2017_0619 - Revista LEVE 2a edição
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<strong>LEVE</strong> REVISTA DO HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ<br />
ED. 2 • MAR/MAI <strong>2017</strong><br />
<strong>LEVE</strong><br />
REVISTA DO HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ<br />
MAR/MAI <strong>2017</strong><br />
+<br />
CONVERSA<br />
O PIANISTA<br />
MARCELO<br />
BRATKE CONTA<br />
COMO FOI<br />
ENXERGAR PELA<br />
PRIMEIRA VEZ<br />
AOS 44 ANOS<br />
NA COZINHA<br />
A CHEF ROBERTA<br />
JULIÃO, DO CAFÉ<br />
DA FEIRA AO<br />
BAILE, TRAZ UMA<br />
RECEITA DE BOLO<br />
SAUDÁVEL<br />
MENTES<br />
CURIOSAS<br />
TIRE SUAS<br />
DÚVIDAS SOBRE<br />
TATUAGEM<br />
EXPERIÊNCIAS<br />
QUE TRANSFORMAM<br />
PESSOAS QUE ENFRENTARAM<br />
MOMENTOS DIFÍCEIS COM O APOIO E<br />
O CARINHO DOS ANIMAIS<br />
A ERA DAS<br />
SUPERMÁQUINAS<br />
COMO A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL<br />
VEM REVOLUCIONANDO NOSSAS<br />
VIDAS E O QUE PODEMOS ESPERAR<br />
DO FUTURO DESSA TECNOLOGIA
CONSELHO DELIBERATIVO<br />
Presidente do Conselho Deliberativo<br />
Marcelo Lacerda Soares Neto<br />
Vice-Presidente do Conselho Deliberativo<br />
Edgar Silva Garbade<br />
Conselheiros<br />
Bernardo Wolfson<br />
Dietmar Frank<br />
Julio Munoz Kampff<br />
Klaus von Heydebreck<br />
Lidia Goldenstein<br />
Mário Probst<br />
Mark Albrecht Essle<br />
Ronaldo Lemos<br />
CONSELHO FISCAL<br />
Presidente do Conselho Fiscal<br />
Michael Lehmann<br />
Vice-Presidente do Conselho Fiscal<br />
Weber Porto<br />
Conselheiros<br />
Beate Boltz<br />
Charles Krieck<br />
Ernesto Niemeyer Filho<br />
Kurt Hupperich<br />
CEO<br />
Paulo Vasconcellos Bastian<br />
Superintendente de<br />
Desenvolvimento Humano<br />
Cleusa Ramos Enck<br />
Superintendente de Educação e Ciências<br />
Dr. Jefferson Gomes Fernandes<br />
Superintendente Assistencial<br />
Fátima Silvana Furtado Gerolin<br />
Superintendente Médico<br />
Dr. Mauro Medeiros Borges<br />
Superintendente Operacional<br />
Dr. Fabio Futoshi Katayama<br />
Diretor Clínico<br />
Dr. Gilberto Turcato Junior<br />
Vice-Diretor Clínico<br />
Dr. Marcelo Ferraz Sampaio<br />
COMITÊ EDITORIAL<br />
Cleusa Ramos Enck<br />
Dr. Jefferson Gomes Fernandes<br />
Fátima Silvana Furtado Gerolin<br />
Dr. Mauro Medeiros Borges<br />
Dr. Fabio Futoshi Katayama<br />
GERÊNCIA DE MARKETING<br />
E COMUNICAÇÃO<br />
Melina Beatriz Gubser<br />
Coordenação Editorial<br />
Michelle Barreto<br />
Apoio Editorial<br />
Rafael Peciauskas e Sílvio César Carvalho<br />
Diretor Geral Douglas Monteiro<br />
Editora-Chefe Alana Della Nina<br />
Editor Marcos Diego Nogueira<br />
Diretor de Arte Danilo Costabile<br />
Produção Carol Lomelino<br />
Atendimento Ana Paula Alcantara<br />
Produção gráfica Sérgio Almeida<br />
Projeto editorial Alana Della Nina<br />
Projeto gráfico Danilo Costabile<br />
Realização Conteúdo Urbano<br />
Colaboram nesta edição: Texto André<br />
Julião, Dunia Schneider, Lígia Nogueira, Maitê<br />
Casacchi, Matthew Shirts, Maurício Dehó,<br />
Patrícia Haiat, Rodrigo Cardoso, Ronaldo<br />
Lemos Foto André Klotz, Claus Lehmann,<br />
Gustavo Scatena, Kiko Ferrite, Lars Norgaard<br />
e acervo do Hospital Ilustração Marquetto<br />
Revisão Maitê Casacchi<br />
Tiragem 10.000 exemplares<br />
Contato: revistaleve@haoc.com.br<br />
Abusca incessante por uma vida melhor<br />
tem motivado o homem a desenvolver<br />
novas ferramentas ao longo dos séculos.<br />
Os avanços da tecnologia são a<br />
prova de que é possível inovar sempre<br />
com soluções que facilitam o dia a dia<br />
das pessoas e das organizações – caso<br />
do tema da nossa matéria de capa, que<br />
aborda a evolução da inteligência artificial<br />
(IA), ciência que busca humanizar<br />
as máquinas, tornando-as mais autônomas<br />
na resolução de problemas.<br />
De origem grega, a palavra tecnologia é uma junção de dois termos:<br />
téchne (arte, técnica, ofício) e logos (estudo, conhecimento).<br />
Partindo dessa premissa, faz mais sentido enxergá-la além do avanço<br />
de aparatos eletrônicos: é preciso entender a tecnologia como<br />
evolução. Seja por meio do aperfeiçoamento de técnicas ou pela<br />
criação de ferramentas, o objetivo é, invariavelmente, mudar a vida<br />
das pessoas para melhor.<br />
Aplicada à saúde e seus muitos campos de abrangência, tecnologias<br />
como a inteligência artificial têm o poder de causar grandes<br />
transformações, gerando impacto na sociedade. E, por acreditar que<br />
a tecnologia é um ponto-chave para revolucionar a medicina, proporcionando<br />
os melhores resultados em terapêuticas e qualidade de<br />
vida para todos, o Hospital Alemão Oswaldo Cruz busca se reinventar<br />
para evoluir continuamente e contribuir para o avanço sistêmico da<br />
saúde do país. Com esse propósito, a Instituição tem intensificado os<br />
investimentos na área em pesquisa e tecnologia para inovar sempre.<br />
Esperamos que você goste deste segundo número.<br />
Um abraço e boa leitura,<br />
Equipe <strong>Revista</strong> <strong>LEVE</strong><br />
Editorial
9<br />
6 Colunas<br />
Estar Bem<br />
Ronaldo Lemos, nosso colunista<br />
convidado, fala sobre como usar<br />
a tecnologia a favor da saúde<br />
Comer Bem<br />
A nutricionista das estrelas<br />
Patrícia Haiat lista os alimentos<br />
ideais para cada fase da vida<br />
9 Por aí<br />
Museus que não estão no<br />
circuito mais conhecido de<br />
São Paulo, mas valem –<br />
e muito – a sua visita<br />
NO DIGITAL<br />
Este ícone significa que a matéria que você<br />
está lendo também tem vídeo na <strong>LEVE</strong> digital.<br />
Baixe já! O aplicativo gratuito está disponível<br />
para iOS e Android.<br />
Você<br />
na <strong>LEVE</strong><br />
Nossos leitores contam o<br />
que acharam da primeira<br />
edição da revista<br />
14 Inovação<br />
Lançamentos que deixam a vida mais fácil, prática e<br />
tecnológica: o termômetro superpreciso, a pulseira<br />
saudável e a caixa de som mais moderna do momento<br />
16 Curadoria<br />
Com a ajuda do cantor e compositor Ivan Lins,<br />
selecionamos boas opções em livros, álbuns,<br />
filmes e internet<br />
20 Capa<br />
O futuro da inteligência artificial, ciência que visa<br />
revolucionar cada vez mais nossas vidas.<br />
Na contramão, o biohacking, que promete<br />
aumentar as capacidades humanas<br />
Sumário<br />
26 Horizontes<br />
Nossa seleção vai levá-lo a um mergulho em<br />
quatro dos mares e rios mais bonitos do mundo<br />
30 Conversa<br />
O pianista Marcelo Bratke conta o que mudou<br />
em sua vida após a cirurgia que lhe deu a<br />
visão, aos 44 anos<br />
34 Tech<br />
De que maneira os aplicativos estão mudando a<br />
forma como cuidamos da saúde e estreitando a<br />
relação entre médicos e pacientes<br />
38 Raio X<br />
Conheça o be-a-bá dos nutrientes essenciais para<br />
a manutenção da saúde e da qualidade de vida<br />
42 Em Movimento<br />
Quer começar a correr? Antes, confira as dicas do<br />
nosso ortopedista para praticar com segurança<br />
este esporte<br />
46 Na Cozinha<br />
A chef Roberta Julião, do café Da Feira ao Baile,<br />
aceita o desafio saudável e, com a ajuda do chef<br />
do Hospital, dá cara nova para sua receita de bolo<br />
de melado com especiarias<br />
48 Especial Saúde<br />
Nosso especialista em hérnia abdominal discute o<br />
problema e o tratamento<br />
26<br />
Olá,<br />
Gostei muito da revista <strong>LEVE</strong>. Conteúdo muito<br />
agradável, realmente leve! Conheço muitas<br />
revistas de outros hospitais, mas nenhuma, até<br />
agora, atingiu este nível (na minha modesta<br />
avaliação). A <strong>Revista</strong> <strong>LEVE</strong> está 100% na frente.<br />
Parabéns à equipe!<br />
ELAINE COIMBRA, DE SÃO PAULO, VIA E-MAIL<br />
Que delícia, Dr. Lee! Adorei. Vou fazer.<br />
Obrigada pela receita.<br />
VILMA LÚCIA SHIRAISHI, DE SÃO PAULO,<br />
VIA FACEBOOK<br />
Parabéns pela iniciativa!<br />
RITA VENTURA, DE SÃO PAULO, VIA FACEBOOK<br />
LEITORES DA<br />
<strong>LEVE</strong><br />
Quer comentar, opinar ou sugerir?<br />
Mande seu e-mail para:<br />
revistaleve@haoc.com.br<br />
20<br />
Fotos: Nelson Kon / Lars Norgaard / Shutterstock<br />
52 Destinos<br />
Encante-se com as ilhas dos Açores, em Portugal<br />
56 Mentes Curiosas<br />
Tudo o que você sempre quis saber<br />
sobre tatuagem<br />
58 Experiências<br />
que Transformam<br />
Histórias de pessoas que contaram com a ajuda de<br />
animais para superar momentos difíceis<br />
62 Por Dentro do Hospital<br />
O Hospital Alemão Oswaldo Cruz dá continuidade<br />
ao seu plano de expansão<br />
66 Crônica<br />
Matthew Shirts, o cronista desta edição, conta por<br />
que trocou o carro pelo pedestrianismo<br />
52<br />
4 <strong>LEVE</strong> 02 . MAR/MAI <strong>2017</strong><br />
5
RONALDO LEMOS<br />
é mestre em direito pela Harvard, diretor do<br />
ITSrio.org e pesquisador do MIT Media Lab no<br />
Brasil. Integra, ainda, o Conselho Deliberativo<br />
do Hospital Alemão Oswaldo Cruz<br />
Estar bem<br />
DO SOFÁ A 5 QUILÔMETROS EM 9 SEMANAS<br />
A<br />
TECNOLOGIA MUDOU TODAS AS<br />
DIMENSÕES DA VIDA HUMANA.<br />
COM A SAÚDE NÃO PODERIA<br />
SER DIFERENTE. A FORMA COMO<br />
NOS CONECTAMOS À REDE E<br />
OS SERVIÇOS QUE CHEGAM<br />
POR MEIO DELA MODIFICARAM<br />
A MANEIRA COMO PENSAMOS<br />
NOSSO BEM-ESTAR.<br />
Um exemplo acontece no território da prevenção. Sem alarde,<br />
presenciamos a popularização de aparelhos para medir a prática<br />
de atividade física. São muitos os exemplos: Fitbit, Jawbone,<br />
Moov etc. São dispositivos que incentivam uma relação mais objetiva<br />
com a saúde, baseada em dados. Estimulam a prática de exercícios<br />
(caminhadas, corridas e pedalada) e também o acompanhamento<br />
da alimentação, repouso, batimentos cardíacos e mais.<br />
Em outras palavras, são propulsores de comportamentos saudáveis.<br />
Não é incomum usuários postarem em suas redes sociais<br />
a atividade física praticada a cada dia, usando os dados desses<br />
aparelhos. Essa iniciativa é não só um orgulho pessoal, mas um<br />
poderoso incentivo (baseado em peer-pressure) para que outras<br />
pessoas do círculo social façam o mesmo.<br />
Lembrando que não é preciso nem comprar um aparelho especial.<br />
O próprio celular, com seu conjunto de sensores, torna-se<br />
um excelente incentivador de hábitos saudáveis com os aplicativos<br />
certos. Um dos meus favoritos chama-se Couch to 5k (“Do<br />
Sofá aos 5 Quilômetros”). Ele cria um programa de atividades<br />
para sedentários. Se seguido por 9 semanas (são 20 a 30 minutos<br />
por dia), leva a pessoa a completar uma corrida de 5 quilômetros.<br />
É claro que, antes de começar a praticar exercícios, é<br />
sempre bom consultar o médico. A partir daí, a tecnologia tornase<br />
parceira de toda hora.<br />
Ilustrações: Shutterstock<br />
A ALIMENTAÇÃO E AS FASES DA VIDA<br />
C<br />
PATRICIA DAVIDSON HAIAT<br />
é conhecida como a nutricionista<br />
das estrelas e é membro do Centro<br />
Brasileiro de Nutrição Funcional e do<br />
Institute for Functional Medicine<br />
RIANÇAS ESTÃO EM FASE DE<br />
CRESCIMENTO, ADOLESCENTES PASSAM<br />
POR MUDANÇAS HORMONAIS, ADULTOS<br />
ESTÃO NO AUGE DA FERTILIDADE E<br />
IDOSOS ENFRENTAM AS MUDANÇAS<br />
METABÓLICAS.<br />
Como cada faixa etária possui uma característica diferente, é preciso investir<br />
com cuidado na alimentação, para garantir o fornecimento de nutrientes<br />
em níveis adequados. Conseguir conciliá-los nas refeições em família pode ser<br />
um desafio, mas truques como mudar a forma de preparo e ter criatividade na<br />
cozinha são fundamentais para criar uma memória afetiva e reforçar os laços<br />
familiares junto à comida.<br />
Recomendo, a seguir, os tipos de alimentos ideais para cada fase da vida.<br />
• 0 a 2 anos. O leite materno contém todos os nutrientes e anticorpos necessários<br />
para o bebê até os 6 meses de idade. Depois, podem ser introduzidos alimentos complementares,<br />
como frutas, legumes, raízes e proteína animal.<br />
• 2 a 11 anos. Deve-se investir na variedade para garantir o consumo de diversos<br />
nutrientes, principalmente proteínas (frango, peixe, carne, ovos) e carboidratos<br />
(frutas, arroz, batata, inhame, aipim).<br />
• 12 a 20 anos. O aumento acelerado de peso e estatura demanda mais energia<br />
e nutrientes. O típico arroz com feijão, bife e legumes é uma boa opção de refeição<br />
principal. É importante não exagerar em alimentos que combinem açúcar e gordura.<br />
• 20 a 30 anos. O indicado é manter uma dieta equilibrada e variada. Nos lanches<br />
intermediários, frutas e oleaginosas são boas opções. Nas refeições, reduzir o consumo<br />
de carboidrato para equilibrar a menor queima calórica.<br />
• 30 a 40 anos. Há maior acúmulo de gordura localizada. Vale investir em alimentos<br />
termogênicos, como pimenta, canela e gengibre. Opte por ingredientes<br />
naturais e orgânicos, vegetais variados e proteínas magras.<br />
• 40 a 60 anos. Priorize boas fontes de cálcio e magnésio como brócolis, couve<br />
e gergelim. Reforce o consumo de amêndoas, castanhas e avelãs, que contêm<br />
ômega 3. As frutas vermelhas e roxas têm antocianinas, que retardam o envelhecimento<br />
da pele e protegem o coração.<br />
• Terceira idade (a partir de 60 anos). Beba muita água e consuma proteínas<br />
(carne magra, peixes, aves) e folhas verde-escuras. Sopas variadas, com legumes<br />
e hortaliças, são ótimas opções de jantar.<br />
Comer bem<br />
6 <strong>LEVE</strong> 02 . MAR/MAI <strong>2017</strong><br />
7
MUSEU DA IMIGRAÇÃO<br />
As suas origens remetem a<br />
1887, ano em que foi fundada a<br />
Hospedaria de Imigrantes, local<br />
que tinha como função acolher<br />
e encaminhar ao trabalho<br />
viajantes trazidos pelo<br />
governo. Fechada em 1978, a<br />
Hospedaria recebeu cerca de<br />
2,5 milhões de pessoas de mais<br />
de 70 nacionalidades<br />
Por aí<br />
Bons programas para<br />
aproveitar o melhor<br />
de São Paulo<br />
FÁCIL ACESSO<br />
O museu fica próximo às<br />
estações Bresser e Brás<br />
do metrô<br />
HISTÓRIA<br />
É o principal responsável pela<br />
preservação da memória das pessoas<br />
que chegaram ao Brasil em meados do<br />
século 19 e 20<br />
CONSTRUÇÃO<br />
De arquitetura centenária, o<br />
museu conta com uma parede<br />
de madeira onde se encontram<br />
mais de 14 mil sobrenomes de<br />
pessoas que passaram pela<br />
antiga hospedaria<br />
Foto: André Savastano<br />
A arte da cidade<br />
Museus não faltam em São Paulo. Pelo contrário: quando você acha<br />
que já viu todos, fica sabendo de outros, menos badalados, mas tão<br />
interessantes quanto. Para você não perder nada, selecionamos museus<br />
fora do circuito conhecido que merecem a visita<br />
POR MAITÊ CASACCHI<br />
9
Por aí<br />
Catavento Cultural<br />
Por aí<br />
Se engana quem pensa que o Catavento é só para crianças.<br />
Apesar da forte vocação para o ensino de ciências, o espaço,<br />
que ocupa 9 mil metros quadrados do histórico Palácio das<br />
Indústrias, é um ótimo programa também para quem já passou<br />
da idade escolar. Em suas quatro seções – Universo, Vida,<br />
Engenho e Sociedade –, espalhadas em 250 instalações, é<br />
possível saber mais sobre meteoritos, o interior da Terra, as<br />
viagens do homem à Lua, Darwin, fotossíntese, ondas sonoras,<br />
eletromagnetismo, nanotecnologia e preservação do planeta,<br />
dentre vários outros assuntos. Interatividade é um dos pontos<br />
fortes do museu, por isso, se prepare para uma viagem no<br />
tempo com a exposição Dinos do Brasil, que, por meio da<br />
realidade virtual, apresenta aos visitantes os dinossauros que<br />
viveram no território onde hoje é o nosso país. E mais: explore<br />
o interior de uma caverna, entre em uma bolha de sabão e<br />
teste sua força em um experimento de mecânica.<br />
ONDE FICA: Avenida Mercúrio, s/n,<br />
Parque Dom Pedro II<br />
HORÁRIOS: terça a domingo, das<br />
9h às 16h (permanência até as 17h)<br />
PREÇO: R$ 6<br />
Museu do<br />
Futebol<br />
ONDE FICA: Rua<br />
Visconde de Parnaíba, 1316<br />
HORÁRIOS: terça a<br />
sábado, das 9h às 17h, e<br />
domingo, das 10h às 17h<br />
PREÇO: R$ 6 (gratuito<br />
aos sábados)<br />
Museu da Imigração do<br />
Estado de São Paulo<br />
Mais conhecido como Memorial do Imigrante, o museu ocupa hoje o prédio onde<br />
funcionou a Hospedaria dos Imigrantes, que alojou viajantes recém-chegados ao Brasil<br />
para trabalhar nas fazendas do interior paulista, entre os anos 1880 e 1970. A visita ao<br />
ONDE FICA:<br />
museu é uma viagem de volta a esse tempo, com o passeio de maria-fumaça Av. e Paulista, os cômodos 1578<br />
que reproduzem a hospedaria original. Mas a casa não fica só na história: as exposições<br />
permanentes e temporárias convidam o público a refletir sobre a imigração e o encontro HORÁRIOS: de<br />
Aos domingos, das 10h às 17h<br />
culturas proporcionado por esse fenômeno mundial – tema extremamente atual.<br />
Fotos: Divulgação / Shutterstock<br />
Instalado dentro de um estádio de<br />
futebol, o Pacaembu, este museu leva o<br />
visitante-torcedor a uma “peregrinação”<br />
pela história do esporte. E de forma<br />
lúdica: as 16 salas de exposição contam<br />
com recursos audiovisuais (como<br />
projeções, narrações e imagens em<br />
3D) que tornam o passeio bastante<br />
interativo. Merece destaque a sala<br />
Copas do Mundo, que, além de exaltar<br />
a participação da Seleção Brasileira<br />
em todas as edições do torneio e<br />
a conquista de cinco títulos, dá um<br />
panorama político e cultural de cada<br />
Copa, globalmente e no país onde foi<br />
realizada. O museu disponibiliza também<br />
um Centro de Referência, com biblioteca,<br />
midiateca e banco de dados online, só<br />
sobre o esporte.<br />
ONDE FICA: Praça Charles Miller, s/n<br />
HORÁRIOS: terça a domingo, das 10h às 18h<br />
(horários diferenciados em dias de jogo no estádio)<br />
PREÇO: R$ 10 (gratuito aos sábados)<br />
10<br />
<strong>LEVE</strong> 02 . MAR/MAI <strong>2017</strong><br />
11
Por aí<br />
Por aí<br />
ONDE FICA:<br />
Parque do Ibirapuera,<br />
Avenida Pedro Álvares<br />
Cabral, s/n, portão 10<br />
Casa-Museu<br />
Ema Klabin<br />
Tarsila do Amaral, Victor Brecheret,<br />
Lasar Segall e Marc Chagall estão<br />
entre os atrativos desta casa<br />
construída nos anos 1950 para<br />
abrigar a coleção de arte da<br />
empresária Ema Klabin, e que hoje<br />
é uma fundação aberta a visitação.<br />
Além de consagrados artistas<br />
brasileiros e europeus, o acervo, de<br />
cerca de 1.500 obras, dispõe também<br />
de arte africana, pré-colombiana<br />
e oriental, peças de mobiliário e<br />
prataria. Mas, se ainda faltar motivos<br />
para visitar os cerca de 900 metros<br />
quadrados da Casa-Museu, fique<br />
de olho na intensa agenda de<br />
encontros, oficinas e palestras que<br />
a instituição disponibiliza.<br />
ONDE FICA: Rua Portugal, 43<br />
HORÁRIOS: quarta a domingo, das 14h às 17h<br />
(permanência até as 18h)<br />
PREÇO: R$ 10 (gratuito aos fins de semana)<br />
Museu Brasileiro de<br />
Escultura – MuBE<br />
ONDE FICA:<br />
Avenida Europa,<br />
218<br />
HORÁRIOS:<br />
terça a domingo,<br />
das 10h30 às 18h<br />
PREÇO: Gratuito<br />
Só o edifício no qual o MuBE está instalado já vale a visita. Projetado<br />
por Paulo Mendes da Rocha, o prédio, todo em concreto aparente,<br />
tem espaço expositivo ao ar livre, com grandes esculturas que fazem<br />
parte de seu acervo, e jardim assinado por Burle Marx. No subsolo,<br />
três salas acolhem mostras de fotografia e pintura e garantem<br />
o silêncio e a quietude que todo apreciador de arte deseja. Com<br />
uma tradicional Feira de Antiguidade e Design aos domingos e<br />
diversas exposições gratuitas ao longo do ano, o MuBE tem ainda<br />
outro chamariz: ele é vizinho ao Museu da Imagem e do Som, o que<br />
possibilita que seu passeio se torne um agradável “dois em um”.<br />
Fotos: Nelson Kon / Divulgação<br />
HORÁRIOS:<br />
terça a domingo, das 10h às<br />
17h (permanência até as 18h)<br />
PREÇO: R$ 6<br />
Museu Afro Brasil<br />
Localizado no Parque do Ibirapuera, em construção projetada por Oscar Niemeyer, o museu é<br />
uma verdadeira viagem pela identidade brasileira, observada pelo viés das influências africanas.<br />
Entre suas 6 mil peças encontram-se gravuras, esculturas, fotografias, pinturas e documentos<br />
históricos, que falam sobre a religião, a escravidão, a arte e o trabalho africanos e afrobrasileiros.<br />
Obras nacionais e estrangeiras, produzidas do século 18 até a atualidade, compõem o acervo. Além<br />
das exposições temporárias e de longa duração, o local conta com um teatro e uma biblioteca,<br />
especializada nos temas do tráfico de escravos e da abolição da escravatura.<br />
12<br />
<strong>LEVE</strong> 02 . MAR/MAI <strong>2017</strong><br />
13
Inovação<br />
Inovação<br />
Sons do futuro<br />
Não é de hoje que a marca<br />
dinamarquesa Bang & Olufsen<br />
é sinônimo de pureza sonora e<br />
design inovador. E as caixas de<br />
som BeoSound1 são prova de que a<br />
companhia continua surpreendendo<br />
no que diz respeito a essas duas<br />
características. Seu formato cônico<br />
permite que as batidas dos graves<br />
soem de forma a oferecer uma<br />
experiência sonora em 360 graus.<br />
Além disso, as múltiplas opções<br />
de conectividade, como Bluetooth,<br />
AirPlay e Google Cast, permitem<br />
acesso rápido à maioria dos<br />
dispositivos móveis e aplicativos de<br />
música mais atuais. Um sensor de<br />
presença posiciona automaticamente<br />
o aparelho na direção do usuário. É<br />
um passo à frente na já prazerosa<br />
experiência de escutar as suas<br />
músicas favoritas.<br />
Preço: 1.295 €<br />
bang-olufsen.com<br />
Totalmente wireless,<br />
permite reproduzir<br />
áudio de qualquer<br />
lugar da casa com alta<br />
performance.<br />
Oferece acesso<br />
integrado a<br />
serviços de<br />
música como<br />
Spotify e Deezer,<br />
ou às rádios do<br />
Tune In.<br />
Seu driver acústico<br />
se localiza no topo<br />
das caixas, criando<br />
uma experiência de<br />
som esférica em<br />
360 graus.<br />
Sensores de<br />
proximidade<br />
fazem com<br />
que operações<br />
básicas, como<br />
ajuste de volume,<br />
sejam controladas<br />
intuitivamente.<br />
16 sensores<br />
infravermelhos<br />
proporcionam<br />
medição precisa<br />
em apenas dois<br />
segundos.<br />
Seu aplicativo<br />
para smartphone<br />
armazena dados<br />
da saúde dos<br />
usuários e monta<br />
uma linha do tempo<br />
com o registro<br />
dos sintomas e<br />
outras informações<br />
relevantes.<br />
A tela mostra<br />
a temperatura<br />
do paciente e<br />
também, por meio<br />
de indicativos<br />
coloridos, a<br />
necessidade<br />
de tratamento<br />
imediato.<br />
Em boa<br />
companhia<br />
De olho na febre<br />
Precisão e velocidade no diagnóstico<br />
são elementos fundamentais quando<br />
falamos de saúde, e o Withings Thermo,<br />
da Nokia, é uma evolução nesses dois<br />
quesitos: trata-se de um termômetro de<br />
alta precisão que possui um sensor que<br />
encontra o ponto mais quente da testa –<br />
onde está localizada a artéria temporal –,<br />
oferecendo, instantaneamente, a leitura<br />
exata da temperatura. Customizado<br />
de acordo com a idade e o perfil do<br />
usuário, o gadget não só relata o nível<br />
de temperatura, mas analisa sintomas<br />
relacionados e notifica a possível<br />
urgência de atendimento médico – tudo<br />
em um aplicativo que você pode baixar<br />
no seu celular.<br />
Preço: 99,95 €<br />
withings.com/eu/en/products/thermo<br />
Cada carga de<br />
bateria tem<br />
duração de<br />
cinco dias.<br />
O GPS mapeia<br />
as atividades<br />
físicas e envia<br />
as informações<br />
diretamente para<br />
o smartphone.<br />
Fotos: Divulgação<br />
A pulseira esportiva que é uma<br />
verdadeira companheira de<br />
quem faz exercícios. Assim é a<br />
Fitbit Charge 2, que, com sua<br />
tela de fácil visualização, mostra<br />
informações como o número<br />
de batimentos cardíacos e o<br />
gasto calórico. Conectada a um<br />
aplicativo para smartphone,<br />
ela ainda sincroniza agenda e,<br />
por meio de um GPS, mapeia<br />
suas atividades físicas, levando<br />
em conta dados como o peso,<br />
a altura e a idade. Ainda<br />
apresenta a função Relax, com<br />
exercícios de respiração de até<br />
cinco minutos para a hora de<br />
repouso, e revela a quantidade e<br />
a qualidade do sono do usuário.<br />
Preço: US$ 149<br />
fitbit.com/charge2<br />
Conectada a um aplicativo, a<br />
pulseira esportiva monitora<br />
batimentos cardíacos, qualidade<br />
do sono e gasto calórico, e, entre<br />
outras funções, sincroniza agenda,<br />
ligações e alertas.<br />
14<br />
<strong>LEVE</strong> 02 . MAR/MAI <strong>2017</strong><br />
15
Curadoria<br />
Curadoria<br />
FILMES<br />
FILME<br />
Ivan escolhe<br />
Convidado desta edição, o<br />
músico Ivan Lins indica o<br />
filme Cinema Paradiso, do<br />
diretor Giuseppe Tornatore,<br />
como uma de suas<br />
preferências culturais<br />
ALIADOS<br />
Uma dupla de espiões (Brad Pitt e Marion<br />
Cotillard) em missão para eliminar um<br />
embaixador nazista se apaixona e decide se<br />
casar. Tudo vai bem até vir à tona a suspeita<br />
de uma ligação dela com os alemães.<br />
MÚSICA<br />
INTERNET, O FILME<br />
Uma convenção de<br />
youtubers rende inúmeros<br />
conflitos entre pessoas que<br />
possuem um objetivo em<br />
comum: a fama.<br />
JACKIE<br />
Natalie Portman revela a história<br />
de Jacqueline Kennedy e os dias<br />
que sucederam o assassinato de<br />
seu marido, John F. Kennedy, então<br />
presidente dos Estados Unidos.<br />
TRAINSPOTTING 2<br />
Já se vão 20 anos<br />
desde a primeira<br />
aventura da turma de<br />
Mark Renton (Ewan<br />
McGregor). Nessa<br />
continuação, ele e<br />
seus três amigos<br />
se envolvem com o<br />
mercado britânico<br />
da pornografia.<br />
G T’AIME<br />
A estreia do grupo capitaneado<br />
pela cantora, compositora e<br />
modelo Geanine Marques é<br />
recheada de delicadas músicas de<br />
amor cantadas em inglês.<br />
LANÇADA EM 1988,<br />
a saga italiana que relata<br />
a amizade entre o menino<br />
Toto e o projecionista de sua<br />
pequena cidade, Alfredo, é uma<br />
verdadeira ode ao cinema e<br />
às delicadezas das relações<br />
humanas. A película caiu nas<br />
graças do cantor, pianista<br />
e compositor Ivan Lins não<br />
apenas pela sensibilidade de<br />
sua história, mas também pelos<br />
climas sonoros propostos ao<br />
longo da obra: “É um filme<br />
delicado e com uma das mais<br />
belas trilhas que já ouvi”, conta<br />
o compositor, referindo-se às<br />
músicas de Ennio Morricone<br />
feitas especialmente para o<br />
longa-metragem dirigido pelo<br />
italiano Giuseppe Tornatore, de<br />
Malèna e Estamos Todos Bem.<br />
“Cinema Paradiso conta uma<br />
história emocionante”, diz Ivan.<br />
IVAN LINS<br />
é músico e compositor, autor<br />
de sucessos como “Madalena”<br />
e “Depende de Nós”<br />
Fotos: Divulgação<br />
ARTHUR VEROCAI<br />
NO VOO DO URUBU<br />
Um dos maiores maestros e<br />
arranjadores brasileiros, Verocai<br />
volta com um disco inédito<br />
após oito anos, com arranjos<br />
sofisticados e as participações<br />
especiais de Criolo e Mano Brown.<br />
THE XX<br />
I SEE YOU<br />
A dupla britânica Romy<br />
Madley Croft e Oliver Sim – o<br />
XX – prova, em seu recémlançado<br />
terceiro álbum, que<br />
o indie pop é assunto sério.<br />
FANTASTIC NEGRITO<br />
THE LAST DAYS OF OAKLAND<br />
A banda aposta nas raízes do rock para fazer uma sonoridade<br />
própria e o álbum foi indicado ao Grammy como o melhor de<br />
blues contemporâneo de 2016.<br />
DICA<br />
DO<br />
IVAN<br />
CHICO BUARQUE<br />
CONSTRUÇÃO<br />
“Em especial, a música ‘Olha Maria’.<br />
Nela, a melodia de Tom [Jobim] é<br />
uma das mais belas que já ouvi. E a<br />
letra de Chico é primorosa.”<br />
16<br />
<strong>LEVE</strong> 02 . MAR/MAI <strong>2017</strong><br />
17
Curadoria<br />
LIVROS<br />
DICA<br />
DO<br />
IVAN<br />
QUELÉ, A VOZ DA<br />
COR – BIOGRAFIA<br />
DE CLEMENTINA<br />
DE JESUS<br />
A primeira biografia<br />
completa da cantora<br />
brasileira é lançada 30<br />
anos após a sua morte.<br />
Ed. Civilização Brasileira<br />
POR QUE FAZEMOS O<br />
QUE FAZEMOS?<br />
O filósofo e escritor Mario<br />
Sergio Cortella desvenda<br />
as principais e mais<br />
comuns preocupações<br />
das pessoas com relação<br />
ao trabalho.<br />
Ed. Planeta<br />
O ANO EM QUE DISSE<br />
SIM – COMO DANÇAR,<br />
FICAR AO SOL E SER<br />
SUA PRÓPRIA PESSOA<br />
Questionada por sempre<br />
dizer não, Shonda<br />
Rhimes, produtora das<br />
séries Grey’s Anatomy<br />
e Scandal, impôs para si<br />
o desafio de passar um<br />
ano dizendo sim. E, agora,<br />
conta em livro como foi a<br />
experiência.<br />
Ed. Best Seller<br />
BURACOS NEGROS<br />
O físico Stephen Hawking<br />
publica sua teoria<br />
sobre um dos maiores<br />
mistérios do universo: os<br />
buracos negros.<br />
Ed. Intrínseca<br />
LIVRO DOS ABRAÇOS<br />
“Eduardo Galeano coloca<br />
nesse livro contos e<br />
crônicas plenos de uma<br />
mensagem bela, muitas<br />
vezes instrutiva, para se<br />
olhar a vida de uma forma<br />
mais bonita.”<br />
Ed. L&PM<br />
APPS<br />
CAFÉ BRASIL<br />
Um ótimo jeito de se<br />
manter informado<br />
sobre política, música,<br />
filosofia e atualidades<br />
em geral.<br />
portalcafebrasil.com.br<br />
LEITOR CABULOSO<br />
Aqui a literatura é debatida por quem entende: escritores e<br />
leitores assíduos. leitorcabuloso.com.br<br />
NÃO OUVO<br />
Conversas descontraídas e cheias de bom humor com convidados<br />
que falam sobre o que há de mais atual no mundo digital.<br />
naosalvo.com.br/category/nao-ouvo<br />
NETFLIX<br />
“Costumo usar a Netflix com frequência,<br />
por causa das séries e dos filmes. A oferta é<br />
substanciosa.” netflix.com<br />
DICA<br />
DO<br />
IVAN<br />
Fotos: Divulgação<br />
18<br />
<strong>LEVE</strong> 02 . MAR/MAI <strong>2017</strong>
Capa<br />
TECNOLOGIA QUE SE RENOVA E NÃO PARA DE EVOLUIR,<br />
A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL ALCANÇA NOVOS PATAMARES,<br />
SOBRETUDO NA ÁREA DA SAÚDE. ENTENDA O QUE VEM PELA<br />
FRENTE E O QUE PODE MUDAR NA NOSSA VIDA<br />
POR ANDRÉ JULIÃO<br />
Foto: Shutterstock<br />
20 <strong>LEVE</strong> 02 . MAR/MAI <strong>2017</strong><br />
21
Capa<br />
ocê já deve ter se<br />
surpreendido com uma situação como a seguinte:<br />
ao pesquisar um destino para as suas próximas férias,<br />
surge justamente um anúncio de ofertas de<br />
passagens na sua página do Facebook. Esse processo,<br />
cada vez mais rápido e preciso, só é possível<br />
por conta da inteligência artificial (IA), tecnologia<br />
que busca recriar nas máquinas a inteligência humana<br />
e a capacidade de pensar de forma independente,<br />
também conhecida por computação cognitiva.<br />
Mas anúncios direcionados, rotas de aplicativos<br />
de mapas e até o foco automático da máquina fotográfica<br />
são aplicações já bastante corriqueiras<br />
da IA. O que vem por aí era, até pouco tempo, coisa<br />
de ficção científica.<br />
Carros autônomos, que não precisam de um motorista<br />
humano, por exemplo, já são uma realidade<br />
em algumas partes dos Estados Unidos. Sua disseminação<br />
poderá poupar milhões de vidas futuramente,<br />
perdidas todos os anos em acidentes automobilísticos.<br />
Ainda a serviço da saúde e qualidade<br />
de vida, a IA já está atuando também diretamente<br />
nos hospitais. “Na área da saúde, ela pode melhorar<br />
os diagnósticos e os tratamentos, além de auxiliar<br />
na redução de erros”, diz o Prof. Dr. Jefferson<br />
Gomes Fernandes, superintendente de Educação<br />
e Ciências do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Em<br />
março, ele foi palestrante na Conferência MEDinIS-<br />
RAEL, um dos mais importantes eventos do mundo<br />
sobre healthcare e novas tecnologias e equipamentos<br />
hospitalares e médicos, no qual a inteligência<br />
artificial foi amplamente abordada. “A capacidade<br />
de processamento e absorção volumosa de informações,<br />
associada à possibilidade de aprendizado,<br />
faz com que a IA seja uma grande auxiliar dos médicos<br />
e profissionais da saúde”, diz o especialista.<br />
MÁQUINAS PODEROSAS<br />
Atualmente, o supercomputador Watson, da IBM, é<br />
um dos mais requisitados nessa área. Em 2011, ele<br />
ficou conhecido ao vencer participantes de um programa<br />
de perguntas e respostas. Desde então, vem<br />
aumentando sua capacidade de absorver informações<br />
e dar soluções rápidas em áreas que vão desde<br />
a culinária até as últimas descobertas sobre o câncer.<br />
No ano passado, pesquisadores da Universidade<br />
de Tóquio, no Japão, divulgaram ter salvo uma mulher<br />
graças ao Watson. A paciente, com leucemia, não<br />
Fotos: Shutterstock<br />
“<br />
Na área da saúde, a inteligência<br />
artificial pode melhorar os<br />
diagnósticos e os tratamentos,<br />
além de auxiliar na redução de erros”<br />
WATSON IBM<br />
O sistema cognitivo da IBM,<br />
um ícone da inteligência<br />
artificial, trabalha cada vez<br />
mais a serviço da saúde. A<br />
unidade IBM Watson Health<br />
do Brasil vem firmando<br />
parcerias com hospitais,<br />
universidades, institutos de<br />
pesquisa e startups<br />
22<br />
<strong>LEVE</strong> 02 . MAR/MAI <strong>2017</strong><br />
23
Capa<br />
havia respondido satisfatoriamente ao tratamento.<br />
Os médicos, então, forneceram informações genéticas<br />
dela ao supercomputador, que as cruzou com<br />
milhões de dados sobre câncer disponibilizados por<br />
institutos de pesquisas internacionais e em artigos<br />
científicos. Em dez minutos, o Watson detectou mutações<br />
genéticas típicas de um outro tipo de leucemia,<br />
bastante raro. Em pouco tempo, o tratamento<br />
dela foi bem-sucedido.<br />
“A informação médica disponível no mundo dobra<br />
a cada 73 dias. É impossível para um humano<br />
se manter tão atualizado”, explica Eduardo Cipriani,<br />
líder da unidade IBM Watson Health no Brasil. “Por<br />
isso, queremos ajudar a otimizar a área de saúde<br />
como um todo”, diz o executivo. Além de hospitais<br />
e universidades, a empresa tem parcerias com a<br />
indústria farmacêutica, institutos de pesquisa e<br />
startups. Uma delas é a brasileira Laura Networks.<br />
Criada no ano passado, seu primeiro sucesso foi um<br />
sistema de gerenciamento de risco de ocorrência<br />
de infecção generalizada, a sepse. “A Laura analisa<br />
as informações do prontuário médico e avisa o grau<br />
de risco de cada paciente desenvolver a sepse”, diz<br />
Marcelino Costa, CEO da empresa. Com isso, previne<br />
a ocorrência da infecção, que, no Brasil, mata<br />
250 mil pessoas por ano. Outras versões fazem,<br />
ainda, gerenciamento de bancos de sangue (que<br />
inclui até convocar doadores via SMS) e outros serviços<br />
da rotina hospitalar.<br />
O barulho causado pela inteligência artificial<br />
não é recente, mas, até pouco tempo atrás, não se<br />
discutiam suas possibilidades como hoje. Seja na<br />
área médica, seja como facilitadora para o cotidiano<br />
das pessoas, a tecnologia promete estar cada<br />
vez mais presente – e humana.<br />
De olho no futuro<br />
Em desenvolvimento, o projeto de inteligência artificial do Hospital irá trazer<br />
melhorias a diversas áreas – da saúde à administração<br />
O Hospital Alemão Oswaldo Cruz em breve poderá contar com a IA. “Hoje, 86%<br />
do que se tem feito no hospital pode ter o auxílio da inteligência artificial”, diz<br />
o engenheiro Ernesto Araújo, professor da Universidade Anhembi-Morumbi,<br />
instituição parceira na implantação. Desde atividades administrativas até outras<br />
como análise de risco, diagnóstico, prognóstico e conduta terapêutica, diversas<br />
áreas da Instituição poderão ter essas supermáquinas como parte do time.<br />
Foto: Lars Norgaard<br />
A tecnologia que nos habita<br />
ENTENDA O BIOHACKING, CONCEITO QUE BUSCA AUMENTAR AS<br />
CAPACIDADES HUMANAS E TORNAR A CIÊNCIA MAIS PRÓXIMA DOS CIDADÃOS<br />
Na contramão da humanização das máquinas promovida pela<br />
inteligência artificial, corre outra tendência importante, embora<br />
em uma fase mais embrionária: o biohacking, tecnologia que visa<br />
aumentar as capacidades humanas por meio de implantes de ímãs ou<br />
peças eletrônicas no corpo. O termo é uma junção de “bio” (vida) com<br />
“hacking”, que, em linhas gerais, quer dizer a modificação de programas<br />
de computador, criando novas funcionalidades ou adaptando antigas. Em<br />
vez de modificar softwares, porém, os biohackers buscam transformar o<br />
corpo humano a fim de dar-lhe novas habilidades. No entanto, ainda há uma<br />
grande discussão sobre a segurança dessa prática para a saúde.<br />
“Humanos têm usado tecnologia com esse fim por milênios, da agricultura<br />
ao fogo, de lanças a roupas, mas não costumamos pensar sobre isso”, diz Ryan<br />
O’Shea, cofundador da Grindhouse Wetware, startup americana que criou o<br />
Circadia 1.0, aparelho que mede a temperatura corporal e envia a informação<br />
via Bluetooth para um tablet. Embora com funções limitadas, o Circadia<br />
alcançou um sucesso essencial para o desenvolvimento do Northstar, uma<br />
versão menor e mais simples. O’Shea explica que essa primeira versão apenas<br />
acende luzes de LED, mas a próxima “vai incluir reconhecimento de gestos,<br />
além de permitir aos usuários interagir com a chamada internet das coisas:<br />
trancar portas, acender luzes, ligar o carro ou talvez até chamar um Uber”.<br />
MOVIMENTO CIBORGUISTA<br />
Fundada em 2010 pelos artistas Neil<br />
Harbisson e Moon Ribas, a Cyborg<br />
Foundation se dedica a “ajudar humanos<br />
a se tornarem ciborgues” e a “promover<br />
o ciborguismo como um movimento<br />
social e artístico”. Pelo exemplo do<br />
próprio Harbisson, é fácil entender por<br />
que eles escolheram a palavra ciborgue<br />
em vez de biohacker: ele nasceu com<br />
acromatopsia, uma condição que o<br />
impede de enxergar as cores. Em 2004,<br />
implantou uma antena no crânio, ligada<br />
a uma câmera, que capta as cores e as<br />
converte em diferentes ondas sonoras<br />
que ressoam na sua cabeça, permitindo<br />
que ele “ouça as cores”, como define.<br />
NEIL HARBISSON<br />
Fundador da Cyborg Foundation,<br />
nasceu com uma condição que<br />
o impede de enxergar cores.<br />
Implantou um dispostivo no crânio<br />
que capta as cores e as converte<br />
em diferentes ondas sonoras que<br />
ressoam em sua cabeça<br />
MADE IN BRAZIL<br />
Uma outra categoria de biohacker, porém, aposta que as ondas cerebrais,<br />
captadas por sensores já disponíveis no mercado, são suficientes para nos<br />
transformar em super-humanos. Os estudantes da Universidade Federal<br />
do Rio de Janeiro Willian Barella, Fernando Limoeiro e Luna Gonçalves<br />
foram os únicos brasileiros no evento Hack the Brain 2015, ocorrido na<br />
Holanda. O dispositivo desenvolvido por eles capta a atividade cerebral e<br />
altera a iluminação do ambiente com luzes de diferentes cores, de acordo<br />
com o grau de concentração do usuário. “Existe uma comunidade global<br />
dessas neurotecnologias abertas e tentamos acompanhar, democratizar e<br />
popularizar isso”, diz Barella. Para Vinicius Maracajá Coutinho, doutor em<br />
bioinformática pela Universidade de São Paulo e professor da Universidad<br />
Mayor, no Chile, o biohacking tem o poder de levar a biotecnologia de<br />
vanguarda para mais perto dos cidadãos. “Além disso, pode acelerar o<br />
desenvolvimento de soluções para problemas reais no mundo atual”, diz.<br />
24<br />
<strong>LEVE</strong> 02 . MAR/MAI <strong>2017</strong><br />
25
Horizontes<br />
MERGULHO<br />
PROFUNDO<br />
QUATRO DESTINOS PARA<br />
APRECIAR A RICA FAUNA E<br />
AS GRANDES BELEZAS DO<br />
FUNDO DE MARES E RIOS<br />
POR DUNIA SCHNEIDER<br />
Sharm El-Sheikh<br />
Egito<br />
Se você pensa que as grandes belezas do Egito<br />
ficam só na areia, precisa conhecer Sharm El-<br />
Sheikh, balneário queridinho dos europeus e um<br />
dos destinos mais procurados pelos mergulhadores no<br />
mundo. Localizada na ponta sul da Península do Sinai,<br />
lugar rodeado por recifes de corais que podem chegar<br />
a 100 metros de profundidade, a charmosa cidade<br />
é banhada pelas águas mornas e cristalinas do mar<br />
Vermelho. Flutuar entre jardins de corais e nadar com<br />
golfinhos, tartarugas, barracudas e até com o temido<br />
tubarão-galha-branca-oceânico são algumas das<br />
experiências concorridas da região. Outra atração<br />
que chama a atenção são os objetos curiosos<br />
encontrados nas águas egípcias. Carros, motos<br />
e até uma locomotiva – herdada do Thistlegorm,<br />
navio derrubado na Segunda Guerra Mundial –<br />
transformaram lugares como o Estreito de Tiran<br />
e o Parque Nacional de Ras Mohammed nos mais<br />
procurados pelos fãs da prática aquática. A melhor<br />
época para mergulhar por lá é o verão, entre<br />
junho e agosto, quando fica mais fácil ver peixes<br />
e tubarões em cardumes. É possível comprar os<br />
passeios nas inúmeras lojas e agências da cidade.<br />
Resorts e hotéis, como o da rede Four Seasons<br />
Hotels & Resorts, também oferecem o serviço.<br />
fourseasons.com/sharmelsheikh<br />
Fotos: Shutterstock<br />
Tailândia<br />
Ásia<br />
Com mais de 2 mil quilômetros de extensão,<br />
a costa tailandesa, banhada pelo oceano<br />
Índico, oferece inúmeros pontos de<br />
mergulho de extrema beleza subaquática. Em<br />
meio ao clima tropical, águas calmas e claras<br />
abrigam tubarões, baleias, arraias e recifes de<br />
coral. A ilha paradisíaca de Koh Tao (ilha da<br />
Tartaruga) é indicada para os iniciantes – lá<br />
é onde as pessoas mais fazem cursos para<br />
aprender a prática em todo o planeta. Mas<br />
é nas ilhas Phi Phi, que serviram de cenário<br />
para o filme A Praia (1999), protagonizado<br />
por Leonardo Di Caprio, que todo mundo<br />
quer chegar. Afinal, a cor da água, que varia<br />
entre o azul-piscina e o verde-esmeralda, é<br />
quase inacreditável e faz do lugar um dos<br />
pontos mais bonitos do país. Na ilha Phuket,<br />
é possível viver duas experiências: visitar o<br />
Ponto dos Tubarões, para se deparar com<br />
tubarões-leopardo, e ver os destroços do ferry<br />
King Cruise. Os mais experientes optam pelas<br />
ilhas Similan, no mar de Andaman. Exóticas<br />
e inabitadas, elas abrigam inúmeras espécies<br />
marinhas. Os meses de novembro e fevereiro<br />
são os mais indicados para o turismo.<br />
bigbluediving.com<br />
26<br />
<strong>LEVE</strong> 02 . MAR/MAI <strong>2017</strong> 27
Horizontes<br />
Bonito<br />
Brasil<br />
Em Bonito, há muita vida povoando as<br />
águas transparentes dos lagos e dos<br />
rios. As características geográficas<br />
– que fazem do Mato Grosso do Sul um<br />
paraíso para o ecoturismo e atividades<br />
de aventura – atraem mergulhadores de<br />
todos os níveis. Os principiantes podem<br />
relaxar em águas rasas com a ajuda de um<br />
snorkel. Os mais experientes costumam se<br />
aventurar em busca das belezas ocultas,<br />
como as da caverna do Abismo Anhumas,<br />
lago subterrâneo a 72 metros abaixo<br />
da superfície da Terra, ou pelo Aquário<br />
Natural, que, mesmo em meio a cardumes<br />
de piraputangas, dourados e corimbas, tem<br />
sua vegetação densa e plantas subaquáticas<br />
como atração principal. Já a Lagoa<br />
Misteriosa, localizada na cidade de Jardim,<br />
a uma hora de carro de Bonito, encanta<br />
pela sua profundidade de mais de 240<br />
metros. Suas águas são tão transparentes<br />
que, a 30 metros abaixo da superfície, é<br />
possível olhar para cima e ver as árvores<br />
que cercam o lago. A melhor época para<br />
visitar a cidade é de dezembro a março, no<br />
período das chuvas, quando a vegetação<br />
está mais verde e os animais aparecem<br />
mais. Agências como a Venturas Viagens<br />
disponibilizam roteiros e passeios.<br />
venturas.com.br<br />
Fotos: Shutterstock<br />
Belize<br />
América Central<br />
Mar em tons de esmeralda, praias<br />
de areias brancas, palmeiras,<br />
muitos hotéis e restaurantes.<br />
Belize, um pequeno país espremido entre<br />
a Guatemala e o México, proporciona tudo<br />
isso. Mas o que atrai os apaixonados pelo<br />
mergulho é a maior barreira de corais do<br />
hemisfério Norte (cujas águas oferecem<br />
alta visibilidade e temperatura média<br />
de 26°C) e, claro, o famoso Great Blue<br />
Hole, o maior buraco azul do mundo, com<br />
300 metros de largura e 124 metros de<br />
profundidade. Localizado próximo ao centro<br />
de um pequeno atol chamado Lighthouse<br />
Recife, a 70 quilômetros da principal ilha do<br />
país, o lugar ficou famoso em 1971, quando<br />
o explorador Jacques-Yves Cousteau o<br />
indicou como uma das melhores regiões<br />
para mergulho no mundo. A fauna também<br />
chama a atenção dos viajantes. Na Gladden<br />
Spit and Silk Cayes Marine Reserve, uma<br />
reserva de águas azul-turquesa, cânions<br />
e imensos paredões submersos a 36<br />
quilômetros da cidade de Plancencia, é<br />
possível ver meros, moreias, tartarugas,<br />
polvos, lagostas, arraias e tubarões em um<br />
único dia. A melhor época para mergulhar<br />
em Belize é de fevereiro a junho, quando<br />
as chuvas são mais escassas. Os tours,<br />
que podem ser comprados em lojas ou<br />
em hotéis como o El Secreto, partem<br />
diariamente às 6h da manhã de San Pedro,<br />
uma das maiores cidades do país.<br />
www.elsecretobelize.com<br />
28<br />
<strong>LEVE</strong> 02 . MAR/MAI <strong>2017</strong><br />
29
Conversa<br />
MARCELO BRATKE JÁ ERA UM PIANISTA COM FAMA<br />
INTERNACIONAL QUANDO, AOS 44 ANOS, UMA<br />
CIRURGIA LHE DEU A VISÃO – E MUDOU A SUA<br />
FORMA DE ENCARAR O MUNDO<br />
POR MARCOS DIEGO NOGUEIRA FOTOS KIKO FERITE<br />
A<br />
VIDA<br />
EM<br />
CORES<br />
Uma história com requintes de<br />
fantasia. Assim seria uma leitura<br />
fiel da vida do pianista<br />
Marcelo Bratke. Aos 12 anos,<br />
prestava atenção ao pai tocando<br />
Chopin ao piano e logo<br />
já estava dedilhando a mesma<br />
música, o “Prelúdio n. 4”, que<br />
tinha aprendido “de ouvido”.<br />
No ano seguinte, estreou a temporada da Orquestra<br />
Sinfônica do Estado de São Paulo, a Osesp,<br />
como convidado do maestro Eleazar de Carvalho,<br />
e, logo no seu primeiro concerto, ganhou um prêmio<br />
da Associação Paulista de Críticos de Arte. Tinha<br />
descoberto sua profissão.<br />
No entanto, havia suas limitações de visão:<br />
Bratke nasceu com apenas 3% no olho direito e<br />
por volta de 7% no esquerdo, decorrência de catarata<br />
congênita e ambliopia, além de estrabismo<br />
causado pela catarata. Praticamente cego, Bratke<br />
desenvolveu suas habilidades como pianista utilizando-se<br />
dos seus outros sentidos com mais apuro<br />
e sensibilidade. Mas a dificuldade de enxergar foi<br />
atrapalhando cada vez mais a sua rotina, até que,<br />
aos 44 anos, descobriu um tratamento em Boston<br />
(EUA), que veio a recuperar 95% de sua visão no<br />
olho esquerdo e 10% no direito. Era 2004 e Bratke<br />
viu pela primeira vez o rosto de sua esposa, a artista<br />
Mariannita Luzzati, com quem estava fazia dez<br />
anos. Se apaixonou pela segunda vez, como costuma<br />
dizer. Era o ápice desse conto de fadas que<br />
ele chama de vida, coroado meses depois com sua<br />
estreia no Carnegie Hall, em Nova York.<br />
Hoje, aos 56 anos, Bratke dá palestras sobre Heitor<br />
30<br />
<strong>LEVE</strong> 02 . MAR/MAI <strong>2017</strong><br />
31
Conversa<br />
Villa-Lobos – ele é um dos maiores especialistas sobre<br />
o assunto no mundo –, comanda projetos para televisão<br />
e rádio e dirige uma orquestra para jovens talentos,<br />
a Camerata Brasil. Também realiza cerca de 60<br />
concertos por ano em grandes casas de espetáculo. Vivendo<br />
entre Londres e São Paulo, o pianista abriu um<br />
espaço na agenda para contar à reportagem da <strong>LEVE</strong><br />
um pouco mais da sua história. Confira a seguir.<br />
Você levou 44 anos para encontrar a cura para<br />
sua visão. Como foi esse processo? Eu pensava<br />
em desistir de procurar novas possibilidades porque<br />
era um trauma muito grande. Minha família<br />
considerava isso um tabu, então ninguém comentava<br />
sobre o assunto. Na escola, eu não enxergava<br />
o que estava na lousa e tinha vergonha de falar<br />
para o professor. Isso foi me causando bloqueios<br />
ao longo dos anos. Depois dos 40, comecei a ficar<br />
com a vista cansada, o que tornou ainda pior o<br />
que restava da minha visão. Aí realmente não dava<br />
mais. Eu era atropelado por bicicleta, batia cabeça<br />
no poste, entre outras coisas que me davam vergonha.<br />
Minha mulher, Mariannita, foi quem me deu<br />
coragem para buscar a cura. E é ela quem cuida da<br />
minha saúde até hoje.<br />
A história sobre a primeira vez que você enxergou<br />
a sua esposa, logo após a cirurgia, é fascinante.<br />
Como você pensa nela hoje, 13 anos depois?<br />
Na vida, a gente procura momentos felizes.<br />
Embora não saibamos muito bem o que isso significa,<br />
é o que buscamos. Já faz algum tempo que eu<br />
operei, enxerguei a minha mulher e o mundo pela<br />
primeira vez, e lembro disso como um ponto realmente<br />
alto da minha história.<br />
Como é o seu cotidiano hoje? O que mudou desde<br />
a cirurgia? Recentemente, tirei minha carteira<br />
de motorista e foi libertador. Hoje consigo entrar<br />
no elevador e apertar o 11º andar, por exemplo. Antigamente<br />
era no tato. Continuo usando bastante<br />
esse sentido, claro, mas agora também posso ver<br />
as coisas, lê-las. Ainda não desenvolvi uma leitura<br />
rápida, mas gosto de olhar para tudo. Adoro andar<br />
de metrô em Londres e ver todas aquelas pessoas<br />
de etnias diferentes, as peles, os lábios, os olhares.<br />
Não tem lugar melhor que Londres para observar o<br />
mundo inteiro. É um passatempo muito legal.<br />
32 <strong>LEVE</strong> 02 . MAR/MAI <strong>2017</strong><br />
Como ficou sua relação com o palco após a operação?<br />
Operei entre maio e junho e meu primeiro concerto<br />
após a cirurgia foi em setembro, quando fiz a<br />
minha estreia no Carnegie Hall. Eu sempre entrava no<br />
palco com muito medo da plateia, que era uma coisa<br />
escura e que fazia um barulho. Nunca sabia se tinha<br />
muita gente ou não. Então, quando cheguei ao palco<br />
do Carnegie, consegui ver aquela plateia lotada – foram<br />
2.800 pessoas. Eu enxerguei, na décima fileira,<br />
uma pessoa com um sorriso no rosto e entendi que<br />
quem ia ao meu concerto não estava ali para me julgar.<br />
Aquilo me relaxou. A possibilidade de enxergar o<br />
público fez com que eu me sentisse mais íntimo dele.<br />
Apesar de músico erudito, você já tocou com cantoras<br />
como Sandy e Fernanda Takai. Como anda<br />
seu flerte com o pop? Me interessa a naturalidade<br />
dos músicos pop. É muito legal ver como as pessoas<br />
desenvolvem um talento sem nenhuma barreira entre<br />
a música e a personalidade delas. Isso não acontece<br />
na música erudita. Ela tem um texto que você precisa<br />
obedecer e é por meio desse texto que a sua personalidade<br />
aparece, ou não.<br />
Como você cuida da saúde aos 56 anos de idade?<br />
Faço ioga três vezes por semana e natação, duas.<br />
Também caminho nos fins de semana. Faço muito<br />
exercício, o que me mantém com o espírito jovem e<br />
sem dores. Se eu faltar em alguma dessas atividades,<br />
minha mulher briga comigo.<br />
Existe algum cuidado específico para as mãos? O<br />
principal é o jeito como se cortam as unhas. Se a unha<br />
encravar e começar a doer, tenho que cancelar o concerto,<br />
esteja onde estiver. É uma dor terrível.<br />
Se você pudesse escolher um compositor para<br />
fazer uma peça baseada na sua história, quem<br />
seria? Acho que seria o austríaco Alban Berg. Ele<br />
só publicou uma obra para piano, a “Sonata Opus 1”,<br />
por volta de 1906. É um trabalho instável e emocional,<br />
que percorre todas as tonalidades. Uma surpresa<br />
a cada curva, como foi a minha vida – e continua<br />
sendo. Essa composição nunca estaciona e, no fim,<br />
chega ao fá menor, uma tonalidade muito escura<br />
que traduz a incógnita, a incerteza. Gravei essa obra<br />
duas vezes e de jeitos totalmente diferentes. Ela<br />
tem uma vida incrível.<br />
“<br />
A possibilidade<br />
de enxergar<br />
o público fez<br />
com que eu me<br />
sentisse mais<br />
íntimo dele”<br />
33
Tech<br />
SEMPRE<br />
PERTO<br />
COMO APLICATIVOS VÊM PERMITINDO<br />
UM CONTATO MAIS DIRETO ENTRE<br />
MÉDICOS E PACIENTES<br />
CPOR REDAÇÃO<br />
onsultar o saldo bancário, paquerar,<br />
jogar ou saber como está o trânsito<br />
já não são mais as únicas funções dos<br />
aplicativos de smartphones e tablets.<br />
Hoje, essas ferramentas são, também,<br />
uma realidade na área da saúde e<br />
vêm ajudando a aproximar e facilitar<br />
as relações entre médicos e pacientes<br />
– além de causar, aos poucos, uma<br />
revolução na forma como as pessoas<br />
cuidam da própria saúde.<br />
Pense, por exemplo, em um paciente<br />
com diabetes, que precisa aplicar insulina<br />
e verificar regularmente seus níveis<br />
de glicemia. No geral, essa rotina<br />
requer um acompanhamento à distância,<br />
exigindo que o indivíduo tome nota<br />
dos dados necessários – do outro lado,<br />
o médico depende da precisão dessas<br />
informações para fazer a avaliação<br />
adequada. Agora, há diversos apps<br />
que tornam o processo mais prático,<br />
eficiente e confiável, desde ferramentas<br />
simples, que coletam esses dados<br />
Ilustração: Shutterstock<br />
34<br />
<strong>LEVE</strong> 02 . MAR/MAI <strong>2017</strong><br />
35
Tech<br />
DR. HENRIQUE SERRA<br />
Gerente de Saúde<br />
Populacional do Hospital<br />
Alemão Oswaldo Cruz<br />
Para baixar<br />
Cinco aplicativos gratuitos<br />
que valem o download<br />
MEDICINIA<br />
Voltado tanto para médicos como para pacientes, o aplicativo facilita a comunicação<br />
entre esses dois públicos e tem como premissa garantir a segurança e a<br />
confidencialidade das informações. Disponível para Android e iOS.<br />
SABES<br />
O aplicativo do Hospital<br />
Alemão Oswaldo Cruz é<br />
uma plataforma de dados<br />
que poderão ser cruzados e<br />
acompanhados<br />
e facilitam o envio, a programas mais complexos, integrados<br />
a aparelhos externos de medição. Exemplo<br />
desse último caso, o aplicativo FreeStyle Libre ajudou<br />
o bancário Tarcizio Gomes Dias Jr., 45 anos, a<br />
monitorar seus níveis de glicose por meio de um sensor<br />
no braço, ligado a um aparelho externo. “Ele monitora<br />
a glicose constantemente e transfere os dados<br />
diretamente para o aplicativo. Com isso, cria os<br />
relatórios, que podem ser enviados por e-mail para o<br />
médico”, explica. Outro diferencial do programa é a<br />
coleta de dados da rotina do paciente, informando,<br />
em um momento de pico ou de baixa de glicose, qual<br />
atitude tomar. “É uma tecnologia muito eficiente e,<br />
para mim, o sensor é bem melhor do que ter que ficar<br />
furando o dedo”, conclui Tarcizio.<br />
O controle de diabetes é só um exemplo do uso<br />
dos aplicativos. Há também programas como o Diário<br />
Cefaleia, em que o paciente informa no app<br />
seus problemas com dores de cabeça e comunica<br />
com maior precisão os sintomas ao seu médico. Já<br />
o Cardiograph mede a frequência cardíaca de um<br />
modo diferente: ele utiliza a câmera de vídeo do celular<br />
e salva os relatórios.<br />
SAÚDE DELIVERY<br />
Há ainda uma gama de aplicativos auxiliares, que<br />
facilitam a marcação de exames e consultas, por<br />
exemplo, ou dão aquela mãozinha para quem sempre<br />
se esquece de tomar seus remédios, com alertas<br />
nos horários indicados.<br />
Para o Dr. Henrique Serra, gerente de Saúde Populacional<br />
do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, essa é uma<br />
área em franco crescimento, mas que ainda precisa ser<br />
direcionada para as funções que realmente farão mais<br />
diferença na relação médico/paciente e na junção de<br />
elementos, como o uso da informação para conseguir<br />
diagnósticos e soluções mais rápidas e precisas.<br />
Nesse sentido, o Hospital Alemão Oswaldo Cruz<br />
já investe no seu próprio aplicativo: o SABES, uma<br />
plataforma que une informações e permite o cruzamento<br />
e o acompanhamento detalhado desses<br />
dados. “O objetivo é reunir todas as informações<br />
em três ambientes principais: do paciente, do médico<br />
e do gestor de RH corporativo. A ideia é coletar<br />
dados de dezenas de lugares e criar uma base que<br />
nos ajude a entender o risco maior de indivíduos e<br />
empresas e traçar planos de ação para elas agirem<br />
e melhorarem suas populações”, detalha o especialista.<br />
O SABES é um aplicativo que surgiu como uma<br />
ferramenta de controle de saúde populacional dos<br />
nossos colaboradores.<br />
O fato é que ele, como outros aplicativos que não<br />
param de surgir, mostra que a evolução é promissora<br />
e veio para ficar.<br />
Fotos: Gustavo Scatena / Divulgação<br />
DOCTORALIA<br />
Para os médicos, esse aplicativo<br />
otimiza a agenda de consultas.<br />
Para os pacientes, oferece ampla<br />
lista de profissionais e ajuda<br />
o usuário a não se perder no<br />
calendário de consultas. Disponível<br />
para Android e iOS.<br />
DOCPAD<br />
Permite cadastro de contatos, histórico<br />
médico e a lista de profissionais de<br />
confiança do usuário, para facilitar o<br />
cuidado por parte do próprio paciente<br />
ou de seus cuidadores. Os médicos<br />
podem acessar os exames antes da<br />
consulta e agilizar atendimentos.<br />
Disponível para Android e iOS.<br />
PILLBOXIE<br />
Sabe aquela lista crescente de<br />
remédios para tomar? Com<br />
esse app, fica mais fácil o<br />
médico dar o direcionamento<br />
e o paciente não se perder na<br />
hora de se medicar. Disponível<br />
para iOS.<br />
SOCORRO<br />
Aqui, o paciente pode armazenar<br />
todos os seus dados em relação a<br />
doenças, alergias, medicamentos<br />
e contatos, para que, em caso<br />
de emergência, profissionais de<br />
saúde possam coletá-los e otimizar<br />
o atendimento. Disponível para<br />
Android e iOS.<br />
36<br />
<strong>LEVE</strong> 02 . MAR/MAI <strong>2017</strong><br />
37
Raio X<br />
SAÚDE<br />
NO PRATO<br />
O DR. ANDREA BOTTONI, NUTRÓLOGO DO HOSPITAL<br />
ALEMÃO OSWALDO CRUZ, EXPLICA O PAPEL DE NUTRIENTES<br />
ESSENCIAIS AO BOM FUNCIONAMENTO DO ORGANISMO<br />
POR RODRIGO CARDOSO<br />
Foto: Shutterstock<br />
Não se deve crucificar quem exagera no almoço de domingo,<br />
saboreia com gosto a picanha da churrascaria ou se lambuza<br />
com o bolo de aniversário. A situação complica quando maratonas<br />
gastronômicas como essas são praticadas com frequência,<br />
como pontua o médico nutrólogo Dr. Andrea Bottoni, do Hospital<br />
Alemão Oswaldo Cruz. Para ele, não existe alimento perfeito<br />
ou ruim, que salve, cure ou prejudique. Da mesma forma,<br />
não crê ser correto demonizar ou santificar os nutrientes que<br />
ingerimos. “Eles não fazem milagre sozinhos”, pondera o especialista.<br />
É certo, no entanto, que eles promovem saúde e atuam<br />
na prevenção de doenças quando aliados a hábitos saudáveis – leia-se, só para citar três<br />
deles, alimentação balanceada, tempo para lazer e exercícios físicos.<br />
Italiano residente no Brasil há 21 anos – e de sotaque marcante de Roma, sua cidade<br />
natal –, o Dr. Bottoni defende a máxima “quanto mais colorido o prato, melhor”,<br />
reforçando que importante mesmo é buscar equilíbrio entre o que se consome nas<br />
refeições. A seguir, o nutrólogo esmiúça a atuação de cada nutriente e o poder deles<br />
na promoção de qualidade de vida.<br />
38<br />
<strong>LEVE</strong> 02 . MAR/MAI <strong>2017</strong><br />
39
Raio X<br />
DR. ANDREA BOTTONI<br />
Médico nutrólogo do Hospital<br />
Alemão Oswaldo Cruz<br />
CÁLCIO<br />
Destaca-se na formação<br />
e manutenção de ossos e<br />
dentes. Importante para<br />
a contração muscular,<br />
controla a transmissão<br />
de impulsos nervosos e<br />
os batimentos do coração<br />
e ajuda a evitar o câncer<br />
de cólon.<br />
CARBOIDRATOS<br />
Servem como combustível<br />
e reserva de energia e são<br />
a base da alimentação<br />
humana. Também chamados<br />
de açúcares, consumidos<br />
moderadamente convertemse<br />
em calor. Em excesso,<br />
podem gerar hiperglicemia,<br />
obesidade, diabetes etc.<br />
COBRE<br />
É armazenado no fígado e<br />
tem papel importante na<br />
síntese de hemoglobina. Ao<br />
atuar como antioxidante,<br />
combate radicais livres que<br />
aceleram o envelhecimento<br />
e aumentam as chances<br />
de câncer.<br />
CROMO<br />
Importante para o<br />
metabolismo da glicose,<br />
é essencial para a ação<br />
da insulina e para a<br />
energia. Vital na síntese<br />
de proteínas, colesterol<br />
e lipídeos.<br />
FERRO<br />
Responde pela produção<br />
da hemoglobina, proteína<br />
responsável pelo<br />
transporte de oxigênio e<br />
gás carbônico no sangue.<br />
Potencializa a função dos<br />
leucócitos e, portanto,<br />
é importante à saúde do<br />
sistema imunológico. Uma<br />
alimentação carente em<br />
ferro pode resultar<br />
em anemia.<br />
FÓSFORO<br />
Está relacionado à<br />
mineralização óssea e<br />
dos dentes, mas participa<br />
também da formação<br />
do DNA, mantém o pH<br />
normal e auxilia o corpo na<br />
utilização das vitaminas.<br />
IODO<br />
Cerca de 75% desse<br />
elemento se concentra na<br />
tireoide, uma vez que é<br />
fundamental para a síntese<br />
dos hormônios tiroidianos.<br />
O consumo inadequado<br />
dele pode causar<br />
hipotireoidismo.<br />
LIPÍDEOS<br />
São gorduras que<br />
constituem uma importante<br />
reserva energética. Sem<br />
elas, algumas vitaminas<br />
(A, D, E e K) não poderiam<br />
ser usadas pelo nosso<br />
organismo. Fazem parte<br />
de todas as células e são<br />
precursores de compostos<br />
como os hormônios, que<br />
são necessários a muitas<br />
funções vitais.<br />
MAGNÉSIO<br />
A maior parte se encontra<br />
nos ossos. Essencial para<br />
o bom funcionamento dos<br />
músculos, do sistema<br />
nervoso e do coração.<br />
POTÁSSIO<br />
Mantém estável a pressão<br />
arterial e regula o equilíbrio<br />
hídrico e a contratura<br />
das fibras musculares.<br />
Encontra-se em maior<br />
grau no interior das células.<br />
A deficiência dele leva<br />
à hipertensão.<br />
PROTEÍNAS E<br />
AMINOÁCIDOS<br />
As proteínas são fonte<br />
de energia e respondem<br />
pela construção das<br />
células – unhas, músculos,<br />
pele, cabelos, tendões e<br />
cartilagens são quase que<br />
exclusivamente formados<br />
por elas. Importante<br />
para a produção de<br />
hormônios, os aminoácidos<br />
são queimados, em sua<br />
maioria, para a geração<br />
de energia. O hormônio<br />
insulina, por exemplo, é<br />
composto por uma cadeia<br />
de aminoácidos.<br />
SELÊNIO<br />
Primordial na produção de<br />
enzimas que neutralizam os<br />
radicais livres, é também<br />
fundamental para o correto<br />
funcionamento da tireoide e<br />
seus hormônios.<br />
SÓDIO<br />
O funcionamento adequado<br />
de músculos e nervos<br />
necessita dele, importante,<br />
ainda, para o equilíbrio<br />
dos líquidos e do pH<br />
do sangue.<br />
VITAMINA A<br />
Faz parte da formação<br />
da retina, portanto, é<br />
fundamental para a visão.<br />
Aumenta a imunidade e a<br />
resistência contra agentes<br />
infecciosos e protege<br />
contra gripe e resfriado,<br />
além de ser importante<br />
para o crescimento.<br />
VITAMINA B1<br />
Essencial para a melhora<br />
da capacidade de<br />
aprendizado, uma vez que<br />
compõe as membranas<br />
neuronais. Age no<br />
metabolismo de gorduras<br />
e carboidratos e, assim,<br />
é fundamental para a<br />
liberação de energia.<br />
Foto: Shutterstock<br />
VITAMINA B2<br />
A falta dela causa tontura, pele seca, dores<br />
generalizadas e problemas visuais. Melhora o<br />
funcionamento das reações do organismo e é<br />
essencial para o crescimento e desenvolvimento.<br />
VITAMINA B3<br />
Ajuda na produção de ácidos no estômago e<br />
redução do colesterol.<br />
VITAMINA B5<br />
Age na síntese de ácidos graxos e hormônios<br />
e é importante para o metabolismo celular.<br />
Está envolvido na liberação de energia<br />
de carboidratos.<br />
VITAMINA B6<br />
Atua no metabolismo de aminoácidos e na<br />
síntese de neurotransmissores. Diminui os<br />
sintomas de tensão pré-menstrual e combate<br />
a arteriosclerose.<br />
VITAMINA B9<br />
Combate a arteriosclerose. É necessária<br />
para a formação e maturação dos leucócitos<br />
na medula óssea e das hemácias e está<br />
envolvida no metabolismo e na síntese de<br />
material genético.<br />
VITAMINA B12<br />
Essencial na síntese de DNA, dos hormônios e<br />
neurotransmissores e na formação dos nervos<br />
da medula espinhal. Combate a arteriosclerose.<br />
VITAMINA C<br />
Melhora a imunidade, reduzindo a<br />
suscetibilidade a infecções. Exerce papel<br />
importante na produção de colágeno e na<br />
saúde das gengivas.<br />
VITAMINA D<br />
Regula as concentrações sanguíneas<br />
de cálcio e fosfato por ações junto ao<br />
intestino, ao osso, à paratireoide e ao<br />
rim. Tem grande importância na<br />
prevenção e tratamento da osteoporose<br />
e do raquitismo.<br />
VITAMINA E<br />
Potente antioxidante que previne o dano<br />
celular, contribui com a prevenção de<br />
doenças cardiovasculares e do câncer.<br />
VITAMINA K<br />
Previne a osteoporose ao participar do<br />
processo de formação óssea. É também<br />
necessária para a coagulação do sangue<br />
e a cicatrização, além de reduzir o risco<br />
de doenças cardiovasculares ao inibir a<br />
calcificação arterial.<br />
ZINCO<br />
Essencial para o funcionamento de órgãos<br />
reprodutivos e produção de esperma.<br />
Melhora o paladar e o olfato. A falta dele,<br />
em crianças, pode causar redução da massa<br />
óssea e da atividade motora.<br />
40<br />
<strong>LEVE</strong> 02 . MAR/MAI <strong>2017</strong><br />
41
Em Movimento<br />
NA SUA<br />
PASSADA<br />
QUER CORRER? SAIBA POR ONDE COMEÇAR: DESDE DICAS DE PREVENÇÃO E<br />
PREPARAÇÃO ATÉ A ESCOLHA DA PISTA E DO TÊNIS ADEQUADOS PARA VOCÊ<br />
DA REDAÇÃO<br />
Foto: Shutterstock<br />
SNO DIGITAL<br />
Este ícone significa que a matéria que você<br />
está lendo também tem vídeo na <strong>LEVE</strong> digital.<br />
Baixe já! O aplicativo gratuito está disponível<br />
para iOS e Android.<br />
eja em parques, praias, ruas ou em cima de uma<br />
esteira, a corrida é um esporte simples e libertador,<br />
que a cada dia ganha mais adeptos. No entanto,<br />
na busca por uma vida mais saudável ou pela<br />
adrenalina de se desafiar, não basta colocar roupas<br />
leves, um par de tênis e sair correndo.<br />
Antes mesmo de pôr o pé no asfalto, na terra<br />
ou na grama, um primeiro passo é fundamental:<br />
consultar profissionais que façam com que essa experiência<br />
seja segura. Conforme recomenda o Dr.<br />
Gabriel Pecchia, ortopedista especialista em joelho<br />
e trauma do esporte do Hospital Alemão Oswaldo<br />
Cruz, buscar uma avaliação médica é primordial<br />
para evitar lesões e ter vida longa caminhando e<br />
correndo. “Hoje existe a medicina do esporte, que<br />
faz uma triagem, com avaliação cardíaca e ortopédica,<br />
checando se o paciente tem alguma contraindicação.<br />
Essa especialidade analisa as articulações<br />
e os músculos. Assim, pode avaliar com mais precisão<br />
se a pessoa está liberada para a atividade física<br />
e em que nível”, explica o especialista.<br />
Em seguida, além de um médico, é importante<br />
ter o acompanhamento de um educador físico. Esse<br />
profissional não apenas organiza treinos, mas tem<br />
uma preocupação muito importante, paralela à corrida<br />
em si: o fortalecimento muscular. “Fortalecer<br />
os músculos é uma prática essencial para evitar<br />
lesões. É preciso fazer um bom trabalho, para só<br />
depois começar a corrida e ir progredindo”, afirma<br />
o ortopedista. Isto é, antes de qualquer atividade física,<br />
principalmente as de alto impacto, músculos e<br />
articulações têm de estar preparados, de modo que<br />
42<br />
<strong>LEVE</strong> 02 . MAR/MAI <strong>2017</strong><br />
43
“<br />
Em Movimento<br />
Fortalecer os músculos<br />
é essencial para evitar<br />
lesões. É preciso fazer<br />
um bom trabalho,<br />
para só depois<br />
começar a corrida”<br />
Siga seu caminho<br />
Saiba qual é o circuito e o modelo de tênis<br />
ideais para todos os níveis de corredores<br />
não se desgastem e, assim, previnam lesões. Imagina<br />
como seria frustrante ter de parar toda a sua rotina<br />
de exercícios para curar um problema no joelho<br />
e, tempos mais tarde, retomar o esporte em um nível<br />
inferior ao que você já tinha alcançado? Prevenção é<br />
sempre o melhor caminho.<br />
AQUECENDO OS MOTORES<br />
Para entrar em ação, ainda há mais algumas decisões<br />
a se tomar, como o tipo de piso, o circuito e<br />
o tênis ideal para cada pessoa. Os mesmos profissionais<br />
podem ajudar nessas escolhas, baseando-se<br />
nas condições físicas e no objetivo de cada um.<br />
Já na hora da corrida, é importante dosar o ritmo<br />
no começo. Alternar períodos mais longos de<br />
caminhada com poucos minutos de corrida, sem<br />
exageros, é uma forma de garantir um desenvolvimento<br />
gradual no esporte.<br />
Para quem precisa de uma forcinha na parte psicológica<br />
para não desistir, o segredo é se manter<br />
focado e programar bem suas atividades. Traçar<br />
um objetivo e segui-lo à risca é outra dica preciosa.<br />
E, para quem é ligado em tecnologia, há opções<br />
para aproveitar a experiência ainda mais. Aparelhos<br />
e aplicativos que marcam a distância percorrida, velocidade<br />
e calorias gastas ajudam quem quer saber<br />
todos os detalhes de sua corrida e auxiliam a medir<br />
a evolução da atividade. Aos fãs de música, um bom<br />
fone de ouvido e aquela playlist que empolga também<br />
são boas pedidas.<br />
Feito tudo isso, agora sim: é só vestir roupas leves,<br />
calçar o par de tênis e pronto. Bora correr?<br />
Parque da Aclimação Parque do Ibirapuera Parque da Água Branca<br />
INICIANTES<br />
São Paulo é recheada de<br />
parques planos e belos cenários<br />
para quem está começando.<br />
Parque da Aclimação, Villa-<br />
Lobos e Parque do Trote são<br />
alguns exemplos.<br />
MIZUNO EMPOWER<br />
É um tênis mais barato e indicado<br />
para quem está começando. O solado<br />
de borracha de carbono garante<br />
durabilidade e o amortecimento supre<br />
o necessário no início dessa jornada.<br />
Preço: R$ 150<br />
Fotos: Shutterstock / Divulgacão<br />
INTERMEDIÁRIOS<br />
O Parque do Ibirapuera é bom<br />
para quem quer alçar voos mais<br />
altos. Tem diversos tipos de<br />
piso e tabuletas que informam<br />
a distância e ajudam a marcar o<br />
espaço corrido.<br />
ADIDAS SUPERNOVA GLIDE BOOST 8<br />
Atende tanto os iniciantes como quem já tem<br />
experiência. O destaque do modelo é o reforço<br />
na entressola, que utiliza a tecnologia Boost,<br />
um amortecimento com milhares de cápsulas<br />
que “devolvem” a energia usada na passada.<br />
Preço: R$ 400<br />
AVANÇADOS<br />
O Parque da Água Branca oferece a<br />
possibilidade de um percurso com mais subidas<br />
e descidas. A Cidade Universitária (USP)<br />
também é bastante concorrida para quem já<br />
corre há mais tempo, mas lá é necessário ter<br />
atenção especial com os ciclistas e os carros.<br />
REEBOK ZPUMP FUSION 2.0<br />
Indicado para treinos longos, meia maratona<br />
e maratona, chama atenção pela tecnologia<br />
Pump, uma câmara de ar junto ao cabedal que<br />
é ajustável por um botão. Você enche e esvazia<br />
para que ele se ajuste melhor.<br />
Preço: R$ 500<br />
44<br />
<strong>LEVE</strong> 02 . MAR/MAI <strong>2017</strong><br />
45
Na Cozinha<br />
DO MELADO<br />
AO AGAVE<br />
A CHEF ROBERTA JULIÃO, DO CAFÉ<br />
DA FEIRA AO BAILE, ACEITOU O<br />
NOSSO CONVITE E MODIFICOU<br />
UMA DE SUAS MAIS TRADICIONAIS<br />
RECEITAS DE BOLO. PARA DEIXAR O<br />
QUITUTE MAIS SAUDÁVEL, CONTOU<br />
COM A AJUDA DO NOSSO CHEF<br />
Bolo de Melado com Especiarias<br />
Ingredientes<br />
2 xícaras de açúcar<br />
1 xícara de manteiga<br />
3 xícaras de farinha de trigo<br />
320g de melado de cana<br />
1 colher de sopa de fermento<br />
em pó<br />
Modo de preparo<br />
• Ferva o leite, desligue o fogo,<br />
adicione as especiarias, tampe<br />
a panela e deixe descansar por<br />
10 minutos. Coe e reserve.<br />
• Bata a manteiga, o açúcar<br />
e as gemas por cerca de 10<br />
minutos, até a mistura ficar<br />
esbranquiçada.<br />
• Adicione aos poucos o<br />
melado, a farinha e o leite até<br />
que se incorporem à massa.<br />
Bata na velocidade mais baixa<br />
1 colher de café de canela em pó<br />
1 xícara de leite aromatizado<br />
com especiarias (canela em pau,<br />
cardamomo, noz-moscada, cravo,<br />
anis-estrelado, fava de baunilha)<br />
6 ovos separados<br />
da batedeira e reserve.<br />
• Bata as claras em neve.<br />
• Adicione o fermento à<br />
massa, misture bem e<br />
adicione aos poucos e<br />
delicadamente as claras<br />
em neve.<br />
• Asse em forno baixo préaquecido,<br />
por cerca de<br />
45 minutos.<br />
• Decore com crocante ou<br />
canela em pó por cima.<br />
POR RODRIGO CARDOSO<br />
FOTOS ANDRÉ KLOTZ<br />
é muito da feira ao baile.” Roberta<br />
Julião, hoje com 30 anos,<br />
cresceu ouvindo essa frase da<br />
“Isso<br />
mãe, Vera, que costumava usá-la<br />
para se referir ao ecletismo de algumas peças<br />
de roupa. Mais tarde, a expressão inspiraria<br />
o nome do blog que Roberta criou em 2008,<br />
para dar dicas de lugares para comer que iam<br />
do pastel da feira livre ao restaurante sofisticado.<br />
Formada em administração de empresas,<br />
a chef sempre soube que seu prazer era<br />
mesmo a comida. O blog fez tanto sucesso –<br />
recebia 100 mil acessos por mês – que Roberta<br />
deixou a profissão (chegou a dar expediente<br />
em um banco) para encarar uma pós-graduação<br />
em gastronomia no Senac.<br />
No ano seguinte, começou a vida de dólmã<br />
como estagiária. A passagem pelas cozinhas do<br />
D.O.M., Dalva e Dito e Epice deu rodagem à chef,<br />
que, atualmente, toca o seu próprio negócio no<br />
bairro de Pinheiros, em São Paulo. O espaço gastronômico<br />
que une doces, cafés e tortas foi bati-<br />
zado de Da Feira ao Baile, claro.<br />
Hoje, o destaque da gastronomia da chef são<br />
os bolos. “No primeiro ano aqui, vendemos 5,7<br />
toneladas deles”, conta ela, que recebeu nossa<br />
reportagem para preparar o cultuado Bolo de<br />
Melado, uma tradicional receita mineira de sua<br />
avó materna, turbinada com especiarias.<br />
“A cozinha é uma ciência. Por mais intuitiva<br />
que seja, hoje, e por mais que eu tenha aprendido<br />
a fazer coisas na raça, foi bom aprender que<br />
doce é uma química e que a receita dele é como<br />
uma conta matemática. Se errar uma regra de<br />
três para aumentar ou diminuir a receita, não vai<br />
dar certo”, conclui Roberta.<br />
Chef do Hospital Alemão Oswaldo Cruz,<br />
Alexandre Ribeiro esteve presente no passo a<br />
passo da criação de Roberta. E, respeitando a<br />
aritmética culinária da chef, contribuiu substituindo<br />
alguns ingredientes, como o melado de<br />
cana por xarope de agave, provando que é possível<br />
deixar o bolo mais saudável sem perder<br />
o sabor. “De origem natural e vegetal, o néctar<br />
de agave é rico em ferro, cálcio, potássio e<br />
magnésio”, explica Alexandre, que definiu o resultado<br />
– agora devidamente batizado de Bolo<br />
de Agave – como irresistível.<br />
As dicas<br />
do chef<br />
Alexandre<br />
Ribeiro, do<br />
Hospital<br />
Alemão<br />
Oswaldo Cruz<br />
TROCAR O AÇÚCAR REFINADO PELO AÇÚCAR DEMERARA<br />
“É o meio-termo entre o açúcar mascavo e o refinado. O demerara passa<br />
por um refinamento leve, sem aditivos químicos, que mantém sua coloração<br />
mais escura e conserva as vitaminas e sais minerais da cana-de-açúcar. Mais:<br />
pode ser utilizado em qualquer receita e não altera a cor nem o sabor. Como<br />
é um açúcar mais grosso, o ideal é passá-lo por um processador.”<br />
TROCAR A FARINHA DE TRIGO PELA FARINHA DE ARROZ<br />
“É rica em proteínas e contém alto nível de vitaminas do complexo B, fibras e<br />
minerais. Ao contrário da farinha de trigo, não possui glúten. Assim, é ótima<br />
opção aos celíacos ou para quem tem certa intolerância a essa proteína.”<br />
TROCAR O MELADO DE CANA PELO XAROPE DE AGAVE<br />
“É o suco de vegetal doce extraído das folhas da planta agave, que é<br />
semelhante ao cacto. Também conhecido como néctar de agave, ele se<br />
caracteriza pelo alto poder adoçante. Além disso, de origem natural e<br />
vegetal, é rico em ferro, cálcio, potássio e magnésio. Pode, também, ser<br />
um ótimo substituto do açúcar de mesa e dos adoçantes artificiais.”<br />
NO DIGITAL<br />
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46<br />
<strong>LEVE</strong> 02 . MAR/MAI <strong>2017</strong><br />
47
Especial Saúde<br />
O PONTO<br />
FRACO DO<br />
ABDOME<br />
PARA TRATAR AS HÉRNIAS DA PAREDE ABDOMINAL,<br />
O HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ INAUGUROU<br />
SEU CENTRO DE HÉRNIA, QUE OFERECE ABORDAGEM<br />
MULTIDISCIPLINAR PARA O PROBLEMA<br />
POR MAITÊ CASACCHI<br />
S<br />
empre que um conteúdo corporal – como<br />
gordura, órgão e cartilagem – atravessa um<br />
orifício no tecido que o reveste, estamos<br />
diante de uma hérnia. Frente a essa palavra,<br />
a maioria das pessoas pensa logo na<br />
dor de quem sofre de hérnia de disco, uma<br />
condição na coluna vertebral. Mas nosso<br />
tema aqui é outro: a hérnia da parede abdominal.<br />
Em comum, a única coisa que a hérnia<br />
de disco e a hérnia abdominal têm é o<br />
primeiro nome. “A hérnia da parede abdominal<br />
é um problema na fáscia, tecido que<br />
envolve todos os nossos músculos, inclusive<br />
os do ventre. Nos pontos de fraqueza<br />
da parede do abdome formam-se orifícios<br />
por onde as vísceras podem escapar e formar<br />
uma saliência”, esclarece o cirurgião<br />
Dr. Sergio Roll, um dos maiores especialistas<br />
em hérnia do Brasil e coordenador do<br />
recém-inaugurado Centro de Hérnia do<br />
Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Levantar<br />
“<br />
Nossa maior busca<br />
é pela qualidade de<br />
vida do paciente,<br />
possibilitando<br />
que ele retome<br />
suas atividades<br />
e diminuindo as<br />
chances de recidiva<br />
da hérnia”<br />
Dr. Sergio Roll<br />
48<br />
<strong>LEVE</strong> 02 . MAR/MAI <strong>2017</strong><br />
49
Especial Saúde<br />
ABORDAGEM<br />
MULTIDISCIPLINAR<br />
Cirurgia robótica e<br />
videolaparoscopia são<br />
opções de técnicas<br />
usadas no tratamento<br />
da hérnia abdominal<br />
“<br />
O sobrepeso, o uso<br />
excessivo de corticoide<br />
e o cigarro podem<br />
alterar as fibras de<br />
colágeno no corpo,<br />
contribuindo para o<br />
surgimento da hérnia”<br />
Dr. Sergio Roll<br />
Método seguro<br />
As telas são recursos bastante utilizados para o fechamento<br />
da parede abdominal em cirurgias de correção da hérnia.<br />
Feitas de polipropileno ou de poliéster, elas cobrem o orifício<br />
da hérnia e criam uma camada protetora dos pontos de<br />
fraqueza abdominal, reduzindo as chances de que ela volte a<br />
aparecer no mesmo local, a chamada recidiva.<br />
Tipos de hérnia abdominal<br />
INGUINAL: Ocorre na região da virilha e é a mais comum<br />
entre as hérnias abdominais.<br />
FEMORAL: Também chamada de crural, ocorre quando<br />
há passagem de conteúdo abdominal pelo canal femoral e<br />
pode resultar em protusão na região da virilha e da coxa.<br />
UMBILICAL: Pode ser de nascimento (que, em geral,<br />
fecha-se naturalmente na primeira infância) ou adquirida,<br />
por um defeito na cicatriz do umbigo. Em mulheres, pode<br />
ser provocada por gestação com ganho excessivo de peso.<br />
EPIGÁSTRICA: Nesse caso, é a linha mediana do<br />
abdome, acima ou abaixo do umbigo, a atingida. É<br />
possível ser acometido por duas ou mais hérnias<br />
epigástricas ao mesmo tempo.<br />
DR. SERGIO ROLL<br />
Especialista em hérnia e coordenador<br />
do Centro de Hérnia do Hospital<br />
Alemão Oswaldo Cruz<br />
INCISIONAL: É resultado da cicatrização e/ou do<br />
fechamento inadequados da parede abdominal depois<br />
de uma cirurgia. É a hérnia que mais apresenta<br />
chances de recidiva.<br />
peso, espirrar ou tossir com vigor são movimentos<br />
que aumentam a pressão intra-abdominal. Para quem<br />
tem esse orifício já dilatado, esses estímulos são suficientes<br />
para forçar para fora gordura ou parte de um<br />
órgão (em geral, o intestino) e provocar a protuberância<br />
típica da hérnia abdominal.<br />
POR QUE ISSO?<br />
A hérnia abdominal está ligada a uma predisposição<br />
a produzir colágeno do tipo I ou III de maneira<br />
insatisfatória. Mas há outras circunstâncias que podem<br />
enfraquecer pontos da fáscia muscular, como<br />
envelhecimento, obesidade, diabetes, uso de medicamentos<br />
à base de corticoide, queda da imunidade<br />
e tabagismo. Também não é raro que uma hérnia<br />
apareça depois de uma cirurgia – como a de redução<br />
do estômago, por exemplo –, em especial se o<br />
fechamento da parede abdominal não for feito corretamente<br />
ou se a cicatrização não for boa. Nesse<br />
caso, a hérnia é do tipo incisional (saiba mais sobre<br />
os tipos de hérnia abdominal no box ao lado).<br />
Para o tratamento da hérnia ventral, a cirurgia é<br />
o procedimento mais indicado. O conteúdo corporal<br />
pode sair através dele e entrar de novo, espontaneamente,<br />
na cavidade abdominal. Em alguns casos,<br />
pode ser necessária uma massagem que coloque-o<br />
de volta ou, ainda, as vísceras podem sair e ficar<br />
encarceradas, formando o tal calombo permanente.<br />
Em episódios mais sérios – as chamadas hérnias<br />
complexas –, a porção que fica para fora do orifício<br />
deixa de ser irrigada e necrosa. “Realizada eletivamente,<br />
a cirurgia de correção da hérnia abdominal<br />
é simples. Se for feita em um momento de emergência,<br />
pode ser uma operação muito mais complicada”,<br />
avalia o Dr. Roll.<br />
TRATAMENTO INTEGRAL<br />
“A cirurgia de hérnia abdominal evoluiu muito nos<br />
últimos 20 anos, mas ainda são poucas as instituições<br />
especializadas, como o Centro de Hérnia do<br />
Hospital Alemão Oswaldo Cruz, que tratam a hérnia<br />
com abordagem multidisciplinar, do pré ao pós-operatório”,<br />
conta o médico.<br />
Alguns diferenciais contribuem para a excelência<br />
da Instituição no tratamento da hérnia, a começar<br />
pelo fato de que o Centro oferece intervenção com<br />
técnica aberta, com videolaparoscopia e com técnica<br />
robótica, de acordo com a especificidade do caso.<br />
“Nem sempre a opção mais moderna é a mais indicada;<br />
há situações em que a cirurgia aberta é a melhor.<br />
Usamos, inclusive, técnicas mistas quando necessário”,<br />
explica. Ele enfatiza, ainda, que a presença de<br />
um cirurgião plástico é parte importante do enfoque<br />
adotado: “Esse profissional é fundamental em casos<br />
de cirurgia bariátrica em que, além da sobra de pele, o<br />
paciente tem hérnia”.<br />
Um fisiatra (especializado em reabilitação) também<br />
integra o corpo clínico do Centro de Hérnia.<br />
Além de dar orientações pós-operatórias – em especial<br />
para atletas, que constituem grande parte<br />
dos pacientes –, o fisiatra atua no pré-operatório de<br />
casos em que o conteúdo que saiu pela abertura da<br />
hérnia é bastante volumoso. “Pode ser necessário<br />
aumentar a cavidade abdominal ou fazer os músculos<br />
relaxarem para que alças intestinais voltem<br />
ao lugar”, explica o Dr. Roll. O trabalho de um nutricionista,<br />
de enfermeiros especializados em feridas<br />
e em fisioterapia respiratória ou motora completa a<br />
abordagem multidisciplinar.<br />
“O sucesso de uma cirurgia depende dessa atuação<br />
multidisciplinar. Para operar um tabagista,<br />
por exemplo, é preciso preparar seu pulmão, ou ele<br />
pode virar um tossidor crônico, fazendo com que a<br />
hérnia volte. Com uma avaliação integral, fica mais<br />
fácil garantir a qualidade de vida do paciente e seu<br />
retorno às atividades, e também minimizar as chances<br />
de complicações pós-operatórias e de recidiva.<br />
Seja qual for o tamanho do problema, o Centro de<br />
Hérnia tem condições de dar solução completa a<br />
ele”, diz o médico.<br />
50<br />
<strong>LEVE</strong> 02 . MAR/MAI <strong>2017</strong><br />
51
Destinos<br />
OBRA DA NATUREZA<br />
Quase 2 mil vulcões<br />
deram origem às várias<br />
ilhas que formam o belo<br />
Arquipélago dos Açores,<br />
em Portugal<br />
UM PARAÍSO NO MEIO DO<br />
OCEANO<br />
NO ARQUIPÉLAGO DOS AÇORES, A 1.600<br />
QUILÔMETROS DO CONTINENTE EUROPEU, AS ÁGUAS<br />
FERVEM, O VINHO NASCE NA LAVA NEGRA E AS<br />
PAISAGENS VULCÂNICAS IMPRESSIONAM COM SEUS<br />
CAMPOS VERDEJANTES EM UM HORIZONTE AZUL<br />
POR DUNIA SCHNEIDER<br />
Foto: Shutterstock<br />
52<br />
<strong>LEVE</strong> 02 . MAR/MAI <strong>2017</strong><br />
53
Destinos<br />
Não são só as belas paisagens<br />
que fazem do<br />
Arquipélago dos Açores<br />
um lugar especial. Descoberta<br />
pelos navegantes<br />
portugueses por volta<br />
de 1400, a região tem<br />
características geográficas que revelam<br />
um contraste de formas nunca visto em<br />
outro lugar da Terra. O motivo? O território<br />
português fica em cima de três<br />
placas tectônicas (Americana, Africana<br />
e Euroasiática), responsáveis por provocar<br />
uma intensa atividade vulcânica<br />
na região. Desse movimento, brotaram<br />
lá quase 2 mil vulcões, que, mais tarde,<br />
fizeram nascer ilhas perdidas nas águas<br />
do oceano Atlântico.<br />
Das principais, nove “filhas da lava”<br />
formam um conjunto de ilhas distribuído<br />
em 600 quilômetros de mar – abrigo para<br />
cerca de 250 mil habitantes. Na região<br />
central ficam as ilhas de São Jorge, Graciosa,<br />
Terceira, Pico e Faial. No leste, São<br />
Miguel e Santa Maria. Já na região ocidental,<br />
as ilhas de Flores e do Corvo. São verdadeiros<br />
jardins secretos com cenários<br />
deslumbrantes, costas escarpadas, praias<br />
de águas cristalinas, lagoas em tons de<br />
azul e verde (as chamadas “caldeiras”,<br />
que surgiram nas crateras dos vulcões),<br />
cavernas, águas termais e uma grande<br />
variedade de espécies animais e vegetais.<br />
Isso sem falar da culinária típica, que, por<br />
si só, já é um bom motivo para incluir os<br />
Açores no seu próximo roteiro de viagens.<br />
Para completar, o clima, mesmo imprevisível,<br />
se mantém ameno ao longo do ano,<br />
com temperaturas entre 16ºC e 25ºC. De<br />
barco, avião, caminhando ou pedalando,<br />
veja, a seguir, o que é possível conhecer<br />
em algumas das ilhas.<br />
Ilha das Flores<br />
Considerada uma das<br />
ilhas mais bonitas do<br />
arquipélago, é integrada à<br />
rede mundial de Reservas<br />
da Biosfera pela Unesco e<br />
famosa pelas cascatas e<br />
lagoas. Aliás, ver as Sete<br />
Lagoas (Negra, Branca,<br />
Seca, Rasa, Comprida,<br />
Lomba e Funda) alojadas<br />
dentro da caldeira de<br />
um dos vulcões é uma<br />
experiência inesquecível. Se<br />
for época da floração das<br />
hortênsias, mais ainda: as<br />
margens verdes das lagoas<br />
ganham tons incrivelmente<br />
azulados e rosados na<br />
presença delas.<br />
Ilha do Faial<br />
Que tal visitar o vulcão mais jovem do planeta? O Vulcão de Capelinhos, que só tem 59 anos,<br />
sacudiu a Ilha do Faial em 1957, com 450 terremotos e uma noite de destruição. Depois,<br />
adormeceu suavemente e deixou como herança uma paisagem cinzenta. Foram tantas cinzas<br />
que saíram dele que o tamanho da ilha aumentou em 2,4 quilômetros quadrados.<br />
Ilha de São Miguel<br />
Na maior e principal ilha do<br />
arquipélago, onde vive metade da<br />
população açoriana, as atrações<br />
são muitas. Para ver paisagens<br />
extraordinárias, pode-se fazer<br />
uma caminhada pelos trilhos<br />
da Lagoa do Canário até o<br />
Miradouro da Grota do Inferno.<br />
A vista, considerada uma das<br />
mais lindas da ilha, revela lugares<br />
impressionantes como a Caldeira<br />
das Sete Cidades e a Lagoa de<br />
Santiago, dois “buracos” repletos<br />
de água e cercados pela vegetação<br />
pincelada por diversos tons de<br />
verde. Vale tomar um banho nas<br />
águas termais da Piscina Natural<br />
da Ferraria, rodeada por rochas<br />
de lava negra. Se estiver fresco,<br />
que tal tomar o mais antigo chá<br />
da Europa? Perto dali, é possível<br />
conhecer as plantações do Chá<br />
Gorreana, cuja fábrica foi fundada<br />
em 1883. Para completar, o Vale<br />
das Furnas guarda várias iguarias,<br />
entre elas o “cozido das caldeiras”,<br />
feito em fornos naturais gerados<br />
pela atividade vulcânica, na terra<br />
mesmo, e as águas, que têm<br />
sabor, cor e são famosas por curar<br />
diversas doenças.<br />
Fotos: Shutterstock<br />
Ilha do Pico<br />
Além de ser o pico mais alto de Portugal, com 2.351<br />
metros de altitude, esse lugar tem vinhedos seculares<br />
fincados em uma região, ao pé do monte, que é<br />
considerada Patrimônio Mundial pela Unesco. Conhecer<br />
os vinhos que surgem das vinhas plantadas sobre<br />
pedras basálticas é mergulhar também na história dos<br />
habitantes dessa ilha, já que a vinicultura começou no<br />
século 15, com a chegada dos primeiros moradores.<br />
Ilha de Santa Maria<br />
Aqui, a dica é fazer uma caminhada pelo deserto – sim, o arquipélago tem um! Chamado<br />
Barreiro da Faneca ou Deserto Vermelho, trata-se de uma região semidesértica cuja superfície,<br />
de relevo ondulado, é formada por argilas vermelhas, resultantes da alteração dos piroclastos<br />
(fragmentos de rocha que são expulsos pelos vulcões durante a erupção).<br />
54<br />
<strong>LEVE</strong> 02 . MAR/MAI <strong>2017</strong><br />
55
Mentes Curiosas<br />
DESVENDE OS MITOS E VERDADES DA TATUAGEM<br />
POR DUNIA SCHNEIDER<br />
ILUSTRAÇÃO MARQUETTO<br />
TATUADOS NÃO PODEM DOAR NEM RECEBER<br />
SANGUE? Não há uma regra específica para isso. Apesar de<br />
não proibirem, os bancos de sangue costumam considerar a<br />
tatuagem uma contraindicação pela falta de conhecimento<br />
das condições em que ela foi feita. Alguns sugerem aguardar<br />
um ano após a realização da tatuagem, tempo que pode<br />
revelar algum tipo de contaminação.<br />
Há pelo menos 5 mil<br />
anos o homem tatua<br />
a pele. No Ocidente,<br />
essa prática foi identificada<br />
em meados<br />
do século 18, quando<br />
marinheiros exibiam<br />
desenhos inspirados<br />
na arte corporal de povos aborígenes.<br />
No século 19 e no início do 20, a prática<br />
passou a ser vista com preconceito,<br />
já que presidiários, prostitutas e soldados<br />
viraram adeptos. Com o tempo, as<br />
tattoos (ou tatau, “marca” no idioma<br />
polinésio) acabaram influenciando roqueiros,<br />
motoqueiros, hippies, punks,<br />
entre outras tribos urbanas, e se transformaram<br />
em sinônimo de atitude.<br />
Hoje, como forma de expressão corporal,<br />
é bastante comum ver diferentes<br />
versões de desenhos – inclusive em 3D<br />
– e estilos pigmentados com tinta preta,<br />
colorida ou branca. Mas, afinal, como a<br />
tatuagem funciona na pele? Faz mal?<br />
Vicia? O Dr. Eduardo Bertolli, cirurgião<br />
oncológico especializado em pele do<br />
Centro de Oncologia do Hospital Alemão<br />
Oswaldo Cruz, nos ajudou a entender<br />
um pouco melhor sobre a prática<br />
que ganha cada vez mais adeptos.<br />
COMO FUNCIONA O<br />
PROCESSO DA TATUAGEM?<br />
Cada picada da agulha representa<br />
um trauma superficial, que se<br />
regenera rápido. A própria reação<br />
imunológica do corpo – ao enviar<br />
células para eliminar a tinta,<br />
considerada um corpo estranho<br />
– retém micropartículas dos<br />
pigmentos e mantém a tatuagem<br />
visível, geralmente para sempre.<br />
SE AS CÉLULAS DA PELE<br />
SE RENOVAM, POR QUE A<br />
TATUAGEM NÃO SAI? Porque ela<br />
é feita nas camadas mais profundas<br />
da pele. Das três camadas – a<br />
epiderme (mais externa), a derme<br />
(intermediária) e a hipoderme (mais<br />
profunda) –, a única que está em<br />
constante renovação é a epiderme.<br />
DE QUE SÃO FEITOS OS<br />
PIGMENTOS DAS CORES? As<br />
tatuagens definitivas são feitas<br />
geralmente com pigmentos à base<br />
de derivados de metais. A tinta<br />
preta, por exemplo, é feita de<br />
carvão; a azul, de sais de cobalto; o<br />
verde, de sais de cromo; o branco,<br />
de óxido de titânio; e por aí vai.<br />
TATUAGEM CAUSA ALERGIA?<br />
Sim. Principalmente as com tinta<br />
vermelha, cuja fórmula inclui sais<br />
de cádmio, metal que pode causar<br />
câncer, e, muitas vezes, mercúrio,<br />
considerado tóxico. Uma alternativa é<br />
usar o vermelho carmim, feito de um<br />
pequeno inseto. Pesquise sempre as<br />
marcas aprovadas pela Anvisa.<br />
POR QUE A AGULHA TEM<br />
QUE SER DESCARTÁVEL?<br />
Essa é uma regra muito<br />
importante para evitar riscos<br />
de infecções pelo contato<br />
com o sangue. Se a agulha for<br />
reutilizada, pode haver risco de<br />
contaminação, inclusive por HIV.<br />
QUALQUER<br />
TATUAGEM PODE SER<br />
REMOVIDA?<br />
Depende da extensão,<br />
da cor, do tempo de<br />
existência dela e das<br />
tecnologias utilizadas na<br />
remoção. Se o pigmento<br />
estiver muito profundo<br />
ou a cor for muito<br />
escura, é mais difícil.<br />
Seja como for, nenhum<br />
método oferecido hoje<br />
é totalmente eficaz na<br />
primeira vez.<br />
PODE FAZER RESSONÂNCIA MAGNÉTICA SOBRE A<br />
ÁREA TATUADA? De modo geral, antes de fazer o exame,<br />
é aplicado um questionário para investigar as condições da<br />
tatuagem. As máquinas utilizam ímãs para localizar algo<br />
atípico no corpo e os metais das tintas podem ser sensíveis aos<br />
campos magnéticos criados.<br />
TATUAGEM PODE CAUSAR CÂNCER DE PELE? Por si só,<br />
a tatuagem não é considerada um fator de risco. A questão é<br />
que ela dificulta a visualização durante a avaliação da pele –<br />
principalmente as com cores muito escuras. Desenhos feitos<br />
para esconder a cicatriz resultante da retirada de um câncer,<br />
por exemplo, podem atrapalhar a detecção de uma possível<br />
evolução da doença.<br />
TATUAGEM VICIA? Apesar de muitas pessoas jurarem<br />
que sim, não existe nada comprovado sobre o assunto. O que<br />
provavelmente acontece é que, depois de fazer a primeira, se<br />
a pessoa gostou do resultado, ela quer repetir a experiência.<br />
Mas isso tem a ver com estética, não com vício.<br />
A PESSOA TATUADA NÃO PODE IR À PRAIA OU<br />
TOMAR SOL? Mito! A recomendação é bem comum, mas<br />
não chega a ser uma proibição. Nos primeiros dias, é bom<br />
evitar a exposição exagerada para não estimular um processo<br />
inflamatório, que pode desbotar o desenho. A dica é sempre<br />
se expor ao sol usando filtro solar.<br />
DIABÉTICOS NÃO PODEM FAZER TATUAGENS? Se a<br />
glicemia estiver totalmente controlada, não há riscos, mas é<br />
sempre bom evitar tatuar a pele em locais onde são aplicadas<br />
as injeções de insulina. Vale lembrar a importância de contar<br />
com orientações médicas, já que os diabéticos correm mais<br />
risco de ter infecções.<br />
CERTOS ALIMENTOS NÃO PODEM SER INGERIDOS NOS<br />
PRIMEIROS DIAS DEPOIS DE SE FAZER UMA TATUAGEM?<br />
Isso vale não só para as tatuagens, mas para a cicatrização em<br />
geral. O ideal é comer alimentos ricos em vitamina C (frutas ácidas<br />
como laranja, tangerina e limão) e zinco (carnes, peixes e vegetais<br />
verde-escuros), que ajudam no processo.<br />
56<br />
<strong>LEVE</strong> 02 . MAR/MAI <strong>2017</strong><br />
57
Experiências que Transformam<br />
AMOR<br />
INCONDICIONAL<br />
COMO O CARINHO E O<br />
COMPANHEIRISMO DOS ANIMAIS<br />
PODEM AJUDAR AS PESSOAS A<br />
SUPERAR PROBLEMAS E A REALIZAR<br />
MUDANÇAS POSITIVAS<br />
POR LÍGIA NOGUEIRA<br />
FOTOS CLAUS LEHMANN E GUSTAVO SCATENA<br />
Thays Martinez, 43 anos<br />
Deficiente visual desde os 4 anos, a advogada formada<br />
pela Universidade de São Paulo (USP) é fundadora do<br />
Instituto Iris de Responsabilidade e Inclusão Social,<br />
consultora e palestrante motivacional, além de autora do<br />
livro Minha Vida com Boris – A comovente história do cão<br />
que mudou a vida de sua dona e do Brasil (Globo Livros).<br />
Ela se tornou símbolo da luta pelo direito de cães-guia<br />
circularem livremente no país.<br />
u tinha 7 anos quando ouvi falar em cão-guia pela<br />
“Eprimeira vez. Eles eram mais comuns nos Estados<br />
Unidos e na Europa. Pensei: um dia vou ter um desses<br />
para mim. Com o passar do tempo, comecei a sentir falta<br />
de ter autonomia para me locomover. Iniciei as buscas<br />
fora do país e recebi o Boris em 2000. Ele promoveu<br />
mudanças impressionantes, não só pela questão técnica,<br />
de segurança, de andar com maior velocidade, mas mexeu<br />
com a minha autoestima e a minha autoconfiança –<br />
decidi experimentar outras áreas profissionais, fui morar<br />
sozinha, minha vida afetiva mudou. Mas as pessoas não<br />
tinham a menor ideia do que era um cão-guia. O problema<br />
mais sério foi com o metrô de São Paulo. Um dos<br />
primeiros trabalhos do Instituto Iris foi a elaboração da<br />
lei, aprovada em 2005, que garante acesso livre aos cãesguia<br />
em qualquer local. Hoje, tenho um cão-guia chamado<br />
Diesel. A transição para um novo cão guia foi dolorosa,<br />
mas aprendemos a nos conhecer e a nos respeitar.”<br />
Marina Piantino, 30 anos<br />
A pesquisadora contou com o apoio de sua<br />
cachorrinha Mel para superar a depressão na<br />
adolescência. Hoje, ela é dona da Pudim, uma<br />
cadelinha de 3 anos que, além de companheira<br />
inseparável, ajuda Marina a se adaptar à vida<br />
na nova cidade.<br />
uando era adolescente, sofri muito<br />
“Qbullying e tive uma depressão terrível.<br />
Tinha mudado de cidade havia pouco tempo, não<br />
conhecia ninguém, não tinha amigos na escola<br />
e virei a menina estranha, a menina feia. Foi um<br />
pouco demais na época. Fiz tratamento com um<br />
psiquiatra e um psicoterapeuta e a Mel se tornou<br />
o meu apoio. Por causa dela, virei vegetariana<br />
também. Ela ficou bem velhinha e morreu no<br />
ano passado, mas tenho outra cadelinha agora, a<br />
Pudim, que resgatei das ruas. Hoje, ela me ajuda a<br />
lidar com a ansiedade gerada pela minha mudança<br />
para São Paulo – vim do interior de Minas Gerais.<br />
Já tive muitas crises de pânico, mas saber que ela<br />
precisa de mim me dá forças para encarar o dia a<br />
dia. Só o carinho dela já me deixa mais calma.”<br />
58<br />
<strong>LEVE</strong> 02 . MAR/MAI <strong>2017</strong><br />
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Experiências que Transformam<br />
Ana Luiza Gresenberg Berbari, 17 anos<br />
Um AVC isquêmico aos 7 anos de idade fez com que a estudante ficasse<br />
com os movimentos do lado esquerdo do corpo comprometidos. Depois de<br />
algumas tentativas, encontrou nos cavalos um caminho para a recuperação.<br />
empre gostei de cavalos. E, embora minha relação com eles fosse<br />
“Sboa desde pequena, depois do AVC eu não quis mais montar.<br />
Tentei a equoterapia, mas descobri que não era para mim, porque eu<br />
tinha problemas motores. Meu instrutor sugeriu, então, que eu fizesse<br />
um preparo paralímpico, ou paraequestre, mas eu não gostava da ideia<br />
de competir porque tinha muita vergonha de mim mesma. Até que, com<br />
a ajuda de uma amiga, descobri uma aula chamada volteio. É como uma<br />
ginástica que se faz em cima do cavalo. Fiz durante um ano e pouco, o<br />
que ajudou a melhorar minha percepção das coisas e a dominar melhor<br />
o cavalo. Agora faço aulas mais focadas em adestramento. Minha<br />
autoestima melhorou e estou feliz com a possibilidade de participar de<br />
uma prova paraequestre. O cavalo que eu monto se chama Ziggy e ele é<br />
cego de um olho, mas isso não faz diferença. Ele é muito manso, aceita<br />
todos os comandos. Minha professora diz que a gente forma uma equipe.”<br />
O Hospital Alemão Oswaldo Cruz oferece aos pacientes<br />
internados um serviço especial: eles podem receber<br />
a visita de seus pets no Bosque do Hospital. A visita é<br />
realizada com a autorização do médico responsável e<br />
com o acompanhamento da equipe assistencial. O cão<br />
também precisa estar com a vacinação em dia. Essa<br />
iniciativa tem como objetivo promover bem-estar aos<br />
pacientes, já que está comprovado que o convívio com<br />
animais de estimação contribui para a redução do risco<br />
de doenças cardíacas, além de amenizar a ansiedade e a<br />
depressão e elevar a autoestima.<br />
Izildinho dos Santos, 62 anos<br />
Há 11 anos, quando sofreu um AVC, o advogado contou<br />
com a presença de sua cachorrinha de estimação, Luna,<br />
para ajudá-lo a se recuperar. E foi a fiel companheira<br />
quem novamente fez a diferença em um momento<br />
delicado: Luna foi visitar Izildinho no Bosque Bem-Estar<br />
do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, enquanto o advogado<br />
aguardava uma cirurgia da artéria abdominal.<br />
u sabia que seria emocionante tanto para mim<br />
“Ecomo para ela: no momento em que fui chegando<br />
no bosque do Hospital, ela estava lá, cercada por<br />
colaboradores e outros pacientes, mas nada impediu que<br />
as lágrimas rolassem. Luna, uma mistura de beagle com<br />
paulistinha, sempre esteve ao meu lado. Quando tive o<br />
AVC, ela me passou energias positivas e fez com que eu me<br />
sentisse seguro. O carinho que a gente busca nem sempre<br />
vem dos humanos; às vezes, vem de um animalzinho.<br />
Agora, me preparando para uma cirurgia de grande porte,<br />
estava sem ver a minha menina havia dez dias. Liguei para<br />
o setor responsável, fiz a solicitação e liberaram a visita<br />
dela. Sou grato por esse gesto de humanidade.”<br />
NO DIGITAL<br />
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<strong>LEVE</strong> 02 . MAR/MAI <strong>2017</strong><br />
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Por Dentro do Hospital<br />
Por Dentro do Hospital<br />
Fachada da Unidade<br />
Referenciada Vergueiro<br />
Instituto Social Hospital<br />
Alemão Oswaldo Cruz<br />
dá início a um novo<br />
modelo de gestão para<br />
a saúde pública<br />
Crescimento à vista<br />
Com a Unidade Referenciada Vergueiro, o Hospital Alemão Oswaldo Cruz<br />
continua seu plano de ampliação<br />
Em continuidade ao seu plano de expansão,<br />
o Hospital Alemão Oswaldo Cruz efetivou<br />
contrato de locação com a Fundação Zerrenner<br />
e iniciou a estruturação da operação localizada<br />
no antigo Hospital Santa Helena, localizado<br />
na Rua Vergueiro, região central de São Paulo.<br />
O novo Hospital será chamado de Unidade<br />
Referenciada Vergueiro e terá implementação<br />
gradativa, com início das atividades previsto para<br />
o primeiro semestre. A nova plataforma possui<br />
25.500 metros quadrados de área construída e<br />
poderá empregar em torno de 1.200 colaboradores,<br />
nas áreas administrativa e assistencial, ao longo<br />
de sua implementação.<br />
O projeto prevê, também, investimentos de<br />
R$ 140 milhões até o fim de <strong>2017</strong> para a reforma<br />
das instalações, aquisição de tecnologia de ponta<br />
e preparação do espaço para ser especializado<br />
em média e alta complexidade. “Estávamos em<br />
busca de uma oportunidade para a abertura de<br />
uma nova unidade, que nos dará ganho de escala,<br />
fundamental para garantirmos a perenidade<br />
e sustentabilidade da Instituição”, explica Paulo<br />
Vasconcellos Bastian, CEO do Hospital Alemão<br />
Oswaldo Cruz.<br />
Ao longo das próximas edições, traremos<br />
mais informações sobre essa importante iniciativa<br />
de nossa Instituição.<br />
Fotos: Arquivo Hospital Alemão Oswaldo Cruz<br />
O<br />
Instituto Social Hospital Alemão Oswaldo<br />
Cruz, que integra o pilar Responsabilidade<br />
Social do Hospital Alemão Oswaldo Cruz,<br />
passou a administrar o Complexo Hospitalar dos<br />
Estivadores, em Santos, litoral sul de São Paulo.<br />
Os atendimentos aos pacientes encaminhados<br />
pela prefeitura tiveram início em fevereiro.<br />
Segundo a diretora do Instituto Social Hospital<br />
Alemão Oswaldo Cruz, Ana Paula Pinho,<br />
o objetivo é replicar no setor público o modelo<br />
assistencial do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.<br />
“Assim poderemos promover práticas humanizadas,<br />
com foco em qualidade e segurança do<br />
paciente”, afirma.<br />
A previsão é que, no primeiro ano de gestão, o<br />
poder público municipal repasse cerca de R$ 68<br />
milhões para que o Instituto realize o gerenciamento<br />
do complexo, com implantação realizada<br />
em três fases.<br />
PASSO A PASSO<br />
Na primeira fase, funcionará o Pronto Atendimento<br />
Obstétrico, o Centro Obstétrico com uma<br />
sala de cesárea e três de PPP – Pré-parto, Parto<br />
e Pós-parto –, o alojamento conjunto e a UTI<br />
neonatal. Já na segunda, o escopo de atendimento<br />
será estendido para as áreas de clínica<br />
médica, clínica cirúrgica e UTI adulto. Por último,<br />
o hospital será ampliado para sua capacidade<br />
total, com centro obstétrico com cinco salas<br />
de PPP e duas salas de cesárea, alojamento conjunto,<br />
UTI neonatal, clínica médica/cirúrgica e<br />
UTI adulto com praticamente o dobro de leitos.<br />
A conclusão dessa implantação está prevista<br />
para o fim do segundo semestre de <strong>2017</strong>.<br />
TRANSPARÊNCIA NA GESTÃO<br />
DOS RECURSOS<br />
Criado em novembro de 2014, o Instituto Social<br />
Hospital Alemão Oswaldo Cruz concentra<br />
as atividades do Hospital Alemão Oswaldo<br />
Cruz voltadas para a gestão de hospitais públicos.<br />
O Instituto permitiu à Instituição intensificar<br />
suas atividades na área pública, além de<br />
garantir transparência na gestão dos recursos<br />
sob sua responsabilidade.<br />
“Ainda no âmbito da Responsabilidade Social,<br />
há oito anos o Hospital Alemão Oswaldo<br />
Cruz atua na área pública como um dos seis<br />
hospitais de excelência do Programa de Apoio<br />
ao Desenvolvimento Institucional do Sistema<br />
Único de Saúde (PROADI-SUS), do Ministério<br />
da Saúde, e agora dá um novo passo para levar<br />
sua expertise ao setor público por meio de<br />
nosso Instituto Social”, diz Paulo Vasconcellos<br />
Bastian, CEO do Hospital.<br />
62<br />
<strong>LEVE</strong> 02 . MAR/MAI <strong>2017</strong><br />
63
Por Dentro do Hospital<br />
Por Dentro do Hospital<br />
Debatendo<br />
o coração<br />
Entre os dias 8 e 11 de março, o Hospital<br />
Alemão Oswaldo Cruz realizou o<br />
I Congresso Internacional Brasil-Alemanha<br />
de Cardiologia. O evento contou<br />
com 30 conferencistas de nove<br />
países e reuniu cerca de 226 participantes,<br />
que debateram temas como<br />
cardiologia clínica, cirurgia e imagem<br />
cardiovascular, insuficiência cardíaca<br />
e cardiologia intervencionista.<br />
“Encontros como esse têm o objetivo<br />
de favorecer a troca de experiências<br />
e proporcionar o aprendizado contínuo<br />
que nossa profissão requer”,<br />
diz o Dr. Marco Aurélio Magalhães,<br />
presidente do Congresso e Coordenador<br />
do Centro de Cardiologia e<br />
da Hemodinâmica do Hospital. Na<br />
opinião do presidente da Sociedade<br />
Brasileira de Cardiologia, Dr. Marcus<br />
Bolívar Malachias, é preciso ampliar<br />
as discussões entre os médicos sobre<br />
como reverter o dado de aproximadamente<br />
mil mortes diárias, no<br />
Brasil, por doenças cardiovasculares.<br />
Corujão do bem<br />
Desde janeiro deste ano, os pacientes do<br />
Sistema Único de Saúde (SUS) podem realizar<br />
exames de imagem no Hospital Alemão<br />
Oswaldo Cruz. A iniciativa faz parte de uma<br />
parceria entre o Hospital e a Prefeitura Municipal<br />
de São Paulo no Programa Corujão<br />
da Saúde. Com isso, os pacientes são encaminhados<br />
pela Rede Municipal, por meio do<br />
Siga Saúde (siga.saude.prefeitura.sp.gov.<br />
br), e podem realizar exames de tomografia<br />
computadorizada, ressonância magnética<br />
e ultrassonografia mamária no Complexo<br />
Hospitalar, próximo à Avenida Paulista (das<br />
19h às 6h), e na Unidade de Sustentabilidade<br />
Mooca (das 16h às 22h), e os resultados<br />
podem ser retirados nas próprias unidades.<br />
Mais de 7 mil exames deverão ser realizados<br />
no âmbito do programa.<br />
Dia Mundial do Rim<br />
Inclusão social: um compromisso<br />
do Hospital Alemão Oswaldo Cruz<br />
O Programa Juntos Somos Mais, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, está selecionando<br />
pessoas com deficiência para contratação. Esta iniciativa visa a inclusão<br />
social por meio de oportunidades de trabalho. Acesse www.hospitalalemao.org.br<br />
e cadastre seu currículo na seção Trabalhe Conosco.<br />
64<br />
O Centro de Obesidade e Diabetes do Hospital<br />
Alemão Oswaldo Cruz promoveu uma<br />
ação em parceria com a Sociedade Brasileira<br />
de Nefrologia na semana do Dia Mundial do<br />
Rim (8 de março) para conscientizar a população<br />
de que a obesidade é um dos fatores<br />
de risco para doenças renais. No Parque do<br />
Ibirapuera, houve aferição de pressão arterial,<br />
cálculo do Índice de Massa Corporal e<br />
do risco cardiovascular e teste de glicemia<br />
capilar. O objetivo da ação foi alertar para a<br />
importância de se adotar um estilo de vida<br />
saudável, que é a melhor maneira de garantir<br />
o bom funcionamento dos rins.<br />
Fotos: Gustavo Scatena / Bruno Sandini / Acervo Hospital / Shutterstock<br />
Toda mulher é uma história<br />
Em março, mês em que se comemora o Dia Internacional da Mulher,<br />
colaboradoras do Hospital Alemão Oswaldo Cruz participaram de uma<br />
ação especial. Convidadas pelo Hospital, elas gravaram depoimentos<br />
sobre os desafios de ser mulher na área da saúde e compartilharam<br />
suas histórias pessoais de superação. O resultado final você confere na<br />
playlist do Hospital no YouTube.<br />
NOSSAS<br />
COLABORADORAS<br />
Na fileira de cima: Fátima<br />
Silvana Furtado Gerolin,<br />
Joyce Rebouças, Dra. Maria<br />
do Socorro e Nídia Souza.<br />
Nesta fileira: Cleusa Ramos<br />
Enck, Luísa Blanco Fechio e<br />
Silmara Alves Pereira<br />
NO DIGITAL<br />
Assista ao vídeo desta matéria na<br />
playlist <strong>Revista</strong> <strong>LEVE</strong> do canal do<br />
Hospital Alemão Oswaldo Cruz no<br />
YouTube: youtube.com/user/<br />
HospitalOswaldoCruz<br />
<strong>LEVE</strong> 02 . MAR/MAI <strong>2017</strong><br />
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MATTHEW SHIRTS é colunista da rádio<br />
BandNews FM. Foi redator-chefe da National<br />
Geographic Brasil e cronista do jornal O Estado<br />
de São Paulo e da revista Veja São Paulo. É<br />
autor dos livros “A Feijoada Completa” (2016)<br />
e “O Jeitinho Americano” (2010)<br />
UMA RECEITA PARA A MEIA-IDADE<br />
OSTO DE DIZER QUE, AO ATINGIR A<br />
MEIA-IDADE, ALGUNS SE DIVORCIAM,<br />
OUTROS COMPRAM UMA BMW,<br />
ENQUANTO EU, MAIS PROSAICO,<br />
VENDI O VELHO HONDA E PASSEI A<br />
FAZER TUDO A PÉ OU DE TRANSPORTE<br />
PÚBLICO EM SÃO PAULO. DESCOBRI O<br />
GPEDESTRIANISMO.<br />
C<br />
M<br />
Y<br />
CM<br />
MY<br />
CY<br />
CMY<br />
Crônica<br />
Em todos os casos, entenderia depois – seja na compra de uma<br />
moto, em uma separação ou na vontade de caminhar –, o impulso é o<br />
mesmo: uma busca desengonçada e um pouco tardia por liberdade.<br />
No começo, os amigos paravam para oferecer carona. Era<br />
frequente: descia eu a calçada da Rua Cardeal Arcoverde, em Pinheiros,<br />
eles brecavam no meio da rua, gritavam e faziam gestos<br />
exagerados para eu entrar no automóvel. Os carros de trás buzinavam,<br />
furiosos. Os motociclistas freavam e saíam abanando a cabeça<br />
em desaprovação. A ideia dos amigos era simpática. Baseia-se<br />
no pressuposto de que tudo é melhor acompanhado e de carro, não<br />
sozinho e a pé.<br />
E eu queria era mesmo andar. É um pouco esquisito, reconheço,<br />
mas faz bem, estou convencido disso. Leria, mais tarde, que<br />
três caminhadas de 20 minutos por semana ajudam a combater<br />
sintomas depressivos. Tendo a acreditar nos benefícios psíquicos<br />
das caminhadas. Com o tempo, minha disposição melhorou. Aventurei-me<br />
por bairros antes desconhecidos, como Vila Medeiros e<br />
Bom Retiro, do qual virei frequentador assíduo e fã. Dificilmente<br />
faria essas viagens de reconhecimento de automóvel. Lá descobri<br />
docerias, vendas e restaurantes coreanos, judaicos e vietnamitas,<br />
um mundo novo onde, muitas vezes, nem sequer se fala português.<br />
É como fazer turismo em casa. Areja a cabeça, expande os<br />
horizontes e fortalece as pernas. Não há nada melhor para um<br />
explorador veterano.<br />
Caminhar faz bem. Para o corpo e a alma.<br />
K<br />
66<br />
<strong>LEVE</strong> 02 . MAR/MAI <strong>2017</strong>