o brasileiro é mais criativo ou<br />
inovador?<br />
Sunkist é uma das beb<br />
laranja mais consum<br />
Estados Unidos, é m<br />
cooperativa americana f<br />
por mais de 6.000<br />
de fazendeiros que pr<br />
65% das laranjas de<br />
75% dos limões pro<br />
nos EUA. Exportam<br />
mais de 37 países<br />
mundial em licenc<br />
de alimentos e bebid<br />
Brasil, a Refrigerantes<br />
é primeira indústria b<br />
a ser licenciada para p<br />
da marca. A bebida é<br />
base de suco natural d<br />
levemente gaseificada.<br />
44 mundodaadministracao.com.br
ENTREVISTA<br />
nkist é uma das bebidas de<br />
anja mais consumida nos<br />
tados Unidos, é marca da<br />
operativa americana formada<br />
r mais de 6.000 famílias<br />
fazendeiros que produzem<br />
% das laranjas de mesa e<br />
% dos limões produzidos<br />
s EUA. Exportam para<br />
is de 37 países, líder<br />
ndial em licenciamento<br />
alimentos e bebidas. No<br />
asil, a Refrigerantes Marajá<br />
rimeira indústria brasileira<br />
er licenciada para produção<br />
marca. A bebida é leve, à<br />
se de suco natural da fruta,<br />
emente gaseificada.<br />
ULANA: Acho que o brasileiro é mais<br />
criativo e deveria ser mais inovador. Ele<br />
busca sempre as soluções para o dia a dia.<br />
Considere o nosso caso. Há vinte anos, nós<br />
tínhamos quinze empresas regionais de<br />
refrigerantes no estado. Hoje, estamos com<br />
duas.<br />
O que foi que aconteceu? Foram<br />
as mudanças pelas quais o País passou,<br />
nós passamos e os demais passaram. E<br />
inovação, tanto de processos, de práticas de<br />
gestão, de produtos, os outros não fizeram.<br />
A Marajá está no mercado desde<br />
1963, não tinha empresas tão antigas<br />
quanto a nossa. Só que isso não fez com que<br />
parássemos. Se a gente for olhar produtos,<br />
por exemplo, o refrigerante sabor maçã que<br />
nós lançamos há 15 anos, a concorrência<br />
veio lançar também esse sabor há poucos<br />
anos.<br />
Outro exemplo de produto<br />
inovador que lançamos no<br />
mercado é o suco Sunkist,<br />
com e sem CO². A inovação foi<br />
inserir um pouquinho de CO²<br />
para refrescar. Então, a gente<br />
sempre procurou - esse tem sido<br />
o perfil do Claudio - buscar o<br />
que tem de melhor no mercado,<br />
às vezes criar, inovar e lançar.<br />
Isso eu acho que fez com que a<br />
empresa conseguisse se manter<br />
no mercado.<br />
E quanto à prática de<br />
gestão, participar de<br />
todos os programas que a<br />
Federação das Indústrias e<br />
o Senai oferecem também<br />
é importante. Essa busca<br />
serve para ver o que a gente<br />
pode melhorar dentro desse<br />
‘‘<br />
contexto. Isso tudo vejo como inovação,<br />
algo que é mais do que a criatividade do dia<br />
a dia. Ela dá sustentabilidade ao negócio.<br />
Penso que isso é o que faz com que a gente<br />
esteja no mercado até hoje.<br />
Ainda no contexto da inovação e da criatividade,<br />
qual é a maior prioridade do marketing,<br />
dentre a área comercial, a da propaganda<br />
e da publicidade? Em qual delas você vê mais<br />
potencial para o seu negócio?<br />
O brasileiro<br />
é mais criativo<br />
e deveria<br />
ser mais<br />
inovador.<br />
”<br />
ULANA: O que mais priorizamos é o<br />
comercial. No entanto, estar com o produto<br />
disponível, oferecer atendimento e serviço<br />
adequados, da entrega ao abastecimento<br />
até a promoção de venda, é uma maneira<br />
de trabalharmos dentro dos 4 P’s do<br />
marketing. Eu vejo que a gente<br />
prioriza isso porque o resultado<br />
é mais palpável e está ao nosso<br />
alcance. A propaganda é de suma<br />
importância, mas ela requer um<br />
investimento muito alto.<br />
Então, a gente acaba não<br />
priorizando isso em maior proporção em<br />
função do alto custo. Mesmo assim, se<br />
olharmos a evolução dos materiais e da<br />
marca ao longo dos anos, a Marajá sempre<br />
focou na melhoria da comunicação visual e<br />
do posicionamento dela.<br />
Já executamos também várias<br />
campanhas publicitárias. Isso é bacana, traz<br />
vida para a marca. Em 2016.<br />
nós tivemos a experiência<br />
com a campanha do Ice<br />
Cola, a do Outubro Rosa.<br />
Foi fantástica também para o<br />
produto, pois nesse período<br />
em que a embalagem mudou<br />
da cor vermelha para pink,<br />
a competitividade ficou<br />
altíssima e, durante um<br />
Os 4 P’s se referem<br />
ao composto da visão<br />
tradicional do Marketing:<br />
Produto, Preço, Ponto de<br />
Distribuição e Promoção<br />
- de vendas, propaganda,<br />
publicidade.<br />
mundodaadministracao.com.br 45
ENTREVISTA<br />
período de sessenta dias, isso trouxe uma<br />
mensagem social por trás da campanha.<br />
Ações dessa natureza são positivas<br />
e muito melhor para chamar a atenção<br />
do público consumidor do que alto<br />
investimento financeiro ou dar atenção a<br />
ações de outras marcas da nossa linha.<br />
Sobre a gestora e administradora Ulana,<br />
ela é mais criativa ou inovadora?<br />
ULANA: Eu acho que no dia a dia tenho<br />
que ter criatividade para buscar soluções.<br />
Ainda há muita inutilidade operacional,<br />
por isso, desde problemas menores até os<br />
maiores, temos que buscar a criatividade<br />
e sempre penso sobre o que pode ser feito<br />
diferente. Mas eu gosto da inovação, seja<br />
do produto, do layout, do rótulo, essa coisa<br />
toda da comunicação. Eu embarco um pouco<br />
nisso. Temos um case recente de sucesso<br />
inovador. É sobre a Kitubaina . Fomos<br />
resgatar um sabor de 1963.<br />
O produto está com um<br />
ano, praticamente, e o<br />
investimento feito foi<br />
muito pequeno para<br />
um resultado que<br />
está crescente.<br />
Lançamos a<br />
Kitubaina<br />
com o<br />
propósito<br />
de lançar<br />
a Pet 2 litros. A<br />
partir daí fomos para a<br />
garrafa, e já chegou à lata.<br />
Agora já estão vindo mais duas<br />
embalagens, inclusive na versão da<br />
lata slim. Esse é um produto de sucesso<br />
que temos hoje baseado na inovação e na<br />
criatividade.<br />
O que motivou a Marajá resgatar aquele<br />
sabor lá de 1963?<br />
ULANA: Foi o sabor, isso é lindo. Às<br />
vezes, as pessoas sentam aqui, eu ofereço,<br />
e elas voltam ao passado. A<br />
Kitubaina não é um produto<br />
que agradou pelo investimento<br />
em mídia que foi feito. Ela está<br />
agradando pelo sabor. Esteve aqui<br />
um empresário que colocou a mão<br />
na cabeça ao experimentar o sabor.<br />
Perguntei a ele: o que aconteceu<br />
e ele disse: “Ah, estou com nove<br />
anos de idade”. Esse é um resgate<br />
de história de vida, é bonito.<br />
Ulana, no decorrer da sua gestão<br />
na Marajá, qual foi a fase ou o evento<br />
que marcou sua trajetória?<br />
ULANA: Foram muitas coisas.<br />
Mas eu acho que um marco muito<br />
grande na minha trajetória foi o<br />
lançamento do primeiro Programa<br />
de Fidelidade para distribuidores,<br />
que durou oito anos.<br />
Isso foi em 2002,<br />
embora esteja bem recente na<br />
minha memória. Foi o início da<br />
estruturação de um sistema que<br />
privilegiava a forma de atuar no<br />
mercado e de padronização de<br />
princípios para atendimento ao<br />
cliente. Eu acho que isso marcou<br />
profissionalmente minha trajetória,<br />
época em que eu atuava diretamente<br />
no comercial, e fomentei isso.<br />
Foi também um momento<br />
muito importante para a empresa.<br />
Na época, lembro que após uma<br />
atividade dinâmica que a gente fez,<br />
saímos para o intervalo e o Claudio<br />
46 mundodaadministracao.com.br
ENTREVISTA<br />
me puxou e falou: você vai me suceder. Foi<br />
a visão que ele teve, mesmo eu tendo tantas<br />
outras habilidades que eu não trabalhava,<br />
como a parte financeira, análise de balanço,<br />
de resultado, da indústria, mas ele viu a<br />
perspectiva comercial, viu potencial em<br />
mim.<br />
E depois foi tão rápido, que eu<br />
acho que ele lançou uma semente de<br />
você pode. Daí foi crescendo. Mas, o<br />
que acontece? Nós somos uma empresa<br />
comercial. Hoje eu vejo assim, você<br />
pode até não ter uma planta comercial,<br />
mas você tem que ter o mercado, você<br />
tem que ter o seu cliente, você tem que<br />
ter seu consumidor.<br />
Se você não tem aqui, essa parte,<br />
o mercado consumidor, ai não adianta<br />
você ter o restante do negócio. Então<br />
eu acho que foi isso que ele viu, essa<br />
possibilidade. E hoje, me vejo replicando<br />
essa atitude também. Nós concedemos<br />
oportunidade a outros colaboradores que<br />
começaram em funções mais simples<br />
na empresa, pois foi isso que aconteceu<br />
comigo. E me marcou muito.<br />
Você, como presidente do Conselho<br />
Regional de Responsabilidade Social,<br />
da FIEMT-MT, quais os benefícios<br />
tem trazido para sua empresa?<br />
ULANA: Após debater sobre as<br />
ações que as empresas podem fazer no<br />
contexto social com responsabilidade,<br />
estou trazendo isso para nossa empresa,<br />
até porque nós tínhamos desde há muito<br />
tempo várias ações. Desenvolvemos<br />
ações na área da educação, temos a<br />
indústria do conhecimento, trabalhamos<br />
com menores aprendizes, dentre outros<br />
projetos. Agora, ao pensarmos sobre<br />
o que mais a Marajá impacta hoje,<br />
socialmente, chegamos à conclusão de que<br />
é no resíduo. Na quantidade de embalagens<br />
que a gente coloca no mercado. Então, hoje<br />
nós estamos voltando nossa visão para isso<br />
e acredito que, nos próximos anos, a nossa<br />
atuação em termos de responsabilidade<br />
social vai crescer dentro disso.<br />
Em âmbito nacional, a gente<br />
participa junto com a Associação Brasileira<br />
de Indústrias de Refrigerantes (ABIR) e da<br />
Associação Nacional dos Catadores.<br />
Nossa ação consiste no auxílio<br />
financeiro para fortalecer as cooperativas,<br />
onde estão pessoas que vão recolher e<br />
se apropriar desse reciclado que está no<br />
mercado. Isso movimenta a economia, gera<br />
renda.<br />
Desenvolvemos ainda o projeto<br />
saudável por natureza, que é levar todo<br />
esse conceito de bom destino do reciclado<br />
para as crianças, nas escolas. Iniciamos<br />
há muitos anos um projeto de instalar<br />
lixeiras nas escolas e fazer um trabalho<br />
de sensibilização com as crianças, com os<br />
pais, com os professores. Hoje ele está cada<br />
vez mais forte.<br />
As crianças visitam a fábrica e<br />
reinvestimos o valor do que é coletado<br />
para a própria escola. Eventualmente,<br />
temos mais projetos, no entanto, o nosso<br />
objetivo principal está naquilo que a gente<br />
impacta, isto é, trabalhar, fomentando essa<br />
sensibilização para o uso adequado dos<br />
materiais, como fazer o reaproveitamento,<br />
onde alocá-lo ou não, esse é o nosso foco.<br />
Qual é a visão da Marajá, para os próximos<br />
anos?<br />
ULANA: É melhorar a cada dia. Escolhemos<br />
melhorar em três itens principais: a<br />
satisfação do consumidor, práticas de<br />
responsabilidade social e resultado. Porque<br />
mundodaadministracao.com.br 47
ENTREVI<br />
a empresa sem resultado não mantém o<br />
negócio, ela não tem condições de inovar,<br />
de melhorar a estrutura e a equipe. Neste<br />
último ano, apesar de todos os desafios que<br />
a gente encontrou, conseguimos melhorar<br />
muito os indicadores de gestão. Então,<br />
para o futuro essa melhoria é contínua, não<br />
longe do ideal.<br />
E sempre pensando: como está<br />
meu atendimento? Meu consumidor está<br />
feliz, satisfeito com nosso produto? Essa é<br />
a nossa visão de melhoria. Caso pergunte se<br />
a Marajá quer expandir para muitos outros<br />
estados, a resposta é não, embora tenhamos<br />
alguns projetos de exportação, inclusive<br />
estamos desenvolvendo um projeto com o<br />
Japão agora. Mas o nosso principal enfoque<br />
hoje é esse: não existe nada que não possa<br />
ser melhorado.<br />
Qual legado que a gestora Ulana pode<br />
deixar para os futuros gestores da Marajá?<br />
Seja da família ou não.<br />
“<br />
Posso dizer que<br />
tudo é possível,<br />
desde que a gente<br />
realmente queira<br />
e que tome uma<br />
decisão. Eu gosto<br />
de falar sobre isso.<br />
Depois é o trabalho,<br />
acompanhamento e<br />
controle.”<br />
Pois não é só ter o desejo para que as coisas<br />
aconteçam. Cada um deve questionar-se<br />
sobre o que gostaria de deixar como marca.<br />
Nós estamos aqui para cumprir a missão da<br />
empresa, não adianta enxergar dificuldade<br />
em tudo e em todas as pessoas. Para cada<br />
um existe um caminho. E que todos possam<br />
achar esse caminho.<br />
Ulana, no decorrer da sua carreira, você<br />
fez outra faculdade, Gestão Comercial. Nesse<br />
segundo curso conviveu com bastante jovens<br />
que estão chegando ao mercado de trabalho. O<br />
que você diria, hoje, para quem está ávido para<br />
fazer parte do mundo da administração e dos<br />
negócios? O que você, com a sua experiência<br />
em administração e gestão, deixaria como<br />
mensagem?<br />
ULANA: Olha, empreender no mundo dos<br />
negócios é fascinante. Você pode ser bem<br />
sucedido em qualquer área, em qualquer<br />
profissão. Agora, se você quer se sobressair,<br />
principalmente financeiramente, tem que<br />
empreender. Então, deve buscar aquilo que<br />
é a sua competência, que você ama fazer,<br />
e não adianta ir na contramão, porque só<br />
aquilo que você ama você vai fazer melhor.<br />
Eu li recentemente a biografia de Carlos<br />
Wizard, fiquei apaixonada pela história<br />
daquele homem. Consta que ele fez um<br />
planejamento para se tornar milionário. E<br />
ele se tornou bilionário. Também se tornou<br />
dono da franquia de lojas Mundo Verde,<br />
com mais de 300 lojas.<br />
Realmente você pode ser bemsucedido<br />
na vida, em qualquer profissão,<br />
em qualquer trabalho que escolher, desde<br />
que seja da sua competência. Agora, quando<br />
você escolhe o mundo empresarial e busca<br />
essa área do empreendedorismo, você está<br />
possibilitando que fomente formação de<br />
muitas outras pessoas. Mas eu vejo que<br />
no Brasil, com o passar dos anos, isso foi<br />
48 mundodaadministracao.com.br
EVISTA<br />
perdendo força. O empresário começou a<br />
ser como que a “erva daninha” do gramado,<br />
e os jovens começaram a perder um pouco<br />
dessa vontade de empreender. Muitos<br />
querem concurso público, em função de<br />
bons salários e estabilidade.<br />
Agora, por exemplo, se fala das<br />
startups, um caminho para o qual muitos<br />
se direcionam. Mas, quem vai dar trabalho<br />
para o nosso povo? Quem vai dar formação,<br />
não é mesmo? Quem vai continuar a<br />
produção? Teve um evento sobre startups<br />
em Cuiabá com mais de 550 pessoas, numa<br />
quarta-feira e o governo está incentivando<br />
muito isso. Existem vários exemplos na<br />
prática, como o programa do Uber, que foi<br />
resultado de uma startup. Há jovens que<br />
estão ganhando 20 mil reais e até mais com<br />
apenas 19 anos. Bacana, mas tem algumas<br />
coisas a ponderar. Isso gera quanto de<br />
receita, renda, aprendizado, formação,<br />
responsabilidade social? Parece que nós<br />
estamos na contramão. Quantos jovens<br />
querem, de fato, empreender? Pense, como<br />
é que surgiram as grandes corporações?<br />
Surgiram com alguém começando alguma<br />
coisa.<br />
Eu tenho trabalhado muito aqui<br />
com os jovens, com os aprendizes, para que<br />
eles conheçam todas as áreas da empresa<br />
e que suscite neles essa vontade de ter um<br />
negócio que produza e cresça. Entre 15 e<br />
20 anos isso era comum aqui na Marajá,<br />
todo dia era um ligando querendo ser um<br />
distribuidor Marajá. Alguém ligava e dizia<br />
que havia comprado um caminhãozinho, e<br />
queria saber onde poderia trabalhar. Cadê<br />
esse povo? Hoje você procura, mas o jovem<br />
não quer ir por esse caminho. Então, na<br />
minha imaginação, a figura do empresário<br />
fica como se estivesse desmoralizada. Mas<br />
a verdade é que o ambiente ficou mais<br />
desafiador, talvez isso possa fazer com que<br />
se escolha algo mais tranquilo e rápido<br />
como profissão.<br />
Tudo bem, alguém pode<br />
argumentar que todo mundo tem esse<br />
direito de escolha. Mas, e os que não têm<br />
formação. Quem vai dar trabalho para<br />
quem precisa? O governo precisa de uma<br />
máquina que gere. E qual é essa máquina<br />
que gere? Então, a contrapartida, é isto que<br />
eu falo muito para os meninos aqui, é que<br />
você pode ser bem-sucedido. Você pode ter<br />
esse sonho. Agora se você só quiser ter um<br />
emprego, carteira assinada, estabilidade,<br />
talvez nunca vá crescer na vida.<br />
O que vai ter é férias uma vez no<br />
ano, uma casa e um carro. Só que cada um<br />
pode ir mais além. Então, a minha mensagem<br />
para o jovem é a seguinte: Por favor, vamos<br />
voltar a pensar no empreendimento. Vamos<br />
pensar em abrir um negócio.<br />
LIVRO CITADO NA ENTREVISTA<br />
Livro: Os Sonhos não Têm Limites.<br />
Editora: Gente<br />
Ano: 2012<br />
É a biografia do fundador da rede de<br />
idiomas Wizard e presidente do Grupo<br />
Multi Educação, marca que detém as<br />
instituições de ensino Yázigi, Skill,<br />
Microlins, People, S.O.S e Smartz.<br />
Ele conseguiu entrar na lista dos<br />
bilionários da Forbes Brasil. Possui<br />
negócios em dez países, gera 50 mil<br />
empregos e movimenta 3 bilhões<br />
de reais anualmente. Para o autor,<br />
ficar rico não é questão de sorte, e,<br />
sim, de postura mental, escolhas<br />
e determinação. Não se pode ter<br />
medo, vergonha ou culpa por ser<br />
rico. O sucesso só é sucesso se você<br />
o compartilha com os outros. Outra<br />
obra do autor: “Desperte o Milionário<br />
que Há em Você”.<br />
mundodaadministracao.com.br 49
DOOSSIÊ<br />
UMA VISÃO <strong>DA</strong><br />
DIRETORIA<br />
FINANCEIRA COM<br />
EXPERIÊNCIA<br />
NA ÁREA<br />
COMERCIAL<br />
1 2<br />
3 4 5<br />
6<br />
“Quanto mais<br />
sistêmica for<br />
a visão sobre<br />
o negócio,<br />
melhor.”<br />
A<br />
Equipe da Revista Mundo da<br />
Administração também conversou com<br />
Edson Bruehmueller, 47 anos, formado<br />
em administração, que durante anos<br />
atuou na área comercial e atualmente<br />
ocupa a diretoria administrativa-financeira da<br />
Refrigerantes Marajá.<br />
Edson começou como distribuidor da Marajá,<br />
em 1992, ainda quando morava em Campo Grande,<br />
Mato Grosso do Sul, em sociedade com a irmã Lílian<br />
e o cunhado Jonatan. Em 1995 ele se mudou para<br />
Mato Grosso, gerenciou o setor financeiro da unidade<br />
de Rondonópolis.<br />
Mudou-se posteriormente para Cuiabá,<br />
onde assumiu a área comercial com foco voltado<br />
para os grandes clientes, atacados e distribuidores.<br />
50 mundodaadministracao.com.br
Permaneceu nessa função por 15 anos e em 2010<br />
assumiu a diretoria financeira.<br />
Como foi para você a transição, da<br />
distribuição em Campo Grande, perpassando<br />
pela área comercial em Cuiabá até sua gestão<br />
atual na área financeira?<br />
EDSON: Como distribuidor de uma<br />
empresa pequena, isso exigia que eu<br />
cuidasse de todos os processos. Quando<br />
mudei para cá, ao exercer as atividades<br />
da área comercial, passei a dar foco numa<br />
atividade específica, praticamente. Embora<br />
com complexidades que exigem muita<br />
atenção, como área e concorrência. E, a<br />
partir do momento em que migrei para a<br />
área financeira da empresa, de 2010 para<br />
cá, usei minha experiência anterior para me<br />
adaptar às necessidades surgidas.<br />
E facilita sua atuação na área financeira<br />
com a visão que trouxe da área comercial?<br />
EDSON: Facilita muito, até porque tenho<br />
vários clientes que necessitam de condições<br />
diferenciadas. Por já conhecê-los, fica mais<br />
fácil decidir favoravelmente ou não. Já<br />
conheço o perfil de cada um deles. Maior<br />
ou menor flexibilidade depende muito<br />
dessas análises sobre o histórico de cada<br />
um na relação com a empresa.<br />
A Marajá tem uma história marcante<br />
desde a fundação, na efetividade dela no<br />
mercado de trabalho. Durante esse período<br />
surgiram empresas que já nem existem mais.<br />
Qual a relação que você faz da marca Marajá<br />
e, consequentemente seus produtos, com dois<br />
fatores importantes para uma empresa no<br />
mercado: criatividade e inovação?<br />
EDSON: A Marajá, em relação à criatividade<br />
e inovação é uma empresa que sempre foi<br />
marcada por inovações, tanto em tipos de<br />
produtos como em embalagens. Já lançamos<br />
produtos com sabores diferenciados que<br />
nem existiam no Brasil, como também já<br />
fizemos inovações em que não tivemos<br />
sucesso almejado ou por breve tempo, mas<br />
isso faz parte do contexto.<br />
Dentro de um pareamento de criatividade<br />
e inovação, o que tem mais a ver com a marca:<br />
criatividade ou inovação?<br />
EDSON: Eu acho que mais inovação.<br />
Existem lançamentos novos previstos?<br />
EDSON: Sim. Em breve. Estamos<br />
estudando outros sabores.<br />
A percepção atual é a de que as mudanças<br />
em duas décadas, hoje, diferem das que<br />
ocorreram nas duas décadas em meados<br />
do século XX, quando as mudanças não<br />
aconteciam muito rápido. Qual é sua visão<br />
de futuro para os próximos 20 anos? Como<br />
você imagina o mercado de refrigerantes nas<br />
próximas décadas?<br />
EDSON: Então, no seguimento de<br />
refrigerantes eu acredito que, embora<br />
exista um combate ao produto, o que<br />
considero desproporcional e o vejo como<br />
não verdadeiro, tudo indica que o consumo<br />
não irá cair. Mas temos também o consumo<br />
de água mineral que é um seguimento que<br />
por meio da marca Brunado, cada vez vai<br />
crescente.<br />
Mesmo que o segmento de<br />
refrigerantes não tenha crescimento alto<br />
como teve no passado, também não vai<br />
cair. Para se adequar a essa questão de<br />
calorias que há tempo vem massacrando<br />
mundodaadministracao.com.br 51
o consumo de bebidas, temos lançamento<br />
dos sabores com baixa caloria. Porém,<br />
existem pesquisas nos Estados Unidos que<br />
mostram que o consumo de calorias pelos<br />
americanos, dos anos de 1970 até hoje,<br />
não aumentou. Só que houve o aumento da<br />
obesidade.<br />
Então, o que acontece? Chegouse<br />
à conclusão de que a falta de exercícios<br />
físicos e os confortos da vida moderna<br />
como mais ar-condicionado, controle<br />
remoto, o uso do automóvel com direção<br />
elétrica e uma série de coisas que reduzem<br />
o esforço corporal que as pessoas<br />
‘‘<br />
faziam, são consideráveis. Mas nos<br />
adaptamos mesmo assim e para<br />
melhorarmos essa questão, uma<br />
parte da nossa linha de refrigerante<br />
é fabricada com redução de 30%<br />
da quantidade de açúcar, é o caso<br />
do guaraná tradicional e no sabor<br />
laranja.<br />
O guaraná está em<br />
torno de 59 calorias por 200 ml.<br />
E qualquer suco industrializado<br />
do mercado, em lata ou tetra pak<br />
possui em torno de 150 a 180<br />
calorias.<br />
Já o guaraná zero é com<br />
esplenda, adoçante natural que<br />
possui zero caloria. Estamos com uma<br />
quantidade de calorias bem baixa. Por isso<br />
a perspectiva é otimista para as próximas<br />
décadas.<br />
Gostaria que você deixasse uma mensagem<br />
para quem está começando no mercado de<br />
trabalho hoje, mesmo com a formação<br />
acadêmica, mas sem a experiência para atuar<br />
no mercado:<br />
EDSON: Quero dizer a esse profissional<br />
que ele busque se esforçar ao máximo para<br />
entender o funcionamento das empresas.<br />
Hoje em dia tem muita gente que não<br />
entendeu isso, que a empresa tem uma<br />
série de funções, atividades, mas o objetivo<br />
principal dela é gerar resultados.<br />
O jovem, por mais que esteja<br />
começando, precisa se concentrar pensando<br />
que o trabalho dele tem que somar para a<br />
empresa.<br />
A gente vê que novos profissionais<br />
hoje estão muito preocupados em avançar<br />
rapidamente. Isso tem um lado bom, só que<br />
tem que ter muita dedicação para avançar<br />
rapidamente senão<br />
a pessoa fica apenas<br />
transitando de um<br />
lugar para outro.<br />
O jovem, por<br />
mais que esteja<br />
começando,<br />
precisa se<br />
concentrar<br />
pensando que<br />
o trabalho dele<br />
tem que somar<br />
para a empresa.”<br />
PERFIL<br />
EXPERIÊNC<br />
52 mundodaadministracao.com.br
DOOSSIÊ<br />
1 2 34<br />
5<br />
6<br />
UM<br />
IL DE<br />
NCIA<br />
A<br />
lembrança do empreendedorismo e da garra do senhor Felippe Bruemueller permanece vívida<br />
na memória de Francisco Fernandes Vieira, parceiro desde o primeiro dia em que o fundador<br />
e o filho Claudio saíram nas rotas de Cuiabá para vender a marca Marajá, após se instalar<br />
em Várzea Grande, no ano de 1982. Dos 66 anos vividos, mais da metade deles, Chico, como é<br />
carinhosamente chamado na Marajá, foi de dedicação à empresa.<br />
Na ocasião, Francisco também casou-se e teve o primeiro filho. De lá para cá, são 35 anos<br />
de história que ele tem testemunhado, desde uma pequena e frágil fábrica até o sofisticado parque<br />
industrial onde hoje ele desempenha a função de coordenador operacional e auditoria nas revendas da<br />
empresa.<br />
Sobre a trajetória na empresa, orgulhosamente e com uma memória impecável, Francisco relata<br />
mundodaadministracao.com.br 53
que nos primeiros dias, eram três caminhõezinhos,<br />
e que todos estavam ansiosos para saírem,<br />
venderem e verem quem vendia mais.<br />
Ele saiu com seu Felipe em dos<br />
caminhõezinhos, enquanto o Claudio saiu em<br />
outro com um ajudante.<br />
No terceiro, saiu o Walter. Conta que às<br />
seis horas da manhã eles já estavam na rua.<br />
E voltavam à noite, por volta das 22 horas,<br />
após deixar a carga pronta para o dia seguinte. Era<br />
o que faziam para terem resultado, pois o produto<br />
Marajá ainda não era conhecido.<br />
O primeiro dia foi marcante para Francisco.<br />
Relata ele que dia 8 de fevereiro de 1982, primeiro<br />
dia, estava com seu Felippe às 9 horas da manhã<br />
no bairro Dom Aquino, quando estouraram de<br />
uma só vez dois pneus do caminhãozinho em que<br />
estavam, numa única pancada.<br />
Então Francisco ficou no local, na porta<br />
de um barzinho, cuidando da carga e seu Felipe<br />
saiu para comprar os pneus.<br />
Ele voltou às 16 horas com quatro pneus,<br />
após muito andar e achar crédito para a compra.<br />
Francisco passou o dia à base de uns salgados,<br />
mas essa estreia ficou marcada na história desses<br />
homens de garra. Assim foi o primeiro dia. Mas,<br />
como disse Francisco: “Aí a gente deu sequência,<br />
houve trabalho, todos os dias às 6 horas da manhã<br />
já estávamos na rua”.<br />
Foi muito esforço para conseguir colocar<br />
o produto no mercado, relata o veterano. Foram<br />
melhorando e as coisas foram acontecendo.<br />
Francisco, de ajudante do seu Felipe, após quatro<br />
meses também pegou um caminhãozinho para<br />
dirigir e passou a ser vendedor. Era uma época<br />
em que não existia pré-venda, tudo era pronta<br />
entrega.<br />
Após mais de ano trabalhando como<br />
vendedor externo, ele foi para outros setores,<br />
tesouraria, estoque, supervisão de vendas, serviços<br />
gerais e expedição. Foi nessa última função que<br />
ele permaneceu por mais tempo.<br />
ENTREVISTA<br />
Francisco, o que você pode falar do seu Felipe Bruehmue<br />
deu início a esse sonho? O que você pode falar sobre o perfi<br />
FRANCISCO: Ele tinha uma ampla visão de futuro. Pen<br />
sempre dinâmico. Por isso que eu acho que a empresa cr<br />
Você se lembra de alguma filosofia dele, algum conselho<br />
motivar a equipe?<br />
FRANCISCO: Ah, ele sempre dizia que para a gente c<br />
tinha que trabalhar e com amor naquilo que estivesse f<br />
grande professor. Então, quem aprendeu com ele conseg<br />
Qual foi o fato marcante na sua vida nesses quase<br />
Marajá?<br />
FRANCISCO: Pois é, um fato que na época marcou<br />
empresa era pequena e estava instalada a 800 metro<br />
instalações. Fiquei impressionado com o investimento<br />
o Claudio fizeram para ampliação da fábrica. Saiu de<br />
envaze pequena para uma ampliação enorme e naquela<br />
aperto financeiro. E na época, parece que trabalhamos<br />
para vencer os compromissos que tinha na época. Nessa<br />
da equipe de vendas e lembro-me de que um dia eu d<br />
negócio estava apertado. Então eles me disseram: Franc<br />
vender, pega sua equipe e vamos vender que o resto é<br />
sucesso, ai o negócio foi só crescendo e melhorando.<br />
O que você deixaria como mensagem, para quem está en<br />
hoje, como funcionário da Marajá?<br />
FRANCISCO: O que eu deixaria para quem está ent<br />
trabalho é que façam tudo com amor. Não adianta você atu<br />
num setor em que você não gosta de fazer aquilo que estiv<br />
E mais, as pessoas têm que ter responsabilidade, cu<br />
obrigações. Além de estarem cientes de que a honestidad<br />
fazerem o trabalho certo. Enfim, acho que é por ai.<br />
54 mundodaadministracao.com.br
VALE APENA<br />
1 2 34<br />
UM HISTÓRIA 5<br />
6<br />
pe Bruehmueller, o pioneiro que<br />
sobre o perfil desse homem?<br />
de futuro. Pensava muito à frente,<br />
a empresa cresceu.<br />
um conselho que ele usava para<br />
QUE FAZ A<br />
para a gente conseguir resultados<br />
ue estivesse fazendo. Ele era um<br />
m ele conseguiu bons resultados.<br />
esses quase quarenta anos de<br />
oca marcou muito foi quando a<br />
a 800 metros daqui das novas<br />
investimento que seu Felipe e<br />
rica. Saiu de uma capacidade de<br />
e e naquela época provocou um<br />
trabalhamos mais ainda, que era<br />
época. Nessa ocasião eu cuidava<br />
um dia eu disse aos dois que o<br />
sseram: Francisco, você cuida de<br />
ue o resto é conosco. Ai foi um<br />
lhorando.<br />
quem está entrando no mercado<br />
uem está entrando no campo de<br />
ianta você atuar numa empresa ou<br />
quilo que estiver desempenhando.<br />
abilidade, cumprir horário e as<br />
a honestidade é importantíssima,<br />
é por ai.<br />
DIFERENÇA<br />
No relatório do Balanço Social das atividades da Refrigerantes Marajá<br />
de 2010 a 2016, consta que 40 Escolas inseridas no Projeto Saudável<br />
por Natureza, cujo objetivo é a educação e conscientização ambiental<br />
de crianças e jovens através de palestras e gincanas nas escolas da rede<br />
Npública de Cuiabá e Várzea Grande.<br />
Foram 9.500 Alunos beneficiados, 1200 Coletores seletivos doados e 15<br />
toneladas de resíduos coletados e retirados da natureza nesse período.<br />
A empresa concorre anualmente ao Prêmio SESI de Qualidade no Trabalho<br />
(PSQT), sendo posicionada em 2º lugar por dois anos e em 1º Lugar por 6 anos ao<br />
longo do prêmio.<br />
Possui reconhecimento público pela promoção de projetos que visam à<br />
qualidade de vida dos colaboradores e das comunidades, como Certificado de<br />
Responsabilidade Social, criado pela Assembleia Legislativa de Mato Grosso.<br />
É também Prêmio Top Of Mind da Revista RDM por ser a marca de<br />
refrigerantes regional mais lembrada pelos consumidores.<br />
Para conhecer mais sobre a Marajá, o site da empresa é www.<br />
marajarefrigerantes.com.br. Este é o caso de uma empresa genuinamente mato-grossense.<br />
DOOSSIÊ<br />
mundodaadministracao.com.br 55
GAS<br />
COMI<strong>DA</strong> BOA TAMBÉM É<br />
CAMPO<br />
56<br />
DE EMPREENDEDORISMO<br />
mundodaadministracao.com.br
STRONOMIA<br />
TALENTO E VISÃO,<br />
UMA RECEITA EMPREENDEDORA<br />
Será que talento na cozinha é o bastante<br />
para que o negócio na gastronomia<br />
dê certo? Ou existem outros<br />
setores dentro do empreendimento<br />
responsáveis pela sobrevivência do<br />
negócio?<br />
Diante disso, é importante pensar sobre os<br />
desafios encontrados para expandir os horizontes<br />
dentro da empresa.<br />
É importante que, ao empreender em<br />
algo, não seja conduzido apenas pela euforia,<br />
pela ansiedade ou simplesmente pelo desejo de<br />
que dê certo e obter lucros.<br />
Torna-se necessário que haja investimento<br />
na profissionalização, na administração, no<br />
desenvolvimento de processos e de pessoas.<br />
Nesta edição, a equipe da revista Mundo<br />
da Administração recebeu a visita de dois<br />
profissionais que se declaram apaixonados pela<br />
gastronomia e fazem parte da história de Mato<br />
Grosso.<br />
São os consultores gastronômicos Marcelo<br />
Lazzarotto e Hélio Salles, que há seis anos se<br />
dedicam à consultoria sobre implementação<br />
do negócio a quem deseja investir na culinária<br />
e abrir um empreendimento no segmento da<br />
alimentação.<br />
Sediados em Cuiabá, atendem clientes em<br />
quatro estados brasileiros. Conheça essa história<br />
recheada de visão e empreendedorismo.<br />
Entrevistado: Marcelo Lazzarotto<br />
Idade: 36<br />
Naturalidade: Sarandi/RS;<br />
Formação: Contabilidade/gastronomia<br />
O que o motivou trabalhar na área: Paixão e<br />
família. Atua na área gastronômica há 18 anos.<br />
Entrevistado: Helio Salles<br />
Idade: 41<br />
Naturalidade: Cáceres/MT<br />
Formação: gastronomia<br />
O que o motivou trabalhar na área: Necessidade,<br />
a princípio. Depois virou paixão. Atua na<br />
gastronomia há 25 anos.<br />
Consultoria: LAZZAROTTO E SALLES<br />
SITE: www.lazzarottoesalles.com.br<br />
mundodaadministracao.com.br 57
Histórico<br />
Profissional<br />
Marcelo Lazzarotto iniciou<br />
no ramo da alimentação aos<br />
17 anos de idade, em um<br />
conceituado restaurante em<br />
Mato Grosso. Segundo ele,<br />
foi passando por todos os degraus dentro do<br />
estabelecimento. Então, após alguns anos de<br />
atuação naquele local, sempre bem dedicado,<br />
começou a ser procurado por clientes em busca<br />
do conhecimento que havia adquirido.<br />
Os vários períodos de férias e folgas que<br />
tinha no decorrer do ano, Marcelo aproveitava<br />
para atender as solicitações desses clientes que<br />
queriam treinamento nos estabelecimentos deles.<br />
Tinha lista de espera, segundo Marcelo,<br />
para atendimento aos clientes. A demanda<br />
aumentou e foi dessa oportunidade que surgiu uma<br />
parceria com o também colega de trabalho, Helio<br />
Salles, que possuía mais tempo de experiência na<br />
área.<br />
Hélio, quando começou a trabalhar em<br />
restaurante profissional, a principio achava<br />
que seria só um “quebra- galho”. Só que logo<br />
despertou o gosto pela profissão e foi o segmento<br />
em que atuou por 18 anos.<br />
Tornou-se hábil na atividade de<br />
treinamento e capacitação de profissionais e,<br />
unindo esforços com Marcelo, se tornaram<br />
empresários no segmento. No princípio, eles não<br />
eram sócios. Mas a parceria sempre existiu.<br />
Quando um não conseguia atender a<br />
demanda de determinado cliente, apresentava o<br />
colega e passava o serviço para ele. Foi assim que<br />
tiveram a ideia de transformar essa habilidade que<br />
tinham em negócio, daí surgiu a Consultoria.<br />
Hélio saiu da empresa em que trabalhavam<br />
para se dedicar ao novo negócio, enquanto o<br />
Marcelo continuava na empresa por mais um<br />
período. Por uma questão de respeito ao antigo<br />
patrão e consideração pelo tempo de serviço<br />
que havia, não queriam deixar ao mesmo tempo<br />
o estabelecimento com desfalque imediato de<br />
dois profissionais. E o negócio começou assim,<br />
pautado numa postura ética.<br />
Foi a decisão em conjunto de não<br />
trabalharem para os outros e terem um<br />
empreendimento próprio que fez com que<br />
criassem uma sociedade. Então o negócio<br />
começou e deu certo. Marcelo e Hélio se<br />
esforçaram muito, mas afirmam que valeu a pena,<br />
pois agora estão colhendo os resultados pela<br />
dedicação empreendida ao longo dos últimos seis<br />
anos. Hoje, têm os nomes reconhecidos,<br />
e nos sistemas de busca a empresa deles está<br />
sempre visível. Hélio ressalta que um fator que<br />
os destacou no mercado de trabalho foi a maneira<br />
como eles se comportavam.<br />
Os clientes percebiam o jeito deles<br />
ao atendê-los, principalmente a postura que<br />
mantinham na abordagem, a seriedade e a<br />
confiança. Assim eles foram recebendo convites<br />
para palestrarem sobre o bom atendimento e os<br />
processos envolvidos no negócio da alimentação,<br />
e sendo reconhecidos por isso.<br />
Até que tiveram a grande sacada de<br />
transformarem isso numa oportunidade ainda<br />
maior, e própria. Confira a entrevista com<br />
o Marcelo e o Hélio, que simultaneamente<br />
responderam a algumas perguntas:<br />
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Mundo da ADM: O que é um Projeto de<br />
Consultoria Gastronômica? O que vocês<br />
podem fazer pelo cliente?<br />
Marcelo/Hélio: No primeiro contato nosso<br />
com o cliente, a coisa mais importante é<br />
que ele tenha um projeto pronto. Isto é,<br />
uma ideia formada do que queira.<br />
Perguntamos: O que você quer?<br />
Então ele diz e a partir disso é que a gente<br />
vai elaborar o projeto de consultoria. Ou<br />
seja, a ideia surge do cliente, só podemos<br />
atendê-lo quando ele chega e diz: eu quero<br />
abrir um restaurante, por exemplo. Se<br />
ele afirma que não sabe o que quer, não<br />
podemos sonhar o sonho dele.<br />
O que fazemos é ajudar a realizar<br />
a ideia que possui e a partir daí é que a<br />
gente trabalha. Então entramos com a parte<br />
do projeto, desde a arquitetura até a entrega<br />
da máquina funcionando. Contamos com<br />
parceiros para os projetos, cuidamos da<br />
parte de maquinários, contratação dos<br />
funcionários, treinamento, cardápio,<br />
desenvolvimento, atendimento, entregamos<br />
tudo funcionando para ele. Pegamos a<br />
marca desde o comecinho e a entregamos<br />
em andamento. Só que isso parte da ideia<br />
dele.<br />
Seja uma pizzaria, um restaurante,<br />
é através dessa decisão que a gente vai fazer<br />
toda a construção com ele e ajudá-lo para<br />
que isso aconteça.<br />
Nosso trabalho de consultoria não<br />
consiste em dizer ao cliente assim: “investe<br />
em pizzaria, pois esse negócio é bacana”,<br />
nós não temos esse poder.<br />
A gente trabalha em cima de<br />
sonho, de ideias, de pensamentos. O que<br />
vamos fazer é clarear a ideia dele, sugerindo<br />
diferente se o que ele pensa estiver fora do<br />
contexto.<br />
A partir daí é trabalhar projeto,<br />
ver a questão de facilidade, melhoramento,<br />
fluxo.<br />
Se ele tem um bom recurso, vamos<br />
trabalhar com equipamento de ponta para<br />
agilizar e facilitar o trabalho.<br />
Então após a implementação,<br />
quando o cliente começa a ganhar dinheiro,<br />
a gente vai embora, pois ele já está colhendo<br />
frutos.<br />
O Tripé da economia está pautado em<br />
pessoas, processo e tecnologia. Isso está dentro<br />
do projeto de consultoria de vocês?<br />
Marcelo/Hélio: Sim, está dentro do<br />
projeto de consultoria nosso. Dizemos<br />
que a consultoria é o melhor investimento<br />
que existe, pois, em vez de o cliente ficar<br />
tentando, “dando cabeçada”, se ele investe<br />
em consultoria, terá profissionais com<br />
conhecimento na área, e isso vai encurtar<br />
um pouquinho o trajeto dele até fazer<br />
sucesso.<br />
O nosso papel é esse, fazer com<br />
que esse caminho fique um pouco mais<br />
curto. Mesmo neste período em que as<br />
pessoas falam de crise, a gente não sofreu<br />
crise nenhuma.<br />
Pelo contrário, cada vez mais<br />
querem nos contratar, sabe para quê?<br />
Para que eles consigam economizar em<br />
momentos como esse. Por vezes, mesmo<br />
que o cliente não fature mais, o importante<br />
é que ele gaste menos, essa é a grande<br />
sacada.<br />
Se o cliente quer montar um restaurante,<br />
em quanto tempo vocês terminam o processo<br />
de consultoria pra que ele comece a ganhar<br />
dinheiro com o negócio em funcionamento?<br />
Marcelo/Hélio: O prazo médio, se ele<br />
tiver que construir, é de mais ou menos seis<br />
mundodaadministracao.com.br 59
meses.<br />
Quem é que mais conta com o serviço de<br />
consultoria gastronômica? É aquele cliente<br />
que já está no mercado e de repente tem<br />
dificuldade, ou é o cliente que quer abrir um<br />
negócio?<br />
Marcelo/Hélio: Há os dois casos. Mas,<br />
na maioria das vezes é o cliente que quer<br />
abrir um negócio. A grande parte do nosso<br />
serviço é voltada para clientes novos.<br />
Quando o cliente solicita uma consultoria,<br />
ele já sabe do que se trata, já vem com um<br />
conceito definido sobre esse trabalho, ou vem<br />
despreparado?<br />
Marcelo/Hélio: Ele é o investidor, mas<br />
às vezes vem despreparado. Ou vem com<br />
uma visão diferente e a gente apresenta a<br />
ele outra, principalmente quando ele é de<br />
outra área. Uma grande parte das pessoas<br />
que nos contratam não é quem vai ser o<br />
gestor do negócio, não é quem vai ficar no<br />
restaurante, devido a outros negócios que<br />
possui. Por isso também contratamos e<br />
treinamos gerentes, quando precisam.<br />
O que é imprescindível para o sucesso na<br />
gastronomia?<br />
Marcelo/Hélio: É o investimento. E<br />
começa pelo dinheiro. Porque não pode<br />
ter dó de investir. Acontece que nesse tipo<br />
de serviço, nem sempre gasta o que está<br />
estimado, o valor previsto pode ultrapassar.<br />
E depois de ter o recurso, não deve ter medo<br />
do mercado.<br />
Em seguida, investir nos<br />
profissionais, sem sombra de dúvida, isso<br />
é fundamental. Tem gente que diz que se<br />
investir depois a pessoa deixa o trabalho e<br />
vai para outro lugar. E daí? Forma outra.<br />
Tem que fazer dessa forma, se você não<br />
investe seu negócio não cresce. Então, a<br />
primeira coisa é não ter medo de investir.<br />
Como é o mercado para consultoria na<br />
área gastronômica em Mato Grosso? Além de<br />
vocês, existe concorrência?<br />
Marcelo/Hélio: Não chamamos de<br />
concorrência. Pois concorrência é quando<br />
você tem alguém do seu lado e que compete<br />
por igual. Agora, quando você tem alguém<br />
que está muito longe de chegar ou se<br />
equiparar até você, aí não é concorrência.<br />
Mas, existem outras pessoas que fazem<br />
esse serviço.<br />
E qual é o diferencial do Lazzarotto e<br />
Salles?<br />
Marcelo/Hélio: Esse diferencial está 100%<br />
no nosso serviço, que é in loco e prático.<br />
Não perdemos tempo em sala de aula. Nosso<br />
treinamento é “faca na cebola”, entendeu?<br />
Ele é 100% prático.<br />
Qual é a visão de vocês sobre os diferenciais<br />
da gastronomia mato-grossense em relação à<br />
gastronomia nacional?<br />
Marcelo/Hélio: A culinária mato-grossense<br />
não perde para nenhuma outra região do<br />
Brasil. Só que, lógico, a gente não pode<br />
deixar de valorizar as outras regiões<br />
também. Falamos isso porque Mato Grosso<br />
é muito rico e temos uma das melhores<br />
carnes do Brasil.<br />
Não tem peixe melhor que o<br />
nosso. Temos diversidade de matéria-prima<br />
e o clima aqui é invejável por não ter uma<br />
variação que tem em outras regiões.<br />
60 mundodaadministracao.com.br
Por atuarem na consultoria, como vocês<br />
veem a atividade da administração no segmento<br />
gastronômico?<br />
Marcelo/Hélio: Antes de montar um<br />
restaurante, temos que primeiro trabalhar<br />
muito a questão administrativa. Porque<br />
quando você se conecta à ideia de controle<br />
e processos, esse ato tem muito mais chance<br />
de dar êxito ao negócio.<br />
‘‘<br />
A administração<br />
vai trabalhar<br />
também com<br />
números,<br />
e quanto a<br />
fatos não há<br />
argumentos. A<br />
administração é<br />
essencial<br />
”<br />
Qual é o perfil das pessoas quando procuram<br />
vocês, elas entendem mais de administração<br />
ou tem mais dinheiro para investir?<br />
Marcelo/Hélio: Grande parte vem<br />
preparada administrativamente. Gente que<br />
já possui empresas e comanda outros tipos<br />
de negócios. A pessoa já chega sabendo<br />
sobre isso, nós ajudamos no como fazer o<br />
que ela quer.<br />
Gastronomia ou empreendedorismo, o que<br />
e mais importante?<br />
Marcelo/Hélio: Empreendedorismo é mais<br />
importante. As pessoas, primeiro, têm que<br />
ter gana, aquela sede de investir. Se não<br />
existir essa gana, ela não vai pra frente.<br />
Se não tiver um pensamento<br />
empreendedor para mudar e fazer diferente,<br />
daqui a um ano, se o restaurante estiver<br />
saturado, como vai ser?<br />
Hoje o mercado não aceita<br />
simplesmente você copiar o vizinho. Você<br />
não pode ficar igual a todo mundo.<br />
Então tem que ser empreendedor.<br />
Empreendedorismo é não ter medo de<br />
quebrar parede, colocar um vidro, uma<br />
cascata, mudar o piso, instalar uma<br />
iluminação melhor, colocar uma fachada<br />
mais adequada, enfim, esse é o caminho.<br />
Isso tem que estar dentro da<br />
pessoa, o investidor empreendedor é um<br />
ser inquieto.<br />
Quais são as motivações necessárias que<br />
levam um profissional a ter sucesso na cozinha<br />
e nos negócios?<br />
Marcelo/Hélio: Pensar positivo é uma dos<br />
principais motivações. Tem que ter aquela<br />
vontade de se tornar referência.<br />
O profissional deve entrar para<br />
ser o melhor. Vai lançar uma tendência, um<br />
serviço novo?<br />
Lance o melhor e não mais um. Se<br />
vamos colocar um livro no mercado, que<br />
seja o melhor. Isso é importante.<br />
E tem que ter uma paixão, tem que<br />
gostar, tem que viver. O ramo da gastronomia<br />
é uma área de muita dedicação. Por ser um<br />
ramo de serviço, não é tão fácil.<br />
Às vezes a pessoa precisa<br />
ficar dentro de um restaurante por 8, 12,<br />
14 ou até 16 horas, o tempo todo em pé.<br />
Então tem que gostar muito do que faz. E<br />
em tudo isso está envolvido também o lado<br />
emocional.<br />
mundodaadministracao.com.br 61
Muitas pessoas começam a cozinhar dentro de casa,<br />
cozinhando para os familiares, pais, marido, esposa, está dando certo<br />
e aí transcende, resolve montar alguma coisa.<br />
O sucesso pode vir também desse contexto.<br />
Qual a visão de vocês sobre o chef no Brasil que se expõe através<br />
de programas de reality show culinário. O que isso contribui com a<br />
imagem da gastronomia?<br />
Marcelo/Hélio: Essa é uma pergunta difícil porque é quase uma<br />
“faca de dois gumes”.<br />
Todos os que conduzem lá são proprietários de<br />
restaurante.<br />
Mas, em termos de teste profissional, uma coisa é você<br />
julgar quando um produto não está bom.<br />
Outra é você ter um concorrente ali na sua<br />
frente, um competidor e esculachar a pessoa da maneira<br />
como eles fazem.<br />
Isso na verdade é mais um insulto com o<br />
profissional que está ali. Uma coisa é você não gostar de<br />
algo, mas ali eles passam ideia para três ou quatro jurados.<br />
Talvez você não goste de bacalhau, mas o outro é apaixonado<br />
pelo prato. Por isso pode ser visto como desleal e desrespeitoso,<br />
pois todos que chegam ali têm uma paixão, e essa paixão não é<br />
respeitada.<br />
Mas, isso é apenas midiático mesmo, porque você não vai<br />
ver esse mau trato em nenhum outro lugar, senão daria processo.<br />
É puramente televisão, uma forma de eles ganharem<br />
dinheiro.<br />
Que tipo de conselho, dica, orientação vocês dariam para alguém<br />
que está querendo entrar na área gastronômica?<br />
Marcelo/Hélio: Trabalhe bastante, muito mesmo. Coma, deguste e<br />
tenha noção do que esteja fazendo.<br />
Saiba como funciona o fogão, saiba por onde os clientes<br />
têm que entrar e sair do restaurante.<br />
E como receber uma mercadoria que está chegando.<br />
Selecione qual tomate é melhor para o molho, que variedade que<br />
você tem de manjericão, de azeite, de arroz.<br />
Entenda primeiro isso aí, o que você vai fazer, pois isso é o<br />
fundamental. Falar que é um consultor pode ser fácil, mas você sabe<br />
ler um projeto?<br />
62 mundodaadministracao.com.br
Tem consultores que montam cozinha que não tem<br />
projeto, compram equipamentos sem ter projeto.<br />
Como é que você instala equipamentos dentro de um<br />
espaço sem que você saiba o tamanho dele? Mas, quem lê projeto<br />
é só o arquiteto?<br />
A gente precisa saber disso, pegar um projeto, saber<br />
medida, saber que equipamento que vai ser colocado ali, saber<br />
qual a necessidade do cliente. Isso é importante.<br />
Depois, você precisa entender de pessoas. Como elas<br />
também possuem problemas, é preciso saber lidar com isso<br />
sem discriminação, saber quando tem que chamar cada um para<br />
conversar, fazer com que mantenham a calma, se for um momento<br />
de conflito.<br />
Porque manipular um alimento é lidar com certa energia<br />
ali. É preciso cuidar disso com extremo cuidado até que esse<br />
alimento chegue ao cliente.<br />
Coisas como noções básicas de higiene são fundamentais.<br />
Não basta só instalar equipamentos e disponibilizar um cardápio<br />
no ambiente. Considera-se o comportamento adequado como<br />
diferencial.<br />
Estudo ou trabalho, o que é mais importante?<br />
Marcelo/Hélio: Os dois são fundamentais. Pois não adianta você<br />
estudar muito e não conseguir trabalhar. E não adianta trabalhar<br />
que nem um louco e não estudar.<br />
Numa breve viagem comparativa na linha do tempo, de como<br />
era a visão sobre a gastronomia antes e como é hoje? O que há de<br />
tendência no mundo gastronômico?<br />
Marcelo/Hélio: A tendência hoje é trabalhar mais com coisas<br />
naturais. Trabalhamos com uma cozinha mais saudável, com<br />
menos óleo, menos sal, menos gordura.<br />
No passado não se preocupava tanto com alimentação em relação<br />
à saúde. Hoje em dia já está todo mundo ligado nisso, há um<br />
movimento que está pegando gosto, as pessoas estão indo muito<br />
para o lado do que é natural.<br />
E a informação está muito mais disponível, pois no celular<br />
a pessoa confere ao fazer as escolhas, olha o valor nutricional, opta<br />
pelo que consome ou pode deixar de consumir evitando escolhas<br />
que façam mal.<br />
mundodaadministracao.com.br 63
Quais espaços são tendências hoje, em<br />
Cuiabá?<br />
Marcelo/Hélio: São os espaços cada vez<br />
mais reduzidos e populares. Hoje, até<br />
as classes A e B procuram espaços mais<br />
econômicos.<br />
Se a pessoa abre um restaurante<br />
de alto nível, ele pega uma fatia muito<br />
pequena do mercado. Então a tendência é<br />
pulverizar.<br />
É bom que o investidor tenha<br />
a marca dele em vários lugares e para<br />
públicos diferentes para que tenha um<br />
faturamento maior.<br />
Não adianta um espaço só e<br />
muito requintado, pode ser que não atinja<br />
o público que deseja.<br />
A popularização e espaços<br />
diferenciados possibilitam um pouco<br />
menos de mão-de-obra, o que hoje possui<br />
alto custo, além dos impostos, que em Mato<br />
Grosso é um dos maiores do Brasil.<br />
Uma tendência de espaços<br />
atualmente, para muita gente, é sair dos<br />
shoppings, onde o metro quadrado é muito<br />
caro.<br />
Cada vez mais os clientes estão saindo<br />
um pouco desses lugares, se espalhando<br />
em bairros populares da região, onde a<br />
gastronomia está presente também. Os<br />
containers fazem parte dessa tendência.<br />
Lá existe em pequenos espaços uma<br />
variedade de restaurantes com comida<br />
mais natural para gostos diferentes e você<br />
encontra público de vários segmentos e<br />
classes.<br />
Cada vez mais os clientes estão<br />
saindo um pouco desses lugares, se<br />
espalhando em bairros populares da região,<br />
onde a gastronomia está presente também.<br />
Os containers fazem parte dessa<br />
tendência.<br />
Lá existe em pequenos espaços<br />
uma variedade de restaurantes com comida<br />
mais natural para gostos diferentes e você<br />
encontra público de vários segmentos e<br />
classes.<br />
Como os clientes conseguem contatar<br />
vocês?<br />
Marcelo/Hélio: Existe o mecanismo de<br />
busca pelos sites. Mas isso se dá também<br />
por indicação, nas feiras onde existe troca<br />
de ideias e um vai indicado o outro. Tem<br />
o pessoal que vende equipamento, da<br />
arquitetura, além das visitas que fazemos.<br />
Além dos nossos próprios clientes<br />
e os parceiros de negócio. Enfim, o<br />
relacionamento com o mercado são nossos<br />
indicadores.<br />
Para finalizar, que mensagem vocês, Marcelo<br />
e Hélio, podem deixar para leitor que curte a<br />
gastronomia? Uma visão de vocês em relação<br />
à vida, em relação ao negócio, algo que motiva<br />
cada um todos os dias:<br />
MARCELO: Eu acho que é não ter medo<br />
de entrar no mercado da alimentação.<br />
Afirmo que esse é um mercado muito<br />
promissor. Então não tenha medo de<br />
investir, porque o retorno, se trabalhar<br />
correto, é uma certeza.<br />
HELIO: Acredite em sonho, pois ele<br />
pode acontecer. Isso trás motivação para<br />
a gente. Você tem um sonho, então corra,<br />
entendeu? Vai atrás de informação e da<br />
prática, e de repente esse sonho acontece,<br />
às vezes mais rápido do que você imagina.<br />
Isso vale para a vida.<br />
64 mundodaadministracao.com.br
Será que as pessoas e as organizações estão preparadas para as<br />
mudanças no atual contexto descontínuo da humanidade?<br />
Depressão, como lidar com ela no trabalho?<br />
Como desenvolver competências em liderança,<br />
projetos, qualidade, gestão de conflitos, finanças,<br />
carreira e empoderamento?<br />
Descubra o que fazer para despertar a força<br />
da motivação e do empreendedorismo<br />
no mercado de trabalho, na carreira<br />
e na vida.<br />
Este livro desvenda<br />
a chave para lidar<br />
com questões do dia<br />
a dia e retrata temas<br />
pouco toleráveis<br />
por uma série de<br />
religiosos, como a<br />
homossexualidade,<br />
uma realidade que<br />
permeia a vida<br />
humana.<br />
A falta de amor da familia e a<br />
influencia de espíritos pouco<br />
evoluídos ajudam o Jovem<br />
José Carlos a se entregar ao<br />
vício das drogas. Embora<br />
cada vez mais envolvido<br />
pela dependência encontra<br />
na espiritualidade amiga e no<br />
amor de Deus uma luz para<br />
sua evolução.<br />
A sublimidade do espírito está<br />
na harmonia e na serenidade.<br />
Com esse intuito o livro abarca<br />
detalhes divinos ressoados<br />
pelas poesias trazidas a<br />
humanidade pelo Espírito<br />
Tagore. Uma psicografia que<br />
encherá seu coração de amor e<br />
respeito pela manifestação da<br />
natureza no cotidiano.<br />
A Coletânea de frases,<br />
conceitos e pensamentos<br />
elaborada pelo ilustre contador<br />
e professor Aecim Tocantins,<br />
autor deste opúsculo.<br />
“Me faz revivificar os longo e<br />
gratificantes dias de pesquisa<br />
trabalhados para compor o<br />
livro de sua vida, onde também<br />
foram interpretadas as suas<br />
obras, uma contribuição para<br />
a Contabilidade e para a vida<br />
pública.”<br />
O espetáculo das<br />
touradas em Cuiabá<br />
foi uma importante<br />
manifestação popular<br />
que perdurou do século<br />
XIX até meados do<br />
século XX, e fazia parte<br />
de outra manifestação<br />
popular religioisa, a<br />
festa do Divino Espírito<br />
Santo.<br />
Seu Cinema Está Aqui<br />
mundodaadministracao.com.br 65
SUSTENTAB<br />
iMPerMaNÊNCia<br />
Há um conto budista de um famoso mestre espiritual que se aproximou do portal principal<br />
do palácio real. Nenhum dos guardas tentou pará-lo, constrangidos, enquanto ele entrou e<br />
dirigiu-se até onde o monarca estava solenemente sentado no trono.<br />
“O que vós desejais?” perguntou o rei, imediatamente reconhecendo o visitante.<br />
“Eu gostaria de um lugar para dormir aqui nesta hospedaria,” replicou o mestre.<br />
“Mas aqui não é uma hospedaria, bom homem,” disse a majestade, “Este é o meu palácio.”<br />
“Posso lhe perguntar a quem pertenceu este palácio antes de vós?” perguntou o mestre.<br />
“Era do meu pai. Ele está morto, retrucou o rei.”<br />
“E a quem pertenceu antes dele? Continuou<br />
o sábio”<br />
“Foi do meu avô,” disse o rei<br />
já bastante intrigado.<br />
“Mas ele<br />
também<br />
66 mundodaadministracao.com.br
BILI<strong>DA</strong>DE<br />
está morto.”<br />
“Sendo este um lugar onde pessoas vivem por um curto espaço de tempo e então partem, vós me<br />
dizeis que esse lugar não é uma hospedaria?”<br />
O que há de análogo nesse conto é que a humanidade ainda age de modo semelhante ao citado<br />
monarca, como se a grande casa que é o planeta em que habita, fosse propriedade exclusiva que<br />
pudesse ser explorada sem abrigar a todos, e sem consequência alguma. Essa história não fala da<br />
residência individual de cada um. É uma analogia que se refere ao grande lar natural disponível a<br />
todos para que se abriguem, com muitas dependências e alimentos, ar puro, biomas, água a vontade,<br />
muitos frutos e flores, vegetais, peixes e uma diversidade de recursos naturais incomensuráveis.<br />
Mas o que será que está acontecendo? Pois nem todos valorizam esta casa. O ar já está poluído,<br />
o clima está ficando mais quente, diversos cômodos sendo alagados, outros tantos desertificados.<br />
Desde o século XX há larga emissão de gases poluentes que superaquece o planeta. Muitos apenas<br />
exploram e comercializam os recursos limitados da natureza, sem que benefício socioeconômico e<br />
ambiental sejam proporcionais. Por que alguns se intitulam como donos deste palácio e o governam<br />
como tal, enquanto a maioria vive como se no porão estivesse? Seria a falta de percepção que este<br />
caminho é bilateral.<br />
O homem como hospedeiro da Terra tem descuidado muito deste lugar. Já não seria a hora<br />
de cada um repensar e mudar, antes que seja tarde? Afinal, o homem nunca foi nem será o<br />
centro do Universo, pois o planeta não é um elemento periférico. O que dirão os netos<br />
e as gerações futuras sobre os que não optarem pela mudança hoje?<br />
A impermanência, ou seja, a mudança, considerada o ensinamento básico do<br />
budismo, é uma reflexão de que há a inexistência de uma entidade apenas individual.<br />
Tudo muda, essa é uma verdade básica que ninguém pode negar. A essência de<br />
cada experiência e a natureza de toda existência é a própria mudança. A perene<br />
verdade é que tudo muda, seja na relação do homem com ele mesmo, com o outro<br />
e também com o meio ambiente em que vive.<br />
Então, por que o ser humano tem dificuldade de desapegar-se e aceitar a mudança,<br />
mesmo correndo o risco de perder o palácio em que mora? Não seria essa uma<br />
grande causa do sofrimento humano? Refletir sobre a mudança e tornar-se a própria<br />
mudança é um caminho para fazer as pazes com o mundo.<br />
Jair Donato - Jornalista em Cuiabá, escritor, consultor de desenvolvimento de pessoas, professor universitário,<br />
Esp. em Gestão de Pessoas e Qualidade de Vida.<br />
mundodaadministracao.com.br 67
ARTIGO ADM PUBLiCa<br />
Este texto trata de uma compilação feita do artigo ÉTICA NA<br />
<strong>ADMINISTRAÇÃO</strong> PÚBLICA: UM ESTUDO NO INSTITUTO<br />
FEDERAL DE MATO GROSSO, CAMPUS FRONTEIRA OESTE, de<br />
autoria de Samuel Ferreira do Nascimento, Bacharel em Administração Pública<br />
no curso de Bacharelado em Administração Pública da Universidade do Estado<br />
de Mato Grosso e orientado pela docente Érica Silva Rocha - advogada e mestre<br />
em Educação (UNEMAT).<br />
Por uma menção de igual teor ético e respeito aos enunciados da pesquisa no<br />
que se refere ao presente estudo categorizado no título do artigo, nós optamos<br />
por preservar as características originais da Administração Pública.<br />
Deixamos claro que o texto a seguir segue integralmente os escritos do<br />
artigo original apresentados à nossa equipe e que foram apenas copilados,<br />
dissertativamente, os teóricos referentes ao contexto da ética na administração<br />
Púbica. Também resumimos o referido título para ÉTICA NA <strong>ADMINISTRAÇÃO</strong><br />
PÚBLICA.<br />
Fizemos alguns adendos no artigo a seguir, colocando, por nossa conta,<br />
separações de etapas da construção do texto. O texto segue na seguinte modalidade<br />
ÉtiCa Na aDMiNistraÇÃO PÚBLiCa<br />
RESUMO<br />
resUMO<br />
DeseNvOLviMeNtO<br />
CONSIDERAÇÕES<br />
O serviço público, ao longo dos anos, vem<br />
sofrendo várias críticas negativas, principalmente<br />
em setores da Administração Pública que são<br />
mais propensos a não observação dos princípios<br />
administrativos da Constituição Federal,<br />
auferindo das questões éticas e morais para se<br />
beneficiarem de alguma forma.<br />
Para tanto, procuramos clarificar a ideia de que<br />
para ser ético e moral na Administração Pública<br />
não basta só cumprir as exigibilidades da lei,<br />
deve-se também acreditar que qualquer tomada<br />
de decisão afeta diretamente a coletividade na<br />
busca pela justiça e equilíbrio social.<br />
A importância do assunto é reforçada<br />
por MAXIMIANO (2006) no plano dos<br />
relacionamentos dentro das organizações,<br />
pois acredita que as questões éticas no plano<br />
individual estão relacionadas com a forma de<br />
como as pessoas se tratam e por essa razão,<br />
impactam a qualidade de vida e o clima de uma<br />
organização.<br />
Portanto, ética é um assunto que exige<br />
sensibilidade sociológica e, principalmente,<br />
seriedade. Esse fato nos traz questionamentos,<br />
bem como a necessidade de se verificar os<br />
padrões de ética existentes na Administração<br />
Pública. Diante desse contexto, surge o seguinte<br />
questionamento: qual o grau de importância da<br />
ética na Administração Pública?<br />
68 mundodaadministracao.com.br
A<br />
DESENVOLVIMENTO<br />
ARTIGO<br />
De acordo com Souza<br />
(2010), Administração Pública<br />
é a atividade desenvolvida pelo<br />
Estado ou seus delegados, sob<br />
o regime de Direito Público,<br />
destinada a atender, de modo<br />
direto e imediato, necessidades<br />
concretas da coletividade.<br />
É todo o aparelhamento<br />
do Estado para a prestação<br />
dos serviços públicos, para a<br />
gestão dos bens públicos e dos<br />
interesses da comunidade.<br />
Tem como características:<br />
• Praticar atos tão somente<br />
de execução, denominados<br />
atos administrativos. Quem<br />
pratica esses atos são os<br />
órgãos e seus agentes, que<br />
são sempre públicos;<br />
• Exercer atividade<br />
politicamente neutra cuja<br />
atividade é vinculada à Lei<br />
e não à Política;<br />
• Ter conduta hierarquizada,<br />
dever de obediência.<br />
Escalona os poderes<br />
administrativos do mais alto<br />
escalão até a mais humilde<br />
das funções;<br />
• Praticar atos com<br />
responsabilidade técnica<br />
e legal, buscar a perfeição<br />
técnica de seus atos, que<br />
devem ser tecnicamente<br />
perfeitos e segundo os<br />
preceitos legais;<br />
• Ter caráter instrumental,<br />
pois a Administração<br />
Pública é um instrumento<br />
para o Estado conseguir seus<br />
objetivos. A Administração<br />
serve ao Estado;<br />
• Ter competência limitada.<br />
O poder de decisão e de<br />
comando de cada área da<br />
Administração Pública é<br />
delimitado pela área de<br />
atuação de cada órgão.<br />
Para Meirelles (2004), a<br />
Administração Pública significa<br />
a totalidade de serviços e<br />
entidades ligadas ao Estado. De<br />
modo concreto, é esse mesmo<br />
Estado atuando solidamente<br />
visando satisfazer o bem<br />
comum de indivíduos em uma<br />
coletividade sob seu domínio,<br />
nas esferas federal, estadual e<br />
municipal de governo, podendo<br />
essas duas últimas esferas gozar<br />
de maior ou menor autonomia<br />
político-administrativa em<br />
relação à primeira.<br />
Conforme nos ensinam<br />
Bobbio, Matteucci e Pasquino<br />
(1986), de forma mais ampla,<br />
a expressão Administração<br />
Pública designa o conjunto<br />
de atividades diretamente<br />
destinadas à execução concreta<br />
das tarefas ou incumbências<br />
consideradas de interesse<br />
público ou comum, numa<br />
coletividade ou organização<br />
estatal.<br />
Em distinção à<br />
Administração Pública, temos<br />
o conceito de serviço público.<br />
Apesar das várias definições<br />
possíveis, aderimos a ensinada<br />
por Meirelles (2004) que traz<br />
serviço público como sendo<br />
“todo serviço prestado pela<br />
Administração Pública ou por<br />
seus delegados, sob normas e<br />
controles estatais, para satisfazer<br />
necessidades essenciais ou<br />
secundárias da coletividade<br />
ou simples conveniências do<br />
Estado”.<br />
É de grande importância<br />
destacar o conceito de Governo,<br />
que, embora caminhe junto com<br />
o de Administração Pública, não<br />
pode ser confundido com ele.<br />
Então, vejamos a definição de<br />
Bobbio, Matteucci e Pasquino<br />
(1986):<br />
[...] conjunto de pessoas que<br />
exercem o poder político e<br />
que determinam a orientação<br />
política de uma determinada<br />
sociedade<br />
[...]. Por consequência, pela<br />
expressão “governantes” se<br />
entende o conjunto de pessoas<br />
que governaram o Estado e<br />
pela de “governados”, o grupo<br />
de pessoas que estão sujeitas<br />
ao poder de Governo na esfera<br />
estatal.<br />
Sendo assim, a<br />
Administração Pública tem<br />
como objetivo cumprir fielmente<br />
os preceitos dos princípios<br />
administrativos que regem a<br />
sua atuação. Ao ser investido<br />
em função ou cargo público,<br />
todo agente assume para com a<br />
coletividade o compromisso de<br />
bem servi-la.<br />
O princípio da<br />
mundodaadministracao.com.br 69
ARTIGO<br />
impessoalidade impõe ao<br />
administrador público que só<br />
pratique o ato para o seu fim<br />
legal. Cabe ao administrador<br />
público agir no sentido de<br />
atender a todos, sem preferência<br />
ou favorecimento em função<br />
de ligações políticas ou<br />
partidárias.<br />
Isso significa que<br />
deve orientar-se por critérios<br />
objetivos, não devendo fazer<br />
distinções fundamentadas em<br />
critérios pessoais.<br />
O princípio da moralidade<br />
impõe ao administrador agir de<br />
maneira ética, com honestidade,<br />
considerando que o interesse<br />
público se sobrepõe ao interesse<br />
particular.<br />
De acordo com<br />
Meirelles (2004), a moralidade<br />
como princípio administrativo<br />
“constitui hoje pressuposto<br />
de validade de todo ato da<br />
Administração Pública”. A<br />
doutrina não trata da moral<br />
comum, mas, sim, de uma moral<br />
jurídica, entendida como “o<br />
conjunto de regras de conduta<br />
tiradas da disciplina interior da<br />
Administração”.<br />
Ainda destaca que<br />
o conhecimento de moral<br />
administrativa não está ligado<br />
às convicções pessoais do<br />
agente público, mas, sim, à<br />
noção de atuação apropriada e<br />
ética existente no grupo social.<br />
O princípio da<br />
publicidade manifesta a<br />
imposição da Administração<br />
Pública em divulgar seus atos<br />
praticados, ressalvadas as<br />
hipóteses de sigilo previstas em<br />
lei.<br />
Geralmente, os atos são<br />
divulgados no diário oficial<br />
com o objetivo em garantir a<br />
transparência da administração<br />
dando conhecimento<br />
generalizado e produzindo seus<br />
efeitos jurídicos. Esse princípio<br />
também se justifica para permitir<br />
a qualquer pessoa que fiscalize<br />
os atos da Administração<br />
Pública.<br />
O princípio da eficiência<br />
é o mais moderno princípio da<br />
função administrativa, não<br />
constava da redação original da<br />
Constituição de 1888. Ele foi<br />
inserido em 1998, quando da<br />
chamada Reforma do Estado.<br />
Ele estabelece que a<br />
atividade administrativa seja<br />
desempenhada com presteza e<br />
perfeição, exigindo resultados<br />
positivos para o serviço público<br />
e satisfatório atendimento das<br />
necessidades da sociedade.<br />
É através das<br />
atividades desenvolvidas pela<br />
Administração Pública que<br />
o Estado alcança seus fins, e<br />
seus agentes públicos são os<br />
responsáveis pelas decisões<br />
governamentais e pela execução<br />
dessas decisões.<br />
De acordo com Matias<br />
Pereira (2008), a Administração<br />
Pública designa o conjunto de<br />
serviços e entidades incumbidos<br />
de concretizar as atividades<br />
administrativas, ou seja, da<br />
execução das decisões políticas<br />
e legislativas. É por meio dela<br />
que ocorre a gestão dos serviços<br />
e interesses da sociedade na<br />
busca do bem comum.<br />
Para que tais atividades não<br />
desvirtuem as finalidades<br />
estatais, a Administração<br />
Pública se submete às normas<br />
constitucionais e às leis<br />
especiais.<br />
Todo esse aparato<br />
de normas objetiva a um<br />
comportamento ético e moral<br />
por parte de todos os agentes<br />
públicos que servem ao Estado.<br />
O Decreto nº 1.171/94 destaca<br />
que o servidor público não<br />
poderá jamais desprezar o<br />
elemento ético de sua conduta.<br />
Ele deve nortear<br />
seu comportamento pelos<br />
preceitos regrados no Código,<br />
que lhe deve servir como um<br />
estímulo. No entanto há uma<br />
divisão das esferas Penal,<br />
Administrativa e Ética, portanto<br />
o descumprimento das regras<br />
deste código não acarreta<br />
nenhuma responsabilidade<br />
administrativa do agente<br />
público.<br />
No setor público, todas<br />
as atividades realizadas pelo<br />
governo afetam a vida de um<br />
país. Por isso há a necessidade da<br />
aplicação constante dos valores<br />
éticos pelos servidores para que<br />
os cidadãos possam acreditar na<br />
eficiência dos serviços públicos<br />
prestados.<br />
Vale ressaltar a grande<br />
importância do servidor público,<br />
pois é ele quem executa o<br />
70 mundodaadministracao.com.br
papel de prestador de serviço<br />
à sociedade. Diante disso,<br />
prestar serviço à população<br />
com qualidade e dedicação<br />
deve ser sempre o seu principal<br />
objetivo.<br />
É missão dos servidores<br />
serem leais aos princípios éticos<br />
e às leis acima das vantagens<br />
financeiras do cargo e ou qualquer<br />
outro interesse particular, pois<br />
existem normas de conduta<br />
que os orientam para que não<br />
atuem com comportamentos em<br />
desacordo com os princípios<br />
administrativos.<br />
Esses comportamentos<br />
podem ser os desvios de<br />
recursos públicos, benefícios de<br />
programas que deveriam atender<br />
as necessidades dos cidadãos,<br />
produção de leis que vão contra<br />
os princípios da sociedade,<br />
corrupção, entre outros.<br />
As próprias leis possuem<br />
sanções e mecanismos que<br />
penalizam servidores públicos<br />
que agem em desacordo com<br />
suas atividades, um exemplo<br />
é a Lei de Responsabilidade<br />
Fiscal.<br />
No entanto existem<br />
os códigos que expressam<br />
os princípios e deveres dos<br />
servidores públicos como<br />
decoro, zelo, dignidade,<br />
eficácia e honra, além de outras<br />
aplicadas ao servidor. Suas<br />
atribuições têm como objetivo<br />
o bem-estar da população, bem<br />
como as proibições e punições<br />
derivadas do serviço irregular<br />
de suas funções, que remetem<br />
aos princípios fundamentais da<br />
Administração Pública.<br />
Atualmente o órgão<br />
que supervisiona e revisa as<br />
normas referentes à ética na<br />
Administração Pública Federal<br />
é a Comissão de Ética Pública,<br />
criada em 1999. Vejamos os<br />
princípios gerais do serviço<br />
público:<br />
• Os servidores públicos<br />
devem ser leais as suas<br />
Constituições, leis e<br />
princípios éticos acima dos<br />
interesses privados;<br />
• Os servidores não poderão<br />
ter interesses financeiros<br />
que causem conflitos<br />
ao desempenho de sua<br />
atividade;<br />
• Os servidores deverão<br />
usar de sigilo, não<br />
utilizando informações<br />
governamentais para<br />
seu próprio interesse. E<br />
também, não poderão fazer<br />
promessas não autorizadas<br />
que comprometam o<br />
governo.<br />
CONSIDERAÇÕES<br />
de grande relevância<br />
É que os gestores públicos<br />
estejam comprometidos com<br />
o combate à corrupção e aos<br />
comportamentos antiéticos,<br />
buscando a fomentação da ética<br />
no ambiente de trabalho.<br />
Sendo assim, a<br />
Administração Pública deve,<br />
cada vez mais, investir em<br />
ARTIGO<br />
preparação e atualização de<br />
seus agentes, com o objetivo<br />
de proporcionar condições de<br />
melhores técnicas e melhores<br />
meios de atingir um serviço de<br />
qualidade voltado ao interesse<br />
geral da sociedade.<br />
Também é importante<br />
destacar o bom gerenciamento<br />
do órgão de modo a favorecer<br />
relações saudáveis no ambiente<br />
profissional.<br />
A compreensão pelo<br />
servidor do significado e do<br />
resultado do trabalho que<br />
executa e do fim social de<br />
suas atividades, bem como<br />
a aproximação da satisfação<br />
pessoal pelas atividades<br />
profissionais que exerce é<br />
imprescindível para a ética.<br />
REFERENCIAS<br />
BOBBIO, Norberto; MATTEUCCI,<br />
Nicola; PASQUINO, Gianfranco.<br />
Dicionário de política. 2. Ed. Brasília:<br />
UNB, 1986.<br />
MATIAS-PEREIRA, J. M. Curso de<br />
Administração Pública: foco nas<br />
Instituições e Ações Governamentais.<br />
São Paulo: Atas, 2008.<br />
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito<br />
administrativo brasileiro. 29. Ed.<br />
São Paulo: Malheiros,<br />
2004.<br />
SOUZA , Rubens. Administração<br />
Pública. 3ª ed. São Paulo: Editora<br />
Áudio LT<strong>DA</strong>, 2010.<br />
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PENSAR & AGIR<br />
“<br />
“<br />
“ “<br />
O essencial da criatividade é não ter medo de<br />
fracassar.”<br />
Edwin H. Land (1909-1991), cientista e inventor norte-americano<br />
Estamos em uma era propícia para quem<br />
quebra regras, para aqueles que imaginamo o<br />
que até agora era impossível”<br />
Tom Peters, consultor e especialista em administração<br />
Tudo o que uma pessoa pode imaginar, outras<br />
podem tornar realidade<br />
Júlio Verne (1828-1905), escritor francês<br />
Quem ama não concede liberdade para o preconceito<br />
Leandro Doorneles, escritor brasileiro<br />
A criatividade exige coragem para deixar<br />
de lado a insegurança.<br />
Erich Fromm (1900-1980), psicológo e filósofo alemão<br />
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